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Página 1 de 201 NEEMIAS NEEMIAS LADRILHOS DA LADRILHOS DA LIDERANÇA BÍBLICA LIDERANÇA BÍBLICA Manual do estudante Manual do estudante Um Curso do Livro de Neemias Escrito Por Profesor Eric Pennings [email protected] Decano Acadêmico Associado para a América Central Seminário Internacional de Miami Miami International Seminary (MINTS) 14401 Old Cutler Road, Miami, Florida, 33158 Teléfono: 305–238–1589 Email: [email protected] Sitio de Web: www.MINTS.edu

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NEEMIASNEEMIASLADRILHOS DALADRILHOS DA

LIDERANÇA BÍBLICALIDERANÇA BÍBLICA

Manual do estudanteManual do estudante

Um Curso do Livro de Neemias

Escrito Por

Profesor Eric [email protected]

Decano Acadêmico Associado para a América CentralSeminário Internacional de Miami

Miami International Seminary (MINTS)14401 Old Cutler Road, Miami, Florida, 33158

Teléfono: 305–238–1589 Email: [email protected] de Web: www.MINTS.edu

Janeiro, 2009

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ÍNDICEÍNDICE

Índice................................................................................................................................2

Introdução.……………………….……………………………………………………..4

Esboço das sessões ..........................................................................................................7

Resumo das Tarefas Para o Curso de Neemias ...…………..……………….......….11

Capítulo 1 – O Ladrilho da Fé (Neemias 1:1 – 2:8) ...................................................16

Comentario Sobre a Hermenêutica Bíblica ..............................................................16

O Contexto Histórico de Neemias ............................................................................17

Tema Principal e Temas Secundários de Neemias ...................................................20

Leitura e Comentário De Neemias 1:1 – 2:8 ............................................................23

Folha de Estudo Bíblico Para Neemias 1:1–4 ..........................................................28

Capítulo 2 – O Ladrilho da Oração (Neemias 2:9 – 4:23) ........................................34

Comentario Sobre a Perspectiva Histórico-Redentiva .............................................34

Leitura e Comentário de Neemias 2:9 – 4:23 ...........................................................36

Capítulo 3 – O Ladrilho da Disciplina (Neemias 5:1 – 7:3) ......................................45

Comentário Sobre a História de Jerusalém ...............................................................45

Comentario de Neemias 5:1 – 7:3 ............................................................................47

Capítulo 4 – O Ladrilho do Ensino Bíblico (Neemias 7:4 – 8:18) ............................57

Comentário Sobre a Lei De Deus .............................................................................57

Comentário de Neemias 7:4–8:18 ............................................................................59

Capítulo 5 – O Ladrilho da Reconciliação (Neemias 9:1–37) ...................................67

Comentario Sobre a Soberania de Deus Em Neemias ..............................................67

Comentario de Neemias 9:1–37 ...............................................................................69

Capítulo 6 – O Ladrilho do Caráter do Líder (Neemias 9:38 – 10:39) ....................76

Comentario Sobre o Pacto ........................................................................................76

Comentario de Neemias 9:38–10:39 ........................................................................78

Capítulo 7 – O Ladrilho da Gratidão (Neemias 11:1 – 12:47) ..................................85

Comentario Sobre a Gratidão ...................................................................................85

Comentario de Nehemías 11:1 – 12:47 ....................................................................87

Capítulo 8 – O Ladrilho do Testemunho Cristão (Neemias 13:1–31) ......................94

Comentário Sobre a Missão em Neemias .................................................................94

Comentário de Neemias 13:1 – 13:31 ......................................................................97

Conclusão ....................................................................................................................102

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Bibliografia ..................................................................................................................105

Apêndices .....................................................................................................................112

Apêndice 1 – Pautas para a Exegese .....................................................................112

Apêndice 2 – Métodos de Estudo Bíblico .............................................................121

Apêndice 3 – Cronologia do Exílio .......................................................................127

Apêndice 4 – Jerusalém no Tempo de Neemias ....................................................128

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INTRODUÇÃO

O livro de Neemias é um livro pouco conhecido. Ele conta a história do povo de

Israel numa época de muita dificuldade. Minha esperança é que Deus use o estudo de

Neemias por meio do presente curso para ajudar o seu povo hoje tal como Neemias

ajudou ao povo de Deus há 2500 anos. Hoje em dia necessitamos de uma liderança forte

para enfrentar os desafios tanto externos como internos da igreja. Deus utilizou a

Neemias em seu tempo no desenvolvimento de Seu plano de redenção para que nós hoje

possamos estender o reino de Deus com os mesmos ladrilhos da liderança que Neemias

demonstrou.

O livro de Neemias está escrito no mesmo contexto histórico de vários outros

livros bíblicos. O aluno se familiarizará com os ditos livros também. Ademais, no início

de cada capítulo tem uma reflexão relacionada ao tema do capítulo.

Propósito do Curso: O propósito do curso é que o aluno aprenda o gênero

literário narrativo histórico da literatura bíblica. Por meio do presente estudo, o aluno

aprenderá a mensagem chave de Neemias e poderá aplicá-lo a sua vida e seu ministério.

Resumo do Curso: O título do curso resume o seu conteúdo. A mensagem

central do livro é a história de como Deus usou a liderança exemplar de Neemias para

confirmar o pacto que Ele havia feito com o povo de Israel. Neemias mostra essa

liderança durante a reconstrução de Jerusalém e na reforma que se levou a cabo entre o

povo depois de que a construção foi terminada. Há muitos elementos importantes na

liderança bíblica exemplar. Neste curso serão analisados oito destes elementos,

cada qual formando um “ladrilho”1 do que é a liderança bíblica. O curso terá um

enfoque de cunho missionário.

Objetivos do Curso: Os objetivos do curso são os seguintes:

1) O aluno participará dum grupo de aprendizagem;

2) O aluno se familiarizará com a bibliografia referente ao estudo de Neemias;

1 O dicionário da Real Academia Española define ladrilho como: “Massa de barro, em forma de paralelepípedo retangular, que, depois de cozida, serve para construir paredes, revestir habitações, etc”. E de acordo com o Dicionário Michaelis on line, ladrilhar significa revestir de ladrilhos (um pavimento, um piso). A intenção do autor é mostrar que os oito ladrihlos mencionados neste módulo, devem pavimentar a vida do líder, tornando a sua liderança mais eficaz. Nota do Tradutor.

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3) O aluno desenvolverá o tema principal e temas menores do livro de Neemias;

4) O aluno aprenderá a perspectiva histórico-redentiva da interpretação bíblica;

5) O aluno aplicará princípios bíblicos da interpretação das Escrituras Sagradas;

6) O aluno preparará um trabalho prático sobre um tema do curso;

7) O aluno refletirá sobre seu papel no ministério da igreja;

8) O aluno memorizará oito versículos chaves de Neemias

Estrutura do Curso: Os estudantes terão duas opções para a administração do

curso:

1) Educação a Distância – O professor visitante dará uma conferência de oito

horas de orientação e introdução ao curso. Sob a supervisão do mesmo professor, um

facilitador se encarregará das aulas seguintes, de aplicar as tarefas e a prova e mandá-las

ao professor para a correção. Os alunos se reunirão 8 horas, no mínimo, como grupo

para compartilhar juntos as tarefas, os temas, e o projeto final.

2) Educação por Extensão – Um professor visitante viajará ao centro de estudos

durante o transcorrer do curso. Terá um mínimo de 15 horas de aula. Ele se encarregará

do ensino e da administração do curso. O coordenador do centro de estudos manterá os

dados e informações dos alunos.

Materiais Para o Curso: O aluno terá à mão o manual do estudante para o

curso. Além disso, terá leituras adicionais. As maiorias das leituras se encontram na

Internet. As instruções para leituras da Internet serão encontradas em “Esboços das

Sessões” (veja-se a página seguinte). Várias leituras se encontram nos apêndices do

manual do estudante.

Para os que têm acesso do livro de Charles Swindoll, Liderança em tempos de

crise, Editora Mundo Cristão, haverá opção de leituras nele também. Note-se que os

capítulos em seu livro não concordam exatamente com a divisão das sessões adotadas

neste curso.

Requisitos do Curso: Os requisitos para o curso são os seguintes:

1) O aluno assistirá a 16 horas de aula.

2) O aluno cumprirá com as tarefas propostas no manual do estudante.

3) O aluno se familiarizará com as leituras relacionadas com o livro de Neemias.

4) O aluno desenvolverá um projeto especial relacionado com o curso.

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5) O aluno fará o exame final.

Avaliação do Curso: A avaliação seguirá os requisitos estabelecidos:

1) Participação do estudante (15%) – Por cada hora que o aluno assiste se lhe

dará um ponto.

2) Tarefas de classe (15%) – O estudante receberá 2 pontos por fazer a “folha de

estudo” (1 ponto) e por responder as perguntas ao fim de cada sessão (1 ponto);

3) Leituras obrigatórias (20%) – Há leituras designadas de umas 300 páginas

divididas em oito sessões. As leituras se encontram no site do MINTS: www.mints.edu

(na página em espanhol sob o título “Cursos por Eric Pennings”). Nas leituras o aluno

deve ler aquela designada e escrever uma reflexão de uma página, segundo as instruções

na lição. Veja-se apêndice 5 (Pautas para reflexão de leituras).

4) Projeto especial (30 %)

4.1 Alunos do Nível de Bacharelado - Não terão que fazer leituras adicionais.

Ele desenvolverá um projeto especial de 5 páginas. O projeto deve seguir o formato

dado no Apêndice 1 (Pautas para a Exegese). Terão somente que fazer a parte da

pesquisa do apêndice 1. Não terão que fazer a última parte que se chama ‘Conclusão’.

4.2 Estudantes do Nivel de Mestrado – Terão que ler 200 páginas adicionais e

apresentarão um projeto de 10 páginas. O projeto deve seguir todo o formato dado no

Apêndice 1 (Pautas Para a Exegese), refletindo o conteúdo das sessões, as leituras

designadas e as leituras adicionais. Para os que têm o livro de Charles Swindoll,

Liderança em tempos de crise, Editora Mundo Cristão, poderá ser feita a leitura

adicional deste livro.

5) Exame final (20%) – O aluno demostrará seu conhecimento acerca dos

conceitos e conteúdos dos materiais do curso.

Benefícios do Curso: Ao concluir o curso, o aluno poderá utilizar o trabalho

feito no projeto especial para preparar um sermão ou uma aula de escola dominical ou

mesmo um artigo, etc. Também poderá desenvolver uma série de ensinos sobre o livro

de Neemias.

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ESBOÇO DAS SESSÕES

Sessão 1 - O ladrilho da Fé (Neemias 1:1 - 2:8)

1.1. Oração de abertura

1.2. Devocional breve

1.3. Apresentação de alunos e professor

1.4. Revisão da Introdução ao curso (objetivos, requisitos, avaliação, etc.)

1.5. Revisão do projeto especial (se usará o apêndice 1: Pautas Para a Exegese

como guia)

1.6. Revisão do esboço das sessões

1.7. Revisão da Sessão 1 do manual do estudante

1.7.1. Comentário sobre a hermenêutica bíblica

1.7.2. O contexto histórico de Neemias

1.7.3. Tema principal e temas secundários de Neemias

1.7.4. Leitura e comentário de Neemias 1:1 – 2:8

1.7.5. Folha de estudo bíblico para Neemias 1:5-11

1.8. Tarefas para a Sessão 1 – Observe o resumo das tarefas com o título

“Resumo das tarefas para o Curso de Neemias” (será revisada na próxima sessão).

Sessão 2 – O Ladrilho da Oração (Neemias 2:9 – 4:23)

2.1. Oração de abertura

2.2. Devocional breve

2.3. Revisão das tarefas feitas da Sessão 1

2.3.1. Revisão dos versículos que memorizaram

2.3.2. Revisão das perguntas respondidas

2.3.3. Apresentação oral dos temas escritos

2.4. Revisão da Sessão 2 do manual do estudante

2.4.1. Comentário sobre a perspectiva histórico-redentiva

2.4.2. Leitura e comentário de Neemias 2:9 – 4:23

2.4.3. Folha de estudo bíblico para a passagem estudada

2.5. Tarefas para a Sessão 2. Observe o resumo das tarefas com o título “Resumo

das tarefas para o Curso de Neemias” (será revisada na próxima sessão).

Sessão 3 – O ladrilho da Disciplina (Neemias 5:1 – 7:3)

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3.1. Oração de abertura.

3.2. Devocional breve.

3.3. Revisão das tarefas feitas da Sessão 2.

3.3.1 Revisão dos versículos que memorizaram.

3.3.2. Revisão das perguntas respondidas.

3.3.3. Apresentação oral dos temas escritos.

3.4. Revisão da Sessão 3 do manual do estudante.

3.4.1. Comentário sobre a história de Jerusalém.

3.4.2. Leitura e comentário de Neemias 5:1-7:3.

3.4.3. Folha de estudo bíblico para a passagem estudada.

2.5. Tarefas para a Sessão 3. Observe o resumo das tarefas com o título

“Resumo das tarefas para o Curso de Neemias” (será revisada na próxima sessão).

Sessão 4 – O Ladrilho do Ensino Bíblico (Neemias 7:4 – 8:18)

4.1. Oração de abertura.

4.2. Devocional breve.

4.3. Revisão das tarefas feitas da Sessão 3.

4.3.1 Revisão dos versículos que memorizaram.

4.3.2. Revisão das perguntas respondidas.

4.3.3. Apresentação oral dos temas escritos.

4.4. Revisão da Sessão 4 do manual do estudante.

4.4.1. Comentário sobre a lei de Deus.

3.4.2. Leitura e comentário de Neemias 7:4-8:18.

4.4.3. Folha de estudo bíblico para a passagem estudada.

4.5. Tarefas para a Sessão 4. Observe o resumo das tarefas com o título “Resumo

das tarefas para o Curso de Neemias” (será revisada na próxima sessão).

Sessão 5 – O ladrilho da Reconciliação (Neemias 9:1-37)

5.1. Oração de abertura.

5.2. Devocional breve.

5.3. Revisão das tarefas feitas da Sessão 4.

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5.3.1 Revisão dos versículos que memorizaram.

5.3.2. Revisão das perguntas respondidas.

5.3.3. Apresentação oral dos temas escritos.

5.4. Revisão da Sessão 5 do manual do estudante.

5.4.1. Comentário sobre a Soberania de Deus em Neemias.

5.4.2. Leitura e comentário de Neemias 9:1-37.

5.4.3. Folha de estudo bíblico para a passagem estudada.

2.5. Tarefas para a Sessão 5. Observe o resumo das tarefas com o título “Resumo

das tarefas para o Curso de Neemias” (será revisada na próxima sessão).

Sessão 6 – O ladrilho do caráter do líder (Neemias 9:38 – 10:39)

6.1. Oração de abertura.

6.2. Devocional breve.

6.3. Revisão das tarefas feitas da Sessão 5.

6.3.1 Revisão dos versículos que memorizaram.

6.3.2. Revisão das perguntas respondidas.

6.3.3. Apresentação oral dos temas escritos.

6.4. Revisão da Sessão 6 do manual do estudante.

6.4.1. Comentário sobre o pacto.

6.4.2. Leitura e comentário de Neemias 9.38-10.39.

6.4.3. Folha de estudo bíblico para a passagem estudada.

2.5. Tarefas para a Sessão 6. Observe o resumo das tarefas com o título “Resumo

das tarefas para o Curso de Neemias” (será revisada na próxima sessão).

Sessão 7 – O ladrilho da ação de graças (Neemias 11:1 – 12:47)

7.1. Oração de abertura.

7.2. Devocional breve.

7.3. Revisão das tarefas feitas da Sessão 6.

7.3.1 Revisão dos versículos que memorizaram.

7.3.2. Revisão das perguntas respondidas.

7.3.3. Apresentação oral dos temas escritos.

7.4. Revisão da Sessão 7 do manual do estudante.

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7.4.1. Comentário sobre a gratidão.

7.4.2. Leitura e comentário de Neemias 11:1-12:47.

7.4.3. Folha de estudo bíblico para a passagem estudada.

2.5. Tarefas para a Sessão 7. Observe o resumo das tarefas com o título “Resumo

das tarefas para o Curso de Neemias” (será revisada na próxima sessão).

Sessão 8 – O ladrilho do testemunho cristão (Neemias 13:1-31)

8.1. Oração de abertura.

8.2. Devocional breve.

8.3. Revisão das tarefas feitas da Sessão 7.

8.3.1 Revisão dos versículos que memorizaram.

8.3.2. Revisão das perguntas respondidas.

8.3.3. Apresentação oral dos temas escritos.

8.4. Revisão da Sessão 8 do manual do estudante.

8.4.1. Comentário sobre a missão de Deus.

8.4.2. Leitura e comentário de Neemias 13:1-31.

8.4.3. Folha de estudo bíblico para a passagem estudada.

2.5. Tarefas para a Sessão 8. Observe o resumo das tarefas com o título “Resumo

das tarefas para o Curso de Neemias” (será revisada na próxima sessão).

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RESUMO DAS TAREFAS PARA O CURSO DE NEEMIASRESUMO DAS TAREFAS PARA O CURSO DE NEEMIAS

Tarefas para a sessão #1 (será revisada na próxima sessão);

1. Leia o livro de Neemias

2. Memorize um versículo que considere chave na passagem estudada para esta

sessão

3 Leia o capítulo 63 (sobre Neemias) do comentário de S.G. De Graaf, El Pueblo

de la Promesa: El Fracaso de la Teocracia de Israel, Tomo 2, (Subcomissão Literatura

Cristiana, Grand Rapids, Michigan, 1981, traduzido por Guillermo Kratzig). A leitura se

encontra no site do MINTS: www.mints.edu (na página em espanhol sob o título

“Cursos por Eric Pennings)2.

4. Revise o capítulo 1 da apostila do curso e responda as perguntas ao final do

capítulo;

5. Faça uma Folha de Estudo (observe o apêndice 2) para Neemias 1:5-11. Para

essa sessão deverá ser desenvolvido somente o método indutivo;

6. Escreva um ensaio de uma página sobre o tema geral de Neemias, refletindo

nas leituras designadas.

7. Ler os capítulos 1, 2 e 3 do livro de Charles Swindoll, Liderança em tempos

de crise, Editora Mundo Cristão.

Tarefas para a sessão #2 (será revisada na próxima sessão)

1. Leia o livro de Ester;

2. Memorize um versículo que considere chave na passagem estudada para esta

sessão;

3. Leia capítulo 62 (sobre Ester) do comentário de S.G. De Graaf, El Pueblo de

la Promesa: El Fracaso de la Teocracia de Israel, Tomo 2, (Subcomisión Literatura

Cristiana, Grand Rapids, Michigan, 1981, traducido por Guillermo Kratzig). A leitura se

encontra no site do MINTS: www.mints.edu (na página em espanhol sob o título

“Cursos por Eric Pennings);

4. Faça a leitura de Charles Spurgeon: Los Dos Guardas: La Oración y El Velar.

A leitura se encontra no site do MINTS: www.mints.edu (na página em espanhol sob o

2 Pode-se comprar o livro por meio de <http://www.librosdesafio.org.

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título “Cursos por Eric Pennings”); o sermão, em inglês pode ser encontrado na

Internet (http://www.biblebb.com/files/spurgeon/GUARDSPW.TXT);

5. Revise o capítulo 2 da apostila do curso e responda as perguntas ao final do

capítulo;

6. Faça uma Folha de Estudo (observe o apêndice 2) para uma passagem da

presente sessão que você poderá escolher. Para essa sessão deverá ser desenvolvido

somente o método expositivo;

7. Escreva um ensaio de uma página sobre o tema da oração, refletindo nas

leituras designadas.

8. Ler os capítulos 4, 5 e 6 do livro de Charles Swindoll, Liderança em tempos

de crise, Editora Mundo Cristão.

Tarefas para a sessão #3 (será revisada na próxima sessão)

1. Leia o livro de Ageu;

2. Memorize um versículo que considere chave na passagem estudada para esta

sessão.

3. Leia Samuel Escobar, ¿Ha Pasado la Hora del Cristianismo?(Capítulo 1 de

Decadencia de la Religión, Editorial Certeza, Buenos Aires, Argentina, 1972.) A leitura

se encontra no site do MINTS: www.mints.edu (na página em espanhol sob o título

“Cursos por Eric Pennings)3;

4. Revise o capítulo 3 da apostila do curso e responda as perguntas ao final do

capítulo;

5. Faça uma Folha de Estudo (observe o apêndice 2) para uma passagem da

presente sessão que você poderá escolher. Para essa sessão deverá ser desenvolvido

somente o método literário;

6. Escreva um ensaio de uma página sobre o tema da oração, refletindo nas

leituras designadas.

7. Ler os capítulos 7, 8 e 9 de do livro Charles Swindoll, Liderança em tempos

de crise, Editora Mundo Cristão.

Tarefas para a sessão #4 (será revisada na próxima sessão)

3 (Nota: O livro poderá ser comprado por meio da Editorial Certeza, Endereço: Bernardo de Irigoyen 654 - Capital Federal, Argentina. Tel. y Fax: 4334-8278/4345-5931 / 4331-5630; www.libreriacerteza.com.ar).

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1. Leia o livro de Esdras;

2. Memorize um versículo que considere chave na passagem estudada para esta

sessão.

3. Leia capítulos 60, 61 (sobre Esdras) do comentário de S.G. De Graaf, El

Pueblo de la Promesa: El Fracaso de la Teocracia de Israel, Tomo 2, (Subcomisión

Literatura Cristiana, Grand Rapids, Michigan, 1981, traduzido por Guillermo Kratzig)

A leitura se encontra no site do MINTS: www.mints.edu (na página em espanhol sob o

título “Cursos por Eric Pennings);

4. Leia Louis Berkhof, La Naturaleza de los Dogmas, (Capítulo 2 de

Introducción a la Teología Sistemática, T.E.L.L. Grand Rapids, Michigan, 1932). Esta

leitura também é encontrada na Internet (http://www.iglesiareformada.com) em

espanhol4.

5. Revise o capítulo 4 da apostila do curso e responda as perguntas ao final do

capítulo;

6. Faça uma Folha de Estudo (observe o apêndice 2) para uma passagem da

presente sessão que você poderá escolher. Para essa sessão deverá ser desenvolvido

somente o método analítico;

7. Escreva um ensaio de uma página sobre o tema do ensino bíblico, refletindo

nas leituras designadas.

8. Ler os capítulos 10 e 13 do livro de Charles Swindoll, Liderança em tempos

de crise, Editora Mundo Cristão.

Tarefas para a sessão #5 (será revisada na próxima sessão)

1. Leia os primeiros seis capítulos de Daniel.

2. Memorize um versículo que considera chave na passagem estudada para esta

sessão.

3. Leia uma das duas seguintes leituras designadas:

3.1. Deffinbaugh, Bob, La Soberanía de Dios en la Historia. Encontra-se na

Internet (http://www.bible.org/page.asp?page_id=256)

3.2. Ramsay, Richard B., Fortalezca, Capítulos 3 e 4. Encontra-se na

Internet (http://www.iglesiareformada.com/Fortalezca2003.doc).

4 Este livro foi traduzindo ao português e lançado pelo CEIBEL no Brasil. (Nota do Tradutor)

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4. Leia McCheyne, R.M. El Corazón Quebrantado (Sermão sobre Salmo 51 en

Sermones de R.M. Cheyene)

http://www.graciasoberana.com/archivos/sermones/mc_cheyne.zip.

5. Revise o material para esta sessão e responda às perguntas do final.

6. Faça uma Folha de Estudo (observe o apêndice 2) para uma passagem da

presente sessão que você poderá escolher. Para essa sessão deverá ser desenvolvido

somente o método devocional;

7. Escreva um ensaio de uma página sobre o tema da reconciliação, refletindo

nas leituras designadas.

8. Ler os capítulos 11 e 12 do livro de Charles Swindoll, Liderança em tempos

de crise, Editora Mundo Cristão.

Tarefas para a sessão #6 (será revisada na próxima sessão)

1. Leia os primeiros seis capítulos de Malaquias.

2. Memorize um versículo que considere chave na passagem estudada para esta

sessão.

3. Leia o artigo de Roger Smalling, La Filosofía de Liderazgo Cristiano,

(Capítulo 3 de Liderança Cristã – Principios y Práctica, Marzo, 2005. Disponível na

Internet: www.monergismo.com

4. Faça uma Folha de Estudo (observe o apêndice 2) para uma passagem da

presente sessão que você poderá escolher. Para essa sessão você poderá desenvolver um

método de sua preferência;

5. Revise o material para esta sessão e responda às perguntas do final.

6. Escreva um ensaio de uma página sobre o tema do caráter do líder cristão,

refletindo nas leituras designadas.

7. Ler o capítulo 12 (outra vez!) do livro de Charles Swindoll, Liderança em

tempos de crise, Editora Mundo Cristão.

Tarefas para a sessão #7 (será revisada na próxima sessão)

1. Leia os primeiros seis capítulos de Lamentações.

2. Memorize um versículo que considere chave na passagem estudada para esta

sessão.

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3. Leia o material do último capítulo e pelo menos dois outros capítulos do livro

de A.W. Pink, Os Atributos de Deus.

4. Revise o material para esta sessão e responda às perguntas do final.

5. Faça uma Folha de Estudo (observe o apêndice 2) para uma passagem da

presente sessão que você poderá escolher. Para essa sessão você poderá desenvolver um

método de sua preferência;

6. Escreva um ensaio de uma página sobre o tema da graça e a glória de Deus,

refletindo nas leituras designadas.

7. Ler o capítulo 13 e 14 do livro de Charles Swindoll, Liderança em tempos de

crise, Editora Mundo Cristão.

Tarefas para a sessão #7 (será revisada na próxima sessão)

1. Leia o livro de Zacarias.

2. Memorize um versículo que considere chave na passagem estudada para esta

sessão.

3. Faça a leitura de Edwin Iserloh, Causas de la Reforma, (Artículo en Martín

Lutero y el Comienzo de la Reforma (1517-1525), Tomado de Aubert Jedin: Manual de

Historia de la Iglesia Tomo V, Barcelona (1972), sección primera, pp.43-179).

Disponível na Internet:

http://www.graciasoberana.com/archivos/historia_y_reforma/martin_lutero.zip

4. Revise o material para esta sessão e responda às perguntas do final.

5. Faça uma Folha de Estudo (observe o apêndice 2) para uma passagem da

presente sessão que você poderá escolher. Para essa sessão você poderá desenvolver um

método de sua preferência;

6. Levando em conta a reforma na época de Neemias, e a reforma na época de

Martinho Lutero, escreva um ensaio de uma página sobre a situação hoje em dia e como

poderá ser realizada uma reforma hoje, refletindo nas leituras designadas.

7. Ler o capítulo 15 do livro de Charles Swindoll, Liderança em tempos de crise,

Editora Mundo Cristão.

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CAPÍTULO 1 - O Ladrilho da Fé (Neemias 1:1 - 2:8)

Comentário sobre a hermenêutica bíblica

No estudo da Biblia o aluno entra no mundo da revelação de Deus ao homem

por meio da Palavra Ele nos deu. Deus nos deu sua Palavra na Biblia para que possamos

conhecê-lo. Visto que Deus é o autor da Biblia, quando a estudamos o fazemos em fé

com a pressuposição que é a verdade. No estudo de Neemias, queremos aprender o que

nos ensina a Biblia acerca de Deus para que possamos aplicar o aprendizado em nossa

vida cotidiana.

Para aprender o que a Biblia ensina, é necessário interpretá-la. Para isso serve a

hermenêutica. O dicionário define “a hermenêutica” da seguinte maneira, “A arte de

interpretar textos e especialmente o de interpretar os textos sagrados.” 5. Assim a

hermenêutica bíblica é a arte de interpretar o texto da Biblia. Há muito que se pode

dizer sobre a hermenêutica bíblica. Para nosso estudo de Neemias, vamos resumir

alguns conceitos básicos. Para um estudo mais profundo, recomendo a leitura do texto

de um curso do MINTS que se chama Introdução ao Estudo Bíblico6 pelo Dr. Neal

Hegeman.

A exegese é uma consideração importante para a hermenêutica bíblica. A

exegese é “A aplicação dos princípios de interpretação” 7. Em outras palavras, pode se

dizer que a hermenêutica bíblica é aplicada por meio da exegese bíblica. Neste curso

será utiulizado um modelo de exegese para o desenvolvimento do projeto do curso (ver

Apêndice 1: Pautas Para a Exegese).

Um aspecto da hermenêutica bíblica é a identificação do gênero literário da

passaagem que se está estudando. Um gênero se pode definir como, “... uma categoria

ou tipo de literatura caracterizada por uma forma, um estilo ou um conteúdo”8.

Podemos identificar oito gêneros literários: narrativo, legal, poesia, profecia, sapiencial

(sabedoria), apocalíptica, evangelho e epistolar9. Alguns livros bíblicos contêm vários

5 Hermenêutica, Diccionario de Español, Real Academia Española - Diccionario de la Lengua Española (vigésima segunda edición), <http://www.rae.es>.

6 HEGEMAN, Neal. Introdução ao Estudo Bìblico. (Miami: MINTS, 2009).7 Hegeman. Ibid.8 JUST Felix,, Professor da Loyola Marymount University, An Introduction to Biblical Genres and

Form Criticism, <http://myweb.lmu.edu/fjust/Bible/Genres.htm>.9 HEGEMAN. Ibid.

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gêneros. Neemias relata um evento histórico em forma de narração, pela qual se

considera que seu gênero literário é narrativo.

No presente curso se estudará o livro de Neemias por meio de conceitos básicos

da hermenêutica bíblica aplicada na exegese bíblica.

O Contexto Histórico de Neemias

Neemias foi escrito em mais ou menos 425 AC. Esdras e Neemias mantivieram

seu próprio diário escrito das atividades cotidianas da reconstrução que dirigiam. Na

ordem dos livros na Biblia, Neemias se encontra entre Esdras e Ester. O livro que

precede Neemias é Esdras. Originalmente, na Biblia hebraica que se chama “Talmude”

(uma compilação do código religioso judeu), Esdras e Neemias eram um só documento.

Também nos manuscritos originais da Septuaginta (o Antigo Testamento traduzido para

o grego) os dois livros eram um. Origenes de Alexandria (185-232 AD) foi quem

separou os dois livros. Um redator pode ter compilado os dois livros originalmente. Mas

cada autor escreveu seu próprio livro como os temos na Biblia agora. Isto é, Neemias é

o autor do livro que leva seu nome. Podemos estar seguros disso, porque o livro usa o

pronome na primeira pessoa10.

O contexto histórico de Neemias é dado por Deus mesmo em outros livros

bíblicos. Esdras e Ester relatam eventos da mesma época que Neemias. Ageu e Zacarias

são mencionados em Esdras e Neemias, porque profetizaram há uns 75 anos (cerca de

522 AC), quando alguns Israelitas voltaram à Jerusalém para reconstruir o templo.

Malaquías profetizou e escreveu seu livro durante a época de Esdras e Neemias. O

Livro de Lamentações também se relaciona com Neemias, porque ali se encontra a

situação e a dor do povo que estava no exílio. O livro de Daniel também se relaciona,

porque nos primeiros seis capítulos, se encontra a breve história da transição do império

Babilonico ao império Persa.

