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    Ministério da Cultura apresentaBanco do Brasil apresenta e patrocina

    M O N D R I A NE O MOVIMENTO DE STIJL

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    M O N D R I A NE O MOVIMENTO DE STIJL

    Texto e Roteiro Daniela Chindler | Ilustrações Mariana Massarani

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    Neste caderno, o Programa CCBB Educativo apresentaMondrian, o artista por trás de tantas linhas e quadradoscoloridos. Com uma linguagem afetiva e descomplicada,incluímos os pequenos visitantes e instigamos todos osleitores para uma apreciação mais profunda das obras daexposição: MONDRIAN E O MOVIMENTODE STIJL. “De Stijl” significa “O Estilo” em português. Os artistasdesse movimento tinham a intenção de melhorar asociedade através de uma nova estética, que revelasse ouniversal ao invés do particular. Com esta mostra, o CCBB traz ao público um panoramado trabalho desse artista e desse “estilo” que trouxeramnovas propostas para o nosso olhar.

    Boa leitura e boa visita! CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL

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    Quando se fala na Holanda, muita gente pensa noscampos de tulipas, nos chapéus brancos com abastriangulares e nos tamancos pontudos de madeira.Esses calçados aparentam ser pesados, mas sãobastante leves e têm uma grande vantagem quandocomparados aos sapatos de couro ou de pano: nãomolham! Por essas e outras características, ostamancos de madeira são populares há mais de500 anos. Meu país também é chamado de PaísesBaixos e uma boa parte dos meus compatriotasmora abaixo do nível do mar. Estar seco é umapreocupação numa terra pantanosa. Os moinhosde vento movem as bombas d´água que drenamos terrenos alagados, cercados pelos diques. Elesestão nas telas de pintores como Rembrandt. Opai dele era proprietário de um moinho. Eu mesmopintei muitos.

    NA PÁGINA DE ROSTO

    PIET MONDRIAN [1872-1944]Composição com grande plano vermelho, amarelo, preto,cinza e azul,1921

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    Sou Pieter Cornelis Mondriaan, ou apenas Mondrian. Prazer. Nasci em1872, em uma pequena cidade no centro da Holanda. A vida era bemdura, e o dinheiro, pouco. Mamãe tinha uma saúde frágil, e minha irmãmais velha, Johanna Christina, com menos de 10 anos, muitas vezesajudava em casa e cuidava dos meus três irmãos menores. Comomenino mais velho, herdei o nome do meu pai e também seu talento.A arte estava no sangue. Meu tio era artista profissional e papai fazialitogravuras para a Igreja Protestante. Litogravuras são desenhosfeitos em pedras que podem ser repetidos em várias impressões.

    Aos 20 anos, meu pai pediu que uma família de Amsterdã mehospedasse para eu estudar na Academia de Belas-Artes da cidade.Decidi ser artista e viver disso, mas não era nada fácil. Saudade dotempo dos Mecenas, quando reis, ricos e poderosos comerciantes,bispos, banqueiros e até papas financiavam os artistas. Quem teveessa ótima ideia foi o conselheiro do Imperador Otávio Augusto, CaioMecenas, lá no século I antes de Cristo. Grande cidadão romano esseCaio Mecenas! Na Itália, os Médicis - que eram banqueiros - e o Duquede Milão Sforza, em Veneza, patrocinaram tantos artistas... Leonardoda Vinci, Michelangelo, Rafael e Botticelli eram sortudos.

    Eu, que não era o protegido de nenhum mecenas, tampouco herdeirode uma família abastada e com 22 anos levava pouco, ou melhor,pouquíssimo dinheiro no bolso, vivia contando os trocados. Fiz todotipo de trabalho: desenhos para salas de aula, retratos, cópias depinturas de museus e até bactérias para ilustrar livros.

