Cinturao Negro 197

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ANO XVII - Nº 196 BIS BIMENSAL ANO XVII - Nº 196 BIS BIMENSAL ANO XVII - Nº 196 BIS BIMENSAL ANO XVII - Nº 196 BIS BIMENSAL A REVISTA MAIS INTERNACIONAL DAS ARTES MARCIAIS • KERAMBIT • SHAOLIN HUNG GAR. GUNG GEE FOOK FU KUEN • HAPKIDO A REVISTA MAIS INTERNACIONAL DAS ARTES MARCIAIS • KERAMBIT • SHAOLIN HUNG GAR. GUNG GEE FOOK FU KUEN • HAPKIDO MASAAKI HATSUMI: O Mestre Ninja MASAAKI HATSUMI: O Mestre Ninja U.F.C. RÍO: Voltando pela porta da frente U.F.C. RÍO: Voltando pela porta da frente EL KERAMBIT: Uma “faca” letal EL KERAMBIT: Uma “faca” letal JOSE ALDO: “OSCAR” 2010 DE MMA JOSE ALDO: “OSCAR” 2010 DE MMA

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Restista de Artes Marciales

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MASAAKI HATSUMI: O Mestre Ninja

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U.F.C. RÍO: Voltando pela

porta da frente

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porta da frenteEL KERAMBIT:

Uma “faca” letalEL KERAMBIT:

Uma “faca” letal

JOSE ALDO:“OSCAR” 2010

DE MMA

JOSE ALDO:“OSCAR” 2010

DE MMA

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O Mestre Sewer, 8ºDan Shaolin Hung Gar Kung Fu esucessor oficial do Grão Mestre Chiu Chi Ling, 10ºDan,apresenta-nos nesta ocasião a principal Forma do estilooriginal, assim como a explicação de todas as suas técnicase aplicações. A Gung Gee Fook Fu Kuen é uma das maisantigas Formas de punho de Shaolin e foi transmitida pelo

último abade do mosteiro, Chi Sim, a um de seusmelhores alunos; Hung Hee Gung. Sem

dúvida é uma Forma de obrigadoconhecimento para todos aqueles

incondicionais de Shaolin do Sul,posto que incorpora toda a

bagagem antiga que trata darespiração, a saúde e astécnicas de luta. A práticadesta extensa e intensaForma desenvolve a partefísica dos estudantes epermite-lhes realizar umsubstancial progresso,posto que é também abase do Chi Sao, doBoneco de Madeira, dosexercícios deendurecimento e do ShaolinQi Gong. Este trabalho

contém também um resumoda Forma executado pelo Dr.

Chiu Chi Ling.

REF.: • SEWER4REF.: • SEWER4

Todos os DVD’s produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVDnão cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.

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Basta um Basta um CliCCliC

para estar no melhor para estar no melhor

que em Artes Marciais que em Artes Marciais

existe noexiste no teu idioMA…teu idioMA…

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felicidade sempre se temidentif icado com oignorante. Mas, como sepode ser fel iz naignorância? O ignorante é

feliz até que a sua incompetência ositua perante a natural consequência deser ignorante; mais cedo que tarde,iniludivelmente, a sua ignorância fá-lo-áerrar, confundir-se, mal interpretar, lerdesacertadamente, escolher mal omomento, enganar-se eindefectivelmente sofrerá por isso epelas consequências que issoprovoque. A identificação da felicidade com o

ignorante tem entretanto um sentidorealista, quando visto de umaperspectiva diferente. Toda a felicidadedo ignorante diz respeito ao facto deolhar sem acritude e com benevolência,tanto a si mesmo, como à vida. O olharda criança, a sorte do novato,acontecem porque, vazios de intenção,por vezes, só temos que Ser. Semintenção, a fluidez acontece e tudo seconjura para que o positivo aconteça.Sem prejuízos, sem culpas, não nosagarramos a nada e nada se agarra anós. Mas esse estado de bem-estar nãoé eterno e é bem sabido que aquiestamos para aprender, paramelhorarmos ou pelo menos, segundoos menos entusiastas, para crescer,para Ser. Um querido amigo afirma que a

felicidade é um estado natural que noentanto não pode ser forçado. Acontecede maneira natural uma vez que nada oimpede, em certa maneira é o estadonatural do homem, mas claro está,quando o homem está nesse estado!Porque o homem muda, vive ciclos,sobe e desce, entra e sai, com omesmo rigor que se sucedem as luas,as estações, com a mesma certeza queao sol nascente seguirá o ocaso. A felicidade não pode ser perseguida,

nem temos de correr na frente dela! Opróprio empenho na sua consecução,faz-se precisamente essa corridaincoerente; fugimos do queprocuramos, porque não há maneira de

concebe-lo. A fel icidade chega equando nos amarramos a ela asfixiamo-la; se não vem, conjuramo-laperseguindo seus muitos sucedâneos…Literalmente, uma corrida doida! omedo atrás, empurrando…, ainsatisfação na frente, puxando… Por vezes, a felicidade está tão perto

que basta largar amarras e o vento noslevará até ela. Deixar-se ir… E deixar ir!Que tanto nos amarramos como nosamarram quando nos amarramos. Que grande engano! Desde crianças

nos ensinam a sermos tendo, naconquista, na consecução, masninguém nos inicia no mistério de Ser.Quanto mal se faz assim aos melhores.Os que não encaixam no molde, serãoos que abram as portas que para todosestiverem fechadas. Não há grandehomem que não tenha sentido a dor dasua diferença e que tenha feito dessador o motor do seu proveito, o incentivoda sua criatividade. No entanto, talcoisa não deve tornar-se rancor,vingança, nem sequer em dorpermanente. A grandeza doverdadeiramente grande está emdissolver esse sentimento com anaturalidade com que uma criançaesquece a sua zanga… Isto é porque omundo está cheio de coisasinteressantes por descobrir. A dor em excesso asfixia a

curiosidade, a graça e todo empenhopor simplesmente ser. A depressãoacontece então como umaconsequência natural do cansaço e datortura, enquistando a pessoa em seurancor, na sua prevenção frente aooutro; fechando-se na negatividade assuas águas apodrecem como as de umlago artificial que não renova suasfontes. Quantas vezes esquecemos o mais

simples! Cansados de enfrentar acomplicação que é viver nestes diasdevido à multiplicidade das armadilhas,abutres e rapaces várias, nos perdemosnos detalhes. Se alguma coisa tequeima deves largá-la! Não agarrar-tecom mais força a isso! Quantas vezes omau conhecido é melhor que o bom por

conhecer… O medo…, sempre o medo! Não. Nunca é fácil. Falar é uma coisa;

contar isso, bem…, mesmo perceber,mas nunca, nunca é fácil em primeirapessoa. Apanhados nos detalhes,perdidos na abundância de explicações,esquecemos de abrir a mão e largar.Nos esquecemos que é precisoesquecer, não por termos de ser bons…mas porque não é bom atar-se ao que énegativo; pior ainda, carregar com isso;o mais horrível, procurar vingança.Inútil, fútil e miserável… ruminar asculpas. Não! Não se tem de perdoar!Não há nada que perdoar! O erro não ésenão o preâmbulo do acerto, adequaro momento é um passo em busca daharmonia, mais um passo no caminhodo que viemos fazer.O pior dos cenários é criar uma rotina

com tudo isso, morder-se a caudacomo uma serpente, dando voltas sobrea mesma coisa. Chega uma altura emque é melhor sentir a dor, porque nosconvencemos de que assim estamosmelhor preparados para suportar ouantecipar-nos à próxima dor. Comosomos absurdos! Largar, deixar ir, só se consegue

abrindo-se à novidade com acuriosidade de uma criança, queesquece depressa, porque não seaferra, há muito mais que saborear nobanquete. A mesa está servida! Tudo oque há sobre a toalha de mesa éprecioso, rico, variado… Nuncahavemos de saber tudo, nuncaexperimentaremos tudo, mas… e setentarmos? A criança experimenta ediverte-se, porque experimentar édivertido, não tanto pelo facto em simas pelo espírito que anima aexperiência. Experimentar, não comoprova de si mesmo, não para prevalecersobre outros, experimentar porque énatural, é a obrigação, porque tudo éuma dádiva se sabemos vê-la como tal.As obrigações, o que é obrigatório,matam as dádivas, porque lhes tiram asurpresa, a consecução não satisfazporque está prevista… e sem surpresanão há adrenalina, não há oxitóxina,nem endorfinas que valham.

RIAL

A

COMO SER FELIZ, SEM ALCANÇAR A ESTUPIDEZ“Se tu não és feliz, não és sábio, nem és nada (sic)”

Gato Pérez. (Rumba)

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Editorial

A Arte de ser adulto é um paradoxo e como tudo vê-se em seu oposto: O sercomo crianças. Ser como crianças sendo adultos, não significa ser estúpido e agirirresponsavelmente. Ser como uma criança é voltar a entrar em contacto com anossa inocência, com a nossa curiosidade, mas sem nos atarmos a nada negativo,sem aderir-nos ao passado, sem fragmentar o presente em mil razões, sem afobar-nos com um amanhã que ainda não chegou e que pode mudar completamente acada instante. Não existe nenhum caminho feliz (que não à felicidade!) que nãopasse por este princípio, por esta atitude… Todo o resto serão sucedâneos,substitutivos para entreter, para estar mais e mais perdidos. Voltar a entrar em contacto com o nosso interior tem a ver com essa criança

primordial que há em todos nós, que brinca porque esse é seu trabalho.Não dando espaço a essa criança, o homem seapaga e não encontra o Yin de que precisa paraexpressar seu Yang; sem óleo a maquinaria aquece,seca e a planta murcha prematuramente. Nunca é tarde para rir com essa criança e se

preciso for, porque não, para também chorar com ela;porque o pranto da criança é saudável e libertador,intenso, mas curto, porque não se empenha na dor.Deixem a criança vir ao de cima cada dia um pouco,porque a sua companhia faz-nos melhores, nosreconforta e põe-nos a bem com a vida. Tirem um gosto! Brincar por brincar e de vez em

quando, que seja brincar a uma coisa nova.Abandonem-se aos sonhos, sem outro propósito quevagabundear entre os vossos desejos. Quem sabealguma coisa boa surja e surpreenda! Sejampreguiçosos sem serem displicentes. Conscientementequebrem as rotinas, porque asfixiam toda criatividade emantêm as cadeias das mentiras que criamos. De vezem quando pratiquem o “não fazer” com intensa fruiçãoe absoluta luxúria. Conheçam um estranho, mas tambémvejam com outros olhos um conhecido. Façam algumacoisa apenas por fazer, sem admitir intenção nemmotivo algum. Riam de tudo, mas acima de tudo devocês mesmos, sem bom humor, o melhor da vida…não vale nada. Levamos a vida tão a sério quesomos capazes de justificar as nossas própriasarmadilhas. O bom humor derriba as muralhas danossa importância pessoal e faz-nos simples. Eacima de tudo, sigam o que o vosso coraçãomanda. mantendo-o aberto, porque mesmo quepossa ser ferido, um só instante a seu lado, valemais que uma vida sem ele. Estamos aqui para viver! o resto são opiniões…,

isso é uma certeza. Transformar essa acção, em simesma sagrada por extraordinária, em um inferno,é o maior dos pecados. Todos caímos, mordemoso pó, sofremos a derrota em algum momento. Oguerreiro é aquele que se levanta e continua. Sefica preso na sua dor, se torna denso, pesado emorboso. Realmente não é preciso lutar contra ele,só se tem que recomeçar e o nosso começo foiexactamente igual para todos; de alguma novamaneira, temos de tornar a ser criança.

Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.e-mail: [email protected]

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Ver o UFC no Rio de Janeiro,berço do Vale-Tudo, é comoassistir à sua volta em triunfo…, o

que acontecerá a 27 de Agosto deste ano 2011!

p. 22

UFC RIO

Na década dos anos 90, Johilde Oliveira era considerado um

dos melhores do mundo na sua categoria,mas um acidente no Pride mudou a suavida. Agora, com 41 anos, Johil seaposentou e a Revista Cinturão Negro fazesta homenagem a este autêntico exemplode guerreiro nos ringues e na vida.

p. 60

PRIDE

Hu Jianqiang foi duasvezes campeão do mundode formas de Wushu, éactor, coreógrafo e estrelado cinema internacional.Nesta entrevistaconvidamos Hu a partilharcom os nossos leitoresseus conhecimentos deWushu, por ele tãoarduamente adquiridos.

p. 56

WUSHU

Em 2009 JoséAldo ganhava ocinturão de

campeão do mundo do WEC.Este ano, após vencer oitoadversários e ganhar ambostítulos WEC e UFC, Aldorecebeu o Óscar ao melhorlutador de 2010…

p. 25

Fazendo praticamente im-possível de desarmar a quemporta o Kerambit, ele é sem

dúvida, uma das armas brancas mais letais.Apresentamos neste artigo as origens e natu-reza de uma arma devastadora, com um des-enho anatómico e um funcionamento perfeito.

p. 50

KERAMBIT

WEC & UFC

“CINTURÃO NEGRO”

é uma publicação de:

BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.

Central internacional:

C/ Andrés Mellado, 42 – 28015. MADRID.

Tel. (34) 91 897 83 40. Fax. (34) 91 899 33 19

CINTURAO NEGRO NO MUNDO"Budo International" é um grupo Editor Internacional no âmbito das Artes Marciais, queconta com as melhores empresas especializadas nessa área de todo o mundo, sendo, anível mundial, o único grupo editor a publicar revistas especializadas em Artes Marciaisem sete idiomas, chegando a mais de 55 países em três continentes.Alguns destes países são: Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, ReinoUnido, Estado Unidos da América, Canadá, Suíça, Luxemburgo, Bélgica, Holanda,Croácia, Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, México, Peru, Bolívia, Marrocos,Venezuela, Senegal, etc.

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La forma “GungGee Fook Fu Kuen”contiene el verdaderoc o n o c i m i e n t oShaolín. Primera yprincipal forma deloriginal Shaolín HungGar Kung Fu, es unade las más antiguasde las que contienenc o n o c i m i e n t o sañejos y técnicas delverdadero Kung Fude Shaolín del Sur.

p. 12

Se ainda não aconteceu em todos ospaíses da Europa, está em processode acontecer: as práticas coreanas

unidas em redor da mais potente Federação dasmesmas, a Federação de Taekwondo.

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HAPKIDO

Sem dúvida alguma, oMestre Masaaki Hatsumi éalma indiscutível doNinjutsu no Japão e nomundo. Antes de finalizareste ano ele festejará 80anos de idade e este é umbom momento pararecordar sua história eopiniões, através de antigasdeclarações.

p. 28

NINJUTSU

GUNG GEE FOOK FU KUEN

Presidente: Estanislao Cortés. Conselheiro Delegado e único Gerente: Alfredo Tucci. Direcção de Arte: Alfredo Tucci. Chefe de Produção: Marga López-Beltrán García. E-mail: [email protected]. Chefe de Produção de Vídeos: Javier Estévez. Chefe de Distribuição eMaterial: Fernando Castillejo Sacristán. Administração: José Luis Martínez. Tradutores: Brigitte de le Court, Cristian Nani, Celina Von Stromberg.Publicidade: Tel. (34) 91 897 83 40. Colunistas: Don Wilson, Yoshimitsu Yamada, Cass Magda, Antonio Espinós, Jim Wagner, Coronel Sanchís,Marco de Cesaris, Lilla Distéfano, Maurizio Maltese, Bob Dubljanin, Marc Denny, Salvador Herraiz, Shi de Yang, Sri Dinesh, Carlos Zerpa,Omar Martínez, Manu, Patrick Levet, Mike Anderson, Boulahfa Mimoum, Víctor Gutiérrez, Franco Vacirca, Bill Newman, José Mª Pujadas,Paolo Cangelosi, Emilio Alpanseque, Huang Aguilar, Sueyoshi Akeshi, Marcelo Pires, Angel García, Juan Díaz. Fotógrafos: Carlos Contreras,Alfredo Tucci. Impressão: SERGRAPH. Amado Nervo, 11 - Local 4. MADRID. Distribui: MIDESA PORTUGAL – Distribuição de Publicações,S.A. Rua da República da Coreia, 34. Ranholas, Sintra. Depósito Legal: M-7541-1989

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Artes da Coreia

Presidente da Federação Espanhola de Taekwondo

Director Técnico de Hapkido da Federação Espanhola de Taekwondo

“A Arte Marcial Coreana finalmente organizada esistematizada em um programa coerente de

aprendizagem e com a garantia e o reconhecimento oficial de uma Federação nacional, líder a nível internacional”

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e ainda não aconteceu em todos os países da Europa,está em processo de acontecer: as práticas coreanasunidas em redor da mais potente Federação dasmesmas, a Federação de Taekwondo.

Na Espanha já aconteceu, com garantias de primeiracategoria, como seja o Conselho Superior dos

Desportos do Estado Espanhol; o Hapkido foi integradooficialmente como actividade com regras, no seio da FederaçãoEspanhola de Taekwondo.

Para além das considerações políticas e de organização destanovidade, existe um trabalho muito bem organizado nesta ArteMarcial no seio da Federação de Taekwondo, faz bastante tempo.A Espanha recebeu muitos coreanos nas décadas de 60 e 70 dopassado século. Sem dúvida é a isto devido que se tivessemestabelecido as bases que levaram esta arte Marcial a encontrarnumerosos adeptos e um altíssimo nível neste país. Foram osestudantes espanhóis daqueles Mestres, hoje em dia eles própriosMestres e especialmente a diligente gestão do actual presidenteJesus Castelhanos, (distinguido também como Vice-presidenteeuropeu e presidente da Federação Ibero-Americana), quepermitiu uma época de grandes conquistas na área desportiva ede organização. Hoje, as equipas espanholas estãointernacionalmente reconhecidas como as melhores, sempre em

pugna com os coreanos, os quais sem dúvida não querem largar“o controlo” de uma arte, por mais que possam sentir-se doridosem seu orgulho nacional. Mas assim não deveria ser e muito pelocontrário, posto que ela se tornou Universal, não só comodesporto mas também como prática de formação para muitosmilhares de jovens.