Temos visto que Esdras e Neemias são estreitamente relacionados. O livro de

Ester também nos ajuda a entender o contexto de Neemias. As descrições destes três

livros em dicionários bíblicos nos ajudam a entender a relação entre eles:

Esdras:

10 YOUNG. Edward J. Una Introducción al Antiguo Testamento, (Grand Rapids, Michgan: T.E.L.L., 1981) p. 444.

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... Conta a história do retorno da Babilônia, a reconstrução do templo, e as reformas religiosas de Esdras, que era descendente de Eleazar, principal personagem do Livro de Esdras e colaborador de Neemias.11

Neemias:

... Conta a história de Neemias que regressa a Jerusalém, com a cooperação do rei da Pérsia, e governa a partir do ano 444. Reconstrói a muralha de Jerusalém, apesar de uma grande oposição da parte de alguns judeus, e cooperou com Esdras em muitas reformas.12

Ester:

... Conta a história de Ester, que foi adotada e criada pelo piedoso judeu Mardoqueu, que se negava a adorar a Amam, o primeiro ministro do rei da Persia. Amam decidiu matar Mardoqueu. Mas pela intercessão de Ester ao Rei, tudo saiu ao contrário para Amam: O povo judeu matou seus inimigos, e o mesmo malvado Amam foi pendurado na forca que havia preparado para pendurar Mardoqueu... e os judeus celebraram esta salvação com a grande Festa de Purim.13

S.G. De Graaf nota a sequência de Ester em relação com Esdras e Neemias,

Os acontecimentos que são narrados no livro de Ester, provavelmente ocorreram depois que muitos dos exiliados haviam regressado a sua própra terra. Esse regresso foi descrito no livro de Esdras. De modo que a história de Ester e Mardoqueu provavelmente deve ser colocada entre o livro de Esdras e os acontecimentos registrados no livro de Neemias.14

Levando isso em conta, então, se poderia organizar históricamente a ordem dos

três livros da seguinte maneira:

1) Jerusalém é restabelecida (Esdras 1-6 – 539-515 AC)

2) Ester Reina (Ester 1-10; cerca de 483 AC)

3) Esdras, o Reformador (Esdras 7-10; 457 AC)

4) Neemias, o Governador (Neemias 1-13; cerca de 444 AC)

Nota: Para ver uma cronologia mais ampla do tempo do exílio (Judá, Babilônia,

Medo-Persa, Egito) ver Apêndice nº. 3: (Cronologia do Exílio).

Neemias é uma figura histórica. Menciona-se o nome de seu pai (Hacalias) duas

vezes (1:1 e 10:1). Também se menciona seu irmão (Hanani) em duas ocasiões no livro

(1:2 e 7:2). O nome ‘Neemias’ significa ‘consolado por Jeová’. O povo de Deus naquele

tempo necessitava do consolo de Deus. Eles haviam se esquecido de Deus durante os

11 DOMINGUEZ, Jerônimo. “Esdras”, Diccionario Bíblico Cristiano, <http://biblia.com/diccionario/error.htm>.12 DOMÍNGUEZ, “Nehemías”, Diccionario Bíblico Cristiano, <http://biblia.com/diccionario/n.htm>.13 DOMÍNGUEZ, “Esdras”, Diccionario Bíblico Cristiano, <http://www.biblia.com/p0000260.htm>.14 De GRAAF, S.G. El Pueblo de la Promesa: El Fracaso de la Teocracia de Israel, Tomo 2, (Grand

Rapids, Michigan: Subcomisión Literatura Cristiana, 1981) p. 404.

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anos depois do reinado do rei Davi. Deus mandou um castigo de juízo a seu povo. Os

Assírios já haviam levado os Israelitas (as dez tribos do reino do norte) em 722 AC.

Depois, em 586 AC, Nabucodonosor, rei da Babilônia, levou os de Judá (as duas tribos

do reino do sul). Isso foi profetizado pelo Senhor mesmo. Quando Salomão acabava de

terminar a construção do templo, o Senhor lhe advertiu que, se o povo não lhe

obedecesse, o templo seria destruído. Em 1 Reis 9:6-915 lemos as palavras de Deus a

Salomão:

Porém, se vós e vossos filhos, de qualquer maneira, vos apartardes de mim e não guardardes os meus mandamentos e os meus estatutos, que vos prescrevi, mas fordes, e servirdes a outros deuses, e os adorardes, então, eliminarei Israel da terra que lhe dei, e a esta casa, que santifiquei em meu nome, lançarei longe da minha presença; e Israel será provérbio e motejo entre todos os povos. E desta casa, agora tão exaltada, todo aquele que por ela passar pasmará, e assobiará, e dirá: Porque procedeu assim o Senhor para com esta terra e com esta casa? Responder-se-lhe-á: Porque deixaram o Senhor, seu Deus, que tirou da terra do Egito os seus pais, e se apegaram a outros deuses, e os adoraram, e os serviram. Por isso, trouxe o Senhor sobre eles todo este mal.

A descrição bíblica da destruição do templo nos é dado em 2 Crônicas 36:18,19:

Todos os utensílios da casa de Deus, grandes e pequenos, os tesouros da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei e dos seus príncipes, tudo levou ele para a Babilônia. Queimaram a casa de Deus, e derribaram os muros de Jerusalém, e todos os seus palácios queimaram, destruindo também todos os seus objetos preciosos.

Jerusalém foi destruida. O povo foi levado ao cativeiro em quatro diferentes

deportações16. Já haviam passado uns 140 anos desde que foram levados. Havia muita

tristeza no povo. O salmo 137 é um salmo de luto que foi escrito durante esta época

triste do povo de Deus. Em Salmo 137:1-4 lemos:

Às margens dos rios da Babilônia, nós nos sentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas, pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos opressores, que fossêmos alegres, dizendo: Entoai-nos algum cântico de Sião. Como, porém, haveríamos de entoar um canto do Senhor em terra estranha?

É no contexto dessa tristeza que Deus provê a continuação do cumprimento de

sua promessa. Ele havia prometido que por meio deste povo viria Jesus Cristo, o

Salvador. Em cumprimento à sua promessa, e em uma mostra de sua fidelidade, Ele

mandou Neemias precisamente neste contexto. Já haviam sido dois projetos anteriores

15 Todos os textos citados nesse curso serão da João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Atualizada da Sociedade Bíblia do Brasil, 1993. No original o autor utilizou a Reina Valera Revisada (1960). 1998. Miami: Sociedades Bíblicas Unidas. 16 SCHULTZ, Samuel J. Habla El Antiguo Testamento: Un Examen Completo de la Historia y la Literatura del AntiguoTestamento. <http://www.ministros.org/Estudios/el_at1/indice.htm>. Capítulo 15, p. 17.

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da reconstrução de Jerusalém. Em Esdras 1-6 se lê do projeto da reconstrução do

templo. Em Esdras 7-10 lemos a segunda fase do retorno do povo a Jerusalém. O

templo estava reconstruido, mas não teria proteção, porque as muralhas de Jerusalém

estavam em ruína. O livro de Neemias narra o terceiro envio dos que vieram da

Babilônia a Jerusalém encabeçados pelo governador Neemias, 13 anos após a chegada

Esdras, no ano 444 AC. Neemias se encarregou da reconstrução da muralha de

Jerusalém (uns três ou quatro quilômetros de largura17) para dar proteção ao templo e ao

povo que vivia ali.

Pela providência de Deus, alguns judeus teriam postos importantes no cativeiro.

Entre eles destaca-se Ester (que chegou a ser rainha Persa) e Neemias (copeiro do rei da

Pérsia e governador da zona de Judá). Estes postos foram amostras da graça de Deus

sobre seu povo. Por meio desses postos, Deus moveu os reis para que dessem permissão

para reconstruir o templo (Esdras) e a muralha em Jerusalém (Neemias).

Como podemos ver, tudo o que se passava com o povo de Deus transcorreu sob

a própria direção soberana do próprio Deus. Como a destruição do templo e de

Jerusalém foi profetizada, assim também a repatriação dos Israelitas e a reconstrução

foram profetizadas. Isaías profetizava fazia uns 200 anos (740 – 701 AC) durante o

tempo do reino de Ezequias. Falando com este rei, Isaías profetizou o cativeiro em

Isaías 39:5-7,

Então, disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos exercitos: Eis que virão dias em que tudo que houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até o dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor. Dos teus próprios filhos, que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia.

Logo, em Isaías 44:24-28 Isaías profetizou o regresso e a reconstrução de

Jerusalém do que trata os livros de Esdras e Neemias. Nesta profecia, ele menciona até

o nome específico de Ciro, o rei da Pérsia que reinou cem anos antes do tempo de

Neemias,

Assim diz o Senhor, que te redime... confirmo a palavra do meu servo e cumpro o conselho dos meus mensageiros; que digo de Jerusalém; Ela será habitada; e das cidades de Judá: Elas serão edificadas; e quanto as suas ruínas, eu as levantarei; que digo de Ciro: Ele é o meu pastor e cumprirá tudo que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado.

Tema Principal e Temas Secundários de Neemias

17 BOICE, James Montgomery, Nehemiah: An Expositional Commentary, (Grand Rapids, Michigan: Baker Books, 2005) p. 10.

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O presente curso não é um curso principal de liderança. Para um estudo mais

profundo de liderança cristã, recomendo revisar o curso e o livro do irmão Roger

Smalling, Liderança Cristã – Principios e Prática18. Mas o livro de Neemias tem em si

muitos ensinos sobre alguns principios de liderança bíblica. E isso é o que vamos

desenvolver em nosso estudo de Neemias. Para chegar ao tema principal de Neemias e

para identificar os principios de liderança que se encontram nele, teríamos que levar em

conta o contexto histórico que vimos acima.

O tema principal de Neemias é resumido da melhor maneira por S. G. De Graaf

da seguinte forma: “A cidade de Deus é temporáriamente restaurada como uma profecia

anunciando o reino de Deus”19. Uma leitura de Neemias confirmará este tema. Muitos

comentários apresentam Neemias como o protagonista do livro, porque ele foi quem

dirigiu a reconstrução da muralha de Jerusalém e as reformas entre o povo. Mas na

realidade, se entendermos o tema de Neemias, veremos que o protagonista não é

Neemias, nem o povo de Deus, mas Deus mesmo que está atuando por meio de

Neemias e do povo para realizar uma etapa a mais da história de redenção que Ele está

dirigindo por toda a história na Biblia.

Quando alguem lê os comentários, notará vários modelos de resumo para o livro

Neemias. Neemias não nos dá seu próprio resumo. O resumo de qualquer livro bíblico

deve ser fiel a seu tema e ao conteúdo geral do livro. Neemias trata da reconstrução da

muralha de Jerusalém na primeira parte (capítulos 1 ao 7:3) e da ‘reconstrução’ do povo

de Deus na segunda parte (capítulos 7:4 ao capítulo 13). Tomando isso em conta e

considerando o tema escolhido, sugiro como conceito chave ‘A Restauraçào’

(reconstrução). Considerando isso e tendo lido o livro de Neemias e ainda revisado as

leituras que se encontram na bibliografia do curso, eu sugiro o seguinte como um

possível esboço do livro de Neemias:

1. A Restauração de Jerusalém – Capítulos 1:1-7:3.

1:1-2:8 – A Base da Restauração

2:9-4:23 – Desafios Externos

5:1-7:3 – Desafios Internos

18 SMALLING, Roger, Liderança Cristã – Principios e Prática, Março, 2005.Em Espanhol: <http://www.smallings.com/LitSpan/litSpanish.html>.Em Inglês: <http://www.smallings.com/LitEng/litEnglish.html>.19 De Graaf, p. 413.

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2. A Restauração Interna do Povo – Capítulos 7:4-10:39

7:4-8:12 – A Palavra de Deus

8:13-9:37 – Confissão do Pecado

9:38-10:39 – Um Compromisso Renovado

3. A Restauração Externa do Povo – Capítulos 11:1-13:31

11:1-12:47 – Ação de Graça em Culto

13:1-13:31 – Ação de Graça em Serviço

Ademais, além do tema principal, se encontram também alguns temas

secundários no livro de Neemias. Os temas secundários enfatizam a liderança bíblica

exemplar de Neemias. Os conceitos de liderança que se encontram em Neemias não

correspondem a uma lista completa de conceitos de liderança bíblica. Há muitos

‘ladrilhos’ que são necessarios para ‘construir’ (desenvolver) a liderança bíblica. O que

proponho é uma lista de alguns conceitos de liderança bíblica que concorda com o

esboço de Neemías adotado para o curso. A lista concorda com as sessõs do curso que

se estudará:

Sessão 1 – O ladrilho da Fé (Neemias 1:1 - 2:8).

Sessão 2 – O ladrilho da Oração (Neemias 2:9 – 4:23).

Sessão 3 – O ladrilho da Disciplina (Neemias 5:1 – 7:3).

Sessão 4 – O ladrilho do Ensino Bíblico (Neemias 7:4 – 8:12).

Sessão 5 – O ladrilho da Reconciliação (Neemias 8:13 - 9:37).

Sessão 6 – O ladrilho do Caráter do Líder (Neemias 9:38 – 10:39).

Sessão 7 – O ladrilho da Ação de Graças (Neemias 11:1 – 12:47).

Sessão 8 – O ladrilho do Testemunho Cristão (Neemias 13:1-30).

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LEITURA E COMENTÁRIO DE NEEMIAS 1:1 – 2:8

Tudo o que lemos em Neemias 1:1 – 2:8 é uma confirmação do nosso título da

sessão: O ladrilho da Fé. Como temos visto a passagem sob estudo para esta sessão leva

como tema, ‘O ladrilho da Fé’. Considerando o tema da passagem, vemos que a base

para a reconstrução da muralha é o ladrilho da fé como o ingrediente principal da

liderança bíblica.

A passagem se podería dividir em três partes:

A base da Restauração – (1:1-2:8)

a) 1:1-4 – A Destreza dos Judeus no Exílio

b) 1:5-11 – A Oração de Neemias

c) 2:1-8 – Neemias Apresenta Sua Petição

Muito do que se vê na passagem está apresentada na parte que já notamos acima

sobre o contexto e o tema de Neemias. Mas vamos considerar alguns comentários, além

disso, e em particular como se relaciona ao tema desta sessão, “O ladrilho da Fé”.

Vamos ver como Neemias mostra este ladrilho da liderança bíblica.

a) A Destreza dos Judeus no Exílio - 1:1-4

Neemias estava em uma posição muito alta no reino Persa. Ele poderia ter-se

esquecido da situação de seu povo em Jerusalém e do próprio estado da cidade. Para que

se preocupar com Jerusalém e o povo de Deus ali? Precisamente por causa da fé que

tinha em Deus Neemias se preocupou por eles. Essa fé lhe serviu como a base da sua

capacidade de liderança. Não é por casualidade que ele ouviu acerca da situação em

Jerusalém. Ele mesmo tomou uma iniciativa para saber algo da situação. Por isso pediu

a Hanani, seu irmão, (v.2) um informe.

No versículo 3 lemos o informe da situação. Essa fé se demonstrou ainda mais

quando vemos a reação de Neemias ante o informe tão triste que recebeu. O povo estava

em más condições, o muro estava destruído, e as portas queimadas. Ao ouvir isso,

Neemias se desanimou completamente. Ele esperava que depois da reconstrução do

templo com Esdras, os eventos em Jerusalém promoveriam a causa e a glória de Deus.

Mas não foi assim. O templo estava reconstruído (Esdras 1-6) e o governo estabelecido

(Neemias como governador da Persia). Uma reforma se havia iniciado (Esdras 7-10),

mas a muralha estava em mal estado, pois o povo caiu em pobreza e escravidão, e

seguiu vulnerável ao ataque do inimigo.

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Vemos a fé de Neemias em sua resposta ao informe no versículo 4. Ele chorou e

ficou de luto, jejuando e orando. O jejum era um símbolo importante praticado pelos

líderes naquele tempo. Esdras jejuava (Esdras 10:6). Daniel também jejuava (Daniel

9:3; 10:3). O jejum e a oração sempre mostravam a fé dos que o praticavam. Poderia ser

por luto (1 Samuel 31:13) ou para pedir algo de Deus (Esdras 8:21; 2 Crónicas 20:3).

Mas em ambos os casos era uma amostra da fé em Deus.

Neemias também mostrou sua fé em Deus por meio de como se refere a Deus no

versículo 4. Lhe dá por nome, “Deus dos céus”. Isso identifica a Deus como a suprema

autoridade e poder (ver Neemias 1:4, 5; 2:4, 20). Outros grandes servos de Deus

também se referiam a Ele da mesma maneira (Esdras 5:12; 6:9; 7:12, 21, 23; Daniel.

2:18, 19, 37, 34; Jonas 1:9).

b) A Oração de Neemias - 1:5-11

É na oração de Neemias que notamos a profundidade de sua fé. Sua oração é

uma das mais emocionantes nas Escrituras (outros exemplos se encontram em Salmo

51; Daniel 9:4-19; Esdras 9:6-15). Note no versículo 5 a postura espiritual de Neemias:

a humildade, a reverência, e como dá glória a Deus. A oração mostra fé na

transcendência e na imanência de Deus. Depois de uns 70 anos de cativeiro na

Babilônia, parecia que Deus se havia esquecido do seu povo. Mas pela fé, Neemias roga

que Deus lembre de seu pacto com eles. Isso se vê também no versículo 6 com a

referência aos Israelitas como os servos de Deus.

A palavra que Neemias usa para “misericórdia” (hebraico: “hesed”) se refere

especificamente na literatura bíblica, à fidelidade de Deus em seu pacto. Esta palavra

também é mencionada em Esdras 7:28 e 9:9, no contexto do rei Artaxerxes. A atitude

favorável do rei se deve somente à fidelidade, à lealdade, e à misericórdia de Deus. No

versículo 8, lemos que Neemias está pedindo a Deus que se lembre do que havia

prometido. Mas isso não indica que Deus esqueça de suas promessas, senão que Deus

ponha em ação sua promessa e sua Palavra.

Neemias tinha fé no amor de Deus. No versículo 9, ele pede misericórdia baseada

precisamente neste amor. Note neste versículo o uso do conceito da redenção do povo.

Refere-se a uma redenção espiritual, por suposto. Mas se refere também a liberação

física, porque Deus trouxe o povo de volta à sua terra, ainda que já não independente

como antes, mas submisso ao rei daquela ocasião. Deus havia dito que se o povo

desobedecesse a sua parte do pacto, perderia as bençãos e receberiam as maldições

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(Deuteronômio 28:20; 29: 24, 25; 31:16, 17). Mas Neemias reclama por fé na promessa

de Deus que Ele jamais se esqueceria do seu povo, por meio do qual Cristo viria

(Levítico 26: 44, 45; Salmo 89:30-37; Isaías 54:7; Romanos 11).

No versículo 10, Neemias mostra sua confiança em Deus, pedindo uma segunda

libertação do poder do inimigo, como a primeira emancipaçào dos egípcios (Éxodo 12-

15). Ele pede a misericórdia de Deus baseada em duas coisas: em sua relação com eles

(por meio do pacto feito com eles) e também no que Ele havia feito para eles no

passado. Isso nos faz pensar no que diz em 2 Crônicas 7:14,

“Se o meu povo que se chama pelo meu nome se humilhar e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos; então eu ouvirei dos céus perdoarei os teus pecados e sararei a sua terra.”

A fé de Neemias se nota especialmente em sua referência no versículo 11 de

“temer o teu nome”. A reverência a Deus requer pelo menos quatro coisas: Conhecê-lo

(Provérbios 9:10), confiar nEle (Salmo 34:11, 22), obedecê-Lo (Provérbios 8:13), e

adorá-Lo (Salmo 95:6). Neemias mostrou cada um dessas coisas em sua fé. Essa

reverência se nota ainda mais quando Neemias pede que Deus esteja atento. Em todo o

livro, Neemias pedirá “lembra-Te de mim”, como neste versículo o pede também, ainda

que em outras palavras. Isso não é uma referência a “auto reverência” como se ele

pedisse uma recompensa pessoal pelo que ele mesmo havia feito. É antes uma petição

que tem o sentido de que não pensa em si mesmo, senão no bem estar do povo de Deus.

S. G. DeGraaf nota o seguinte, “Em tudo isto, Neemias está falando com o coração de

mediador. Nele mora o Espírito de Cristo, o único em quem estava a justiça perfeita.

Cristo é aquele que se deu a si mesmo pelo povo” 20.

Neemias mostrou sua fé na soberania de Deus em toda sua oração. Faço

referência especialmente a sua menção no versículo 11 de que Deus lhe dê êxito ante o

rei Ataxerxes. Ele sabia que ainda os reis são seres humanos, e fantoches de Deus

(Salmo 9:20). Hudson Taylor, fundador de ‘China Island Mission’ (atualmente

‘Overseas Mission Fellowship’) insistia, “É possível mover pessoas por meio de Deus,

tão somente com a oração”21. Em Neemias 2, veremos que Deus responde a esta oração

de fé.

A soberania de Deus se mostra no posto que Neemias teria na Persia. Ele era

copeiro. Isso era um posto de suma confiança e honra ante o rei. Foi neste ofício como

20 De GRAAF, p. 413. 21 BOICE, p. 20.

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copeiro que ele pode fazer a petição que Deus pôs em seu coração. James Montgomery

Boice escreve:

Como oficial do rei nas comidas, o copeiro teria uma oportunidade única de solicitar ao rei. O rei lhe devia sua vida posto que o copeiro provava todas as bebidas do rei para detectar possível veneno, e assim poria sua própria vida em risco. Mas o copeiro também se converteu em um confidente de assuntos pessoais. Em sua soberania, Deus utilizou esta relação entre um gentio e um judeu para libertar seu povo, como Ele fez com José, Daniel, Ester, e Mardoqueu. 22

c) Neemias Apresenta Sua Petição - 2:1-8

Nos primeiros versículos do capítulo 2, Deus responde a fé de Neemias. Lemos

que os fatos relatados nestes versículos sucederam no mês de Nisan. Por que é tão

importante este detalhe? É porque apresenta outra mostra da fé de Neemias. Neemias

confiou que Deus fosse responder sua oração. Em Neemias 1:1 lemos que foi no mês de

Quisleu que Neemias recebeu o informe de seu irmão. Passaram uns três ou quatro

meses entre Quisleu (novembro/dezembro) e Nisan (março/abril). Isso quer dizer que

Neemias esteve em oração por três ou quatro meses antes que Deus lhe respondesse.

Lemos que Neemias se apresentou ante o rei com uma postura de tristeza. Mas

os oficiais do rei sempre deviam ter uma fisionomia de gozo na presença do rei. Uma

cara de tristeza poderia ser castigada com morte se o rei dispusesse a isso. Por isso, no

versículo 2 Neemias escreve “...temí sobremaneira.” Os comentários não concordam

quanto a tristeza de Neemias. Uns dizem que Neemias fez a cara de tristeza com a

intenção específicamente de atrair a atenção do rei a sua disposição interna. Outros

dizem que foi involuntário e inconsciente23. Mas se sabemos que o rei notou sua tristeza

e lhe perguntou o porque dela, veio a Neemias como uma resposta de sua oração.

É importante notar que quando Neemias pediu em oração a benção de Deus, ele

não se sentou esperando que Deus respondesse à sua maneira. Sua liderança de fé

sempre era a de contribuir pessoalmente e trabalhar para o que havia pedido em oração.

Veremos mais disso na segunda sessão. Nesta passagem notamos que ele apresenta a

petição apesar de um temor que sentia. A causa de seu temor era uma (ou todas) de três

coisas: o fato de que mostrou tristeza na presença do rei; sua explicação da tristeza; ou a

petição em si. Qualquer das três podia resultar na ira do rei, possivelmente terminando

em castigo de morte.

22 BOICE, p. 11. 23 PACKER, J.I. A Passion for Faithfulness: Wisdom from the Book of Nehemiah, (Wheaton IL: Crossway Books, 1995) p. 64.

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Neemias faz a petição com três atitudes. Em primeiro lugar ele começa

mostrando respeito ao rei quando diz “Para sempre viva o rei” (ver também v.5).

Costumava-se saudar o rei dessa maneira, pois isso sempre era uma demonstração de

respeito. Em segundo lugar sua petição segue com humildade, contando ao rei que

apesar de que ele mesmo estava bem cômodo, ele estava preocupado com seu

conterrâneos. Em terceiro lugar ele também mostra uma atitude de valor, não em si

mesmo, mas em Deus, porque confiou que Deus estava com ele. No versículo 4, o rei

lhe pergunta o que quer, e uma vez mais lemos que Neemias ora a Deus. Esta vez a

oração é em silêncio, e muito breve, mas ao ponto. No versículo 6 que lemos da

resposta a oração de fé de Neemias. Pela grande soberania de Deus, e como resultado da

fé de Neemias, o rei respondeu favoravelmente.

No versículo 7, lemos que Neemias mostra um valor tremendo. Ao fazer a

petição, ele pede algumas cartas do rei Artaxerxes. Ele viaja de Susã (a residência do rei

da Persia) a Jerusalém numa jornada que duraria 3 meses. Susã (capital da Pérsia)

estava no ponto norte do que é atualmente o Golfo Pérsico. No caminho haveria que

passar por várias regiões que representavam possível perigo e inimizade. Algumas das

cartas lhes garantiriam a Neemias e aos que viajaram com ele uma viagem com proteção

e segurança, com permissão de passar pelas várias regiões. As cartas também deram a

Neemias certa autoridade delegada do rei. Algumas das cartas também lhe asseguraram

materiais para a reconstrução da muralha. Muitos dos materiais eram preciosos e havia

escassez de alguns deles. A reconstrução que Neemias dirigirá incluia três coisas: um

palácio para defesa, a muralha e uma casa para ele mesmo, a fim de administrar o

projeto de reconstrução (ver o versículo 8). Ao final, Artaxerxes recebeu um governador

leal, uma cidade fortificada, e um novo companheiro e aliado. Por sua vez, Neemias

recebeu a permissão de construção, uma requisição de materiais de construção e apoio

diplomático24.

Terminamos estes comentários com uma referência muito importante no

versículo 8, “a boa mão do meu Deus era comigo”. Este refrão é comum nos livros de

Esdras e Neemias (Esdras 7:9, 8:18, 22; Nehemías 2:8, 18). O refrão se refere a graça e

misericórdia de Deus, o protagonista dos versículos estudados nesta sessão e, de fato, o

protagonista de todo o livro de Neemias. Este refrão é uma lebrança de que Deus está

cumprindo sua vontade, e o faz por meio de seus servos.

24 TOLLEFSON, Kenneth. The Nehemiah Model for Christian Mission. Missiology: An International Review, Vol. XV, No. 1, January, 1987. pp. 39.

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FOLHA DE ESTUDO BÍBLICO PARA NEEMIAS 1:1-4

Para fazer um estudo de uma passagem em cada sessão, se usará um modelo

adequado de estudo que nos facilita entender profundamente a passagem sob

consideração. Para mais informação sobre como usar o modelo de estudo, ver o

Apêndice 5: Métodos de Estudo Bíblico25. Uma folha em branco da “Folha de Estudo

Bíblico” encontra-se ao final do Apêndice 2. Pode-se usar esta folha como guia em seu

estudo. Aqui, apresentamos um exemplo de como usar o modelo, usando os primeiros

quatro versículos do livro de Neemias.

Folha de estudo bíblico para Neemias 1:1-4

Texto: Neemias 1: 1-4 Título: Os Judeus no Exílio

MÉTODO INDUTIVO

(Textos de referência)

v. 1

Zacarias 7:1 – mês de Quisleu identificado como o nono mês dos Persas (setembro/outubro)

Esdras 4:9; Ester 2:8 – Susã é a residência dos reis Persas e é onde viviam alguns judeus.

Neemias 10:1 – confirmação de Neemias como governador dos judeus em Jerusalém.

Ester 1:1, 2, 5 – Susã como local central para os reis da Persia.

v. 2

Neemias 7:2 – segunda referência (também em 1:2) a Hanani, irmão de Neemias.

2 Reis 21:14 – profecia do cativeiro e exílio do povo de Israel.

Neemias 7:6 – referência aos exilados desde o reino dos Babilônios

Jeremias 52:28-30 – 4600 levados em cativeiro por Nabucodonosor

v. 3

Neemias 7:6 – referência aos exilados

Neemias 2:3, 13,17 – o mal estado da muralha de Jerusalém.

2 Reis 25:10 – a muralha de Jerusalém destruída pelos Babilônios

Levítico 26:31 – profecia da destruição de Jerusalém, caso o povo desobedecesse.

Isaías 22:9 – profecia da destruição da muralha de Jerusalém

Jeremias 39:8 – todo o capítiulo conta a destruição de Jerusalém pelos Babilônios.

Jeremías 52:12-16 – evento da destruição de Jerusalém e o exílio de alguns judeus.

Lamentações 2:9 – expressão de luto sobre o mal estado de Jerusalém

v. 4

Salmo 137:1 – expressão (em cântico) de luto sobre a destreza dos judeus no exílio.

2 Crônicas 20:3 – exemplo de um jejum para buscar a presença de Deus.

25 O formato desta folha de trabalho é uma adaptação da Folha de Estudo de uma passagem Bíblica por Cornelio Hegeman no curso Introdução ao Estudo Bíblico. Miami: MINTS. 2009.

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Esdras 9:4 – o luto do povo de Deus ao receber notícia do exílio de alguns deles.

Daniel 9:3 – exemplo de como Daniel busca a face de Deus em humildade.

(Explicações de dados importantes)

Palavras importantes: Neemias, remanescente, grande mal, afronta, muro, porta, duelo, jejum,

oração.

Anotações gramaticais: tudo em tempo passado, escrito na primeira pessoa singular e plural.

Comparação de traduções26:

v. 1 – NVI e BLA não identificam Susã como capital da Persia, RV60 e RV95 a identificam

assim.

v. 2 – RV60, RV95, BLA usam a palavra ‘catividade’. NVI usa a palavra ‘desterro’.

v. 3 – RV60, RV95 usa a palavra ‘muro’. NVI e BLA usam a palavra ‘muralha’.

v. 4 – não se notam muita diferença entre as traduções.

Gênero literário: Narrativo

Autor e ouvintes originais: O autor se identifica (v.1) como Neemias.

Contexto cultural: sendo no exílio, o povo se havia adaptado a cultura dos Persas.

Contexto histórico: conta a história do povo de Israel (440 AC) uns 140 anos depois do

cativeiro.

Contexto bíblico: Deus está em processo de recuperar Jerusalém e seu povo em preparação da

chegada de Jesus Cristo.

Título e Tema da passagem: Título: Os Judeus no Exílio; Tema: A destreza dos judeus.

MÉTODO EXPOSITIVO

(observações sobre cada versículo)

v. 1 –

Neemias significa ‘consolado por Jeová’; vigésimo ano do reino de Artaxerxes (2:1), 446 AC.

Mês de Quisleu é novembro/dezembro; isto se passa 4 meses antes de Neemias se apresentar

diante do rei (2:1) porque o mês de Nisan é março/abril.

