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    Converging Disensus, Cultural Transformations,

    and Corporate Cultures: Canada and the Americas

    Edited by Patrick Imbert

    Ottawa:

    Research Chair on Social and Cultural Challenges in a

    Knowledge-Based Society

    2006

    Table of contents

    Introduction

    Patrick Imbert

    Cultural changes and economic liberalism in Canada and in the Americas

    Patrick Imbert

    Corporate culture and governance: Canada in the Americas

    Gilles Paquet

    Americas differentiated congregational citizenship:

    The development of different fields of conscience

    as a condition for socio-economic transformation

    Roque Callage Neto

    University of Brasilia

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    Cidadania Congregativa Diferenciada AmericanaO desenvolvimento de campos diferenciados de conscincia

    como condio para transformao scio-econmica

    Roque Callage Neto

    Resumo

    As Amricas enfrentam novos desafios no sculo XXI. Transformaes econmicas e sociaisno continente tomam lugar no contexto de zonas fronteirias, inter-relacionadas ou fraturadas,resultado do mundo europeu historicamente dividido e fragmentado datado inclusive antes deColombo.

    Neste contexto, diferentes campos de conscincia emergem e se tornam zonas de relevnciaeconmica e cultural diferenciadas, que tambm contribuem para aprimorar diferentes competncias eampliar a Americanidade. Este ltimo conceito difere fortemente da percepo aristocrtica europiade Mundo ocidental e da viso parcial estadunidense de Americanizao bem como do assimchamado latino-americanismo francs, que influenciou a Amrica Ibrica desde o sculo XIX. Asrecentes retomadas federativas reagrupam novas organizaes em regies de Mercado conectadas etentam estabelecer novos tratados comerciais substituindo o primeiro Pan-Americanismo sob osuporte do sistema da Organizao dos Estados Americanos.Esta situao abre uma agenda deextremo pluralismo e multiculturalidade vinculada a novas associaes e aspecto particular trans-americano d sentido a uma nova mobilidade social emergente no meio de uma sociedade civiltornada mais ampla.Esta mobilidade toma lugar graas contribuio do desenvolvimento do Capital

    Social.

    A convergncia entre zonas sobre a necessidade de aprimoramento de Governana revelaque o enfoque uniforme anterior no foi efetivo.

    Por exemplo, uma melhor alocao de nveis de capital no resolveria o gapde assimetriaentre os Estados Unidos e outras regies.Seguindo a nova tendncia, uma Americanidademaduraelaboraria uma concepo ps-europia, que poderia ampliar as tradies civis em uma quartagerao de cidadania congregativa.Ela reuniria direitos civis baseados em polticas multiculturais,direitos femininos ampliados, habilidades intergeracionais entre outras,em um modelo de democraciamultidimensional e empreendedorismo social.Esta nova dinmica buscando aprimorar a qualidade de

    vida no amplo compartilhado continente j foi colocada em movimento, por exemplo no Canad, que seguidamente tomado como exemplo de transformaes sociais e culturais.

    Verso em portugus, a ser publicada na revista Humanidades (UNB). Publicado originalmente na versocanadense inglesa capa - in IMBERT, Patrick, PAQUET, Gilles et CALLAGE NETO, Roque (2006)CONVERGING DISENSUS Cultural Transformations and Corporate Cultures CANADA AND THEAMERICAS. Ottawa : University of Ottawa

    Agradeo a Patrick Imberte Moiss Balestropor boas idias proporcionadas a este texto.

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    1. Hermenutica 5/.

    2. Cidadania e Diferente Conscincia 9/.

    3. Economia, Cultura e Histria 11/.

    4. Panamericanismo e Americanidade Cvica 17/.

    5. Sociedade Civil e Capital Social 18/.

    6. Padres Emergentes 21/.

    7. Concluses 26/.

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    A Amrica um eco da Europa, porque no tem HistriaGeorg Wilhelm Friedrich Hegel

    Hegel via a Amrica como um eco da Europa em sua Filosofia da Histria 1,uma

    entidade sem personalidade moral e nenhuma identidade formada atravs da tica considerada

    como a passagem do Absoluto Histria. Hegel nunca entendeu o que parecia ser um paradoxo

    para os pensadores europeus (excluindo, por exemplo, Alexis de Tocqueville). Os americanos

    alcanaram a tica sem seguir a hierarquia europia, reinventando sua historia fragmentada em

    uma sociedade civil diferenciada.

    Esta foi a peculiar contribuio americana ao mundo, mesmo com a existncia de

    notveis contrastes entre as partes nortistas e sulistas do continente.

    Aprimeira experincia desta nova perspectiva foi desenvolvida nos sculos XVI e XVII

    quando povoadores, colonizadores e conquistadores, viveram experincias comuns de penetrante

    percepo de ruptura com o mundo corporativo de onde tinham vindo.2

    Asegundaexperincia os levou auto-percepo de serem diferentes. Originalmente, as

    pessoas que se moveram para as Amricas foram perseguidas como outros a quem as Coroas

    Absolutistas Europias queriam removidas do velho continente por causa de

    1. seus credos religiosos (judeus e protestantes)2. suas perspectivas polticas como niveladores ingleses ou huguenotes franceses que

    estavam sendo enviados para o Caribe.

    3. suas dvidas como trabalhadores desempregados ou como membros da pequena

    nobreza que tinham emprstimos com as Coroas.

    4. e finalmente seus statuscomo ladres ou criminosos que fingiam lealdade para escapar

    de vrios anos de priso.

    Para a Igreja Catlica, as Amricas eram o lugar ideal para purgar a Europa como

    mostrada na Divina Comdia de Dante Alighieri.3 Entretanto, os protestantes assumiam ser

    eleitos por Deus para fundar uma nova terra. Depois de abandonar o Rei James, os peregrinos

    1Hegel, George W.F. (2001) Philosophy of History. Kitchener, CA: Batoche Books p.104.2Morse, Richard (1985). O Espelho do Prspero.Cultura e Idias nas Amricas.So Paulo.Cia. das Letras3Nas descries de Dante Alighieri, Elizabeth Cancelli registra ressentimentos e percepes mticas de um local

    para ser pessoalmente purgado. Ver Cancelli, Elizabeth, Amrica da (des)iluso: ressentimento e memria, inColquio Internacional "Memria e (res)sentimentos: indagaes sobre uma questo sensvel". IFCH,Unicamp, 2000.

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    ingleses foram profundamente influenciados pelo pensamento Hebraico e Mosaico, aparecendo

    na legislao civil de Massachussets e nos seus nomes de Jacob, Abraham, Mordechai e nomesfemininos de Abigail, Eva, Rachel, dirigidos pela esperana de recriarem um den.

    Exatamente no fim do sculo XVII, a acentuada diviso entre os americanos fez emergir

    agentes oligrquicos no sul e delegados comunitrios auto-representados no norte. Tornou-se

    evidente uma progressiva disperso de campos estruturados da ao interpretativa europiaque

    haviam tido seu comeo mesmo antes de Colombo e a Renascena.4

    Para compreender a complexidade destes deslocamentos de paradigmas nas Amricas,

    utilizaremos trs aspectos:

    1. um quadro geral baseado em hermenutica e variadas teorias interpretativas.

    2. mostraremos que a ao hemisfrica americana est formando lentamente uma cidadania

    peculiar atravs da sua Histria.

    3. traremos um pequeno painel da atividade comercial inglesa do sculo XIX entre as

    naes independentes e sobre o conceito criado de Pan-americanismo, bem como as

    atenes do sculo XX voltadas para a implementao dos Estados de Bem Estar.

    Finalmente, analisaremos as novas sociedades civis emergentes interamericanas entre

    seus Estados-Naes com uma quarta gerao recente de direitos cvicos e sua tendnciacontempornea de construo de Capital Social, permitindo uma formao de cidadania

    congregativa diferenciada. Hipotticamente, pode antecipar modelo especfico supranacional

    para o sculo XXI.

    1.Hermenutica

    Atravs da hermenutica usaremos a teoria construtivista fenomenolgica como

    caminho para observar as profundas, variadas e extensas diferenas bem como homogeneidades

    nas Amricas.Esta teoria tem enfoque baseado no desenvolvimento comparado, uma vez que h tempos

    sociais simultneos e amplas heranas scio-genticas atravs do continente. As Amricas de

    modo particular, reconfiguram padres culturais dinmicos de uma sociedade baseada no

    conhecimento.