O Hapkido fica assim tutelado por uma Federação séria, que jácomeçou a organizar os detalhes técnicos com claridade esistematicamente. Para isso organizou a produção deste primeiroDVD com o programa oficial até Faixa Preta. O programa incluitodos os aspectos técnicos indispensáveis no estudo desta artemarcial, que abrange das quedas aos pontapés, até as maisintrincadas projecções.

Este trabalho precede a aparição de um livro acerca destamatéria, que virá esclarecer os estudantes de tudo quantonecessário com respeito à aprendizagem deste estilo tão completo.Ambos trabalhos foram realizados sob a supervisão do presidenteJesus Castelhanos e dirigidos pelo actual director técnico daFederação Espanhola Afonso Rubio, destacado Mestre da Arte eem posse de uma longa trajectória na mesma, contando com acolaboração de seus mais destacados Mestres.

Budo International sente enorme prazer em ter feito este trabalhoe ter contado com gente de tão alto nível técnico.

Programa oficial de Hapkido até Faixa Preta, da Federação Espanhola de Taekwondo

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Artes da Coreia

HapkidoO Hapkido, arte marcial com origem na

Coreia e ligado à prática do Taekwondo,vem sendo praticado na Espanha desde1968, quando o mestre Kim Jae Won seinstalou em Madrid, tendo sido relegado oHapkido a uma prática paralela, para darmaior relevo ao Taekwondo como desporto.

Em termos mais prosaicos, o Hapkidoconstitui um método sistemático epedagógico de ensino de técnicas deDefesa Pessoal e de Luta. Entretanto, oHapkido é também um bom meio detransmitir valores como a humildade, asuperação própria, a perseverança, procurarter uma boa saúde, a amizade, a fidelidadee o compromisso.

Como Arte Marcial eminentemente deauto-defesa, junta e fusiona em um sómétodo de ensino, o melhor da tradiçãomarcial coreana: o Tae Kyum (basetradicional do Taekwondo moderno), o KukSul Won (defesa pessoal dinâmicacoreana) e a luta Syrum (muito popularna Coreia e muito similar à LutaCanária). Assim, o HAPKIDO compilaem um só método educativo o melhorde esti los muito variados, quetrabalham do combate na longa emédia distância baseado em punhos epontapés (TKD, Karaté,...), até osbaseados na luta corpo a corpo nacurta distância (Judo, Syrum, etc.).

O pai do Hapkido, tal como hoje éconhecido, foi o mestre Choi Yong Sul

(1904-1987). Nas décadas de cinquenta esessenta, o Hapkido e o Taekwondo surgemcomo escolas e são adoptados comométodos de ensino de luta nos corpospoliciais e militares da sociedade coreana.

A expansão no Ocidente do Taekwondo edo Hapkido é fundamentalmente devida àpresença de tropas das Nações Unidas e aterem sido adoptados pelas unidades dosexércitos estado-unidenses como métodosde ensino da luta corpo a corpo das tropascoreanas, como duas disciplinascomplementares.

A denominação Taekwondo é adoptadaem 1957 por mestres de diferentes escolasde artes marciais coreanas. Nessa época, oTaekwondo fez possível a síntese numaescola única do essencial dos estilos de lutacoreanos baseados no combate à distância,usando batimentos de braços e pernas,para finalmente se tornar o herdeiro do TaeKyum tradicional.

No entanto, a sua consolidaçãoinstitucional como arte de luta foi na Coreiamuito mais modesta que a do Taekwondo.Tal é assim que a denominação e a criaçãode uma escola oficial de Hapkido foi devidaà tarefa empreendida pelo aluno maisavantajado, o mestre Ji Jan Jae. Em 1959, omestre Ji fundou o Hapkido tal como hoje éconhecido, e dois anos depois, em 1961 foicontratado pelo governo da Coreia do Sulpara dirigir a instrução em técnicas de lutadas Forças de Segurança Presidenciais, oque realiza até 1979.

Hoje em dia, o Hapkido e o Taekwondopartilham no estado coreano estatutosmuito parecidos e apesar das diferençasexistentes nestas disciplinas, as práticas doHapkido e do TKD se desenvolvem demaneira integrada e complementar (convémnão esquecer que ambas são herdeiraslegítimas do Tae Kyum tradicional). Assimsendo, mestres e monitores se formam

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simultaneamente em ambas disciplinas eministram seus conhecimentos em paralelo.

Sendo o Taekwondo e o Hapkido asdisciplinas marciais coreanas com mais difusãono mundo, entretanto, a prática do Taekwondose desenvolveu mais rapidamente como disciplina desportiva olímpica,enquanto que a difusão do Hapkido foi mais lenta, devido por uma parteao grande êxito do Taekwondo e por outra parte à condição institucionalda sua origem. Talvez a maior diferença destas disciplinas resida emque a prática do TKD foi orientada numa direcção predominantementecompetitiva (e daí a sua evolução como desporto de competição) e aprática do Hapkido manteve mais intacta a sua bagagem marcial.

Convém não esquecer que o TKD e o Hapkido foramintroduzidos na Espanha pelos mesmos mestres, os quaispartilham sua condição de versados e instrutores deambas disciplinas, mas que em um determinadomomento optaram por se dedicar mais à difusão doTKD, sem dúvida devido a que o seu caráctercompetit ivo abria incalculáveis ocasiões dedesenvolvimento na sociedade local, tambémaltamente competitiva.

Características do HapkidoO Hapkido é uma Arte Marcial completíssima. Suas

criativas projecções granjearam-lhe o respeito dosestudantes de outros esti los logo que foi dado aconhecer, mas este aspecto é só uma parte da riqueza domesmo. Além das secções técnicas dedicadas à defesapessoal, o Hapkido conta com uma enorme bagagemtécnica, na qual se inclui um enorme arsenal em todasas distâncias.

Esta riqueza técnica fica patente neste trabalhorealizado, onde as técnicas necessárias para a sua correctaaprendizagem até Faixa Preta, ficaram devidamente em ordem.

Uma das características diferenciadoras do Hapkido é ainteligência no uso da força frente a qualquer circunstância, e acapacidade de usar suas técnicas para aproveitar a força doatacante, sem se deter em considerações ou limites no que dizrespeito ao tipo de técnicas que se devem de utilizar, o que permitecombinar adequada e indistintamente, técnicas de batimento, salto,projecção ao chão, chaves, etc. Isto é devido a que na sua origemcomo arte de combate, não estabeleceu marcos restringidos paraa sua evolução, se bem a sistematização da sua aprendizagemnos dias de hoje, permite aos estudantes aprender esta Artesem correr perigo.

As possibilidades do Hapkido como sistema de defesapessoal fez dele um estilo potente e sempre respeitadono ambiente Marcial em todo o mundo. Organizar seusconteúdos foi uma árdua tarefa, mas o resultadofacilitará que a sua expansão seja ainda muito maior apartir de agora.

“As possibilidades doHapkido como sistemade defesa pessoal fezdele um estilo potentee sempre respeitadono ambiente Marcialem todo o mundo”

“O Hapkido é uma Arte Marcialcompletíssima, suas criativasprojecçõesgranjearam-lhe orespeito dos estudantes deoutros estilos desde que foi dado a conhecer,mas este aspecto só é uma parte da riquezado mesmo”

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Artes da Coreia

“Quando um estudantejá penetrou

profundamente noTaekwondo,

é difícil abstrair-se dapossibilidade de estudar

Hapkido”

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Reportagem

Sua prática permite aos estudantes doTaekwondo que assim desejarem, completara sua aprendizagem com tudo quantonecessário, especialmente no que dizrespeito à defesa pessoal. A flexibilidade e apreparação que o Taekwondo proporcionaaos estudantes é uma base magnífica paraaprofundar neste estilo; o uso das pernas ebraços em técnicas de batimento secomplementa assim com outras em que ocontacto se orienta para projecções,luxações e complexos controlos, que fazemmais ricos os conhecimentos de qualquerestudante de Artes Marciais.

Quando um estudante já penetrouprofundamente no Taekwondo, é difícilabstrair-se da possibilidade de estudarHapkido. Possuindo uma mesma raizcultural, os estudantes de Taekwondo terãomuito facilitado o processo e gozarão deleintensamente.

Há no entanto quem resolve dedicar-seem exclusiva ao Hapkido, mas é maishabitual o caso contrário. As pessoastomam contacto com ele através do seutreino em Taekwondo e observando umaaula do mesmo sentem-se atraídas pelasua força e especial estética, de ondedimanam um sentido de firmeza e umpoder plenos de domínio. O sistemaorganizado para a sua correctaaprendizagem é a base deste DVD, umtrabalho muito meditado para cumprir umpropósito, a correcta e completa formaçãodos estudantes e a criação de uma guiasól ida para que os Mestres possamreal izar adequadamente a sua tarefadidáctica.

Reconhecimento na Espanhado Hapkido como disciplinaassociada à FederaçãoEspanhola de Taekwondo

Depois de muitos anos de deambularem tentat ivas de consol idar-se comoDisciplina Associada dentro da FederaçãoEspanhola de Taekwondo, o Hapkido éhoje uma real idade reconhecida peloConselho Superior dos Desportos. Devidoem grande parte, ao intenso esforço econstante interesse por parte do actualPresidente da FET, Sr. Jesus Castelhanos,que teve como objectivo no início da suapresidência poder abrir o DepartamentoNacional de Hapkido, como DisciplinaAssociada no seio da FederaçãoEspanhola de Taekwondo.

Muitas foram as tentativas, muitos osdocumentos, os trabalhos realizados, osprojectos de Regulamentos, Modificaçãonos Estatutos, para finalmente conseguir seruma realidade. Durante 2008, teve lugar o 1ºCampeonato da Espanha de Hapkido,sendo muito bem recebido e onde foipossível gozar das excelências, efectividadee beleza desta Disciplina.

Em 2009 realizou-se o 2º Campeonato daEspanha de Hapkido, também tendo dadoinício os exames oficiais de faixas pretas,com diplomas oficiais, os cursos de árbitrosque pontuam, cursos de formação e cursosde reciclagem e actualização.

Em 2010 o ano encerrou com a 3ª ediçãodo Campeonato da Espanha, com umexcelente nível e sendo muito bem recebidopor parte das secções regionais.

A modo de esclarecimento e perantedúvidas que oferecem determinadasAssociações, este é o texto recebido peloConselho Superior dos Desportos:

“…Existe o reconhecimento do Hapkidopor este Organismo, como umaEspecialidade Desportiva integrada naFederação Espanhola de Taekwondo,entidade esta inscrita no Registo deAssociações Desportivas deste ConselhoSuperior dos Desportos, e que é a únicaentidade que tem delegadas em exclusivaas funções públicas de tipo administrativoque se contemplam na Lei do Desporto, talcomo aparece em seus estatutospublicados no BOE (Boletim Oficial doEstado).

Portanto, até à data, no âmbito desportivosó serão válidas e gozarão doreconhecimento oficial as actuações queacerca do Hapkido leve a termo a ditaFederação Espanhola de Taekwondo.”

Também juntamos referência da cópia doescrito com registo de saída do ConselhoSuperior dos Desportos número 08.02.07002008, onde o Exmo Sr. Ramón BarbaSánchez, Secretário da Comissão Directivado Conselho Superior dos Desportos, nosinforma da aprovação da inclusão doHapkido como disciplina associada, nosEstatutos desta Federação Espanhola deTaekwondo.

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“Também tem exercíciosfísicos intensivos deendurecimento,

como por exemplo Sam Seng,que se incluem no Gung Gee, forjando

assim o corpo do aluno. Não é de estranhar que oslutadores de Hung Gar

sempre tenham sido temidospor seus antebraços e tíbias

duros como aço!”

“O GM Chiu Chi Ling mostra-nosas partes dessa forma no seunovo DVD de instrução da GungGee Fook Fu Kuen e indica ospontos mais importantes paralevar a efeito o processo daaprendizagem”

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Silenciosamente, o tigre rastreia na mata. Oluar mal ilumina o seu caminho, mas mesmoassim, o t igre encontrará a sua vít ima,deslizando-se intrépido e letal. Antigamente, na montanha Ling Nam no Sul da

China, não se conhecia nada mais perigoso e forteque o tigre do bosque de bambu. Havia monges guerreiros que aprendiam luta

nos mosteiros, a quem e mestresensinavam técnicas: “Gung Gee FookFu Kuen!” exclamava o abade ChiSim Sum Si (também conhecidocomo Ji Sim), enquantoobservava como os seusalunos executavam a forma“O punho que vence otigre”. Ele dizia: “Vocêsvão ser tão fortes queserão capazes de vencerinclusivamente o que demais perigoso e fortehá, o tigre!”. O suorescorria nas caras dosalunos, e seus braços epernas tremiam devido atanto esforço. “Nenhumde vocês será jamais umverdadeiro guerreiroShaol im se nãodominarem esta forma”.Provavelmente, poucosdaqueles alunos que tãoarduamente treinavam,sabiam quanta razão tinhao seu abade, o últ imoabade de Shaolim do Sul…

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O “Gung Gee Fook Fu Kuen”contém o verdadeiro conhecimento ShaolimA primeira e principal forma do original

Shaolim Hung Gar Kung Fu, a Gung Gee FookFu Kuen é uma das formas de punho maisantigas de todas as que contêmconhecimentos e técnicas do verdadeiro KungFu de Shaolim do Sul. Nos nossos dias, essaforma que o abade Chi Sim Sum Si ensinavapessoalmente, tem fama quase legendária deser por definição, a forma do Hung Gar. É umadas mais famosas no mundo, depois daconhecida forma Tigre-Grou. O treinoconstrutivo do Kung Fu fortalece todos ospraticantes, mas o Gung Gee Fook Fu Kuen écomo um limiar que tem de ser ultrapassadopara chegar a ser um autêntico lutador. Portanto, não é de estranhar que seja a primeira eprincipal forma do famoso sistema Hung Gar!Um dos elementos fixos dos que constituem

o Gung Gee Fook Fu Kuen é o trabalho com a

energia interna, denominado Qi Gong. Como ésabido, o Hung Gar Qi Gong já existe nasformas precedentes, mas só com o Gung GeeFook Fu Kuen o aluno se enfrentaconscientemente a ele. Graças ao Qi Gong oaluno aprende muito melhor, como nunca antesfizera, a canalizar a sua energia e a utilizar a suaforça acertadamente. Isso aumenta a qualidadede vida do praticante, também treinando emgrande medida o seu espírito guerreiro, devidoa que também se eleva nele o nível energéticonecessário ao guerreiro! Nos treinos, a Gung Gee Fook Fu Kuen é a

forma mais comprida (mais de 300 movimentos)e por isso também constitui um novo desafiosomado. À semelhança do que acontece com aforma Sai Pin Tai Ma, Posição do Cavaleiro doHung Gar Kuen, exige muita capacidade deresistência e força mental. Situa-nos frente afrente com limites internos e externos e ajuda-nos a superá-los! Também tem exercíciosfísicos intensivos de endurecimento, como porexemplo Sam Seng, que se incluem no Gung

Gee, forjando assim o corpo do aluno. Não é deestranhar que os lutadores de Hung Gar sempretenham sido temidos por seus antebraços etíbias duros como aço!“Logo a partir do primeiro momento

sentimos que a forma Gung Gee Fook Fu Kuené muito especial, é como se chegássemos aum novo patamar da aprendizagem.Actualmente, esta forma é uma parte fixa domeu treino!” - diz R. Gisler, um destacadoaluno suíço, praticante de Hung Gar.Quanto mais se pratica a forma, mais

experiência adquire o aluno, devido aosprincípios inerentes no Hung Gar: O Pá Kua éo trabalho dos passos na luta. O Yam e Yeung(Yin Yang) e Yeung (Yin Yang) que são parte daaprendizagem da gestão da energia e doprincípio fundamental do Shaolim Kung Fuoriginal. Boxing-Sutras e as 12 pontes doHung Gar… Tudo isto e muito mais, formaparte da Gung Gee Fook Fu Kuen! Se pensarmos que os monges do famoso

mosteiro de Shaolim quiseram depositar numa

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Kung Fu

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Reportagem

forma a maior quantidade possível das suasexperiências, podemos então falar da GungGee Fook Fu Kuen. Desde que o Kung Fu original e correcto

abandonou o mosteiro de Shaolim, só semodificou uma coisa na forma e isso foidevido nem mais nem menos que ao herói dopovo Chinês, Wong Fei Hung. Como grandelutador de Hung Gar e médico famoso, WongFei Hung é considerado um herói e foi elequem somou à forma mais movimentos ecriou uma primeira parte instrutiva, que veiocomplementar o resto da forma com umconhecimento elementar do Hung Gar. Essaprimeira parte, denominada Gung Gee,facilitava o acesso às formas avançadas doKung Fu de Shaolim do Sul, como acontececom a Fook Fo Kuen, segunda parte da formaactual, que encontramos em todos ossistemas do Kung Fu realmente provenientesdo Shaolim do Sul. Também para mestres experientes, a Gung

Gee Fook Fu Kuen é de grande importânciamesmo após ter aprendido outras formasprincipais e por isso é regularmente praticadainclusivamente pelo Grão Mestre Dr. Chiu ChiLing. Transmitida directamente através daárvore genealógica da família Hung, a ChiuChi Ling foi ensinada desde os começos, noGung Gee Fook Fu Kuen. Seu pai e Sifu, oGrão Mestre Chiu Kow (1895-1995) davagrande importância ao facto de que seu filholevasse a sério a sua formação. “Em criança,nem sempre tinha vontade de treinar GungGee Fook Fu Kuen oito horas por dia” - diz-nos sorrindo o Grão Mestre Chiu Chi Ling -“Conservo em meu corpo muitas cicatrizesdessa época em que o meu pai me tinha de

'convencer' para que eu treinasse a Gung GeeFook Fu Kuen. Mas hoje eu agradeço a meupai por cada uma da suas lições!” O GM Chiu Chi Ling mostra-nos as partes

dessa forma no seu novo DVD de instrução daGung Gee Fook Fu Kuen e indica os pontosmais importantes para levar a efeito oprocesso da aprendizagem. O GM Chiu Chi Ling, 10º Dan, gravou esta

parte do DVD, em Amesterdão, antes de umseminário especialmente preparado peloMestre Martín Sewer, para os praticantes doverdadeiro Hung Gar. Mas onde se poderia aprender esta forma

com a qualidade de Shaolim? Uma arte que étão antiga e provada, deve ser um segredobem guardado - poderão pensar algumaspessoas.Segredo? Tudo pelo contrário! Como uma

das cinco artes marciais mais famosas daChina, (Hung, Lau, Choy, Li e Mok) o HungGar Kung Fu e com ela a forma Gung GeeFook Fu Kuen são tudo menos um segredo. Eno entanto, aoenas quem as procura poderáencontrá-las… Hoje, não há melhor lugar queo bastião actual do Shaolim Hung Gar KungFu original, que está na maravilhosa Suíça;estamos falando do sucessor do estilo dasfamíl ias Chiu Hung Gar Kung Fu pordesignação do GM Chiu Chi Ling, o MestreMartín Sewer.“Nenhum aluno da Escola de KUNG FU

MARTIN SEWER pode continuar a suaformação sem ter aprendido a parte daprimeira forma principal. Esta proporciona aoaluno muitos instrumentos importantes paradesenvolver as suas capacidades. Tambémpara a prática com o Boneco de Madeira essa

é uma forma iniludível” - diz o Mestre Dr.Martín Sewer, a quem poucas semanas atrás,em Amesterdão, lhe foi concedido por seuMestre o 8º Dan (Tuan, Duan, Grado demestria), em presença de muitos grandesMestres do Kung Fu chinês. Para este aluno a quem o Grão Mestre Dr.