Susã é a cidade da residência principal do rei da Pérsia; é também o lugar onde os

acontecimentos do livro de Esdras começam (Esdras 1:3).

Há doze anos entre os acontecimentos de Esdras e os de Neemias.

v. 2

Hanani havia chegado de Jerusalém a Susã com outros.

v. 3

Para ‘portas queimadas’ ver Ester 4:7-23, mas mais provavelmente se refere a destruição em 586

AC.

v. 4

Jejum e oração poderia ser por luto (1 Sm. 31:13) ou para pedir algo de Deus (Esdras 8:21; 2

Crônicas 20:3).

“O Deus dos céus” – identifica Deus como a suprema autoridade e poder (ver Neemias 1:4,5;

26 RV60 = Reina Valera 1960; RV95 = Reina Valera 1995; NVI = Nova Versão Internacional; BLA = Biblia das Américas.

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2:4,20).

MÉTODO LITERÁRIO

(formule uma estrutura temática da passagem)

A Destreza dos Judeus no Exílio

1. Neemias introduzido (v.1)

2. Neemias pede informações acerca dos judeus no exílio (v.2)

3. Um informe muito triste (v.3)

4. Atitude de Neemias ante o informe (v.4)

MÉTODO ANALÍTICO

Tese(a verdade)

Antítese(a mentira)

Sintese

Sincretismo

A destreza do povo é triste

A destreza do povo não importa

Resposta de compaixão Resposta de apatia

MÉTODO DEVOCIONAL

Oração e Ação

Louvor: Deus sempre cuida do seu povo em seu grande amor, apesar de sermos infiéis com Ele.

Confissão de pecado: Eu me identifico com o povo pecador todos os dias.

Petições especiais: Ajuda-me a ser fiel apesar de muitas tentações em minha vida.

Ação de graças: Dou graças a Deus por sua fidelidade apesar da minha infidelidade.

MÉTODO DO CÍRCULO HERMENÊUTICO

1. O que o texto diz sobre Deus?

Deus é justo e misericordioso.

2. O que diz o texto acerca da revelação de Deus?

A Palavra sempre cumpre com o que diz.

3. Que relação tem o texto com o resto da Bíblia?

Mostra a graça de Deus para com seu povo como vemos na história da salvação através de toda a

Bíblia.

4. Como o Evangelho é comunicado (Cristo)?

Deus move a história para que chegue a seu fim, a salvação dos que respondem ao seu chamado.

5. O que o texto diz sobre o coração de Deus, o coração humano, o coração do ouvinte?

Somos pecadores e devemos buscar sua face sempre, ainda em tempos difíceis.

6. Que relação tem o texto com o contexto do autor humano, o contexto dos ouvintes ou

leitores originais e o contexto do ouvinte agora?

Tal como Deus restaurou seu povo nos tempos de Neemias, ele nos restaura em nosso contexto

hoje também.

7. Como este texto traz glória a Deus?

Nota-se desde os primeiros versículos de Neemias que Deus é e seguirá como protagonista da

mensagem do livro.

MÉTODO DE TEMA E ENSINOS

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Tema: A destreza dos judeus no Exílio

Aplicações:

1. Deus é Deus de justiça e nos castiga o pecado, mas também é Deus de misericórdia e nos

busca em nossa dor.

2. Deus é um Deus que cumpre com sua promessa (neste caso a promessa de restaurar seu povo).

3. Deus é soberano e usa o bem e ainda o mal para seu próprio fim.

Agora, revisando o Apêndice 2: Métodos de Estudo Bíblico e fazendo referência

ao exemplo acima do uso do modelo, faça um estudo sobre Neemias 1.5-11, seguindo a

Folha de Trabalho no final do Apêndice 2. Para a tarefa da presente lição, você deve

desenvolver somente o modelo de estudo indutivo.

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PERGUNTAS DE ESTUDO PARA A SESÃO UM

1. O que significa a palavra ‘hermenêutica’?

2. O que significa a palavra ‘exegese’?

3. Quem é o protagonista no livro de Neemias?

4. Qual é o tema do livro de Neemias?

5. Quais são os livros bíblicos relacionados historicamente ao livro de Neemias?

6. Como se relaciona esta passagem ao reino de Deus? Como você poderia

aplicar isso ao seu ministério dentro da igreja ou em sua vida?

7. De que maneira esta passagem apresenta Cristo? Como isso se relaciona ao

‘Ladrilho da Fé’ para a liderança bíblica?

8. O que ensina a passagem sobre ‘A Grande Comissão’ da igreja?

9. Anote um exemplo de um líder bíblico ou da história cristã que mostra algo da

liderança que ensina a leitura desta sessão. Como o mostra?

10. Qual versículo chave da passagem estudada você memorizará?

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Capítulo 2 - O LADRILHO DA ORAÇÃO (Neemias 2:9-4:23)

Comentário sobre a perspectiva histórica redentiva

Na primeira sessão do curso vimos algumas pautas para a hermenêutica bíblica.

A hermenêutica, junto com sua aplicação na exegese, nos ajuda a estudar uma passagem

bíblica específica com muito detalhe. Alguns dos princípios da hermenêutica bíblica é o

que vamos ver mais a fundo no presente comentário. É o princípio que diz: “Histórico: a

interpretação bíblica deve está de acordo com a história da redenção e da história

humana”27.

Este princípio nos ajuda a considerar as passagens sob consideração não somente

no contexto específico das palavras de algum versículo. Este princípio nos faz ver

qualquer passagem bíblica no contexto da mensagem geral da Bíblia: a história da

redenção. O princípio descrito acima menciona também a história humana. Mas na

realidade, alguém pode dizer que a história humana, é, de fato, a história da redenção,

porque a história humana é a história da relação entre Deus e o homem.

Eu defino a história da redenção assim: O transcurso unido de eventos na

história em que Deus estabelece, cumpre e aplica a redenção a seu povo escolhido.

Aplicado esta definição à hermenêutica bíblica, temos que estudar qualquer passagem

bíblica levando em conta as seguintes pautas:

a) A mensagem da Bíblia é a revelação progressiva;

b) A mensagem da Bíblia só pode ser entendida a partir de uma perspectiva

Cristológica;

c) Todos que são remidos por Deus, seja no Novo Testamento, seja no Antigo

Testamento, são redimidos pela fé em Cristo.

d) O povo de Deus no Antigo Testamento estava debaixo do mesmo pacto

corporal que nós, o povo de Deus no Novo Testamento.

A revelação progressiva é central ao conceito da história da redenaçõa. Vimos

que a mensagem da Bíblia é a história da relação entre Deus e o homem. Esta história

não é uma história que se desenrola espontaneamente e sem propósito. A história do

mundo é dirigida por Deus desde a criação até mais além do fim do mundo. Sidney

Greidanus comenta que devemos “entender a mensagem no contexto da história

27 HEGEMAN, p. 13.

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redentiva de Deus a partir da criação até a nova criação”28. Deus dirige a história em

quatro etapas:

Criação – Queda – Redenção – Nova Criação

a) Criação – A criação de Deus de um mundo inteiramente perfeito, fazendo

ordem do caos que existia (Gênesis 1 e 2);

b) Queda – A rebelião do homem contra Deus em pecado, resultando num

mundo que volta ao estado de caos (Gênesis 3);

c) Redenção – A atividade de Deus para redimir Israel (Antigo Testamento) e

todas as nações (Novo Testamento) para restaurar a criação caída ao reino de Deus

perfeito e ordenado. Esta atividade começa com a promessa redentora de Deus em

Gênesis 3.15. (Gênesis 5 a Apocalipse 20).

d) A Nova Criação – A vitória final de Deus sobre o mal e o estabelecimento de

Seu Reino perfeito na terra (Apocalipse 21 e 22).

Quando lemos e estudamos a Bíblia, devemos sempre nos fazer esta pergunta:

Onde cabe esta passagem na história redentiva de Deus? Considerando isso, vemos que

Neemias conta a história redentiva de Deus no momento em que Deus estava

restaurando Seu povo caído para que fosse um povo que reflete a expectativa que Ele

esperava de Seu povo. O templo representava a presença de Deus. A muralha de

Jerusalém representava a proteção deste símbolo da presença de Deus. A reconstrução

da muralha não tem simplesmente ensinos morais que o povo podia aprender e aplicar.

A reconstrução da muralha representava a obra de Deus em restaurar Seu nome santo

que havia sido desonrado entre as nações pelo pecado de Seu povo.

A história da redenção é focada na pessoa e obra de Jesus Cristo. Pensando

nisso, uma das chaves para a interpretação bíblica do Antigo Testamento é reconhecer

que cada evento no Antigo Testamento desenvolve o progresso da história para a vinda

de Cristo. Há reflexões e tipos de Cristo por todo o Antigo Testamento. Pode-se dizer

que Neemias é um tipo de Cristo e que a atividade que ele dirigiu refletiu a construção

da igreja de Deus, da qual Cristo é a cabeça. Vejamos alguns exemplos disso em

Neemias29:

28 Preaching Now, Vol. 2, No. 39, <http://www.preaching.com/newsletter/archive_2003/10_14.htm>.29 DOMÍNGUEZ, Jesus and His Church in the Book of Nehemiah,

<http://biblia.com/jesusbible/nehemiah1b.htm>.

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a) Neemias reconstruiu a muralha de Jerusalém para defender o povo e o templo

ante muita oposição (Neemias 3-6). Da mesma maneira Cristo defende Seu povo e Seu

reino ante os ataques de Satanás (1 Pedro 5.8-11).

b) Neemias chorou e jejuou na preparação de seu chamado (Neemias 1) Isso é o

que Cristo fez quando começou seu ministério, separando um tempo de 40 dias para

oração e jejum (Mateus 4, Lucas 4).

c) Neemias não trabalhou sozinho, mas ele contou com o povo de Deus (igreja)

na reconstrução (Neemias 1-7). Jesus Cristo usa sempre seus seguidores para cumprir

sua missão de salvação (1 Coríntios 12, Romanos 12).

d) O povo de Deus confessou seus pecados ante Deus como parte da restauração

interna do povo (Neemias 9.1-2). Jesus nos ensina isso em seu ministério também (João

21.23) É por meio de Cristo que temos perdão (1 João 1.9).

e) Neemias dirige o povo a um novo pacto com Deus respondendo à leitura da

Palavra de Deus (Neemias 8-10). Jesus Cristo se identifica com a Palavra de Deus (João

1.1, 14), o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14.6).

Há mais exemplos em Neemias que poderia ser aplicado à perspectiva da

história da redenção. Para ter um entendimento claro da mensagem de Deus para nós,

devemos aplicar toda a mensagem da Bíblia com esta perspectiva fundamental.

Leitura e comentário de Neemias 2:9 – 4:23

Tudo o que lemos em Neemias 2:9-4:23 é uma confirmação do nosso título da

sessão: O Ladrilho da Oração. Considerando o tema da passagem, vemos que depois de

haver começado com a base para a reconstrução da muralha (o ladrilho da fé), Neemias

enfatiza a importância da oração, um segundo ladrilho da liderança bíblica.

A passagem poderia se dividir em seis partes:

Desafios Externos (2:9-4:23)

a) 2:9, 10 – Preparação e reação a reconstrução.

b) 2:11-18 – Inspeção do trabalho.

c) 2:19,20 – Primeiro desafio externo.

d) 3:1-32 – Divisão do trabalho.

e) 4:1-10 – Segundo desafio externo.

f) 4:11-23 – Neemias responde aos desafios.

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Pensando no que vimos acima quanto à perspectiva histórico-redentiva,

Jerônimo Dominguez escreve que Neemias “...apresenta a Jesus Cristo como “nosso

restaurador”, como no livro de Esdras; e a igreja como o instrumento usado por Jesus

para nossa restauração”30. Não encontramos uma única referência a Neemias no Novo

Testamento. Tampouco há algum versículo de Neemias citado. Mas o conteúdo da

mensagem de Neemias forma grande parte da mensagem do Novo Testamento.

Nem todos os judeus voltaram a Jerusalém. Ciro, o rei da Pérsia, declarou seu

decreto em 538 AC. Naquele tempo uns 50.000 judeus voltaram (Esdras 2:64,65). E

estes quês voltaram tiveram o privilégio de ver a liderança de Neemias em ação. Vemos

por todo o livro que a “ação” de Neemias sempre estava rodeada de oração. O livro

menciona a oração especificamente pelo menos 11 vezes (1:4, 6,11; 2:4; 4:9, 5:10,11;

11:17) e há muita oração em Neemias não mencionada especificamente também. mais

referência a oração. Veremos a oração nesta passagem, mas também em todo o livro.

No capítulo 2, temos a resposta à oração do capítulo 1. É uma mostra do que

Neemias nos ensina quanto à importância da oração na liderança bíblica. Ele nos ensina

que a oração é uma profissão de fé. Cada vez que oramos, estamos confirmando nossa

fé em Deus. Essa é a razão pela qual a oração é tão importante na liderança bíblica. J.I.

Packer diz que “O curso de ação de Neemias parece haver sido o seguinte: ore, segue

com ação, termina em oração”.31 Ele continua mencionando algums exemplos de

orações estratégicas em Neemias:

a) A preparação antes de vir a Jerusalém (1:1-5).

b) Petição antes de falar com Artaxerxes (2:4-6).

c) Em meio da opressão de Sambalate e Tobias (4:4,5).

d) Ao receber notícia do ataque (4:9).

e) Quando o inimigo tratou de assustá-los (6:9), etc.

É por toda essa oração que ao terminar a reconstrução da muralha, o inimigo

afirmou que Deus havia exercido providência para o seu povo: “Sucedeu que, ouvindo-

o todos os nossos inimigos, temeram todos os gentios nossos circunvizinhos e decaíram

muito no seu próprio conceito; porque reconheceram que por intervenção de nosso Deus

é que fizemos esta obra”. (Neemias 6.16).

a) 2.9, 10 – Preparação e reação à Reconstrução

30 DOMÍNGUEZ, Jerônimo.Bíblia Vivida, <http://www.biblia.com/p0000074.htm>.31 PACKER, p. 80.

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No versículo 9 lemos que Neemias entregou as cartas de Artaxerxes aos

governantes das regiões pelas quais passou. Ele ia com a proteção de oficiais do

exército também. Lemos no versículo 10 que isso desagradou a alguns como Sambalate

e Neemias. Ali temos a palavra ouvindo-o’. Esta palavra segue como um refrão no livro

de Neemias (2:19; 4:1,7,15; 6:1,16), refirindo-se ao inimigo que responde a situações de

superação em Israel. O inimigo se põe mais e mais frustrado, e responde por aumentar o

conflito até que se resolve em 6:16.

Jerusalem estava rodeada pelo inimigo. Neste está Tobias cujo nome significa

“O Senhor é bom”. Ele nasceu em uma família cujos pais provavelmente reverenciavam

Deus. Segundo lemos em outras narrativas históricas, é possível ele rendia culto a Deus

às vezes. Ele estava localizado ao leste do rio Jordão. No norte está Sambalate cujo

nome significa “deus da lua”. Sua descendência era de governadores em Samaria,

vindos da Babilônia, por mais de 100 anos. O terceiro oponente, Gesém, vinha do sul

(2:19). E para terminar o círculo de inimigos, no oeste estava Asdode (4:7). A oposição

parecia política, mas sua raiz era religiosa. Estes quatro inimigos quiseram atacar

Neemias na viagem e também a Jerusalém, mas o povo judeu tinha a proteção do rei da

Pérsia. Não queriam fazer algo contra ele. É importante notar que Deus usa até o

inimigo (a proteção de Artaxerxes) para fazer avançar seu plano de redenção.

b) 2:11-18 – Inspeção do trabalho

A Neemias cabia a responsabilidade de supervisionar o trabalho que deveria

fazer. Ele teria que considerar três coisas na inspeção: a condição da muralha, a história

dos que intentaram no passado (sem êxito); a condição do povo (desanimados e

desalentados). Neemias fez sua inspeção como se fosse um agente secreto (vs. 12,16).

Isso foi distinto da inspeção para a reconstrução do templo da parte de Esdras. Ele fez

sua inspeção de dia, em público, em plena vista de todos os presentes em Jerusalém

(Esdras 8.32).

Neemias começou e terminou sua inspeção no mesmo lugar: a porta do Vale (vs.

13, 16) Lembre que a muralha estava em ruínas por mais ou menos 150 anos (desde 586

a.C.) Uma tentativa anterior de reconstrui-la foi interrompida (Esdras 4.7-23) A muralha

estva em péssimo estado (1.3)

No versos 17 e 18 lemos que Neemias propõe o plano. Ele apresentou uma visão

de um futuro seguro (v. 17) e da fidelidade de Deus no passado (v. 18). Isso motivou o

povo a seguir adiante. Neemias mesmo se inclui com os demais. Identifica-se com eles.

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Note que os verbos no v. 17 estão na primeira pessoa do plural: “o mal em que

estamos,... edifiquemos o muro,... Deixemos de ser opróbrio...”.

Neemias sabe que tudo isso é uma batalha. Mas em que consiste a batalha?

Entre quem? A batalha parece ser entre os inimigos que rodearam por todo lado

(literalmente!), e os Israelitas que estavam sobre a muralha que construiam. Mas,

pensemos nisso a partir de uma perspectiva histórico-redentiva. A batalha não é isso. A

batalha era entre Deus e Satanás. Os Israelitas eram os representantes de Deus. Os

inimigos eram os representantes de Satanás. Nisso consiste o conflito neste capítulo.

Nisso consiste o conflito desde o Éden até agora. Este conflito se resolve somente em

Cristo que triunfou sobre Satanás na cruz. É disso trata esta passagem. O nome Satanás

significa ‘adversário’. Ele usou batalha psicológica, ameaça física e o desânimo pessoal

como ferramentas de sua batalha.

No v. 18 vemos a segunda referência em Neemias sobre “a boa mão de Deus” no

plano de Deus. Em nosso comentário de Neemias 2.8 vimos que a referencia é a graça e

a misericórida de Deus, um lembrete de que Deus cumpre a sua vonta de por meio de

seus servos.

Aqui também lemos que os líderes judeus prestaram seu apoio ao plano

proposto. Tinha que ser um bom plano. E isso o fez Neemias, rodeado pelo inimigo,

mas rodeado de um circulo ainda mais poderoso: a oração. Fazer o plano no contexto da

oração, buscando a direção de Deus, era a Mara crítica da liderança de Neemias. John

MarArthur comenta sobre a importância de planejar com oração: “Preparando planos

inteligentes e práticos para servir a Deus não está em conflito com confiar na

providência de Deus, ou confiança na providência de Deus não é desculpa para não

preparar um plano” . 32

c) 2. 19, 20 – Primeiro desafio externo.

Até agora havia muito êxito e favor. A oração de Neemias foi respondida. Ele

recebeu permissão do rei para voltar a Jerusalém com autoridade oficial, proteção e

recursos para a construção. O apoio do povo para levantar a obra de reconstrução foi

algo que merecia muita gratidão.

Mas apesar de tudo isso, vem os desafios. MacArthur escreve: “Quando o povo

de Deus faz o trabalho de Deus, seguindo o plano de Deus, sempre terá oposição” 33. Os 32 MacArthur, John, Nehemiah: Experiencing the Good Hand of God, Nashville, TN: W Publishing

Group, 2001. p. 25.33 MacArthur, p. 38.

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desafios se apresentaram em forma de conflitos. Sambalá, Tobias e Gesém, tentaram

intimidar o povo por meio da zombaria. Mas, Neemias nçao foi intimidado pelo

inimigo. Ele professou sua fé que Deus responderia sua oração. Ele se refere a Deus

como “o Deus dos céus” (v. 20). Vimos que esse refrão aqui e o veremos várias mais no

livro de Neemias. Em 1.11, Neemias havia pedido êxito e aqui ele expressa confiança

de que prosperará.

d) 3:1-32 – Divisão do trabalho.

O êxito que Neemias estava seguro que viria pelo plano de trabalho que ele

porpôs. Neste capítulo há referências a muitos sítios na muralha de Jerusalém. Me

convida a olhar um mapa da muralha e as referências no apêndice 4: Jerusalém no

tempo de Neemias. Lembre do primeiro capítulo que a muralha de Jerusalém era de uns

três ou quatro quilômetros de largura34.

É importante considerar aqui que não só os líderes, senão todo o povo é

importante para cumprir o propósito de redenção de Deus – clero, leigos, supervisores e

peões, todas as familias, até algumas filhas (v.12) ajudaram. Disso também fala o

apóstolo Paulo no Novo Testamento em Efésios 4.16.

No capítulo 3 parece ser somente uma lista dos trabalhadores. Alguns

comentários mencionam muito pouco sobre este capítulo35, e outros dedicam grandes

porções de seu comentário a Neemias 3. 36 Mas veremos que há muito que ver neste

capítulo. Em primeiro lugar a organização do povo é tremenda. O trabalho foi dividido

entre uns quarenta trabalhos específicos divididos estrategicamente entre as pessoas. Em

segundo lugar, a dedicação e entusiasmo foi exemplar. Tudo foi feito tão rápido que o

inimigo nem teve tempo de organizar-se. Quando começaram a se dar conta dos planos

de Neemias, o trabalho já estava terminado. E todo o muro reconstruído em 52 dias!

(Neemias 6.15).

A narrativa da inspeção dos lugares passa pelas sete portas ao redor da cidade

onde estava reconstruída a muralha, começando (v. 1) e terminando pela Porta das

ovelhas (v. 32). Apesar da unanimidade geral, sempre havia uns grande (ou ricos) que

não cooperaram (v. 5) por preguiça e possivelmente porque Tobias lhes havia pago para

que não cooperassem. Mas apesar disso, e ainda que a muralha estivesse em completa

34 Boice, p. 10.35 Charles Swindoll no menciona este capítulo en su libro (Swindoll, Charles, Pásame Otro Ladrillo,

Montclair, CA: Editorial Caribe, 1980.)36 James Montgomery Boice dedica un capítulo entero tremendo a Nehemías 3 en capítulo 4.

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ruína, o povo podia ver mais além dos problemas e do estado da muralha. Eles sempre

se referiam a Jerusalém com sumo respeito como a “Cidade de Davi” (v. 15) o que de

fato, era.

e) 4:1-10 – Segundo desafio externo.

Em 4. 1-3 lemos que a oposição aumenta. Segue a farsa (ver 2.19). O inimigo

não podia atacar físicamente, mas atacaram verbal, emocional e psicologicamente. Note

nos versículos que havia cinco perguntas de zombaria. Cada uma identificou uma

debilidade dos Israelitas, que era verdadeira. Quão astuto é o inimigo em identificar as

debilidades do povo e aproveitar isso para desanimar o povo.

Nos versículos 4 e 5 vemos que Neemias mais uma vez enfrenta a situação em

oração. A oração é uma mostra de humildade e dependência. Na oração Neemias pede

bênção para os israelitas, mas também pede uma maldição para o inimigo. Isso é um

exemplo de um tipo de oração que se chama “oração imprecatória” em referência à uma

oração pedido maldição específica para o inimigo. No verso 9, há uma outra referência à

oração. Mas nesse cado, não é somente uma oração, mas um compromisso de vigiar

também. Aqui se vê o equilíbrio importante entre a oração e a ação. Para ver mais sobre

isso, convido você à leitura de Charles Spurgeon que vem deste versículo (veja-se as

tarefas correspondentes ao capítulo 2).

Apesar de todo o esforço de Neemias de animar o povo, ainda assim chegaram

temporadas de desalento também. Uma referência a isso se nota no verso 10. A

referência é a Judá como um termo corporativo. Há duas razões básicas para o

desânimo: a zombaria do inimigo e o trabalho duro. A referência no versículo 10 é ao

pó e às pedras que o povo tinha de limpar e colocar antes de começar o projeto de

construção.

f) 4:11-23 – Neemias responde aos desafios

Este capítulo é um exemplo de como sobreviver e perseverar quando se

enfrentam o antagonismo e a oposição. Na história da redenção, há tempos de ânimo e

muito progresso. Há também épocas de desalento e o que nos parece ser atrasos. Mas, a

mesma passagem apresenta como Deus usa a oposição como uma ferramenta para levar

adiante o seu plano de salvação.

Neemias respondeu aos desafios de três maneiras37

37 Boice, p. 55.

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a) Ele não usou de represálias

b) Ele orou.

c) Ele seguiu com o trabalho.

Ao fim de tudo, o povo saiu mais firme que nunca para seguir adiante. Isso é

consistente com o que está escrito em 2 Crônicas 32:1-23 quando Senaqueribe atacou

Israel, Ezequías , o réu judeu, respondeu: “Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos

assusteis por causa do rei da Assíria, nem por causa de toda a multidão que está com

ele; porque um há conosco maior do que o que está com ele. Com ele está o braço de

carne, mas conosco, o SENHOR, nosso Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas

guerras. O povo cobrou ânimo com as palavras de Ezequias, rei de Judá”. (2 Crônicas

32. 7-8).

O inimigo pensou que tinha tudo sob controle, e tomou por certo que ia dominar

os Israelitas. Assim como pensou o Faraó egípcio quando perseguiu os Israelitas no Mar

Vermelho e disse: “O inimigo dizia: Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos; a

minha alma se fartará deles, arrancarei a minha espada, e a minha mão os destruirá.”

(Êxodo 15:9).

O povo se sentiu sobrecarregado. Neemias menciona que os judeus lhe disseram

“até dez vezes” (v. 12) que o inimigo era muito forte. O número dez (o número de

completude) enfatiza a seriedade da situação. Mas a seriedade da situação é sobreposta

pela realidade de que Deus assegurou que os judeus se dessem conta do plano do

inimigo para que pudessem dar informe aos líderes judeus. Tal é a providência de Deus

na história da salvação em resposta à oração do seu povo.

Nos últimos versículos (vs. 13-21) contam como Neemias respondeu. Ele pôs

guardas adicionais. Aqui é a primeira vez que encontramos que tomam armas – espadas.

Mas o tomar armas vem com uma confiança em Deus (v. 14) expressado em uma

declaração de fé no versículo 14: “...não os temais; lembrai-vos do Senhor, grande e

temível, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas, vossa mulher e vossa

casa”. Os planos estão feitos, e bem feitos. O povo está trabalhando, e muito duro. Mas,

Neemias sempre dá a glória a Deus pelo êxito.

No versículo 15 lemos que o inimigo esperava que suas ações frustrariam o

plano de Deus para o trabalho, mas o oposto ocorreu. O plano do inimigo de frustrar o

trabalho foi, antes, frustrado por Deus. O povo acrescentou mais armas: lanças, escudos,

arcos e couraças (v. 16). O plano era duplo: trabalhar na muralha e velar pelo inimigo.

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Parecia mais difícil seu desafio. A metade dos trabalhadores velavam, e mesmo os que

trabalhavam, tinham uma mão ocupada com alguma arma.

A importância desse momento se vê no versículo 18 com referência à trombeta.

A trombeta tinha várias funções no Antigo Testamento. Aqui a função era para sinalizar

perigo, ameaçar o inimigo, e chamar os soldados para pelejarem. O trompetista sempre

ao lado de Neemias mostrava uma diligência perpétua, constante e contínua.

Com tudo isso, o povo de Israel manteve a sua dedicação. Segundo o verso 21, o

povo trabalhava até muito tarde da noite, até que saissem as estrelas. Essa dedicação se

devia à liderança de Neemias. Em particular, devia-se à oração oferecida por Neemias

frente a cada situação que se lhe apresentava.

Imagino que o que animava o povo nos tempos difíceis que passavam eram

cânticos e poemas recitados, como os que se encontra no Salmo 27.1-4; 11, 14.O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O SENHOR é a fortaleza da minha vida; a quem temerei? Quando malfeitores me sobrevêm para me destruir, meus opressores e inimigos, eles é que tropeçam e caem. Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei confiança. Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo. ... Ensina-me, SENHOR, o teu caminho e guia-me por vereda plana, por causa dos que me espreitam. ...Espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo SENHOR.

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PERGUNTAS DO ESTUDO PARA A SESSÃO DOIS

1. Que significa “a história da redenção”?

2. Como você identificaria a história da redenção em nossos dias?

3. Que significa “a boa mão de Deus”?

4. Que papel tem a oração no livro de Neemias?

5. Quem são os quatro inimigos primários pelos quais o povo de Deus estava

rodeado?

6. Como se relaciona esta passagem ao reino de Deus? Como poderia aplicar

isso a seu ministério dentro da igreja ou à sua vida?

7. De que maneira essa passagem apresenta Cristo? Como se relaciona isso ao

“Ladrilho da oração” para a liderança bíblica?

8. O que a passagem ensina sobre “A Grande Comissão” da igreja?

9. Anote um exemplo de um líder bíblico ou da história cristã que mostra algo da

liderança conforme ensinado nessa sessão. Como isso se mostra?

10. Qual o versículo chave da passagem estudada você memorizará?

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CAPÍTULO 3 - O LADRILHO DA DISCIPLINA (NEEMIAS 5:1 – 7:3)

Comentário sobre a História de Jerusalém

A cidade de Jerusalém é o foco do livro de Neemias. Jerusalém nem sempre foi

o nome da cidade. Por volta de 1.400 aC, se chamava “Urusalim” que significa “cidade

de paz”. Mas a realidade é que a historia da cidade de Jerusalém tinha sido mais de luta

do que de paz. Tinha sido conquista e reconquistada, destruída e reconstruída. De fato,

atualmente, hoje em dia há mais luta sobre Jerusalém e especialmente do lugar do

templo de Jerusalém. Há três grandes religiões que reclama Jerusalém como seu lugar

santo: os cristãos, os judeus e os mulçumanos. Não vamos considerar toda essa luta,

mas gostaria de apresentar algo quanto à história da cidade, com ênfase particular no

significado dos eventos que ocorreram ali na história da redenção.

Na Bíblia, a primeira referência à cidade é com o nome de “Salém” em Gênesis

14.18, durante o tempo de Abraão, uns 2.000 anos aC. O salmo 76.2 identifica Salém

como Sião, outro nome dado a Jerusalém na Bíblia. Não é por coincidência que esta

primeira menção da cidade em Gênesis 14.18 identifica a Melquisedeque como seu rei.

A Bíblia identifica Melquisedeque como um sacerdote-rei. Seu nome significa “rei de

justiça”. Ele é identificado em Hebreus 5.6 como um tipo de Cristo, quando ali se diz:

“como em outro lugar também diz: Tu (Cristo) és sacerdote para sempre, segundo a

ordem de Melquisedeque”.

A primeira vez que a cidade é identificada com o nome de Jerusalém na Bíblia é

durante a captura da terra prometida em Josué 10.1 onde é mencionado como um estado

independente com um rei. O rei Davi mudou a capital de Israel de Hebrom para

Jerusalém por volta de 1.000 aC. Era uma cidade gloriosa durante o reino de Salomão,

mais começando com o reino de Roboão, a magnificência da cidade foi-se perdendo.

Em 917 aC durante o quinto ano do reino de Roboão, os egípcios conquistaram

Jerusalém. O templo de Jerusalém havia de ser capturado oito vezes nos próximo 300

anos.

Jerusalém é uma cidade importante porque exerce um papel de suma

importância na história da redenção. No Antigo Testamento Jerusalém funcionava como

o centro das atividades religiosas, sociais e políticas entre os israelitas, o povo de Deus.