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    Inspirei-me no meu conterrâneo holandês,Van Gogh. Seus quadros pareceramchocantes na época. Vocês já virampinturas do período do Renascimento?Os pintores tentavam fazer a cena

    parecer o mais real possível, como seo quadro fosse uma janela. Aí veio oVan Gogh com uma camada grossade tinta, deixando claro que o queestamos vendo é pintura. Ele nãotentava esconder as pinceladas -nem poderia, com tanta tinta queusava, especialmente a amarela.Muitas vezes chegava a espremera tinta diretamente do tubo sobre atela. O quadro estava lá, na parede

    do museu, e conseguíamos imaginá-lopintando. A tela guardava a memóriade seus gestos, dramáticos como umator de teatro, quase violentos...

    Na Holanda, a tradição era pintarpaisagens. Como bom holandês,eu fiz o mesmo. Retratei fazendas,moinhos, igrejas, e consegui venderum pouquinho, mas o que sempre merendeu dinheiro a vida toda foi pintarflores. Talvez vocês achem essastelas um pouco tristes, mas é só a

    luz dos Países Baixos. As árvores,a cor do céu, o mar têm tons maisescuros e pesados, que nós artistaschamamos de cores rebaixadas, bemdiferentes das cores vivas e tropicaisdo Brasil.

    Estava justamente trabalhando comcores carregadas e até sombrias,em uma fase noturna, quandopercebi que as paisagens nãoprecisavam representar o real, quea pintura podia expressar o que eusentia. Essa descoberta foi um saltona minha carreira, pois comeceia pensar na arte como criação, enão imitação. Então as cores maisalegres chegaram às minhas telas.

    PIET MONDRIANFazenda com salgueiros ao longo do Gein,1902-1904

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    O mundo estava começando a girar mais depressa, podíamos sentir.Os trens já cruzavam a Europa neste novo século. Descobertas,como a eletricidade, chegavam à casa das pessoas. O telégrafoainda era uma novidade e já surgia o telefone! Eu tinha 34 anosquando o brasileiro Santos Dumont voou pela primeira vez com oaeroplano 14-Bis e 35 quando a fotografia colorida foi inventada.Eram os primeiros anos de 1900. No século XX, a arte, assim comoa vida, mudaria muito.

    Minhas telas ganharam cores vivas, bem diferentes das coresrebaixadas que costumava usar. Ainda retratavam paisagensfigurativas, mas agora as formas das árvores inclinadas sobre aságuas estavam distorcidas, e os céus, ampliados em tons maisquentes. Em 1908, pintei “Paisagem Perto de Oele”, que mostrauma floresta com o sol poente no fundo. Os galhos das árvorescriam um efeito parecido com o do vitral de uma igreja. As coresexuberantes agradaram o público de Amsterdã, e acabei ganhandocerta fama na Holanda.

    Experimentei o pontilhismo do francêsGeorges Seurat. Diferente de Van Gogh,

    que pintava rápido, Seurat apresentavauma obra meticulosamente planejada eexecutada. Sua tela “Domingo na GrandeJatte” custou-lhe dois anos de trabalhoe mais de 60 esboços. Sua técnica eracolocar inúmeros pontinhos um do ladodo outro, usando apenas cores puras, semantes misturar as tintas na paleta, comocostumávamos fazer. Como esses pontosficam muito próximos, nossos olhos juntamdois deles, e enxergamos um efeito maisvibrante, como se as cores estivessemcintilando em um dia de sol quente. Seuratestava mais preocupado com a harmoniadas cores e seu efeito no observador doque com a paisagem retratada.

    PIET MONDRIANCasa à luz do sol,1909

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    Escolhi um tema, a árvore – e depois osemaranhados de casas de Paris –, e mepus a experimentar. Anotava minhasreflexões nos cadernos de esboço.Transformava as curvas em linhas maisretas e aos poucos ia eliminando afigura. Estava caminhando em direçãoà abstração.