    4Morse, op.cit.; Freyre, Gilberto (1947) Interpretao do Brasil. Rio: Jos Olympio, Smith, Anthony(1998)Nationalism and Modernism: A Critical Survey of Recent Theories of Nations and Nationalism. London:

    Routledge

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    Uma primeira reflexo sobre uma sociedade baseada em conhecimento consideraria que

    ela no completamente nova. O que realmente importa com relao ao sculo XXI, o uso decadeias combinadas de conhecimento como elementos de produo de muito mais alta

    complexidade. Qualquer trabalho baseado em conhecimento varia amplamente em quantidade e

    tipo dos empregos de baixo talento pesquisa de extrema qualificao.

    Em qualquer caso, isto significa uma revoluo em educao formal e uma diversificao

    na cultura.H consenso entre vrios autores sobre este ponto principal.5As cadeias advm do

    construtivismo interpretativo emergindo de conhecimento tcito atravs de representao

    institucionalizada e o valor adicionado. Estes valores adicionados se sustentam de intercmbio

    ampliado em relaes entre seres humanos e deles com elementos naturais. O processo estimula

    cooperao e racionalidade agregada que desenvolvem diferentes campos de conscincia

    relacionados uns aos outro.Sincronias ou disperses entre elites so conciliadas nestes campos.6

    Esta perspectiva, quando aplicada s Amricas evita a regular tendncia de examinar

    nossas sociedades seja atravs de teorias homogneas como o bem conhecido estrutural-

    funcionalismo com seus universais evolucionriosou atravs do marxismo-estrutural francse

    suas relaes dialticas entre aparatos sociais7. Esta ltima tendncia segue o pensamento

    marxista do sculo XX lidando com externalizao e reproduo de formas de capital de zonasespecficas para criar outras formaes de dependncia imitadas. Cobre uma vasta literatura de

    teorias imperialista do capital financeiro8. Embora verificando o desenvolvimento desigual na

    relao de capitais com a periferia, esta teoria homognea deixou lacunas sobre a reconstruo

    interna dos diversos estratos das sociedades a partir do prprio capital original e diferentes

    combinaes que fizeram com fontes externas avanadas do mesmo capital reformado.

    5 Arthur, Bryan (2000) .Myths and Realities of the High-Tech Economy , Conference at Leader Forum, NewMexico:USA; Courchene,Thomas (2002) State of Minds: Toward A Human Capital Future forCanadians.Montreal: IRPP; Castels, Manuel (1999). A Sociedade de Rede.So Paulo: Paz e Terra; Drucker,Peter(1994).A Sociedade Ps- Capitalista. So Paulo: Pioneira; Touraine, Alain (1992)Critique de lamodernit Paris : Fayard

    6Schutz, Alfred (1972) Choice and the Social Sciences, in Life-World and Consciousness, Lester Embree, Ed.Evanston: Northwestern University Press, p. 565-596

    Elias, Norbert (1990). Envolvimento e Alienao.Rio: Bertrand____________(1992). O Processo Civilizador. Vol.2.Rio: Bertrand7 O conceito de pesquisa de Parsons, Talcott (1966) Societies: Evolutionary and Comparative Perspectives.

    Columbia: Columbia University deu a noo de estrutura e funes que foram adotadas no marxismo porPoulantzas, Nicos(1971). Poder Poltico e Classes Sociais. Porto: Portucalense

    8Brewer Anthony (1980) Marxist Theories of ImperialismA Critical Survey London Routledge and Kegan Paul

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    Finalmente, a sobrevivncia de funes estruturais como conflito renovado pela

    urbanizao da vida, da Escola de Chicago, tambm foi incapaz de fazer frente a surpreendentesrecriaes rpidas e complementares de espao e tempo. Uma suposta competio bitica

    estressante entre os seres humanos, hoje considerada como primeira condio do aumento

    ampliado da cooperao reconhecida9.O paradigma da Escola de Chicago forneceria elementos

    para sustentar viso radical de uma modernizao neutral a-histrica, que no modernidade,

    porque supe uma permanente busca de competio seletiva entre os mais capazes como

    solidariedade funcional natural da escassez. Esta viso ajudou a guiar um planejamento de

    Estado pela noo micro-sociolgica da competio individual, favorecendo teorias de

    liberalismo radical individualista Porm, processos de grandes ciclos transformadores

    mostram que padres constantes de busca, seleo e variao na dimenso evolucionria

    aparecem como destruies criadoras que no perdem, mas combinam elementos em oposio,

    viabilizando novas ampliaes de conhecimento. Nunca so uma esttica competio a-

    histrica.10 Como se ver, as Amricas tambm manifestam estas dinmicas em sociedades

    cooperativas expandidas, isto , de incluso com reconhecimento, pela teoria sociolgica que

    lhes d fundamento.Composies superiores reformam memrias longas anteriores..

    Embora aceitando evidncia marxista de que formas sociais de relaes produtivas sebaseiam em reproduo de ciclos longos com resultados econmicos, a natureza das formaes

    sociais no deriva primariamente de conflitos de classe como funo de foras produtivas sobre

    relaes de produo. Ao invs desta formulao, resultam de integrao dividida de habilidades

    diferenciadas: na ampliao de trabalho, a integrao toma lugar por um conflito sobre produo

    de informao e aprendizado dentro do conhecimento cooperativo e sua utilidade, de acordo com

    zonas de relevncia aplicada. Se habilidades cooperativas ampliadas no alargam graus de cada

    zona de relevncia aplicada e no recompensam a contribuio de cada uma, a conformidade

    9A idia razovel de estabilidade das instituies dependendo de tempo e espao foi o elemento central da Escola deChicago e de Parks, Robert, (1950).Collected Works. Sociological Theory of Deviance .Chicago Univ. Press.mas eles no dependem tanto de competies entre grupos seletivos quanto de cooperaes, como mostrado porMaturana, Humberto, and Varela, Francisco (1995). in Autopoiesis: la Organizacin de lo Viviente. Santiago:Universitaria

    10 Tessaleno Devezas argumenta convincentemente que o processo crtico de auto-organizao de leis de poderobedece multinveis em sistema que permite flexibilidade necessria para evoluo e aprendizado em grandestransies. Verifica-se empiricamente que a mudana est a servio do aprendizado, em processos decontinuidade. In Devezas, Tessaleno et Modelski, George.Power law and world system evolution: a milleniallearning process.Holland: Technological Forecasting & Social Change, n70, 2003, pp.819-859

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    marginal que se segue a gera sentido de estratificao de classe ou conflito de classe ao longo do

    conhecimento comum aplicado.11

    Funes corporativas ento emergem em diferenciao escalarassociadae produzem direitos particulares de propriedade, vantagens especiais em contratao

    de trabalho, distribuio e preo. Karl Marx inclua esta operao como parte da mais-valia,

    embora a concentrao de riqueza no seja inevitvel, pois que ela pode retornar escala

    remunerando produo sucessiva e aumentar o modo como o trabalho baseado em conhecimento

    normalmente organizado.

    Por isto, a ao estratgica individual racional tambm no a nica causa de ao no

    mercado difuso, porque o ator compartilha diferenas primrias por sentido tcito ou explcito e a

    percepo de pertencer a campos relacionados de conhecimento. H grupos, e cada grupo de

    campo tenta ganhar retornos crescentes para cada ao, clamando benefcios crescentes que

    gerar para todos.O resultado pode ser uma congregaode campos diferenciados de valor de

    conhecimento, sustentando retornos crescentes que podem reduzir o custo da informao.

    Estas evidncias foram primeiramente registradas no trabalho de Alfred Schutz12,

    reconhecendo a distribuio de conhecimento como categoria essencial que determina a

    produo pelo construtivismo na diviso de trabalho. Intensifica e diversifica intersubjetividade

    reconhecida entre agentes e compreenses em sua experincia do mundo da vida dirio.Norbert Elias foi outro autor que esclareceu este fato. Os seres humanos produzem de

    acordo com habilidades institucionalizadas imediatas, mas se distanciam e tambm geram,

    interpretam e configuram seu habitus - as disposies constitucionais atravs de maiores

    informaes que so transformadas em conhecimento quando socialmente legitimadas. Esta

    conscincia de transformar informao heterognea o que efetivamente moderniza as

    sociedades. Quando os atores sociais percebem uma vantagem de adicionar ao seu mundo outras

    habilidades que previamente faltavam pelo aprimoramento de capacidades especificas,desenvolvem uma reduo social fenomenolgica. As novas habilidades institucionalizam uma

    rede de conhecimento como mdia de riqueza social, o que que permite a hiptese sobre aumento

    de produtividade e comeo de um longo ciclo de crescimento sustentado. Habilidades renovveis

    11Umazona de relevncia aplicada a zona onde se d a aplicao intensiva de habilidades, onde a informao setransforma em conhecimento til para posterior formao de ofcio, profisso.

