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ENADE COMENTADO 2008
BIOLOGIA
ChancelerDom Dadeus Grings
ReitorJoaquim Clotet
Vice-ReitorEvilázio Teixeira
Conselho EditorialAna Maria Lisboa de MelloBettina Steren dos SantosEduardo Campos PellandaElaine Turk FariaÉrico João HammesGilberto Keller de AndradeHelenita Rosa FrancoIr. Armando BortoliniJane Rita Caetano da SilveiraJorge Luis Nicolas Audy – PresidenteJurandir MalerbaLauro Kopper FilhoLuciano KlöcknerMarília Costa MorosiniNuncia Maria S. de ConstantinoRenato Tetelbom SteinRuth Maria Chittó Gauer
EDIPUCRSJerônimo Carlos Santos Braga – DiretorJorge Campos da Costa – Editor-Chefe
Cláudia Leães Dornelles
Fernanda Bordignon Nunes
Laura Roberta Pinto Utz
(Organizadores)
ENADE COMENTADO 2008
BIOLOGIA
Porto Alegre
2011
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
EDIPUCRS – Editora Universitária da PUCRSAv. Ipiranga, 6681 – Prédio 33Caixa Postal 1429 – CEP 90619-900 Porto Alegre – RS – BrasilFone/fax: (51) 3320 3711e-mail: [email protected] - www.pucrs.br/edipucrs
© EDIPUCRS, 2011
CAPA Rodrigo Valls
REVISÃO TEXTUAL Patrícia Aragão
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Gabriela Viale Pereira
Edição revisada segundo o novo Acordo Ortográfico.Questões retiradas da prova do ENADE 2008 da Biologia.
E56 ENADE comentado 2008 : biologia [recurso eletrônico] / organizadores Claúdia Leães Dornelles, Fernanda Bordignon Nunes, Laura Roberta Pinto Utz. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2011.99 p.ISBN 978-85-397-0134-6
Sistema requerido: Adobe Acrobat ReaderModo de Acesso: <http://www.pucrs.br/edipucrs/>
1. Ensino Superior – Brasil – Avaliação. 2. Exame Nacional de Desempenho de Estudantes. 3. Biologia – Ensino Superior. I. Dornelles, Claúdia Leães. II. Nunes, Fernanda Bordignon. III. Utz, Laura Roberta Pinto.
CDD 378.81
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se também às características gráficas da obra e à sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal), com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (arts. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19.02.1998, Lei dos direitos Autorais).
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 8 Carlos Alexandre S. Ferreira, Guendalina Turcato Oliveira, Eliane Romanato Santarém, Cláudia Leães Dornelles, Fernanda Bordignon Nunes e Laura Roberta Pinto Utz
COMPONENTE ESPECÍFICO – NÚCLEO COMUM
QUESTÃO 11 ........................................................................................................... 10 Tabajara Kruger Moreira
QUESTÃO 12 ........................................................................................................... 12 Júlio César Bicca-Marques
QUESTÃO 13 ........................................................................................................... 14 Nelson Ferreira Fontoura
QUESTÃO 14 ........................................................................................................... 17 Eduardo Eizirik
QUESTÃO 15 ........................................................................................................... 20 Léder Xavier
QUESTÃO 16 ........................................................................................................... 21 Nelson Ferreira Fontoura
QUESTÃO 17 ........................................................................................................... 23 Ana Cristina Aramburu
QUESTÃO 18 ........................................................................................................... 25 Tabajara Kruger Moreira
QUESTÃO 19 ........................................................................................................... 28 Cláudia Leães Dornelles
QUESTÃO 20 ........................................................................................................... 30 Cláudia Leães Dornelles
QUESTÃO 21 ........................................................................................................... 32 Luis Augusto Basso e Rosane Souza da Silva
QUESTÃO 22 ........................................................................................................... 34 Eduardo Eizirik
QUESTÃO 23 ........................................................................................................... 36 Maurício Bogo
QUESTÃO 24 ........................................................................................................... 37 Leandro Vieira Astarita e Eliane Romanato Santarem
QUESTÃO 25 ........................................................................................................... 39 Clarice Sampaio Alho
QUESTÃO 26 ........................................................................................................... 41 Sandro L. Bonatto
QUESTÃO 27 ........................................................................................................... 43 Clarice Sampaio Alho
QUESTÃO 28 ........................................................................................................... 45 Eduardo Eizirik
QUESTÃO 29 ........................................................................................................... 48 Maria-Rotraut Conter
QUESTÃO 30 - DISCURSIVA .................................................................................. 50 Eduardo Eizirik
COMPONENTE ESPECÍFICO – BACHARELADO
QUESTÃO 31 ........................................................................................................... 53 Gervásio Silva Carvalho e Júlio César Bicca-Marques
QUESTÃO 32 ........................................................................................................... 56 Júlio César Bicca-Marques
QUESTÃO 33 ........................................................................................................... 58 Leandro Vieira Astarita e Eliane Romanato Santarem
QUESTÃO 34 ........................................................................................................... 61 Guendalina Turcato Oliveira
QUESTÃO 35 ........................................................................................................... 63 Maurício Bogo
QUESTÃO 36 ........................................................................................................... 64 Moisés Evandro Bauer
QUESTÃO 37 ........................................................................................................... 67 Beatriz Menegotto
QUESTÃO 38 ........................................................................................................... 69 Carlos Alexandre S. Ferreira e Carlos Graef Teixeira
QUESTÃO 39 – DISCURSIVA ................................................................................. 71 Sandro L. Bonatto
QUESTÃO 40 – DISCURSIVA ................................................................................. 73 Monica Vianna
COMPONENTE ESPECÍFICO – LICENCIATURA
QUESTÃO 41 ........................................................................................................... 76 Guendalina Turcato Oliveira e Regina Maria Rabello Borges
QUESTÃO 42 ........................................................................................................... 78 Tabajara Kruger Moreira
QUESTÃO 43 ........................................................................................................... 80 Eva Regina Carrazoni Chagas
QUESTÃO 44 ........................................................................................................... 82 Eva Regina Carrazoni Chagas
QUESTÃO 45 ........................................................................................................... 85 Rosane Souza da Silva
QUESTÃO 46 ........................................................................................................... 86 Walter Filgueira de Azevedo Junior
QUESTÃO 47 ........................................................................................................... 89 Regina Maria Rabello Borges
QUESTÃO 48 ........................................................................................................... 91 Regina Maria Rabello Borges
QUESTÃO 49 – DISCURSIVA ................................................................................. 93 Júlio César Bicca-Marques
QUESTÃO 50 ........................................................................................................... 97 Tabajara Kruger Moreira
LISTA DE CONTRIBUINTES ................................................................................... 99
8 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
APRESENTAÇÃO
O ENADE – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes que substituiu,
desde 2004, o Exame Nacional de Cursos integra o Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior (SINAES), instituído pela Lei 10.861, sendo, portanto,
componente curricular obrigatório. Tal exame avalia o desempenho dos estudantes
em relação ao conteúdo programático previsto nas diretrizes curriculares do seu
curso de graduação, ao desenvolvimento de habilidades e de competências
necessárias à formação profissional, além de conhecimentos gerais. Assim, esse
instrumento tem um papel importante no aprimoramento da qualidade e no
desenvolvimento de competências para as instituições de ensino superior no Brasil,
funcionando também como uma ferramenta para o processo de construção do
conhecimento para o aluno e futuro profissional.
Nesse sentido, a Faculdade de Biociências convidou seu corpo docente a
elaborar este documento que contempla as questões do componente específico da
prova de Biologia do ENADE 2008, sendo estas acompanhadas dos comentários
redigidos por seus professores. No curso de Ciências Biológicas da PUCRS há um
esforço conjunto para que o currículo, em sua concepção ampla que envolve todas
as atividades e oportunidades vividas em educação, contemple a variedade de
experiências do saber, do ser, do fazer e do conviver. Dentro deste contexto nosso
objetivo é que este material possa servir de apoio não apenas àqueles alunos que
se preparam para concluir seu curso de graduação, mas a todos que buscam na sua
prática diária recursos atualizados e de qualidade para o ensino e a aplicação das
Ciências Biológicas.
Agradecemos a todos que colaboraram na construção e na redação deste
documento.
Direção da FABIO e Comissão Organizadora do ENADE Comentado
Carlos Alexandre S. Ferreira
Guendalina Turcato Oliveira
Eliane Romanato Santarém
Cláudia Leães Dornelles
Fernanda Bordignon Nunes
Laura Roberta Pinto Utz
COMPONENTE ESPECÍFICO
NÚCLEO COMUM
10 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 11
A Lei nº 6.684/1979 regulamenta as profissões de Biólogo e Biomédico e em seu
capítulo estabelece o seguinte. Art. 1.° O exercício da profissão de Biólogo é privativo dos portadores de diploma: I – devidamente registrado, de bacharel ou licenciado em curso de História Natural, ou de Ciências Biológicas, em todas as suas especialidades, ou licenciado em Ciências, com habilitação em Biologia, expedido por instituição brasileira oficialmente reconhecida; II – expedido por instituições estrangeiras de ensino superior, regularizado na forma da lei, cujos cursos forem considerados equivalentes aos mencionados no inciso I. Art. 2.° Sem prejuízo do exercício das mesmas atividades por outros profissionais igualmente habilitados na forma da legislação específica, o Biólogo poderá: I – formular e elaborar estudo, projeto ou pesquisa científica básica e aplicada, nos vários setores da Biologia ou a ela ligados, bem como os que se relacionem a preservação, saneamento e melhoria do meio ambiente, executando direta ou indiretamente as atividades resultantes desses trabalhos; II – orientar, dirigir, assessorar e prestar consultoria a empresas, fundações, sociedades e associações de classe, entidades autárquicas, privadas ou do poder público, no âmbito de sua especialidade; III – realizar perícias, emitir e assinar laudos técnicos e pareceres de acordo com o currículo efetivamente realizado.
Antônio foi morar no exterior e, aproveitando uma oportunidade, matriculou-se em
uma universidade estrangeira. Depois de 5 anos, voltou ao Brasil na condição de
portador de diploma de licenciatura em História Natural emitido por essa
universidade. Recebeu, então, oferta de trabalho em empresa que desenvolve
projeto cujos objetivos são implantar infraestrutura de saneamento básico em área
urbana, recuperar áreas degradadas e definir áreas adequadas para conservação e
preservação da biodiversidade, e que conta com equipe multidisciplinar que inclui
engenheiros agrônomos, engenheiros florestais e profissionais da saúde.
Acerca da situação hipotética descrita, e com base no disposto na Lei n.o
6.684/1979, é correto afirmar que Antônio
ENADE Comentado 2008: Biologia 11
(A) deve validar o diploma que trouxe da universidade estrangeira, comprovando que os cursos que fez são equivalentes aos de universidades brasileiras, antes de atuar na empresa.
(B) não poderia atuar nas atividades da empresa, pois, por ser licenciado, deve restringir suas atividades como biólogo a ministrar aulas de ciências físicas e biológicas para alunos do ensino fundamental.
(C) estaria impedido de elaborar projeto dirigido à criação de área de preservação da biodiversidade, pois a equipe da empresa conta com engenheiros florestais.
(D) poderia atuar como consultor, mas estaria impedido de assumir cargos de direção da empresa, pois sua formação inicial foi História Natural.
(E) poderia exercer, no projeto, atividades específicas de profissionais da saúde, como as de médico, desde que tivesse em seu currículo disciplinas próprias da Medicina.
Autor: Tabajara Kruger Moreira
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdo avaliado: Legislação
Alternativa correta: A
Comentário: Lei nº 6.684/1979 Regulamenta as profissões de Biólogo e Biomédico
Art. 1º - Exercício da profissão de Biólogo é privativo dos portadores de diploma:
I - Bacharel ou Licenciado por instituições brasileiras oficialmente reconhecidas.
II- Diplomas expedidos por instituições estrangeiras devem que ser regularizados na
forma de Lei (cursos equivalentes aos mencionados no inciso I). Tem que ser
VALIDADO.
Referências Bibliográficas LEI Nº 6.684, de 3 de setembro de 1979.
12 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 12
Bioma é uma área do espaço geográfico, com dimensões de até mais de um milhão
de quilômetros quadrados, que tem por característica a uniformidade de
determinado macroclima definido, de determinada fitofisionomia ou formação
vegetal, de determinada fauna e outros organismos vivos associados, e de outras
condições ambientais, como altitude, solo, alagamentos, fogo e salinidade. Essas
características lhe conferem estrutura e funcionalidade peculiares e ecologia própria.
O bioma é um tipo de ambiente bem mais uniforme em suas características gerais,
em seus processos ecológicos, enquanto o domínio é muito mais heterogêneo.
Bioma e domínio não são, pois, sinônimos. COUTINHO, L. M. O conceito de bioma. In: Acta Botânica Brasilica, v. 20, 2006, p. 13-23 (com adaptações).
Acerca dos temas tratados no texto acima, assinale a opção correta.
(A) Os manguezais constituem um tipo de domínio de floresta tropical pluvial, paludosa, composto por um mosaico de biomas.
(B) As savanas constituem um único bioma, no qual devem ser incluídas as áreas de vegetação xeromorfa, com estacionalidade climática marcante.
(C) Aspectos abióticos são mais relevantes que as fisionomias em qualquer esforço de classificação de biomas.
(D) A Amazônia Legal é definida por critérios biogeográficos que se aproximam mais do conceito de domínio que do de bioma.
(E) A definição clara de termos como bioma e domínio é importante, pois tem implicações para a definição de políticas públicas de proteção à biodiversidade.