    E então me mudei para Paris, a cidade-luz para onde iam todosos artistas. Conheci Pablo Picasso e Georges Braque no momentoem que os dois estavam fundando o Cubismo. A proposta domovimento era desconstruir a figura, misturando pontos de vista.Em uma pintura de um rosto cubista, por exemplo, os olhos e a bocapodiam estar de frente, e o nariz, de perfil, como se fosse possívelestar em duas posições ao mesmo tempo. E por quê? Os pintoresnão tinham mais a obrigação de retratar o real, pois a fotografia

    agora fazia isso. A pintura podia ser apenas pintura.No início do Cubismo,as cores que os artistasescolhiam eram parecidas,para que não desviassema atenção do espectador.O objetivo era quecontemplássemos a obraantes que nossa razãoprocurasse identificar afigura. Percebi a força dalinha, eliminei as coresfortes e escolhi, comoBraque, os castanhos,cinzas e azuis-claros. Ea partir daí iniciei minhapesquisa, que era bemdiferente da deles.

    PIET MONDRIANComposição árvores I,

    1912

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    Fui excluindo os detalhes, e as cores voltaram. Linhas e coresganharam força e ritmo. Em 1912, me interessei pelas fachadas comandaimes de construções de Paris. Tinha 40 anos, e a geometriacomeçava a dominar meu trabalho. Linhas, muitas linhas, até asondas do mar se transformaram em traçados verticais e horizontaisna série “Píer e Oceano”, que pintei um pouco depois.

    Quando meu pai ficou doente, tive que retornar à minha terranatal. Teve início a Primeira Guerra Mundial e, por alguns anos,não pude viajar para a França. Reencontrei meu amigo Theo vanDoesburg, que também estava experimentando a pintura abstrata,e juntos criamos a revista De Stijl . Tínhamos temperamentosmuito diferentes, mas dizem que os opostos se atraem, não é? Eu,reservado e disciplinado; Theo, impulsivo, entusiasmado e sempreaberto a discutir.

    Algumas pessoas devem me achar mal-humorado, mas sou igualao nosso herói Guilherme – o Taciturno, Príncipe de Orange, Condede Nassau, que lutou contra os espanhóis pela independência dosPaíses Baixos. Guilherme – o Taciturno era, na verdade, apenascalado ou reservado! Aliás, vocês sabiam que, apesar de a nossabandeira tricolor ter as cores vermelha, azul e branca, os jogadoresde futebol vestem a camisa laranja em homenagem ao Príncipe deOrange? Sei muita coisa a respeito das cores, como vocês podemver.

    Com todo o sofrimento que a PrimeiraGuerra Mundial causou, nós artistascomeçamos a pensar que deveríamosfazer algo para modificar a sociedade. Narevista De Stijl (que quer dizer “O Estilo”em holandês), defendíamos nossas ideiasespirituais e artísticas. A arte não deveriamais reproduzir o mundo das coisas, dasfiguras. A beleza pura e o equilíbrio seriamalcançados apenas com as linhas retas(horizontais e verticais) e as cores azul,amarelo, vermelho, branco, preto e cinza.

    Imagine se uma casa pode ser parecida comum quadro. Claro que pode! Os arquitetosdeixaram de imitar os edifícios clássicose construíram casas, um hotel e um caféseguindo esse pensamento, que inclusiveera econômico e funcional sem deixar de sermuito bonito. Adoro a cadeira vermelha eazul projetada por Rietveld!

    Piet Zwart [1885-1977]Página da brochura Trio,

    1931

    Gerrit Rietveld [1888-1964]Cadeira Vermelho Azul,

    1923

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    Meu ateliê tinha apenas oessencial, nada supérfluo. Minhafamília era muito religiosa: ordeme equilíbrio fazem parte da minhapersonalidade. Não guardava nemos livros que lia. Mantinha somentealguns números da revista De Stijle uns dois ou três livros que meeram mais queridos. Os móveiseu fazia de caixote, pintados debranco. Aplicava os princípiosda De Stijl em meu espaço. Asparedes eram pintadas de coresprimárias e conversavam com astelas dispostas nos cavaletes. Aspessoas gostavam de vir ao meuateliê e fotografá-lo, mas eu nãogostava muito de sair em fotos!