    12 Schutz, Alfred (1973) The Structures of Life World, compilada e co-escrita postumamente por ThomasLuckmann. Evanston: Nortwestern Press

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    complementares poderiam ter amplos efeitos sobre a economia.13. Thomas Courchene

    novamente, chama a este tipo de movimento de glocalizao: nveis diferenciados de polticasformariam poderes subsidirios para cada plano de necessidade efetiva de cidadania, que se

    localizam em associaes, cidades, sub-regies, regies entre outros. Enquanto isto, uma ultra

    mobilidade tambm transferida a nveis ascendentes, na era do capital humano.

    Aqui se revela a consequncia deste movimento terico para as sociedades americanas : o

    padro de diferentes sociedades nas Amricas pode ser comparado usando-se suas prprias

    experincias, pela apurao de quais esto preparando um movimento de cidadania qualificada.

    A comparao pode ser realizada graas a pontos de vista interdisciplinares, utilizando-se

    enfoques baseados na Filosofia, Sociologia e Economia. A Hermenutica e a Fenomenologia

    provem uma Antropognese Sociolgica da Ao Hermenutica, mostrando como toda a ao

    interpretativa se forma, constri e amplia. Estende-se os primeiros escritos de Edmond Husserl

    sobre fenomenologia, a escola da ao de Max Weber ampliada por Alfred Schutz, bem como a

    o neo-institucionalismo de Douglass North baseado na ao econmica que cria instituies. Ao

    se revelarem, os tipos sociolgicos trans-americanos so verificados no momento em que

    configuram o seu prprio movimento de representao, que toma a forma poltica14.

    2. Cidadania e diferente conscincia

    Para observarmos o caminho histrico e aplicado, primeiro distinguiremos o conceito

    central de Americanidade do conceito de Americanizao. Compreendemos Americanidade

    como o sentido de viver e compartilhar o espao comum de um continente e hbitos similares

    vinculados necessidade de reinventar a localizao europia em um ambiente em mudana.

    Tambm pela agregao de pessoas de todas as partes do mundo como primeiros ou

    tardios imigrantes onde foi gerado um sentido trans-americano multicultural.

    13Arthur,Brian W. Complexity and Economy, in Science Magazine ,n 284, 1999, pp.107-109 ; Dimers, Daniel(1998). Interpretative Spaces. How Interpretative Spaces constitute Virtual Organizations and Communities.SfS: University of St. Gallen; Heelan, Patrick. After Post-Modernism:The Scope of Hermeneutics in NaturalScience Conference After Post-Modernism, Holland, 1997.

    14Husserl, Edmond (1982). Ideas pertaining to a pure phenomenology and to phenomenologicalphilosophy,London: Taylor Graham Ed.; Weber, Max (1999) Economia e Sociedade. Braslia: Editora UNB; Schutz,op.cit; North, Douglass (1990) Institutions, Institutional Change and Economic PerformanceMassachussets: Cambridge University Press.

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    A Americanidade difere, mas tambm inclui a viso especifica de espaos abertos (como

    a fronteira, definida pela tica do pioneiro dos Estados Unidos, porque a Americanizao podeser entendida como afeio civil rebelde pelos espaos amplos de uma nova sociedade contra os

    territrios europeus fechados, como mostrada nos trabalhos do escritor estadunidense Henry

    Thoreau). Isto teve efeito para a construo dos Estados Unidos nas Relaes Internacionais.

    Em nossa anlise, enquanto pensamos em termos de Americanidade, simultaneamente

    evitamos usar a noo comum de Mundo Ocidental, criada pela percepo dos europeus

    ocidentais vinculada hermenutica que enfatiza passagem da Era Medieval Moderna que

    produziu o outro como o povo oriental e o mundo oriental. Como Edward Said

    perfeitamente mostrou, o oriente uma criao ocidental, porque no h civilizao

    "oriental, mas um grupo de civilizaes tanto no hemisfrio oeste como leste. Mesmo

    discordando desta noo, Samuel Huntington tambm usa viso que implicitamente admite um

    olhar criado pelo oeste sobre o leste, em seu mais amplo paradigma civilizacional .15

    Entretanto, muito mais coerente se falar de uma civilizao europia, que inclui

    Europa Oriental. As Amricas resultaram destes hbitos, cultura e procedimentos, mas tambm

    do mundoIbrico, visto como uma civilizao fronteira. Mas ainda, as Amricas foram tambm

    inventadas pelo encontros com aborgines e com milhes de africanos importados. Como espaomulticivilizacional atual, as Amricas nunca foram exatamente uma civilizao europia, mas

    um Territrio Europeu Cultural Reinventado, que reencontrou o que os europeus consideravam

    o outro.Foi sua primeira reduo sua realidade.

    Eventualmente, no comeo do sculo XXI, as Amricas comearam a criar a sua segunda

    reduo fenomenolgica, visualizando referncias nas suas prprias civilizaes e

    identificando-as entre uma extraordinria composio de diferentes culturas trazidas para o

    continente. Atualmente, esta perspectiva poderia propriamente ser chamada A CivilizaoAmericana Emergente.

    Consideradas estas questes, se pode perguntar: Quais os quadros destas civilizaes

    americanas, suas principais razes?

    H uma cidadania diferente emergindo para congregar campos de conscincia em espaos

    econmicos renovados?

    15Said, Edward(1978). Orientalism: NY: Pantheon; Huntington, Samuel (1997) O Choque das Civilizaes.E arecomposio da Ordem Mundial. Rio de Janeiro: Objetiva.

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    Evidentemente, devido dificuldade de predizer o futuro, estas questes tm apenas

    respostas parciais.3. Economia, cultura e historia

    Se uma cidadania civilizacional significa um consenso mais amplo sobre vnculos

    culturais, as ainda divididas zonas americanas somente encontrariam seus vnculos na poca

    fragmentaria pr e ps Colombiana.

    Do sculo XIII at a Renascena emergiu o Direito Natural junto com os primeiros

    direitos de cidadania civil. Mais ainda, como diferentes autores observaram e sob ngulos

    distintos, os Francos e Anglo-saxnicos receberam amplas influncias das RevoluesComerciais Ibricas. Um processo de vinculao de culturas se ps ento em andamento.16

    Este processo foi estimulado pela reforma religiosa anglo-saxnica e o empirismo e levou

    adiante tambm uma construo emptica racional de forma corporativa do Estado Franco de

    Notveis - mas foi decisivamente influenciado pela avanada reforma poltica que a Ibria fez

    por este tempo. Este ltima foi uma forma peculiar que evitou a confederao feudal por uma

    Monarquia Patrimonial, baseada na dominao pessoal absoluta do Rei, mas que tambm criou

    propriedade particular de carter pblico do Reino. Constrangeu a nobreza aos seus domnios,

    no permitiu uma tradicional aristocracia de terras ou propriedade de terras pelo Clero, mas tinha

    conexes polticas. com as organizaes municipais (concelhos) regulados pelos estratos

    mercantis como parceiros dos empreendimentos martimos.