É aos israelitas que foi dada a promessa que por meio deles viria o Salvador prometido,

Jesus Cristo. Foi em Jerusalém que ocorreu a chamada “Semana Santa”, a semana das

atividades da morte e a subseqüente ressurreição de Jesus Cristo. Foi em Jerusalém que

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a ascensão de Jesus Cristo aconteceu. Foi em Jerusalém onde o Espírito Santo desceu no

dia de Pentecostes, dando início à igreja cristã no Novo Testamento.

Para ter uma idéia melhor da história de Jerusalém, veja-se a seguinte tabela de

cronologia da história da cidade de Jerusalém. Nela se encontra todos os detalhes até o

ano 70 dC e algumas datas chaves dos anos posteriores. Para mais detalhes dos tempos

depois de 70 dC, consulte o site da internet indicada na nota de referência.

CRONOLOGIA DA HISTÓRIA DA CIDADE DE JERUSALÉM38

a.C. (Antes de Cristo)

c. 1004 – O rei Davi estabelece Jerusalém como a capital de Israel;

960 – O rei Salomão (filho de Davi) constrói o primeiro templo no lugar

indicado por seu pai;

922 – O reino é dividido entre o norte (Israel) e o sul (Judá) com Jerusalém

como capital do reino do sul;

701 – Senaqueribe, rei Assírio, intenta conquistar Jerusalém, sem éxito;

700 – Ezequías desenvolve um sistema de água em Siloé;

586 – O reino de Judá é conquistado por Nabucodonosor, rei da Babilônia que

destruiu Jerusalém, incluindo o primeiro templo, e leva os judeus para Babilônia;

539–537 – Os exilios na Babilônia começam a voltar, dirigidos por Esdras e

Neemias.

515 – A cidade é restaurada, e o segundo templo é dedicado com ela (debaixo do

reino de Dario, o rei da Pérsia);

444 – Neemias reconstrói a muralha de Jerusalém;

350 – Os capturam Jerusalém;

332 – Os Helenistas dominam a região sob a liderança de Alexandre, o Grande;

313 – Ptolomeu I do Egipto reina sobre Jerusalém;

170 – Antíoco Epifânio, rei da Síria, destrói Jerusalém;

167–164 – Rebelião dos Macabeus pelos Hasmoneos depois da destruição por

Antíoco;

165 – Jerusalém foi recapturada e o templo rededicado. Restauração da

autonomia judaica sob a liderança dos Hasmoneos;

63 – Invasão Romana dirigida por Pompeu;38Magshimon, Number 23, <http://www.hagshama.org.il/en/resources/view.asp?id=222>.

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37 – O reino reestabelecido com Jerusalém como capital sob Herodes, designado

por Roma;

20 – Herodes começa a restauração do templo;

0 – Reino dos governantes Romanos

d.C. (Depois de Cristo)

6 – Jerusalém incluida como parte da província romana da Judéia. A resistência

judaica se desenvolve;

33 – Crucificação de Jesus Cristo por ordem de Poncio Pilatos;

66–73 – Primeira rebelião judaica;

70 – Captura de Jerusalém por 134 dias pelos romanos sob a liderança de

Vespasiano. Jerusalém cai. Segundo templo destruído por Tito;

132–135 – Segunda rebelião judaica. Jerusalém destruída e reconstruída. Judeus

excluidos;

<<<Jerusalém capturada e restaurada várias vezes por várias nações

durante o transcurso de sua história no primeiro e segundo século>>>

1948 – 15 de maio – O estado de Israel é restaurado;

1949 – Jerusalém proclamada capital de Israel;

1967 – Cidade Velha de Jerusalém capturada por Israel depois de uma batalha de

seis días;

1980 – A Lei Básica de Jerusalém inaugurada, declarando Jerusalém como

capital de Israel.

Leitura e Comentário de Neemias 5:1 – 7:3

Tudo o que lemos em Neemias 5:1 – 7:3 é uma confirmação de nosso título da

sessão: “O Ladrilho da Disciplina”. Considerando o tema da passagem, vimos que

depois de haver iniciado com a base para a reconstrução da muralha (o ladrilho da fé) e

seguindo com o ladrilho da oração, agora Neemias enfatiza a importância da disciplina,

um terceiro ladrilho da liderança bíblica.

A passagem se poderia dividir em três partes:

5.1-7.3 – Desafios Internos.

a) 5.1-19 – O Primeiro desafio Interno

5.1-5 – Injustiça Interna;

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5.6-11 – Neemias Responde;

5.12-13 – O Pacto Com Deus Reafirmado;

5.14-19 – Exemplo de Compaixão de Neemias.

b) 6.1-14 – O Segundo desafio Interno

6.1, 2 – Oposição de Conspiração;

6.3, 4 – Neemias Responde;

6.5-7 – Oposição de Suspeita;

6.8, 9 – Neemias Responde;

6.10 – Oposição da Intimidação;

6.11-14 – Neemias Responde.

c) 6.15-7.3 – Conclusão da Muralha

a) 5:1-19 – O Primeiro desafio Interno

i) 5:1-5 - Injustiça Interna

Havia uma crise econômica em Jerusalém: Judá foi cortada de fontes de

comércio da parte dos vizinhos; muitos varões tinham que deixar o trabalho do campo

para ajudar na construção (Neemias 4.22); havia uma superlotação na população (v. 2);

havia fome (v. 3; ver também Ageu 1.6, 9-11); os administradores anteriores cobraram

muito da população e a maltrataram (v. 15).

Há três categorias de pessoas que se queixaram de alguns judeus ricos que

maltrataram seus próprios patrícios por meio de extorsão. Poderiam ter sido os mesmos

grandes (3.5) que não queriam colaborar com o imenso trabalho que havia que fazer.

Alguns que tinham posses tinham que vender tudo para pagar os altos impostos. Alguns

tinham que tomar empréstimos com juros (até 50%39) e hipotecaram seus terrenos.

Segundo a lei de Deus, podia-se fazer empréstimos, mas sem juros (Êxodo 22.25-27;

Levítico 25.35-37; Deuterônomio 23.19,20). Outros pobres que não tinham posses

tinham que oferecer seus filhos como escravos. Segundo Levítivo 25.39-43 o

trabalhador pobre podia vender-se para recuperar-se economicamente (v. 5). Mas ainda

assim seu dono devia tratá-lo como trabalhador, e não como escravo. Também esta

provisão não incluía crianças como se fazia nos dias de Neemias.

A decadência em Jerusalém era profunda. Os oficiais oportunistas chegaram a

ser a oposição interna do povo. Eles fizeram negócio às expensas dos pobres. Muitos

39 MacArthur, p. 49.

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não podiam pagar suas dívidas, pelo qual tinham que subeter-se a escravidão. Havia

fome (v.3) Isso muitas vezes era castigo de Deus (Deuterônomio. 11.16, 17; 1 Crônicas.

21.12; Ageu. 1.7-11). O tempo de fome poderia haver sido pela desobediência dos

líderes.

ii) 5.6-11 – Neemias responde

Quando Neemias repreende aos oficiais, ele o fez com tremenda ira (v.6). Os

oficiais foram demandados (vs. 7-8) por abusar dos patrícios em seus negócios. No

verso 9 Neemias identifica que a razão para essa situação depressiva é precisamente por

causa destes abusos. Não somente receberam dinheiro por adultos e jovens e crianças

escravas, mas os vendia e comprava por motivo de puro negócio. Mas sua ira era

justificada. Da maneira que Neemias se opôs à injustiça, assim também Cristo oporia a

injustiça em seu ministério. É outro exemplo de que Neemias é tipo de Cristo (por

exemplo, a limpeza do templo em João 2.14-16) e que sua liderança de disciplina aponta

a obra de Cristo.

Nesses versículos nota-se a segunda vez que Neemias para o trabalho da

reconstrução por causa importante. A primera vez foi em 4.13, 14 quando havia ameaça

de ataque do inimigo (desafio externo). Agora é por outro ataque, o dos próprios judeus

(desafio interno) pelo qual ele dá uma pausa no trabalho para chamar uma vez mais a

atenção de todo o povo40. Que vale construir a muralha para defesa contra os inimigos

de fora se dentro da mesma muralha o inimigo verdadeiro (Satanás) está detonando

(literalmente!) o povo dentro? Na história da redenção o ataque de Satanás veio de fora

e também de dentro da igreja e das instituições cristãs. O ladrilho da disciplina interna

do povo de Deus é manifestado por Neemias em sua ação de considerar o problema de

tamanha magnitude que devia parar o trabalho para chamar a atenção de todo o povo na

assembléia que ele convocou.

Nos versículos 10 e 11 lemos que Neemias demanda que os oficiais cancelem as

dívidas, que retirem os impostos cobrados, e que devolvam os terrenos confiscados.

Com isso Neemias espera a resposta dos oficiais.

iii) 5.12-13 – O Pacto Com Deus Reafirmado

A resposta veio rápido. Os grandes prometeram fazer o indicado por Neemias.

Mas Neemias insistiu em que se fizesse mais. Ele insistiu que jurassem sua promessa

40 Boice, p. 64

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com um pacto. Segundo o versículo 13 parece que apenas jurar não era o suficiente.

Neemias os advertiu mostrando o que aconteceria com os que não guardassem sua

promessa. No pacto renovado aqui, Neemias usa um sinal dramático para enfatizar o

feito. No The Pulpit Commentary lemos o seguinte:

A maldição de Neemias não foi comum, mas foi clara e inteligente. Ele ora que qualquer que fosse infiel a sua promessa seria expulso do povo e sem lar, sem posses e tão vazio como o vestido sacudido que primeiro é juntado como uma bolsa, e depois é lançado no vazio. 41

Para entender mais sobre o pacto, recomendo revisar o comentário no capítulo

seis deste livro: Comentário sobre o Pacto. Também poderia referir-se a Jeremias 34.8-

22, onde Deus inicia uma renovação do pacto com Israel, enfatizando a linha da história

da redenção por meio de apontar o Novo Pacto em Jesus Cristo.

iv) 5.14-19 – Exemplo de Compaixão de Neemias

Como governador Neemias podia pedir impostos por sua comida e hospedagem.

Mas, a motivação de Neemias para servir como governador era o serviço (v. 16), e não

por motivo pessoal. Neemias podia ter aproveitado a situação, mas em vez de

aproveitar, ele distribuiu seus bens e seus privilégios para o bem de todo o povo. Em

seu momento de compaixão, Neemias se humilha ante Deus e ora: “lembra-te de mim”

(v. 19). Esse é o primeiro uso dessa forma de oração (veja-se três ocasiões mais no livro

de Neemias (13. 14, 22, 31). Esta humildade e a compaixão (sacrifício, identificação)

que mostra nesses versículos é outro sinal da compaixão de Cristo; Cristo tinha muita

compaixão com os pobres e com os que não tinham o que comer.

No v. 14 temos uma referência ao período de doze anos do primeiro término do

serviço de Neemias como governador. Depois deste término, voltou a Persia (Ne 13.6,

7). Depois ele voltou a Jerusalém para servir como governador por um tempo

indefinido.

b) 6:1-14 – O Segundo desafio Interno

Façamos uma breve pausa para considerar algo quanto ao conteúdo e

organização do livro de Neemias. O primeiro capítulo é dedicado a introdução à

urgência do trabalho da reconstrução. No segundo capítulo lemos sobre os antecedentes 41 Spence, H.D.M., & Exell, Joseph S., editors, The Pulpit Commentary (Volume 7: Nehemiah), (Wm. B.

Eerdmans Publishing Company, Grand Rapids, MI. 1978) p. 50.

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do trabalho que tinha que fazer. O terceiro capítulo está dedicado à organização do povo

para o trabalho.

A estes três capítulos seguem outros três dedicados à oposição que enfrentou o

povo. Havia dois desafios externos e dois internos. O segundo desafio interno é

composto de três partes. E pode ser resumido da seguinte maneira:

Dois desafios externos:

a) A zombaria (2.19-20)

b) A zombaria intensificada (4.1-6).

Dois desafios internos

a) Injustiça Interna (5.1-5)

b) Desafio interno semeado do externo pelo inimigo em três fases:

i) Conspiração (6.1-2)

ii) Suspeita (6.5-7)

iii) Intimidação (6.10)

Já consideramos os dois desafios externos e o primeiro desafio interno. Estes três

desafios não lograram o objetivo desejado que era parar o trabalho. Então Satanás segue

com um mais desafio interno. Um desafio que tem três dardos. É um desafio com um

plano semeado externamente (pelos inimigos que já conhecemos), que se inflitraram

entre o povo sutilmente. O plano é dividido em três fases notadas acima: conspiração,

suspeita e intimidação.

i) 6.1, 2 – Oposição de Conspiração

No primeiro versículo, encontramos uma vez mais o refrão: quando ouviram.

Este refrão se refere ao inimigo que responde a situações em Israel (2.19; 4.1, 7, 15; 6.1,

16). O inimigo se pôe mais e mais frustrado, e responde por aumentar o conflito até que

se resolva em 6.15 e 16 com o fim da construção da muralha. Aqui parece que a

intenção é de molestar a Neemias causando-lhe dano (vs 1-4), assustando-o em levantar

suspeitas internas (vs 5-9), e intimidar desacreditando-o entre o povo (vs 10-13). 42

A oposição de conspiração nos versos 1-4 é muito sutil da parte de Satanás e

seus seguidores. Quatro vezes Neemias é convidado para reunir-se com o inimigo num

local isolado fora de Jerusalém. O vale de Ono (v. 2) era de um dia de viagem, passando

próximo dos inimigos em Samaria e Asdode. Imagine se Neemia poderia ter passado no

42 Sproul, R.C., Geneva Study Bible, Nashville, TN: Thomas Nelson Publishers, 1995. p. 671.

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percurso da viagem! A intenção é de fazer-lhe mal. Os dois partidos na batalha, os

inimigos e Neemias, se põem firmes em sua convicção. Neemias entendia a armadilha

que o inimigo, como agente de Satanás, estava armando para que caísse.

ii) 6.3,4 – Neemias Responde

Neemias rejeita o convite cada vez que lhe é apresentado, respondendo quatro

vezes com a mesma resposta. Ele mandou dizer que estava muito ocupado e não tinha

tempo para reunir-se com Sambalá e seus colegas. De fato, Neemias tinha muito o que

fazer. E além do perigo que lhe esperava no caminho para a suposta reunião, quem sabe

o que passaria com o povo em sua ausência por vários dias?

iii) 6.5-7 – Oposição de Suspeita

Segue uma carta de Sanbalate (v. 5) denunciando a Neemias por rebelião e

interesse pessoal. Imagine! Depois de tudo que Neemias fez para os judeus, todo o

sacrifício, toda sua compaixão, agora ele recebe uma demanda de que é egoísta. A carta

estava aberta, ou seja, não selada, para que o povo pudesse lê-la e divulgar a informação

que continha. Geralmente, a carta era um rolo, selado pessoalmente por quem a

mandou. Sambalate esperava que quando o povo lesse a carta desconfiasse de Neemias.

Ele esperava que o povo suspeitasse que Neemias quisesse fazer mal ao rei Artaxerxes.

iv) 6.8,9 – Neemias responde

A resposta de Neemias foi muito curta. Ele simplesmente insistiu que a demanda

de Sambalate era falsa. Mas ele reconhece que a oposição segue ainda mais intensa pelo

que ele faz outra oração breve, porém profunda, pedindo forças a Deus. “Agora, pois, ó

Deus, fortalece as minhas mãos”. O fato de ele fazer essa oração em tempos difíceis

confirma o caráter de disciplina de Neemias, apesar de toda pressão.

v) 6.10 – Oposição de Intimidação

Tal como esperava, Neemias está enfrentando outro ataque. Segue um intento a

mais da parte de Sambalate de buscar críticas contra Neemias da parte de sua própria

gente, usando Semaías, falso profeta. Este convida Neemias à sua casa. Neemias vai.

Semaías, pensando que agora poderia enganar Neemias lhe convidou para que se

reunissem no templo, para segurança, dizendo que vinha o inimigo para matá-lo. Mais

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isso era mais uma armadilha. Imagine! Um dos próprios patrícios judeus, e

supostamente um profeta de Deus, armando laços para Neemias.

No povo de Deus havia muita gente que buscava a Deus. Mas, também havia

certo número de judeus desleais, agentes de Satanás, que formaram parte do desafio

interno: os grandes (3.15; 6.17); Judeus que viviam próximo de Sambalate (4.12);

Tobias (6.14); Mesulão (6.17-19); Eliasibe (13.4, 7); o neto do sumo sacerdote (13.28).

vi) 6:11-14 – Neemias responde

Neemias era um homem de Deus. Por sua disciplina pessoal de leitura da Lei e

da oração, ele reconheceu a armadilha de Semaías. Ele se nega a fugir e decide não

entrar no templo. Se o tivesse feito, haveria sido criticado por seu próprio povo. Por

que? Porque o que Semaías lhe pediu para fazer era contra a lei de Deus. Um estudo

mais profundo do texto hebraico nos ajuda a entender isso.

A palavra que se usa no original para ‘templo’ (היכל – hê∙ḵāl) não era o local

público onde o povo se reunia durante o tempo do sacrifício e da celebração de culto. A

palavra significa ‘o lugar santo’. Quem quer que fosse, poderia buscar refúgio em uma

das cidades de refúgio. (Deuteronômio 19.1-13; Josué 20.1-9), mas ninguém poderia

buscar refúgio no templo, muito menos no lugar santo (Exôdo 21.12-14), como indicou

Semaías. Somente os sacerdotes teriam permissão de entrar no lugar santo. Qualquer

outro poderia ser castigada com morte (Números 18:7). Semaías sabia que Neemias ia

ser castigado por Deus se tivesse entrado ali. Mas, Neemias, homem de Deus, também o

sabia e se negou a ir.

É interessante identificar outro intento sutil de Satanás para enganar Neemias,

para assim frustrar o plano de Deus para salvação. Os inimigos que temos conhecido até

agora no livro de Neemias, eram familiares de alguns judeus. Tobias e seu filho era

aparentados (Neemias 6.18) com Secanias que era filho de Ará, que voltou com

Zorobabel (Esdras 2.5). O sogro de Joanã era Mesulão (Neemias 3.4) que ajudou na

construção (Neemias 3.30). havia muita comunicação entre Tobias e alguns judeus. Sem

dúvida, qualquer plano de Neemias foi reportado a Tobias por seus familiares judeus. 43

Quao astuto é Satanás! Mas, quão sábio é Deus! E ainda mais importante temos que

reconhecer que Neemias, por sua disciplina em ser fiel apesar de muitas tentações, lutas

e obstáculos, se mostrou mais astuto que seus inimigos, os quais serviam a seu capitão

43 Schultz, Capítulo 16, p.14.

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Satanás. Se Neemias caísse em suas armadilhas, seria muito ruim para o povo. E se

Neemias se atemorizasse (vs. 9, 13), então perderia a confiança do povo, como líder.

No verso 14 vemos outro uso de ‘lembrar’ em mais uma oração. Esta oração,

rápida e concisa e precisa é outra oração imprecatória (pedindo mal contra os inimigos).

É uma oração que Deus cumpre com sua justiça contra o inimigo externo (Tobias e

Sambalate) e seu inimigo interno (Noadia, outra falsa profetisa).

c) 6:15-7:3 – Término da Muralha

Havia seis intentos de Satanás para parar o trabalho da muralha. E o sexto

intento de parar o trabalho falhou. O resultado? Terminaram a reconstrução por

completo. E o fizeram em apenas dentro de 52 dias (v. 15)! E lembre-se que já falamos

que a muralha era de 3 a 4 metros de largura. Além disso, não eram muros de 20

centímetros como vemos hoje. Havia famílias que viviam na muralha! Tinham que fazer

no mínimo três metros de comprimento. Na dedicação lemos que coros marcharam em

cima da muralha (Neemias 12.31, 38)!

Keil e Delitzch apresentam cinco razões pelo qual o trabalho se fez tão rápido44:

1. A urgência do trabalho;

2. O zelo dos trabalhadores;

3. O grande número de trabalhadores;

4. O trabalho concentrado e focado

5. Algumas partes da muralha, aparentemente, não necessitavam de conserto.

Mas, se o vemos a partir da perspectiva da história da redenção, sabemos que

Deus estava com eles, o Capitão do exército do bem, triunfando sobre o capitão do

exército do mal.

O término da muralha, apesar dos obstáculos, restaurou o respeito e prestígio dos

judeus entre os das províncias a oeste do rio Eufrates. Porém mais que tudo foi um

testemunho da obra de Deus entre seu povo. Até o inimigo, por fim (v. 16), reconhece

que o protagonista de todos os acontecimentos é Deus. Que mudança do que lemos em

4.1 e 5.9 onde o inimigo se pôs irado e com muito auto-orgulho. Até o inimigo dá glória

e honra a Deus! Mas o interessante é que Satanás nunca se dá por vencido. Lemos nos

vs. 17-19 que a intimidação do inimigo segue.

44 Keil, C.F., and Delitzsch, F., Biblical Commentary on the Old Testament: Vol. 28 – Ezra, Nehemiah, Esther, (Edinburgh, London, 1873) p. 222.

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A reconstrução foi completa. A instalação das portas (7.1) era o último trabalho

na construção. Depois de terminar a construção (7.2), Neemias nomeou o pessoal que se

dedicaria a honra e glória de Deus. Ele nomeou porteiros (para a segurança do povo de

Deus), cantores (para o culto de louvor a Deus) e levitas (para os sacrifícios ações de

graças a Deus). Os porteiros e os cantores também eram ofícios dos Levitas, mas aqui,

como também em Esdras 2.40-42, os mencionam por suas responsabilidades distintas.

Neemias deu instruções claras ao pessoa (7.3) quanto á segurança. Era costume

abrir as portas na madrugada. Mas Neemias lhes instrui que abram as portas mais tarde

no dia quando os guardas estivessem em seus postos. Assim se viesse o inimigo, todos

estariam preparados para defender-se.

Com tudo o que se concretizou, a esperança era que a glória da Jerusalém

destruída voltasse, mas vemos na história bíbilica que isso não aconteceria nos dias de

Neemias, nem em nenhuma época da história na terra. Isso seria cumprido em Cristo no

novo pacto que a glória de Jerusalém seria restaurado.

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PERGUNTAS PARA ESTUDO DA SESSÃO TRÊS

1. Que estabeleceu Jerusalém? Em que data?

2. Quando Jerusalém foi destruída e quem a destruiu?

3. Qual foi o primeiro desafio interno?

4. Qual foi o segundo desafio interno?

5. Em quantos dias a muralha foi reconstruída?

6. Como esta passagem se relaciona com o Reino de Deus? Como você poderia

aplicar isso ao seu ministério dentro da igreja ou em sua vida?

7. De que maneira a passagem apresenta Cristo? Como isso se relaciona ao

Ladrilo da Disciplina para a liderança bíblica?

8. O que a passagem ensina sobre A Grande Comissão da Igreja?

9. Anote um exemplo de um líder bíblico ou da história cristã que mostra algo da

liderança ensinada nessa sessão? Como podemos mostrar isso?

10. Qual o versículo chave da passagem estudada, você memorizará?

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CAPÍTULO 4: O LADRILHO DO ENSINO BÍBLICO (Neemias 7.4-8.18)

Estamos entramos agora na segunda divisão do livro de Neemias. Nos capítulos

1.1-7.3 vimos a restauração física (as muralhas de Jerusalém) do povo de Deus. Na

segunda divisão do livro, veremos a restauração espiritual do povo de Deus. Podemos

dividir isso em duas partes:

a) 7.4-10.39 - A restauração interna

b) 11.1-13.30 – A restauração externa

O primeiro passo na restauação é a leitura da Lei de Deus. Focaremos nesse

tema antes de seguir com o estudo da segunda divisão de Neemias.

Comentário Sobre a Lei de Deus

O povo havia passado setenta anos em cativeiro, e muitos haviam voltado a

Jerusalém. O trabalho de reconstrução da muralha de Jerusalém havia terminado. Mas,

faltou algo. A condição interna do povo seguiu em mal estado. Em Neemias 9.36, 37

Neemias nos informa o estado do povo por meio de sua própria confissão.

Eis que hoje somos servos; e até na terra que deste a nossos pais, para comerem o seu fruto e o seu bem, eis que somos servos nela. Seus abundantes produtos são para os reis que puseste sobre nós por causa dos nossos pecados; e, segundo a sua vontade, dominam sobre o nosso corpo e sobre o nosso gado; estamos em grande angústia.

Durante o tempo de seu cativeiro, o povo havia esquecido seus costumes, mas o

pior era que se haviam esquecido de Deus. Durante o cativeiro eles haviam abandonado,

sua herança espiritual. E eles entendem que a razão para sua escravidão atual é porque

eles haviam permitido que sua herança espiritual se perdesse. Por isso, seguiu-se a

conseqüente angústia e destreza. O povo necessitava de uma restauração espiritual.

A restauração interna do povo de Deus em Neemias é o primeiro passo da

restauração espiritual do povo. Quando lemos a respeito da restauração interna, vemos

que esta consiste na leitura da Lei de Deus e uma resposta do povo que segue à leitura.

Em Neemias 8.1 lemos que o povo havia se reunido em um lugar, esperando a leitura da

lei: “Em chegando o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o

povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a

Esdras, o escriba, que trouxesse o Livro da Lei de Moisés que o Senhor havia prescrito a

Israel”.

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Mas, ao que se refere “o livro da Lei de Moisés” que eles leram? Alguns dizem

que era o código sacerdotal (Deuteronômio 12-26). A opinião mais comum e mais

tradicional é que era o Pentateuco.45 O único livro que tinham eram os primeiros cincos

livros da Bíblia, aos quais chamavam “O Pentateuco”, escrito por Moisés. Segundo as

Escrituras46 é uma combinação da história do povo de Israel desde a criação do mundo e

as leis de Deus que seu povo devia obedecer e seguir. Lemos que o povo se pôs de pé

enquanto a lei foi lida por Esdras e explicada pelos sacerdotes (Neemias 8.1-6).

Alguém poderia perguntar por que o livro da Lei tinha que ser explicado. Em

primeiro lugar, muitos israelitas havia se esquecido do idioma hebraico no qual Moisés

escreveu o livro da Lei. Muitos deles falavam aramaico, um dialeto hebreu. Mas, em

segundo lugar, temos de considerar que para a maioria dos repatriados, as palavras do

livro da Lei eram estranhas. Alguns haviam ouvido de seus avós o conteúdo dos livros

de Moisés. Mas, para alguns, isso seria a primeira vez que ouviram a Palavra de Deus.47

Na leitura aquí em Neemias 8, tomou-se o cuidado para que todo o povo entendesse

bem o escrito.

A leitura da lei se fez em ocasiões importantes na história de Israel. James Watt

identifica outras ocasiões48:

1. Exôdo 24 – Com a ratificação do pacto no monte Sinai na ocasião da recepção

dos dez mandamentos;

2. Deuteronomio 31.9–13, 26, 27 – No momento em que Deus exigiu que se

lesse o livro da Lei a cada sete anos. Por isso, o livro da Lei foi guardado ao lado da

arca da aliança;

3. Josué 8.34, 35 – A renovação do pacto de Deus no monte Ebal depois de

haver conquistado Ai;

4. 2 Reis 23.1-3 – No tempo do rei Josias quando encontrou-se o livro da Lei na

limpeza do tempo;

45 Báez-Camargo, G., Breve Historia del Canon Bíblico, (Mexico: Ediciones Luminar, 1980) p. 12,16,17.46 Malick, David, Una Introduction al Pentateuco, Esp: <http://www.bible.org/page.asp?

page_id=3062>. Eng: <http://www.bible.org/page.asp?page_id=29>. Os livros dão indicações de que Moisés é o autor: Ele ficou encarregado de escrever dados históricos (Ex. 17:14; N?3:1-2), leis (Ex. 24:4, 7; 34:27- fim) e um poema (Deut. 31:9, 22). Moisés se menciona como o autor no resto do AT: (Josué 7-8; 8:32, 34; 22:5; 1 Re. 2:3; 2 Re. 14:6; 21:8; Esd. 6:18; Dan. 9:11-13; Mal. 4:4). O NT se refere a Moisés como o autor do Pentateuco (Mat. 19:18; Mar. 12:26; Luc. 2:22; 16:29; 24:27; Jo 5:46-47; 7:19; At. 13:39; Rom. 10:5).47 Packer, p. 149.48 Watts, James W., Public Readings and Pentateuchal Law From Vetus Testamentum 45/4 (1995) 540-57. <http://web.syr.edu/~jwwatts/Public%20Readings.htm>.

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5. Deuteronomio 17..19; Josué 1.8; Levítico 10.11; 2 Crônicas 17.7-9 –

Referências misceláneas à leitura do livro da lei.

Cada ocasião da leitura pública do livro da Lei foi em um momento de reforma,

de renovação, de compromisso novo com Deus. O mesmo se passa aqui em Neemias 8.

E essa renovação do povo resultou em choro (v. 9); celebração (v. 12); uma sede para

ouvir da Palavra de Deus (v. 13) e obediência a Deus (vs. 14-18). Depois de tudo isso,

lemos no capítulo 9 que a Palavra resultou em confissão de pecado e arrependimento

seguido por um compromisso (9.36) de seguir a Deus em tudo nas suas vidas (capítulo

10).

Nenhuma renovação, nenhuma reforma, nenhum compromisso novo com Deus

pode ser realizado sem uma leitura da Lei de Deus, um estudo profundo dela, e

obediência aos ensinos do livro da Lei de Deus, que hoje em dia é a Palavra de Deus, a

Bíblia. E não é tão difícil de entender a Palavra de Deus, como opinam alguns. O ensino

da doutrina da perspicuidade (clareza) das Escrituras ensina que podemos entender a

Palavra de Deus só em lê-la. O estudo mais profundo sempre ajuda, e é importante, mas

não é necessário para entender a mensagem básica da salvação.

Comentário de Neemias 7.4-8.18

Tudo o que lemos em Neemias 7.4-10.39 é uma confirmação do título do

capítulo: “O Ladrilho do Ensino Bíblico”. Considerando o tema da passagem, vemos

que depois de ter iniciado com a base para a reconstrução da muralha (o ladrilho da fé) e

seguindo com o ladrilho da oração, e da disciplina, agora Neemias enfatiza a

importância do ensino bíblico, um quarto ladrilho da liderança bíblica.

A passagem se poderia dividir em duas partes:

A Palavra de Deus – Capítulos 7.4-8.18

a) 7.4-73a – A enumeração do povo

i) 7.4, 5 – A necessidade de ocupar Jerusalém

ii) 7.6-73 – O censo dos repatriados

b) 7:73b-8:18 – A leitura da lei

i) 7.73b-8.12 – O Povo escuta a lei

ii) 8.9-12 – O povo responde com dor

iii) 8:13-18 – O povo responde com obediência

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a) 7:4-73a – A enumeração do povo

O povo havia vencido os desafios externos de Sambalate. Eles passaram a prova

da oposição interna de seus próprios problemas. A muralha estava reconstruída, o portão

posto. Agora parecia que o povo poderia descansar do trabalho físico, e da batalha

espiritual, certo? Não! O que lemos nos capítulos 7 e 8 é que o trabalho da restauração

estava por começar. O povo havia passado por uma restauração externa. Agora lhes

tocava uma restauração interna. E esta restauração, como qualquer reforma e renovação

interna, começa com ler e por em prática a Palavra de Deus. John MacArthur dice,

“Portanto o trabalho não havia terminado e Neemias o sabia. Uma cidade é mais que ladrilho e morteiro, muralhas e portões. Uma cidade é gente. E se Jerusalém ia ser a cidade de Deus que Ele propôs que fosse, a cidade que se proporia ser visitada pelo Messias, teriam que enfrentar imediatamente a condição quebrantada do coração do povo” 49.