Autor: Júlio César Bicca-Marques
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdo avaliado: Ecologia
Alternativa correta: E
Comentário: Esta questão está baseada na diferença entre os conceitos de bioma e
domínio. Embora a distinção realizada por Leopoldo Magno Coutinho entre estes
conceitos esteja clara e teoricamente correta neste artigo de 2006, o trecho
transcrito para a prova não é autoexplicativo para um estudante com pouca
experiência na área de ecologia. Esta constatação é agravada pelo fato de o termo
ENADE Comentado 2008: Biologia 13
domínio não ser mencionado na grande maioria dos livros de ecologia, os quais
geralmente usam os termos bioma e ecossistema como substitutos para domínio e
bioma, respectivamente. Consequentemente, embora algumas alternativas
pudessem ser excluídas com base na informação contida no texto, a escolha da
resposta certa exigia a percepção desta diferença de conceituação e o
conhecimento da área de biologia da conservação. Por fim, vale salientar que a
definição clara dos termos bioma e domínio (ou seus equivalentes, dependendo da
fonte) é de suma importância para a proteção da biodiversidade devido às suas
implicações para a definição de políticas públicas. Variações entre biomas (ou
ecossistemas) no tipo e profundidade do solo, temperatura, umidade, altitude,
vegetação, fauna, ocorrência de incêndios e alagamentos, entre outros fatores
abióticos, resultam em diferenças na viabilidade dos mesmos para diferentes tipos
de exploração econômica. Da mesma forma, qualquer política pública de
conservação ambiental que vise proteger a maior parcela possível de elementos da
biodiversidade de ecossistemas (ou processos ecológicos) e espécies de um país
deve realizar uma análise de lacunas para identificar os biomas (ecossistemas ou
ecorregiões) que carecem de proteção legal (SILVA & DINOUTTI, 2001) para
enfocar os esforços de criação de novas unidades de conservação.
Referências Bibliográficas COUTINHO, L. M. O conceito de bioma. Acta Botânica Brasilica, 20: 13-23. 2006. SILVA, J. M. C. & DINOUTTI, A. Análise da representatividade das unidades de conservação federais de uso indireto na Floresta Atlântica e Campos Sulinos. 2001. http://www.conservation.org.br/ma/rp_uc.htm.
14 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 13
Comunidades naturais são o resultado da ação de processos adaptativos, históricos e estocásticos sobre o conjunto de organismos que ocupa determinada área física ou ambiente. A própria atividade humana, em certas circunstâncias, pode ser considerada uma das forças que moldam a estrutura e organização das comunidades. Além disso, o entendimento da dinâmica natural é fundamental para que se possa compreender a amplitude e os efeitos da ação humana sobre os organismos e o meio ambiente. Apesar de se terem estabelecido em ambientes muito distintos, a comunidade vegetal natural, em uma montanha, e a comunidade de organismos marinhos, em um costão rochoso, na zona entre marés, têm diversas características em comum, pois ambas se distribuem ao longo de gradientes ecológicos determinados por fatores físicos do ambiente. Considerando-se a base da montanha e o nível das menores marés baixas como os extremos inferiores dos gradientes, que características são essas e a que gradientes correspondem?
(A) Maior riqueza e diversidade de espécies no extremo inferior do gradiente e rarefação de espécies no extremo superior, onde se concentram aquelas menos especializadas e com maior amplitude de tolerância a fatores físicos do ambiente. Na montanha, o gradiente inclui fatores como taxa de fotossíntese, altitude e declividade; no costão rochoso, os fatores são umidade, impacto de ondas e inclinação.
(B) Maior riqueza e diversidade de espécies no extremo superior do gradiente e rarefação de espécies no extremo inferior, onde se concentram aquelas menos especializadas ou com menor amplitude de tolerância a fatores físicos do ambiente. Na montanha, o gradiente inclui fatores como declividade e umidade; no costão rochoso, os fatores são umidade, densidade populacional e salinidade.
(C) Maior riqueza e diversidade de espécies no extremo inferior do gradiente e rarefação de espécies no extremo superior, onde se concentram aquelas mais especializadas ou com maior amplitude de tolerância a fatores físicos do ambiente. Na montanha, o gradiente inclui fatores como temperatura e nutrientes no solo; no costão rochoso, os fatores são umidade, temperatura e salinidade.
(D) Maior riqueza e diversidade de espécies no extremo inferior do gradiente e rarefação de espécies no extremo superior, onde se concentram aquelas menos especializadas e com menor amplitude de tolerância a fatores físicos do ambiente. Na montanha, o gradiente inclui fatores como quantidade de oxigênio, altitude e declividade; no costão rochoso, os fatores são umidade, inclinação e salinidade.
(E) Maior riqueza e diversidade de espécies no extremo superior do gradiente e rarefação de espécies no extremo inferior, onde se concentram aquelas mais especializadas ou com maior amplitude de tolerância a fatores físicos do ambiente. Na montanha, o gradiente inclui fatores como altitude, declividade e umidade; no costão rochoso, os fatores são umidade, inclinação e densidade populacional.
ENADE Comentado 2008: Biologia 15
Autor: Nelson Ferreira Fontoura
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdo avaliado: Ecologia de Comunidades Alternativa correta: C
Comentário: O padrão de distribuição de uma espécie é fruto de: (1) sua origem geográfica
e dos padrões históricos de dispersão; (2) dos processos de interação com outras
espécies, como competidores, predadores, presas, hospedeiros e parasitas; (3) da
competência fisiológica para lidar com as adversidades e limitações de fatores
abióticos, como temperatura, umidade, pH, concentração de oxigênio ou nutrientes
na água ou solo.
Na zona de marés, as regiões de mesolitoral inferior passam mais tempo
submersas, o que confere menor probabilidade de desidratação, concentração
salina mais estável, maior oportunidade de alimentação para filtradores e menor
estresse térmico decorrente de exposição excessiva ao Sol. Por outro lado, nestas
zonas mais amenas existe intensa competição por espaço, com organismos
crescendo uns sobre os outros. Neste caso, organismos de rápido crescimento ou
com mecanismos alelopáticos (liberação de substâncias que limitam o crescimento
de organismos circundantes) apresentarão vantagem competitiva e maior
dominância numérica.
Por outro lado, o trecho menos exposto de um costão rochoso, o mesolitoral
superior, apresenta grandes variações relativas a fatores abióticos, com temperaturas
que podem variar em dezenas de graus no mesmo dia em função da exposição ao
Sol, ou salinidades que podem ir de zero em um momento de chuva a 35‰ quando
sob influência direta de ondas do mar. Ao mesmo tempo, organismos filtradores irão
dispor de raros eventos com oportunidade para alimentação. Assim, organismos
adaptados a estas condições precisam apresentar, necessariamente, grande
competência fisiológica para lidar com estas variações ambientais. Por outro lado, são
organismos econômicos em termos de consumo energético, alimentando-se pouco e
crescendo lentamente. São poucas as espécies que apresentam especializações para
sobreviver em situação de tamanho estresse, e as regiões de mesolitoral superior
apresentam reduzida diversidade biológica em comparação com o mesolitoral inferior.
16 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Um padrão similar pode ser identificado em montanhas. Nas partes mais
baixas identificam-se, normalmente, maior precipitação e maiores temperaturas,
fornecendo condições ambientais favoráveis a um maior número de espécies. A
competição por espaço e por luz faz com que os vegetais cresçam uns sobre os
outros, favorecendo espécies de maior porte e/ou de crescimento mais rápido. Por
outro lado, em altitudes elevadas, a menor disponibilidade de água e a perda
contínua de nutrientes por lixiviação não favorecem o rápido crescimento. Para
crescer é necessário capturar CO2 da atmosfera através de estômatos abertos.
Entretanto, ao abrirem-se os estômatos também se perde água. Ao mesmo tempo,
para cada molécula de glicose sintetizada, seis moléculas de água são fixadas, ou
seja, crescer exige água em abundância. Assim, espécies de altitude são econômicas
no uso da água ao mesmo tempo em que apresentam taxas de crescimento mais
baixas, exigindo também menor disponibilidade de nutrientes. São tolerantes a
situações mais extremas, mas não são boas competidoras por espaço ou luz.
Neste sentido, montanhas e costões rochosos são similares, apresentando
maior diversidade biológica nas porções inferiores, e menor diversidade nas regiões
mais altas, onde as espécies são especialmente tolerantes a condições de estresse.
Está correta a alternativa C.
Bibliografia sugerida BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de Indivíduos a Ecossistemas. 4 ed. São Paulo: Artmed. 2007. DAJOZ, R. Princípios de Ecologia. 7 ed. São Paulo: Artmed. 2006. ODUM, E. P.; BARRET, G.W. Fundamentos de Ecologia. 5 ed. São Paulo: Thomson, 2007. RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 2003.
ENADE Comentado 2008: Biologia 17
QUESTÃO 14
Com o aumento da visitação no Parque Nacional Yosemite, na Califórnia, a
progressiva redução da população de cougars (Puma concolor, a nossa onça-
parda), predadores do topo da cadeia trófica local, resultou em um aumento
explosivo da população do cervo (Odocoileus hemionus) por volta de 1920. Um
estudo retrospectivo recentemente realizado
sobre o recrutamento populacional (isto é, o
crescimento de plântulas até árvores) de
carvalhos negros, cujos indivíduos mais
jovens são um dos principais itens da dieta
dos cervos na região, inventariou todas as
plantas dessa espécie em manchas maiores
que 0,5 ha e acessíveis aos cervos. De
modo similar, também foram inventariadas
todas as plantas de carvalho negro que
ocorriam em manchas de tamanho
semelhante em áreas do parque
inacessíveis aos cervos. Os resultados
obtidos estão apresentados na figura
abaixo. Com base nos estudos
mencionados, é correto afirmar que
(A) houve, nas manchas inacessíveis aos cervos, redução do recrutamento, enquanto, nas áreas acessíveis, observou-se a estabilização do recrutamento na população de carvalhos a partir de 1920.
(B) os resultados apoiam a predição teórica de que uma redução da predação por grandes carnívoros pode causar o aumento populacional de grandes herbívoros e a redução das populações de plantas palatáveis.
(C) a reintrodução dos predadores ou o controle da população de cervos anulariam pressões evolutivas sobre as populações de carvalho que poderiam tornar suas folhas impalatáveis para os cervos.
(D) Tanto as populações de carvalhos acessíveis aos cervos como as inacessíveis vivem, na atualidade, um declínio populacional no Parque Nacional Yosemite.
(E) a ausência de predadores do topo de uma cadeia trófica tem efeito inexpressivo sobre a sua base, devido ao efeito de magnificação observado em cadeias alimentares.
18 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Autor: Eduardo Eizirik
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdos avaliados: Ecologia e Conservação
Alternativa correta: B
Comentário: A questão é bastante interessante e aborda um problema importante do ponto
de vista da conservação da biodiversidade. Os impactos antropogênicos sobre os
ecossistemas do planeta são extensos e altamente complexos, manifestando-se de
diversos modos, muitas vezes imprevisíveis. A redução do tamanho populacional de
uma espécie muitas vezes repercute de forma dramática na demografia de outros
organismos, que se relacionam com a primeira através de processos como
predação, competição, parasitismo, entre outras.
Neste caso, há realmente uma predição teórica de que o declínio populacional
de grandes predadores (ou predadores em geral) afetará a abundância de suas
espécies-presa, as quais tenderão a sofrer uma expansão demográfica, por sua vez
afetando em sequência a abundância de outros organismos em cadeias tróficas bem
estabelecidas. O estudo reportado na questão realmente corrobora esta predição,
pois o declínio dos predadores induziu um aumento na abundância dos cervos (o
que está descrito no próprio enunciado), e a abundância de cervos induziu uma
redução na população de plantas consumidas por estes herbívoros. O conceito
implicado nesta questão é o de ‘espécie-chave’, aquela cujo papel ecológico é
importante a ponto de seu declínio acarretar transformações relevantes em outros
pontos da teia de interações ali presente. Este conceito é frequentemente aplicado a
grandes predadores, como neste caso. Portanto, a alternativa ‘B’ é correta. Além
disso, a estrutura etária da população de carvalhos foi completamente alterada, o
que pode trazer outras consequências à sua demografia, mas este aspecto não foi
abordado na alternativa correta.
As demais alternativas estão incorretas, pelas seguintes razões:
(A) Ambas as asserções estão incorretas, tendo em vista o padrão evidenciado no
gráfico.
(C) As pressões evolutivas não seriam anuladas, apenas alteradas, e não há como
prever se e quando ocorreria a evolução de impalatabilidade, já que este fenótipo
ENADE Comentado 2008: Biologia 19
dependeria da combinação de novas mutações com pressões seletivas suficientes
para tal. Na verdade, o atual consumo acentuado por parte dos cervos é uma
pressão seletiva muito mais intensa do que ocorreria no cenário aventado por esta
alternativa, já que ocorreria uma redução no consumo e, portanto, um relaxamento
desta pressão. Assim sendo, o cenário teria menor probabilidade de induzir a
evolução de impalatabilidade do que o cenário atual.
(D) Os gráficos não evidenciam declínio nas áreas inacessíveis, apenas nas áreas
acessíveis (avaliadas em relação às áreas inacessíveis, utilizadas como controle).
(E) Os gráficos demonstram justamente o contrário, já que ocorre uma mudança
substancial na demografia dos carvalhos, a qual é atribuída ao aumento
populacional dos cervos, que por sua vez deriva do declínio do predador.
Bibliografia sugerida BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de Indivíduos a Ecossistemas. 4 ed. São Paulo: Artmed, 2007. ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de Ecologia. 5 ed. São Paulo: Thomson, 2007. PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Londrina: Midiograf, 2001.
20 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 15
Com base na figura ao lado, que
expressa o custo energético do
deslocamento de animais adultos, julgue
os seguintes itens.