    Um dia, Theo abandonou as linhashorizontal/vertical e começou ausar a diagonal. Ah, isso era demaispara mim! Terminei nossa amizade. Com o fim da guerra, voltei a Paris.Em meu ateliê na Rue du Départ, eutrabalhava sem parar, quase não

    ia aos cafés como outros artistas.Mas amo ouvir música! Eu tinhaum lindo gramofone, o primeiroaparelho reprodutor de sons queutilizou discos. Para fazê-los tocar,precisava rodar a manivela dogramofone depressa, não tinha essafacilidade de ligar na tomada emuito menos baixar músicas notelefone celular. Ouvia músicae praticava passos de dançano estúdio. Charleston ,tango e foxtrot . Adoravaas coreografias dos ritmosdos anos 1920. Nãoespalhem, masem Amsterdãtive até lições naEscola de Dança.

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    Como meus quadrosgeométricos não vendiamem Paris, pintava aquarelasde flores que agradavama clientela. Crisântemo,dálias, calêndulas, cravos-de-defunto, girassóis...as mesmas flores que jáestavam nas minhas telasna Holanda.

    Em 1933, não me esqueço, o partido nazista chegou ao poder naAlemanha. Hitler e seus generais passaram a determinar o queera certo e o que não podia existir no mundo. Estabeleceram quea única forma correta de pintar era representando fielmente arealidade, valorizando cada detalhe do retrato ou da cena pintada.

    E tudo aquilo que o partido entendesse como errado, entre oslivros e quadros produzidos, poderia ser queimado. Que medo!

    Tudo que fosse um pouquinho fora do padrão, como uma pinceladamais forte, um nariz meio torto, uma árvore com cores diferentesou uma paisagem embaralhada, era considerado “degenerado” –palavra estranha. É um termo usado para as coisas que perdemqualidade.

    Não teve jeito: eu me vi um degenerado.

    PIET MONDRIANComposição n o3 com planos de cores,

    1917

    PIET MONDRIANDois copos de leite,1918

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    Em 19 de julho de 1937, na cidade de Munique, na Alemanha,foi inaugurada a exposição “Arte Degenerada” com pinturas,esculturas, livros, gravuras e desenhos – um total de 650 obras. Ogoverno nazista quis mostrar à população exemplos do que seriauma arte indesejável, prejudicial ao povo alemão. E adivinhe? Doisquadros meus estavam lá.

    Acredito que, para se atingir a espiritualidade na arte, deve-seusar o mínimo possível de realidade, porque o real é o oposto doespiritual. Nós modernos prezamos pela liberdade. Como você jápode imaginar, nós e os nazistas não nos entendíamos muito bem.Por isso, em 1938, decidi sair de Paris e ir para Londres continuarcriando possibilidades na pintura.

    Meu irmão, Carel, pôde acompanhar minhas andanças pela cidade.Enviei a ele muitos cartões-postais, alguns de pontos turísticos,como a Torre de Londres, outros com ilustrações da Branca deNeve e os Sete Anões. Eu adorava botar para tocar amúsica dos anões no meu ateliê, porque assistimos ao

    filme da Disney juntos em Paris, no início de 1938, eessa memória sempre me fazia sorrir. Queria fazero mesmo por ele, então escrevia que a Brancade Neve veio limpar meu quarto e que esquilosdesenharam nas minhas paredes usando as caudascomo pincéis. No final, em vez de assinar “De: Pieter/ Para: Carel”, assinava “De: Soneca / Para: Atchim”.