Chiu Chi Ling, 10º Dan, concedeu o mais altogrão do mundo como aluno, a forma GungGee Fook Fu Kuen é um programa obrigatóriopara a formação na KUNG FU SCHULEMARTIN SEWER. Incluindo a graduação emqualquer nível! Faz décadas que Sifu Martín Sewer vem

seguindo seu Mestre e treina com eleregularmente. Ele gosta de dizer: “Nuncapoderei esquecer quando fui aprender a GungGee Fook Fu Kuen na antiga escola do meuSifu, na Pak Hoi Street, de Hong Kong…”Fica bem esclarecido que hoje é e de certo

também no futuro será a Gung Gee Fook FuKuen uma das formas básicas e fundamentaisna formação dos que praticam o Hung Gar. A Comunidade Internacional do Hung Gar

esperava por este novo DVD de instrução daKUNG FU SCHULE MARTIN SEWER. Apresentado por Sifu Martín Sewer, 8º Dan

e o seu melhor aluno Sifu Fadri Canal, 3ºDan, também inclui as explicações do GMChiu Chi Ling, 10º Dan, tudo o qual faz destenovo DVD de instrução Gung Gee Fook FuKuen, um trabalho imprescindível para todoaluno de Hung Gar que realmente queiraaprender. Talvez o tigre já não seja a coisa mais forte

que hoje se conhece, mas de certeza, a formaGung Gee Fook Fu Kuen despertará o tigre. Otigre que está em ti!

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Tribalismo MarcialEmbora estejamos inseridos numa realidade onde mais facilidades existem para a

busca do conhecimento e informações, nos emerge claramente a noção de queenfrentamos algumas dificuldades no que chamamos civilização marcial em prol dabusca da razoabilidade, e se não da igualdade, pelo menos da liberdade deescolha. Seríamos nós frutos de uma geração marcial que ainda não se recuperoude todo do choque inicial de seus nascimentos e manifestações artísticascombativas? - da transição da sociedade marcial tribal, com sua submissão àsforças mágicas e míticas, embebidas em lendas e obscuras quanto àrealidades factuais, uma sociedade fechada em versões, para a era marcialaberta, que põe em liberdade as faculdades críticas e criativas do homem? Ochoque dessa transição é um dos factores que possibilitaram o surgimentodos movimentos reaccionários que procuram, contra ou ao menos semfazer bom uso da intelectualidade, impregnados por um sentimentalismopossessivo, derrubar uma civilização marcial e retornar ao tribalismomais primitivo.

Vemos no cenário marcial uma luta velada entre duas mentalidadesque discutem o novo destino do quadro das artes. De um lado umdeterminismo actuante na defesa de versões que foramtransmitidas sob um aspecto imutável de uma realidade; deoutro, a busca pela liberdade da criação e adaptação dessasmesmas artes, puras ou mescladas, que nascem numa eracontemporânea quase isenta dos legados de liberdadeconquistados pelo processo de civi l ização dassociedades políticas e sociais - restringida pela opiniãopública parcial e baseada no senso comum -, eportanto asfixiada pela contraposição de um conjuntofrouxamente relacionado de conceitos que seimpõem em nossa atmosfera marcial.

Não há espaço hoje para a criação, segundo asformulações, ainda que inconscientes, dos maisradicais, e que ao parecer esquecem que tambémsão frutos desse mesmo processo ocorrido há nãomuito tempo atrás. Acordemo-nos que não setrata de substituir os antigos sistemas tradicionaisou mais modernos por um novo totalmentedetentor de qualquer verdade, mas apenas deque o processo de criação, do novo, é natural edeve ser visto como uma consequência dacapacidade e inteligência humana, comoqualquer outro aspecto da evolução.

A selecção natural do meioambiente nunca foi tãoagressiva quanto aselecção naturalexercida pelo própriohomem quando estepossui o intento deexterminar uma

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Reflexão

“Nemmesmo

para olharsem desprezopara todosaqueles que

criativamentedescobrem novosmeios e teoriaspara as artescombativas,

actualizando-aspara a

necessidadecontemporânea”

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outra arte - se assim podemos chamá-la, “natural”, quando esta é idealizada através damanipulação da opinião pública, com a movimentação clara da massa de alunos e praticantescontra outros pertencentes a outras escolas e estilos. E se relativamente fosse compreensível

esse processo contra culturas ou artes diferentes, no caso de se supor uma guerra entreduas tribos, menos compreensível ainda é o entendimento desse fato dentro de uma

mesma arte, numa correnteza de críticas ao comportamento moral ou técnico de umprofissional da mesma categoria.

Atingimos um nível de tribalismo marcial onde o que deveria ser analisadocuidadosamente e respeitado é repassado numa onda de difamação com atitudesmascaradas e tidas como pacíficas, dentro do direito de opinião, e portantovagamente discutidas. Aprofundar-se em um determinado assunto requer tempo epesquisa, e se antigamente qualquer nova teoria científica era apresentada aosmais conhecedores da época, para que os novos conceitos fossem discutidos

abertamente e esclarecidos, e quando postos em dúvida, assumidamentequestionados ou rebatidos com amplas noções de consequências, hojeninguém aparenta dedicar tempo para análises antes de qualquer afirmação.Mais importante é participar de uma discussão, mesmo que as palavras nãosejam melhores que o silêncio.

Não questionamos aqui qualquer favoritismo quanto à divisão históricados períodos dos nascimentos das artes, tradicionais ou modernas. O

tribalismo aqui tratado mais se enquadra com a classe decomportamento que vemos hoje nesse cenário marcial. Há semdúvida alguma muitos valores numa sociedade tribal, caracterizadapela estabilidade e pela rigidez, porém não esqueçamos que essamesma sociedade é determinada por tabus sociais e religiosos; ondecada um tem seu lugar marcado no conjunto da estrutura social,sente que esse lugar é o adequado, “natural”, e que lhe foi destinadopelas forças que regem o mundo. A sociedade democrática, por outrolado, é marcada pela confrontação do indivíduo com seus problemaspessoais. Dessa forma essa confrontação é normal e deve serenxergada como tal, sem a necessidade do colectivismo de opiniõesou manipulação de toda e qualquer forma de pensamento que não ado mestre ou professor, erroneamente divinizado ou visto como tal.

Ao buscar respostas na história das artes e seus fundadores,lembremos que todas as descrições de fatos, mesmo as científicas, sãoaltamente selectivas, sempre dependentes de teorias. “Dadas a infinitariqueza e a variedade dos possíveis aspectos e suas possibilidades, umadescrição dependerá em larga medida de nosso ponto de vista, denossos interesses, que são como uma regra relacionada com a teoria ouhipótese que desejamos testar; mas também dependerá dos fatosdescritos. Na história, não menos que na ciência, não podemos esquivar-nos a de nosso ponto de vista, e a crença de que pudéssemos fazê-lo noslevaria ao auto-engano e à falta de cuidado crítico. A história difere da

física ou ciências exactas, cujo “ponto de vista” é habitualmente apresentado

“Vemos no cenário marcial umaluta velada entre duas

mentalidades que discutem o novodestino do quadro das artes”

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Reflexão

como uma teoria que pode ser corroborada pela busca de fatosnovos.” – Karl Popper (Sociedade Aberta e seus Inimigos).

Na história, os factos à nossa disposição são muitas vezeslimitados, não podem ser repetidos e foram colectados de acordocom um determinado ponto de vista, registados pelas versões dosvencedores, que altera em profundidade palavras como revolução,rebelião, traição e aperfeiçoamento, as quais muitas vezes sãoutilizadas como adjectivos que designam a moral de profissionaisde artes alheias ou simplesmente seguidores de outras linhas.

Analisando friamente os mitos ou versões que explicam ashistórias das artes marciais, dificilmente veríamosqualquer significado que não poético ou valorado porser um tipo de manifestação cultural. Não háuma história de uma arte marcial em si, masuma infinidade de histórias de todas asespécies de aspectos técnicos emíticos; somadas, não constituem a

história da arte em sua verdade ou essência absoluta. No entanto,podemos interpretá-la, para resolver os problemas de cunhopolítico de nossa época, onde neste quadro há uma luta pela podere supremacia marcial.

O futuro ou perspectiva depende de nós mesmos, e nós nãodependemos de qualquer necessidade histórica para respeitar olegado que cada arte carrega, seja ela antiga ou não, nem mesmopara olhar sem desprezo para todos aqueles que criativamentedescobrem novos meios e teorias para as artes combativas,actualizando-as para a necessidade contemporânea. A verdademarcial da qual muitos se crêem donos, não é a soma de todas as

coisas, mas a totalidade de todas as mudanças, umaengenhosa mistura de especulação e aguda observação dos

fatos e eficiências técnicas, imbuídas ou desprovidasde fi losofia, mas que exercem com

responsabilidade seus direitos de liberdadede expressão.

“A verdade marcial da qual muitos se crêem donos,

não é a soma de todas as coisas,mas a totalidade

de todas as mudanças, uma engenhosa mistura de

especulação e agudaobservação dos fatos e eficiências técnicas,

imbuídas ou desprovidas defilosofia, mas que exercem

com responsabilidade seus direitos de liberdade

de expressão”

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Novidades DVD´s de Artes Marciais

PrEÇO:

35,00€

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O facto de praticamente ser impossível dedesarmar quem porta um Kerambit Indonésio, fazdele uma arma tremendamente eficaz e letal, quenos proporciona um ponto de vista diferente da

utilização das armas brancas. Seu duplo gume e seuanel de retenção permitem descobrir as infinitaspossibilidades que o tornam uma faca táctica por

natureza. Entretanto, para compreender a suautilização necessitaremos um método que nospermita perceber a essência da arma. Este é oobjectivo deste DVD. Durante a aprendizagem

descobrimos as infinitas combinações, dependendoda nossa percepção e base marcial, para assim

incorporá-las ao nosso treino à mão nua edesenvolver as nossas próprias técnicas. Nestetrabalho se mostram as diferentes maneiras de

agarre, variações, aplicações, ângulos de ataque eexercícios para alcançar fluidez e destreza em seu

manuseio.

O Hapkido constitui um método sistemático epedagógico de ensino de técnicas de Defesa Pessoale de Luta. Como Arte Marcial ele recebe e fusiona o

melhor da tradição coreana do Tae Kyum (basetradicional do Taekwondo moderno), do Kuk Sul Wone da luta Syrum. Assim sendo, compila o melhor dosestilos que trabalham o combate na longa e médiadistância, baseado em punhos e pontapés, assim

como a luta corpo a corpo na curta distância. Este primeiro DVD, que apresenta o programa

oficial até Faixa Preta, tem a garantia da FederaçãoEspanhola de Taekwondo e a supervisão do DirectorTécnico do Departamento Nacional de Hapkido o Sr.

Alfonso Rubio, com a colaboração de seus maisdestacados Mestres.

Um trabalho muito meditado para poder cumprirseu propósito: a correcta e completa formação dosestudantes e a criação de uma guia sólida para que

os Mestres possam realizar adequadamente seutrabalho didáctico.

O Mestre Sewer, 8ºDan Shaolin Hung Gar Kung Fu e sucessor oficial do Grão MestreChiu Chi Ling, 10ºDan, apresenta-nos nesta ocasião a principal Forma do estilo

original, assim como a explicação de todas as suas técnicas e aplicações. A GungGee Fook Fu Kuen é uma das mais antigas Formas de punho de Shaolin e foi

transmitida pelo último abade do mosteiro, Chi Sim, a um de seus melhoresalunos; Hung Hee Gung. Sem dúvida é uma Forma de obrigado conhecimentopara todos aqueles incondicionais de Shaolin do Sul, posto que incorporatoda a bagagem antiga que trata da respiração, a saúde e as técnicas deluta. A prática desta extensa e intensa Forma desenvolve a parte física dosestudantes e permite-lhes realizar um substancial progresso, posto que étambém a base do Chi Sao, do Boneco de Madeira, dos exercícios deendurecimento e do Shaolin Qi Gong. Este trabalho contém também umresumo da Forma executado pelo Dr. Chiu Chi Ling.

Todos os DVD’s produzidos por Budo International sãorealizados em suporte DVD-5, formato MPEG-2multiplexado (nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as mais restritas exigênciasde qualidade (tipo de papel e impressão). Também,nenhum dos nossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVD não cumpreestas exigências e/o a capa e a serigrafia não coincidemcom a que aqui mostramos, trata-se de uma cópiapirata.

Andrés Mellado, 4228015 - MadridTel.: (0034) 91 549 98 37Fax: (0034) 91 544 63 24E-mail: [email protected]: budointernational.com

PEDIDOS: CINTURAO NEGRO

NOVIDADES

DO MÊ S!!!

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Quem entrou no mundo das lutas nasúltimas duas décadas se acostumou a invejaras histórias dos precursores do Desporto.Nomes como Hélio Gracie, Carlson GracieJoão Alberto Barreto…, que sempre noscontavam “casos” dos tempos em que osídolos da luta eram tratados como heróis pelaimprensa brasileira.Depois do fatídico dia em que João Alberto

quebrou o braço de um lutador ao vivo naextinta TV Continental, em 1953, a históriamudou e a imprensa passou a tratar aquelesdesafios difundidos pela família Gracie, comocaso de polícia. Foram necessárias quase seis décadas

para que o Vale-Tudo ganhasse o mundo porintermédio da famíl ia Gracie, fosseremodelado pelos americanos ereapresentado em sua terra natal com umnovo nome MMA, ou melhor, UFC.“Depois de anunciar os jogos Olímpicos e a

Copa do Mundo de futebol, é com muitoprazer que anunciamos a chegada do UFC aoRio de Janeiro”. O anúncio foi feito pelopresidente do evento Dana White. A seu ladoo dono do evento Lorenzo Fertitta, RoyceGracie (filho do homem que começou tudo háquase oito décadas) e o Prefeito do Rio,Eduardo Paes. “Gostaríamos de agradecer aoPrefeito Eduardo Paes e a todos no Rio, porabraçarem o UFC que além de ser um esporte

fantástico, por onde passa causa um impactoeconómico na ordem de 15 a 50 milhões dedólares americanos”, vibrou Dana White,garantindo que a epidemia daquelas trêsletras mágicas não foi à toa que contaminouquase todo o mundo. “Vamos receber 13 milpessoas na arena HSBC e cada uma vai'contagiar' mais 10 ou 15 pessoas, e aí vaicomeçar o que eu chamo o vírus que vaiespalhar por todo o país. É assim quefuncionou em todos os países em já queestivemos e não tenho dúvidas que no Brasil,país que iniciou tudo, não será diferente”.

Homenagem póstuma a Hélio GracieUma das atracções da colectiva foi Royce

Gracie. Apresentado por Dana White comopai do UFC, o campeão do UFC 1,2 e 4 fezquestão de enfatizar à imprensa a importânciade seu pai na história do esporte. “O Rio foi onde tudo começou. Há 75 anos,

meu pai criou esse tipo de evento e de show,para saber qual o melhor estilo de luta. Sem oGracie Jiu-Jitsu e sem a família Gracie nãohaveria o UFC. Eles sabem que o Rio é oberço deste esporte e por isso estão tãoexcitados em trazer o evento de volta paracá”, disse Royce Gracie ao PVT, garantindoque está negociando para fazer sua

UFC Rio: Voltando pela porta da frente

Durante anos os brasileirossonharam com o dia em que omaior evento de MMA do mundochegaria ao Brasil, passando ater uma edição no berço do Vale-Tudo, o Rio de Janeiro. No dia 15de Dezembro de 2010 este sonhofoi realizado com toda a pompa ecircunstância, em pleno palácioda Cidade, residência oficial doPrefeito do Rio, Eduardo Paes.Ao Lado de Dana White, LorenzoFertitta, Anderson Si lva,Maurício Shogun, José Aldo,Royce Gracie e Vítor Belfort, oPrefeito Paes anunciou que apartir do dia 27 de Agosto de2011, o UFC passa a fazer partedo calendário oficial da cidade.

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Marcelo AlonsoTexto e fotos:

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despedida aqui. “Meu pai fez sua última lutaaos 53 anos, eu estou com 44”, disse Royce,sem querer, no entanto, definir empercentagem a sua chance de estar presenteno UFC RIO.