I Independentemente do modo de locomoção, corpos maiores resultam em menor custo energético relativo ao deslocamento.
II A natação é o modo mais econômico de deslocamento por unidade de massa animal transportada.
III O custo de correr pode ser maior que o de voar, dependendo do tamanho do corpo do animal considerado.
É correto o que se afirma em
(A) I, apenas. (B) II, apenas. (C) I e III, apenas. (D) II e III, apenas. (E) I, II e III. Autor: Léder Xavier
Tipo de questão: múltipla escolha
Conteúdo avaliado: Fisiologia Comparada
Alternativa correta: E
Comentário: Trata-se de uma questão que tem como objetivo principal verificar o grau de
compreensão dos alunos em relação a um gráfico em que são apresentadas as
relações entre custo de deslocamento (J/Kg/m) X massa corpórea (g), comparando-
se três modalidades de deslocamento em animais adultos: voo, corrida e natação.
Não há necessidade de nenhum conhecimento prévio sobre o tema, fisiologia
comparada, para o correto entendimento da questão e escolha da resposta
adequada. Todas as informações necessárias constam no texto e no gráfico.
ENADE Comentado 2008: Biologia 21
QUESTÃO 16
A figura ao lado apresenta o crescimento
de uma população de acordo com a
equação logística de Pearl-Verhulst. O
resultado é tipicamente uma curva de
formato sigmoidal, na qual N representa o
número de indivíduos da população e K, a
capacidade de suporte do ambiente.
Qual das opções a seguir apresenta uma interpretação correta do significado dos
parâmetros N e K no modelo?
(A) Se K for menor que N, o termo (K – N/K) terá valor positivo, e poderá haver superpopulação.
(B) Quando K = N, a taxa de crescimento Instantâneo da população é zero, e a população se estabiliza.
(C) Se K permanece maior do que N, então a população para de crescer e corre o risco de extinção.
(D) K representa algum recurso natural, como, por exemplo, disponibilidade de alimento, caso em que é expresso em unidades do tipo Kg/m2.
(E) O termo (K – N/K) representa o efeito da densidade sobre o crescimento da própria população, quando a área ocupada estiver aumentando.
Autor: Nelson Ferreira Fontoura
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdo avaliado: Ecologia de Comunidades
Alternativa correta: B
Comentário: A razão dN/dt deve ser interpretada como a diferença de tamanho
populacional (dN) entre dois momentos distintos (dt). Assim, dN/dt representa a taxa
de variação do tamanho populacional ao longo do tempo. No limite em que a
diferença de tempo entre dois momentos for muito pequena, a função resultante
apresenta um comportamento em forma de "s", ou sigmoidal. Neste sentido, na
expressão r.N.[(K-N)/K], r representa a taxa potencial máxima de crescimento
populacional, N é o tamanho populacional em determinado momento, e K é a
22 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Capacidade de Suporte, um atributo do ambiente relacionado à densidade
populacional máxima suportada de forma estável. A Capacidade de Suporte decorre
de um processo de interação de uma determinada espécie com suas exigências em
relação a padrões de consumo e uso de recursos, e o ecossistema que a abriga.
Ainda, a Capacidade de Suporte não é absolutamente estável, podendo sofrer
alterações temporais em função de mudanças climáticas ou do próprio uso de
recursos pelas espécies presentes. Neste sentido, qualquer recurso limitante para
uma espécie, que defina o valor limite da Capacidade de Suporte, normalmente é
compartilhado por várias outras espécies, em interações biológicas de competição.
Na equação apresentada, a razão (K-N)/K funciona como um elemento de
atenuação. Quando o tamanho populacional (N) for muito pequeno, próximo de zero,
a razão (K-N)/K se aproxima de um, e a população crescerá em máximo potencial,
expresso através da taxa r. Por outro lado, quando o tamanho populacional (N) se
aproxima da capacidade de Suporte (K), a razão (K-N)/K se aproxima de zero, e a
população para de crescer. Ainda, nas chamadas populações r estrategistas, o
tamanho populacional N poderá eventualmente ultrapassar a Capacidade de
Suporte K. Neste caso, a expressão (K-N)/K assume um valor negativo, e a
população irá decrescer para a próxima geração.
Com relação às alternativas, nas opções A e E, há erro no modo de
apresentação da equação. O correto seria (K-N)/K ao invés de (K-N/K). Na opção C,
enquanto K permanecer maior do que N, a população continuará crescendo. A
opção D está parcialmente correta, quando define o significado de K, mas é omissa
em informar o significado de N. A melhor alternativa é a opção B.
Bibliografia sugerida BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de Indivíduos a Ecossistemas. 4 ed. São Paulo: Artmed, 2007. DAJOZ, R. Princípios de Ecologia. 7 ed. São Paulo: Artmed, 2006. ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de Ecologia. 5 ed. São Paulo: Thomson, 2007. RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 2003.
ENADE Comentado 2008: Biologia 23
QUESTÃO 17
Em 1985, foram contabilizados 8.959 registros de leishmaniose visceral desde os
primeiros casos identificados por Henrique Penna em 1932. No entanto, esse quadro
se agravou. O Ministério da Saúde registrou, no período compreendido entre 1990 e
2007, 53.480 casos e 1.750 mortes. A leishmaniose visceral está mais agressiva.
Matava três de cada cem pessoas que a contraíam em 2000. Hoje mata sete. Além
disso, foi considerada por muito tempo um problema exclusivamente silvestre ou
restrito às áreas rurais do Brasil. Não é mais. Nas últimas três décadas, desde que
as autoridades da saúde começaram a identificar casos contraídos nas cidades, a
leishmaniose visceral urbanizou-se e se espalhou por quase todo o território
nacional. A chegada do mosquito-palha às cidades foi acompanhada de um
complicador. Com a sombra e a terra fresca dos quintais, o inseto encontrou uma
formidável fonte de sangue que as pessoas gostam de manter ao seu lado: o cão,
que contrai a infecção facilmente e se torna tão debilitado quanto seus donos. Uma doença anunciada. In: Pesquisa Fapesp, nº 151, set./2008 (com adaptações).
A prefeitura de um município composto por uma cidade de médio porte, zona rural e
áreas de mata nativa, solicitou a um biólogo que elaborasse um plano de ação para
evitar o avanço da leishmaniose visceral em sua região. O plano elaborado sugeria
várias ações. Considerando o texto e a situação hipotética acima apresentados,
seria inadequada a ação que propusesse
(A) Adotar medidas de proteção contra as picadas do mosquito para trabalhadores que adentrem áreas de floresta próxima da cidade.
(B) Controlar a população de cães domésticos, incluindo a eutanásia de animais infectados em áreas com alta incidência de casos.
(C) Implementar sistema de coleta e tratamento de esgotos nas áreas em que houvesse alta incidência de casos.
(D) Controlar o desmatamento em áreas naturais próximas da área urbana da cidade em questão.
(E) Promover medidas educativas da população, principalmente em relação aos hábitos do mosquito transmissor.
24 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Autor: Ana Cristina Aramburu
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdo avaliado: Parasitologia
Alternativa correta: C
Comentário: Implementar sistema de coleta e tratamento de esgoto nas áreas de alta
incidência dos casos não impediria a transmissão por Leishmania, pois como
zoonose que é, a infecção exige a participação do cão ou de outros vertebrados,
além dos flebotomíneos específicos de cada foco natural da doença. Os
reservatórios vertebrados variam de região para região, ora compreendendo animais
domésticos, ora silvestres, ou ainda uma combinação de ambos que servem de
suporte biológico para os dípteros hematófagos.
Bibliografia sugerida NEVES, D. P. Parasitologia Humana. Rio de Janeiro: Atheneu, 2002. REY, L. Parasitologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
ENADE Comentado 2008: Biologia 25
QUESTÃO 18
A Medida Provisória (MP) n. 2.186-16/2001 criou, no âmbito do Ministério do Meio
Ambiente, o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), de caráter deliberativo
e normativo, composto de representantes de órgãos e entidades da administração
pública federal. A seguir, são apresentados trechos desse instrumento legal. Art. 8.º Fica protegido por esta Medida Provisória o conhecimento tradicional das comunidades indígenas e das comunidades locais, associado ao patrimônio genético, contra a utilização e exploração ilícita e outras ações lesivas ou não autorizadas pelo Conselho de Gestão de que trata o art. 10, ou por instituição credenciada. Art. 9.º À comunidade indígena e à comunidade local que criam, desenvolvem, detêm ou conservam conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético, é garantido o direito de: I. ter indicada a origem do acesso ao conhecimento tradicional em todas as publicações, utilizações, explorações e divulgações; (...). Art. 10 (...) § 5.º Caso seja identificado potencial de uso econômico, de produto ou processo, passível ou não de proteção intelectual, originado de amostra de componente do patrimônio genético e de informação oriunda de conhecimento tradicional associado, acessado com base em autorização que não estabeleceu esta hipótese, a instituição beneficiária obriga-se a comunicar ao Conselho de Gestão ou à instituição onde se originou o processo de acesso e de remessa, para a formalização de Contrato de Utilização do Patrimônio Genético e de Repartição de Benefícios.
Uma conceituada empresa farmacêutica desenvolveu um potente antibiótico a partir
de princípio ativo presente em uma planta medicinal conhecida e utilizada por um
grupo indígena amazônico. O material foi obtido em uma visita feita por técnicos da
empresa a uma das aldeias desse grupo indígena, na busca autorizada por outro
produto, porém a descoberta foi acidental. A empresa não reconheceu o direito à
participação nos benefícios comerciais oriundos dessa descoberta inesperada.
A partir da situação hipotética descrita e à luz do texto legal, é correto concluir que
(A) a empresa, assim que identificou o potencial econômico do princípio ativo, deveria reconhecer os direitos da comunidade indígena e formalizar junto ao CGEN um contrato de utilização do patrimônio genético e de repartição de benefícios.
(B) a MP não se aplica ao caso, pois a empresa desenvolveu um novo produto a partir das moléculas de uma planta, e a lei regulamenta apenas o acesso e uso de conhecimento tradicional associado ao patrimônio genético.
26 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
(C) não há necessidade de contrato de utilização e repartição de benefícios, uma vez que a pesquisa sobre o princípio ativo não foi intencional, mas a empresa deve citar a comunidade indígena em todas as publicações decorrentes desse conhecimento.
(D) a necessidade de um contrato de utilização e repartição de benefícios aplica-se apenas a casos de apropriação da fauna e flora brasileiras ou de processos conhecidos por comunidades tradicionais por empresas estrangeiras.
(E) o conhecimento sobre a planta utilizado pela empresa torna-se domínio público assim que gera produtos de utilidade pública, apesar de ter-se originado em uma comunidade indígena.
Autor: Tabajara Kruger Moreira
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdo avaliado: Legislação
Alternativa correta: A
Comentário: Medida Provisória (MP) nº 2.186-16/2001
Cria o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) e estabelece no
Art. 9º o seguinte: à comunidade indígena e à comunidade local que criam,
desenvolvem, detêm ou conservam conhecimento tradicional associado ao
patrimônio genético, é garantido o direito de (...) Inciso II – perceber benefícios pela
exploração econômica por terceiros, direta ou indiretamente, de conhecimento
tradicional associado, cujos direitos são de sua titularidade, nos termos desta
Medida Provisória.
Parágrafo único. Para efeito dessa Medida Provisória, qualquer conhecimento
tradicional associado ao patrimônio genético poderá ser de titularidade da comunidade, ainda que apenas um indivíduo, membro dessa comunidade, detenha
esse conhecimento.
Considerando o exposto acima, a única opção de resposta correta para a
questão é a Letra A. Referências Bibliográficas MEDIDA PROVISÓRIA (MP) nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001.
ENADE Comentado 2008: Biologia 27
Texto para as questões 19 e 20.
Há sete anos, em uma cidade da região rural do sul do país, foi registrado o
desaparecimento de uma criança de dois anos de idade que brincava no quintal de
sua casa. Durante as investigações, foram encontrados vestígios biológicos no local
do desaparecimento, que foram coletados e submetidos a análises de biologia
forense, que revelaram a presença de sangue humano contendo vários tipos
celulares, como hemácias, neutrófilos e linfócitos, além de contaminação com
células animais de outra espécie. Além desses exames, foram realizados estudos de
vínculo genético entre as amostras de sangue humano encontradas no local do
desaparecimento e as dos pais biológicos da criança desaparecida. Recentemente,
foi encontrada uma criança de nove anos de idade que apresenta um sinal na pele
muito semelhante ao da criança desaparecida. Foram colhidas amostras de sangue
e realizadas análises comparativas com o material obtido sete anos atrás, que
confirmaram tratar-se da mesma pessoa.
28 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 19
Considerando-se o texto acima, qual das opções abaixo traz uma afirmação correta
acerca das aplicações do DNA como marcador para estudos taxonômico-sistemáticos?
(A) Para que se possa identificar a espécie à qual pertencem as células contaminantes coletadas no local do desaparecimento, é necessário realizar o sequenciamento completo do genoma de tais células.
(B) Caso as células contaminantes encontradas sejam de uma espécie animal que pertença, como os seres humanos, à família dos hominídeos, a alta similaridade entre os genomas impedirá a identificação mais detalhada das células contaminantes.
(C) A obtenção de perfil genético baseado na análise de STR (repetições curtas em série) é uma das estratégias utilizadas para a identificação de indivíduos, e pode ser aplicada mesmo na presença de células contaminantes.
(D) Para que se possa determinar a distância evolutiva entre amostras obtidas de dois organismos, de forma a se determinar se são de espécies diferentes, é necessário analisar os tipos de bases nitrogenadas encontradas no DNA, independentemente de sua distribuição no polímero.
