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    Carta IEDI n. 718 – O Ajuste Externo: Resultadospara 2015 e Compara!o "om 2002

    Publicado em 12/02/2016

    #um$r%o

    O saldo do balanço de pagamentos (BOP) brasileiro em 2015 foi positivo em !" 1#5$bil%&o# cifra e'pressivamente menor (5#5*) +ue a registrada no ano anterior, -ste

    resultado decorreu de movimentos opostos nas duas principais contas do BOP, . contafinanceira sofreu forte deterioraç&o# recuando * (de !" 101 bil%es para !" 56#2

    bil%es) como refle'o# sobretudo# da +ueda do ingresso l+uido de capitais, . maiorretraç&o foi registrada pelo investimento em carteira (55#5*)# seguido pelos outros

    investimentos (*) e pelo investimento direto no pas (34P), . despeito da +ueda de22*# o 34P somou !" $5#1 bil%es (#2* do P3B)# sendo mais +ue suficiente para

    financiar o dficit em conta corrente em 2015,

    O resultado negativo das transaçes correntes diminuiu praticamente na mesmaintensidade (#$*) +ue o saldo da conta financeira# c%egando a !" 5# bil%es em

    2015, -ssa evoluç&o n&o dei'a d7vidas de +ue %ouve um forte a8uste e'terno napassagem de 201 para 2015, 9ontudo# uma apreciaç&o mais rigorosa da dimens&o

    desse a8uste re+uer a ampliaç&o do %ori:onte temporal,

    Para tanto# necess;rio considerar o perodo de vigesse perodo# o ano de 2002 tambm se caracteri:ou por umforte a8uste e'terno? a combinaç&o de uma forte depreciaç&o cambial com o bai'odinamismo da economia domstica resultou numa reduç&o de !" 15# bil%es do

    dficit em transaçes correntes, Os valores absolutos sugerem# ent&o# um a8uste bemmais significativo em 2015@ entretanto# o indicador mais ade+uado para esse tipo decomparaç&o a ra:&o entre o saldo em transaçes correntes (A9) e o Produto 3nterno

    Bruto (P3B), >esse critrio# o a8uste em 2002 foi muito mais intenso? 1#5* contra #2*em 2001, ; na passagem de 201 para 2015# a +ueda foi mais tmida# de #* para

    #*,

    . diferença de intensidade do a8uste e'terno em 2002 e 2015# a despeito da vigos 7ltimos anos# %ouve importante elevaç&o da participaç&o dos produtos

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    manufaturados (especialmente de maior conte7do tecnolDgico) nas importaçesbrasileiras ao mesmo tempo em +ue se verificou uma piora da pauta e'portadora, 9omo 8; destacado pelo 3-43# a participaç&o dos produtos manufaturados no total e'portadoregrediu de 5* para * entre 2005 e 201 e as e'portaçes brasileiras recuaram do1E lugar para a 51F posiç&o no rankingmundial da comple'idade entre 200 e 201,

    -m funç&o dessa nova composiç&o da pauta de comrcio e'terior bem prov;vel +ueten%am se alterado as sensibilidades das e'portaçes e importaçes em relaç&o Gs

    variaçes da ta'a de c=mbio# do crescimento domstico e da demanda e'terna, .lmdisso# a estrutura das demais subcontas das transaçes correntes# +ue tambm

    respondem Gs variaçes cambiais e do nvel de atividades# tambm sofreu alteraçesentre os dois momentos considerados# influenciando a intensidade do a8uste das

    transaçes correntes em 2015,

    >o caso da balança comercial# o super;vit de "! 1$#$ bil%es decorreu da maior +uedadas importaçes (25#*) relativamente Gs e'portaçes (15#*), ; em 2002#

    en+uanto as importaçes retraramse 15*# as e'portaçes avançaram #$*, Ou se8a#o a8uste em 2015 se ancorou na reduç&o tanto das compras como das vendas e'ternas#

    o +ue resultou numa forte +ueda da corrente de comrcio (20#*),

    -sse a8uste mais perverso resultou da combinaç&o dos fatores con8unturais e estruturaismencionados acima, . menor participaç&o dos produtos manufaturados nas e'portaçes

    ampliou o impacto da +ueda dos preços das commodities sobre o valor e'portado eredu:iu a elasticidade das +uantidades e'portadas Gs variaçes tanto da demanda