O que fez a mão de Deus ante esta situação? John MacArthur diz, “O

resultado? “Jerusalém não somente era uma cidade com uma muralha impressionante;

foi uma cidade habitada por um povo com um espírito novo, decidido a viver a luz da

Palavra de Deus” 50.

Como aconteceu isso? Disso trata este capítulo: O papel da Palavra de Deus na

liderança cristã. Note bem que é o papel não de Neemias, nem do povo de Deus, nem de

qualquer outra pessoa ou coisa. O livro de Neemias trata do papel de Deus e da Sua

Palavra. Em Neemias 7.5-12.6 há poucas referências a Neemias, e somente como

governador. Isso é uma confirmação do que vimos no primeiro capítulo, que Neemias

não é o protagonista de seu livro, mas Deus. O foco não é em Neemias, nem no povo de

Israel, mas em Deus que é ativo desde o princípio até o fim do livro de Neemias.

i) 7.4,5 – A Necessidade de Ocupar Jerusalém

Cento e quarenta anos haviam passado desde o primeiro exílio quando Jerusalém

foi desocupada. Existiam áreas da cidade onde havia tão pouca gente que não podiam

defender-se. Neemias se pôs a resolver este problema por meio de recrutamento de

habitantes novos. A isso se refere o que ele escreveu no versículo 5 – “Então pôs Deus

em meu coração”. Esta é outra referência de que Neemias buscava fazer a vontade de

Deus.

49 MacArthur, p. 64.50 MacArthur, p. 74.

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ii) 7.6-73 – O Censo dos Repatriados

A maior parte do capítulo 7 é dedicada à lista do registro. Com poucas variações,

a lista do registro é igual a que se encontra em Esdras 2.3-67. O registro que

encontraram (v. 5) poderia ter sido o mesmo que Esdras havia feito. É a lista dos que

voltaram do exílio com Zorobabel, governador de Judá (Ageu 1.1), que dirigiu a

primeira repatriação dos judeus exilados durante o primeiro ano do rei Ciro da Pérsia. O

propósito do registro era ocupar Jerusalém como veremos no capítulo 11. Lemos em

Neemias 8.1 que as pessoas viriam de toda parte para estar em seus lugares de origem

para as festividades religiosas que deviam observar cada ano (Levítico 23.23-43).

Parece tedioso ler o capítulo 7 com todos os nomes, sendo eles tão difíceis de

pronunciar. Alguém poderia perguntar: Que significado tem o detalhe de todos os

nomes? Alguns comentários passam por cima dessa pergunta51. Mas, o fato de que esta

lista é repetida em Esdras 2.3-67 lhe dá importância. O que notamos sobre esta lista

nesse texto, pode-se notar das outras listas de nomes em Neemias (capítulos 10, 11, 12).

1) É uma amostra de que Deus conhece seu povo pessoalmente.

2) É por meio de gente comum e normal que Deus estabelece e desenvolve seu

plano de redenção e não somente por meio dos líderes. De fato, em Neemias 7.70-72

veremos que é a gente comum que deu de seus bens para a reconstrução da muralha.

3) A enumeração é parecida com a que se encontra quando Deus formou seu

povo depois de sua saida do Egito (Números 1; 26; Josué 18, 19). Assim como formou

seu povo do pacto, assim também os recriou depois do retorno da Babilônia52.

4) Também era uma segurança da pureza do povo. O registro era uma

confirmação dos direitos de nascimento. Só os que vieriam de descendência judaica

teriam privilégio de ocupar Jerusalém. Note em particular que nos versículos 61 e 64,

vemos que havia alguns que foram excluídos.

5) É uma consolidação da primeira metade do livro de Neemias, porque nos dá

uma lista dos que podiam habitar Jerusalém. A lista serve de preparação para a reforma

espiritual que estava por começar. Neemias já havia começado a prestar atenção a este

novo foco53.

51 Em seu comentário, Swindoll menciona o capítulo 7 brevemente em conjunto com seu comentário sobre as listas encontradas em Neemías 10 e 11. Veja-se Swindoll, p. 170.

52 Sproul, p. 649.53 Boice, p. 89.

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6) A enumeração faz um enlace entre o povo e sua terra, seus antepassados, e

seu pacto com Deus para focar em uma continuidade histórica na perspectiva da história

da redenção54.

Quem poderia ocupar Jerusalém? Ao revisarmos a lista, veremos que eram os

seguintes:

a) Os líderes originais (vs. 6, 7);

b) Os judeus leigos (vs. 8-38);

c) Sacerdotes (vs. 39-42);

d) Levitas (v. 43);

e) Cantores (v. 44);

f) Porteiros (v.45);

g) Servidores do templo (vs. 46-56);

h) Descendentes dos servos de Salomão (vs. 57-60).

Até os “grandes” ocupariam Jerusalém. Segundo os versículos 70-72 nem todos

os ricos eram contra Neemias como havíamos visto (3.5; 5.7). Aqui temos exemplos de

ricos que cooperaram com o plano de Deus e que seguiam a Palavra de Deus como

líderes exemplares.

No versículo 6 vemos uma semelhança entre Neemias e Esdras. Esdras inicia a

reforma com oração. Isso sinalizou ao povo que o que passaria agora, passaria sob a

direção e a benção de Deus. Portanto, a oração também pôs o povo de Deus em uma

atitude de antecipação. Eles buscavam a vontade de Deus no que haviam de fazer. No

versículo 65 lemos que eles se comprometeram a usar o ‘Urim e Tumim’ para discernir

a vontade de Deus sobre os que deviam habitar em Jerusalém. O Urim e Tumim eram

um dos métodos que os sacerdotes do Antigo Testamento usavam para discernir a

vontade de Deus entre os judeus. Neste caso seria por meio do Urim e Tumim que

decidiria se os de antecedentes questionáveis poderiam viver em Jerusalém.

b) 7:73b-8:18 – A Leitura da Lei

i) 7:73b-8:12 – O Povo Escuta a Lei

A Septuaginta começa o primeiro versículo do capítulo oito com as últimas

frases de 7:73, “Vindo o mês sétimo, os filhos de Israel estavam em suas cidades” 55. 54 Tollefson, p. 45.55 Spence, & Exell, p. 80.

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Vimos que há pouca menção de Neemias, mas aqui se entra Esdras que dá leitura a lei.

Ele era sacerdote e escriba que veio fazia treze anos. O povo o reconhecia como mestre

da lei. Seguramente, Esdras havia dirigido as festividades anteriormente, e agora o povo

teria muito mais razão pela qual poderia celebrar. Agora estavam protegidos do inimigo

dentro da nova muralha que acabavam de construir.

A idéia era que todo o povo entenderia o conteúdo do livro da lei. No versículo 2

lemos: “... assim dos homens como de mulheres e de todos os que podiam entender...”.

A mesma frase é repetida no v. 3. Isso indica que a frase é importante. Com a Festa dos

Tabernáculos, esta é a gente que teria que estar presentes (Deuteronômio. 31.10-13). O

povo escutou com atenção (v. 3), com reverência (v. 6), com entendimento (v. 8) e com

obediência (v. 17)56. Quanto aos tabernáculos, veremos mais disso na passagem

posterior. Esdras leu por seis horas, “desde a alva até ao meio dia” (v. 3). Na

plataforma de leitura (v. 4) estavam com Esdras treze homens mais que tinham a

responsabilidade de mostrar que estavam de acordo com a leitura e possivelmente

ajudar na leitura se fosse necessário. O povo estava de pé (v. 5) como símbolo de

respeito e reverência à Lei, e como se estivessem na presença de Deus.

Depois da leitura, ou possivelmente acompanhado da leitura, segue a explicação

por meio dos Levitas. Segundo o versículo 8, a lei foi não somente lida, mas também foi

explicada para que o povo pusesse atenção não só na letra da Lei, mas também no

significado para suas vidas cotidianas. Tinha que haver explicação por várias razões

como vimos acima no Comentário Sobre a Lei de Deus.

ii) 8.9-12 – O Povo responde com Dor

Como o povo responde à leitura da lei? No versículo 8 notamos que a liderança

de Israel colaborou com a equipe para responder às perguntas que se esperava da parte

do povo. Havia lágrimas não de gozo senão de tristeza por seu pecado e pelo cativeiro

que passaram. Luto e dor são sinais de um coração quebrantado. O povo reconheceu a

Palavra de Deus pelo que era: uma espada de dois gumes. Eles sabiam que eram um

povo pecaminoso, perverso e sem vergonha na presença de um Deus justo,

misericordioso e santo.

Considere o que Neemias propõe no versículo 10. Ele poderia ter manipulado o

povo diretamente à confissão e avivamento, aproveitando a psicologia corporativa. Hoje

56 Engle, Paul E., The Governor Drove Us Up the Wall, (Philadelphia, PA: Great Commission Publications, 1984) pp. 63,64.

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em dia, quando as pessoas respondem dessa maneira, líderes o fariam sem esperar. Mas

Neemias não calou nesta tentação. Ele pensou que se o luto pelo pecado era sincero e

motivado por Deus, não poderia ser suprimido. Ademais, Neemias queria que o povo

focasse em Deus, e que não respondesse somente por seus próprios sentimentos57.

Lemos nos versículos 10-12 que o povo celebrou porque se deram conta que Deus é

Deus não só de justiça e castigo, senão também de misericórdia e graça. Para mais

celebração, ver Neemias 12.43. O povo estava prestes a um novo início da renovação do

pacto entre Deus e seu povo.

iii) 8:13-18 – O Povo Responde Com Obediência

Mas o povo também responde de maneira muito concreta e prática. Celebraram a

Festa dos Tabernáculos. Deus instituiu esta festa (Levítivo 23.34-43) para que o povo

recordasse o tempo em que vivia em tabernáculos (tendas) durante seus 40 anos de

viagem no deserto, antes de entrar na Terra da Promessa. (Levítico 23:34-43). Essa foi a

primeira vez desde os tempos de Josué que haviam celebrado essa festa (v. 17).

Mas, o povo queria mais instrução. Lemos no versículo 13 que o dia seguinte,

um grupo recebeu mais instrução. Este grupo era formado pelos cabeças das familias,

junto com os sacerdotes e levitas. A instrução era para que eles instruíssem os demais

do povo (ver Malaquias 2.6, 7). O povo quis ser obediente. Derek Kidner descreve a

íntima relação entre ser ensinado pela Palavra de Deus e segui-la em obediência. Ele

diz:

“Aos regulamentos esquecidos encontraram e os seguiram com um desejo. O versículo 15 segue a instrução dada em Levítico 23.40, trazendo ramas com folhas; a última oração no versículo 17 soa como uma nota de regozijo segundo Deuterônomio 16.13-15; e agora [v. 18] nos topamos com a leitura da lei prescrita em Deuterônomio 31.10-13 em cada sétimo ano, e da assembléia solene de Números 29.35.”58

Como é possível que o povo respondesse dessa maneira. J.I. Packer o explica

dessa maneira: “O Espírito Santo havia trabalhado no povo, dando-lhe um interesse em Deus, uma inquietude para coisas divinas, um desejo para a benção de Deus que foi fora do ordinário... O Espírito Santo lhes havia movido que levassem a sério a realidade da sua identidade como povo de Deus, e que o buscassem por suas vidas. Ele lhes deu um desejo ardente de ser ensinado pela Palavra de Deus”.59

57 Boice, p. 98.58 Kidner, Derek, Tyndale Old Testament Commentaries: Ezra & Nehemiah, (InterVarsity Press, Downers Grove,

IL, 1979) p. 109.59 Packer, pp. 151,156.

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PERGUNTAS DE ESTUDO PARA A SESSÃO QUATRO

1. A que se refere ‘o livro da lei’?

2. Quem escreveu ‘o livro da lei’?

3. Quem poderia ocupar Jerusalém?

4. De que maneira o povo escutou a lei de Deus?

5. Como o povo respondeu à leitura da lei?

6. Como esta passagem se relaciona ao reino de Deus? Como poderia aplicar

isso ao seu ministério dentro da igreja ou em sua vida?

7. De que maneira apresenta a passagem a Cristo? Como se relaciona isso ao

‘ladrilho da ensino bíblico’ para a liderança bíblica?

8. Que ensina a passagem sobre ‘a Grande Comissão’ da igreja?

9. Anote um exemplo de um líder bíblico ou da historia cristã que mostra algo da

liderança que ensina a leitura desta sessão. Como o mostra?

10. Qual versículo chave da passagem estudada você memorizará?

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CAPÍTULO 5: O LADRILHO DA RECONCILIAÇÃO (Neemias 9.1-37)

Comentário sobre a soberania de Deus em Neemias

Vimos em nosso estudo que o protagonista do livro de Neemias não é o autor

humano, Neemias. Tampouco é o povo de Israel do qual o livro trata. Por todo o livro,

vemos que o protagonista é Deus. Em sua soberania, através dos eventos contados no

livro de Neemias, Deus está movendo a história da redenção mais um passo. No livro de

Neemias, há muita instrução sobre a soberania de Deus.

O que é a Soberania de Deus? Como podemos defini-la? Há muitas definições

formais que podem ser encontradas entre os teólogos. Quando eu ensino a doutrina de

Deus à crianças e jovens, explico a soberania de Deus da seguinte maneira: “A

soberania de Deus é o ensino de que Deus pode fazer o que quiser, quando quiser,

como quiser, onde quiser, por qualquer razão, e não tem que pedir permissão a

ninguém”.

Talvez seja uma definição um pouco informal, mas eles entendem.

Um dos temas mais discutidos no mundo é a relação entre a soberania de Deus e

a responsabilidade humana. Tratar de entender os dois conceitos é um mistério. Em

geral, o estudante da Bíblia tende a enfatizar a soberania de Deus ou a responsabilidade

humama. Temos que tomar cuidado com os dois extremos. No primeiro extremo se

enfatiza que Deus é soberano e não pode cooperação nossa. No segundo extremo, o

homem considera que Deus é incapaz de cumprir seu plano sem nossa cooperação.

Pensemos nisso tomando Neemias como exemplo. Se Neemias houvesse optado

pelo extremo da soberania de Deus, ele teria ficado na Pérsia. Havendo sido informado

da condição do povo de Israel em Jerusalém, ele teria respondido dessa maneira: Bem,

Deus sabe o que está fazendo, e ele vai responder de alguma maneira. Não se preocupe.

Vamos ver o que ele vai fazer. Esta resposta tende ao fatalismo e determinismo que é

muito comum hoje em dia em situação de pobreza e injustiça no mundo.

Mas se Neemias houvesse optado pelo extremo da responsabilidade humana, ele

haveria respondido da seguinte maneira: Bem, a situação é crítica, e nós somos

responsáveis pelas más condições ali. É por falta de oração que a situação esta

piorando. Juntemos nossas forças e intentemos resolver o problema que enfrentamos.

Oremos o dia inteiro para que Deus faça o que lhe pedimos. Com esta resposta já não é

Deus que é soberano. Somos nós os soberanos. Se considera aqui que as orações

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pressionariam Deus para que ele faça o que não teria feito se não tivéssemos orado.

Tudo depende de nós mesmos.

Como Neemias respondeu ate à situação que ele enfrentou? Neemias reconhece

a soberania de Deus, mas também reconhece que ele tem uma responsabilidade de

oferecer-se para que Deus o use para cumprir seu plano. As Escrituras nos ensinam que

quando Deus quer cumprir algo, ele solicita a participação do seu povo. Ele executa sua

soberania por meio da obediência de seu povo. No livro de Neemias temos um diário de

um homem de Deus que se dispunha a ser usado por Deus em qualquer momento, de

qualquer maneira que Deus queira.

Neemias nos ensina que a oração não é como uma porção mágica por meio da

qual se produzem resultados automáticos e instantâneos. A realidade do equilíbrio entre

a soberania de Deus e a responsabilidade humana é que devemos orar e que Deus

responde a nossa oração no tempo e da maneira que lhe agrada. Em um sermão sobre

Neemias, Bryn MacPhail, pastor de uma Igreja Presbiteriana em Toronto, Ontário disse

o seguinte:

Neemias ora porque entende que o remédio vai mais além do seu próprio controle. Neemias ora porque entende que seu êxito depende da “boa mão de Deus” (1.10) sobre ele. E ainda assim entende que é parte do processo divino. Ele não descansa apenas com a oração. Ele se prepara para servir e para participar da reconstrução de Jerusalém60.

Em suas atividades e em suas orações Neemias ensina a soberania de Deus ao

povo de Israel. Note, por exemplo, que a oração de confissão em Neemias 9 começa

com um reconhecimento da soberania de Deus.

Levantai-vos, bendizei ao SENHOR, vosso Deus, de eternidade em eternidade. Então, se disse: Bendito seja o nome da tua glória, que ultrapassa todo bendizer e louvo. Só tu és SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora. (Neemias 9.5-6).

Em Neemias há situações muito graves. Os inimigos estão sempre buscando

oportunidades de aproveitarem-se da debilidade dos israelitas e das ruínas de Jerusalém.

Lemos em Neemias dos ataques, tanto de armas como de palavras e de planos sinistros

dos inimigos. Mas, os inimigos são nada mais que agentes de Satanás que está por trás

de todos os planos de parar o grande plano de Deus para a salvação do mundo por

intermédio de Seu Filho Jesus Cristo. O que aprendemos sobre soberania de Deus é que

60 Bryn MacPhail, The Prayer of Nehemiah, <http://www.reformedtheology.ca/nehemiah1.htm>.

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mesmo os inimigos com todos os seus planos de destruição são fantoches de Deus, o

soberano. Deus é soberano mesmo sobre a maldade do chefe do mal, Satanás. Deus

pode manejar mesmo o mal para que sirva para o bem. Temos montões de exemplos

disso na Bíblia, inclusive em Neemias também.

A soberania de Deus é o conceito chave do progresso da história da redenção

que estudamos no segundo capítulo do livro. Deus tem seu plano para mandar um

Salvador. Por sua soberania Deus ordena seu plano de salvação seu plano de salvação.

Por sua soberania Deus dirige seu plano de salvação seu plano de salvação. Por sua

soberania Deus executa seu plano de salvação. E na ordenação, direção e execução de

seu plano, Ele usa seu povo para cumprir sua vontade.

Em Sua soberania Deus mobilizou Neemias para que lhe servisse no momento

histórico em que vivia. Durante toda a história do mundo, Deus segue desenvolvendo

seu grande plano. Ele chama a seu povo para que sejamos obedientes à Sua Palavra, e

para que busquemos a vontade de Deus em seu serviço a fim de que seu nome seja

glorificado, e Seu Reino proclamado e extendido. Tanto como Ele usou Neemias em seu

momento histórico, Deus nos chama em nosso contexto histórico para que lhe sirvamos

debaixo da Sua soberania no desenvolvimento de Seu plano de salvação.

Leitura e comentário de Neemias 9:1-37

Tudo o que lemos em Neemias 9:1-37 é uma confirmação de nosso título do

capítulo: O Ladrilho da Reconciliação. Já temos visto quatro características que formam

cada uma um ladrilho para a composição da liderança cristã: fé, oração, disciplina e

ensino bíblico. No capítulo 9, o livro de Neemias enfatiza a importância da

reconciliação, um quinto ladrilho da liderança bíblica.

A passagem se poderia dividir em duas partes:

Confissão de Pecado – Capítulos 9:1-37

a) 9:1-5a – O Povo Reúne em Assembleia

b) 9:5b-37 – A Oração de Confissão

i) 5b-25 – A Obra Redentora de Deus

ii) 26-35 – A Confissão de Pecado

iii) 36,37 – A Petição de Misericórdia

a) 9:1-5a – O Povo Se Reúne em Assembleia

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Neste capítulo Neemias nos conta de uma postura importante do povo de Deus.

Havendo lido a Lei (capítulo 8) o povo agora responde com uma postura de confissão.

O capítulo 9 serve como fundamento do que segue no capítulo 10 com a reafirmação do

pacto com Deus. Não se pode reconfirmar o pacto sem ter uma confissão verdadeira

primeiramente. Alguns comentários passam por alto o capítulo 961. Mas não se pode

realizar as reformas que se seguiram (capítulo 10) e apresentar-se ante Deus para a

dedicação (capítulo 12) sem haver confessado os pecados e sem haver experimentado a

graça do perdão que Deus dá.

O povo estava passando por um avivamento. O avivamento viria en três etapas:

1. A pregação da Palavra (capítulo 8);

2. A confisão e arrependimento do pecado (capítulo 9);

3. Uma mudança de vida por meio do pacto renovado (capítulo 10).

Em Neemias 8.1 lemos que o povo se reuniu para escutar a lei no primeiro dia

do sétimo mês. Aqui em 9.1 lemos que no dia vinte quatro do sétimo mês o povo se

reuniu para responder à leitura da lei. Haviam passado 24 dias desde que se reuniram

para a leitura da Lei. A Festa dos Tabernáculos durou uma semana, do dia 15 ao dia 22

do mês. Havia apenas um dia de descanso (dia 23) antes de reunir-se de novo. Durante

este tempo de festa o povo estava em celebração de júbilo. E isso foi por mandato de

Neemias, quando lhes disse, “Ide, comei gorduras, e bebei vinho doce, e enviai porções

aos que não tem nada preparado; porque dia santo é ao nosso Senhor; não os

entristeçais, porque a alegria do Senhor é nossa força” (8.10). Portanto agora a festa

havia terminado, e iniciaram o jejum como símbolo da sua disposição de tristeza e dor e

remorsos pelos seus pecados.

O jejum e a oração vinham acompanhados de pano de saco e terra. O pano de

saco era um símbolo comum de tristeza e luto. Quando Jacó ouviu as notícias de que

seu filho foi morto pór um animal, ele rasgou as vestes e se vestiu de pano de saco

(Gênesis 37.34). Quando Abner foi morto por seus companheiros o rei Davi pediu a

todo o povo se vestiu de pano de saco como símbolo de luto e dor (2 Samuel 3.31). Há

muitos exemplos dessa prática na história de Israel (2 Samuel 31; 21.10; 1 Reis 21.27).

A prática de lançar terra sobre si mesmo foi menos comum (1 Samuel 4.12; 2 Samuel

1.2), mas, ainda assim era um costume, como por exemplo, quando Jó perdeu toda a sua

família e seus bens (Jó 2.12).

61 Swindoll menciona brevemente a oração em dois parágrafos do capítulo 12 do seu livro.

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Note o sentido de solidariedade corporativa no versículo 2. A solidariedade era

não somente da parte dos que viviam atualmente, mas também incluía as gerações

passadas. O povo assume responsabilidade de forma mútua pelo que estava se passando

entre eles. Nesta postura de solidariedade, todos se separaram dos estrangeiros. Isso foi

intentado por Esdras (Esdras 10.11) há 13 anos, mas o êxito não foi completo. Alguns

não o fizeram, e possivelmente nos últimos 13 anos, havia outros que se casaram com

os pagãos. Com Neemias, vemos que a separação foi completada por todos62. Em Keil e

Delitzch lemos, “Essa separação dos estrangeiros... era um renúncia voluntária de

comunicação com os pagãos, e dos costumes pagãos”63. Isso era um ato de submissão a

lei de Deus. A confissão que segue é pelos pecados cometidos do povo judeu, e não dos

estrangeiros. Também a renovação do pacto era coisa única para os judeus, e não para

estrangeiros.

Imagine quanto tempo eles ouviram da lei para prepararem-se para a confissão

que seguirá. O dia (bem como a noite) se considerava como tendo 12 horas divididas em

quatro partes. Havia três horas de leitura da lei, seguida de 3 horas de resposta do povo

que consistiu em duas coisas: confissão e adoração. Na adoração é importante

considerar a postura do povo. Vemos a postura interna de penitência e confissão. Mas, a

palavra original no hebraico – משתחוים) mish–t–ḥā∙wim) que é traduzido como

‘adoraram’ no versículo 3, vem da raiz חוה (ḥā∙wā) que é literalmente traduzido como

‘se postraram’. Então em sua confissão e ação de penitência, o povo estava de joelhos,

com o rosto em terra, enquanto os levitas ofereceram a oração pelo povo (v. 4). Nisso

nota-se a expressão de humildade sincera.

No versículo 5 se mencionam os nomes específicos dos levitas que ofereceram a

oração. Alguns dos nomes são os mesmos que se encontra em v. 4, mas há três mais.

Este grupo pede ao povo que se levantem da sua posição postrada, para expressar louvor

a Deus. É importante considerar a disposição do povo ante Deus. Apesar da situação,

eles reconhecem que Deus está entre eles. Derek Kidner o anota assim:

A cidade com pouca habitação, os inimigos pagãos ao redor, a pobreza e o aparente insignificante povo judeu é trascendido pela realidade gloriosa de Deus. Não ignoram a realidade, como veremos na oração que oferecerão prontamente, mas vem a realidade no contexto da eternidade (“ desde a eternidade até a eternidade”) e da majestade inimaginavel (“sobre toda benção e adoração”) 64.

62 Packer, p. 85.63 Keil & Delitzsch, p. 236.64 Kidner, p. 111.

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Levando em conta o ladrilho da reconciliação para o presente capítulo, teríamos

que reconhecer que para que haja alguma reconciliação, então alguém teria que

enfrentar a realidade de sua situação. Alguém também tem que reconhecer que está na

presença de Deus. Os levitas se aproximam de Deus em oração, reconhecendo o nome

da Sua glória. Essa designação foi ensinada por Moisés (Êxodo 20.17) e é repetida em

Apocalipse 15.4. A expressão ‘o nome glorioso’ ocorre somente quatro vezes no Antigo

Testamento, mas a frase como é usada aqui se encontra somente no Salmo 72.1965. Para

ser reconciliado com Deus, algúem tem que manter este conceito de Deus antes de tudo.

b) 9:5b-37 – A Oração de Confissão

A oração registrada neste capítulo é a oração mais longa da Biblia. Ela tem pelo

menos duzentas referências e citações de outras partes do Antigo Testamento66. É

similar à oração de Esdras 9.6-15. Resume a atividade redentora de Deus, como vemos

em outras orações na Bíblia também (Salmo 78.5-72 e Atos 7:2-47). Poder-se-ia

resumir a oração assim: A bondade de Deus apesar da ingratidão do seu povo. É uma

confissão e às vezes é uma profissão. Na oração o povo professa sua fé em Deus e por

sua vez confessa seus pecados. É um bom modelo de considerar em nossa reconciliação

com Deus. Nos versículos 6-15, Deus é o tema de cada versículo. A oração é um tributo

a natureza de Deus, suas obras, e sua justiça, serviu de confirmação, reflexão e resumo

do que se leu no livro da Lei.

i) 9. 5b-25 – A Obra Redentora de Deus

Quando se ler a oração, nota-se o tema da obra redentora de Deus. Nos

versículos 5 e 6 há um reconhecimento de Deus como Criador e Soberano sobre tudo

(veja o comentário acima, para entender melhor a soberania de Deus.).

À oração segue uma declaração da fidelidade de Deus usando Abraão como

exemplo. A fidelidade de Abraão é usada em comparação da justiça de Deus. É

importante notar que este versículo é a única referência no Antigo Testamento, depois

de Gênesis, da mudança do nombre de Abraão (Gênesis 17:5) de Abrão – אברם)

ʾǎḇ∙rām – pai exaltado) para Abraão (אברהם – ʾǎḇ∙rā∙hām - pai de muitas nações).

Não é por casualidade que se inclui isso na oração. A mudança do nome se refere à

maneira como Deus se relaciona com Abraão e sua descendência de forma unilateral.

65 Spence & Exell, p. 93.66 Engle, p. 72.

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Isso é um enfoque chave da presente oração67. Além disso, o pacto mencionado é a base

em que Deus oferece sua graça como vemos na oração. As nações mencionadas são as

que que foram expulsas de Canaã durante o tempo de sua conquista sob a liderança de

Josué.

Nos versículos 9-12, a oração celebra a misericórdia de Deus (libertação) usando

uma referência ao acontecimento histórico do êxodo relatado em Êxodo 1-19. A isso

segue (vs. 13-15) um reconhecimento da providência de Deus (lei e sustento). A

primeira confissão segue nos versículos 16-18 por meio de admitir sua rebeldia. É nos

versículos 19-21 que a oração enfatiza a compaixão que Deus tem para com o povo. A

compaixão é demonstrada pela misericórdia de Deus apesar da desobediência do povo.

A palavra faltou na expressão e nada lhes faltou (v. 21) é a mesma palavra no original

que Davi usou no Salmo 23, quando escreveu: nada me faltará. Isso mostra a

profundidade do que o povo sentia da providência de Deus. Depois segue um

reconhecimento da proteção de Deus. Os Israelitas poderiam vencer os inimigos

somente pela obra de Deus. A promessa desta proteção e bênção ( v. 23) nos faz

recordar a promessa de Deus feita a Abraão (Gênesis 12.1-3; 15.5).

Em tudo isso, versículo após versículo, conceito por conceito, notamos o tema

da obra redentoda e soberana de Deus.

ii) 9. 26-35 – A Confissão de Pecado

Nos versículos 26 a 35 lemos como sobre a confissão séria de pecados. Note o

contraste entre a desobediência do povo e a misericórdia de Deus. O contraste é

enfatizado com a referência a ‘mas eles’ (o povo) no v.26 e ‘mas tu’ (Deus) no v. 31. É

um contraste da grande distinção que sempre existe entre Deus e Seu povo. Mas, é um

contraste que é reconciliado pela obra redentora de Deus em Seu Filho Jesus Cristo.

A confissão contém palavras com um significado tremendo. Quando lemos estes

versículos vemos palavras tais como provocaram, rebelaram, mataram, abominações,

afligiram, dominaram, pecaram, endureceram, para descrever a disposição do povo

contra Deus. Mas, apesar de tudo isso, o povo recorda a misericórdia de Deus

(versículos 17, 19, 27, 28, 31). No versículo 31, por exemplo, lemos o seguinte acerca

do Deus misericordioso com seu povo, “Mas, pela tua grande misericórdia, não

acabaste com eles nem os desamparaste; porque tu és Deus clemente e misericordioso”.

67 Boice, p. 101.

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O reconhecimento da profundidade do pecado é um pré-requisito da reconciliação com

Deus.

Nos versículos 26-31 temos uma referência à época histórica dos juízes. São três

exemplos de desobediência que o povo humildemente reconhece. Um nos versículos 26

e 27. Outro no versículo 28. E o terceiro nos versículo 28-31. Que paciência tem Deus

para com Seu povo! Assim, o povo admite a sua responsabilidade individual. Mas,

ainda mais óbvio nos versículos 32-35 é a responsabilidade corporativa.