    Era modelo hbrido remanescente dos Estados Cidades da Renascena baseado na

    centralizao de recursos, com uma produo de riquezas descentralizada, ajudando a inovar na

    produo industrial. A construo de um Estado de autoridade mercantil, empreendedorismo

    ocenico, armas e fogo, ferro forjado e fim da cavalaria, favoreceu a acumulao de capital e

    estruturas polticas que eventualmente levaram Revoluo Industrial.17 O sistema polticoresultou das garantias evoludas interculturais da Ibria desde a hegemonia rabe do sculo VII,

    16Desde o sculo XV, os portugueses foram construtores iniciais de um sistema mundial de aprendizado. Devezas,Tessaleno et Modelski, George, The Portuguese as system-builders in the XVth XVIt centuries: a case study on therole of the technology in the evolution of the world system, Seminar at InternationalInstitute of Applied SystemsAnalysis: Laxemburg, 2006. Tambm Freyre, Gilberto(1947) op. cit., Giddens, Anthony(1987) The Consequencesof Modernity.London: Pluto; Ribeiro, Darcy (1980) As Amricas e a Civilizao.Rio: Civilizao Brasileira17Faoro, Raymundo(1958). Os Donos do Poder.Porto Alegre: Editora Globo

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    que compartilhava inteligentemente elementos opostos das religies Crist, Judaica e Islmica,

    cujos membros oravam juntos na mesma mesquita de Santa Maria de la Blanca de los Toledos.18

    O famoso pico de Cames, Os Lusadas , exaltou as descobertas com valores muito

    mais relacionados ao esprito de experimentao e verdades fundamentais da Renascena do que

    imagem da ordem medieval de valores hierarquicamente definidos, como mostrou Lafer 19.

    Viso tolerante similar ocorreria somente mais tarde na Era Anglo-Saxnica da Rainha

    Elizabeth, no sculo 17: Shakespeare escreve em 1603 seu sugestivo drama Othelo o rei

    mouro.A Ibria era uma fronteira tnica mvel - nem simplesmente Europia nem no-Europia,

    mas uma civilizao intermediria entre mundos Africano, Hebraico, Arbico e Europeu. Isto

    gerou plano de civilizao que operacionalizou uma transio de redes de diferentes climas,

    tipos de solo, raas, culturas, concepes de vida, complexos ecolgicos entre a Europa e a

    Amrica. Finalmente gerou uma contribuio Euro-Africana e Ibrico-Americana entre outras

    coisas , ampliando produo de algodo com escravido para a Amrica do Norte.20

    A crise com o modelo Ibrico comeou com as Revolues Salvacionistas Mercantis

    baseadas em uma estratgia de Roma para restaurar a f. O modelo descentralizado tornou-se

    logo burocracia persecutria atacando talentosos artesos muulmanos e sistemas comerciais

    judaicos, e tambm dinmicos empreendedores.21Esta situao foi transferida para as Amricasatravs da inquisio. A proibio da comunidade poltica e o papel em afastar investidores se

    transformaria em Estados altamente estratificados baseados em vrios nveis de entendimento e

    poder. A regra foi a forma abstrata simptica de So Tomas de Aquino baseada em verificao

    de ordem geral de similaridade, averso a troca lucrativa de aes civis. Distanciando-se do seu

    suporte primrio na sociedade civil, estas zonas se transformaram nas at ento desconhecidas

    periferias das inacabadas Revolues Industriais atravs de honra patrimonial e nveis msticos

    de Monarquia e Hierocracia. A Revoluo Industrial completa emergiria na Europa Nortista eliberaria cadeias de comercio atravs do espao, direitos civis de empreendedorismoe troca de

    valor adicionado.

    18 Los Rios, Fernando de(1940) Spain in the Epoch of American Colonization in Concerning Latin AmericanCulture New York, p.24

    19Lafer, Celso, 0 Problema dos Valores em Os Lusadas.inRevista Camoniana, Vol. II. So Paulo: USP,Institutode Estudos Portugueses, 1965.

    20Freyre, Gilberto(1975) Brasileiro entre os outros hispanos: Afinidades, contrastes e possveis futuros nas suasinter-relaes(o) Rio: J. Olympio

    21Saraiva, Jos Antnio (1909). Inquisio e Cristos-Novos. Porto: Editorial Inova.

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    O capitalismo institucional nortista encontrou novas energias e desenvolveu contratos

    sociais com as fechadas guildas para encorajar troca e suprimento de novas condies paraindstrias ampliadas. 22 Enquanto isto, a alternativa ibrica foi proteger as pessoas depois do

    intenso fanatismo ou perseguio, quando a Companhia de Jesus aceitou um leve protestantismo

    comunal de subjetividade hierrquica. Isto significava quer o crente poderia sustentar o

    conhecimento pessoal a respeito de Deus, mas a f deveria ser apresentada na comunidade de

    crentes: um sentido unificado de hierarquia atravs de uma corporao de esprito, visando criar

    uma ao corporativo-comunitria.

    Diferenas nas Amricas so altamente explicveis desde momento em diante.

    Se a suspeio ibrica foi dirigida contra experimentos utilitrios e empreendedorismo, os

    peregrinos anglo-saxnicos estavam buscando regenerao na sua prpria atividade individual

    constante por intensa aprovao de Deus e desconfiando do Estado porque a pessoa foi

    transformada em um contratante impessoal natural e o credo calvinista engendrou a noo de

    orar pela graa da riqueza.

    A precauo civil dos puritanos fundou o Governo como um contrato em 1620 em

    Plimouth contra a centralizao e para defender liberdade de conscincia.Esta prtica utilitria

    foi logo rejeitada pela ordem de tipo simptica Ibrica e causou tambm desconfiana naracionalidade emptica centralizada franca,onde o individuo permanecia como entidade abstrata

    no Estado - sub-entendido de forma genrica, com franquias limitadas. Estas formas duraram at

    o sculo XVIII e mesmo sculo XIX e contriburam para criar sociedades realmente diferentes.

    Cada discurso relevante diferenciado jogaria um papel scio econmico essencial em

    expandir ou restringir novos nveis e habilidades no sculo XIX, quando as vantagens

    comparativas do comercio britnico ampliaram instituies civis para suportarem os

    investimentos industriais utilitrios.Servios avanados transformaram associaes rsticasartesanais-agrrias anteriores, enquanto economias subsidirias exportadoras nas Amricas foram

    guiadas pelas revolues tecnolgicas britnicas. Estas economias subsidirias exportadoras

    formaram superavits, financiaram importaes e trouxeram emprstimos, em cadeia econmica

    uniforme.A histria destas cadeias econmicas foi largamente mal compreendida. Os equvocos

    22North, Douglass (1981) Structure and Change in Economic History. New York, W.W.

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    mais comuns ocorrem quando se compara a industrializao do continente com a

    industrializao dos Estados Unidos.Elas tm metas e contextos completamente diferentes. Pelo sculo XVIII, quando as 13

    colnias tinham alguma capacidade manufatureira, incluindo siderurgia, a Catalunha espanhola

    exportava algodo para suas colnias e as proibiu de criar produo industrial de algodo. O

    Brasil era um exportador mineral e o Canad era recente assentamento agrcola anglo-franco.

    Mais ainda, no comeo do sculo XIX, depois da independncia dos Estados Unidos, o Canad

    foi temporariamente proibido pela Inglaterra de criar certas industriais pelo temor de competio.

    O principal aspecto aqui, que o relacionamento da Inglaterra com suas 13 colnias

    iniciais foi um tipo de colonialismo gradualmente cooperativo, um sistema muito diferente do

    inter-ibrico. Significava uma diviso cooperativa em modelo de escala de diviso de trabalho e

    peridica permisso para substituir importaes se as colnias pudessem gerar receitas de

    impostos para acompanhar o desenvolvimento londrino isto ocorreria s mais tarde no Canad.

    O Governo ingls tolerava governos responsveis que foram concebidos base de diferenas

    graduais apresentadas em indstrias transformadoras na metrpole e colnias. Havia uma diviso

    de habilidades relativamente comparadas, que ampliaram os meios coloniais de pagamento.23

    Enquanto isto, as metrpoles ibricas competiam e proibiam a produo colonial e istoreforou diferentes sistemas estruturados de conhecimento em ambas as Amricas. A Inglaterra

    operou um reducionismo do seu estilo colonial mas no uma reduo sociolgica mais ampla

    em diferentes partes do continente. Um interface entre as Amricas e Europa decresceu o preo

    dos bens agrcolas para o consumo europeu atravs de explorao de novas terras frteis e

    adicionou alto valor de produtividade.

    Primeiramente, envolveu o comercio externo da Amrica do Norte para a Europa, e este

    fato aumentou a renda local e trouxe imigrantes de varias partes do velho continente. Uma rpidaindustrializao se seguiu nos mercados que j tinham vantagens relativas para produtos

    industriais e trabalhadores industriais habilitados. Entretanto, estes imigrantes transplantados das

    regies interculturais europias, logo criaram auto-identificaes diferentes, uma vez que

    reconheceram a si mesmos como Europeus comformas de vida diferentes.