O apoio do Prefeito O discurso de Eduardo Paes, Prefeito do

Rio de Janeiro, foi o ponto alto da conferênciade imprensa, afinal de contas, até poucotempo atrás o esporte era proibido na cidade,facto que o próprio Prefeito fez questão delembrar. “É importante nós destacarmos queno passado, o Rio teve problemas com aquiloque se convencionou chamar Vale-Tudo. Issodaqui não tem nada a ver com o Vale-Tudo,pois é um esporte com regras, organização,clareza e muito profissionalismo. É assim queé conduzido o UFC”, explicou Paes aimprensa. O Prefeito também fez questão de deixar

claro que foi ele quem fez o convite a Dana.“Eu fui procurar o Dana para que nóspudéssemos trazer o UFC para cá e confessoque não tinha ideia da dimensão desse eventoe do impacto que ele podia gerar na nossacidade. É impressionante a quantidade depessoas que desde que começou a circular anotícia, se aproximaram e me disseram queera uma óptima iniciativa minha a vinda do

UFC para a cidade. A cidade do Rio é umaporta que se abriu para o mundo, graças àfamília Gracie, e ela será novamente a portapara o UFC voltar para o Brasil”, disse Paes.Após receber um cinturão do UFC de

presente de Dana, Paes também enfatizou oimpacto económico que o show americanopode gerar para a cidade. “Como o UFC étransmitido para 147 países, certamentetambém serão mostradas imagens da cidade.Não é qualquer lugar que tem uma paisageme natureza tão bonitas como o Rio de Janeiro;tenho a certeza que a cidade vai encher, oshotéis ficarão ocupados e transformaremosisto em mais um evento no calendário denossa cidade. Logo depois disso, terá o"Rock in Rio" e o “Festival de Cinema”.Gostaria de agradecer muito ao Dana e aoLorenzo e dizer que a cidade está de portasabertas, pronta para ajudar e colaborar parafazermos mais um grande evento. Foi umgrande prazer e bem vindos ao Rio deJaneiro!”, finalizou o Prefeito.

O PalcoCom capacidade para receber até 18 mil

pessoas, a HSBC Arena na Barra da Tijuca jáfoi testada e aprovada em diversos eventos,como o mundial de Judo, o CampeonatoPanamericano e mega shows como Roberto

Carlos e Scorpions. Segundo Dana, osingressos começarão a ser vendidos a partirde Maio, quando finalmente será revelada ocard final e os valores das entradas. Deacordo com o empresário, os brasileiros nãoterão motivos para se assustar com osvalores. “Fazemos eventos no mundo todo esempre colocamos os ingressos de acordocom a realidade de cada país”.

“Ring Girls” BrasileirasLogo após a colectiva de imprensa Dana

White revelou, numa entrevista exclusiva aoCanal Combate, que poderá utilizar pelaprimeira vez “ring girls” locais numa ediçãodo UFC. “O Brasil tem as mulheres maissensuais do mundo, é claro que cogitamos aideia de usar garotas locais para o UFC Rio”.A declaração do empresário foi publicada nacoluna “Gente Boa” de Joaquim Ferreira dosSantos de “O Globo”, foi reproduzida nofórum do Portal do Vale-Tudo e gerou muitaspáginas de debate. De acordo com a opiniãodos fãs, a brasileira musa escolhida paradesfilar com a placa entre os rounds seria aPanicat Juliana Salimeni. Capa da revista Playboy em 2009, Juju foi

eleita a mulher mais sexy do mundo pelarevista VIP em 2010. Para quem não lembra,a beldade começou sua carreira como “ring

Royce Gracie na entrevista com os Meios de comunicação. O Arena HSBC, cenário do UFC RIO no dia 27 de Agosto. O Prefeito Eduardo Paes com Royce.

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girl” do evento MO Team League, o IFL brasileiro, que em trêsedições confrontou equipes de Minotouro, Rizzo, Wanderlei eBustamante.Em 2010, já consagrada, Juju voltou a fazer uma aparição

no Shooto Brazil 18, em Brasília. Uma outra beldade muitolembrada pelos amigos do fórum do PVT foi Babi Rossi, suacoleguinha do programa Pânico, da Rede TV. Sem dúvidaalguma seria uma bela homenagem de Dana White ao públicobrasileiro, o problema seria o mundo do MMA ficar malacostumado…

Card dos Sonhos “Nós temos 36 lutadores brasileiros em contrato com o

UFC, sendo três deles campeões e um deles o maior “Poundfor Pound” da actualidade. Vocês podem ficar tranquilos queterão seus grandes ídolos lutando no Rio”. A afirmação deDana White ao responder perguntas semelhantes dejornalistas diferentes na conferência de imprensa, deixoumuita gente sonhando com o card do evento de Agosto.Apesar de todos saberem que não existe a possibilidade dejuntar todos os grandes lutadores brasileiros do UFC nomesmo evento, primeiro porque seriam necessários trêseventos, segundo porque tamanha reunião de estrelasprejudicaria a formação de cards em eventos subsequentes..., mascomo sonhar não custa nada, o Portal do Vale-Tudo toma a liberdadede dar uma forcinha para Dana White.

O Palácio da Cidade recebeu mais de 200 jornalistas no dia doanuncio do UFC RIO.

Juju Panicat, capa da Playboy, poderá ser Ring Girl no UFC RIO. Dona Vera, esposa de Hélio e mãe de Royce. Belfort, Anderson, Aldo, Shogun e Royce, os maiores ídolos

brasileiros, no lançamento do UFC RIO.

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Óscar do MMAFoi uma emoção muito grande.

Desde o início, eu sempre procureidar o melhor de mim e fazer o meumelhor, sem passar por cima deninguém. Graças a Deus deu tudocerto, este ano foi óptimo. Otrabalho foi coroado com o Óscar,por isso tenho que agradecer muitoao meu treinador André Pederneirase às pessoas que me ajudam nostreinos. Sou muito grato por esseprémio, que não é só meu, é detodos da minha equipe, da minhaesposa e de todos que sempre mederam força.

UFC RioAs expectativas são as melhores.

Estava mais do que merecidotermos essa edição aqui. A gente vailá fora e luta de igual para igual comtodo mundo, então era a hora. É umreconhecimento a todo mundo quefaz esse trabalho e esta vinda aoBrasil é um reconhecimento disso.

O sonho de ver o marDesde criança eu sempre sonhei

em ver o mar. Falei para minha mãeque iria ao Rio de Janeiro e seriajogador de futebol, acabei vindomas me tornando um lutador. Naprimeira vez que vim ao Rio, vim

com meu irmão, e nós levamos aágua do mar para ela, para provarque a gente tinha visto o mar. Leveitambém umas conchinhas. O factode eu ganhar um cinturão decampeão mundial foi uma emoçãomuito grande para a minha mãe. Umgarotinho que há algum tempo nãotinha nada e hoje é campeão domundo... Isso deixa qualquer mãeorgulhosa. Minha família toda sentemuito orgulho por mim.

Onde tudo começouA primeira arte marcial que

pratiquei em Manaus foi a Capoeira,depois passei a treinar Jiu-Jitsu como professor Márcio Pontes (NovaUnião). Na sequência fui treinar noNonato, que era a matriz da NovaUnião em Manaus, onde conheci oLoro. Desde então comecei a treinarcom ele. Nessa época ele estavalutando no Shooto no Japão e metrouxe para morar na academia..

Evolução em pé Eu sempre tive facil idade na

trocação em pé. Já tinha um bomjogo e quando cheguei ao Rio via ostreinos de Muay Thai e queriaparticipar. Falei com o Pedro Rizzo eele me deixou começar a treinar.Como eu morava na academia havia

Quando era criança e vivia numa comunidadepobre de Manaus, o menino José Aldo impressionousua mãe com uma frase que parecia ambiciosa parasua realidade. “Quando eu crescer, vou trazer águado mar do Rio de Janeiro para a senhora”. DonaRocilene sorriu, afinal de contas nada mais normalpara uma criança do que sonhar acordada... Em 2009 José Aldo voltou a Manaus e ensinou

sua mãe a nunca duvidar do sonho de uma criança,transformando aquele sorriso incrédulo dela emlágrimas de felicidade ao lhe entregar um pote comágua do mar e outro com conchinhas. No ombro dofilho estava o cinturão de campeão do mundo doWEC, o segundo maior evento do mundo.Mas a capacidade de realizar sonho de Júnior

ainda não havia chegado ao fim. Este ano, apósvencer 8 oponentes e unificar os títulos do WEC eUFC, Aldo deu outro susto em Dona Rocilene aochegar em Manaus com o Óscar de melhor lutadordo ano de 2010.

Texto e Fotos: UFCFotos:

Marcelo Alonso

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essa facilidade. Eu ficava de domingo adomingo na academia. Sábado e domingo àtarde já não tinha mais ninguém naacademia, então eu ficava sozinho, batiasaco e fazia umas sessões de treino, sempretentando melhorar a execução dos golpes,fazendo muita repetição. Eu só saia paraalmoçar. Isso me ajudou muito na parte empé e nessa evolução.

Inspiração no ídoloQuando eu cheguei, na academia

treinávamos MMA e todos só queriamderrubar para lutar no chão. Eu não gostavadisso e queria ser que nem o Pedro Rizzo.Eu o via como uma inspiração, gostava dojogo dele e queria ser como ele. Um caracomo ele me treinando era a melhor coisa.Na época ele era meu ídolo e eu treinavacom ele. Hoje em dia ele continua sendo, eusempre me inspirei nele. O jogo em pé,trocação e os low kicks, tudo vem atravésdele, que me amoldou e me deu muitosconselhos.

Vida na comunidadeEm Manaus eu morava em um bairro

pobre chamado Alvorada Três. Logo quecheguei ao Rio e fui lutar com o Hudson no

Shooto, eu morava na academia, mas nasemana da luta o Marlon passou a me levarpara dormir na casa dele, lá no Morro SantoAmaro. Com o tempo passei a morar nacasa dele e passado um tempo, na casa doHacran Dias, que também mora na mesmacomunidade. Depois eu aluguei uma casa nomorro e moramos eu e minha namorada. Noinício eu não me adaptei muito a morar emum lugar dominado pelo tráfico. Para mimtudo aquilo era novo. A primeira vez que euvi uma arma fiquei um pouco traumatizado.Quando ouvia tiroteio à noite, achava aquilouma loucura. Depois me acostumei, tudo éuma questão adaptação. Eu me adaptei beme graças a Deus, deu tudo certo. Nuncaninguém mexeu comigo e não fizeram nadacontra mim.

DificuldadesTeve uma época em que eu morava na

academia e tinha de treinar Boxe com oGiovane em Copacabana. Tinha um rapazque morava na academia que já faleceu,nós o chamávamos de Sabará, que teveum dia que ele me deu uma paçoca edisse que aquilo era meu café da manhã.Eu treinava Boxe sem comer nada; nãot inha dinheiro, então só a lmoçava ejantava. Cheguei a ter que voltar paraManaus por causa de dinheiro, mas o

Dedé me mandou apassagem para euvoltar para o Rio. Se não fosse isso talveztivesse tido que abandonar o sonho de serlutador.

GratidãoAlgumas pessoas foram muito

importantes na minha vida e estou muitograto a elas. Primeiro meu pai que meapoiou para ser lutador, mesmo não tendocondições e trabalhando como ajudante depedreiro. Depois o Loro que me trouxe paracá e abriu as portas e depois o Dedé queme ajuda até hoje.

Treino com AndersonEu já treinei com ele; é um grande atleta

e aprendi muito estando com ele. Nóstreinamos tanto em pé quanto no chão. Eleme ensinou bastante coisa em pé e temuma técnica muito boa. Fui a casa dele esaímos, jogamos futebol, v ideogame.Muitas pessoas fa lam que ele éprepotente, mas falam isso porque não oconhecem. A partir do momento que vocêo conhece e conversa com ele, reconheceseu bom coração. Ele é uma ópt imapessoa e me sinto honrado de sercomparado com ele.

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Reportagem

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Grandes Mestres

onheçamos a origem doNinjutsu actual, essa artecompletíssima dosguerreiros invisíveis que comtodo género de truques,técnicas e armas, enganos,

estratégias, venenos…, levavam a cabosuas missões por vezes mercenárias, masgeralmente em benefício do povo, ao qualeles pertenciam. Poderíamos dizer quefrequentemente estavam enfrentados aostemíveis Samurai. Especialistas em fazersabotagens, foram muito temidos na IdadeMédia do Japão, por sua rapidez, eficácia,oportunidade, conhecimentos eperigosidade… Sua missão era contra daopressão militar, ainda que por vezesalguns exerciam qualquer outro tipo demissão. Nos meados do Século XIX, os

Tokugawa, que tinham governado durante200 anos, passam o seu poder aoImperador, o que supõe o fim dosSamurais, por ser nesses momentosobjectivo prioritário abrir o Japão aoexterior e ao desenvolvimento cultural.Desaparecem junto com os Samurais,que tinham existido durante mais de 700anos, os guerreiros secretos Ninjas, estescom uma história de quase 900 anos.Surgem novas versões de luta maisculturais. Aparecem Jigoro Kano com seuJudo, Morihei Ueshiba com o Aikido,Gichin Funakoshi com o Karaté. OsNinjas continuam existindo naclandestinidade (aliás, como sempre tinhasido), enquanto essas outras artesavançavam em popularidade.Um dos principais Ninjas, TAKAKAGE

MATSUTARO ISHITANI, 26º Grão Mestrede Kuki Shinden Ryu Happo Hihen, estiloespecializado nas armas secretas e quefora criado por IZUMO KANJAYOSHITERU, recusou dedicar-se aoensino massivo, o momento em que acorrente mais procurada era o movimentoZen e o aspecto desportivo da luta. Elenão aceitava isto e ficou relegado apequenos trabalhos que lhe permitiramcontinuar na sua linha. Assim sendo, elese dedicava a missões de segurança nasfábricas da Família Takamatsu, em Kobe,de maneira clandestina e sem ensinar asua arte.Ishitani estava disposto a destruir as

suas armas e conhecimentos antes de

morrer, para evitar que a informação do seuestilo caísse em mãos inadequadas, mas ofilho do proprietário das fábricas ondetrabalhava, começou a se interessar pelassuas técnicas de uma maneira séria. TOSHITSUGU TAKAMATSU, que assim

se chamava, nascera em 1888 e tinhapraticado artes marciais da escolaShinden Fudo Ryu e depois também comseu avô, SHINRYUKEN MASAMITSUTODA (supervisor dos professores deespada na Escola do Governo do Shogundos Tokugawa) a arte denominada KotoRyu Koppojitsu. Com 13 anos de idade já era um bom

conhecedor da arte e obtém o título demestre de Shinden Fudo Ryu DankentaiJutsu. Toda, o seu avô era o 32º GrãoMestre de Togakure Ryu Ninkutsu. Apósfinalizar a escola começa a estudar TakagiYoshin Ryu Jutaijutsu, com o 15º SokeMizuta Yoshitaro Tadafusa. Depois, nafábrica familiar de Kobe conheceria oMestre Ishitani Matsutaro, responsávelpela segurança na fábrica, com quemaprenderia Kukishinden Ryu HappoBikenjutsu, Hontai Takagi Yoshin Ryu,Gikan Ryu Koppojutsu e Muso ShindenRyu. Ishitani ensina-lhe segredos da suaarte que incluem: • TAIJUTSU: Combate sem armas.• HICHOJUTSU: Técnicas de saltos e acrobacias.

• NAWANAGE: Descidas em corda.• KOPPOJUTSU: Técnicas de partirossos.

• JUTAIJUTSU: Luta corpo a corpo.• YARIJUTSU: Técnicas de lança.• NAGINATA JUTSU: Lança curva.• BOUJUTSU, JOJUTSU eHANMBOJUTSU: Técnicas de pau

• SENBAN NAGE: Lançamentos de “shuriken” (armas arrojadiças).

• TOKENJITSU: Técnicas de armasbrancas.

• KAJUTSU: Técnicas de Fogo e explosivos.

• SUIJUTSU: Técnicas na água.• CHIKU JO GUNRYAKU HEIHO: Tácticas militares, estratégia.

• ONSHINJUTSU: Arte dainvisibilidade (camuflagem).

• HENSOJUTSU: Arte dos disfarces.• HIKE: Espada secreta. Espada (Ken), folhas curtas (kodachi) e técnicas perante espada (jutte).

Takamatsu tambémcontinua treinando com seuavô Toda, em Tokagure ryu.Ishitani dá-lhe o título de 27ºGrão Mestre de Kuki. Pareceque o Ninjitsu é uma artecompletíssima masdesconhecida, ou o que épior…, em alguns casos malconhecida. Takamatsu,que depois da invasãojaponesa de princípiosde século XX tinhapartido para a China(onde por sua destrezafoi conhecido comoMoko no Toraou o “Tigre daMongólia”) volta ao Japão nos anos 20,dedicando-se a ser hospedeiro. Em1957 começa a ensinar de maneiraexclusiva a Masaaki Hatsumi, quem porisso foi afortunado. Em 1972,Takamtaus falece aos 85 anos deidade.Masaaki Hatsumi, o nosso

protagonista de hoje, nasceu a 2 deDezembro de 1931 em Noda Shi e foi oherdeiro técnico do MestreTakamatsu. Hatsumi encabeçaindiscutivelmente o Ninjitsumundial e faz já muitos anosque a ele se deve aabertura desta arte ao exterior e a nívelpopular, segundo elemesmo confessava:“Devido a que a granderiqueza cultural do Ninjitsu nãopode permanecer em segredo”.Hatsumi é actualmente a

cabeça visível de várias tradiçõesNinjas e goza de totalcredibilidade neste Mundo doNinjtsu, por sua seriedade.Seus mais de 50 anos deprática e estudo são suascredenciais, o que é deagradecer numa arte que,por desgraça, contou nosseus inícios no exterior doJapão com muitosassuntos escuros efalta de seriedade porparte de muitos de seus pretensos“mestres”, frequentemente faltos de

Sem dúvida, a indiscutível alma do Ninjutsu no Japão e em todo o mundo é o Mestre MasaakiHatsumi, que no fim deste ano contará 80 anos de idade. É um bom momento para rever a suahistória e opiniões através das suas antigas conversas com o infatigável viageiro pelas terrasjaponesas… e por todo o mundo, Salvador Herráiz, Mestre de Karaté, mas sempreinteressado pelo curioso mundo do Shinobi. Sensei Herráiz conheceu Hatsumi faz tempo esempre sentiu por ele um enorme respeito como Mestre de uma arte onde nem tudo o queluz é oiro.