    Foi em Londres que comecei a pintar quadros com o nome delugares de cidades que me acolheram durante a Segunda GuerraMundial. O primeiro se chama “Trafalgar Square”, uma praça muito

    movimentada que fica em um cruzamento. Na tela, a data estáescrita assim: 39 – 43. Sabe por quê? Criei essa tela em 1939 evoltei a pintá-la anos depois, quando até já morava em outro país. Em 1940, o partido nazista alemão bombardeou a c idade. A janelado meu quarto foi estilhaçada por uma bomba, e fiquei assustado.Meu amigo americano Harry Holtzman sugeriu que eu fosse paraos Estados Unidos. Contou-me que já haviam se mudado para lávários outros artistas e intelectuais europeus que pensavam deforma parecida com a minha e me convenceu a ir morar na América.Mas não foram só os artistas que ficaram com medo do nazismo,muita gente decidiu fugir para os Estados Unidos, entre eles ofísico Albert Einstein.

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    Eu preferi ir de navio. De jeito nenhum pisaria em um avião!Precavido, usei durante toda a viagem um colete salva-vidas, o quenão é muito elegante nem confortável, mas teria sido bastante útilno caso de algum acidente no percurso, não é?

    Fiquei feliz ao chegar a uma nova terra e ser recebido com tantoentusiasmo. Como era bom ouvir jazz, ver a arquitetura e as coresvibrantes de Nova Iorque! Tudo isso me inspirou a abandonar o pretoe usar só as cores primárias. Fiz uma série de quadros dedicadaà cidade, entre eles um chamado “Broadway Boogie-Woogie”, de1942, em homenagem ao estilo musical de blues com piano, tãodiferente do que se ouvia na Europa.

    Em 1943, só quando eu tinha 70 anos, é que foi realizada em minhaprimeira exposição individual, em Nova Iorque, cidade em que moreiaté o fim. Mas a história não termina aqui, as linhas e cores dos meusquadros ainda podem ser vistas por aí: design , decoração, artesplásticas, cinema. Tantos artistas “beberam da minha fonte”. Eu, queme vestia sempre de maneira formal, e até para pintar usava ternoe gravata, nunca imaginei que fosse inspirar a moda! Na década de60, as mulheres puderam “vestir um look Mondrian”. Um dos nomesmais importantes do mundo fashion , o estilista Yves Saint-Laurent,tinha em casa um quadro meu. Acredite se quiser, ele desenhouuma coleção de vestidos baseada nas composições geométricasque criei. E minha arte desfilou na passarela.

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    – and how could he, with that muchpaint he used, specially yellow. Formany times he even got to squeezethe paint tube straight on to the can-vas. The artwork was there, on themuseum wall, and we could imaginehim painting it. The painting kept hisgesture’s memories, as dramatic as astage actor, almost violent....

    I tried the pointillism of french Georg-

    es Seurat. Unlike Van Gogh, who wasa very fast painter, Seurat presenteda meticulously planned and execut-ed work. His painting “A Sunday onLa Grande Jatte” costed him 2 yearsworth of work and over 60 drafts. Histechnique was to place a lot of smalldots, one next to the other, using onlyplain color, without mixing the paintson the palette as we used to do. Asthese dots are so close to each oth-er, our eyes mix them and we get thisvibrant effect, as if the colors wereshimmering on a hot sunny day. Seur-at was more concerned about the har-mony of colors and its effects in theobserver than the pictured landscape.

    The world was starting to turn faster,we could feel it. Trains were alreadycrossing over Europe in this newcentury. Discoveries, such as theelectricity, arrived at people’s homes.

    The telegraph was still a novelty whenthe telephone came up! I was 34 yearsold when brazilian Santos Dumontflew the 14-Bis airplane for the firsttime and 35 when color photographwas invented. It was early 1900s. Inthe 20th century, art, like life itself,would be a lot different.