Note no versículo 32 os adjetivos que descrevem Deus. ‘Grande’ se refere à

realidade que Deus é muito maior do que podemos considerar. ‘Forte‘ se refere ao

poder de Deus. ‘Temível’ se refere à distância que há entre Deus e seu povo, uma

distância que merece reverência e respeito. Com tudo isso, há um reconhecimento de

que estão de acordo com o princípio da justiça divina (v. 33) Neemias enfatiza a

disposição e a atitude do povo em toda a oração.

iii) 9. 36 e 37 – A Petição de Misericórdia

Ao final da confissão, o povo registrou seu júbilo por haver podido voltar à sua

terra. Mas, com este júbilo também expressaram dor porque estavam debaixo de um

reino gentil. Eram escravos (v. 36) apesar de estarem em sua própria terra, porque não

desfrutaram a independência que antes tinham. A menção disso implica uma petição

para que Deus siga mostrando sua misericórdia, sua bondade, e sua graça para eles.

O versículo 38 na Biblia hebraica forma o primeiro versículo do capítulo 10.

Serve de conclusão a oração e por sua vez serve de introdução ao capítulo 10 sobre o

pacto que selaram. O estudaremos na próxima sessão como introdução ao compromisso

e pacto que Deus fez com o povo. Portanto é importante ver aqui que a oração terminou

com um forte compromisso da parte do povo68.

68 Henry, Matthew, Matthew Henry’s Commentary on the Whole Bible, Volume 2, (McLean, VA: McDonald Publishing Company, 1708) p. 1104. <http://www.ccel.org/ccel/henry/mhc2.html>.

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PERGUNTAS DE ESTUDO PARA A SESSÃO CINCO

1. Como a soberania de Deus é mostrada no livro de Neemias?

2. Quais são as três etapas do avivamento do povo de Deus em Neemias?

3. O que é o tema principal da oração em Neemias 9:5b-36?

4. Que papel exerce o pacto de Deus com a história de Deus e seu povo?

5. Quais são as três divisões da oração em Neemias 9?

6. Como se relaciona esta passagem ao reino de Deus? Como poderia aplicar

isso ao seu ministério dentro da igreja ou em sua vida?

7. De que maneira esta passagem apresenta Cristo? Como se relaciona isso ao

‘Ladrilho da Reconciliação’ para a liderança bíblica?

8. Que esta passagem ensina sobre ‘a Grande Comissão’ da igreja?

9. Anote um exemplo de um líder bíblico ou da história cristã que mostra algo da

liderança que ensina a leitura desta sessão. Como o mostra?

10. Qual versículo chave da passagem estudada você memorizará?

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CAPÍTULO 6: O LADRILHO DO CARÁTER DO LÍDER (Neemias 9.38-10.39)

Comentário sobre o pacto

No capítulo 10 Neemias escreve sua reafirmação do pacto com Deus da parte

dos israelitas. Note que não era um pacto novo, mas uma reafirmação de um pacto já

estabelecido, mas que nesse momento foi renovado. Consideremos este pacto. O que é o

pacto? Como se iniciou? Quais são os elementos? Que importância tem?

O pacto é a relação entre Deus e Seu povo, iniciado por Deus no qual ele disse:

“Eu sou o teu Deus”, e o povo responde: “Nós somos teus filhos”. O pacto é iniciado

por Deus e os termos do pacto tem sua origem em Deus.

J. Gresham Machen, fundador do Westminster Theological Seminary, descreve

o pacto da seguinte maneira:

Deus segue sendo o soberano absoluto nos pactos que estabelece e em tudo o que faz. O homem não faz um contrato com ele em nada, nem mesmo remotamente, à igualdade. O pacto é uma expressão da vontade de Deus, não do homem, e o homem deve aceitar as condições que se lhe propõe, confiar que a vontade de Deus é santa, justa e boa, e ordenar sua vida em conseqüência dela69.

No pacto com Deus há quatro elementos:

1. Os partidos: Há dois partidos: Deus e o homem.

2. As promessas: Deus promete ser Deus do povo e o povo promete ser o povo

de Deus;

3. As condições: Se o homem cumpre perfeitamente os mandamentos de Deus,

Deus lhe dará vida eterna;

4. A penalidade: Deus não pode romper o pacto, mas se o homem rompe o

pacto, a penalidade é a morte espiritual.

O pacto é uma amostra da graça de Deus para com o homem. É certo que há

condições. E o problema é que depois da queda de Adão no jardim do Éden, é

impossível que o homem satisfaça a condição de obediência perfeita. Mas, este

problema se resolve quando Deus faz uma promessa aos que ele tem chamado para

serem seus filhos. A esses, Deus dá tudo o que se necessita para cumprir com o pacto

por meio da obediência perfeita de Jesus Cristo na cruz.

No Antigo Testamento há várias administrações do pacto70:69 Gresham Machen, El Hombre http://www.iglesiareformada.com/El_Hombre.html, capítulo 13.70 O comentário das administrações do pacto tem sua origen no livro de Louis Berkhof, Teología Sistemática.

(Jenison, MI: T.E.L.L.) 1969. Em particular as discussões no livro sobre o pacto.

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1. O pacto de Obras (Gênesis 2.16-17). No jardim do Éden Deus fez um pacto

quando ele disse “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do

conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres,

certamente morrerás”.

2. A Primeira Revelação do Pacto (Gênesis 3.15). O conteúdo dos pactos de

graça no Antigo Testamento é baseada na promessa de Jesus Cristo (a semente de Eva)

que virá. Isto está claro quando Deus disse a Satanás “porei inimizade entre ti e a

mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe

ferirás o calcanhar”.

3. O Pacto com Noé (Gênesis 9.11). Deus promete que não voltará a destruir

todo ser vivente por meio do dilúvio. “Estabeleço a minha aliança convosco: não será

mais destruída toda carne por águas de dilúvio, nem mais haverá dilúvio para destruir a

terra”.

4. O Pacto com Abraão - Deus formalizou pela primeira vez seu pacto de

graça. O conteúdo deste pacto, formalizado simbolicamente em Gênesis 15, ratificado

em Gênesis 17 com a circuncisão, se encontra em Gênesis 12. 2, 3: “de ti farei uma

grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!

Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão

benditas todas as famílias da terra”.

5. O pacto Sinaítico (Êxodo 19.5). É uma confirmação do pacto com Abraão

quando Deus disse a seu povo: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e

guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os

povos; porque toda a terra é minha”. As condições do pacto são registradas nos dez

mandamentos em Êxodo 20.1-17, e é formalmente ratificado em Êxodo 24.

6. O Novo Pacto (Romanos 4, Gálatas 3). O pacto velho no Antigo Testamento

é desenvolvido e cumprido no novo pacto do qual Jesus Cristo é o mediador. No Novo

Testamento não somente os judeus são incluídos, mas também se faz universal,

estendido a todas as nações.

O pacto se renovava periodicamente em distintas formas durante a história de

Israel. Mas, sempre é o mesmo pacto, com o conteúdo e a história apresentada acima.

Em Neemias 10, temos um exemplo mais da reafirmação do mesmo pacto da parte do

povo. Em seu comentário sobre Neemias 10.1, Matthew Henry diz:

Quando Israel primeiramente entrou no pacto com Deus, o fez por meio do sacrifício e com aspersão de sangue (Êxodo 24). Mas aqui se fez de uma

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maneira mais natural e comum, por meio de selar e confirmar os artigos do pacto que os chamava a fazer nada mais do seu dever71.

Este pacto é o mesmo pacto que regula nossa relação com Deus hoje em dia

também. Tem os mesmos elementos, o mesmo conteúdo, a mesma graça de Deus por

meio do Mediador do pacto, o Senhor Jesus Cristo. Tal como Deus prometeu vida

eterna por meio de seu pacto no tempo de Neemias, assim nos promete o mesmo hoje. É

este pacto que forma a base do caráter do líder bíblico como veremos na passagem que

estudaremos para este capítulo.

Leitura e Comentário de Neemias 9.38-10.39

Tudo o que lemos em Neemias 9.38-10.39 é uma confirmação do nosso título da

sessão: O ladrilho do Caráter do Líder. Os primeiros cinco ladrilhos da liderança cristã

que temos estudado formam parte do caráter do líder também. Mas, na presente sessão

veremos que o compromisso pessoal do discípulo ante Deus é o ladrilho que mostra a

sinceridade e atitude espiritual que é tão importante para o caráter do líder cristão. O

capítulo 10 do livro de Neemias desenvolve o caráter do líder na presença de Deus, um

sexto ladrilho da liderança bíblica.

A passagem se poderia dividir em duas partes:

9.38-10.39 – Um Compromisso Renovado

a) 9.38-10.29 –Os assinantes do Pacto

i) 9.38 – Introdução ao Pacto

ii) 10:1-27 – Os Líderes Firmam o pacto

iii) 10.28,29 – O Povo firma seu acordo

b) 10.30-39 – O Conteúdo do pacto

i) v. 30 – Reforma da Família

ii) v. 31 – Reforma do dia do repouso

iii) vs. 32-34 – Reforma do Templo

iv) v. 35 - As Primícias

v) v. 36 - Os Primogênitos

vi) vs. 37-39 - Os Dízimos

9.38-10.39 – Um Compromisso Renovado

71 Henry, Comentario Sobre Nehemías 10:1

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Vimos a leitura da Lei (Neemias 8) e a resposta de confissão e reconciliação

com Deus (Neemias 9). Agora em Neemias 10, veremos o compromisso do povo por

meio de reconfirmar o pacto com Deus. Como vimos em Comentário sobre o Pacto, o

que eles confirmaram não era um pacto novo, mas uma reafirmação do mesmo pacto

que Deus havia feito com seu povo. Segundo a Lei de Moisés, depois de um período em

que o pacto tinha sido ignorado, haveria que renová-lo (Êxodo 34; 1 Samuel 12; 2 Reis

23)

a) 9.38-10.29 – Os assinantes do Pacto

i) 9:38 – Introdução ao pacto

A Bíblia hebraica começa o capítulo 10 com Neemias 9:38. Se levarmos em

conta que o desenvolvimento da narrativa, creio que esta redação tem mais sentido.

Ainda que se possa argumentar que o versículo forma uma boa conclusão à confissão

que se encontra em Neemias 9, o versículo serve melhor de introdução à renovação do

pacto de que trata o capítulo 10.

A reafirmação do pacto que Neemias dirigiu é o cumprimento do que

profetizaram os profetas Jeremias e Isaías. Jeremias profetizou em Jeremias 50:5,

“Perguntarão pelo caminho de Sião, para onde voltarão seus rostros, dizendo: Vinde, e

chegamo-nos ao Senhor com pacto eterno que jamais se ponha em dúvida.” Isaías o

confirma em Isaías 44:5, “Um dirá: Eu sou do SENHOR; outro se chamará do nome de

Jacó; o outro ainda escreverá na própria mão: Eu sou do SENHOR, e por sobrenome

tomará o nome de Israel”.

Matthew Henry anota algumas coisas importantes quanto ao acordo que o povo

estava por selar72.

1) fazemos fiel promessa – foi uma resolução profunda sem possibilidade de

anular.

2) O pacto se fez com consideração séria, respondendo a leitura da lei (capítulo

8), jejum e oração (capítulo 9).

3) e a escrevemos, firmada... – foi selado para ser arquivado permanentemente,

para que pudesse ser testemunho contra eles se algum dia o ignorasse.

4) firmados por nossos príncipes, por nossos levitas e por nossos sacerdotes’ –

foi um consenso mútuo e unânime para dar mais seriedade e confirmação ao ato.

72 Henry, p. 1104.

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Alguns comentários sobre algumas palavras no hebraico original são importantes

neste versículo. A palavra ‘promessa’ se poderia traduzir como ‘pacto’. Não é parte da

construção da oração no original. A palavra é incluída na tradução por implicação do

contexto. Mas, argumento que deve ser traduzida por pacto porque a palavra ‘fazemos’

no verso 38 vem da raiz da palabra hebraica כרת karat. Essa palavra é a que se usa

quando se fala do pacto entre Deus e seu povo. Por exemplo, em Gênesis 15.18 lemos,

“Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão...”. A palavra traduzida por fez

neste versículo é a mesma palavra ‘karat’ que se usa em nossa passagem para

‘fazemos’. Isso quer dizer que o que sucede em Neemias 10 não é um acordo ou

promessa qualquer. É uma renovação do pacto que Deus fez e renovava com seu povo

durante a história do Antigo Testamento (ver o comentário acima para mais informação

sobre o pacto). E agora, neste capítulo temos o acontecimento da renovação sob a

liderança de Neemias e Esdras.

ii) 10.1-27 – Os Líderes firmam o pacto

É interessante que Esdras não está incluído na lista dos que participaram da

renovação do pacto. Ele estava bem envolvido em capítulos 8 e 9. Portanto agora sua

missão foi cumprida, porque agora o povo lia o Livro da lei e a entendia sem ajuda. Os

que firmaram o pacto eram alguns representantes dos príncipes. Também levitas e

sacerdotes foram escolhidos para firmar o acordo da parte do povo.

O primeiro que firma o pacto é Neemias (10:1) para ser exemplo do que

esperava os demais. Logo o firmou Zedequias (possivelmente seu assistente73). A ele

seguem 21 sacerdotes (vv. 2-8). Os 17 levitas (vv. 9-13) seguem na lista. Depois

seguem 44 nomes de outros líderes. Todos os firmantes o fazem, seguindo a direção de

Neemias, e representando o povo, cada um em seu ofício ou posto de liderança,

reconhecidos pelo povo.

iii) 10.28, 29 – O povo afirma seu acordo

Ademais dos firmantes formais, lemos no versículo 28 que todo o povo se pôs de

acordo com o acordo do pacto: O restante do povo: sacerdotes, levitas, porteiros,

cantores, servidores do templo e todos os que se separaram dos povos vizinhos por amor

à Lei de Deus, (ver 9.2), e todas as esposas e filhos deles. Alguns consideram que os

73 Boice, p. 107.

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servidores do templo a que se refere, são descendentes dos Gibeonitas (Josué 9.3) que

fizeram trabalho manual no mantimento do tabernáculo (Esdras 8.20)74.

Segundo o versículo 29, todos eles fizeram duas coisas:

1. “se uniram aos seus irmãos, os nobres...”;

2. “se obrigam sob maldição e sob juramento a seguir a Lei de Deus...”.

Ou seja, que se uniram para comprometer-se a Deus não somente

individualmente, mas corporativamente como povo inteiro.

O jurar era um ato legal do pacto de Moisés em que duas partes, Deus e o povo,

se comprometem. Por toda a história de redenção, todos os pactos com Deus pedem

obediência que procede da fé em Deus. Um dos princípios da hermenêutica bíblica é

que se deve comparar a Escritura com outra Escritura para entendê-la bem. Temos um

bom exemplo deste princípio por meio de ver que a Biblia nos explica o conceito do que

significa ‘jurar’ em outra parte do livro de Neemias. A palavra se encontra em Hebreus

6.16, onde lemos, “Os homens juram por alguém superior a si mesmos, e o juramento

confirma o que foi dito, pondo fim a toda discussão.” Aplicando isso ao contexto de

Neemias, vemos que o povo está jurando a um que é maior que eles, Deus mesmo, que é

soberano sobre tudo.

b) 10.30-39 – O Conteúdo do Pacto.

Há três características gerais do pacto com Deus75:

1. A autoridade da palavra de Deus. Cada uma das promessas vem em resposta a

alguma declaração da lei que eles leram (capítulo 8).

2. A importância do templo. A maior parte da redação do pacto tem a ver com

cuidar do templo, os atendentes do templo, e seus serviços religiosos. Neemias sabia

que a intenção de Deus era que o templo significava sua presença entre eles. Howard

Vos o explica bem, “O templo... proveio a base religiosa e social para unir os membros

da comunidade uns com os outros, e sobre todos a Deus e seu serviço”.76

3. A responsabilidade do povo. Uma das palavras chaves é ‘nós’ em referência

ao povo em comunidade. Comprometeram-se corporativamente a guardar a lei de Deus.

74 R.C Sproul, Introduction to the Historical Books ,in the Geneva Study Bible, (Thomas Nelson Publishers, Nashville, TN) 1995. p 292ff.

75 Boice, p. 108-110.76 Howard F. Vos, Bible Study Commentary: Ezra, Nehemiah and Esther, (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1987) p.

125.

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Os particulares específicos do pacto estão resumidos no versículo 29, “... que

andariam na Lei de Deus...”. James Montgomery Boice resume os particulares em seis

divisões77:

i) Reforma na família (v.30)

Dado que os pais de família arranjavam os matrimônios, então eles foram os que

teriam responsabilidade para manter matrimônios puros. A prática de não casar-se com

estrangeiros não era por razões de racismo, senão por razões religiosas. Neemias

enfrenta este tema também no capítulo 13.23-29. Outros líderes também dirigiram

ensinamentos quanto a isso (Malaquias 2.10-16; Esdras 9.1). No Novo Testamento,

parece que o problema continuava, porque o apóstolo Paulo refere a isso com uma

paixão intensa em 2 Corintios 6.14 – 7.1.

ii) O Dia do Dia de Repouso (v.31)

O guardar o dia de repouso era o quarto mandamento dos dez mandamentos

(Êxodo 20.4-6). Alguns consideraram que comprar dos negociantes estrangeiros não

colocaria os judeus a trabalhar, então consideraram que não haveria problema. Mas,

aqui se nota que o povo reconheceu que qualquer transação no dia do dia do repouso era

contra o quarto mandamento. No capítulo 13.15-22, Neemias trata o tema com

franqueza. Veremos isso na última sessão.

iii) Reforma do Templo (vs. 32-34)

O povo oferecia seus dízimos vonlutariamente e não por obrigação. Este

compromisso foi estabelecido por Deus para prover as necessidades do templo para os

sacrifícios diários, semanais e para as festas cerimoniais. O povo se comprometeu a

prover a lenha regularmente, família por família, para os sacrifícios. Até agora os

servidores do templo tomaram responsabilidade para isso, mas segundo Neemias 7.60,

somente 392 regressaram do exílio. Neemias iniciou este novo sistema78 para atender a

necessidade de manter fogo constante nos altares.

iv) As Primícias (v. 35)

Estas foram apresentadas como ação de gratidão a Deus pela colheita

77 Boice, p. 110-113.78 Albert Barnes, Barne’s Notes on the Old and New Testaments: 1 Samuel – Esther, (Baker Book House, Grand

Rapids Michigan) 1976. p. 477.

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v) Os Primogênitos (v.36)

A referência é aos primeiros nascidos tanto de suas famílias (filhos varões para

serviço a Deus) como do gado (para os sacrifícios).

vi) Os Dízimos (vv.37-39)

Eram usados para manter os levitas e os sacerdotes

Esta divisão por Boice é uma boa análise. Mas creio que se revisarmos as

últimas reformas, notaremos que são relacionadas com a terceira reforma, ou seja a do

templo. Meu estudo da passagem me convence mais que devemos dividir as reformas

em três com os últimos pontos relacionados à terceira reforma:

1. Reforma da Familia (v. 30);

2. Reforma do Dia de Repouso (v. 31);

3. Reforma do Templo (vs. 32-29).

A última linha do capítulo (v. 39) “...e, assim, não desampararíamos a casa do

nosso Deus” resume a inquietude que o povo tinha pelo templo e seus serviços. Esse

tema é central nos últimos três profetas (Ageu, Zacarias e Malaquias) que profetizaram

durante essa mesma época79. O fato de que estavam preocupados com o cuidado do

templo é uma indicação de que o povo levou a sério sua reafirmação do pacto. O pacto

regulava sua relação com Deus e o templo foi o símbolo da presença de Deus entre eles.

79 Kidner, p. 116.

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PERGUNTAS DE ESTUDO PARA A SESSÃO SEIS

1. Qual é a definição de ‘pacto’ no sentido bíblico?

2. Quais são os elementos do pacto com Deus?

3. Quem firmou o pacto no capítulo 10?

4. Quais são os três conteúdos básicos do pacto que o povo confirmou?

5. Quais são os três temas inclusos no pacto segundo o autor do curso?

6. Como se relaciona esta passagem ao reino de Deus? Como poderia aplicar

isso ao seu ministério dentro da igreja ou em sua vida?

7. De que maneira esta passagem apresenta Cristo? Como se relaciona isso ao

‘Ladrilho do Caráter do Líder’ para a liderança bíblica?

8. O que esta passagem ensina sobre ‘a Grande Comissão’ da igreja?

9. Anote um exemplo de um líder bíblico ou da história cristã que mostra algo da

liderança que ensina a leitura desta sessão. Como o mostra?

10. Qual versículo chave da passagem estudada você memorizará?

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CAPÍTULO 7: O LADRILHO DA GRATIDÃO (Neemias 11.1-12.47)

Comentário sobre a Gratidão

Em meu país de origem, Canadá, gostamos de celebrar o dia de Ações de

Graças. Outros países tem dias separados especialmente para dar graças a Deus, cada

um com sua história para a ocasião. É um bom costume estabelecer um dia para dar

graças a Deus. Mas, me pergunto: por que temos que separar um dia especial para dar

graças a Deus? Não é certo que realmente cada dia deva ser um dia para dar graças a

Deus? Seja como for, a realidade é que hoje em dia temos os dias especiais de Ações de

Graça.

Quando se originou o costume de dar graças a Deus? Acaso se originou com

algum momento histórico em algum país em particular? Em Neemias 12, temos um

exemplo de um dia de Ações de Graças. Mas, se lermos a Bíblia, notaremos que há

muita ocasiões nas quais o povo de Deus dava graças. Revisemos algumas dessas

ocasiões.

Em Gênesis 4 temos a primeira ocasião, registrada na Bíblia, de ações de graça.

É o exemplo do sacrifício de Abel. Lemos em Gênesis 4.4: “Abel, por sua vez, trouxe

das primícias do seu rebanho e da gordura deste”. Não temos indicação do porquê Abel

ofereceu seu sacrifício. Todavia não há mandato de Deus que se requeira algum

sacrifício. Presume-se que Abel sentiu-se grato pelo que Deus lhe havia provido, e

então, queria devolver algo a Deus para expressar sua gratidão. O sangue derramado nos

sacrifícios de Abel sinaliza o sangue de Cristo que viria e que derramaria seu sangue

como sacrifício pelos pecados do mundo. Realmente isso, deve ser motivo principal

para nossas ações de graças. Lemos que Deus aceitou o sacrifício de Abel no mesmo

versículo 4: “Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta”.

Sem dúvida havia outras ocasiões de ações de graças da parte do povo de Deus.

Mas a próxima ocasião bíblica notável é o sacrifício de Noé depois do dilúvio, em que

sobreviveram apenas Noé e oito membros de sua família. Lemos em Gênesis 8.20:

“Levantou Noé um altar ao SENHOR e, tomando de animais limpos e de aves limpas,

ofereceu holocaustos sobre o altar”. Imagine a gratidão que sentia a familia de Noé

depois de haver sido resgatado do dilúcio somente pela graça de Deus. Deus havia

escolhido a Noé e sua família para que de sua linhagem viesse o Messias, Jesus Cristo.

Tal como Noé e sua família foram salvos da morte, assim nós somos redimidos de

nossos pecados pelo sacrifício de Cristo na cruz. Deus respondeu com favor ao

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sacrifício de ações de graças de Noé. Lemos em Gênesis 8.21: “E o SENHOR aspirou o

suave cheiro e disse consigo mesmo: Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do

homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei

a ferir todo vivente, como fiz”.

Deus continua provendo as necessidades do seu povo. Lemos dos sacrifícios de

Abraão, Isaque e Jacó e de suas famílias. No passar do tempo veio outra ocasião notável

para oferecer gratidão a Deus com as celebraões da páscoa. Havendo estado 430 anos

sob escravidão no Egito, Deus providenciou uma libertação milagrosa por meio das dez

pragas e depois no Mar Vermelho. Faraó intentou destruir não somente os israelitas,

mas com eles o plano de Deus para a redenção do mundo. E mais uma vez, pela graça

de Deus, Ele vence o inimigo, e os israelitas são libertados. Como símbolo dessa

libertação, Deus instruiu o povo que celebrasse a páscoa. A páscoa foi estabelecida por

Deus como uma festa de ações de graças pelo que ele lhes havia feito. Isso foi mais um

sinal de que Deus mandaria Seu Filho Jesus Cristo para oferecer salvação do grande

inimigo, Satanás. Em Êxodo 12.14, lemos o seguinte quanto á celebração da páscoa:

“Este dia vos será por memorial, e o celebrareis como solenidade ao SENHOR; nas

vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo”.

Em Deuteronômio 8 temos outra razão de gratidão a Deus. Aqui o povo estava

para entrar na terra prometida. Ali lemos que durante 40 anos de viagem no deserto,

Deus lhes havia providenciado água e comida e não havia se gastado suas roupas. Agora

estavam para entrar na terra que Deuteronômio 8.7 diz que era “boa terra, terra de

ribeiros de águas, de fontes, de mananciais profundos, que saem dos vales e das

montanhas”.

Mas Deus conhecia bem a seu povo. Ele sabia que o povo ficaria acomodado

com todos os bens da terra e que cedo ou tarde se esqueceria dele. Isso é também o que

aconteceu no contexto de Neemias. O povo havia esquecido de Deus. Mas, em

Deuteronômio 8.11-14 lemos:

Guarda-te não te esqueças do SENHOR, teu Deus, não cumprindo os seus mandamentos, os seus juízos e os seus estatutos, que hoje te ordeno; para não suceder que, depois de teres comido e estiveres farto, depois de haveres edificado boas casas e morado nelas; depois de se multiplicarem os teus gados e os teus rebanhos, e se aumentar a tua prata e o teu ouro, e ser abundante tudo quanto tens, se eleve o teu coração, e te esqueças do SENHOR, teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão.

Em seguida lemos em Deuteronômio 8.19-20 do que acontecedia se eles se

esquecessem de Deus e se não lhe dessem graças, como Ele merece. Ali lemos:

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Se te esqueceres do SENHOR, teu Deus, e andares após outros deuses, e os servires, e os adorares, protesto, hoje, contra vós outros que perecereis. Como as nações que o SENHOR destruiu de diante de vós, assim perecereis; porquanto não quisestes obedecer à voz do SENHOR, vosso Deus.

Foi exatamente isso o que aconteceu com Israel. E no contexto de Neemias, o

povo reconheceu isso. Leram a Lei (Neemias 8), confessaram seus pecados (Neemias

9), reafirmaram o pacto (Neemias 10), habitaram em Jerusalém de novo (Neemias 11), e

agora, depois de tudo isso, no capítulo 12, Neemias e Esdras dirige o povo em uma

cerimônia formal de dedicação, um sacrifício de ações de graças a Deus.

Leitura e Comentário de Neemias (Neemias 11.1-12.47)

Tudo que lemos em Neemias 11.1-12.47 é uma confirmação de nosso título da

sessão: O Ladrilho da Gratidão. Já temos visto seis características que formam cada um,

um ladrilho para a composição da liderança bíblica. Nos últimos três capítulos de

Neemias, ele enfatiza a importância da gratidão, um sexto ladrilho da liderança bíblica.

Com isso entramos na terceira divisão de Neemias, dividido em duas partes: Ação de

Graças em Culto (o presente capítulo) e Ação de Graças no Serviço (será objeto de

estudo do próximo capítulo). Na primeira divisão do livro de Neemias (1.1-7.3) vimos a

restauração da muralha de Jerusalém. Na segunda divisão (7.4-10.39) vimos a

restauração interna do povo de Deus. Ahora, entrando na terceira divisão veremos a

restauração externa do povo de Deus.

A passagem se poderia dividir em três partes:

11.1-12.47 – Ação de Graças no Culto

a) 11.1-36 – Ocupando Jerusalém

b) 12.1-26 – Listas dos Exilados que voltaram

c) 12.27-47 – A Dedicação da Muralha

a) 11:1-36 – Ocupando Jerusalém

Para entrar em um estudo de Neemias 11, teremos que voltar um pouco até o

capítulo 7, versículo 4. Ali temos uma apresentação de um problema em Jerusalém:

havia pouca gente na cidade. Ali lemos que “cidade era espaçosa e grande, mas havia

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pouca gente nela, e as casas não estavam edificadas ainda”. Por que havia tão pouca

gente em Jerusalém? Consideremos várias razões80:

1. Em 586 aC os Babilônios capturaram a cidade, destruindo a infraestrutura e a

muralha e levando a maioria da gente.

2. Depois de 70 anos, alguns do exílio voltaram, mas a muralha ficou destruída

por cerca de 70 anos mais (444 AC). Isso foi um total de 142 anos! Os ocupantes foram

muitos desanimados e saíram para os povos.

3. Havia muitos ataques da parte dos Árabes e os Samaritanos. Em Neemias 11.6

lemos que os que ficaram em Jerusalém eram ‘fortes’. Mas, os poucos que ocuparam

Jerusalém teriam que ser valentes neste ambiente de alto risco. A maioria não queria

submeter suas familias a estes ataques.

4. Os poucos que ficaram teriam que assumir muito trabalho com muita

responsabilidade.

Quando lemos em Neemias 11 no contexto de 1 Crônicas 9, depois do novo

acordo da população, uns dizem que haviam uns 10.000 habitantes em Jerusalém81,

outros estimam que houvessem até 20.000 habitantes82. O número exato não é tão

importante. Mas, isso quer dizer que se eles escolhesem a décima parte para habitar

Jerusalém (11.1), então a população total dos exilados que voltaram era um número

entre 100.000 e 200.000.

Na lista que Neemias dá dos residentes de Jerusalém, ele menciona somente os

representantes das tribos de Judá, Benjamim e dos levitas. Segundo 1 Crônicas 9,

notamos que havia alguns representantes de outras tribos também. Mas estes formaram

o núcleo dos novos habitantes de Jerusalém, porque eles foram as tribos que formaram o

reino de Judá (o reino do sul) que não foi levado pelos Assírios em 772 AC. Isso é

importante, porque recordamos que temos que ver tudo isso na perspectiva da história

de redenção. Jesus Cristo viria da tribo de Judá que forma grande parte deste núcleo de

novos habitantes de Jerusalém, cidade de Davi, de cuja linhagem viria o Messias e

Redentor.

No versículo 1 lemos que se decidiu que além dos chefes dos povos, uma décima

parte dos que viviam em outros lugares ocupariam Jerusalém. É uma aplicação criativa

do princípio do dízimo. O povo ‘lançou sortes’ para decidir quem deveria viver em

Jerusalém. Antes que o canôn das Escrituras fosse fechado, o lançar sortes era a maneira 80 Engle, p. 86.81 Boice, p. 118.82 Barnes, p. 478.

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de buscar a vontade de Deus. Eles criam no que escreveu Salomão em Provérbios

16:33: A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão”.