(E) A identificação da criança com base em padrões de DNA é baseada no fenômeno de deriva genética, um tipo de variação que é atribuída a pressões seletivas e a eventos dependentes de características hereditárias.
Autor: Cláudia Leães Dornelles
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdos avaliados: Marcadores genéticos de DNA e Genética Forense
Alternativa correta: C
Comentário: A alternativa A não está correta, pois não é necessário sequenciar todo o
genoma das células para identificar as espécies à qual elas pertencem. Existem
porções de DNA com variabilidade suficiente que permitem diferenciar até mesmo
dois indivíduos da mesma espécie. Para a alternativa B serve o mesmo comentário. A alternativa C está correta, pois os STRs são porções do genoma que
apresentam maior variação e são muito utilizados nos estudos de identificação genética. A alternativa D é incorreta, pois os tipos de bases nitrogenadas presentes ou
que compõem o DNA são sempre os mesmos, independentemente do organismo.
Todos os seres vivos apresentam em seu DNA as mesmas bases nitrogenadas.
ENADE Comentado 2008: Biologia 29
O fenômeno da deriva genética referido na alternativa E é um fenômeno
evolutivo, aleatório e só tem efeito em nível populacional. Bibliografia sugerida WATSON, JD. et al. Biologia Molecular do Gene. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. LODISH, H. et al. Biologia Celular e Molecular. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. STRACHAN, T.; READ, A. P. Genética Molecular Humana. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. GRIFFITHS, A. J. F. et al. Introdução à Genética. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. ZAHA, A. et al. Biologia Molecular Básica. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
30 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 20
Considere que, para realizar as análises descritas no texto, estivessem disponíveis
no laboratório de biologia forense as técnicas de PCR (reação em cadeia da
polimerase), eletroforese e sequenciamento automático de DNA, indicadas para
analisar marcadores genéticos dos tipos SNPs (polimorfismo de nucleotídeo único)
do DNA mitocondrial, STR (repetições curtas em série) nucleares e SNPs nucleares.
Acerca desse assunto, assinale a opção correta.
(A) Caso a amostra contenha apenas hemácias, a análise de marcadores genéticos SNPs do DNA mitocondrial não poderá ser utilizada.
(B) Para que se possa usar a técnica de PCR, é necessário acrescentar ao sistema microrganismos que secretem a enzima DNA polimerase.
(C) Para a obtenção de um perfil genético individual, é necessária a análise de regiões genômicas do tipo STRs que apresentem repetições de sequências maiores que 1.024 bases.
(D) Para se realizar a PCR, deve-se, antes, separar a amostra por eletroforese e(ou) sequenciamento automático.
(E) As técnicas mencionadas são independentes e, portanto, não podem ser combinadas entre si.
Autor: Cláudia Leães Dornelles
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdos avaliados: Marcadores genéticos de DNA, Genética Forense, Técnicas
de análise de DNA, Biologia Molecular e Biotecnologia
Alternativa correta: A
Comentário: A alternativa A está correta, pois não é possível analisar o DNA mitocondrial
em hemácias (eritrócitos maduros), já que estas células não contêm mitocôndrias,
assim como também não apresentam conteúdo nuclear. A alternativa B está incorreta, pois a enzima DNA polimerase é obtida através de
micro-organismos, mas é isolada e encontra-se disponível para compra já purificada. A alternativa C está incorreta, pois os STRs são porções do genoma que
apresentam grande variação e são muito utilizados nos estudos de identificação
genética, mas suas unidades de repetições de sequências atingem tamanhos que
variam de 2 a 6 pares de bases.
ENADE Comentado 2008: Biologia 31
A alternativa D é incorreta, pois tanto a eletroforese, que serve para separar
fragmentos de DNA de tamanhos diferentes, quanto o sequenciamento, que é
utilizado para definir a ordem das bases nitrogenadas em uma sequência específica
de DNA, são técnicas de biologia molecular utilizadas após se obter as sequências
específicas de DNA por PCR. As técnicas mencionadas são independentes, conforme afirmativa da
alternativa E e, portanto, podem ser combinadas. Muitas vezes estas técnicas se
complementam. Por exemplo, para analisar os resultados obtidos na PCR é
necessária a utilização da eletroforese. Tanto para saber se a reação funcionou
quanto para saber que quantidades (concentração) de DNA foram amplificadas. Bibliografia sugerida WATSON, J.D. et al. Biologia Molecular do Gene. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. LODISH, H. et al. Biologia Celular e Molecular. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. STRACHAN, T.; READ, A. P. Genética Molecular Humana. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. GRIFFITHS, A. J. F. et al. Introdução à Genética. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. ZAHA, A. et al. Biologia Molecular Básica. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
32 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 21
Analise as seguintes asserções.
É mais fácil separar nucleotídeos que unem as duas fitas complementares da
molécula de DNA que separar nucleotídeos que pertençam à mesma fita
porque
as ligações entre nucleotídeos que unem as duas fitas são ligações de hidrogênio
(ligações não covalentes que também são denominadas de pontes de hidrogênio),
enquanto as ligações que unem nucleotídeos da mesma fita são ligações covalentes
do tipo fosfodiéster.
Acerca das asserções apresentadas, assinale a opção correta.
(A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
(B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira.
(E) Tanto a primeira asserção quanto a segunda são proposições falsas. Autor: Luis Augusto Basso e Rosane Souza da Silva
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdo avaliado: Bioquímica Alternativa correta: A Comentário:
O DNA formado por uma dupla hélice de nucleotídeos mantém as duas fitas
desta hélice em posição através de pontes de hidrogênio entre as bases púricas e
pirimídicas. Já a interação entre os nucleotídeos de uma mesma fita são ligações
do tipo fosfodiéster. As ligações do tipo pontes de hidrogênio são ligações não
covalentes consideradas interações fracas entre as moléculas envolvidas, em que
ENADE Comentado 2008: Biologia 33
uma associação intermolecular direcional ocorre. Entretanto, ligações como a
fosfodiéster são ligações covalentes, as quais são consideradas as mais intensas
das forças que mantêm a integridade de moléculas, em virtude do
compartilhamento de elétrons entre os átomos envolvidos. Especificamente na
molécula de DNA, o fosfato é esterificado entre as duas unidades de desoxiriboses
dos nucleotídeos envolvidos.
34 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 22
A observação das formas atuais de vida demonstra que até mesmo o mais simples dos
seres vivos com organização celular é um sistema complexo, no qual se destacam
duas classes de moléculas: as proteínas e os ácidos nucleicos. É possível imaginar
que, nos oceanos primitivos, existiam sistemas organizados de reações enzimáticas,
do tipo coacervados. Mas como esses sistemas se perpetuariam e evoluiriam sem um
código genético? Os ácidos nucleicos também poderiam ter surgido nas condições da
Terra primitiva. Mas como formariam um sistema complexo e organizado sem interagir
com o aparato proteico/enzimático? A total interdependência entre essas moléculas
essenciais remete a uma das principais questões ligadas à origem da vida, que poderia
ser comparada ao dilema do ovo e da galinha. ANDRADE, L. A. e SILVA, E. P. O que é vida? In: Ciência Hoje, v. 32, n.º 191, 2003, p. 16-23 (com adaptações).
Considerando que as hipóteses acerca da origem da vida na Terra mencionadas no
texto acima não são as únicas, responda: o que surgiu primeiro, os ácidos nucleicos
ou as proteínas?
(A) O DNA pode ter sido o precursor dos demais compostos, pois estoca e replica informação genética, é dotado de atividade catalítica e é facilmente degradado por hidrólise, o que facilita a reutilização de seus monômeros e, portanto, a colonização da Terra com polímeros primordiais de DNA.
(B) Existe a possibilidade de o RNA ter sido o precursor das demais moléculas, visto que certas sequências de RNA, chamadas íntrons, são capazes de acelerar reações químicas e, além disso, mostraram capacidade de fazer cópias de si mesmas.
(C) A favor da hipótese de que as proteínas desempenharam papel central na origem da vida, incluem-se estudos como o que mostrou a possibilidade de que aminoácidos tivessem se originado, sem a intervenção de seres vivos, a partir de uma atmosfera constituída de gases como metano, nitrogênio e oxigênio e de vapor d’água.
(D) Admitindo-se a possibilidade de a Terra primitiva conter nucleotídeos livres, o calor poderia ter sido a fonte de energia disponível para a formação de ligações covalentes entre eles, com a consequente formação de proteinoides, que, por sua vez, deram origem a microsferas, estruturas que poderiam ser precursoras das células primitivas.
(E) O estudo de aminoácidos que contêm grupos tiol (tioésteres) fornece argumentos a favor da precedência de proteínas na origem da vida, entre os quais se incluem a abundância de sulfeto de hidrogênio (H2S) no ambiente primitivo e a alta concentração de oxigênio na atmosfera primitiva, que favoreceria a respiração aeróbica.
ENADE Comentado 2008: Biologia 35
Autor: Eduardo Eizirik
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdos avaliados: Biologia molecular e Evolução
Alternativa correta: B
Comentário: Realmente este é um problema importante em biologia evolutiva, sendo alvo
de grande quantidade de estudos. Muitas evidências recentes apontam para a
possibilidade de que o RNA tenha surgido antes do DNA e das proteínas, dando
origem a uma grande diversidade de processos biológicos iniciais, alguns deles
bastante complexos e ainda hoje observados nos seres vivos atuais. A partir deste
‘mundo do RNA’ teriam evoluído sistemas mais complexos em que o DNA e as
proteínas adquiriram suas respectivas funções nas células, atuando em conjunto
entre si e também interagindo de formas diversas com uma grande variedade de
tipos de RNA, ainda presentes nos organismos atuais. Como o DNA apresenta uma
especialização para estocagem e transmissão de informação genética, e as
proteínas atuam na composição estrutural das células e na catálise de reações
bioquímicas, ambos atuam de forma interdependente, requerendo-se mutuamente
para seu pleno funcionamento. Já o RNA, apesar de apresentar complexas
interações tanto com o DNA como com proteínas, apresenta propriedades tanto
catalíticas como informacionais, sendo portanto o melhor candidato para o tipo de
molécula primordial na evolução inicial dos seres vivos.
Assim sendo, a resposta correta é a correspondente à letra ‘B’.
Bibliografia sugerida FREEMAN, S.; HERRON, J.C. Análise Evolutiva. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. MICHALAK, P. RNA world – The dark matter of evolutionary genomics. Journal of Evolutionary Biology 19: 1768-1774. RIDLEY, M. Evolução. Porto Alegre: Artmed, 2006.
36 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 23
Testes bioquímicos realizados durante um experimento revelaram a presença, em
uma solução, de dois tipos de biopolímeros, um composto por nucleotídeos unidos
por ligações fosfodiéster e o outro composto por aminoácidos unidos por ligações
peptídicas. Além disso, constatou-se que o segundo biopolímero exercia atividade
de nuclease. A propósito da situação acima, é correto afirmar que:
(A) as características bioquímicas descritas para os dois biopolímeros permitem concluir que se trata de DNA e RNA.
(B) a atividade de nuclease observada refere-se à capacidade de os fosfolipídios, descritos como biopolímeros, formarem a membrana nuclear de algumas células.
(C) o biopolímero composto por aminoácidos unidos por ligações peptídicas é um hormônio esteroidal.
(D) o material, de acordo com as características bioquímicas descritas, contém ácido nucleico e enzima capaz de degradá-lo.
(E) as biomoléculas encontradas nas análises bioquímicas são carboidratos, que formam polímeros como o glucagon.
Autor: Maurício Bogo
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdo avaliado: Bioquímica
Alternativa correta: D
Comentário: O primeiro polímero é um ácido nucleico (nucleotídeos unidos por ligações
fosfodiéster). O segundo é uma enzima (proteína que promove catálise de reações
químicas) com atividade de nuclease (degradação de ácidos nucleicos).
Bibliografia sugerida LODISH, H.; BERK, A.; MATSUDAIRA, P.; KAISER, C.A.; KRIEGER, SCOTT, M.P.; ZIPURSKY, L.; DARNELL, J. Biologia Celular e Molecular. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
ENADE Comentado 2008: Biologia 37
QUESTÃO 24
O processo de fotossíntese, tal como era compreendido no início dos anos 30, pode
ser resumido pela seguinte expressão.
CO2 + 2H2O (CH2O)n + H2O + O2
Nessa época, o microbiologista holandês C. Van Niel estudava a fotossíntese de
sulfobactérias. Assim como as células de plantas verdes, essas bactérias utilizam a
luz nesse processo, mas, em lugar de água, utilizam o sulfeto de hidrogênio (H2S).
Os estudos de Van Niel contribuíram para que fosse respondida uma das mais
intrigantes perguntas a respeito desse processo: o oxigênio liberado pelas plantas
vem do gás carbônico ou da água? Depois de formular hipóteses e de fazer
observações, Van Niel constatou que a expressão equivalente da fotossíntese das
sulfobactérias que estudava era a seguinte.
CO2 + 2H2S (CH2O)n + H2O + 2S.
Admitindo-se que o processo fotossintético nas sulfobactérias seja similar ao das
plantas verdes, que hipótese poderia ter Van Niel formulado acerca dos produtos
liberados na fotossíntese pelas plantas verdes?
(A) O carboidrato provém da molécula de água, e não da molécula de dióxido de carbono.