    e'terna como do nvel de atividade domstico e da ta'a de c=mbio,

    >o =mbito da subconta de serviços# a reduç&o do dficit foi e'pressiva (2#$*), Osdois itens +ue foram os principais respons;veis por essa tra8etDria tiveram contribuiçes

    opostas para o a8uste ocorrido em 2015, Por um lado# as Hviagens internacionaisI aumentaram a elasticidade desta subconta a depreciaçes da moeda domstica# poisesse tipo de gasto muito sensvel e reage rapidamente Gs variaçes cambiais, Poroutro lado# a maior relev=ncia do item Haluguel de e+uipamentosI atuou no sentido

    contr;rio,

    ; o dficit da subconta HJenda prim;ria de investimentosI n&o apenas diminuiu 1#$*como tambm teve sua composiç&o alterada devido Gs mudanças na estrutura do

    passivo e'terno l+uido (aumento da participaç&o dos esto+ues de investimento direto eem carteira no pas e reduç&o da dvida e'terna), 9om isso# as rendas denominadas em

    reais passaram a superar as rendas denominadas em dDlares# o +ue tornou essasubconta mais sensvel Gs variaçes do P3B e da ta'a de c=mbio, -n+uanto as remessas

    de lucros e dividendos foram negativamente afetadas pela recess&o# bem como pelaalta do preço do dDlar# as remessas dos 8uros dos ttulos negociados no mercado

    domstico foram desestimuladas por essa alta# ou se8a# pela depreciaç&o cambial,

     Introdução. O ob8etivo desta 9arta 3-43 apresentar os principais resultados dascontas e'ternas brasileiras em 2015# com acionais(!Mstem of >ational .ccounts# !>. 2002), .lm de mudanças na estrutura de contasdo balanço de pagamentos (BOP)# tambm foi adotada uma nova convenç&o de sinais,

    ma das mudanças mais importantes nesse +uesito foi a atribuiç&o de sinais negativospara as captaçes l+uidas na conta financeira e viceversa (sinais positivos paraconcesses l+uidas)# ao contr;rio do padr&o adotado nas ediçes anteriores, Para

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    maiores detal%es sobre a BPK6# consultar o linN? %ttp?//,bcb,gov,br/6K.>B.QPRAO

    . comparaç&o de curto pra:o (ou se8a# com o desempen%o de 201) ser; privilegiada,3sto por+ue# en+uanto a nova srie iniciase em 8aneiro de 201# a srie anterior# +ueadotava a metodologia da 5F ediç&o desse Kanual (BPK6)# estendese de 8aneiro de

    1$ a fevereiro de 2015, Suando considerado necess;rio# a base de dados antiga (+uecontinua disponvel no site do B9B) ser; utili:ada para ampliar o perodo de an;lise,.ssim# ser; mantida a convenç&o de sinais adotada na BPK5 (captaçes l+uidas comsinal positivo e viceversa),

    Panorama Geral. O saldo do balanço de pagamentos (BOP) brasileiro em 2015 foipositivo em !"1#5$ bil%&o# cifra e'pressivamente menor (5#5*) +ue a registrada noano anterior (!" 10# bil%es), -sse resultado decorreu de movimentos opostos nasduas principais contas do BOP, Por um lado# o saldo da conta financeira (+ue registra oflu'o l+uido de capitais entre o pas e o e'terior)# embora ten%a se mantidosuperavit;rio# sofreu forte deterioraç&o# recuando de !" 101 bil%es para !" 56#2bil%es (*), Por outro lado# o dficit nas transaçes correntes diminuiu praticamentena mesma intensidade (#$*)# de um pouco mais de !" 100 bil%es em 201 para

    !" 5# bil%es em 2015,

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    . comparaç&o de curto pra:o 8; revela +ue a conta de transaçes correntes sofreu um

    forte a8uste na passagem de 201 para 2015, 9ontudo# uma apreciaç&o mais rigorosada dimens&o desse a8uste re+uer a ampliaç&o do %ori:onte temporal, Para tanto# necess;rio considerar o perodo de vig

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     O primeiro fator a ser considerado a con8untura mundial, >os dois momentos# asituaç&o macroeconCmica internacional foi marcada pela desaceleraç&o do crescimento#ou se8a# pelo desempen%o desfavor;vel da demanda e'terna, Outro importante

    condicionante das e'portaçes brasileiras# o desempen%o dos preços das commodities#tambm n&o parece e'plicar a diferença? estavam em patamares deprimidos at 2002#a partir dos +uais emergiu a primeira fase de alta dos anos 2000 +ue se encerrou com acrise financeira global, >o perodo recente# embora ainda em patamares superiores aosvigentes no incio do mil