MASAAKI HATSUMI: O MESTRE NINJA

Salvador Herraiz,Noda Shi, Japão7º Dan de KaratéTexto:

C

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30

Grandes Mestres

preparação e que aproveitavam ogeral desconhecimento da arte.Após a morte de Takamatsu,

Hatsumi não ensinou Ninjutsu atépassados 10 anos, fazendo-o entãojá de maneira popular em todo oMundo e dedicado ao seu dojo deNoda. Faz uns vinte anos, a TVjaponesa começou a emitir capítulosque tratavam do Ninjutsu,protagonizados pelos filhos deHatsumi. Esta série, comespectaculares vestimentas e que tiveocasião de ver no Japão, intitulava-se“Jiraija”, como se intitulava umaexposição de pintura de Hatsumi.O meu primeiro contacto directo

com Masaaki Hatsumi foi em 1988,faz já 23 anos!!!, quandoamavelmente me deu as boas-vindas na minha segunda viagem

ao Japão, inclusivamenteconvidando-me para assistir a umaexposição dos seus quadros.Depois estivemos em contacto porcarta durante algum tempo. Apesarde eu estar entregue em corpo ealma ao Karaté, sempre senti muitacuriosidade pelo legendário einquietante mundo do Ninjutsuoriginal. Mais tarde, em 1994 e porocasião de eu ter obtido o 5º Dande Karaté, Masaaki Hatsumi meofereceu um dos seus belosquadros, onde representa um dosseus motivos preferidos:Bodhidarma Daruma, o mongehinduísta do Budismo Zen,introdutor das artes marciais naChina e que hoje em dia é umsímbolo no Japão. Hatsumi gostade oferecer quadros querepresentam Daruma.Depois, após vários anos sem

contacto com ele e numa outraviagem minha ao Japão, resolvi umdia ir visitá-lo na sua casa nacidade de Noda, no Nordeste deTóquio. Rememoramos aí o quetempo atrás me tinha contado.

- Mestre, como foram seusinícios no Budo antes de conhecerTakamatsu Senseo, do quem é seuprincipal aluno? - Bem, com 7 anos comecei a

treinar Kendo, com 10 Judo, no anoseguinte Karatedo e ginástica, com12 anos pratiquei também futebolno Liceu, junto com o Judo.Depois, já na Universidadedediquei-me ao Judo. Também meinteressei pelo Kobudo, as antigastécnicas do combate medieval.- Como foi então o contacto com

Takamatsu Sensei? - Eu não estava satisfeito com o

que praticara e tinha podido verantes de conhecer TakamatsuSensei, assim sendo, f iz-mediscípulo seu. - E… o que pensa dele?

- Tive-o em grande estima e sintomuito orgulho em ser seu sucessor.É o meu Mestre para toda a vida.

Hatsumi, 5º Dan de Karaté ShitoRyu, ensinou Judo aos soldadosamericanos da ocupação queseguiu à Guerra e seu “vício” são asArtes Marciais, o Teatro e a Pintura.Hatsumi treinou com Takamatsu,em Kasiwabana, no Oeste de Iga, eherdou o título de Grão Mestre nasNove Tradições Guerreiras.

- Mestre Hatsumi, quanto tempotreinou com Takamatsu? - Foram 15 anos, até o seu

falecimento. Lembro-me sempre doque me ensinava e repito osexercícios. Agora, quando jápassados 40 anos desde quecomecei a estudar com ele,começo a compreender as suaspalavras, uma por uma.- E especialmente dele, que

recordações tem? - Ah! as recordações dele nem

cabem aqui. São infinitas… Não sepodem traduzir em palavras…

“Masaaki Hatsumi já tem 79 anos de idade e goza dosossego e da sabedoria que são oprémio dos anos de prática,

paciência e estudo”

O MESTRE NINJA

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Hatsumi Sensei mora numa casa grande perto do templo deAtago, que parece um autêntico museu cheio de quadros, prémiose recordações de suas incontáveis viagens mundo afora. Destavez é Inverno e enquanto esperamos a chegada do mestreaproveito o tempo, junto com minha mulher e meu filho pequeno,numa típica taverna japonesa, sita na mesma rua. Mais tarde, jácom Hatsumi Sensei, o mestre tem o detalhe de oferecer-nosumas figurinhas por ele talhadas em madeira e gravadas, queassina ali mesmo na nossa frente.

- Hatsumi Sensei, o Senhor também pinta. Fale-nos disso, porfavor. - Salvador, és meu convidado para assistir á galeria “Nagai”

onde os meus quadros estão expostos. Gosto muito de Picasso.Nas artes marciais há muita gente, mas à semelhança do queacontece na pintura…, um génio como era Picasso, rara vezaparece…- Tenho entendido que foi amigo do escritor Yukio Mishima, que

em 1970 se suicidou com “Harakiri”, alegando ser devido àdecadência capitalista da qual o Japão era objecto. Não é assim? - Efectivamente, eu conheci Mishima. Éramos amigos. - E quais as recordações de dele tem? - Bem, sempre falávamos de literatura. Conheci-o porque sou

presidente do Clube de Escritores.- Mestre Hatsumi, o que é o mais importante no Ninjutsu? - O mais importante é sentir, viver o que se faz, e fazer bem o

que fizamos. Tem de se chegar a ser um homem, uma pessoa.Nas artes marciais podemos ser fortes ou débeis… A velocidadeou a força por vezes pode ser um poder positivo, mas outras podeser um defeito e ser causa de fracasso. O tigre e o urso são fortes,mas por isso os homens os matam. Para compreender tudo isto épreciso analisar muito bem a maneira de pensar nas artesmarciais.

“Hatsumi Sensei mora numacasa grande perto do templode Atago, que parece um

autêntico museu cheio de quadros,

prémios e recordações desuas incontáveis viagens

mundo afora”

Na pagina precedente, MasaakiHatsumi na sua casa comSalvador Herráiz em 2006.

Por cima, a porta do dojo doMestre, o Bushinden.

Ao centro, vista exterior da casade Hatsumi sensei.

Em baixo, interior do dojo.

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Grandes Mestres

- Mestre, que outros Mestres da sua categoria há hoje? - Sou o único sobrevivente em todo o mundo, dos que

recebemos ensinança de Takamatsu Sensei. Por isso, sealguém diz que recebeu ensinança dele…, é mentira.

Masaaki Hatsumi já tem 79 anos de idade e goza dosossego e da sabedoria que são o prémio dos anos deprática, paciência e estudo.Perto da sua casa (e antigo dojo) se encontra o lugar

onde oferece suas ensinanças de Ninjutsu, um dojo, oBushinden, cheio de interessantes desenhos e fotografias,mas onde principalmente há muitas armas. Hatsumi também dá aulas no Budokan de Ayase (que

nada tem a ver com o famoso Nippon Budokan de Tóquio)mas este lugar, o Bushinden é o dojo do Mestre.

“… seu ‘vício’ são as Artes Marciais, o Teatro e a Pintura”

Acima à direita, desenho representando Bodhidarma (Daruma)realizado por Masaaki Hatsumi, oferecido a Salvador Herráiz por

ocasião deste ter obtido o 5º Dan de Karaté, em 1994.Em baixo à esquerda, Masaaki Hatsumi em 1987.

À direita, Takamatsu Toshitsugu sensei e um muito jovem HatsumiMasaaki, durante uns treinos, e o monumento ao seu Ninjutsu.

Em baixo, no centro, Hatsumi e seus filhos vestidos para a sériede TV Jiraija, em 1988.

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O facto de praticamente ser impossível de desarmar quemporta um Kerambit Indonésio, faz dele uma armatremendamente eficaz e letal, que nos proporciona um pontode vista diferente da utilização das armas brancas. Seuduplo gume e seu anel de retenção permitem descobrir asinfinitas possibilidades que o tornam uma faca táctica por

natureza. Entretanto, para compreender a suautilização necessitaremos um método que

nos permita perceber a essência daarma. Este é o objectivo deste DVD.Durante a aprendizagemdescobrimos as infinitascombinações, dependendo danossa percepção e basemarcial, para assimincorporá-las ao nosso treinoà mão nua e desenvolver asnossas próprias técnicas.Neste trabalho se mostramas diferentes maneiras deagarre, variações,aplicações, ângulos deataque e exercícios paraalcançar fluidez e destrezaem seu manuseio.

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Todos os DVD’s produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVDnão cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.

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oda a gente sabe que o Muay Thai é uma das ArtesMarciais que mais aprofundou no estudo das técnicas decotovelo, fazendo de seus praticantes autênticosespecialistas no emprego desta poderosa arma natural. Os cotovelos de um Nak Muay são "afiados" como

lâminas ou punções, para poder provocar feridasimportantes no corpo do adversário e cada atleta é capaz de utilizareficazmente seus cotovelos como armas de ataque e escudosdefensivos, com independência da sua própria estrutura física. Oscotovelos se utilizam em todos os aspectos da acção de ataque e dedefesa para bater, mas também para parar, para enganar, para desviar,para esmagar. Neste sentido, normalmente o cotovelo não consta sóda protuberância óssea que denominamos "ponta" do cotovelo, mastambém de uma parte do antebraço. De entre os muitos sistemas de treino utilizados pelos Mestres Thai

para adestrar seus discípulos no emprego das técnicas de cotovelo, omais conhecido consta de bater repetidamente em utensíliosadequados, entre os quais os mais importantes são os sacospesados, os Paos e os Focus Gloves. Mas o treino com impactoapenas é uma parte da preparação necessária para chegar a ser umversado na arte do emprego dos cotovelos, o resto do treino tambémtem de ser realizado:

a) ensaiando os ataques com um parceiro durante a prática da lutacorpo a corpo;

b) executando sequências pré-estabelecidas de técnicas decotovelo a sós. Na realidade, esta última modalidade de facto desapareceu das

metodologias hoje utilizadas pelos Kru Muay e só algumas escolastradicionais, como a do Mestre Sane Tubtimtong, continuamadestrando regularmente seus seguidores no emprego dos cotovelosem combate, através da prática constante das Formas Ram Muay. Demaneira análoga, desde sempre os programas técnicos da AcademiaInternacional de Muay Boran conferem grande importância ao estudoe à prática dessas formas e recentemente, muitos seminários tem sidodedicados a aprofundar nesta matéria. Agora, analisemos em detalhe os vários métodos de treino que

utilizam as Formas de cotovelo, recordando que a aprendizagem dassequências tem de seguir uma rígida progressão, começando pelasséries elementares, antes de poder passar à prática das mais complexascom ataques múltiplos. Os exercícios básicos servem para ensinar oestudante a automatizar o emprego das cotoveladas seguindo as oitoprincipais trajectórias de ataque; esses exercícios também introduzem aimportância de utilizar um movimento de rotação das ancas em redor doeixo central do corpo, para transmitir aos braços a energia que vem daterra, através de uma forte e rápida torção das ancas. Tudo isso se podeconseguir só devido a uma perfeita coordenação entre os movimentosdas pernas e o resto do corpo. Como acontece com todos os exercícios,também a execução destas sequências terá de ser nos primeirosmomentos lenta e finalizar pelo estudo dos detalhes de cada batimento,sendo sucessivamente veloz e fluida, e finalmente explosiva e com"intenção". Nesta última fase, visualizar o adversário e seus movimentosé essencial para a correcta execução da sequência. Além das claras vantagens de ordem técnico (a correcta

aprendizagem das acções de defesa e ataque), os exercícios para oscotovelos também aumentam a flexibilidade dos músculos dosombros, a parte alta das costas e a zona média da mesma. Possuirmúsculos flexíveis nestas áreas é fundamental para conseguircotoveladas realmente demolidoras. Uma cotovelada não pode contarcom a articulação do pulso para gerar potência, como por exemploacontece com um soco explosivo numa cadeia cinética muito maislonga. A soltura do movimento do ombro se torna um elementodecisivo para aplicar correctamente uma cotovelada; manter osombros sem contracção durante a execução do batimento é umelemento essencial que sempre consideramos quando executamosestes ataques, e a justa "descontracção" se consegue com umaconstante e correcta prática das Formas de cotovelo básicas.

A prática das sequências básicas também serve para preparar aszonas anteriormente ditas, para a execução das Formas maisavançadas, que pela intrínseca dificuldade das técnicas que asconstituem, exigem uma elevada "soltura" de ombros e costas.Progredindo em seu nível técnico, o aluno será iniciado na prática

das Formas de cotovelo superiores, as quais combinam outras armasnaturais com os cotoveladas. A dificuldade a superar nesta fase,consiste em adquirir uma certa espontaneidade nos movimentos dasformas, para conseguir imprimir uma grande aceleração nas duasarmas empregadas ao mesmo tempo (por exemplo cotovelo e joelho),sem "carregar" excessivamente as acções, fazendo os ataquesimprevisíveis e portanto praticamente impossíveis de parar. A energianecessária será imprimida por uma contracção explosiva dosmúsculos de pernas e tronco, projectando com decisão eincisivamente as armas do Nak Muay contra o adversário. O estudo das Formas básicas e avançadas de cotovelo foi e

continua a ser um complemento indispensável para conseguir umatécnica sem fissuras e umas dotes físicas inacreditáveis. Sócombinando a prática dos exercícios com o treino ao impacto e oestudo das varias acções com parceiro nas sessões de grappling, serápossível alcançar um nível de excelência no emprego marcial de umadas mais eficazes armas naturais à disposição dos praticantes dasArtes de combate.

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TEstudo das Formas tradicionais de cotovelo no Muay Boran

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Com motivo do 100º aniversário natalício de ImiLichtenfeld, Yaron Lichtenstein, máximo grau mundial deKrav Maga e diplomado 9º Dan pelo próprio Imi, decidiuempreender um extenso projecto em memória do criador:mostrar e imortalizar o programa oficial original de Cinturão

Azul, tal como aparece no manual publicadopor Imi em 1971, numa série de 6 DVDs.

Todo o âmago do sistema, tanto emseu aspecto físico como mental,

aparece no programa deCinturão Azul ao máximo nível

que um estudante possaalcançar.

De entre outras muitastécnicas, neste 2º DVD ecom a ajuda de seu filhoRotem, o Grão MestreYaron trataespecialmente uma dasfavoritas de Imi, o“Footwork” para ospontapés no Krav Maga.

Também se mostramdiversas maneiras de

fortalecer as zonas do corpoempregadas para os socos e

outros batimentos.

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Todos los DVD’s producidos por BudoInternational se realizan en soporte DVD-5, formato MPEG-2 multiplexado (nuncaVCD, DivX, o similares), y la impresión delas carátulas sigue las más estrictasexigencias de calidad (tipo de papel eimpresión). Asimismo ninguno de nuestrosproductos es comercializado a través deportales de subastas online. Si este DVDno cumple estos requisitos, y/o la carátulay la serigrafía no coinciden con la que aquímostramos, se trata de una copia pirata.

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Com motivo do 100º aniversário natalício de ImiLichtenfeld, Yaron Lichtenstein, máximo graumundial de Krav Maga e diplomado 9º Dan pelo

próprio Imi, decidiu empreender um extenso projectoem memória do criador: mostrar e imortalizar o

programa oficial original de Cinturão Azul, tal comoaparece no manual publicado por Imi em 1971, numasérie de 6 DVDs. Todo o âmago do sistema, tanto em

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estudante possa alcançar. De entre outras muitas técnicas, neste 2º DVD e

com a ajuda de seu filho Rotem, o Grão Mestre Yarontrata especialmente uma das favoritas de Imi, o

“Footwork” para os pontapés no Krav Maga. Tambémse mostram diversas maneiras de fortalecer as zonas

do corpo empregadas para os socos e outrosbatimentos.

Neste DVD o Mestre Sueyoshi Akeshi entra emprofundidade no estudo do Yari, e mais

especificamente do So-Jutsu, mediante 10 trabalhoscom parceiro e Kihon. Se bem a dificuldade comum a

todos estes movimentos reside no controlo dadistância, devido ao tamanho da arma, em mãos do

Mestre Akeshi é facilmente superada pela suahabilidade habitual.

Também são apresentados neste trabalho osKumidashi Hiden, executados com o Fokuro-Shinai,posto que sem dúvida é a arma mais aconselhável

para o estudo deste grupo de 10 trabalhos. Avelocidade aplicada nos movimentos necessita de

uma intensa atenção por parte de ambos praticantes,posto que o risco de acidentes é constante.

Entretanto, com o emprego do Fokuro Shinai seminimizam os ditos riscos.

Um combate real de rua é completamente diferente da competição. Temos decompreender que uma luta real nunca é justa e por isso não interessa de onde

provém a técnica nem seu nome, apenas interessa se é útil, efectiva e fatal. Comesta base, Salvatore Oliva, Instrutor de Tácticas Defensivas Policiais e Militares,empreende este extenso trabalho que tem como centro o Trapping, a distânciacurta mais comum nos confrontos de rua. Pela sua mão analisamos os 4Princípios do Trapping do O.P.F.-System: avançar sem limite, permanecercolado ao adversário exercendo pressões, a aplicação do reflexo instintivo,energia elástica, fluidez, força elástica e finalizar o combate, que nospermitirão ser fulminantes, tanto a mãos nuas como com armas, como afaca ou a pistola. Um sistema de combate extremamente agressivo,directo e efectivo, considerado por muitos como a Evolução da Tradição.

Todos os DVD’s produzidos por Budo International sãorealizados em suporte DVD-5, formato MPEG-2multiplexado (nunca VCD, DivX, o similares) e a impressãodas capas segue as mais restritas exigências de qualidade(tipo de papel e impressão). Também, nenhum dos nossosprodutos é comercializado através de webs de leilõesonline. Se este DVD não cumpre estas exigências e/o acapa e a serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.

Andrés Mellado, 4228015 - MadridTel.: (0034) 91 549 98 37Fax: (0034) 91 544 63 24E-mail: [email protected]: budointernational.com

PEDIDOS: CINTURAO NEGRO

NOVIDADES

DO MÊ S!!!