(B) O oxigênio provém da molécula de carboidrato, e não da molécula de água. (C) O oxigênio provém da molécula de água, e não da molécula de dióxido de
carbono. (D) A água provém da própria molécula de água, e não da molécula de dióxido de
carbono. (E) A água provém tanto da própria molécula de água quanto da molécula do
dióxido de carbônico, mas não da molécula de carboidrato. Autor: Leandro Vieira Astarita e Eliane Romanato Santarem
Tipo de questão: objetiva, escolha simples Conteúdo avaliado: Fotossíntese Alternativa correta: C Comentário:
O modelo experimental utilizado por C. Van Niel para determinar a origem da
molécula de O2 liberada no processo de fotossíntese foi duramente criticado por
utilizar um sistema fotossintético de procarioto. Foi o inglês Robert Hill, utilizando
38 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
como modelo experimental cloroplastos isolados, quem demonstrou em 1937 que o
O2 liberado na fotossíntese provinha da água e não do CO2.
Contudo, somente em 1941 foi possível comprovar que o O2 provinha da água
a partir de experimentos utilizando átomos de oxigênio radioativamente marcados.
Desta forma, a equação da fotossíntese pode ser resumida assim:
Ao analisar as duas alternativas (A) e (B), fica claro que tanto a afirmação de
que o carboidrato provém da molécula de água quanto que o oxigênio provém da
molécula de carboidrato estão incorretas, pois pode-se observar na segunda
equação que o carboidrato é formado sem que esteja presente a água como
reagente. Da mesma forma, a primeira equação demonstra que o oxigênio e o
carboidrato são produtos da mesma reação química, não sendo possível o
carboidrato originar o oxigênio. Os esqueletos de carbono dos açúcares formados na
fotossíntese são oriundos somente do CO2 absorvido pelas folhas.
A opção (C) é a correta, pois somente foi possível produzir oxigênio livre
quando o elemento sulfeto de hidrogênio (H2S) foi substituído pela água (H2O),
conforme demonstrado na primeira equação.
Considerando que a água não era reagente na segunda equação química, e
ocorreu a formação de água como produto da reação, pode-se desconsiderar a
afirmativa (D).
A afirmativa (E) está incorreta. A água não provém do CO2, pois é necessária a
participação do sulfeto de hidrogênio doando prótons para formar a molécula de água.
Bibliografia sugerida TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2004, 719p.
CO2 + 2H2O (CH2O) + O2.
ENADE Comentado 2008: Biologia 39
QUESTÃO 25
O trabalho de Mendel com hibridação de ervilhas, publicado em 1866, forneceu
subsídios para a compreensão das observações citológicas sobre o comportamento
dos cromossomos na formação dos gametas. Mendel afirmava que os fatores, que
hoje chamamos de genes, separavam-se na formação dos gametas e se uniam na
formação do zigoto. Além disso, argumentava que diferentes fatores se separavam
nesse processo de maneira independente entre si. Essas duas afirmações
correspondem a observações citológicas da meiose, tal como esta ocorre na maioria
das espécies, as quais mostram, respectivamente, que:
(A) os cromossomos homólogos se separam na fase II e a segregação de um par de cromossomos homólogos é independente da dos demais.
(B) os cromossomos homólogos se separam na fase I e a segregação de um par de cromossomos homólogos é independente da dos demais.
(C) os cromossomos homólogos se separam na fase II e a segregação de um par de cromossomos homólogos é dependente da dos demais.
(D) as cromátides irmãs se separam na fase I e a segregação de um par de cromossomos homólogos é independente da dos demais.
(E) as cromátides irmãs se separam na fase II e a segregação de um par de cromossomos homólogos é dependente da dos demais.
Autor: Clarice Sampaio Alho
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdos avaliados: Divisão Celular, Meiose, Segregação Cromossômica Alternativa correta: B
Comentário: A resposta correta é a sentença apresentada na assertiva ‘B’. O contexto
dessa questão envolve conhecimentos acerca da divisão celular do tipo MEIOSE, a
qual ocorre com a finalidade específica da produção de gametas (espermatozoide e
óvulo). Entenda o processo e avalie que as demais assertivas estão equivocadas
nas suas definições. Dentro do ciclo celular, a divisão é um processo contínuo, mas
pode ser entendido como se ocorresse em momentos distintos, os quais são:
prófase, metáfase, anáfase telófase e citocinese. Decompondo a meiose em duas
fases, vê-se que ela ocorre da seguinte maneira: após se duplicar, a célula diploide
(2 x 2n) dá origem a duas células-filhas, cada uma com a ploidia ‘n’ duplicada (2 x n)
40 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
– veja que a redução do número dos cromossomos ocorre nesta primeira divisão (ou
fase I, ou meiose I); a seguir, as duas células haploides duplicadas têm nova divisão,
o que resulta na geração final de quatro células-filhas, cada uma com a metade do
número original de cromossomos (‘n’), considerando a célula inicial (segunda
divisão, ou fase II, ou meiose II). Ambas as divisões ocorrem na mesma sequência
de momentos (prófase, metáfase, anáfase, telófase citocinese).
A segregação (separação) dos cromossomos homólogos, cada um para uma
das células-filhas, na meiose I, é completamente independente. Cada uma das
células-filhas receberá um conjunto ‘n’ de cromossomos, independentemente da
formação do conjunto. A meiose deve ser reducional, pois após a fecundação (união
do óvulo com o espermatozoide) deve ser formado um novo ser, novamente com um
número 2n de cromossomos, ‘n’ vindo do pai pelo espermatozoide, e ‘n’ da mãe,
pelo óvulo.
Bibliografia sugerida SNUSTAD, D.P.; SIMMONS, M.J. Fundamentos de Genética. 4 ed. Editora Guanabara Koogan, 2008.
ENADE Comentado 2008: Biologia 41
QUESTÃO 26
Estudos realizados com diversos marcadores genéticos têm indicado que espécies
arbóreas de florestas tropicais apresentam alta proporção de locos polimórficos e
elevados níveis de diversidade genética dentro de espécies. Um estudo específico
com aroeira (Myracrodruon urundeuva) verificou, em duas populações naturais
diferentes, baixa taxa de fecundação cruzada. A respeito da viabilidade genética de
populações, é correto concluir que
(A) uma espécie constituída de populações endogâmicas tem baixa diversidade genética, e não pode ter alta proporção de locos polimórficos devido ao fato de não apresentar panmixia.
(B) mesmo uma espécie com baixa taxa de fecundação cruzada pode ter alta proporção de locos polimórficos em suas populações, pois a endogamia não conduz necessariamente à homozigose.
(C) tanto as populações com fecundação cruzada como as com altas taxas de endogamia podem ter alta proporção de locos polimórficos, se tiverem altas taxas de mutação.
(D) a aroeira é uma espécie que pode ter alta proporção de locos polimórficos, mesmo com grande homozigose em diferentes populações endogâmicas.
(E) as populações naturais de aroeira têm alta proporção de locos polimórficos devido à segregação independente e à recombinação genética.
Autor: Sandro L. Bonatto
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdo avaliado: Genética de populações Alternativa correta: D
Comentário: Apesar de o enunciado não deixar claro, possivelmente a baixa taxa de
fecundação cruzada na aroeira foi encontrada dentro de cada uma das duas
populações estudadas. A endogamia dentro de uma população aumenta a taxa de
homozigose, aumentando ao mesmo tempo a diferença genética entre as
populações, que podem fixar diferentes alelos. Portanto, quando se analisa a
espécie como um todo, e não cada população separadamente, a proporção de locos
polimórficos pode ser elevada devido à diferença entre as populações.
Assim, a alternativa "A" não está correta.
42 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
A alternativa "B", ao afirmar que a endogamia, que é o cruzamento
preferencial entre indivíduos aparentados, não conduz à homozigose, está incorreta.
A alternativa "C" não é muito clara, pois a afirmação de que altas taxas de
mutação podem causar alta proporção de locos polimórficos em uma população é
correta em princípio. Porém, em populações com altas taxas de endogamia, a taxa
mutacional teria que ser bastante elevada para contrabalançar o efeito da
homozigose. Portanto, esta explicação, apesar de possível, é pouco provável.
A alternativa "D" é a mais apropriada devido ao exposto acima.
A alternativa "E" está incorreta, pois os processos de segregação independente
e a recombinação genética não influenciam o grau de polimorfismo dos genes, mas
dizem respeito à herança independente entre alelos de genes diferentes.
Observação: segundo a percepção do autor, as informações fornecidas na
questão não são claras e suficientemente detalhadas para permitir uma resolução
segura por parte dos respondentes.
Bibliografia sugerida HARTL, D.L.; A.G. Clark. Princípios de Genética de Populações. 4 ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2010.
ENADE Comentado 2008: Biologia 43
QUESTÃO 27
A qualidade da água e do solo vem sendo alterada pelo uso intensivo de agrotóxicos
e de outros agentes contaminantes. A avaliação da mutagenicidade desses
compostos fornece parâmetros para orientar o controle da emissão de poluentes.
Entre os diversos organismos utilizados como biomarcadores, o peixe paulistinha
(Danio rerio) destaca-se na avaliação do potencial mutagênico de agrotóxicos.
Nesse caso, uma das metodologias adotadas pelos técnicos consiste em analisar a
incidência de quebras cromossômicas em paulistinhas submetidos a amostras de
água que contêm doses controladas do agrotóxico questionado.
Tendo o texto acima como referência inicial, analise as asserções a seguir.
As quebras cromossômicas observadas nos peixes e demais eucariotos levam à
inativação gênica e à consequente modificação de uma via metabólica
porque
uma das consequências das quebras cromossômicas é a formação de fragmentos
cromossomais acêntricos que serão perdidos na próxima divisão celular.
Acerca dessas asserções, assinale a opção correta.
(A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
(B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira.
(E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas. Autor: Clarice Sampaio Alho
Tipo de questão: escolha simples, asserção e razão
Conteúdos avaliados: Citogenética, Mutagênese, Divisão Celular Alternativa correta: D
44 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Comentário: O texto apresentado antes das proposições não contribui na resolução da
questão, mas dá contexto ao assunto. Baseando-se no gabarito apresentado pelo
ENADE, a primeira proposição é considerada falsa. Isso se deve ao fato de ela ser
uma afirmativa definitiva, isto é, não condicional. Não seria equívoco reconhecer que
algumas quebras cromossômicas observadas nos peixes, ou em demais eucariotos,
levam à inativação gênica e à consequente modificação de uma via metabólica.
Contudo, é importante reforçar que essa sequência de acontecimentos pode não se
dar se as quebras ocorrerem em segmentos cromossômicos não gênicos ou em
segmentos de DNA que não afetarão a expressão gênica. A segunda proposição se
refere às consequências das quebras cromossômicas. Ela é verdadeira, pois menciona
que a formação de fragmentos cromossomais acêntricos que passam a ser perdidos
na próxima divisão celular é uma das consequências das quebras cromossômicas.
Não cita, portanto, que este evento não é uma consequência exclusiva.
Bibliografia sugerida SNUSTAD, D.P.; SIMMONS, M.J. Fundamentos de Genética. 4 ed. Editora Guanabara Koogan, 2008.
ENADE Comentado 2008: Biologia 45
QUESTÃO 28
Os pandas, incluindo-se os pandas gigantes e os pandas vermelhos, por muito
tempo foram tratados como ursos, mas, posteriormente, verificou-se que uma série
de características os aproximava dos guaxinins. A figura abaixo apresenta os
resultados de estudos com hibridação de DNA à qual foi acrescentada uma escala
temporal depois de feita a análise cladística. Qual das conclusões abaixo pode ser
sustentada pela figura?
(A) O panda vermelho tem menor similaridade com os guaxinins do que com o urso panda gigante.
(B) Pandas gigantes, ursos pardos, ursos malaios e ursos de óculos formam um grupo parafilético.
(C) O cachorro é a única espécie do diagrama que não pode ser chamada de urso. (D) A divergência entre as formas que originaram os pandas gigantes e pandas
vermelhos ocorreu há mais de 80 milhões de anos. (E) O panda gigante e o panda vermelho estão em clados distintos. Autor: Eduardo Eizirik
Tipo de questão: objetiva, escolha simples
Conteúdo avaliado: Biologia evolutiva
Alternativa correta: E
Comentário: A questão é interessante e aborda uma discussão que realmente causou
consideráveis debates na literatura científica, acerca da posição filogenética do
46 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
panda gigante e do panda vermelho. O enunciado não é suficientemente completo e
preciso, pois apenas menciona duas das hipóteses propostas para a resolução do
problema (ambos os pandas tratados como ursos versus ambos os pandas mais
próximos dos guaxinins). Logo a seguir o texto remete à figura, que na verdade
apoia uma terceira hipótese, não mencionada na frase anterior (panda gigante como
um urso, e panda vermelho mais próximo dos guaxinins).
O texto também não apresenta uma visão completamente atualizada do
problema, que já foi abordado mais recentemente por vários estudos empregando
métodos mais precisos e sofisticados do que a hibridação DNA-DNA, mencionada
no enunciado. Além disto, a análise filogenética de dados hibridação DNA-DNA
geralmente não é realizada por um método cladístico, como aludido no texto, e sim
através de métodos baseados em matrizes de distância. Por fim, a escala temporal
ilustrada na figura encontra-se bastante desatualizada, mostrando-se bastante
distinta daquela inferida atualmente para este processo de diversificação no âmbito
da ordem Carnivora.
Apesar destas imperfeições na questão, a mesma é passível de resolução
segura e apresenta uma única alternativa correta, correspondente à letra ‘E’. Isso é
facilitado pelo fato de o enunciado solicitar claramente que a resposta seja dada com
relação à figura, independentemente de eventuais críticas à mesma, como as expostas
acima. Além disso, a figura realmente reflete a hipótese filogenética mais aceita
atualmente para as relações evolutivas entre estas espécies, ainda que não inclua
outras linhagens mais próximas dos guaxinins do que o panda pequeno (p. ex., outros
procionídeos, como os quatis, e mustelídeos, como as lontras e furões), bem como
outros grupos de carnívoros que estão posicionados dentro deste clado (Arctoidea).