    My paintings gained vivid colors, verydifferent than the dead-colors I was

    using before. Still portrayed figurativelandscapes, but now inclined shapes ofthe trees over waters were distortedand the skies amplified in warmershades. In 1908 I painted “Woods nearOele”. The lush colors pleased theaudience in Amsterdam, and somehowI became famous in Holland.So I moved to Paris, the city oflight where all the artists used togo to. I’ve met Pablo Picasso andGeorges Braque at the moment theywere both founding the Cubism.The movement’s purpose was todeconstruct the figure, mixing pointsof view. In a painting of a cubist face,for example, the eyes and the mouthcould be facing front and the nosesideways, as if it was possible tobe in two different positions at thesame time. And why? Painters wereno longer obliged to picture thereal, because photography now do

    that job. The painting could be justa painting.

    At the beginning of Cubism, thecolors chosen by the artists weresimilar, so they would not distractthe viewer’s attention. The goal wasthat we contemplate the artworkbefore our mind tried to identify thefigure. I realized the power of thelines, eliminated the bright colors and

    chose, as Braque, the brown, gray andlight blue. And from that on I beganmy research, which was very differentthan theirs.

    I chose a theme, a tree and then thetangles of houses in Paris and putmyself into the experiment. I waswriting my reflections in draft books.Turned the curves in straight lines andwas slowly eliminating the figure. Iwas going towards abstraction.

    I was deleting the details, and thecolors were back. Lines and colorsgot power and rhythm. In 1912 I wasinterested in facades with scaffoldingsconstructions in Paris. I was 40 andgeometry began to dominate mywork. Lines, many lines, even thewaves became vertical and horizontalstrokes at the series Pier and Oceanthat I painted short time after.

    When my father got ill I had to returnto my hometown. World War I began,and I couldn’t go back to France for afew years. In Holand I met up again withTheo van Doesburg, and together wecreated the magazine De Stijl. We hadvery different temperaments, but theysay the opposites attract each other,isn’t it? I, reserved and disciplined;Theo, impulsive, enthusiastic andalways keen for a discussion.

    Some people may find me grumpy,but I’m just like our hero; WilliamThe Silent, Prince of Orange, Countof Nassau who battled againstthe spanish for the Netherlands’sindependance. William The Silent was,in fact, just quiet or reserved! By theway, did you know that, despite ourflag being in three colors red, whiteand blue, our national football teamwears the orange uniform in honorof the Prince of Orange? I know a lot

    regarding colors, as you can see.With all the suffering caused bythe World War I, us artists began tothink that we should do something tochange society. In De Stijl magazine(that means “the style” in dutch) wedefended our ideas, spiritual andartistic. Art must not reproduce theworld of things and figures anymore.

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    Pure beauty and balance wouldbe reached only by straight lines(horizontal and vertical) and thecolors blue, yellow, red, white, blackand gray.

    Imagine if a house can look likea painting. Of course it can! Thearchitects no longer imitate theclassical buildings and built houses,a hotel and a café following thisthought that was even economic andfunctional while being very beautiful.I love Rietveld’s Red and Blue Chair.

    One day Theo abandoned thehorizontal/vertical lines and began touse diagonal. Ah, that was too muchfor me! I ended our friendship.

    By the end of the war I returned toParis. In my atelier at Rue du DépartI was working non stop, would hardlygo to the cafes like the other artistsdid. But I love to listen to music! I used

    to have a gorgeous gramophone. Thefirst ever sound playing equipment touse discs, to play it I had to turn thecrank quickly, had no such facility asplugging it in the powerpoint let alonedownloading music on mobile phones.I listened to music and practice dance

    moves in the studio. Charleston,tango and Foxtrot. I used to love thechoreographies of the rhythms in the1920s. Don’t share it, but in Holland

    I even attended classes at theAmsterdam Dance School. In myatelier I only keep the essencial,nothing superfluous. My family wasvery religious: order and balance areparts of my personality. Not even thebooks I read I kept. Only a few issuesof De Stijl magazine and a couple ofmy favourite books is what I kept. Thefurniture I made of crates, paintingthem white. Applied the principles ofDe Stijl in my own space. The wallswere painted in primary colors andtalked to the paintings lying at theeasel. People loved to come to myatelier and photograph it, but I neverliked to be on the pictures!