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As dez sabedorias do WengChun Kung Fu - 1ª ParteO Weng Chun Kung Fu (Siu Lam Sim

Weng Chun Kung Fu/Shaolin Zishan YoungChun Quan) é uma antiga arte marcial,física e medicinal chinesa, que contémconhecimentos dos famosos mosteirosShaolin do Norte e Shaolin do Sul.Também inclui e combina as efectivasArtes Marciais do Qigong e do Chan (Zen).Esta antiga Arte Marcial Chinesa foitransmitida de Mestre em Mestre. O últimoGrão Maestro chinês, o Grão Mestre WaiYan de Hong Kong transmitiu a suaherança ao estudante ocidental AndreasHoffmann. A doutrina das dez sabedorias,que descrive extensamente o que deveaprender um estudante de Artes Marciais ecomo transitar com sucesso os caminhosdo guerreiro, para encontrar a eternaPrimavera (weng chun significa eternaPrimavera) é uma das tradições do ShaolinWeng Chun.

Primeira sabedoria: SIK -conhecimento/sabedoriaTudo começa com a primeira sabedoria

denominada SIK, que signif icaconhecimento e sabedoria. A pessoa que começa a treinar Kung Fu

adquire os primeiros conhecimentos quesão: como dar socos, pontapés, derribar ecomeçar a aprender acerca da tradiçãoShaolin. Não devemos esquecer que atéum lutador profissional precisa do SIK.Portanto, tem que saber como fortalecer ocorpo (GING), saber o motivo de lhebaterem nos combates, e a maneira deevitar ser derribado. De um ponto de vistaespiritual, na Filosofia Chan é a ignorância- o contrario de SIK- e causa de todas asemoções que nos fazem sofrer, como oódio, a ira, o medo, etc. Neste aspecto,SIK significa perceber e utilizar a relaçãocom qualquer outro ser humano.

Segunda sabedoria: DAM -coragem/audácia/firmezaO treino do Weng Chun Kung Fu

desenvolve a firmeza e a coragem, quesão a segunda sabedoria denominadaDAM. Se um guerreiro se torna brinquedo de

seu próprio medo ou de outras paixões,como a cobiça, os ciúmes ou o ódio,nunca será capaz de vencer em umcombate contra um adversário decategoria. O DAM fará que o guerreiro sejacapaz de permanecer inamovível de si

mesmo, o que ajudá-lo-á a tomar adecisão para fazer o que écorrecto no momentoadequado. Neste caso éimportante para ele, saberque seu oponentedeveria ser a sua maiorfonte de poder,sempre que saibacomunicar com ele.Uma vez, eu estavabloqueado em umcombate e o meuGrão Mestre WaiYan me disse: “HOITSCHUNG SAT LOICHUM”, que signi -fica que todo opo -nen te nos mostrasuas debilidades, sótemos que descobri-las. A força do opo -nente também é a suadebil idade - temos deusá-la. Eu fiz alguns “combates de

pátio” em Hong Kong, para afamília do Weng Chun. Não haviamuitas regras regias naquelescombates, eu nem sequer sabia contraquem teria de lutar. Os mestres mandavamseus melhores estudantes para quelutassem entre eles; quando os combatesacabavam, serviam-nos uma refeição ondepartilhávamos experiências. Apesar daintensidade daqueles combates, eu nuncative medo, porque sentia que era parte daantiga famíl ia do Weng Chun. Osguerreiros espirituais Chan não têm medoporque conhecem a natureza de suasmentes, que são como o espaço. Oespaço não é material, portanto não podeser destruído.

Terceira sabedoria: HEI/QI - energia Para se fazer inquebrantável, o lutador

tem que concentrar-se em seu QI e focarseus pensamentos na zona baixa doabdómen: JAM HEI/QI DANTIEN (deixaque o QI se movimente à parte baixa doabdómen), para guiar-nos na terceirasabedoria denominada HEI/QI. Trabalhando conscientemente com o

nosso QI, adquirimos coragem, potência,saúde, rapidez, etc. O QI dos órgãosinternos está ligado com as extremidades.É o alimento e o poder legado por nossospais, a nossa respiração alimenta o nossoBeing QI. O conhecimento do Yin e o

Yang, que se ensina como FU MO - oprincípio da mãe e do pai - em WengChun, é muito importante para usar o QI.Actividade e repouso, tensão e relaxaçãoetc. Têm de estar ligados um com o outro.Se nós conhecemos ambos e usamo-losnos nossos combates, o nosso QI estaráem equil íbrio. Nós aprendemos osignificado mais profundo do QI medianteo estudo dos meridianos e dos pontos deAcupunctura do corpo. A doutrina Budistae Taoista chinesa dos Cinco Elementospode ser transmitida e treinada medianteas Artes Marciais. Só se o QI fluir emsuficiente quantidade, com o ritmocorrecto e em equilíbrio, só então o grandepoder GING pode ser alcançado pelolutador.

Quarta sabedoria: GING - poder Para um guerreiro, o GING (poder) é

essencial. Todo sistema de Artes Marciaistrata de ensinar maneiras de desenvolver opoder. O poder GING do Weng Chun significa

aprender uma estrutura física e mentalinteligente, que permita ao lutador lidarcom os desafios de combate e da vida, de

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Weng Chun

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uma maneira rápida, segura e f lexível.Desenvolvendo o conhecimento para utilizar todo ocorpo, o praticante de Weng Chun aprende acoordenação de todas as suas articulações,músculos, e força mental. Aprender a focá-las emum ponto é essencial. Da perspectiva do ChanBudista, o poder GING existe em todo lado e nãoprecisa de grande trabalho para ser desenvolvido,pelo contrário, ele pode evoluir sem esforço,mediante exercícios. Aqui temos algumas ferramentas do Weng

Chun para trabalhar o corpo: • Usa tuas ancas e cintura em seis direcções

(para cima, para baixo, atrás, em frente, esquerdae direita), esta é a ferramenta essencial paragerar poder GING conhecido como YIU GING.• Usa o poder de bombear (TUN: absorver,

TUO: largar, FOUT: flutuar, subir, CHUM:afundar-se, WUN: círculo).• Usa o poder impulsivo, explosivo

denominado TUN GING.• Aprende a usar o teu peito, esterno,

omoplata e caixa torácica em seis direcções.• Usa os Cinco Elementos do Budismo Chan

para os exercícios de poder GING: Terra: lento, forte, simplesÁgua: fluir, contactar, escutarFogo: explodir, elevar-seVento: selvagem, inesperado, como um

tornado.Espaço: combina todas as energias e

aparece e desaparece• Usa os anéis de fogo do Weng Chun, os

paus compridos, boneco de madeira e as facasduplas pesadas para intensificar os exercíciosde poder GING.

Quinta sabedoria: SAN/SHEN - espíritoO lema do Chan “Mente pura coração esperto”,

descreve o acesso ao SHEN. Se somos capazesde termos bem esclarecidos os pensamentos e ossentimentos, o nosso coração e a nossa natureza,com os quais nós enchemos a nossa existênciacom poder, simpatia, conhecimento e energia,estarão espertos. No Weng Chun descrevemos oSHEN em três passos:• Primeiro: um lutador necessita concentração,

o poder da sua mente, que se denomina Yee. • Segundo: depois tem que unir isso com o

poder de suas emoções, a mente emocional,denominada XIN e • Terceiro e último passo: tem de transformar

isto no espírito denominado SHEN, que tem aspoderosas qualidades naturais de um guerreiro.

Associação Internacional de Weng ChunKung Fu Grão Mestre Andreas Hoffmannwww.weng-chun.com

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Cãibras nos pés enos músculos

Isto poderia pareceragora uma coisa estranhano momento de treinarKyusho, mas foirealmente importante eum problema, posto queo Kyusho é causa de

todo tipo de cãibrasmusculares. O motivo ésimples; quando aplicadoapropriadamente, oKyusho causa umarápida constriçãomuscular, que por vezesprovoca nós e cãibras

musculares. O motivode chamarmos a isto

cãibras nos pés é que essafoi a primeira zona em que se

manifestou oproblema, quando

treinávamos em umdeterminado nível do

programa de estudos.O nível do Kyusho

onde isto sucedia éaquele em que seaprendem osderribamentos Kyusho einclui muitos ataques àzona baixa das pernas.Também acções devarrimento contra o ponto

SP-6 (baço-6), ataques contra ostendões do tornozelo, inclusi -vamente pontapés aos nervos dapantorrilha e a tíbia. Era um nívelesgotante, no qual por vezes sedesidratavam os participantes nasprolongadas sessões de treino. Oprocesso de desidratação tambémpode causar cãibras nos pés e nosmúsculos, de maneira que sejuntarmos os ataques aos nervoscom a desidratação, o desgastefísico fazia necessário achar umasolução para poder continuar.

A primeira vez que provocamosuma cãibra severa que precisou deuma reanimação imediata foi comum pontapé ao ponto conhecidocomo BL-55 (bexiga 55), que seencontra no meio do músculo dapantorrilha. A reacção física erauma intensa dor que obrigava a

quem a padecia se inclinar-se paraa frente e que o pé empurrassepara baixo, até ficar bloqueado nosítio. Isto acontecia porque osmúsculos da pantorrilha se faziamum nó, assim como os do extremodo pé (devido à constrição destesgrupos musculares).

A outra zona que trabalhávamosda mesma maneira, era a zona emque se causava a dor maisintensa, que não era outra que azona da planta do pé. Osmúsculos da zona central da

planta do pé estavam extre -mamente tensos, mas erarealmente assombroso que nessazona se formasse um nó muscular(sentia-se como uma protube -rância dura), justamente por cimado ponto K-1 (rim 1).

O ponto mais importante paraque se surja este cãibra muscularé um ponto que está na planta dopé, chamado K-1 (rim 1). Esteponto está situado justamente nocentro da planta do pé e atrás dometatarso. Quando se larga estepon to pressionando e friccio -nando, tal como se mostra noDVD, é possível el iminar obloqueio do pé causado pela dor.Depois se bate para baixo nomeridiano (ao longo do RamoMédio Crural do nervo da Safena),ao longo da parte atrás da tíbia,até a parte traseira do músculo dotornozelo, fora do ponto K-1.

Aplicamos pressão imedia -tamente e depois largamos. Istofaz que o nó se relaxe instan -taneamente. Depois de pressionare largar várias vezes, o nó mus -cular se relaxa comple tamente,assim como os músculos do pé e

o peito da perna da pessoa emquestão. Quando desco -

brirmos isto, começamos aperceber que este

método de primeirossocorros nos estava

indicando as chavesuniversais paraeliminar determinadotipo de Dores edisfunções, sempre

que se fizesse estetratamento imediatamente.

Quando um artista marcialsente esta intensa reacção numadas suas técnicas, a primeira coisaque deve fazer é tentar outra vez.Assim se obtiveram os mesmosresultados dando um potentepontapé a outros indivíduos noponto BL-55 e os mesmosprimeiros socorros tiveram osmesmos resultados positivos.Tanto os ataques como o métodode primeiros socorros se tornaramuma das partes favoritas doprograma de estudos do Kyusho.No entanto, quando começamos ausá-lo com maior frequência ecom mais gente, descobrimosalgo inacreditável. Descobrimosque dando um batimento directono ponto BL-55, os resultadoseram os mesmos, mas sebatíamos um pouco mais perto da

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Pontos Vitais: Primeiros Socorros

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parte de dentro do pé do receptor, oarco do pé sofria uma cãibra. Claro estáque isto nos levou a novas experiênciase por isso descobrimos que batendoligeiramente neste ponto no outro pé doreceptor, os músculos do lado de forado pé padeciam uma cãibra.

Desta maneira começamos a fazermuitos mais ataques às pernas variandoas direcções e provocando muitos maistipos de cãibras, não só no pé comotambém ao longo de toda a perna. Emcada prova notávamos que sepressionávamos e largávamos a zonacom mais nós e mais tensa,conseguíamos relaxar a zona. Mastambém notamos que durante umasessão de umas duas horas, podíamosprovocar muitas cãibras e nósmusculares que apesar de que podiamser curados imediatamente, voltavam aaparecer mais tarde, ao longo do dia ouda noite. Isto estava causando umasérie de transtornos funcionais, assimcomo do sono. Por conseguinte,

percebemos que não tínhamosencontrado um remédio completamenteefectivo. Era preciso encontrar ummétodo que pudéssemos usar comoprimeiro socorro e que também tivesseum efeito que durasse mais tempo.

Desta vez a pesquisa não nos levoumuito tempo, visto que encontramos osresultados nas lições já aprendidas enos elementos chave nas aplicaçõesdos primeiros socorros. Chegamosrapidamente à conclusão de que osnervos implicados não se situavam sónuma localização muito específica, masque estavam numa zona mais ampla,para além da zona do nó muscular.

Este ponto de vista não só serviucomo primeiros socorros no treino deKyusho, para problemas causados pelosnossos ataques, como também paratodo género de cãibras nos pés e naspernas, independentemente da suacausa. Isto tem sido uti l izado comgrande êxito, inclusivamente para ajudara quem padece o síndrome RLS

(Síndrome de pernas cansadas). Estesíndrome é uma alteração neurológicaque se caracteriza pelas cãibras,inchações, peso, e outras sensaçõesdesagradáveis nas pernas, por vezeschega a ser insuportável e faz-seurgente a sua eliminação. Os sintomassurgem principalmente na cama,quando a pessoa se encontra relaxadadescansando, e podem aumentardurante a noite. Mexer as pernas alivia aincomodidade. Frequentemente sãodenominadas Parestesia (sensaçõesanormais) ou Disestesia (sensaçõesanormais desagradáveis); as sensaçõesvão em aumento, passam daincomodidade à irr itação einclusivamente à dor. Podemos entãooferecer uma solução para estes casos,que vão além das cãibras nos pés. Aideia é estudar como os nervosinterferem nos músculos, o que por suavez interfere nos nervos e em outrasestruturas internas e externas, de talmaneira que pode chegar a prejudicar asaúde…

Tudo faz parte do estudo da condiçãohumana. Nós chamamos a istoKyusho…, Pontos Vitais!

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A ESTRELA DO KUNG-FU - Apresentação Especial"Inspirado na vida de Sifu Vicent Lyn" - História e Argumento por Matt StevensIlustrado por Chase ConleyDiálogos por Jaymes Reed

Um Stainway Boston feito à mã o. Uminstrumento precioso, como nenhum outro.

A minha mã e me obrigava a aprender, apesar dasminhas choradeiras. Mas dou graç as a Deus, porqueme tem levado a conquistar garotas mais vezes das

que posso lembrar-me.

Entã o aestrela do Kung Fu

sabe realmente tocar?

Apostoque saber tocar

realmente ajuda muitocom as garotas.

Bem…Nã o me posso

queixar.

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(Continuação)

Olá Vincet.É um prazer finalmentepoder falar com o meu

protagonista.

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Andrés Mellado, 4228015 - MadridTel.: (0034) 91 549 98 37Fax: (0034) 91 544 63 24E-mail: [email protected]

PEDIDOS: CINTURÃO NEGRO

Andrés Mellado, 4228015 - MadridTel.: (0034) 91 549 98 37Fax: (0034) 91 544 63 24E-mail: [email protected]

PEDIDOS: CINTURÃO NEGRO

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Defesa Pessoal

O Kerambit: “Arma Letal”

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Reportagem

Fazendo praticamente impossível de desarmar aquem porta o Kerambit, ele é sem dúvida, uma dasarmas brancas mais letais. Com origem em Java, estaarma depressa se estendeu pelo Sudeste Asiático.Suas técnicas tradicionais são provenientes desta zonay actualmente muitos especialistas se têm mostradointeressados nelas. A primeira vez que vi umKerambit foi nas mãos do Mestre Tony Montanae achei assombrosa a velocidade por eledesenvolvida em seu uso. Pareciapraticamente impossível defender-

se de semelhante coisa. No último "Hall of Fame",muitos Mestres internacionais tiveram ocasião deassistir ao seu trabalho, tanto no seminário por eleministrado, como na demonstração que durante ojantar de gala realizaram os seus alunos. Todosconcluímos que era realmente extraordinário.

Tony Montana leva muitos anos estudando diversasartes de defesa, a filosofia do JKD impregna a sua visãode conjunto, se bem seu eclectismo não se circunscreve sóa esta influência. Habilidoso à vez que reflexivo, Tonyjunta a tais virtudes duas condições essenciais paraensinar bem e assim o faz. O DVD que hojeapresentamos é uma boa demonstração disso.

Alfredo Tucci

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Defesa Pessoal

Kerambit é uma arma comorigem na Indonésia, muitopouco conhecida masextremamente letal. Com elatenho trabalhado para quefazer possível aprender seu

uso partindo de um método estruturadobásico, que funciona levando-nos do maissimples ao mais complexo, e que permitiráaumentar em pouco tempo, as habilidadescom técnicas cada vez mais intensas erápidas.

Queremos apresentar neste artigo aorigem e natureza de uma armadevastadora, com um desenho anatómico eum funcionamento perfeito.

Para perceber seu protocolo técnico, seusmecanismos, é preciso seguir um métodoque nos familiarize com o funcionamento deuma arma tão especial. No DVD que hojeapresentamos podemos ver os ângulos,aplicações e variações possíveis doKerambit. Isto permite ao estudantedescobrir as infinitas combinações emfunção da própria percepção pessoal ebases marciais.

Finalmente, vai ser a nossapersonalidade, a nossa atitude frente àarma, que dará esse toque pessoal no seumanuseio.

No nosso treino devemos experimentar asmais variadas condições para assim podermarcar a diferença em função da arma doadversário: Kerambit contra faca,contra pau, contra mão nua, umKerambit em cada mão, duasfacas, etc…

História e conceitos básicosdo Kerambit

Contam que após a morte do rei, os seussúbditos acreditavam que o seu espíritopermanecera na selva e se transformara noespírito de um tigre. Na selva Oeste de Javase utiliza o termo Harimau, que é genéricoda palavra Bahasay, para o tigre.

Outro termo utilizado é Pac Macan, ouGrande Tigre.

Tem a sua origem nos inícios do SéculoXI, em Java, Malásia, e ulteriormente nasFilipinas. Está inspirada na garra de umtigre. Originalmente foi um instrumentoagrícola destinado à ceifa do arroz. Eraconsiderada uma arma feminina; asmulheres acostumavam a levá-las nocabelo.

Arma curva de duplogume, com um anel ondeinicialmente se situa odedo indicador. Numadas suas variantes deagarre é possívelinverter a arma e situaro dedo mínimo no anel,para que assim o gumefique virado paracima.