    23Smith, Tony(1981). The Pattern of Imperialism: the United States, Great Britain, and the Late-IndustrializingWorld Since 1815. Cambridge and New York: Cambridge University Press.p.45-67

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    Uma nova sociedade civil comeou a crescer e tambm conflitos por mais comercio

    renovvel e industrializao. Traduzida principalmente atravs de conflitos por impostos, estasnovas vises foram expandidas nas revoltas canadenses anglo-francesas de Mackenzie e

    Papineau contra a Monarquia Britnica em 1837 bem como na Guerra Civil no Norte dos

    Estados Unidos contra os produtores de algodo do Sul a favor da aristocracia britnica.

    Revoltas similares ocorreram nosul do Brasil em 1835, em luta visando uma Republica

    conta impostos de uma Monarquia central endividada pr-londrina. Conflitos tambm ocorreram

    com argentinos, uruguaios, chilenos do centro-sul, e finalmente com costarriquenhos na primeira

    parte do sculo XX. Todos os grupos coloniais que expandiram a agricultura europia buscavam

    industrializao complementar entre situaes financeiras constrangidas.24 Neste contexto, os

    Estados Unidos tomaram precoce liderana redirecionando o fluxo de capital, Como Hannah

    Arendt claramente mostrou, a Revoluo Americana de 1776 foi feita contra a aristocracia e

    aumento de impostos, mas no havia opresso da misria As treze colnias tinham terras, e os

    homens no estavam submetidos a corporaes de guildas ou Absolutismo Real. 25

    A maioria dos ibricos ficou ainda dividida entre a possibilidade de associar suas zonas

    ao modelo ingls ou conformar-se a assim chamada alcunha de Latina como uma outra

    conscincia. Esta atribuio se integrava influncia poltica francesa representada por umaestratgia geopoltica que tirava vantagem da metamorfose de vnculos culturais baseados no

    Latime na legislao romana que Napoleo III e seu conselheiro Michelet usaram para dividir a

    regio contra o Imprio Britnico.26 Esta influncia corporativa teve importante papel em

    postergar uma sociedade civil institucionalizada e sua realizao complementar, a

    industrializao.

    Para os mexicanos, a resistncia ps-colonial contra os anglos nortistas e a predominncia

    inicial hispnica gerou o curioso e distorcido padro de latinidade, uma concepo difusa no

    24Furtado Celso(1970) Formao Econmica da Amrica Latina.Rio: Lia.; e Anlise do Modelo Brasileiro.(1972) Rio: Civilizao.A permanncia dos sentimentos independentes no estado do Rio Grande do Sul deveu-se a questes entre opes de mercados interno e externo que o aproximavam ou afastavam da Federaointermitentemente, em paradigmas federativos brasileiros sempre incompletos ao longo da Repblica. J sobre aquesto de representao do outro em excluso e incluso nos signos ibero-americanos, ver Fernando Andacht,On (mis)representing the Other in contemporary Latin-American iconic signs in Exclusions/ Economic andSymbolic Displacements in the Americas (dir.ed. D.Castillo Durante, A.Colin et Patrick Imbert. The AmericasSeries, vol 4, Ottawa, Universit dOttawa, Legas, 2005, p.106

    25Arendt, Hannah (1988).Da Revoluo.So Paulo: Editora tica26Pode-se referir aqui invaso do Mxico pela Frana ou tentativa de anexao do Equador por Napoleo III

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    imaginrio de algumas elites mexicanas. Foi curiosamente preferida ao Iberismo, embora

    houvesse a questo importante miscinegada indgena. Esta denominao foi uma das grandesquestes das zonas fraturadascomo observadas por Ribeiro.27Estas eram habitadas por Povos

    Testemunhos e pela memria estagnada ps-colonial de Astecas, Maias, e nas zonas mineiras

    dos Andes de peruanos, bolivianos, chilenos do norte, mas tambm paraguaios e argentinos

    nortistas, que conviveram com um setor completamente estrangeiro dirigido para exportaes e

    incapaz de gerar mudanas econmicas.

    As zonas da Euro-Africa, que Freyre descreve como motivadas por um sentido de tempo

    combinado no espao e inovaes cooperativas de trabalho, se transformaram em zonas hbridas.

    Estas zonas cobrem a populao dos brasileiros do Centro-Nordeste, venezuelanos,

    colombianos.Tm padres de escravido similares de trabalhadores sub-qualificados. As

    plantaes culturais Euro-africanas orientadas em direo Europa externa estabeleceram um

    modelo de produo transcultural tropical de produzir acar competindo com outras colnias

    britnicas e mais tarde competindo com o acar e tabaco produzido no sul dos Estados Unidos.

    Quando o progresso da sociedade civil dos Estados Unidos finalmente substituiu o

    trabalho escravo por pago, deixou uma parte hbrida de migrantes sulistas criando uma regio de

    fronteira mvel porque a substituio de aristocracias sulistas manteve oligarquias de terracompetindo com o empreendedorismo urbano associado nortista dos Yankees.Sua democracia

    baseada em julgamentos dos jris e audincias pblicas seria gradualmente reformulada e

    transformada em poliarquias limitadas, comeando a concentrar o investimento

    Os pioneiros, para quem o mito de eterna conquista mvel em espaos abertos de

    fronteira havia se ido, juntaram-se s aspiraes dos Yankees de pragmatismo econmico e a

    necessidade de por um fim aristocracia.Para isto, a religio, artes, e cultura foram repensadas

    no contexto da mobilidade social.28

    . Esta nova cultura logo se chocou com os mundos herdadosdos francos e ibricos para quem a assim chamada modernizao gerava um sincretismo de

    elementos do pioneiro rural e suas aventuras individuais que dominavam sobre as urbanas. As

    27Ribeiro, Darci, op.cit28H um bom perfil sobre opioneer estadunidense comparado com o explorador bandeirante brasileiro in Moog,Vianna (1956) Bandeirantes e Pioneiros.Porto Alegre: Editora Globo, p. 72. Para uma comparao entre ocoureur de bois no Canad francs e o bandeirante brasileiro, ver: George Lang, Trajets parallles et destinsdivers du voyageurs canadiens-franais et du bandeirante brsilien in Les discours du Nouveau monde au Canadfranais et en Amrique latine au XIXme sicle/Los discursos del Nuevo Mundo em el Canad francfono y enAmrica Latina em el siglo XIX (1995) Marie Couillard et Patrick Imbert, eds.Ottawa: Legas, p.123-130.

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    relaes indeterminadas de etnoclasses indiferenciadas, incluindo afro descendentes, tomaram

    uma forma sincrtica de Americanizao como modernizao de sociedade de massa em ummelting pot. Era uma dinmica que obscurecia o fato de que apesar das diferenas originais, h

    de fato uma modernidade de razes comuns reunindo anglo-saxes, ibricos e francos nas

    Amricas. baseada no esforo de reinventar formas compartilhadas civis de Governanaque

    sucedam a herana aristocrtica oficial europia para criar uma cidadania cvica.

    4. Pan Americanismo e Americanidade Cvica

    Da Conferncia Internacional Americana de 1889 e da Doutrina Monroe um ideal

    muito difuso de Americanizao contra o colonialismo europeu, e a criada Doutrina

    Bolivariana - com muito Iberismo - as Amricas tiveram 105 anos de diferentes discursos at

    1994 e o comeo das negociaes da rea de Livre Comrcio. O que claramente emerge

    somente de forma recente a percepo de uma nova agenda que inclui diferentes ativos como

    padres culturais, inovaes de direitos civis, capital social, e a avaliao sistemtica dos

    especficos e fragmentados programas de 1930 a 1980 doEstado de Bem Estar Social.

    Se todos estes elementos fossem seriamente considerados, resultariam em uma

    concepo ps-europia do continente. Especificamente com relao ao Bem Estar, h um

    entendimento mais claro de que foi um experimento controvertido originado nas vises de elites

    marcadas por tradies culturais europias e seus benefcios transplantados, ao invs de

    processos visando direitos completamente desenvolvidos e tomando em conta dinmicas

    continentais de cidadania. Seria uma cpia das trs originais sucessivas fases que lidaram com os

    direitos civil, poltico e social bem definidos na famosa construo de Thomas Marshall.29Estes

    direitos completamente desenvolvidos somente seriam possveis atravs de continuados

    crescimentos de mercados internos de consumo e renda, poupana e investimentos de Estado.