    In Paris my geometrical paintingsweren’t selling, that’s why I painted

    watercolors of flowers that pleasedthe clients. Chrysanthemums, dahlias,calendules, marigolds, sunflowers...the same flowers that were in myworks back in Holland.

    In 1933, I cannot forget, the Nazi partygot into power in Germany. Hitler andhis generals started to determine

    what was correct and what should notexist in the world. They establishedthat the only correct way of paintingwas representing reality accurately,valuing every detail of the portrayor scenery painted. And everythingthat the party understood as wrongamong the books and paintings couldbe burned. So scary!

    Everything that was a little bitdifferent, as a stronger brushstroke,a crooked nose, a tree with differentcolors or a mixed up landscape, wasconsidered “degenerated” – strangeword. It’s a term used to things thatlost its quality.There was no other way:I was seeing myself as a degenerated.

    On the 19th of July of1937, in the cityof Munich, Germany, the exhibition“Degenerated Art” was open withpaintings, sculptures, books, printsand drawings – totalizing 650 pieces.The Nazi government wanted to

    show the population examples ofwhat would be an undesirable art,harmful to the German people. Andguess what? Two of my paintingswere there.

    I believe that to accomplishspirituality, we should use the lessreality possible, because real is the

    opposite of spiritual. We modernistscherish freedom. As you can imagine,we and the Nazis did´n´t get alongtoo well. That´s why in 1938 I decidedto leave Paris and move to London,so that I could keep creating newpossibilities for painting.

    My brother, Carel, kept track of mywanderings around town. I’ve senthim many postcards, some from the

    city’s sightseeings, such as the LondonTower, but posted others Snow Whiteand the Seven Dwarfs illustrations.I loved to put on the music of thedwarves to play in my studio, becausewe watched the Disney movie togetherin Paris in early 1938 and that memoryalways made me smile. I wanted to dothe same for him, so I wrote that SnowWhite came to clean my room and thatthe squirrels draw my walls using theirtales as brushes. At the end, insteadof signing “From Pieter/ To: Carel” Isigned “From: Sleepy/ To: Sneezy”.

    It was in London that I started namingpaintings after places of the city thatwelcomed me during World War II.The first one was called “TrafalgarSquare”, a busy square located at acrossing. On the painting, the dateis written 39-43. Do you know why?I created this painting in 1939 and

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    returned to it many years later, when Iwas already living in another country.In 1940, the Nazi party bombed thecity. A window from my room wasshattered by an explosion and I wasscared. My American friend HarryHoltzman gave me the idea of goingto the United States. He told me thatmany other European artists andintellectuals had moved there, evensaid that many of the artists that livedthere thought in a similar way that Idid and so he convinced me to live inAmerica. But not only the artists wereafraid of the Nazism, many peopledecided to escape and run to theUnited States, amongst them was thephysicist Albert Einstein.

    I preferred to go on a ship. There wasno way I would step on an airplane!Cautious, I wore the lifejacket duringthe whole trip, which was not veryelegant or comfortable, but wouldhave been very useful in case of an

    accident, right?

    I was glad to arrive in a new land andbe welcomed with such enthusiasm.How good it was to listen to jazz,see the architecture and the vibrantcolors of New York! All this haveinspired me to abandon the black anduse only the primary colors. I did a

    series of works dedicated to the city,among them one, called “BroadwayBoogie-Woogie”, from 1942, in honorto the musical style blues with a piano,so different from what people werelistening to in Europe.