A folha de grande tamanho, na Indonésiaera conhecida como Kuku Macan, ou garrade Pamacan (garra de tigre).

Posteriormente, para dar à arma maiormaneabilidade, o seu tamanho foi reduzido;este é o caso da versão filipina da arma;tendo o gume mais pequeno, provoca

cortes menos profundos, conse -quentemente variando as zonas de

ataque; os objectivos são ostestículos, os olhos, os bíceps, as

artérias, os pulsos, a parteinterna da perna, ou o tendão

de Aquiles, entre outros.A extremamente afiada

ponta se espeta na carnepara depois desgarrar

músculos, tendões, arté -rias etc... Seu feitio em

curva nos permiteprender articulações

“O seu duplo gume e oanel de retenção fazem

dela uma tal arma que épraticamente impossível

que seu portador sejadesarmado”

“O Kerambit temsua origem nos

inícios do Século XIem Java, na Malásia

e posteriormentenas Filipinas”

O

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e com movimentos circulares, horizontais, descendentes eascendentes, desequilibrar e cortar o adversário com uma fluidez erapidez inusuais.

Alguns modelos de Kerambit podem ter pontas ouesporões na parte dianteira ou na traseira,ocasionalmente destinados a injectar algumveneno (veneno de serpentes, aranhas,escorpiões…) cuja acção é instantânea nacorrente sanguínea.

Existe uma variedade de KerambitOcidental onde observamos que só temgume na parte interior. Também podemosencontrar um modelo com folha que serecolhe, com um só gume na parteinterna, mais fácil de camuflar que oKerambit com a folha estendida.

O anel, além de facilitar seu agarre,impossibilita que o adversário possa tentaro desarme, que é um dos problemas

da faca; perder a arma não é o único problema, o pior é que nasmãos do inimigo para ser usada contra nós. O anel de retenção nospermite também bater e fazer pressão nos osso, músculos, ecertamente, atacar os pontos de pressão (Kyusho) incidindo sobre o

sistema nervoso; ao mesmo tempo que fazemos pressão,podemos no mesmo movimento cortar ou desgarrar.

De destacar o movimento de extensão do Kerambit, ummovimento que imita o gesto de defesa do felino, a alertaquando o tigre mostra as suas garras.

Os movimentos em círculo aumentam a energia cinéticae fazem do Kerambit uma arma devastadora, provocandocom o seu ataque lacerações, cortes e desgarros, fazendodela um faca táctica extraordinária.

Tecnicamente, assistindo a seu manuseio é possívelobservar que os movimentos estão muito

bem definidos e coorde nados,apesar de parecerem simples

e não muito extensos, éna sua execução e

“Na defesa pessoal, o Kerambit é de uma

contundênciaavassaladora”

1. Retracção Céu. 2. Retracção Terra. 3. Extensão.4. Transição e mudança. 5. Recolhemos com a outra mão. 6. Retracção mão oposta.

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O Kerambit: “Arma Letal”

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Defesa Pessoal

estratégia onde teremosde prestar muita atenção.Nesse instante, quandoconhe cemos o protocolotécni co, devemosdesenvolver o nossopróprio método de treinoem função do nossoestilo ou sistema (Kenpo,Tai Chi, Karaté, Kung fu,Kali, JKD…) ainda queseja verdade queinicialmente a armanasce no seio do Silat enas Artes MarciaisFilipinas.

Formas de agarre e variações

• Se situa o dedoindicador no interior do anel de retenção.

• Se situa o dedo mínimo no interior do anel de retenção.• A palma da mão pode estar virada para cima.• A palma da mão pode estar virada para baixo.• A direcção do corte pode ser horizontal ou vertical.• O movimento do corte pode ser ascendente ou descendente.• Com o anel de retenção se pode bater e fazer pressão sobre as

articulações e os pontos de pressão.

Movimentos básicos Três são os movimentos básicos do Kerambit:• HACKING: Interceptamos com a parte externa do gume.• SLASHING: Cortamos com um movimento rápido e contínuo.• THRUSTING: Espetamos a ponta do Kerambit, empurrando,

para depois desgarrar.A combinação destes três movimentos fazem do Kerambit uma

arma devastadora.Recomendo o uso do Kerambit em madeira, alumínio ou plástico,

para o primeiro e o segundo nível, para depois, com um melhor

conhecimento da arma, utilizar o Kerambit de duplo gume, e aospoucos ir tomando consciência do seu perigo.

MétodoEm palavras de um Grande Mestre e filósofo: “Utiliza o não

caminho como caminho, e o não limite como limite”. Não pretendopontif icar nem impor l imitações à arma e muito menos aoestudante, mas sim dar umas pautas e um método para poderfacilitar a aprendizagem; vamos pois “programar”, para depois“desprogramar”.

Gostaria de destacar claramente uma questão imprescindívelpara diferenciar o método de treino a seguir. Por um lado temos adefesa pessoal, que no caso do Kerambit, poderíamos dizer que éde uma contundência avassaladora. O seu duplo gume e o anel deretenção fazem dela uma tal arma que é praticamente impossívelque seu portador seja desarmado. Com movimentos e mudançasde ritmo, provocaremos múltiplos cortes em décimas de segundo.

Por outro lado, devemos ter em consideração a parte técnica emais tradicional, onde por meio de exercícios muito fluidosconseguiremos velocidade, domínio e destreza em seu manuseio.Mas acima de tudo é uma questão de atitude mental, ela iráproporcionar em grande medida a nossa evolução pessoal e nosaproximará com respeito e humildade à perfeição do movimento.

O eterno desencontro da tradição e da evolução continuamarcando os nossos treinos; suponho que de alguma maneiratemos que voltar a inventar-nos para finalmente, reencontrar-nos enesse processo crescemos e nos definimos posicionando-nos nasnossas convicções herdadas e adquiridas, em ocasiões ancorando-nos na segurança que nos proporciona a tradição, ou na liberdadeque nos proporciona a evolução. Que frágil é a linha divisória deambos aspectos, tão vulneráveis e complementares um do outro.

Mas para aprender esta maravilhosa e letal arma apenas precisamum Kerambit e logicamente, mais adiante um parceiro. Assimsendo, de vocês depende. Coragem e comecem a treinar!

Irão descobrir que é uma arma tão desconhecida quantoapaixonante.

“Quando aprendidas as notas, só nos resta criar a nossa própriaharmonia”

Quero agradecer a colaboração dos instrutores Luís Ayala,Damián Martín, Joan Pons, Pere Palou e Martín Blanco. Graças aeles o caminho faz-se mais fácil.

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O Macaco rouba o espectáculo

Emilio AlpansequeDean Royal & www.wushucenter.comFotos:

Texto:

Hu Jianqiang foi duas vezescampeão do mundo de formas de

Wushu, actor, coreógrafo eestrela de cinema internacional. Nascido em Hangzhou em 1958,foi escolhido para interpretar o

papel de um dos atletas deWushu nos filmes que trataram

acerca do “Templo Shaolim”, umafamosa trilogia realizada na China

e que apresentou o Wushu aomundo na década de oitenta.

Hoje, passados mais de vinte ecinco anos, a sua paixão pela arte

e a sua dedicação ao trabalhoduro permanecem nele com a

mesma intensidade. Nestaentrevista convidamos Hu a

partilhar com os nossos leitoresos seus conhecimentos de Wushu,

esse Wushu que a ele tantocustou conseguir.

Cinturão Negro: Mestre Hu, como entrouem contacto com o Wushu?Mestre Hu Jianqiang: Em criança eu

praticava ginástica no Instituto dos Desportosda província de Zhejiang, em Hangzhou. Em1971, o treinador da equipa de Wushu pensouque seria bom que eu praticasse Wushu,devido à minha potência do género explosivo ecapacidade para aprender. Assim foi comocomecei a fazer Wushu. Nunca antes tinhafeito Wushu; só sabia que tinha a ver com usarpaus e espadas e isso levou-me a tentar.Naqueles tempos, o Wushu não era

absolutamente uma profissão habitual naChina, mas eu me comprometi e passei a sermembro da equipa profissional; o Wushuformava parte da minha vida do dia-a-dia. Nãopensei muito, era muito novo, contava apenas11 anos; praticava dia e noite, praticava cadavez mais.

C.N.: Quais foram as maiores conquistasna sua carreira como competidor?M.H.: Fui chamado para a equipa nacional

de Wushu da China quando contava catorzeanos. Depois, durante os seguintes dez anos

ganhei numerosos títulos individuais e viajeipor mais de trinta países. Devido a que souum artista marcial profissional e conto comuma longa experiência em artes Marciais,cheguei a dominar a maioria das armas etambém a conhecer muitos s istemasregionais, mas as minhas especialidades emcompetição eram Nanquan (Boxe do Sul),Di tangquan (Boxe no chão) , Gunshu (Pau), Daoshu (Espada comprida), Hougun(Pau do Macaco) e Duilian (Exibição comparceiro). Fui campeão Nacional de Wushuem 1981 e 1982.

Uma entrevista com Jianqiang, o extraordinário atleta de Wushu Hu

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C.N.: Sente actualmente, que tem de irmais além nos seus estudos de Wushu?M.H.: A prática do Wushu não tem fim.

Conforme prat icamos mais, vamospercebendo que temos de melhorar. Amelhora não só tem de ser no nível deapresentação e execução, como também nonível espiritual e de compreensão. Com otempo aumenta a experiência e as sensaçõesfazem-se cada vez melhores. O Wushu podeser praticado a vida toda; o nosso nívelmelhora se cont inuamos prat icando. Amelhora tem a ver com a prática e a idade.Um jovem habitualmente não pensa muito noque está praticando, não sabe aprenderobservando os outros, só sabe praticar epraticar. Mas com a idade, aprendemos aobservar e a estudar o melhor do Wushu deoutras pessoas. Portanto, não só melhorará aprática do nosso Wushu, como também ashabilidades de pensar e observar. Três anossão melhores que um, dez anos sãomelhores que três, quanto mais tempomelhor. Penso que eu ainda estoumelhorando.

C.N.: O que o tem mantido motivadodurante todos estes anos?M.H.: A minha motivação para praticar

Wushu? (Ri) O Wushu é a minha vida! A práticado Wushu é propriamente a minha motivação.É estupendo para a saúde, para me fortalecere além de tudo o mais, tenho aresponsabilidade de promove-lo. Por exemplo,eu moro nos Estados Unidos e o meu trabalhoé promover a cultura chinesa nesse país!

Mantenho o estilo atraente: na apresentaçãoque os meus estudantes fizeram no TorneioInternacional de Wushu de Los Angeles, eu fizabsolutamente toda a coreografia para eles. Seos movimentos são bons serão aceites e semantêm, caso contrário, são modificados.Agora dedico muito tempo a este género detrabalho e sempre penso muito na maneira demelhorar tudo.

C.N.: Pode falar-nos da rotina do Pau deMacaco que faz nas demonstrações? M.H.: O Estilo do Macaco é um estilo de

Wushu que utiliza movimentos típicos de ummacaco como parte da técnica, incluindosaltos, rotações, pontapés e socos nas pernase nas virilhas do oponente, além de elementosde imitação, como olhar em redor comnervosismo, coçar a cabeça, apanhar frutas ouinsectos imaginários. O Pau de Macacocombina técnicas de pau do Shaolim do Nortecom o estilo de Boxe do Macaco; é importantemanter um equilíbrio entre ambos, não podehaver muito Boxe de Macaco ou muito Pau. Asformas do Macaco são cómicas ehabitualmente têm muito sucesso nos torneiosde artes marciais. Eu aprendi a minha rotinacom Wang Jinbao, um famoso campeão dosanos sessenta e setenta.

C.N.: A rotina imitava o míticopersonagem Sun Wukong, o Rei Macaco,como se ele tivesse reencarnado?M.H.: O parecido físico é importante, mas

ainda mais importantes é a ligação espiritual.O Boxe do Macaco, à semelhança de outros

esti los de imitação do Wushu, são denatureza xamânica. Os praticantes entram emcontacto com o espírito de um animal e fazemque esse espírito se expresse através do seucorpo. São usados muitos simbolismos nestaforma, como por exemplo, o macacoabandona a gruta, o macaco sobe à árvore, omacaco observa o luar, o macaco rouba afruta, etc., assim como muitos movimentospara elevar o nível da técnica. Mas tambémse podem encontrar em cada movimento domacaco tácticas e técnicas ocultas para adefesa pessoal, como socos, intercepções,agarres, pontapés, além de todas as técnicascom o pau. A essência deste estilo é muitotradicional.

C.N.: Qual é a sua sensação em geral,acerca do estado actual do Wushu?M.H.: Não estou muito interessado nesse

aspecto, o que realmente me preocupa é queos novos parâmetros da competição Wushunão estão indo na boa direcção; pelo menosessa é a minha opinião. Não estou de acordocom as mudanças do novo Wushu. Atendência se inclinou pela parte ginástica. Eugosto do Wushu tradicional . As novastécnicas exigem que os pontapés em salto,como o pontapé frontal em salto, o pontapéem rotação, etc., se executem separados doresto das técnicas. Os atletas fazem longaspausas antes de executar seus saltos; não háuma grande diferença com uma simplescambalhota. As novas formas são bonitas,mas não dever iam ser assim. É bomocasionalmente fazer bonitas posições nas

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Grandes Mestres

formas, mas não na forma completa com técnicasde salto, provavelmente seria melhor chamar aisso treino de ginástica que não treino de Wushu.O Wushu tem a sua própria alma, seu próprioespírito e significado, mas o novo Wushu nãoparece Wushu, mais parece ginást ica ouacrobacias. Além disto, com tanto salto e tantarotação, o público em geral não pode praticá-lo,só os prof issionais podem faze-lo. Assim éimpossível de o levar até o público em geral.Muita gente se pode magoar com as novasmudanças. Poderá desaparecer uma das funçõesprincipais do Wushu, que é melhorar a saúde e acondição física.

C.N.: De que se precisa para compreender oespírito do Wushu?M.H.: Isso dependerá muito de como os

treinadores ensinem aos seus estudantes. Se osestudantes não forem bem ensinados, entãoninguém conseguirá. O espírito do Wushu, a meuentender, pode ser muitas coisas, que vão dotemperamento da nossa aparência externa quandoestamos em acção, até o processo mais íntimo danosso ser humano. A acção no Wushu requer que opraticante tenha uma atitude marcial em cadamovimento, além de pôr atenção nas descriçõesfísicas, como mover-se tão rapidamente como ovento, estar firme como uma montanha, flutuarcomo uma folha, trepar como um macaco, dobrar-se como um arco, girar como uma roda, e muitosoutros. Tem de se dar atenção aos aspectosmorais, respeitar o mestre, cuidar dos colegas, etc.Tudo isso tem a ver com o espírito do Wushu.

C.N.: Estes aspectos culturais do Wushu sãomuito interessantes…M.H.: Sim, a minha mulher Zong Jianmei e eu

sabemos que a nossa experiência nas ArtesMarciais chinesas pode ser ut i l izada paraincentivar o intercâmbio cultural e por issofundamos o Centro de Intercâmbio Cultural emZhejiang, na China, para que gente de todo omundo possa ir lá e aprender Wushu, aprender oidioma Chinês, e outras coisas. Até agora temsido um êxito fantást ico para nós, temosorganizado muitos viagens culturais à China,trouxemos delegações de atletas chineses aosEstados Unidos, para que morassem com famíliasamericanas, temos organizado torneios de ArtesMarciais Chinesas, seminários e muitas outrascoisas que favorecem o intercâmbio cultural. Oêxito do centro supera a cada ano as nossaspróprias expectativas. Estamos trabalhandotambém no programa After-School All-Stars(Estrelas depois da escola). Trabalhamos comeste programa especialmente na zona de LosAngeles, ensinando Wushu e Chinês Mandarimaos estudantes problemáticos das escolas dacidade, tudo patrocinado pela estrela da NBA,Kobe Bryant.

C.N.: Deseja fazer um último comentário aosnossos leitores?M.H.: Espero que pratiquem cada vez mais

Wushu, espero que o Wushu seja conhecido epraticado em todo o mundo, e desejo que o espíritoWushu possa ser transmitido de geração emgeração. Praticar Wushu é uma actividade paratoda a vida. Tem de se ser aplicado, humilde etentar alcançar metas cada vez mais altas!

C.N.: Estamos muito gratos por nos terconcedido um precioso tempo da sua agenda eter feito possível esta entrevista.M.H.: Não têm nada que agradecer, sempre é um

prazer.

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Entrevista

Cinturão Negro: O que você anda fazendo ultimamente? Johil de Oliveira: Eu estou trabalhando com adestramento de

cães. Fiz uns cursos em São Paulo, fiz-me profissional e esseestá sendo meu trabalho. Estou encerrando a carreira, pois nãoestou tendo mais oportunidades de lutar. Apesar de ter 41 anos,quero mostrar que ainda tenho muito para oferecer ao esporte.

C.N.: Seu nome é uma homenagem ao seu pai e ao seuantigo treinador da Budokan, o João Ricardo. Não émesmo?

J.O.: É isso mesmo. O meu pai e o João Ricardo tinham umaacademia no centro do Rio e a academia se chamava Jo-Hil.Era Jo de João e Hil de Hilbernon, que é o nome do meu pai.Foi daí que surgiu o meu nome. Eu aprendi tudo com o Leitão,João Ricardo e meu pai, mas também com o Luiz Alves. Comele foi mais a parte em pé, mas ele também treinava luta livre

Depois de ser considerado um dos melhoresdo mundo até 80kg nos anos 90, Johil deOliveira faria sua estreia no Pride, mas umacidente minutos antes da sua luta mudoutotalmente sua vida. O lutador foi queimado emplena passarela do evento japonês, ficou doismeses internado, e mesmo assim voltou a lutar.Se não bastasse isso, Johil acabou cego de umolho devido a um acidente de carro e, mais umavez, não foi isso que o fez abandonar osringues. Aos 41 anos de idade, Johil acaba dese aposentar e a Revista Cinturão Negropresta uma homenagem a este verdadeiroexemplo de guerreiro dos ringues e da vida.