    Entretanto, cada regio nas Amricas tem padres de estratificao social muitodiferentes. O generalizado avano de direitos civis, para alcanar outras reformas, seria

    condicionado pelo crescimento de produtividade, similar a contratos entre agentes econmicos.

    Estes direitos sempre requerem a formao de renda bruta e compromisso com crescimento do

    PIB e o dficit de desenvolvimento humano ainda coloca ameaa contra uma participao

    eqitativa da Boa Governana. Quando se considera a presente agenda de polticas fiscais,

    29Marshall, Thomas(1967) .Cidadania, Classe Social e Status.Rio: Zahar Editores

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    embora haja consenso de seu pr-requisito para melhor produtividade, ela tambm traz discurso

    monetrio com as mesmas negativas conseqncias das primeiras reformas pretendidas do Pan-americanismo dos anos 1960. Ambos contm a idia de projetar o passado dos Estados Unidos

    como caso exemplar a ser atingido. Assumem que a grande diferena entre regies poderia ser

    eliminada ou simplificada somente pelo sucesso no planejamento de alocao de capital depois

    da reforma fiscalque induziria a capacidade dos agentes de mercado. O investimento resolveria

    as assimetrias.

    5. Sociedade civil e Capital Social

    O novo movimento da sociedade civil que gradualmente originou desde os anos 1980 a

    ao de Capital Social, comea a mudar esta viso grandiosamente errnea: como foi visto, os

    Estados Unidos so um exemplo singular de precoce gerao industrial e formao de receitas

    adicionais ao Reino Britnico, que culminaram com uma revoluo transformadora que inverteu

    campo de habilidades e capital. A Guerra Civil reforaria esta formao na homogeneidade

    social e distribuio de conhecimento em mdias de qualificao e formao de capital.

    Desenvolvimento, como o prprio caso dos Estados Unidos indica, inclui uma transformao

    societal que recontextualiza relaes tradicionais, e ainda no sculo XIX aps a Guerra Civil,houve reformas em propriedades agrrias e apoios em modos de gerenciar educao, sade e

    mtodos produtivos por ao comunitria intensiva, com grandes invenes. H hoje crescente

    percepo de que melhores e mais eficientes instituies podem ser criadas se mudanas so

    assumidas pelos atores de acordo com suas diferentes dimenses. Seus recursos disponveis

    aumentam quando compartilham cadeias evoludas de experincia de conhecimento.

    Conceitos progressivos como equidade foram conceitualmente mudados para incluir

    dimenses de gnero, respeito a grupos tnicos e minorias, ao ambiente, equidade

    intergeracionale outros aspectos humanos. Estas percepes cvicas renovadas comearam com

    a conscincia de que mudanas no podem ser levadas adiante somente por organizaes

    governamentais ou setor privado, mas tambm por organizaes sociais e aes comunitrias.

    A Reforma do Estado est buscando convergncia que necessita novas competncias dos

    cidados como as de lideranas empreendedoras sociais, trabalhadores de conhecimento,

    lideranas sindicais, associaes civis, organizaes feministas, lideres aposentados experientes

    e organizaes ambientais. A viso dos anos 1990 da rede de Capital Social se moveu para alm

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    da diviso entre papel de Estado e setor Privado. Esta tendncia a reinventar associaes no

    estranha formao do continente, onde a mobilidade social diferente da rigidez do statusfundamental europeu onde houve tradio de democracia aristocraticamente constituda. Autores

    muito diferentes como Francis Fukuyama, Robert Solow, James Coleman, Robert Putnam e John

    Durnston perseguiram a seguinte linha de pesquisa: O que Capital Social e como funciona? 30

    Apesar das difusas concepes do mundo acadmico, das sociedades civis, partidos

    polticos e agentes sociais, todas as definies focam na implementao de confiana,

    reciprocidade e cooperao em gerar recursos, criao de valor adicionado, em diferentes

    tarefas cooperativas, e distribuio da informao que realmente estimula e d vantagem

    sociedade.

    Fukuyama considera normas compartilhadas e valores que promovem cooperao social

    e medem fins econmicos. Para Solow, embora a expresso capital no seja adequada

    porque homognea, fungvel e mensurvel, a fora de relaes sociais cria valor agregado na

    vida econmica. Coleman a considera uma estrutura criada por capital humano por si mesmo,

    baseada em confiana, reciprocidade e normas coletivas. Putnam o segue afirmando que

    comunidades cvicas utilizam os benefcios da cooperao. Finalmente, Durnston estatui que o

    capital social amplia iniciativas individuais e comunitrias e tambm cooperao pessoal eimpessoal, para compensar recursos, organizaes e instituies difusas, e prticas.

    O que estes autores confirmam que a sociedade tem um pertencimento ampliado dos

    vnculos internos familiares, associaes at as relaes multibiogrficas, que s bem sucedido

    quando reconhece diferentes caractersticas de cada grupo. A transferncia uniforme de capital

    dominante abstrato impessoalprovou no ser confivel suficiente para agentes que constroem

    um modo comunitrio de desenvolvimento sustentado. A criao de dinheiro apenas parte do

    pagamento. A confiana pode ser adquirida por uma rede de empreendedores em camposrelacionados de capital social vinculados a diferenas culturais. Neste caso, a sociedade civil

    30Fukuyama, Francis (2001) Capital social y desarrollo: la agenda venidera, in Capital social y reduccin de lapobreza en Amrica Latina y el Caribe: Captulo II, CEPAL Solow, Robert (2000) Notes on social capitaland economic performance, in Social Capital: A Multifaceted Perspective, Ismail Serageldin y ParthaDasgupta (comps.), Washington; Coleman, James S. 2000. Social Capital in the Creation of Human Capital.In:Eric Lesser (ed.) Knowledge and Social Capital. Boston: Buerworth & Heinemann, 2000: 17-42; Putnam,Robert. (1995). Tuning in tuning out: The Strange Disappearance of Civic America.PS: Political Science andPolitics, Vol. 28, N 4 (Dec., 1995), 664-683; Durnston, John (2002).Capital Social: parte del problema, partede la solucin.Su papel en la persistencia de la pobreza en America Latina y el Caribe, in Capital Social.Santiago: CEPAL

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    est sendo ampliada por outros direitos civisuma vez que a competio tnica pela influncia e

    apropriao de parte do dispndio pblico e posies resulta em movimentos culturais decidadania. Estes movimentos vieram complementar as chamadas sociedades de massa asim

    definidas por muitos pensadoresdos anos 1950 at comeo dos anos 1970. Estas sociedades

    foram representadas por agregao etno-cultural declasses miscigenadasem consumo.

    Sua singularidade foi baseada na tradicional cidadania civil de uma famlia formulada

    como time patriarcal de consumidores. Desta fase uniforme industrializada de etnicidade

    acomodada, as naes americanas, tendo o Canad frente, esto evoluindo para uma

    congregao de direitos atravs de uma sociedade aberta com resultados produtivos. Banting et

    Kimlycka (2003) mostraram que, contrariamente ao senso comum, valioso notar, que a

    desigualdade em 1999 foi levemente mais baixa do que no comeo dos anos 1970, quando o

    Canad comeou a desenvolver suas polticas multiculturais.31

    Apesar da falta ainda de estudos mais aprofundados, h clareza de que a regulao

    multicultural canadense no apenas evitou polarizar a sociedade em linhas tnicas, mas ampliou

    educao comum enquanto aprimorava potencialidades diferenciadas. um resultado

    promissor, uma vez que pesquisas empricas preliminares mostraram que divergncias sociais de

    barreiras sociais de comunicao afetam a produtividade.32A cidadania interconectada demovimentos sociais institucionaliza sociedades civis por formas judiciais que organizam

    demandas e relaes com atores mais poderosos. Cria vnculos entre decises e formuladores de

    decises e serve aos demandantes de servios aumentando a capacidade e competncia dos

    atores civis para interferirem na produo legislativa e ampliarem direitos sociais.

    Esta conexo continuada tem dinmica social distinta embora em relacionamento

    aparea como uma unidade coletiva sob parceria, evoluindo atravs do multiculturalismo. Isto

    diferente de vrios movimentos ibricos que se enraizaram na forma de universitas comunitasou uma unidade orgnica de hierarquia.33H hipteses de que este tipo ltimo de corporao

    universal tenha produzido desigualdades no desenvolvimento social ibero-americano, ao impor

    31 inDo multicultural policies erode the Welfare State?(2003), Queens University. Paper to the Conference NewChallenges for Welfare State Research, International Sociological Association, Toronto.