As demais alternativas estão incorretas pelas seguintes razões:
(A) A asserção está invertida, já que a figura demonstra que o panda
vermelho tem MAIOR proximidade filogenética com os guaxinins do que com o
panda gigante. Além disso, a definição de ‘similaridade’ é vaga e não pode ser
avaliada diretamente a partir da figura.
(B) Na verdade este grupo dos ursos é monofilético, e não parafilético.
(C) Incorreta, pois o guaxinim e o panda vermelho também não podem ser
chamados de ursos.
ENADE Comentado 2008: Biologia 47
(D) Incorreta, pois a escala de tempo ilustrada na figura indica um tempo de
divergência entre estas linhagens MENOR do que 80 milhões de anos atrás. As
análises mais recentes são ainda mais claras neste sentido, indicando uma
divergência de cerca de 43 milhões de anos para este nó da árvore dos carnívoros
(EIZIRIK et al., 2010).
Referências Bibliográficas EIZIRIK, E.; MURPHY, W.J. Carnivores (Carnivora) In: The Timetree of Life. New York: Oxford University Press. 2009. p. 504-507. EIZIRIK, E.; MURPHY, W. J.; KOEPFLI, K.-P.; JOHNSON, W. E.; DRAGOO, J. W.; WAYNE, R. K.; O’BRIEN, S. J. Pattern and timing of diversification of the mammalian order Carnivora inferred from multiple nuclear gene sequences. Molecular Phylogenetics and Evolution, 56: 49- 63, 2010. FREEMAN, S.; HERRON, J. C. Análise Evolutiva. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. RIDLEY, M. Evolução. Porto Alegre: Artmed, 2006, 752 p.
48 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 29
Uma empresa produtora de cimento vem explorando, de forma regular e de acordo
com a legislação ambiental, há mais de dez anos, uma jazida que começa a dar
sinais de esgotamento. A empresa tenciona incluir outra área, a alguns quilômetros
de distância, em sua licença de lavra e exploração e, por isso, submeteu o projeto
ao órgão ambiental local. Os técnicos desse órgão observaram que se trata de uma
região cárstica, com um conjunto de espécies endêmicas de distribuição muito
restrita, e estabeleceram uma série de condicionantes para o licenciamento da
expansão do empreendimento. A direção da empresa, não aceitando a ideia de
aumentar seus custos operacionais, contratou um biólogo para realizar estudo
detalhado, que inclui observações de campo e, ao final, elaboração de diagnóstico
ambiental que permita refutar os argumentos do órgão ambiental. Depois de uma
série de visitas ao campo, o biólogo confirmou que se trata de uma região de relevo
cárstico e constatou a presença daquelas espécies consideradas endêmicas.
Que elementos o biólogo utilizou para caracterizar o relevo como sendo cárstico e
que tipo de endemismos restritos você esperaria encontrar associados a esse tipo
de ambiente?
(A) A formação cárstica pode ser reconhecida pelo relevo típico das planícies costeiras do sul-sudeste brasileiro, com solo arenoso sobre o qual cresce uma vegetação rasteira de gramíneas, com arbustos e moitas, à medida que se afasta da praia, e que cedem lugar à vegetação mais densa e de maior porte próximo à encosta que delimita a planície litorânea. Os endemismos correspondem a bromélias e orquídeas.
(B) A formação cárstica pode ser reconhecida pelo relevo aplainado em que predominam extensas chapadas com bordas escarpadas e vegetação típica de campos, em regiões áridas ou semiáridas. As espécies endêmicas típicas são do grupo dos répteis, principalmente serpentes e cágados terrestres e aves predadoras como falcões e gaviões.
(C) A formação cárstica pode ser reconhecida pelo relevo acidentado típico das serras litorâneas, com muitos morros arredondados e predominância de gnaisses e granitos sobre os quais ocorre uma vegetação rasteira com muitas bromélias e cactos. A fauna endêmica inclui principalmente anfíbios e aves passeriformes, que se alimentam do néctar das flores de bromélias e cactos.
(D) A formação cárstica pode ser reconhecida pelo relevo relativamente plano do topo das montanhas mais elevadas da Serra do Mar, recobertas por campos de altitude e vegetação florestal nas grotas e linhas de drenagem. Anfíbios, pequenos mamíferos e espécies de melastomatáceas e embaúbas estão entre os principais endemismos.
ENADE Comentado 2008: Biologia 49
(E) A formação cárstica pode ser reconhecida pelo relevo acidentado com afloramento de rochas calcárias, solo recoberto por vegetação florestal e ocorrência de cavernas com rios ou lagos subterrâneos, ou cavidades resultantes do desabamento do teto de cavernas (dolinas). A fauna endêmica corresponde a espécies de artrópodes, como opiliões, e pequenos vertebrados cavernícolas, como bagres-cegos e morcegos.
Autor: Maria-Rotraut Conter Tipo de questão: objetiva Conteúdos avaliados: Ecologia e Biodiversidade Alternativa correta: E Comentário:
Uma área carstificada é específica, com calcários puros e espessos e que
diminuem a acidez. O processo de formação é intenso e as condições são de
presença de rochas solúveis e permeáveis, com clima chuvoso. Relevo cárstico ou
sistema cárstico é caracterizado pela dissolução química e que leva a características
físicas como cavernas, dolinas, vales, cones, rios subterrâneos. O termo deriva do
alemão Kartst, de uma região do norte da Itália e que significa "campo de pedras
calcárias". O processo se inicia com a combinação da água das chuvas ou de rios
subterrâneos com dióxido de carbono do solo (animais e vegetas) ou atmosfera e se
forma o ácido carbônico que acelera a dissolução. É típico de regiões de pluviosidade
elevada e presença de vegetação. Estas regiões possuem poucas águas superficiais,
pois esta é rapidamente absorvida pelo solo e se acumula na zona freática. E os sais
dissolvidos ao atingirem a zona freática podem correr em rios subterrâneos. À medida
que o carbonato de cálcio se dissolve, o PH se torna mais básico. Há formação de
espeleotermas no interior das cavernas e águas sempre límpidas. A fauna é
específica, própria de cavernas ou próximas a ela. Cavernícolas como morcegos,
crustáceos, aracnídeos e insetos. Alguns com órgãos apropriados e muito sensíveis
como peixes bagre-cego. Também na superfície vegetais superiores.
Bibliografia sugerida BUNTING, B. T. Geografia do Solo. Zahar ed. Univ. de Londres. 1971. p. 259. TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M.C.; THOMAS, R.F. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos. Ed. Nacional. 2 ed. 2000. p. 568. KARMANN, I. Ciclo da Água subterrânea e sua ação geológica. In: TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra, p. 114-136. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. SUGUIO, K.; SUZUKI, U. A Evolução Geológica da Terra e a Fragilidade da Vida. São Paulo: Ed. Edgard Blucker Ltda., 2003.
50 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 30 - DISCURSIVA
Duas hipóteses são, em geral, confrontadas, quando se busca explicar a
diversificação dos seres vivos, o gradualismo filético e o equilíbrio pontuado. Com
base em conhecimentos disponíveis em áreas como a Sistemática, a Paleontologia
e a Genética, as duas hipóteses propõem padrões de especiação que diferem
quanto à velocidade e frequência dos eventos de formação de novas espécies.
A partir dessas informações, explique as diferenças básicas entre essas duas
hipóteses e cite os principais argumentos que dão suporte a cada uma delas.
Autor: Eduardo Eizirik
Tipo de questão: discursiva Conteúdo avaliado: Biologia evolutiva Comentário:
A compreensão das diferenças entre as hipóteses do gradualismo filético e do
equilíbrio pontuado é um ponto importante no estudo de biologia evolutiva. O
estudante deve ser capaz de caracterizar estas duas correntes, contrastando suas
proposições sobre a velocidade da mudança evolutiva, especialmente no que tange
à morfologia dos organismos. É possível também traçar relações entre esta análise
morfológica, no âmbito da paleontologia, com os processos genéticos possivelmente
subjacentes a essas transformações, como o mecanismo de especiação envolvido.
Do ponto de vista da análise morfológica e dos dados paleontológicos, a
resposta deve descrever que o gradualismo filético (o modelo mais clássico,
sustentado por uma visão darwiniana tradicional) propõe uma mudança lenta e
gradual na forma dos organismos, independentemente dos processos de
cladogênese (divergência entre linhagens, implicando processos de especiação). Já
a teoria do equilíbrio pontuado propõe que as espécies não sofrem transformações
substanciais na sua forma ao longo de sua existência no registro fóssil, ou seja, se
encontram no que é descrito como ESTASE. As mudanças morfológicas mais
importantes ocorreriam durante o processo de cladogênese (especiação), quando a
forma da espécie-filha mudaria abruptamente (em uma escala de tempo geológica)
em relação à espécie-mãe, e ambas poderiam coexistir por um certo período no
ENADE Comentado 2008: Biologia 51
registro fóssil, permitindo sua comparação. Desta forma o EQUILÍBRIO é a estase
que as espécies apresentam ao longo de sua vida, sendo ele PONTUADO por
processos abruptos de mudança morfológica nos momentos de cladogênese.
Há conjuntos de dados paleontológicos que apoiam a hipótese do equilíbrio
pontuado, enquanto outros apoiam o gradualismo filético (ver RIDLEY, 2006). Há,
portanto, pesquisadores que aderem mais a uma ou outra destas duas escolas de
pensamento. Além disso, uma visão mais atual e conciliadora sugere que ambos os
padrões podem ocorrer no registro fóssil, afetando de maneira distinta grupos de
organismos diferentes, ou mesmo ocorrendo em um mesmo grupo em momentos
diferentes. Mais ainda, estes dois padrões podem ser pontos extremos de um
continuum, em que não há uma dicotomia completa, e sim porções da Árvore da
Vida que evoluem de forma mais gradual, ou mais pontuada, ou de uma maneira
intermediária entre as duas hipóteses.
Outro ponto que pode ser abordado é a proposta inicial de que o padrão
observado no registro fóssil que indica a ocorrência do equilíbrio pontuado poderia
estar relacionado a um processo de especiação peripátrica (ou de ‘isolado
periférico’), em que populações pequenas e periféricas de uma espécie sofrem
modificações substanciais em sua forma devido à ação combinada da seleção
natural e da deriva genética. Os proponentes do equilíbrio pontuado sugeriram que
este tipo de especiação poderia ocasionar mudanças morfológicas relativamente
rápidas, em populações isoladas geograficamente, o que levaria à observação no
registro fóssil de uma pontuação na evolução da forma do grupo. No entanto, não há
ainda uma corroboração clara desta proposta, de forma que persiste o debate sobre
possíveis relações entre mecanismos de especiação e as diferentes velocidades de
mudanças morfológicas que se observa no registro fóssil.
Referências Bibliográficas FREEMAN, S.; HERRON, J. C. Análise Evolutiva. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. RIDLEY, M. Evolução. Porto Alegre: Artmed, 2006. 752 p.
COMPONENTE ESPECÍFICO
BACHARELADO
ENADE Comentado 2008: Biologia 53
QUESTÃO 31
A Teoria de Biogeografia de Ilhas é uma das mais influentes teorias ecológicas. Uma
de suas predições é a de que ilhas maiores apresentam maior número de espécies
do que ilhas menores. Desde os anos 70 do século passado, essa teoria tem
influenciado o desenho de reservas naturais. Nesses casos, os fragmentos de
vegetação remanescente seriam considerados ilhas em uma matriz de hábitats
alterados pela atividade humana.
O proprietário de uma usina sucroalcooleira contratou um biólogo para o
estabelecimento de reservas naturais dentro de sua propriedade em área de floresta
atlântica. A vegetação nativa encontra-se fortemente fragmentada em pequenas
manchas de tamanhos diversos, porém menores que 100 ha. Essas manchas são
frequentemente acessadas pela comunidade local, que coleta madeira para usar
como lenha e para fazer carvão.
Considerando a aplicação crítica da Teoria de Biogeografia de Ilhas para a criação
de reservas naturais na área, que noção deve nortear as ações do referido biólogo?
(A) Segundo essa teoria, ilhas maiores suportam mais espécies. Portanto, fragmentos maiores são melhores que pequenos, independentemente das condições da matriz circundante.
(B) Fragmentos grandes e pequenos são igualmente importantes para conservar qualquer espécie de animal ou planta, e deve-se equilibrar o número desses fragmentos.
(C) Deve-se priorizar a conservação de fragmentos grandes, uma vez que as espécies encontradas em fragmentos maiores já se encontram adaptadas aos efeitos das atividades humanas.
(D) Deve-se conservar o maior número de fragmentos, independentemente de seu tamanho, de modo a incluir em áreas protegidas a maior parcela dos hábitats e da biodiversidade local.
(E) É melhor investir apenas na conservação de fragmentos grandes, inquestionavelmente importantes, já que o valor de fragmentos pequenos para a conservação da biodiversidade é duvidoso.
Autor: Gervásio Silva Carvalho e Júlio César Bicca-Marques
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdo avaliado: Biogeografia de ilhas
Alternativa correta: D
54 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Comentário: A Teoria de Biogeografia de Ilhas postula que a diversidade de espécies em
ilhas oceânicas é diretamente proporcional à sua área e inversamente proporcional à
sua distância do continente. Ou seja, ilhas maiores tendem a possuir mais espécies
que ilhas menores, assim como ilhas mais próximas do continente tendem a ser
mais facilmente colonizadas e diversas que ilhas mais distantes. Devido à crescente
perda, fragmentação e alteração dos ambientes naturais pelas atividades humanas,
as áreas de hábitat disponível para as espécies nativas de um determinado
ecossistema, tal como a Floresta Atlântica, encontram-se cercadas por um "oceano"
de hábitats impróprio e, portanto, hostil para determinados organismos. Esta perda,
fragmentação e alteração dos ambientes naturais é a principal causa de ameaça de
extinção de espécies em nível mundial.