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     O segundo fator a ser considerado o desempen%o macroeconCmico domstico, >esse

    caso# como ensinam os modelos de macroeconomia aberta# as vari;veis relevantes s&oa ta'a de c=mbio real efetiva (preço relativo entre os bens e'ternos e internos) eatividade econCmica, >os dois perodos# a tra8etDria cambial foi favor;vel ao a8ustee'terno, 9ontudo# em 2001/2002# a depreciaç&o do c=mbio foi mais e'pressiva do +ue

    em 201/2015, 9omo as  e'portaçes e importaçes respondem Gs mudanças nata'a de c=mbio com um lag temporal# tambm importante considerar a variaç&oacumulada? entre 12002# esta foi de 110* contra 52* entre 20122015, Ou se8a#a mudança de preços relativos desponta como um importante fator e'plicativo do a8ustee'terno nos dois momentos# bem como da sua maior intensidade em 2001/2002,

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    ; o segundo condicionante interno# a atividade econCmica domstica# indicaria um

    a8uste mais forte em 2015 do +ue em 2002, 3sto por+ue# o desempen%o do P3B noperodo recente foi muito pior do +ue em 2001/2002, 4esde o primeiro trimestre de2015# o P3B registrava variaçes negativas e e'pressivas, 4e acordo com a previs&oatual do mercado (boletim Locus do B9B divulgado dia 5 de fevereiro)# sua +ueda ser;de #21* em 2015,

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    -m suma# os fatos estili:ados apresentados acima n&o fornecem uma respostaconclusiva para a pergunta colocada, Por um lado# o desempen%o da economiainternacional nos dois perodos foi relativamente semel%ante, Por outro lado# no casodas vari;veis macroeconCmicas domsticas# +ue foram favor;veis ao a8uste e'terno nos

    dois perodos# en+uanto a tra8etDria da ta'a de c=mbio real efetiva coerente com omaior a8uste e'terno em 2001/2002# a evoluç&o do P3B sugeriria um resultado oposto,-m outras palavras# os fatores con8unturais# e'ternos e internos# n&o s&o suficientespara e'plicar o a8uste relativamente mais suave ocorrido em 2015,

    .ssim# ao +ue tudo indica# fatores de nature:a estrutural est&o por detr;s da menor+ueda do indicador A9/P3B no perodo recente# dentre os +uais se destacam asmudanças ocorridas na estrutura da ind7stria brasileira entre os dois momentosconsiderados# +uais se8am# a perda de densidade da cadeia industrial domstica# +uealguns denominam de desindustriali:aç&o precoce, 9ontriburam para essas mudanças ainteraç&o de diversos fatores# se8am internos U como o longo perodo de apreciaç&ocambial (200200$ e 2002010)# a deficiente infraestrutura e a comple'a e e'cessivacarga tribut;ria incidente sobre a produç&o industrial U# se8am e'ternos U como o

    acirramento da concorr

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    >o caso da balança comercial# a passagem de um dficit de !" 6# bil%es para um

    super;vit de "! 1$#$ bil%es decorreu da maior &ueda das %mporta(es (25#*)relativamente Gs e'portaçes (15#*), 9onse+uentemente# a corrente de comrciodiminuiu significativamente# em 20#*, ; em 2002# en+uanto as importaçesretraramse 15*# as e'portaçes avançaram #$* (avanço das e'portaçes Udiferentemente do +ue ocorrera em 2015 onde %ouve a reduç&o das compras e vendase'ternas) e essa corrente recuou 5#*,

    .ssim# o a8uste em 2015 foi mais perverso# pois se ancorou na reduç&o tanto dascompras como das vendas e'ternas# o +ue decorreu da combinaç&o dos fatorescon8unturais (e'ternos e internos) e estruturais mencionados na seç&o anterior# dentreos +uais se destacam? no caso das importaçes# a maior intensidade da recess&o em2015 num conte'to de maior conte7do importado da produç&o industrial@ no caso dase'portaçes# a menor participaç&o dos produtos manufaturados teve dois efeitos

    simult=neos# +uais se8am# ampliou o impacto da +ueda dos preços das commoditiessobre o valor das vendas e'ternas e redu:iu a elasticidade das +uantidades e'portadasG depreciaç&o cambial e Gs demandas e'terna e interna (+ue tambm afeta essas+uantidades no caso de economias de dimens&o continental como a brasileira), -ssesefeitos somados ao bai'o crescimento mundial e Gs mudanças na din=mica do comrciointernacional no conte'to pDscrise e'plicam o comportamento atpico das e'portaçesem 2015,