Neemias dá a Jerusalém o nome de ‘cidade santa’. Esta referência a Jerusalém

não é muito comum. Há referência a isso também no versículo 18. Isaías também se

refere a Jerusalém como a ‘cidade santa’ (Isaías 48.2; 52.1). A santidade vai

expandindo: utensílios santos (Esdras 8.28) aos sacerdotes (Esdras 8.28); o povo

(Esdras 9.2); o lugar santo (Esdras 9.8); os portões (em Neemias 3.1) a palavra קדש (qā∙ḏǎš) é traduzida como “arrumaram”83 no original é “consagrar” ou “santo” como faz

a tradução espanhola em referência ao dia do repouso santo (9.14) - a cidade inteira é

santa agora. A cidade com tudo o que nela havia chegou a ser santa, uma ‘casa de Deus’

que Deus propôs construir (Hebreus 3:1-6)84.

Além dos que foram escolhidos para ocupar Jerusalém por sortes, parece que

havia também alguns que passaram a viver em Jerusalém voluntariamente (v. 2).

Possivelmente isso era uns dos familiares dos escolhidos por sorte. Os homens valentes

(v. 14) se refere não tanto a homens de valor, mas a homens capazes para o serviço da

casa de Deus85. As pessoas mencionadas nos versículos 25 a 36 são os que ocuparam os

lugares ao redor de Jerusalém. Comparando esta lista com Esdras 2.21-35 nota-se uma

vez mais que Esdras e Neemias vêm da mesma época da história de Israel.

b) 12:1-26 – Listas dos Exilados que Voltaram.

Nos primeiros 26 versículos de Neemias 12 temos a lista dos que voltaram do

exílio. É a quarta lista de nomes no livro de Neemias (capítulos 3, 7 e 10). Com isso

notamos a importância dos detalhes da lista de nomes. Nos versículos vs. 1-9 Neemias

menciona as famílias dos sacerdotes e dos levitas que voltaram do exílio. A lista é dos

que voltaram com Zorobabel, fazendo uma conexão entre os últimos capítulos do livro

de Neemias e os primeiros capítulos do livro de Esdras.

Alguns comentários sobre esta lista merecem atenção. Zorobabel era

descendente de Davi, neto do rei Joaquim. Ele foi o líder responsável para a construção

da fundação do templo (Esdras 3.8-10). Josué foi o sumo sacerdote durante este mesmo

tempo (Zacarias 3.1; Ageu 1.1). O Esdras mencionado aqui não é o mesmo autor do

livro de Esdras e que vemos em Neemias 8 e 9. Ele só viria uns 80 anos depois de 83 N.T. a palavra aparece na tradução que o autor usa. Na ARA aparece a palavra consagraram.84 Sproul, p. 681.85 Spence & Exell, p. 118.

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Zorobabel, portanto o Esdras listado aqui veio do exilio com Zorobabel. Nos versículos

10 e 11 temos a sucessão de seis gerações dos sumo sacerdotes desde Jesua até Jodias.

Nos versículos 12-21 mencionam-se os cabeças da familia dos sumos sacerdotes no

tempo de Joiaquim. Por último nos versículos 22-26 estão anotados os levitas anteriores

(22 e 23), e no tempo de Joiaquim (24 e 25) e seus cabeças de família.

c) 12.27-47 – A Dedicação da Muralha

É importante esclarecer que a dedicação narrada em Neemias 12.27-47 não é

somente para a muralha, mas para o templo também, reconstruído sob a liderança de

Esdras, e a nova comunidade que agora habita em Jerusalém. Além disso, era uma

celebração de renovação que o povo acaba de experimentar na leitura da lei (capítulo 8)

na confissão (capítulo 9), e na renovação do pacto (capítulo 10). A dedicação segue o

exemplo estabelecido pela dedicação dirigida por Salomão do templo original (2

Crônicas 5-7), e a dedicação dirigido por Esdras do segundo templo (Esdras 6.16-18). A

celebração incluiu gratidão (v. 17, 24), a confissão (v. 30), o sacrifício (v. 43), o gozo

(v. 43), e as ofertas (v. 44).

Alguns comentários consideram que segundo Neemias 13.6, a dedicação se

levou a cabo uns 12 anos depois quando Neemias voltou pela segunda vez de seu tempo

na Persia86. Mas a maioria considera que foi algumas semanas depois87. Para um mapa

das atividades da dedicação veja o apêndice 4: Jerusalém no Tempo de Neemias.

Neemias poderia ter escrito o acontecimento da dedicação da muralha depois do

capítulo 7, versículo 3, quando terminaram o muro. Mas ele redige seu livro para que o

ato da dedicação fosse narrado como um clímax dos acontecimentos. A dedicação feita

com júbilo era para dar graças a Deus por seu ato de restaurar físicamente sua ‘cidade

santa’ e seu povo santo. Nessa ação de graças o povo rendeu culto a Deus pela

renovação tanto externa (a muralha) como interna (o coração do povo). Por isso a

dedicação teria que ocorrer e seu acontecimento foi anotado no livro de Neemias depois

que a renovação foi completada.

O tema dominante da dedicação é a gratidão. A palabra que se traduz como

‘coros’ na Reina Valera 1960 é a palavra hebraica ‘towdah’ (תודה). O significado da

palavra em hebreus é “confissão, louvor, gratidão para a) dar louvor a Deus, b) gratidão

86 Barnes, p. 481.87 Engle, p. 88.

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em cânticos de culto litúrgico ou hinos de louvor, c) coro de gratidão ou procissão ou

linha ou companhia, d) oferenda ou sacrificio de gratidão, ou e) confissão88”.

A mesma palavra é usada também nos versículos 27, 38 e 40 de Neemias 12.

São as únicas referencias a essa palavra em todo o livro de Neemias. Quando uma

palavra é pouco encontrada em um livro da Biblia e se encontra quatro vezes dentro do

mesmo capítulo e, de fato, quatro vezes dentro de 14 versículos, é uma indicação que é

uma palavra muito importante. Mas desafortunadamente, em nenhuma versão bíblica

espanhola89 mais conhecida se traduz com referência a gratidão. No contexto da nossa

passagem, os quatro significados poderiam ser utilizados. Mas a terceira opção é o

melhor. Cada um dos quatro usos da palavra em Neemias 12 deverão ser traduzidos

tomando em conta a terceira opção da tradução mencionada acima, “coro de gratdão ou

procissão ou linha ou companhía”. Matthew Henry corretamente escolhe este uso em

seu comentário quando ele traduz esta frase, “a companhía dos que oferecem

gratidão”90.

Essa também é a razão pelo qual vemos que o ladrilho da liderança bíblica que

se mostra neste capítulo é o ladrilho da gratidão ou ação de graças. É muito interessante

notar que essa palavra é usada tanto para o coro de gratidão que ia para a direita (v. 31)

como para o coro de gratidão que ia para a esquerda (v. 38), um dirigido por Esdras (v.

36) e o outro acompanhado por Neemias (v. 38).

Não está indicado onde se começou a procissão. Mas, que há muita semelhança

entre a descrição desta procissão e a rota que Neemias tomou para avaliar o muro

originalmente (2.12-16). Poderiam ter começado no mesmo lugar, a porta do Vale, e

dali cada coro de gratidão marchando em sua respectiva direção91. Mas não há dúvida

quanto ao destino final, o templo (v. 40). Ali depois de seguir os requisitos da

purificação (ver 1 Crônicas 23. 28) o povo rendeu culto a Deus.

Tudo isso, afirma que a reconstrução da muralha não era um monumento a força

de Judá, senão era um monumento para a perpetuação da glória de Deus, Seu nome, e o

progresso da história da redenção. O clímax foi os sacrifícios, dando graças a Deus, e

isso com muito júbilo. A ação de graças está focada em Deus como vemos no versículo

43: “Deus os alegrara com grande alegria...”. A profundidade do júbilo do povo é

expressada ali mesmo dizendo que “o júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe”. Note 88 Brown, Francis & Driver, S.R. & Briggs, Charles A., The New Brown, Driver, and Briggs Hebrew and English

Lexicon of the Old Testament, (Lafayette, Indiana: Associated Publishers and Authors, Inc., 1981) p. 392.89 Reina Valera 1960, Reina Valera 1995, Nueva Versión Internacional, Biblia de las Américas90 Henry, p. 1111.91 Kidner, p. 126.

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que a resposta do povo (v. 43) aos acontecimentos da dedicação foi de oferecerem seus

bens em uma ação de graças a Deus. É uma mostra do compromisso que fizeram

(capítulo 10) de cuidar do templo e prover as necessidades do mesmo.

Com tudo isso, se vê que a intenção de Neemias ao descrever a intensidade da

celebração e a resposta do povo aqui era igual à festividade no tempo de Esdras (Esdras

6.12, 22).

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PERGUNTAS DE ESTUDO PARA A SESSÃO SETE

1. Como se relaciona o tema da gratidão com a mensagem do livro de Neemias?

2. Qual versículo apresenta o pano de fundo de Neemias 11 e 12?

3. Qual porcentagem do povo ocupou de Jerusalém?

4. Qual é o tema dominante da dedicação?

5. Às vezes as pessoas passam por uma experiência espiritual muito elevada na vida que

vai “por água abaixo” depois de um tempo. Vimos que isso aconteceu também no livro de

Neemias. Como se poderia manter uma vida espiritual sempre animada?

6. Como se relaciona esta passagem ao reino de Deus? Como poderia aplicar

isso ao seu ministério dentro da igreja ou em sua vida?

7. De que maneira esta passagem apresenta Cristo? Como se relaciona isso ao

“Ladrilho da Gratidão” para a liderança bíblica?

8. O que esta passagem ensina sobre ‘a Grande Comissão’ da igreja?

9. Anote um exemplo de um líder bíblico ou da história cristã que mostra algo da

liderança que ensina a leitura desta sessão. Como o mostra?

10. Qual versículo chave da passagem estudada você memorizará?

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CAPÍTULO 8: O LADRILHO DO TESTEMUNHO (Neemias 13.1-13.31)

Comentário sobre a missão em Neemias

A Bíblia é um livro missionário, porque é a Palavra de Deus ao mundo. A

essência da mensagem da Bíblia é a proclamação das boas notícias ao mundo. Para ter

um entendimento claro do conceito de missão na Bíblia temos que levar em conta o

conceito da história da redenção (ver Comentário sobre a Perspectiva Histórica

Redentiva no capítulo 2). A missão de Deus é o desenvolvimento de seu plano de

salvação do mundo, focado na pessoa e obra de Jesus Cristo.

Dentro da história da redenção há duas etapas em que se desenvolveu o plano de

salvação. As duas etapas se dividem entre o Antigo Testamento e no Novo Testamento.

As etapas passam de uma à outra com o nascimento, ministério, morte, ressurreição e

ascensão de Jesus Cristo. A missão no Antigo Testamento geralmente seguia o modelo

centrípeto (de fora para o centro). A missão no Novo Testamento segue o modelo

centrífugo (do centro para fora). Um entendimento disso é importante se vamos estudar

o conceito de missão no livro de Neemias.

O modelo da missão centrípeta no Antigo Testamento é o modelo no qual Deus

mantém o seu povo com todos os regimentos dados no Pentateuco. O foco se

concentrava nos judeus como o povo de Deus. A atração dos gentios (não-judeus) era o

meio deles virem de fora da sua terra para viver com os judeus em sua terra, seguindo

seus costumes e sua cultura. Assim, eles aprenderam a Lei de Deus e so costumes

ditados por Deus. Em palavras claras, pode-se dizer que o modelo centrípeto era venha e

veja.

O modelo da missão centrífuga no Novo Testamento é o modelo no qual Deus

manda a seu povo proclamar as boas novas às nações. Este modelo começou no dia de

Pentecostes. O livro de Atos nos conta toda a história da nova iniciativa, mandado por

Jesus Cristo “Ide e fazei Discipulos” (Mateus 28.16-20). Este modelo é o que seguimos

hoje em dia até que venha o Senhor na segunda vinda. O foco se concentra não nos

judeus, mas nos gentios. A atração dos gentios é feita por meio de os cristãos irem ao

mundo buscar os que o Senhor chamou para ser seu discípulo. Em palavras chaves,

pode-se dizer que o modelo centrífugo é vá e proclame.

O contexto missionário de Neemias é o do Antigo Testamento. Segue o modelo

missionário centrípeto. No Antigo Testamento havia pouco exemplo de estrangeiros que

fizeram parte do povo judeu, mas sim, há alguns (ex.: Rute e Raabe). Também nota-se

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que de forma geral, quando entraram estrangeiros pagãos a viver em Israel, os judeus

tendiam a seguir a religião deles em vez dos estrangeiros adotarem a fé dos judeus. Isso

é o contexto particular de Neemias. Quando ele veio, o povo havia esquecido-se de

Deus e haviam adaptado à religião dos gentios pagãos que viviam entre eles. Depois da

reforma que dirigiu, ele voltou para a Pérsia e o que aconteceu? O povo voltou a seguir

falsos deuses, falsos ensinos e falsas práticas.

É neste contexto missionário que devemos entender as passagens em Neemias

pois tem a ver com sua relação com os gentios pagãos dos países ao redor deles.

Neemias insistiu que se apartassem deles (Neemias 9.2; 13.23-27). Isso porque os

estrangeiros influenciavam os judeus em vez do testemunho dos judeus mudar os que

vinham de fora. A idéia era que o povo vivesse em santidade e unidade com Deus, em

relação fiel com Deus através do pacto, para ser um exemplo para os pagãos, de que eles

eram o verdadeiro povo de Deus.

O que acontece no livro de Neemias é que a missão de Deus tinha que estender-

se não aos pagãos que viviam ao redor de Jerusalém e Judá. Mas que a missão de Deus

tinha que impactar ao povo de Israel mesmo, porque haviam se afastado de Deus.

Neemias tinha que restaurar o povo que deveria servir de testemunho fiel para os

estrangeiros. Por isso, havia que restaurar não somente a cidade, mas também o coração

do povo judeu.

A missão de Deus na época da história da redenção em que vivia Neemias era a

de voltar de apresentar a Palavra de Deus a seu próprio povo para transformar seu

coração. Isso se fez por meio da leitura da lei (capítulo 8). O povo respondeu com

confissão de pecado (capítulo 9) e depois com a confirmação do pacto (capítulo 10). A

confirmação do pacto é como uma missão cumprida. Só que Neemias tinha que voltar a

fazer isso de novo depois de um período de ausência, porque o povo voltou a separar-se.

O modelo que Neemias seguiu na missão de Deus era um modelo de transformar

a comunidade de fé para que servisse de testemunho da glória de Deus ao mundo. As

duas vezes que Neemias dirigiu suas reformas no povo, ele seguiu o mesmo modelo de

dar atenção à Palavra de Deus e buscar uma resposta a ela. Esta é a missão de Deus, não

é? A missão de Deus é que todos escutem a Palavra de Deus e que responda a ela pela

fé em Cristo, por meio da obra do Espírito Santo.

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Kenneth Tollefson escreveu um artigo muito bom quanto à missão de Deus no

livro de Neemias92. No seu artigo Tollefson nota que todo o livro de Neemias é um livro

em que se pode fazer um esboço que mostra as etapas da restauração do que ele chama

a comunidade de Deus. O esboço que ele propõe se resume assim:

1. Capítulo 1 – Reformulação – Estabelecendo uma visão de uma sociedade do

pacto;

2. Capítulo 2 – Comunicação – Compartilhando a visão e recrutar apoio;

3. Capítulo 3 – Organização – Delegando o trabalho a líderes e grupos de

trabalho;

4. Capítulos 4-6 – Adaptação – Respondendo estrategicamente à oposição;

5. Capítulos 7-10 – Transformação – A reestruturação da sociedade;

6. Capítulo 11-13 - Rotinização – Integração à vida comunitária.

O foco que Tollefson dá à missão se concentra no desenvolvimento da

comunidade. Ele põe muita ênfase nos aspectos sociais, econômicos, políticos, etc. que

ele crer deve ser transformado pelo Evangelho apresentado na Palavra de Deus. Na

missão de Deus, devemos tomar cuidado em não ir para extremos de uma transformação

social (comunitária) sem o acompanhamento de uma transformação espiritual. De igual

maneira, tampouco devemos propor uma transformação espiritual sem esperar uma

transformação social (comunitária).

O modelo de missão que Jesus Cristo modela em seu ministério foi o de

identificar-se com seu povo por meio da encarnação. Ele desenvolve sua missão

efetuando uma transformação espiritual do homem que impacta uma transformação

social (comunitária) da qual é parte, de uma maneira integral. Esse é o modelo da

missão que Neemias segue. Com a reconstrução da muralha de Jerusalém (Neemias 1-6)

Neemias se identifica com o povo e ganha sua confiança. Depois ele procura dirigir uma

transformação espiritual do povo de Deus (Neemias 7-10) e espera que essa

transformação impacte a comunidade do povo (Neemias 11-13). Este é o modelo a que

Deus chama sua igreja quando dá “a ordem de marchar” da igreja na grande comissão

de Mateus 28.19: “Ide, e fazei discípulos de todas as nações”.

Leitura e Comentário de Neemias 13.1-13.31

92 Kenneth Tollefson, The Nehemiah Model for Christian Mission. Missiology: An International Review, Vol. XV, No. 1, January, 1987. pp. 31-55.

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Chegamos ao último capítulo de Neemias, e também a última sessão do curso.

O que lemos em Neemias 13.1-13.30 é uma confirmação do título do nosso capítulo: O

Ladrilho do Testemunho. Temos visto sete características que formam cada um ladrilho

para a composição da liderança bíblica. No último capítulo de Neemias, ele enfatiza a

importância da Ação de Graças por meio do testemunho do servo de Deus, um oitavo

ladrilho da liderança bíblica.

A passagem se poderia dividir em quatro partes:

13.1-13.31 – Ação de graças em serviço.

a) 13.1-14 – Reformas do Templo.

b) 13.15-22 – Reformas do Dia do Repouso.

c) 13.23-29 – Reformas da Família.

d) 13.30, 31 – Resumo das Reformas.

13.1-13.31 – Ação de Graças em Serviço

Se esperaria um fim de esperança e júbilo no livro de Neemias, mas

lastimavelmente, lemos o oposto no último capítulo. O livro termina com um

acontecimento anti-climático de desânimo. Lemos que o povo entrou em um tempo de

apostasia a nível nacional, voltando a suas práticas velhas como sempre fazia em sua

história.

No duodécimo ano da estadia de Neemias em Jerusalém, ele voltou à Pérsia

como era o acordo com Artaxerxes, rei da Pérsia. A permissão que Artaxerxes lhe

concedeu para ir a Jerusalém era para estar ali por um tempo definido. Em Neemias 2.6

lemos, “Então, o rei, estando a rainha assentada junto dele, me disse: Quanto durará a

tua ausência? Quando voltarás? Aprouve ao rei enviar-me, e marquei certo prazo”. A

duração do seu tempo na Pérsia não se sabe, mas depois de certo tempo, voltou a pedir

permissão a Artaxerxes para regressar a Jerusalém (Neemias 13.6). Neemias recebeu

notícias da situação e regressou da Pérsia para voltar a fazer algumas reformas. Com

esta sua volta, ele chegou com o apoio do povo, da autoridade do estado e o prestígio do

império Persa.

Durante sua ausência, o povo esqueceu de seus compromissos recordados

Neemias 8-12. Eles voltaram à rotina que seguia antes da vinda de Neemias. Samuel

Schultz lo descrevia assim,

Durante o tempo da ausência de Neemias, prevaleceu a frouxidão religiosa. Eliasibe, o sumo sacerdote, havia concedido a Tobias o amonita, uma câmara

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no átrio do templo. Não se havia pago as retribuicões aos levitas e os cantores do templo. E desde que o povo havia descuidado em levar as ofertas diárias, para o qual se havia concordado o dízimos e os primeiros frutos aos levitas, estes sairam ao campo a fazer sua vida93.

Neemias estava preocupado com o testemunho do povo. Ele sabia que a glória

de Deus e a honra do nome de Deus estavam em jogo dependendo do testemunho que

vivia o povo que levava o Seu nome. O profeta Ezequiel, que profetizou durante o

tempo da primeira deportação dos israelitas à Babilônia, lamenta o mal testemunho do

povo de Deus. Ele profetizou quando à razão pela qual lhes foi permitido voltar a

Jerusalém. Tinha a ver não com o povo, mas com o nome do Senhor que estava

estritamente identificado com o povo de Israel.

“Mas tive compaixão do meu santo nome, que a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi. Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o SENHOR Deus: Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes”. (Ezequiel 36.21).

Neemias 13 se divide entre três grupos de reformas que Neemias levou a cabo:

do templo (vv.1-14), do dia do repouso (vv.15-22) e da família (vv.23-30). Se

compararmos isso ao compromisso que fez o povo anteriormente, é importante notar

que estas três reformas coincidem precisamente com os três compromissos feitos no

capítulo 10. Cada um dos compromissos, feitos com tanta seriedade, foram concordadas

pelo povo com a saída de Neemias.

O povo de Deus viveu um mau testemunho. Mas comparamos isso ao

testemunho bom e consistente de Neemias, como exemplo de um testemunho que se

presta a liderança bíblica de integridade. O testemunho de Neemias sempre ficava firme,

constante e consistente através de todo seu tempo como líder entre os judeus. E note que

uma vez mais a leitura da Palavra de Deus (como nos capítulo 8, 9 e 13) que invoca e

introduz as reformas que Neemias efetuou ao voltar a Jerusalém94.

Agora veremos uma por uma, as três reformas a partir da perspectiva das

seguintes considerações:

1. O mandato de Deus que eles desobedeceram;

2. Os detalhes da desobediência;

3. A solução que Neemias propõe.

93 Schultz, Capítulo 16.94 Kidner, p. 128.

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a) 13:1-14 – Reformas do Templo

Quanto ao cuidado do templo, havia dois assuntos de desobediência:

1. Permitiram aos estrangeiros participar nas assembleias religiosas (vv.1-9);

2. Retiveram os dizimos e ofertas (vv.10-14).

O problema é introduzido nos versíulos 1-3, Neemias enfatiza o exemplo de

Balaão (Números 22-24) que resultou em uma admoestação para o povo não mesclar

com as nações ao redor. Ele segue com uma reflexão do descuido do tempo. Deus

ordenou pureza espiritual nas assembléias, mas o povo ignorou isso.

Nos versículo 4-9 lemos que Eliasibe transformou alguns quartos (separados

para guardar as ofertas de grãos, azeite e vinho) em apartamentos para Tobias. Lembra-

se de Tobias? Ele era o companheiro Amonita de Sambalate que tanto molestou a

Neemias durante a reconstrução da muralha (4.3, 7, 8). Imagine a influência incrível que

Tobias tinha dessa posição! A Lei dizia que o israelita não devia casar-se com

estrangeiros pagãos, e que os pagãos não deviam acercar-se do templo. Tobias rompeu

com ambos os regulamentos de Deus. E tudo isso ocorre pouco depois de que o povo

comprometeu de apartar-se dessas práticas. Vejamos o que está escrito em Neemias

10.39:

Porque àquelas câmaras os filhos de Israel e os filhos de Levi devem trazer ofertas do cereal, do vinho e do azeite; porquanto se acham ali os vasos do santuário, como também os sacerdotes que ministram, e os porteiros, e os cantores; e, assim, não desampararíamos a casa do nosso Deus.

A solução dos dois problemas se introduziu pela leitura da Palavra de Deus para

servir de agente purificadora. Supõe-se que a leitura incluía Deuteronômio 23 onde

Moisés apresenta os regulamentos das assembléias. A leitura seguiu com a primeira

solução de expulsar Tobías do templo (vs. 8 e 9) e voltar os quartos ao uso

originalmente indicado.

O segundo problema era que o povo reteve os dízimos e as ofertas. Deus pediu

que o povo provesse para os serviços do tempo (10.32-39). Mas não o estavam fazendo,

pelo que os levitas não podiam seguir com suas responsabilidades, pois deixaram seus

postos e sairam aos seus campos. A solução de Neemias foi repreender os magistrados

(v.11) e delegou quatro varões fiéis para restaurar a prática de dizimar e ofertar (v.13).

b) 13:15-22 – Reformas do Dia do Repouso

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O segundo ponto que Neemias tocou tinha a ver com o Dia de repouso. Deus

pediu que guardasse o dia do repouso – (Êxodo 20.4-6; Neemias 10.31).

O problema (vs. 15, 16) era que o povo comprava e vendia e faziam seus

negócios sete dias da semana, incluindo o dia do repouso. Isso violava o quarto

mandamento.

A solução (vs. 17-22) de Neemias foi repreender a todos (vs.17, 18) e fechou os

portões de Jerusalém no dia do repouso (v. 19) e pôs guardas para que ninguém pudesse

entrar e sair. Ainda não permitiu que negociantes esperassem fora do portão para

esperar que o dia do repouso terminasse (v. 20, 21). Depois insistiu em uma purificação

formal do povo (v.22)95.

c) 13:23-29 – Reformas da Família

Segue por último algumas reformas da familia. Deus ordenou que se apartassem

dos estrangeiros e que se mantivessem puros (Deuteronômio 23.3-5; Malaquias 2.10-

16).

O problema (vs. 23, 24) – era que o povo voltou a prática de casar-se com os

vizinhos pagãos. Isso violou a lei de Deus e também o pacto que fizeram (10.30).

A solução (vs. 25-28) foi repreendê-los (v. 25), e até feriu alguns e lhes arrancou

o cabelo. Também lhes instruiu sobre a razão por que essa prática era tão mal e que

deveria ser duramente castigado, usando o exemplo de Salomão (v. 26). Eliasibe era o

sumo sacerdote que se casou com a filha de Sambalate (que se opôs mais que os demais

a reconstrução da muralha). Para enfatizar o ensinamento, Neemias usou Eliasibe como

exemplo e o destituiu de seu posto.

Talvez tenhamos problemas com a maneira como Neemias mostrou sua ira (v.

25). Por um lado, temos que recordar que o que ele fez era um costume comum oriental.

Mas também temos que tomar em conta o que explica J.I Packer:

...devemos reconhecer que foi por um sentimento de ira profunda que se expressou não tanto em auto-ressentimento nem em hostilidade pessoal, senão na angústia do coração que tanto anelou a glória de Deus e que odiou tudo o que o atrapalhasse, que servisse de obstáculo à glória de Deus96.

A situação não era tão distinta da situação do relativismo e pluralismo que

vivemos hoje em dia. É um mal testemunho que está destruindo nossa nação, não

somente, mas que também está entrando na igreja.95 Kidner, p. 130.96 Packer, p. 182.

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d) 13.30, 31 – Resumo das Reformas

Neste último capítulo note as orações de Neemias depois do relato de cada

reforma, e repetidas ao final de cada acontecimento. Ele ora: “lembra-te de mim”. É um

refrão usado periodicamente em Neemias (1.8; 5.9; 6.14) e quatro vezes no capítulo 13

(14, 22, 29, 31). Neemias invoca esta frase depois de cada uma das reformas que

descreve no primeiro capítulo. E o último refrão também invoca estas palavras. É uma

indicação de que Neemias tomou sua responsabilidade a sério, com a consciência da

presença de Deus, e com um desejo de agradar a Deus.

Os versículos 30, 31 concluem as reformas do capítulo 13. Mas também formam

uma conclusão ao livro de Neemias. Algumas traduções destes versículos assinalam três

verbos (limpar, designar, prover) nestes versículos. Mas a Reina Valera 1960

corretamente assinalam só dois verbos. Isso concorda o hebraico original. Os dois

verbos (limpar e designar) mostram o que Deus cumpriu em Jerusalém por meio de

Neemias. Ele limpou (טהר – ṭā∙hēr) todo o povo e designou (עמד – ʿā∙mǎḏ) líderes,

serviços do templo, e costumes agradáveis a Deus.

Desafortunadamente, o livro não termina contando um relato de êxito, senão de

fracasso. Apesar de todo o esforço de Neemias, o povo não havia chegado a seu lugar de

descanso97. Mas como devemos definir “êxito”? Neemias cumpriu seu ofício com zelo e

com eficiência. Ele seguiu a Deus com fidelidade. Deus lhe chamou para chamar o povo

ao arrependimento. E o fez. A Bíblia nos ensina que a fidelidade em seguir o chamado

de Deus é, de fato, um êxito. Deus promete em Isaías 55:11, “...assim será a palavra

que sair da minha boca; não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz, e

prosperará naquilo para que a designei.” J.I Packer comenta sobre o ministério de

Neemias da seguinte maneira, “A paixão de Neemias era ser fiel; ele não sabía se fora

nomeado para ter êxito, mas sabia que foi chamado a ser fiel a Palavra de seu Deus em

tudo que fazia”98.

97 Sproul, p. 685.98 Packer, p. 211.

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CONCLUSÃO

“Triunfo e Desastre”99. Assim resume J.I Packer o conteúdo do livro de Neemias

e, de fato, seu ministério entre o povo de Deus. Havia momentos de triunfo (capítulos 8-

12), mas parece que terminou em desastre (capítulo 13). Mas não é certo que a vida

cristã siga este mesmo padrão? Consideremos a mensagem de Neemias a respeito disso.

Neemias dirigiu uma reconstrução da muralha de Jerusalém. Temos visto que ele

seguiu com uma renovação interna e externa do povo mesmo. Mas desafortunadamente,

a reforma que dirigiu não era o suficiente para poder manter um compromisso

permanente. Nos anos que se seguiram, o povo voltou aos seus hábitos velhos de seguir

deuses estranhos e ensinamentos falsos. Em parte, a razão para isso era porque a

reforma não lhes penetrou bastante profunda como para poder seguir de geração a

geração. Necessitava-se mais.

Quando vemos isso na perspectiva da história da redenção, veremos de onde

vem o “mais” que se necessitava. O que aconteceu na época da história de Israel é uma

reforma dentre muitas que se tem levado a cabo no povo de Deus por toda a história do

mundo. Quando dizemos que se necessitava mais, temos que entender que isso é

precisamente a razão pela qual Jesus Cristo teria que vir para levar a cabo uma reforma

completa ao seu povo. O pecado se havia agarrado tanto que ainda Neemias, tão sério e

eficiente que era, não poderia mudar o coração dos Israelitas. Ele poderia fazer voltar o

povo de Deus do exílio a Jerusalém, mas ele não pôde fazer voltar o coração do povo

permanentemente para Deus.

O intento de Neemias é um símbolo do que Cristo veio fazer uns 430 anos

depois quando ele nasceu em Belém. A realidade é que o velho pacto, baseado nos

elementos da lei, não era o suficiente para a redenção do povo. O novo pacto agregou a

graça à lei, introduzida pelo Salvador Jesus Cristo. No novo pacto uma nova reforma

ocorre. É uma reforma do coração, escrito não em rolos ou em livros com tinta, senão

no coração pelo Espírito Santo.

O que Neemias não poderia fazer o fez Jesus Cristo. Neemias não foi capaz de

fazê-lo. De fato, nenhum homem o pode fazer. Só Cristo fez o que nenhum outro

homem pode fazer. O Antigo Testamento estava sob a lei servindo de fundação. A

mensagem do Novo Testamento se edifica sobre essa fundação e cumpre a história de

99 Packer, p. 200.

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redenção na pessoa de Jesus Cristo. A lei não foi ab-rogada, mas foi cumprida

finalmente em Jesus Cristo. A graça tem como pilares de fundação a lei, estabelecida

por Deus sob Moisés, e renovado por Deus sob Neemias, mas cumprida enfim por Jesus

Cristo, o cabeça do Novo Pacto.