    32 Grafton,Kentin;Knowles,Stephen and Owen, Dorian(2002). Social divergence and productivity: making aconnection, in Review of Economic Performance and Social Progress, pp.203-224, Ottawa.

    33Universitas foi substituda atravs da histria pela societas uma unio de Estados associados em um contratoonde individuos entram em sociedade.in Gierke, Otto(1951).Natural Law and the theory of Society 1500 to1800.Boston: Beacon

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    sincronias cognitivas de baixa densidade e relaes assncronas verificveis na ampla

    populao dependente de reproduo de profisses tradicionais. Devido ao crescimento deheterogeneidade desqualificada e baixa produtividade, houve desigualdade e estratificao social

    reordenada, em sucessivas ondas de processos tnicos de classe, enquanto o constante trabalho

    de baixa rendamanteve pequenos mercados de consumo. Nos anos 1980, novos movimentos

    sociais ocorreram com o choque de transio entre classes e nveis de grupos excludos.

    No momento em que um novo ciclo se abria, sociedades mais organizadas de direitos

    civis substituram a representao de tradicionais sindicatos corporativos de empregados ou

    empregadores com seus desatualizados contratos sociais. Embora propostas neoconservadoras e

    neoliberais identificassem fortemente qualuqer alternativa transamericana somente com uma

    reforma baseada em estrita economia de mercado privada tradicional, evidncias tambm

    mostram importante presena de uma sociedade diferente, conectada com responsabilidade civil.

    a possibilidade de transformar a face de uma economia liberal de tipo excessivamente

    Difusa, sem voltar a um Estado tradicional com senso superprotetor intervencionista.

    6. Padres emergentes:quarta cidadania, corporaes e Governana

    Ambos os hemisfrios das Amricas esto reavaliando suas opes e seus valores

    intercambiveis. As sociedades anglo-saxnicas nortistas reexaminam a sua idia de

    individualizao radicalna busca pelo igualitarismo nos nveis individuais como sinnimo de

    oportunidades iguais. Esta crena na extrema igualdade de oportunidades se origina na prtica

    fundamental da f e da ao comunitria religiosa que no percebeu que a prtica igualitria no

    homognea, pois ela exatamente o reconhecimento de diferena entre normas

    compartilhadas reconhecidas. A diferente produtividade, por exemplo, transferida dos

    trabalhadores mais competentes para os menos competentes seguindo diferentes momentos

    potenciais de aprendizado, em tempos sociais relativamente diferentes.

    O que permanece presente a deciso de acelerar a transferncia e capacidade de

    aprimoramento. Esta dinmica central tanto no social liberalismo como na social democracia.

    So regimes semelhantes, e o ltimo mais propenso ao do Estado do que o primeiro.Se o

    contrrio fosse verdadeiro com extremo igualitarismo liberal, haveria um liberalismo

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    conservador indiferente com nveis uniformes e vnculos sociais debilitados isolando a

    competio no nvel apenas individual, baixando a produtividade.Evidncias mostram que isto ocorreu nas sociedades mais conservadoras. Os vnculos

    sociais so estocados ao mnimo nvel de uso para a vida social diria. Acumulao de

    ressentimentos civis podem fazer tambm decrescer a produtividade totalporque, como visto

    antes, a produtividade resulta de potencialidades diferentes e oportunidades que so ampliadas e

    intercambiadas conforme diferenas, enquanto maiores barreiras na comunicao social

    aumentam custos sociais. Isto pode explicar a queda persistente de produtividade durante o

    perodo Tatcher na Gr-Bretanha, embora o sucesso na luta contra a inflao e aumento na

    lucratividade para acionistas. O emprego decresceu e a renda disponvel foi altamente

    concentrada.34

    O famoso ascetismo intramundano abstrato e uniforme que Max Weber identificou nas

    sociedades orientadas pela tica da Reforma Protestante alcanou o objetivo de investimento de

    capital, mas muitas relaes pessoais foram convertidas em riscos calculados para socializao

    diria, evitando expandir formas de associao cooperativa. O sentimento comunitrio foi

    separado de acordo com cada orientao de f e vinculado ao individuo. Com a presena de

    movimentos tnicos e a chegada de imigrantes de diferentes crenas no presente, despertou-seuma etnicidade congregativa diferenciada e uma cultura que so princpio de experimento para as

    sociedades norte-americanas.

    Por outro lado, no Sul, o exemplo nortista de mobilizao ativa visando aumentar a

    necessria controlabilidade de eleies, com sociedades civis organizadas emediaatentas, est

    sendo seguido pelas sociedades ibricas. Estas sociedades tambm comeam a usar o Poder

    Judicirio em processo mais amplo de judicializao poltica. Reformas constitucionais

    deram outro papel a este Poder, primeiramente na Carta de Direitos Canadense de 1982, seguidapela Constituio Brasileira de 1988 e a Argentina de 1994, entre outras.A confiana cooperativa

    congrega a sociedade e mantm a clssica busca de liberdade como auto-interesse que os

    34 H dados consolidados da produtividade histrica da Gr-Bretanha mostrando a performance.O resultado porpessoa empregada cresceu 3.2% ao ano nos anos 1960, mas nos anos 1970 e 1980 a taxa caiu para apenas 1.6%ao ano.Nos anos 1990, no houve nenhuma melhoria.The Economist.com , de 19 de janeiro de 2006 trouxeuma edio sobre a produtividade britnica, mostrando que o Pas ainda se retarda em comparaesinternacionais.Em 2004, o resultado por hora trabalhada era 19% mais alto na Frana, 15% mais alto nosEstados Unidos e 5% mais alto na Alemanha.

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    imigrantes vindos para a Amrica consideram busca de autonomia. Masisto conectado com a

    crena em uma busca renovada da capacidade comunitria como caminho para empoderarindivduos como pessoas morais, agentes sociais.Ambas as noes pertencem revoluo

    associativa criada pelas Organizaes No-Governamentais.

    Esta quarta gerao de cidadania est, portanto pronta para ir alm dos direitos coletivos

    uniformes que produzram os Estados Nacionalistas Populistas com suas Assemblias Gerais.

    Simultaneamente, tambm tendem a contestar a ruptura radical neoliberal feita com o passado,

    em concepes superficiais de modernizao. A real modernidade das Amricas se verifica em

    economias com etnias diferentes que estimulam comparaes desta diferena para buscarem uma

    etnia social em uma sociedade de mercado que comea a avaliar e distribuir produtividade.

    Isto se torna mais claro tanto nos textos de Rogers Brubacker como de Rhoda Howard

    Hassmann. Brubacker mostra que a construo social cognitiva de raa, etnicidade e nao pode

    tambm levar a uma agenda construtivista focada em atividades de normas comuns na vida

    diria. Valores so avaliados pelas contribuies de cada campo diferente qualificado.Se a

    etnicidade compreendida como uma forma de entender, interpretar, e formular experincias, as

    descobertas empricas revelaram mais ainda que raa, etnicidade e nacionalismo tm

    microdinmicas que esto vinculadas a macronveis de estruturas e processos.35Em Howard Hassmann, a etnia social se mostra construda, e formas polticas tm

    responsabilidade nesta construo. Como no caso canadense, onde tanto os nascidos de

    imigrantes como os imigrantes tm demonstrando em pesquisas sentir-se canadenses, porque

    vivem dentro de uma realidade onde constroem oportunidades em meio aos nascidos de vrias

    imigraes anteriores. A poltica do multiculturalismo permite e at encoraja os canadenses a

    reterem aspectos ancestrais de seus costumes e sua lngua, mas o que se verifica que isto no

    desfaz a tendncia da maioria em se tornar canadenses tnicos.O liberalismo multicultural aceita a contribuio de grupos diferentes para o

    aprimoramento do prprio canadianismo e aumenta a participao diferenciada, estimulando

    produtividade e evitando comunidades fechadas. A populao tornou-se crescentemente

    favorvel a casamentos intertnicos e apenas 15% discordam de casamentos inter-

    raciais.Formam-se comunidades socialmente negociadas pelos participantes, de uma sociedade