Neste sentido, alguns princípios baseados na Teoria da Biogeografia de Ilhas
deveriam ser considerados pelo biólogo no planejamento das reservas naturais
levando em consideração a paisagem altamente fragmentada da propriedade do
contratante: (1) proteger o maior número de fragmentos possível, (2) reservas
maiores apresentam maior potencial de proteção ambiental do que reservas
menores porque suportam populações maiores, reduzindo a probabilidade de
extinção, e tendem a ser menos afetadas por efeitos de borda (por exemplo, maior
influência do vento, maiores oscilações na temperatura e umidade, maior
luminosidade, predação de ninhos por animais domésticos e invasão por espécies
exóticas oportunistas), (3) fragmentos com formato mais circular apresentam menos
efeitos de borda do que fragmentos irregulares, (4) reservas conectadas por
corredores são mais apropriadas que reservas isoladas na paisagem inóspita porque
aumentam as chances de dispersão de elementos da biota entre os fragmentos,
potencialmente reduzindo os efeitos deletérios do cruzamento entre indivíduos
aparentados (endocruzamento) na saúde das subpopulações, e (5) fragmentos com
diversidade de ambientes e um balanço de estágios sucessionais conservam uma
maior riqueza de espécies do que fragmentos com ambiente homogêneo.
Entretanto, mesmo estas recomendações gerais aparentemente óbvias devem ser
analisadas com cautela à luz da paisagem fragmentada e das atividades humanas
realizadas no entorno e no interior dos fragmentos.
ENADE Comentado 2008: Biologia 55
Desta forma, o biólogo terá que avaliar se a pressão de retirada de madeira
varia entre os fragmentos, se é possível reduzi-la significativamente ou eliminá-la e se
existem alternativas viáveis para oferecer aos moradores em troca dessa redução. A
proximidade entre os fragmentos de Floresta Atlântica e entre cada fragmento e as
habitações humanas também deverá nortear a análise do biólogo. Dependendo da
área de reserva pretendida (ou imposta) pelo contratante, uma questão importante
será decidir entre uma grande reserva ou muitas reservas pequenas que somem a
mesma área total. Se cada uma das pequenas reservas suportar as mesmas
espécies, seria preferível construir uma reserva grande e, assim, conservar
populações maiores (teoricamente mais viáveis em longo prazo) destas espécies.
Deve-se ter em mente, contudo, que não há fragmento grande na área, pois todos
possuem área menor que 100 ha. Por outro lado, se a região for heterogênea e cada
pequena reserva sustentar um grupo parcialmente diferente de espécies, um conjunto
de reservas pequenas poderá conservar um número total de espécies maior.
A decisão do biólogo pode se tornar ainda mais complexa pelo fato de que
mesmo numa área homogênea um conjunto de reservas menores pode suportar
mais espécies que uma única reserva grande. Vale ressaltar que é importante que
os esforços de conservação levem em consideração a proteção de espécies que
ocorrem em baixa densidade, tais como os grandes predadores, os quais só podem
ser mantidos em grandes áreas e são essenciais para a manutenção da estrutura
original da comunidade, algo extremamente improvável em uma paisagem altamente
fragmentada composta por fragmentos de hábitat com menos de 100 ha.
Bibliografia sugerida ESTES, J. A.; TERBORGH, J.; BRASHARES, J. S.; POWER, M. E.; BERGER, J.; BOND, W. J.; CARPENTER, S. R.; ESSINGTON, T. E.; HOLT, R. D.; JACKSON, J. B. C.; MARQUIS, R. J.; OKSANEN, L.; OKSANEN, T.; PAINE, R. T.; PIKITCH, E. K.; RIPPLE, W. J.; SANDIN, S. A.; SCHEFFER, M.; SCHOENER, T. W.; SHURIN, J. B.; SINCLAIR, A. R. E.; SOULÉ, M. E.; VIRTANEN, R.; WARDLE, D. A. Trophic downgrading of planet Earth. Science. 2011, 333: 301-306. MEFFE, G. K. & CARROLL, C. R. Principles of Conservation Biology. Sinauer Associates, Sunderland, 1997. PRIMACK, R.B., RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Planta, Londrina, 2001. VAN DYKE, F. Conservation Biology: Foundations, Concepts, Applications. 2 ed. Springer, Illinois, 2008.
56 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 32 A figura abaixo apresenta índices de diversidade para três regiões hipotéticas, cada
uma com três montanhas, calculados a partir da distribuição de espécies
(identificadas pelas letras de A a G) observada em cada montanha. Algumas
espécies estão isoladas em apenas uma montanha por região, enquanto outras
estão em duas ou três montanhas.
Considerando esses dados, selecione quais deveriam ser as escolhas do tomador
de decisões sobre medidas de conservação, no sentido de proteger a maior riqueza
de espécies, nas seguintes situações: (a) se houver recursos financeiros para
proteger apenas uma das regiões; e (b) se os recursos permitirem proteger apenas
uma das montanhas.
(A) Para se proteger apenas uma região, esta deveria ser a região 1, que apresenta a maior riqueza de espécies por montanha (diversidade alfa); para se proteger apenas uma montanha, deveria ser escolhida a terceira montanha da região 2, a única que tem a espécie J.
(B) Para se proteger apenas uma região, esta deveria ser a região 3, que apresenta a maior diferenciação de espécies entre as três montanhas (diversidade beta); para se proteger apenas uma montanha, deveria ser escolhida qualquer montanha da região 3, pois, como há menos espécies por montanha, estas vivem com menor competição.
ENADE Comentado 2008: Biologia 57
(C) Para se proteger apenas uma região, esta deveria ser a região 1, que apresenta o maior número de espécies por montanha (diversidade alfa); para se proteger apenas uma montanha, deveria ser escolhida a terceira montanha da região 1, que tem a maior riqueza local (diversidade alfa)
(D) Para se proteger apenas uma região, esta deveria ser a região 2, a que apresenta a maior diversidade total (diversidade gama); para se proteger apenas uma montanha, deveria ser escolhida a terceira montanha da região 2, que é a única que tem a espécie J.
(E) Para se proteger apenas uma região, esta deveria ser a região 2, que apresenta a maior diversidade total (diversidade gama); para proteger apenas uma montanha, deveria ser escolhida a terceira montanha da região 1, que tem a maior riqueza local (diversidade alfa).
Autor: Júlio César Bicca-Marques
Tipo de questão: objetiva Conteúdo avaliado: Ecologia e Conservação
Alternativa correta: E
Comentário: Considerando-se que o objetivo do tomador de decisões seja proteger a maior
riqueza de espécies possível, dadas as limitações de recursos financeiros, as
opções da alternativa E são autoexplicativas. Uma análise comparativa entre as três
regiões e as nove montanhas identifica as maiores diversidades gama e alfa,
respectivamente, na região 2 (10 espécies) e na terceira montanha da região 1 (7
espécies). As outras duas regiões abrigam 7 e 9 espécies, enquanto a riqueza das
demais montanhas varia de 3 a 6 espécies.
Bibliografia sugerida BEGON, M.; TOWNSEND, C.R.; HARPER, J.L. Ecologia: de Indivíduos a Ecossistemas. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
58 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 33
Um biólogo foi incumbido de definir um plano
de reflorestamento de uma área de caatinga
utilizando uma planta nativa que se encontra
na lista de espécies ameaçadas de extinção
do IBAMA: Myracrodruon urundeuva Allemão
(aroeira). Interessado em informações
técnicas que dessem suporte para a
produção rápida e econômica de mudas, fez
uma rápida busca na literatura científica e
encontrou um trabalho que avaliava o efeito
de diferentes tratamentos sobre o
comportamento germinativo das sementes da
espécie. Os dados estão sintetizados nos
gráficos abaixo.
Com base nesses resultados, é correto concluir que
(A) as sementes de aroeira apresentam dormência tegumentar, e faz-se necessário adotar tratamento de escarificação para melhorar a germinação. Portanto, o biólogo poderá adotar qualquer tratamento entre os que foram testados no experimento.
(B) a escarificação química demonstrou ser o melhor tratamento, pois, além de exibir as maiores taxas de germinação nos primeiros dias do experimento, resultou em boa porcentagem média de germinação. Portanto, o biólogo deve adotar tal procedimento, mesmo que envolva o uso de um produto tóxico.
(C) o grupo controle exibiu o melhor desempenho germinativo, apesar de as sementes de aroeira apresentarem dormência tegumentar. Portanto, não é necessário realizar qualquer tratamento ou efetuar gastos adicionais na produção de mudas.
(D) não houve variação no desempenho germinativo durante os primeiros três dias de avaliação do experimento, independentemente do tratamento a que foram submetidas as sementes. Portanto, o biólogo pode adotar qualquer dos métodos testados.
(E) as sementes não escarificadas apresentaram potencial de germinação semelhante ao daquelas submetidas à escarificação térmica, mas exibiram maior velocidade de germinação. Portanto, o biólogo não precisa usar qualquer tratamento para estimular a germinação das sementes.
ENADE Comentado 2008: Biologia 59
Autor: Leandro Vieira Astarita e Eliane Romanato Santarem Tipo de questão: objetiva Conteúdo avaliado: Germinação de sementes Alternativa correta: E Comentário:
A dormência é a forma natural de distribuir a germinação no tempo e espaço
e de permitir que a semente inicie a germinação quando as condições ambientais
vierem a favorecer a sobrevivência das plântulas. A dormência imposta pelo
tegumento tem os seguintes efeitos sobre as sementes: interfere na absorção de
água e nas trocas gasosas, impede a saída de inibidores da germinação
(FERREIRA, 2004). A principal forma de quebrar esta dormência nas sementes é a
escarificação (ou rompimento do tegumento) através de meios físicos ou químicos.
As figuras da questão apresentam três processos de escarificação, utilizando
lixa para romper o tegumento, imersão em água quente (temperatura) ou em ácido
sulfúrico para desgastar a testa da semente.
A afirmativa apresentada na alternativa (A) de que “o biólogo poderá adotar
qualquer tratamento entre os que foram testados no experimento” está incorreta, pois
como pode ser observado na Figura 1A, o ácido sulfúrico causou danos nas
sementes, resultando em menor percentual de germinação. Os resultados das Figuras
indicam que a aroeira não necessita obrigatoriamente de escarificação, pois as
sementes não escarificadas (Controle) apresentaram elevada taxa de germinação
média (Figura 1A). Da mesma forma, a alternativa (B) está incorreta, pois afirma que
“a escarificação química demonstrou ser o melhor tratamento, pois, além de exibir...”.
A afirmação apresentada na alternativa (C) pode levar a uma interpretação
incorreta do estudante, caso não sejam consideradas as Figuras apresentadas. Esta
alternativa afirma que “o grupo controle exibiu o melhor desempenho germinativo,
apesar de...”, quando, na verdade, os resultados obtidos no Controle foram iguais
aos observados nos tratamentos com lixa e água quente.
A afirmação de que “não houve variação no desempenho germinativo durante os
primeiros três dias de avaliação do experimento, independentemente do tratamento...”,
apresentada na afirmativa (D), está incorreta e pode ser facilmente contestada
observando-se os resultados da Figura 1B. A velocidade de germinação das sementes
dos tratamentos com água quente e com ácido sulfúrico diferiu dos demais tratamentos.
60 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Considerando as análises feitas anteriormente, pode-se concluir que a
alternativa (E) representa a afirmativa correta, pois “as sementes não escarificadas
apresentaram potencial de germinação semelhante ao daquelas submetidas à
escarificação térmica (ver Figura 1A), mas exibiram maior velocidade de germinação
(ver Figura 1B). Portanto, o biólogo não precisa usar qualquer tratamento para
estimular a germinação das sementes”.
Referências Bibliográficas FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, 2004, 323p. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2004, 719p.
ENADE Comentado 2008: Biologia 61
QUESTÃO 34
Lagartos apresentam grande diversidade de padrões de atividade, desde espécies
extremamente sedentárias, que passam horas em determinado local, até espécies
que estão quase em constante movimento. Esses padrões estão associados a
estratégias de forrageamento identificadas como caçadores de senta-e-espera e
forrageadores ativos. Os lagartos caçadores de senta-e-espera normalmente
passam a maior parte do tempo parados, observando uma área relativamente ampla
e, ao perceberem uma presa potencial, realizam um ataque rápido; frequentemente,
apresentam corpo robusto, cauda curta e coloração críptica, que favorece sua
camuflagem no ambiente. Os lagartos forrageadores ativos movem-se na superfície
do substrato, introduzindo o focinho sob folhas caídas e fendas do solo; têm corpo
mais delgado, com cauda longa e padrões de listras que podem produzir ilusões de
ótica, quando se movimentam. POUGH et al. A vida dos vertebrados. São Paulo: Atheneu, 1999 (com adaptações).
Em relação ao texto acima, assinale a opção que apresenta a correlação correta
entre modo de forrageio e características morfofisiológicas de lagartos.
(A) Caçadores de senta-e-espera orientam-se mais por estímulos visuais, têm coração proporcionalmente menor e menos hemácias no sangue e são capazes de alcançar maiores velocidades que forrageadores ativos.
(B) Forrageadores ativos movimentam-se lentamente, têm coração proporcionalmente menor e menos hemácias no sangue e dependem mais do metabolismo anaeróbico para sustentar seu forrageio.