    At 1943, only when I was 70 years old,that happened in New York my first

    individual exhibition. It was in thiscity that I lived until the end. But thestory doesn’t end here, the lines andcolors of my paintings can still be seenaround: design, decoration, visual arts,cinema. Many artists were inspiredby me. I, who always wore formalclothing, even for painting used towear suit and tie, never imagined thatmy paintings would be an inspirationto fashion! In the sixties, woman could“wear a Mondrian look”. One of themost important names of the fashionworld, the stylist Yves Saint-Laurenthad at his home a painting of mine.Believe it or not, he draw a dresscollection based on the geometriccompositions that I created. And myart was modeling on the catwalk.

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    In this publication, the CCBB Educational Programpresents Mondrian, the artist behind so many lines andcolorful squares. With an affective and simple language,we include the little visitors and instigate all the readers

    for a deeper appreciation of the works of the exhibition:MONDRIAN AND THE DE S TIJL MOVEMENT . “De Stijl” means “The Style” in English. The artists of thismovement had the intention of improving society througha new aesthetic, that revealed the universal instead ofthe private.

    With this exhibition, CCBB brings to the public a panoramaof this artist’s work and this “style” that brought newproposals to our views.

    Good reading and good visit!

    CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL

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    Educativo Produção Apoio Realização

    PatrocínioBanco do Brasil

    RealizaçãoCentro Cultural Banco do Brasil

    Projeto EducativoSapoti Projetos Culturais

    Coordenação GeralDaniela Chindler

    CoordenaçãoGeral de ProduçãoFernanda SaulFlavia RochaGabriela da Fonseca

    Coordenação GeralAdministrativaFernanda Galvão

    PROGRAMA CCBB EDUCATIVOAÇÕES MEDIADAS

    Coordenação PedagógicaKaren Montija

    Coordenação de AçõesEducativasLuciana Chen

    Coordenação de ProduçãoNatália Salles

    Estagiárias de ProduçãoFabíola Ortiz

    Educador SapotiBruna Pessoa

    Educadores GraviolaAnne MagalhãesBruno RamosIzabela MarianoRobson Rosa

    EstagiáriosAlexandre PereiraAlexandre TaikiBeatriz BarrosBruna EmilianoBruno LourençoJéssica PolicastriLetícia EpiphanioLucas PucciniLucas CominatoMaíra Sciuto

    CADERNO DE MEDIAÇÃO

    RedaçãoDaniela Chindler

    Pesquisa

    Luciana ChenRoteiroDaniela Chindler

    ColaboraçãoFernanda SaulGustavo GaviãoJessica PolicastriKaren Montija

    IlustraçãoMariana Massarani

    RevisãoMarcela Lima

    Tradução para inglêsThais Saul

    Projeto GráficoREC Design

    EXPOSIÇÃOMondrian e o Movimento De StijlTemporada São Paulo25 de janeiro a 04 de abril de2016

    Concepção e CoordenaçãoGeralGemeentemuseum Den Haag,HolandaFrans PeterseArt UnlimitedPieter Tjabbes / Tânia Mills CuradoriaBenno TempelHans JanssenPieter Tjabbes AgradecimentosGemeente Museum Den HaagHet Nieuwe Instituut, RotterdamCentraal Museum, UtrechtRijksdienst KunsthistorischeDocumentatie, Den HaagConsulado Geral do Reino dosPaíses Baixos em São Paulo

    Todas as obras que aparecemnesse livro fazem parte daColeção Gemeentemuseum DenHaag, Holanda.

    CCBB SÃO PAULORua Álvares Penteado, 112Centro, São Paulo - SP(Próximo às estações dometrô São Bento e Sé)

    Informações(11) 3113-3651bb.com.br/cultura

    Agendamento de grupos(11) 3113-3649

    SAC 0800 729 0722Ouvidoria BB0800 729 5678Deficiente auditivoou de fala 0800 729 0088

    Alvará de Funcionamentonº 2015/12479-00Auto de Vistoria doCorpo de Bombeiros nº 194922

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