    35Brubaker, Roger,Loveman,Mara and Stamatov, Peter(2000) Etnicity as a cognition.Grupo de pesquisas.LosAngeles:UCLA,University of Wisconsin-Madison e Yale University

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    civil compartilhada. A etnia canadense se afirma nos costumes comuns, crenas e rituais, normas

    e convenes sociais.O reconhecimento das diferenas gera novos resultados sociais.36

    Estas constataes autorizam a hiptese de que quando as competncias so variadas,

    aprimoram inter-potencialidades no mensuradas no modo uniforme da segunda revoluo

    industrial. Na sociedade ps-industrial e para alm da validao de mitos comuns e smbolos de

    fronteiras territoriais, emergem direitos cvicos. Forjados pela solidariedade de memria

    compartilhada e smbolos de padres de linguagem pelas instituies educacionais, mas

    completamente diferentes da segunda revoluo, quando a Nao era uma empresa educacional

    de multido. Nesta, o tempo social preenchia o que Alain Touraine chamava de completa

    historicidade, e era ocupado pelos estratos sociais com seu lugar na produo, fazendo a

    sociedade identificar-se com suas instituies sociais e econmicas como legitimao de classes

    sociais que a dominavam. A gradual emergncia da sociedade ps-industrial diferencia estratos e

    servios diferentes pelos seus campos de ocupao, que tambm transformam a sociedade em

    uma criao e representao para si mesma e no para outras finalidades.37.

    Se homens e mulheres diferentes compartilham normas comuns tcitas e explcitas e

    dividem modos de viver e crenas embora seguido divirjam em ritos e valores que

    compartilhem as naes avanadas gradualmente compartilham modelos de vnculos tnicos.Produzem novos espaos para ampliar rotinas que mudam territrios corporativos.Este fato foi

    tambm observado por Patrick Imbert, quando o autor comeou a investigar diferentes dinmicas

    de culturas locais nas Amricas.As comunidades compartilham espaos renovados que podem

    imediatamente transformar estruturas familiares pelo mundo de rede porque mudam a dimenso

    de rotinas em qualquer lugar.38Elas mostram o desejo de redefinir sua prpria historicidade.

    Porm, se a Americanidade aparenta ser a base de nova etnicidade social um direito

    civil que completa a primeira cidadania civil e tem o sentido de despertar para tradies docontinente esta transformao teria que ser confirmada na nova Governana, vinculada s

    mudanas nas corporaes privadas. Esta uma questo muito importante, uma vez que estas

    organizaes so pessoas morais que operaram primeiros deslocamentos territoriais em

    36 Howard Hassmann, Rhoda Canadian as an ethnic category: implications for multiculturalism and nationalunity, in Canadian Public Policy, Vol. XXV, n 4, 1999

    37Touraine, Alain(1994) La Societ Ps-Industrielle.Paris, Fayard38Imbert, Patrick(2001) Postmodern and postcolonial dynamics and the local cultures in Canada, Mexico, United

    States and Latin America, in http://www.uottawa.ca/academic/arts/lettres/discours/mondialisation/htm

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    fronteiras continentais abertas. Corporaes avanadas j se organizam pela forma

    empreendedora de tipo federal. Elas j confederam diferenas sob parcerias utilitrias, mas opapel discutido da Responsabilidade Social Corporativa ainda no se combinou em uma forma

    estruturada de Capital Social, gerando responsabilidades comunitrias crescentes.

    A compreenso jurdica anglo-saxnica de sociedade civil percebe a representao de

    direitos de propriedade da corporao como direitos civis plenos de pessoas morais. As

    companhias tm liberdades bsicas iguais como qualquer pessoa ou associao de indivduose

    tm poderes delegados de pessoas. Cada corporao uma pessoa moral plena na lei com

    completa confiana para atuar e deliberar e frequentemente concentra grande poder 39. Estas

    companhias foram criadas sob liberdade de uma democracia corporativa, somente se

    submetendo arbitragem civil contra o anterior Estado Real Absoluto.As culturas ibricas e

    francas tm clara resistncia a esta viso, porque tm a idia de uma sociedade corporativa

    popular atravs daestratificao do territrio e vem a democracia como ordenao do Estado

    pelo Estado, em agentes polticos modificados.

    Uma idia mista intermediria da livre empresa anglo-saxnica com a comunidade

    deliberativa de associao pela democracia judicial (pois o conceito tanto ibrico como franco do

    Estado de Direito converge com o rule of lawanglo-saxo) poderia ser o prximo passo coerenteno avano de um Estado de acionalismo compartilhado que foi o que construiu nos Estados

    Unidos o que se chama de democracia de acionistas . Talcott Parsons o observou como um

    padro central naquele pas. Vrias organizaes, sindicatos, instituies de aprendizado e

    sociedades de inovaes atuam hoje como sociedades ps-capitalistas, porque visam resultados

    sociais, congregadas em lei por fundos mtuos, fundos de penso, poupanas de aposentados e

    outros acionistas seguradores. Nos Estados Unidos, esta figura chamada de empreendedor

    social, e difere do empresrio de negcios porque busca investimentos com lucros sociais emamplos crculos de atividades socialmente conectadas, investimentos de pesquisas, escolas e

    representa ao redor de 30% do PIB. O capital de empreendedores j desenvolve uma cadeia

    muito mais ampla de acionistas, pois a propriedade transformada em valor adicionado de

    conhecimento, como antevista por Peter Drucker, em The Learning Organization40.

    39 Freitag, Michel, (1996) La mtamorfose, gnese dune societ ps-modrne en Amrique. Societ, n.12-13,Montreal: Canada

    40Ver a srie de Peter Drucker sob o titulo de The Age of Social Transformation, Atlantic Monthly

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    7. Concluses

    Nas Amricas, a rota para o desenvolvimento pode ser ampliada atravs de campos de

    conscincia complementar no sistema de aprendizado de uma concepo ps-Europia

    amadurecida. Isto pode ser aberto pelo aprimoramento da produtividade de diferentes

    sociedades, deferentes realidades trans-americanas, bem como maximizando tendncia a

    construir direitos civis de cidadanias congregativas.

    A idia de um paradigma ps-europeu, evidentemente toma em conta instituies

    europias herdadas, modificando-as em um novo ciclo de representao e desenvolvimento das

    prprias instituies americanas, em configurao com instituies europias das quais partiram.Como foi visto, est em andamento uma nova dinmica vinculada a direitos cvicos,

    como conceituada por Jeffrey Alexander. Difere dos primeiros direitos civis ao reconhecer

    solidariedades compartilhadas que se complementam, mas que no so mais niveladas

    estreitamente como as anteriores41.Estas solidariedades juntam aspiraes, metas e valores para

    distriburem benefcios aos menos capazes nas sociedades.

    As evidncias mostram que quanto mais eficiente a ao cvica, mais prxima a

    distncia entre acordos e distribuio de conhecimentoque qualifica para a homogeneidade e

    produtividade bsica. Embora direitos nacionais e deveres ainda venham a continuar atuando em

    documentos relevantes, direitos econmicos ou Governos, residncia ou vnculos genticos, uma

    cidadania diferente pode ser gerada por nveis ampliados de compreenso. Isto demonstra

    importncia e urgncia em disseminar elaborado nvel de educao, especialmente nos paises

    ibricos: na idade de 25 anos, os 10% mais ricos tm de 5 a 8 anos de educao extra em

    comparao com os 30% mais pobres. Um empreendedorismo socialpode ampliar o sistema

    poltico. Esta possvel quarta gerao de direitos seria tpica forma de desenvolvimento trans-

    americano de Capital Social a re-especializar anterior Estado de Bem Estar de modo criativo.Poderia tambm auxiliar convergncia em uma democracia multidimensional do sculo XXI .42

    41Alexander, Jeffrey (2003) The meanings of social lifeA cultural sociology.New York: Oxford42Hardin, Russel. Street Level Epistemology and Democratic Participation in The Journal of Political Philosophyv.10, number 2, NY, pp.212-229.Demandas de conhecimento nas democracias avanadas reivindicam alm dotradicional Estado Industrial por Sade, Educao Universal, Salrio Mnimo, Imposto de Renda.Temas comoAmbiente, Militarismo, Segurana, Pesquisa Cientfica, Descobertas da Sade, Engenharia Gentica, so vistos forados conflitos de oramentos, por benefcios proporcionais a eleitorado multidimensional, com padres diferenciados.