É por isso que nos é confirmado o tema de Neemias, que vimos na primeira

sessão do curso, “A cidade de Deus é temporariamente restaurada como uma profecía

apontando para o reino de Deus.” Demos graças a Deus por sua fidelidade em seguir

cumprindo sua promessa na história da salvação por meio do povo de Deus através dos

acontecimentos contados no livro de Neemias.

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PERGUNTAS DE ESTUDO PARA A SESSÃO OITO

1. Como se relaciona o tema da missão com a mensagem do livro de Neemias?

2. O que aconteceu em Jerusalém durante a ausência de Neemias?

3. Quais as três reformas gerais que Neemias fez no capítulo 13?

4. Como J.I. Packer resume o livro de Neemias? É um bom resumo? Explique.

5. O ministério de Neemias no povo de Deus foi um êxito? Explique.

6. Como se relaciona esta passagem ao reino de Deus? Como poderia aplicar

isso ao seu ministério dentro da igreja ou em sua vida?

7. De que maneira esta passagem apresenta Cristo? Como se relaciona isso ao

“Ladrilho do Testemunho” para a liderança bíblica?

8. O que esta passagem ensina sobre “a Grande Comissão” da igreja?

9. Anote um exemplo de um líder bíblico ou da história cristã que mostra algo da

liderança que ensina a leitura desta sessão. Como o mostra?

10. Qual versículo chave da passagem estudada você memorizará?

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Página 104 de 127

BIBLIOGRAFIA PARA O CURSO DE NEEMIAS

Recursos em espanhol na Internet

La Biblia en Español – http://bible.gospelcom.net/passage/index.php.

BERKHOF, Louis. Introducción a la Teología Sistemática. Grand Rapids,

Michigan: T.E.L.L. 1932. http://www.iglesiareformada.com/Berkhof_Sistematica.html.

CALVINO, Juan. Breve Instrucción Cristiana. 1537.

http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Breve_Instruccion.html.

___________________. Institución de la Religión Cristiana, Vol. 1,2. Rijswijk.

Holandia: Fundación Editorial de Literatura Reformada. 1968.

Espanhol: http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion.html.

Inglês: http://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.html.

Os artigos seguintes referem-se a temas nos cursos de Neemias:

(Nota 1: O primeiro número se refere ao Livro, o segundo ao Capítulo)

(Nota 2: Nem todas as citações estão ativas na Internet).

1.9 – Alguns espiritos fanáticos pervertem os princípios da religiçao, não

fazendo caso da Escritura para poder seguir melhor seus sonhos, a título de revelações

do Espírito Santo. Volumen 1, páginas 44ff.

Espanhol:

http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_1_9.html.

Inglês: http://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.iv.i.x.html.

1.16 – Deus, depois de criar com seu poder o mundo e tudo o que nele há o

governa e o mantém com sua providência. Volume 1, páginas 124ff.

Espanhol:

http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_1_16.html.

Inglês: http://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.iv.i.xvii.html.

1.17 – Determinação da finalidade desta doutrina para que possamos tirar bom

proveito dela. Volume 1, páginas 124ff.

Espanhol:

http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_1_17.html.

Inglês: http://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.iv.i.xviii.html.

2.10 – Semelhança entre o Antigo e o Novo Testamento. Volume 1. páginas

312ff.

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Página 105 de 127

Espanhol:

http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_2_10.html.

Inglês: http://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.iv.ii.xi.html.

2.11 – Diferença entre os dois Testamentos. Volume 1. páginas 329ff.

Espanhol:

http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_2_11.html.

Inglês: http://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.iv.ii.xii.html.

3.2 – Da Fé. Definição – Sobre a Fé e Exposição de Suas Propriedades. Volume

1, páginas 405ff.

Espanhol:

http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_3_2.html.

Inglês: http://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.iv.iii.iii.html.

3.8 – Sofrer pacientemente a cruz é uma parte da negação de nós mesmos.

Volume 1, páginas 537ff.

Espanhol:

http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_3_8.html.

Inglês: http://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.iv.iii.ix.html.

3.20 – Da oração. Ea é o principal exercício da fé e por ela recebemos cada dia

os benefícios de Deus. Volume 2, páginas 663ff.

Espanhol:

http://www.iglesiareformada.com/Calvino_Institucion_3_20.html.

Inglês: http://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.iv.iii.xxi.html.

DEFFINBAUGH, Bob. La Soberanía de Dios en la Historia.

http://www.bible.org/page.php?page_id=3071.

Dicionário Bíblico. Artigo: Nehemías (La Persona).

http://www.ministros.org/diccionario/nnn/ppframe.htm.

Dicionário Bíblico. Artigo: Nehemías (La Persona).

http://www.graciasoberana.com/docsencat2.php?cid=16.

Dicionário Bíblico. Artigo: Nehemías (El Libro).

http://www.ministros.org/diccionario/nnn/ppframe.htm.

Dicionário Bíblico. Artigo: Nehemías (El Libro).

http://www.graciasoberana.com/docsencat2.php?cid=16.

Dicionário da Língua Espanhola.

http://buscon.rae.es/diccionario/cabecera.htm.

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DOMÍNGUEZ, Jerônimo. Bíblia Vivida. www.labiblia.com.

Neemias: http://www.biblia.com/p0000074.htm.

DOMÍNGUEZ, Jerônimo. Diccionario Bíblico Cristiano.

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www.mints.edu.

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Comienzo de la Reforma (1517–1525). Tomado de Aubert Jedin: Manual de Historia de

la Iglesia Tomo V. Barcelona (1972), sección primera. pp. 43–179.

http://www.graciasoberana.com/archivos/historia_y_reforma/martin_lutero.zip.

MACHEN, J. Gresham. El Hombre.

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MALICK, David. Una Introducción al Pentateuco.

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MCCHEYNE, R.M. El Corazón Quebrantado. Sermón sobre Salmo 51 en

Sermones de R.M. Cheyene.

http://www.graciasoberana.com/archivos/sermones/mc_cheyne.zip.

PINK, A.W. Los Atributos de Dios. Grand Rapids, MI: Baker Book House.

1988. http://www.graciasoberana.com/archivos/comentarios/los_atributos_de_dios.zip.

RAMSAY, Richard B. Fortalezca.

http://www.iglesiareformada.com/Fortalezca2003.doc.

RIZO MARTINEZ, José L. Métodos de Estudio Bíblico.

http://www.graciasoberana.com/archivos/el_predicador/metodos_estudiobiblico.zip.

(Nota: Para abrir este arquivo é necessário baixar um programa de WinRAR que

pode ser encontrado na internet. Siga as instruções e baixe a ‘versão de teste’ porque é

gratis).

SCHULTZ, Samuel J. Habla El Antiguo Testamento: Un Examen Completo de

la Historia y la Literatura del Antiguo Testamento.

http://www.ministros.org/Estudios/el_at1/indice.htm. Cápitulos 15–25.

SMALLING, Roger. Liderazgo Cristiano – Principios y Práctica. Marzo, 2005.

Espanhol: http://www.smallings.com/LitSpan/litSpanish.html.

Inglês: http://www.smallings.com/LitEng/litEnglish.html.

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Página 107 de 127

SPURGEON, Charles. Los Dos Guardas: La Oración y El Velar.

Outros Recursos

Leituras bíblicas relacionadas ao contexto histórico do livro de Neemias: Esdras,

Neemias, Ester, Lamentações, Daniel, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Anônimo. Jerusalem History From A Biblical Perspective.

http://flfl.essortment.com/jerusalemholyc_rmiy.htm.

AASENG, Rolf E.. The Sacred Sixty–Six. Minneapolis, MN: Augsburg

Publishing House. 1967.

(Esdras, Neemias, Ester, Ageu, Zacarias)

BÁEZ–CAMARGO, G. Breve Historia del Canon Bíblico. Mexico: Ediciones

Luminar. 1980.

BALDWIN, Joyce G. Tyndale Old Testament Commentaries: Esther. Downers

Grove, IL: InterVarsity Press. 1984.

BARKER, Kenneth. The New International Version Study Bible. Introductions

and Commentary on Ezra, Nehemiah & Esther, Grand Rapids, MI: Zondervan

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BARNES, Albert. Barne’s Notes on the Old and New Testaments: 1 Samuel –

Esther. Grand Rapids Michigan: Baker Book House. 1976.

BERKHOF, Louis, Teología Sistemática. Jenison, MI: T.E.L.L. 1969.

BOICE, James Montgomery. Nehemiah: An Expositional Commentary. Grand

Rapids, MI: Baker Books. 2005.

BRIGHT, John. A History of Israel (Third Edition). Philadelphia, PA:

Westminster Press. 1981.

DE GRAAF, S.G.. El Pueblo de la Promesa: El Fracaso de la Teocracia de

Israel, Tomo 2. Grand Rapids, Michigan: Subcomisión Literatura Cristiana. 1981.

(traducido por Guillermo Kratzig) (Después Del Exilio)

DIETRICH, Suzanne. God’s Unfolding Purpose. Philadelphia, PA: The

Westminster Press. 1974. (Chapter 6: The Remnant of Israel)

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Editorial Certeza. 1972.

FENSHAM, F. Charles. The Books of Ezra and Nehemiah. Grand Rapids, MI:

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http://www.preaching.com/newsletter/archive_2003/10_14.htm.

GUTHRIE, D., Motyer., J.A., Stibbs, A.M., Wiseman, D.J.. Nuevo Comentario

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Canon. London, England: George Allen & Unwin Ltd. 1963. (Chapters 2,3,15,16,18,

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APÊNDICE nº. 1 – PAUTAS PARA A EXEGESE100

ABRINDO AS ESCRITURAS, O EVANGELHO, O CORAÇÃO E O

CONTEXTO.

Para comunicar o evangelho é necessário que Deus abra as portas do

entendimento e que o ponhamos em prática, para que sejamos transformados para servi-

Lo e adorá-Lo.

Há quatro dimensões vitais na pregação do evangelho:

1. A revelação de Deus por meio da Biblia.

2. A direção de Deus na apresentação do evangelho.

3. O ministério da Igreja

4 A iluminação de Deus no coração humano.

5. A prática do Evangelho de Deus no contexto humano.

6. A glorificação a Deus por crer e viver a verdade do texto.

Alguém poderia dizer que é necessário a exegese da Biblia, do evangelho, do

coração humano e do contexto social.

I. EXEGESE DA BÍBLIA

O propósito da exegese é abrir as Escrituras para encontrar a mensagem que os

textos bíblicos contém. Afirmamos que toda a Escritura é inspirada e é a Palavra de

Deus. A inspiração orgânica das Escrituras significa que tanto o conteúdo como a

forma, na Bíblia, estão intrinsecamente relacionados com a mensagem. O método

gramático-histórico para a interpretação da Biblia é importante.

Sem entrar nos detalhes da escolástica, podemos abordar a Biblia e o texto

bíblico das seguintes formas:

A. Introdução geral a informação bíblica.

B. Informação específica acerca do texto bíblico em estudo.

Recomendamos que, antes de mais nada, caso o estudante tenha estudado as

línguas em que se escreveram os originais, responda as seguintes perguntas, baseando-

se nas línguas originais. Sem embargo, os estudantes podem estudar a Biblia sem

conhecer as línguas dos originais. Também, os estudantes necessitarão pelo menos dois

bons livros de comentários bíblicos da passagem em estudo, notas de estudo bíblico, um

100 HEGEMAN, Cornelio en el Apéndice 1 de Introducción Al Estudio Bíblico, Miami: MINTS, 2009.

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dicionário bíblico, uma concordância da Biblia, um livro que proporcione uma visão

geral da Bíblia. Pedimos que orem para que Deus os guie no estudo da Sua Palavra.

A. Introdução geral a informação bíblica.

1. Que versão da Biblia está usando?

2. Qual foi o método de tradução usado em sua versão bíblica?

a. literal

b. equivalência dinâmica

c. paráfrase

d. contextualização

e. outro.

3. O texto se encontra nas versões bíblicas mais importantes? Há alguma

diferença com a tradução? Verifique a tradução em, pelo menos, as seguintes versões.

Anote-as.

a. Versão Reina Valera, 1960

b. Nova Versão Internacional

c. Versão Popular

d. A Biblia de Jerusalém

e. Outra.

4. Em que Testamento se encontra a passagem? Que diferença faz?

5. O texto é parte de:

a. A lei (Pentateuco): história, documentos legais, profecias.

b. Os profetas maiores: história e profecias

c. Os profetas menores: história e profecias

d. Livros históricos: narrações de eventos reais.

e. Livros poéticos: ensinar por meio de

f. Evangelhos: história e ensinamentos

g. Epístolas: literatura doutrinal e ética.

h. Atos: história da Igreja

i. Apocalipse: literatura apocalíptica e profética

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6. Em que época histórica ocorre o texto?

a. Primitiva (? - 1200 a.C)

b. Patriarcas (1200 - 1500)

c. Êxodo (1500 -1400)

d. Conquista (1400 - 1390)

e. Juízes (1390- 1050)

f. Reino Unido (1050- 930)

g. Reino Dividido (930- 720)

h. Exilio (720 - 530)

i. Restauração (530 – 400)

j. Período inter-testamentário (400 – 0)

k. Vida de Jesus (0 – 33)

l. Igreja Primitiva (33 – primeiro século)

7. O texto pertence ao seguinte gênero literário:

a. Narrativo: Gênesis-Ester, Atos

b. Legal: Êxodo, Levítico, Deuteronômio

c. Poesia: Salmos, Cantares, Lamentação e grande parte do AT

d. Profecia: Isaías-Malaquias

e. Sapiencial: Jó, Provérbios e Eclesiastes

f. Apocalíptica: Porções de Daniel, Isaías, Ezequiel e todo Apocalipse

g. Evangelho: Mateus, Marcos, Lucas, João

h. Epístola: Romanos-Judas

8. Quais eram as características da cultura nessa época histórica?

a. Costumes

b. Religião

c. Política

d. Economia

e. Família

f. Filosofia

g. Papel da pessoa

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9. Quem é o autor humano do texto? Como o sabe?

10. Em que língua foi escrito o texto original? Você pode discernir alguma

diferença entre o texto original e a tradução do texto que está usando?

11. Resuma num parágrafo breve os dados bíblicos gerais que você identificou.

B. INFORMAÇÃO ESPECÍFICA ACERCA DO TEXTO BÍBLICO EM

ESTUDO

1. O que diz o texto na linguagem original?

2. Qual é a interpretação literal do texto?

3. Identifique as palavras-chaves e dê-lhes uma definição bíblica. Usam-se essas

palavras com um sentido diferente em outro contexto bíblico?

4. Usam-se figuras de linguagem no texto? Identifíque-as.

5. Que fatores religiosos se tratam neste texto?

6. Qual é a informação histórica relacionada com o texto e que pode afetar seu

significado?

7. Que associações culturais com o texto poderiam afetar seu significado?

8. Que problema humano se trata no texto?

9. Que significado lhe dão as passagens bíblicas relacionadas ao texto em

estudo?

10. Como se relaciona o texto em estudo com o propósito geral da Biblia?

11. Como se relaciona o texto com o tema principal do livro bíblico no qual se

encontra?

12. Como se relaciona o texto com a estrutura literária do livro bíblico no qual se

encontra?

13. Tem o texto sua própria estrutura literária?

14. Que diz o texto?

15. Encontra alguma associação com Cristo no texto?

16. Que mensagem relacionada com o evangelho contem a passagem?

17. Faça um resumo da informação específica que você encontrou relacionada

com o texto bíblico em estudo.

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II. EXEGESE DO EVANGELHO

A Biblia existe para comunicar o evangelho do Senhor Jesus Cristo. Estudar o

texto bíblico e não ver o conteúdo referente ao evangelho que se encontra no texto é

fazer uma má leitura da Biblia.

Martinho Lutero dizia a seus alunos que se podia ver Cristo em cada página da

Biblia. Cristo disse que as Escrituras falavam dele.

A. Definição do evangelho contido no texto bíblico.

1. Como se reflete a mensagem de salvação no texto?

2. Como se relaciona Cristo com o texto?

3. Qual é a necessidade humana do evangelho relacionada com o texto?

4. O texto faz referência à fé salvadora?

5. Mostra o texto a necessidade de arrependimento?

6. Como se relaciona o texto com as pessoas que recebem o evangelho?

7. Como poderia apresentar o evangelho a partir deste texto bíblico?

8. Resuma como se mostra o evangelho neste texto bíblico.

B. Como por em prática o evangelho através deste texto bíblico.

1. Que mensagem do evangelho quer que as pessoas escutem por meio desta

passagem?

2. Que ação gostaria de ver na prática como resultado de escutar esta passagem?

a. Como transformou sua vida a mensagem do evangelho desta passagem?

b. Como gostaria que a mensagem do evangelho contido nesta passagem

transformasse a vida dos ouvintes?

c. Como pode ajudar ao ouvinte para que leve esta mensagem a outros?

d. Resuma a respeito de como gostaria que o ouvinte pusesse em prática o

aprendido.

III. EXEGESE DO CORAÇÃO

Existem pelo menos quatro níveis de comunicação, de coração a coração,

quando se transmite o evangelho. Primeiro, se mostra o coração de Deus. Segundo, a

comunicação do evangelho muda o coração do comunicador. Terceiro, o coração do

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ouvinte é desafiado e transformado pela graça de Deus e finalmente, o coração daqueles

com quem se comunicará o ouvinte será influenciado.

A. O coração de Deus

1. Como se mostra o coração de Deus no evangelho?

2. Como se mostra o coração de Deus no texto em estudo?

3. Por que é importante que os sentimentos do coração de Deus sejam

transmitidos ao comunicador, aos ouvintes, e aos que ainda não tem ouvido?

4. Resuma o que você sabe acerca do coração de Deus e da comunicação do

texto bíblico.

5. Faça uma lista das petições de oração que você tenha para chegar a conhecer

melhor o coração de Deus.

B. O coração do comunicador

1. Tem preparado seu coração em oração antes do estudo do texto bíblico? Por

que coisas orou?

2. Quanto tempo está destinando para preparar sua mensagem? Que diz o tempo

e a preparação que tem dedicado acerca da importância do que quer comunicar?

3. Que cargas (preocupações) traz o estudo do texto?

4. Necessita enfrentar e resolver pecado em sua vida antes de estudar o texto?

5. Quais são as pressuposições teológicas que traz ao estudo do texto?

6. A sua igreja tem uma posição doutrinária a respeito do texto em estudo?

7. Você conhece as diferentes interpretações do texto?

8. Por que deseja comunicar a mensagem do texto aos ouvintes?

9. O que tem aprendido do texto que está estudando? Relate brevemente as

mudanças de opinião ou do parecer que tem tido enquanto estudava.

10. O texto mudou sua vida, suas ações, e suas relações?

11. Que mudanças gostaria de ver no ouvinte?

12. Você está pondo em prática o que está ensinando?

13. Explique como tem mudado seu coração pelo estudo da passagem bíblica.

14. Quais são suas petições de oração para que seu coração esteja preparado para

apresentar a mensagem?

C. O coração do ouvinte

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1. Tem orado pelo ouvinte e orado por resultados específicos?

2. Por que mudanças específicas na vida do ouvinte você está orando?

3. O que sabe do ouvinte?

4. Você conhece com que tipo de pecados o ouvinte está lutando?

5. Você sabe com que tipo de desafios para sua vida o ouvinte vem?

6. Onde se reunirão e como afeta isso sua mensagem?

7. Por que estão escutando seus ouvintes?

8. Qual é a condição espiritual do coração do ouvinte?

9. Com que problemas pessoais chega o ouvinte?

10. Com que situações de caráter social vem o ouvinte?

11. Com que assuntos teológicos em mente chega o ouvinte?

12. Que mudanças são necessárias na vida e no coração do ouvinte?

13. Resuma de que forma está buscando transformar o coração do ouvinte

mediante a comunicação do evangelho.

14. Quais são suas petições de oração para o coração do ouvinte?

IV. EXEGESE DO CONTEXTO DO LEITOR OU OUVINTE DA BIBLIA

O contexto do ouvinte é complexo. Envolve todas as relações pessoais e sociais

de sua vida. Descreva brevemente como se pode relacionar o texto sob estudo com o

contexto dos ouvintes.

A. A condição e necessidades no contexto pessoal:

1. Física

2. Emocional

3. Mental

4. Espiritual

B. A condição e necessidades no contexto familiar

1. Relação com seus pais

2. Relação com os irmãos

3. Estado Civil (solteiro / casado / separado / divorciado /viúvo)

4. Relação matrimonial

5. Relação com a familia extensa

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C. A condição e as necessidades no contexto social

1. Posição familiar

2. Nível educacional

3. Vocação

4. Saúde física

5. Nível financeiro

6. Grupo étnico

7. Idioma

8. Situação legal

9. Situação judicial

10. Situação religiosa

D. A condição e as necessidades no contexto eclesiástico

1. Relação com a igreja

2. Situação respeito da membresia

3. Participação na liderança

4. Atividades de evangelização

E. A condição e as necessidades no contexto de ministério e missões

1. Relação com os não-cristãos

2. Participação no ministério cristão

F. Resuma o que aprendeu do contexto e mostre como influenciará a

comunicação da mensagem do evangelho.

CONCLUSÃO

Agora estamos preparados para escrever sua mensagem usando o texto bíblico.

Recomenda-se a seguinte estrutura. Leitura da passagem bíblica ou texto bíblico que

será explicado em detalhe.

INTRODUÇÃO

1. Inicie com uma ilustração

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2. Apresente o tema do texto

3. Prossiga ao primeiro ensinamento

ENSINAMENTO nº. 1

1. Introdução breve

2. Definição Bíblica

3. Explicação Bíblica

4. Ilustrações

5. Aplicações (como por em prática o aprendido)

6. Prossiga ao próximo ponto

ENSINAMENTO nº. 2

1. Introdução breve

2. Definição Bíblica

3. Explicação Bíblica

4. Ilustrações

5. Aplicações (como por em prática o aprendido)

6. Prossiga ao próximo ponto

ENSINAMENTO nº. 3

1. Introdução breve

2. Definição Bíblica

3. Explicação Bíblica

4. Ilustrações

5. Aplicações (como por em prática o aprendido)

6. Prossiga com a conclusão

CONCLUSÃO

1. Resumo breve

2. Ilustração final

3. Chamado novamente ao evangelho.

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APÊNDICE 2: MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO101

1. MÉTODO INDUTIVO: O estudo indutivo permite ao estudante contemplar

as particularidades do texto antes de considerar as doutrinas gerais.

a) A primeira etapa é fazer uma lista de todos os textos de referência. Os textos

de referências encontram-se nas bíblias de estudos ou em uma coluna ao lado de uma

passagem. ESCUTE a Palavra. COMPARE a passagem em investigação com outras

referências bíblicas. Anote as diferenças depois do versículo de referência. A Palavra de

Deus dá INTERPRETAÇÃO à Palavra de Deus.

b) O segundo passo é considerar os dados importantes. Não é necessário anotar

informação em cada categoria, só é importante para a interpretação do texto:

b.1. Palavras importates: Anote palavras repetidas ou palavras chaves;

b.2. Anotações gramaticais: Anote considerações gramaticais;

b.3. Comparações de traduções: Compare com outras traduções e anote as

diferenças;

b.4. Gênero literário: Alegoria, alusão, antítese, Hiperbole, Metáfora,

Polaridade, Repetição, Símile, etc.

Vejamos as definições:

Alegoria: “uma alegoria é uma narração metafórica em que o desenvolvimento e

os personagens representam simbólicamente alguma idéia ou ensinamento subjacente.”

(Mário Llerena, Manual de Estilo, p. 284). Exemplo, Cântico dos cânticos é uma

narração do amor entre o amado e sua amada, uma representação de Cristo e sua igreja.

Alusão: “dizer algo não diretamente senão através de um personagem ou

episódio da mitologia, a literatura, ou a história.” (Llerena, p. 285). Exemplo, o uso do

termo, Babilônia (cultura anticristã), dragão (Satanás).

Antítese: “a justaposição dos elementos contrastantes” (Llerena, 287). “A vara e

a correção dão sabedoria mas o jovem consentido envergonhará a sua mãe.”

Hipérbole: “o exagero do pensamento” para ensinar uma verdade (Llerena, 291).

“Portanto, se teu olho direito te faz pecar, arranca-o, e jogue fora: pois melhor te é que

se perca um de teus membros, que teu corpo seja lançado ao inferno. (Mateus 5:29). A

101 Adaptado da elaboração por Cornélio Hegeman en Introdução ao Estudo Bìblico. Miami: MINTS, 2009

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cobiça deve ser mortificada imediatamente para não viver com os resultados desse

pecado.

Inversão: (grego, khiasma). É a inversão de estrutura da segunda de duas

cláusulas ou frases paralelas.” (Llenera, 291). Provérbios 11:20.

Metáfora: “A figura de linguagem na qual uma palavra ou frase que descreve

um tipo de objeto ou ideia é usada para referir-se a objetos e ideias de natureza

totalmente distinta” (Avila, citando “modelos de comunicação,” de Moisés Chávez, 63).

“Yahweh ruge desde Sião, e troveja desde Jerusalém”.

Metonímia: “o uso do nome de uma coisa por outra, sempre e quando exista

associação nacional.” (Chávez, p. 65). “Casa de Ásale: (Amos 1:4), é o palácio real.

Personificação: “É atribuir qualidades humanas a coisas não-humanas.” “A

justiça e a paz se beijarão” (Salmo 85).

Polaridade: “é uma expressão em que o todo se dá a entender mediante a

menção de só seus extremos.” (Chávez, 70) “Voltará a casa de inverno sobre a casa de

verão” (Amos 3:15).

Repetição: a repetição busca um efeito de ênfase por repetir palavras ou

fórmulas de palavras. “Louvai a Deus...” “Ai de vós.”

Símile: Comparação em que usa “como.”

b.5. O autor e os leitores originais: Identifique-os e faça algumas observações

b.6. Contexto cultural: Anote alguns pontos do contexto cultural;

b.7. Contexto Bíblico: A relação da passagem com a história de redenção na

Bíblia;

b.8. Título, tema e sub-temas da passagem: Em relação com o tema principal do

livro.

2. UM MÉTODO EXPOSICIONAL: O método exposicional consiste em

interpretar uma passagem, versículo por versículo. O estudante escreve o que transmite

cada versículo ou posições da passagem. Supostamente, a história, a gramática, gênero

literário ou outros dados são considerados na interpretação.

3. UM MÉTODO LITERÁRIO: O método literário leva em consideração a

estrutura gramatical e temática da passagem em consideração. Já em muitas bíblias tem

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divisões temáticas posto em passagem. Sempre é bom ler a passagem e formular seu

próprio esboço temático.

4. UM MÉTODO ANALÍTICO: Um método analítico usa o sistema lógico da

tese, antítese, a síntese, e o sincretismo. A tese (verdade) é a pressuposição de seu ponto

de vista ou argumetno. A antítese (mentira) é a posição contrária à tese. A síntese é a

resposta da tese frente à antítese. O sincretismo é a co-existência (não resolvida) da tese

e da antítese.

5. UM MÉTODO DEVOCIONAL: O estudante considerará como responder

espiritualmente quanto ao conteúdo da passagem. Com o método devocional o estudante

primeiramente se dirige a Deus em oração e depois usando o conhecimento do estudo da

passagem, aponta as verdades bíblicas que vem da passagem para ensinar a outros.

A oração é falar com Deus, usando o conteúdo da passagem se pode falar com

ele. Na oração há: adoração, confissão de pecados, pedidos especiais e ações de graças.

Os ensinos são verdades e declarações que surgem do texto.

6. UM MÉTODO DO CÍRCULO HERMENÊUTICO: Anotações usando o

Círculo Hermenêutico:

1. O que o texto diz sobre Deus?

2. O que o texto diz sobre como Deus se revela?

3. Que relação tem o texto com o resto da Bíblia?

4. Que relação tem o texto com o Evangelho?

5. Que diz o texto sobre o coração de Deus, o coração do intérprete, o coração do

ouvinte?

6. Que relação tem o texto com o contexto do autor humano, o contexto dos

ouvintes ou leitores originais e o contexto do ouvinte agora?

7. Como Deus é glorificado neste texto?

7. UM MÉTODO DE TEMA E ENSINOS: O estudante identificará o tema

principal do texto e anotará pelo menos três aplicações. Se é um estudo pessoal e

devocional, o resumo pode ser curto. Para a pregação do texto, este esboço deve ser

mais longo.

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FOLHA DE ESTUDO BÍBLICO102

Texto: Título:

MÉTODO INDUTIVO

(Textos de referência)

(Explicações de dados importantes)

Palavras importantes:

Anotações gramaticais:

Comparação de traduções:

Gênero literário:

Autor e ouvintes originais:

Contexto cultural:

Contexto histórico:

Contexto bíblico:

Título e Tema da passagem:

MÉTODO EXPOSITIVO

(observações sobre cada versículo)

102 O formato desta folha de trabalho é uma adaptação da Folha de Trabalho de uma Passagen Bíblica por Cornélio Hegeman no curso Introdução ao Estudo Bíblico, Miami: MINTS, 2009.

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MÉTODO LITERÁRIO

MÉTODO ANALÍTICO

Tese(a verdade)

Antítese(a mentira)

Sintese

Sincretismo

MÉTODO DEVOCIONAL

Oração e Ação

Louvor:

Confissão de pecado:

Petições especiais:

Ação de graças:

MÉTODO DO CÍRCULO HERMENÊUTICO

1. O que o texto diz sobre Deus?

2. O que diz o texto acerca da revelação de Deus?

3. Que relação tem o texto com o resto da Bíblia?

4. Como o Evangelho é comunicado (Cristo)?

5. O que o texto diz sobre o coração de Deus, o coração humano, o coração do ouvinte?

6. Que relação tem o texto com o contexto do autor humano, o contexto dos ouvintes ou

leitores originais e o contexto do ouvinte agora?

7. Como este texto traz glória a Deus?

MÉTODO DE TEMA E ENSINOS

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Tema:

Aplicações:

1.

2.

3.

.

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APÊNDICE nº. 3 – CRONOLOGIA DO EXÍLIO103

639626609

605

597

594588586

568562

560559556

539

530

522

515

485

479

464457444423404

JUDAJosías

Joacaz Joaquim

Joaquim Zedequias

Destruição de Jerusalém

Edito— retorno dos judeus

Zorobabel Ageu Zacarias

Templo completado

EsdrasNeemias

BABILONIA

Nabopolasar

Nabucodonosor

Awel–Marduc

Neriglisar

Nabónido (Belsasar) Caída de Babilonia

MEDO–PERSA

Ciro

Cambises

Dario

Xerxes

(Ester)

Artaxerxes

Dario IIArtaxerxes II

EGIPTO

Necao

Samético

Apries

Amasis

103 Schultz, Capítulo 15, p. 2.

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APÊNDICE nº. 4 – Jerusalém no Tempo de Neemias104

104 Schultz, Capítulo 25. Um bom mapara de Jerusalém pode ser encontrado em Stedman, Ray, Expository Studies in Nehemiah, http://www.ldolphin.org/daniel/neh01.htm.l> y <http://pbc.org/dp/stedman/nehemiah/.