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    >o =mbito da subconta de serviços# a reduç&o do dficit foi e'pressiva# de 2#$*, Oresultado negativo dessa conta praticamente dobrou de patamar na passagem de 200para 2005 (+uando superou !" bil%es) e aumentou continuamente a partir deent&o# superando !" 0 bil%es em 2012, Os dois itens +ue foram os principaisrespons;veis por essa tra8etDria U viagens internacionais e aluguel de e+uipamentos Utiveram contribuiçes opostas para o a8uste ocorrido em 2015, O item HviagensIaumentou a elasticidade desta subconta a depreciaçes da moeda domstica# pois essetipo de gasto muito sensvel e reage rapidamente Gs variaçes cambiais, -mcontrapartida# a maior relev=ncia do item Haluguel de e+uipamentosI (+ue inclui aluguelde e+uipamentos pela Petrobras) atuou no sentido contr;rio, -sse item recuou somente#* na base de comparaç&o utili:ada,

    Linalmente# o dficit da subconta HJenda prim;ria de investimentosI diminuiu 1#$*#de !" 52#5 bil%es para !" 2#$ bil%es, -mbora essa conta se8a estruturalmentenegativa devido ao elevado passivo e'terno l+uido da economia brasileira# suacomposiç&o tambm se alterou devido Gs mudanças na estrutura desse passivo a partirde 2005# +ue redu:iram o c%amado descasamento de moedas# +uais se8am# o aumentoda participaç&o dos esto+ues de investimento direto e de investimento em carteira nopas e a reduç&o da dvida e'terna (ver 9arta 3-43 n, $00), 9om isso# as rendasdenominadas em reais (lucros e dividendos do investimento direto e em açes e 8urosde ttulos negociados no mercado domstico) passaram a superar as rendasdenominadas em dDlares (8uros de ttulos negociados no mercado e'terno e outrosinvestimentos)# o +ue tornou essa subconta mais el;stica Gs variaçes do P3B e da ta'ade c=mbio, -n+uanto as remessas de lucros e dividendos foram negativamente afetadas

    pela recess&o# bem como pela alta da ta'a de c=mbio (+ue redu: o seu valor emdDlares)# as remessas dos 8uros dos ttulos negociados no mercado domstico foramdesestimuladas por essa alta# ou se8a# pela depreciaç&o cambial,

     A Conta Financeira. O super;vit da conta financeira recuou !" 101 bil%es em 201para !" 56#$ bil%es em 2015# menor cifra registrada desde 200 (!" 2# bil%es#na srie antiga), Aodavia# a +ueda de * n&o foi t&o forte como a observada no anoda crise financeira global (6* na mesma base de comparaç&o)# +uando seu efeitocont;gio atingiu de forma indiscriminada as economias emergentes# independentementeda situaç&o dos fundamentos macroeconCmicos,

    ; em 2015# alm das piora das condiçes de li+uide: internacional para essaseconomias (mas# em menor intensidade do +ue em 200) U associada Gs e'pectativas

    de alta da ta'a de 8uros b;sica dos -stados nidos e G turbul

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    adversos sobre a classificaç&o de risco de crdito do pas e o apetite por risco dosinvestidores globais tambm contriburam para a reduç&o do flu'o l+uido de capitaise'ternos entre o pas e o e'terior, . forte +ueda desse flu'o decorreu da deterioraç&odas tresse caso# os tr

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    9ontribuiu decisivamente para esse resultado do 34P o desempen%o registrado em

    de:embro# +ue somou !" 15#2 bil%es# acima das pro8eçes do mercado e do B9B(!" 6#1 bil%es), . participaç&o no capital respondeu por 6* do total# um percentualbastante elevado, Parte importante desse resultado decorreu do ingresso de recursos nosetor de eletricidade# g;s e outras utilidades (!" 2 bil%es)# associado ao leil&o das%idreltricas,

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