Um herói dos ringues Marcelo Alonso & Gleidson VengaTexto e Fotos:

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Grandes Lutadores

connosco. Nós pegamos agraduação e a faixa preta mais oumenos na mesma época. Foi porvolta de 1989.

C.N.: Você lembra qual foi oseu primeiro Vale-Tudo?

J.O.: Foi na Ilha dos Pescadores,no Rio. Lutei e ganhei com menosde um minuto, apesar de estarmuito nervoso, pois era o meuprimeiro Vale-Tudo. Eu era muitonovo e ganhei muito bem. O meuadversário era muito mais forte doque eu e muito mais pesado, maseu ganhei finalizando-o.

C.N.: Seu principal adversárioem sua carreira foi o Pelé?

J.O.: Foi sim, fizemos duas lutas.Tive duas lutas com ele e foram asmais difíceis para mim. A que fizcom o Darrel Gohlar foi tambémuma luta muito difícil, mas a maiorrivalidade foi com o Pelé.

C.N.: Nós fizemos umaentrevista com o Pelé e ele disseque passou um pouco do pontona primeira luta entre vocês, foimuito violenta. O que você achoudessa luta?

J.O.: Eu entrei como reservanessa luta e não estava preparadopara o evento. O cara que lutariacom o Pelé na semifinal semachucou e quem entrou fui eu. Fuilutar com o Pelé e foi umapancadaria só. Eu dei 93 cabe -çadas em 30 minutos. Forampraticamente três cabeçadas porminuto. Ficamos ambos bastantemachucados. Eu me magoei muito,mas acho que ele ficou muito maismagoado que eu.

C.N.: O que você acha dasantigas regras do Vale-Tudo?

J.O.: Eu preferia as antigas. Porexemplo, meu forte é a cabeçada eeu hoje não posso dar cabeçadas.Muita coisa que naquela época se

podia hoje nãose pode. Vocêtem de se adap -tar as novasregras e isso mep r e j u d i c o ubastante. Euestava acos -tumado a lutasde 30 minutos e de repentevinham lutas decinco. Se pega -va um cara maispesado quebota va para ochão e não con -seguia sair, aca -bava a luta evo cê perdia sem

levar um soco. Perdi umas quatrolutas assim; não saí machucado nemnada, mas foi justamente pelo tempoter sido curto. Para o esporte hojerealmente é outra coisa, para oespectáculo hoje o esporte não é tãoviolenta como era antigamente. Masse eu tivesse de escolher qual Vale-Tudo lutar, eu escolheria o de antes.

C.N.: Você também venceuvários torneios. Eram até trêslutas na mesma noite e hoje emdia é quase impossível issoacontecer. Como era aquilo?

J.O.: Cheguei a fazer treze lutasem um ano. Em um torneio,dificilmente a pessoa conseguiachegar à segunda luta inteiro. Trintaminutos de luta sem nada, sem luvase valendo tudo, você acabava todoarrebentado. Você já ia para outrafase quebrado e mastigado. Se vocêpegasse uma luta mais dura do queo outro oponente, ele teria muitomais chances do que você. Apesardisso, eu sempre me dei bem nesseesquema de três lutas.

C.N.: Os treinos também eramdiferentes?

J.O.: Eram sim. Hoje mudoubastante, o treino está mais moderno.Tirando o soco na cara, valia tudotambém, valia até cabeçada nosmeus treinos, só não valia socoporque senão você não conseguirialutar. O treino era tão pesado quantoo Vale-Tudo. Chegavam a ser maispesados os treinos do que na própriahora da luta.

C.N.: Outra coisa que falamosna conversa com o Pelé foi alembrança dele dos tempos doIVC. Ele disse que era o cheiro desangue, que ficava dias cheirandosangue e que era muito forte. Equal a sua principal lembrançadestes tempos?

J.O.: Isso é coisa queimpressionava muito. É engraçadomas eu gostava de lutar comsangue, quanto mais sanguetivesse em meu rosto mais vontadeeu tinha para continuar. Eu ia paracima e isso é um facto mesmo. Osangue me motivava a lutar maisainda. Se eu terminasse uma lutasem sangue não tinha graça.

C.N.: Como foi aquela suafamosa luta contra o DarrelGohlar?

J.O.: Foi uma luta que eu busqueifazer mais a parte em pé. Por eleser excepcional em Wrestling, eradifícil botar ele para o chão. Eutinha mais técnica que ele na partede chão, só que para derrubar umwrestler é muito difícil. Eu fui umdos primeiros lutadores naquela

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62

Entrevista

época a vencer um wrestler. Até entãoninguém tinha vencido. Tem sempre alguémque vai achar que a luta não foi minha, masse todo mundo ver a luta realmente, duranteos trinta minutos eu fiz muito mais coisa doque ele. Não dá para botar só dez minutosde luta porque a luta foi de trinta minutos. Aúnica coisa que ele fez foi no final me botarpara o chão e um pouquinho no começo. Oresto da luta foi toda em pé. Foram várioschutes e socos na cara. Eu domineicompletamente o ringue em pé.

C.N.: Nessa época, a Budokan era umadas principais equipes de Vale-Tudo.Tinha você, o The Pedro, Ebenezer, oMarcelo Aguiar, entre outros. Como eramesses treinos entre tantos cascas-grossas?

J.O.: Essa foi uma das melhores épocasda minha vida. Foi onde realmente tudocomeçou. Os treinos lá eram para casca-grossa mesmo. Tinha sábados que aspessoas iam para ver os treinos e quandocomeçavam a subir a escada desciam namesma hora. Ali a porrada era a sério. Tinhade ser valente, não bastava ser lutador, aliassustava.

C.N.: Qual era a sua relação com aoutra parte da Luta-Livre, como o EugénioTadeu e o Hugo Duarte?

J.O.: O pessoal do Cromado, eles até iamlá para treinar connosco. Mas na época nemhavia muito contacto. Hoje mudou bastante,mas antigamente era cada um no seu canto,cada um queria ter sua equipe, masconnosco não havia esse problema, nossaacademia não queria briga com ninguém.Enquanto isso as outras equipes seachavam melhor e diziam coisas. Acabouque a Budokan se tornou realmente a melhorequipe de Vale-Tudo.

C.N.: Na década de 80 e início dos anos90 havia aquela rivalidade entre Jiu-Jitsue Luta-Livre, com briga nas ruas e tudomais. Você participou de algum episódiodesses?

J.O.: Não. Eu nunca misturei as coisas.Naquela época existia muita rivalidade. Nósnão podíamos falar do Jiu-Jitsu, e eu nãogostava do que muitos lutadores falavamsobre uma arte marcial ser melhor do que aoutra. Eu acho que não existe arte marcialmelhor, mas sim melhor lutador. Não existe amelhor luta, mas sim o lutador mais bempreparado. Naquela época havia muitaguerra. Na época daquelas lutas todas,brigas de rua, briga entre o Eugénio e oRenzo, e onde rolava aquela porrada toda,eu não participava. Inclusive eu não fuinaquele evento do Eugénio contra o Renzo.Eu sabia que ia ter porrada e sempre fiqueide fora. Você pode ver que meu nome nuncaesteve ligado a isso. Você nunca leu umamatéria de que eu fui pego brigando na rua.Eu sou profissional mesmo. Luta tem derealmente ser no ringue. Lá você tem demostrar o que você é. Na rua é fácil; vocêbater no cara que não sabe nada é a coisamais fácil que tem.

C.N.: Como foi aquele seu incidente noPride, onde seu corpo ficou queimado?

J.O.: Foi no Pride 9. Eu ia lutar com o MattSerra, aluno do Renzo Gracie. Eu estava notablado e o que me disseram foi que depoisque eu passasse no tablado eles apertariamo botão de um desses lança-chamas. Muitagente pensa que foram fogos de artifício,mas foi mesmo fogo. Era um lança-chamasque quando eu estivesse no meio, elesapertariam o botão e o fogo todo sairia domeio do palanque. Só que eles apertaram obotão errado quando eu estava lá nopalanque e eu fiquei queimado empraticamente 70% do meu corpo. A parte dafrente ficou toda queimada pelo fogo. Foiuma coisa complicada e que ficou muitofeio. O primeiro a me ajudar foi o RenzoGracie, que estava lá porque eu iria lutarcom o aluno dele. Ele foi o primeiro a mesocorrer. O Libório também estava lá e meajudou. Foi o pessoal do Jiu-Jitsu, para vocêver. Naquele momento, vendo o caraqueimado, você esquece tudo e vai ajudar oser humano.

C.N.: E como foi a assistência que oPride te deu? Você foi indemnizado?

J.O.: Fui realmente indemnizado, mas nãofoi aquilo que eu imaginava. Na época queisto aconteceu, eu estava deitado sempraticamente poder me mexer. Estava todoqueimado. O presidente da organização veiologo em seguida com uma indemnização,mas se eu lutava, por exemplo, por mildólares, ele veio me oferecer 100 mildólares. Eu não consegui entender o porquêdaquele dinheiro, então eu aceitei. Muitagente acha que eu ganhei 500 mil dólares ouum milhão, e eu realmente poderia terganho, mas não tive uma pessoa forte o meulado que dissesse que resolveria aquilo paramim. Fui eu que tive que resolver tudo. Euestava em uma situação em que nem podiafalar e só usava códigos. Eu apenas olhava oque estava escrito e o tradutor falavacomigo. Ele dizia que estavam meoferecendo tanto por eu ter me machucadoe na hora eu só pensava em uma coisa. Seeu tinha ido lutar por 500 dólares e o caraestava me oferecendo 150 mil dólares, entãoeu tinha de aceitar.

C.N.: Como foi sua recuperação?J.O.: Fiquei um ano parado sem lutar e

até hoje eu tenho problemas relativosàquilo que aconteceu. Quando eu façobarba, meu rosto fica todo empolado eainda tenho algumas cicatr izes desseacidente. Demorei muito a me recuperar.Quando ia lutar e t inha todos aquelesfogos, eu me assustava e já entrava commedo. Uma coisa que eu achei quetambém não foi feito direito comigo, foi oque o Pride fez na época. Assim que euvoltei, eles fizeram um contrato comigo detrês lutas e disseram que seriam lutasfáceis para eu ganhar. Disseram que minhabolsa seria de 40 mil dólares e que euganharia no total 120 mil dólares. Eu dissena época que nunca havia escolhidoadversário. Eu nunca escolhi e até hoje não

escolho. Nunca em minha vida eu falei quesó lutar ia se fosse com determinadapessoa. Por isso achei aquela propostaestranha. Eles me dariam três molezas paraganhar um dinheiro fácil…, mas não tevenada de moleza. A primeira luta foi com oCarlos Newton, que na época estavaarrebentando todo mundo. Eu fiz um lutãocom ele e considero ter sido uma dasminhas melhores lutas. Perdi essa luta porpontos. Depois lutei com o Nino Schembri,já cego, já que havia feito um transplantede córnea. Lutei sem condições. Como erapor contrato, eu lutava por dinheiro. Tinhade lutar, então lutei de qualquer jeito. Perdiessa luta. Na última eu lutei com o DaijuTakase, que finalizou o Anderson Silva. Eufui melhor do que ele, mas deram a vitória aele. Ali praticamente ficou encerrada aminha carreira lá fora.

C.N.: Quando foi o acidente de carroque te deixou cego?

J.O.: O acidente de carro foi em 96 ou 97.Eu tinha um caco de vidro no olho quenenhum médico conseguira tirar e nem eusabia que tinha. Nos treinos da Budokan, umaluno treinando comigo acabou meacertando na esgrima e meteu o dedodentro do meu olho. Quando ele fez isso,tinha um caco de vidro que apareceu não seide onde e furou a membrana do olho e foi aíque eu perdi a visão. Foi em 98 ou 99 que euperdi a visão.

C.N.: Voltando a falar do Pelé, você temalgum tipo de contacto ou relação comele? Vocês se falam?

J.O.: Não, infelizmente eu não tenho maiscontacto com o Pelé. Eu moro em um lugarafastado de tudo e é no meio do mato, masaté queria ter esse contacto. Eu acho o Peléum excelente profissional e lutador, masnaquela época realmente tinha muita rixa. OPelé queria me bater em qualquer canto.

C.N.: Vocês tiveram um problema noaeroporto. Como foi isso?

J.O.: Foi depois da minha primeira vitória,quando tinha marcado uma revanche. Euaceitei lutar com ele novamente e quandoele me encontrou no aeroporto, ele queriabrigar comigo lá mesmo. Nós quase fomosexpulsos do aeroporto e o piloto não podialevantar voo. Foi uma guerra. Naquela épocaele realmente me odiava, não podia nem mever. Ele ficou realmente muito magoado eaquilo o marcou. Imagina você ver sua fotoestampada no jornal e em revistas do mundotodo, com a cara toda arrebentada. Apesardisso, quando eu fiquei queimado, ele meligou para o hospital onde eu estava e faloucomigo me desejando melhoras. Eu nãotenho o que falar do Pelé. Ele foi um grandeadversário e valorizou minha carreira tantoquanto eu valorizei a dele. Um levantou ooutro, então eu só tenho a agradecer por terlutado com ele e ter tido essa oportunidade.Está tudo empatado, 1 a 1. Ninguém foidesleal com o outro e a luta durou uma hora.Foi 30 minutos e depois mais 30. Foirealmente uma coisa espectacular.

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63

Grandes Lutadores

C.N.: Qual foi o melhor e pior momento da sua carreira? J.O.: O meu pior momento foi quando eu sofri o acidente no Japão. Ali realmente

mudou muito a minha vida. Eu fiquei no Japão muito machucado e sozinho quasedois meses. Fiquei sem amigos, sem família e sem nada. Quanto ao melhormomento, eu prefiro colocar as principais lutas que eu fiz. Foi a vitória contra oPelé, que realmente me marcou. Ele já tinha vencido Macaco e nesse dia elevenceu Macaco novamente. Eu já era conhecido, mas o Pelé tinha ganho doMacaco. Eu sempre queria lutar com Macaco, mas nunca conseguia. Ele lutouduas vezes e ganhou ambas, então aquela luta com o Pelé foi muito marcante.

C.N.: Quem você acha que é o melhor lutador do mundo actualmente? J.O.: Gosto muito de ver o Georges St Pierre lutar. Também gosto muito do BJ

Penn. Dos brasileiros gosto do Anderson Silva, do Minotauro e do Shogun, ele éespectacular, a maneira dele lutar e ser agressivo são incríveis.

C.N.: Na Luta-Livre actualmente, a equipe do Cromado é a que mais sedestaca. Como você vê esse esporte hoje?

J.O.: Melhorou bastante. Hoje o Cromado faz um excelente trabalho. A Budokannem tanto, pois ela não cresceu tanto. Na época os melhores lutadores eram daBudokan, todos eram bons lutadores. O Marcelo era campeão do IVC, estava euque fui campeão no Japão, o Pedro Rizzo treinava connosco e o Ruas também.Nós tínhamos a melhor equipe de Vale-Tudo da época, a nossa equipe era

realmente imbatível. Muita gente foisaindo e a Budokan foipraticamente acabando, ainda temLuta-Livre mas não tem o nomeque tinha antigamente.

C.N.: Como é sua rotina detreinos hoje em dia? Com quem

você treina?J.O.: Agora eu treino com o Marcelo Aguiar. Não é em

nenhuma academia, treino no canil. O Marcelo tem umcanil que se chama Canil Aguiar e eu treino lá. Fica emPendotiba, Niterói. Só lá está ele para me treinar e eletreina só comigo. Tem algumas pessoas que vão meajudar nos treinos, mas não é a mesma coisa que treinarnuma equipe onde há 15 pessoas para treinar com vocêe ajudar. Eu treino tipo homem das cavernas. Se eutivesse um patrocínio para treinar, poderia treinar emqualquer lugar. Acho que o atleta merece uma ajuda decusto e um patrocínio para poder treinar e se dedicarsomente ao esporte. Isso comigo nunca ocorreu, eununca tive patrocínio, sempre tive de trabalhar emisturar com o esporte. Eu acho que poderia ter idomuito mais longe. Fiquei quase três anos como númeroum do mundo na época, então eu já cheguei ao topo domundo. Também sei que hoje com 40 anos poderia estarno topo, isso lutando na minha categoria, que é até70kg. Poderia estar lutando com todo esse pessoal que

tem aí na frente. Eu não fico abaixo denenhum deles; bem treinado não sou inferiora nenhum deles.

C.N.: Qual balanço que você faz de todasua carreira?

J.O.: Espero que as pessoas se lembrem demim pelo guerreiro que fui nos ringues e peloespírito de luta, aquilo de nunca entregar umaluta e de sempre lutar até o fim. Eu souadvogado e trabalho hoje como adestrador decães, mas amo o Vale-Tudo. É difícil pensarque um dia vou ter de parar de lutar, mas umdia terei de parar. Estou há praticamente umano sem lutar, mas continuo com aquelavontade de lutar… Sonho com luta, me vejolutando e fazendo tudo o que a isso dizrespeito. Ainda não consigo perceber que istoestá chegando ao fim. Eu queria fazeralgumas lutas antes de encerrar a carreira,queria ainda fazer umas duas lutas para opessoal poder ver novamente o Johil lutando.

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O Hapkido constitui um método sistemático e pedagógicode ensino de técnicas de Defesa Pessoal e de Luta. ComoArte Marcial ele recebe e fusiona o melhor da tradiçãocoreana do Tae Kyum (base tradicional do Taekwondomoderno), do Kuk Sul Won e da luta Syrum. Assim sendo,compila o melhor dos estilos que trabalham o combate na

longa e média distância, baseado em punhos epontapés, assim como a luta corpo a corpo

na curta distância. Este primeiro DVD, que apresenta oprograma oficial até Faixa Preta,tem a garantia da FederaçãoEspanhola de Taekwondo e asupervisão do DirectorTécnico do DepartamentoNacional de Hapkido o Sr.Alfonso Rubio, com acolaboração de seus maisdestacados Mestres. Um trabalho muito

meditado para podercumprir seu propósito: acorrecta e completaformação dos estudantes ea criação de uma guia sólidapara que os Mestres possamrealizar adequadamente seutrabalho didáctico.

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Todos os DVD’s produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVDnão cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.