(C) Forrageadores ativos orientam-se mais por estímulos visuais, têm coração proporcionalmente maior e mais hemácias no sangue e são capazes de alcançar maiores velocidades que caçadores de senta-e-espera.
(D) Caçadores de senta-e-espera realizam movimentos curtos e rápidos, têm coração proporcionalmente maior e mais hemácias no sangue e dependem mais do metabolismo anaeróbico para sustentar seu forrageio.
(E) Forrageadores ativos e caçadores de senta-e-espera orientam-se por estímulos químicos, têm coração de tamanho mediano e sangue com poucas hemácias e obtêm o ATP necessário para sua termorregulacão no ambiente físico ao seu redor.
Autor: Guendalina Turcato Oliveira Tipo de questão: escolha simples Conteúdo avaliado: Fisiologia animal Alternativa correta: A
62 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Comentário: Os lagartos caçadores de senta-e-espera normalmente passam a maior parte
do tempo parados, observando uma área relativamente ampla e, ao perceberem
uma presa potencial, realizam um ataque rápido. Frequentemente, apresentam
corpo robusto, cauda curta e coloração críptica, que favorece sua camuflagem no
ambiente. Ao correlacionarmos tais afirmações com as estratégias de forrageio
claramente podemos perceber: (1) uma dependência da capacidade visual para
observação e localização da presa potencial em uma área ampla; (2) um padrão
metabólico anaeróbico que sustenta um pico de atividade intensa que permite um
ataque rápido à presa em potencial; (3) um sistema cardiovascular adaptado a tal
padrão metabólico-funcional apresentando assim um coração pequeno e um baixo
número de hemácias; (4) um corpo normalmente curto e com uma coloração críptica
que não só facilitam a camuflagem ao meio ambiente como também seu
deslocamento rápido e padrão cardiovascular.
Ao contrário, os lagartos forrageadores ativos movem-se na superfície do
substrato, introduzindo o focinho sob folhas caídas e fendas do solo, denotando
assim: (1) uma dependência do sistema de quimiorrecepção para detecção das
presas em potencial; (2) um padrão metabólico aeróbico para produção de ATP que
se relaciona com um coração mais robusto e uma maior quantidade de hemácias que
garantem um aporte mais eficiente de oxigênio aos tecidos metabolicamente ativos. O
enunciado também afirma que tais animais apresentam um corpo mais delgado, com
cauda longa e padrões de listras que podem produzir ilusões de ótica, quando se
movimentam, importantes para um mimetismo com o hábitat e com a forma como tais
animais exploraram o meio ambiente e sustentam seu padrão metabólico.
Cabe ressaltar que ambos os grupos são constituídos por animais ectotérmicos,
isto é que não conseguem manter sua temperatura corporal somente com o calor
gerado pelo metabolismo e, assim, dependem de adaptações comportamentais e
interações com o hábitat para obter calor e manter sua temperatura corporal. Bibliografia sugerida MOYENS, C. D.; SCHULTE, P. M. Princípios de Fisiologia Animal. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. RANDALL, D.; BURGGREN, W.; FRENCH. K. Eckert: Fisiologia Animal – Mecanismos e Adaptações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
ENADE Comentado 2008: Biologia 63
QUESTÃO 35 A poluição em ambientes aquáticos pode ser evidenciada com a utilização de uma linhagem transgênica do peixe paulistinha (Danio rerio). Essa linhagem apresenta um gene da luciferase, originário de uma água-viva, que é ativado em resposta a determinados poluentes. Em situação experimental, o peixe vivo muda de cor na presença do poluente e depois, ao ser colocado em água limpa, volta à coloração original e pode ser reutilizado inúmeras vezes.
CARVAN, M. J. et al. Transgenic zebrafish as sentinels for aquatic pollution. In: Annals of the New York Academy of Sciences, 919133-47, 2000 (com adaptações).
Com relação ao fenômeno descrito no texto, é correto afirmar que a mudança na
coloração do peixe:
(A) decorre de alterações em moléculas de RNA que não chegam a afetar os genes do animal.
(B) é um fenômeno que ocorre com frequência em animais transgênicos, mesmo que estes não tenham o gene da luciferase.
(C) decorre da ação de genes constitutivos que são ativados por fatores ambientais.
(D) é um exemplo de como fatores ambientais podem regular o funcionamento de um gene.
(E) é o resultado de eventos mutacionais, como quebras cromossômicas ou alterações gênicas.
Autor: Maurício Bogo Tipo de questão: escolha simples Conteúdo avaliado: Controle da expressão gênica Alternativa correta: D Comentário:
Na obtenção da linhagem transgênica em questão, foi introduzida no genoma do peixe paulistinha uma cópia do gene que codifica a luciferase. A região promotora que regula a expressão deste gene contém elementos regulatórios de resposta a determinados poluentes. Na presença de algum destes poluentes, é induzida a expressão da luciferase que altera a cor do paulistinha. Na ausência de algum destes poluentes, não há expressão da luciferase e consequentemente não ocorre alteração na cor do paulistinha. Bibliografia sugerida LODISH, H.; BERK, A.; MATSUDAIRA, P.; KAISER, C.A.; KRIEGER, SCOTT, M.P.; ZIPURSKY, L.; DARNELL, J. Biologia Celular e Molecular. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
64 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 36
Os componentes do sistema imune envolvem, além de células, proteínas
circulantes, sendo diversos deles utilizados para a identificação de tipos celulares e
para a obtenção de informações genéticas.
Considerando aspectos gerais da Imunologia, é correto:
(A) apenas linfócitos e neutrófilos apresentam antígenos de superfície e, por esse motivo, são células capazes de produzir anticorpos.
(B) a tipagem sanguínea do sistema ABO envolve reações imunológicas e pode ser utilizada para a obtenção de informações genéticas sobre indivíduos.
(C) diferentes tipos celulares de um mesmo indivíduo não podem ser diferenciados por marcadores imunológicos, pois os marcadores de superfície dessas células ligam-se aos mesmos anticorpos.
(D) a região FV (fração variável) de cada anticorpo presente em um conjunto de anticorpos, obtidos do plasma de um único indivíduo, apresenta a mesma sequência de aminoácidos.
(E) a reação de fixação do complemento permite a análise de ligação das fitas complementares de DNA dos anticorpos.
Autor: Moisés Evandro Bauer
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdos avaliados: antígenos eritrocitários, resposta imune, marcadores
genéticos, sistema ABO
Alternativa correta: B
Comentário: É possível através da técnica de aglutinação de antígenos por anticorpos
identificar os principais tipos sanguíneos herdados dos nossos pais. O procedimento
é bastante simples, bastando acrescentar uma gota de anticorpo comercial (anti-A,
anti-B ou anti-Rh) a uma gota de sangue.
Anti-A Anti-Rh Anti-B
ENADE Comentado 2008: Biologia 65
Em pessoas que são A+ por exemplo, observaremos uma reação de
aglutinação de hemácias (visível a olho nu) nas amostras contendo anticorpo anti-A
e anti-Rh. Em sujeitos O-, não se observa nenhuma reação de aglutinação, ao
contrário dos sujeitos AB+ , em que todas as amostras apresentam uma reação de
aglutinação. A reação de aglutinação ocorre devido à propriedade química dos
anticorpos em se ligarem a mais de uma hemácia ao mesmo tempo, levando ao
amontoamento das hemácias.
Não podemos realizar transfusões sanguíneas entre pessoas com tipos
sanguíneos não compatíveis, pois há um grande risco de ocorrerem processos de
aglutinação de hemácias, devido à presença, no indivíduo receptor, de anticorpos
naturais contra os tipos sanguíneos. Por exemplo, um indivíduo receptor do tipo
sanguíneo “A” apresenta anticorpos contra o antígeno “B” presente nas hemácias do
doador. A pessoa do tipo “B”, ao contrário, apresenta anticorpos naturais contra os
antígenos “A” presente nas hemácias das pessoas com este último tipo sanguíneo.
Produzimos estes anticorpos naturalmente para controlar o crescimento de
bactérias da nossa microbiota intestinal. Essas bactérias apresentam antígenos
(açúcares) muito parecidos com os antígenos presentes nas nossas hemácias. Devido
ao processo de tolerância aos antígenos do próprio corpo, um indivíduo com o sangue
“A” (que possui este tipo de açúcar nas suas hemácias) jamais irá produzir anticorpos
contra o próprio antígeno “A”. O cientista austríaco Karl Landsteiner descobriu que as
reações de aglutinação de tipos sanguíneos não compatíveis ocorriam devido a
processos imunológicos e determinou o sistema ABO. Por esta importante descoberta,
ele foi agraciado com o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 1930.
66 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Bibliografia sugerida KINDT, T. J.; GOLDSBY, R. A.; OSBORNE, B. A. Imunologia de Kuby. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. ABBAS, A.; LICHTMAN, A.; POBER, J. Imunologia Celular e Molecular. 6 ed. Editora Elsevier, 2008.
ENADE Comentado 2008: Biologia 67
QUESTÃO 37
A hemofilia é uma doença hereditária, causada por gene localizado no cromossomo
X humano. Considere que um homem hemofílico teve uma filha não hemofílica.
Essa mulher irá se casar com um homem não hemofílico e está preocupada com a
possibilidade de ter um filho (ou uma filha) afetado pela doença, razão pela qual
recorre a um serviço de aconselhamento genético. Considerando a situação
hipotética descrita, avalie as duas asserções a seguir.
No caso descrito, o aconselhamento genético tem como objetivo informar o casal
sobre o risco de vir a ter descendentes portadores ou afetados por uma doença,
porque
o aconselhamento genético é um procedimento usado para diagnóstico e cura de
doenças hereditárias.
Acerca das asserções apresentadas, assinale a opção correta.
(A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
(B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira.
(E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas. Autor: Beatriz Menegotto
Tipo de questão: escolha simples, asserção e razão
Conteúdos avaliados: Padrões de Herança, Aconselhamento Genético, Genética
Médica
Alternativa correta: C
Comentário:
68 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
A primeira asserção é uma proposição verdadeira, pois o aconselhamento
genético tem como objetivo oferecer informações e apoio a famílias em risco de ter,
ou que já têm, membros com defeitos congênitos ou doenças genéticas. Tal prática
ajuda os familiares ou indivíduos a compreender os fatos médicos, incluindo o
diagnóstico, o curso provável da doença e as medidas de controle existentes. Desta
forma, a segunda asserção é uma proposição falsa, porque o aconselhamento
genético não
No caso descrito, a consulta permite que casal entenda como a hereditariedade
contribui para a ocorrência de hemofilia em 50% de seus filhos homens.
é um procedimento usado para diagnóstico, tampouco para cura de
doenças hereditárias.
Bibliografia sugerida READ, A.; DONNAI, D. Genética Clínica: uma nova abordagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. THOMPSON, M.W.; MCINNES, R.R.; WILLARD, H.F. Thompson & Thompson: Genética Médica. 7 ed. São Paulo: Editora Elsevier, 2008.
ENADE Comentado 2008: Biologia 69
QUESTÃO 38
É como se tivesse mil roupas e máscaras. A cada dois dias, quando se reproduz no
interior das células vermelhas do sangue, o protozoário causador da malária
consegue gerar novas combinações de seu material genético e assim produzir
proteínas extremamente diversificadas que lhe permitem escapar das defesas do
organismo humano. Também faz com que os sintomas possam variar de pessoa
para pessoa, dificultando a sua detecção num primeiro momento. Pesquisa FAPESP, nov./2006, n. 109, p. 46-9 (com adaptações).
A partir do texto acima, assinale a opção correta.
(A) A produção de proteínas muito diversificadas por parte do protozoário é o resultado do uso de drogas, para o tratamento da doença, que induzem a resistência microbiana.
(B) A diversidade de sintomas exibidos por pessoas infectadas resulta da grande diversidade de tipos de células vermelhas encontradas no sangue humano.
(C) A grande capacidade de recombinação genética demonstrada pelo protozoário dificulta muito o desenvolvimento de vacinas contra a malária.
(D) O fato de se ter o diagnóstico dificultado num primeiro momento não representa maior dificuldade devido à atual disponibilidade de antibióticos.
(E) A possibilidade de desenvolvimento da doença sem os sintomas habituais é um aspecto positivo, pois indica que há uma atenuação do parasita e que as pessoas estão em melhores condições.
Autor: Carlos Alexandre S. Ferreira e Carlos Graef Teixeira
Tipo de questão: escolha simples
Conteúdos avaliados: Imunologia, Parasitologia, Biologia da saúde
Alternativa correta: C
Comentário: A questão generaliza a estratégia de muitos parasitos, em especial os
causadores da malária (gênero Plasmodium), em alterar as moléculas presentes em
sua superfície com a consequente evasão do sistema imune do hospedeiro.
Conjuntos de sequências gênicas alternativas codificantes para proteínas de
superfície são expressos diferencialmente, mesmo entre organismos inicialmente
idênticos. Desta forma, a alternativa A está incorreta porque o uso de drogas não
induz qualquer alteração significativa envolvida diretamente na geração de
70 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
variabilidade antigênica do plasmódio. A alternativa B está incorreta porque não há a
relação indicada nem o número considerável de tipos de hemácias diferentes em
humanos. A letra D está incorreta, primeiramente, pela própria incoerência de
relacionamento entre falta de diagnóstico e uso de quimioterápicos, além da
dificuldade, nos dias atuais, do desenvolvimento de produtos terapêuticos
antimaláricos para todas as fases do parasito sem o aparecimento precoce de
resistência. A letra E está incorreta porque a existência de sintomas diferentes entre
pacientes reflete somente a variabilidade gerada entre os parasitos, os quais podem
se alterar com o tempo de infecção, sem nenhum tipo de atenuação provável. A letra
C está correta porque afirma que a recombinação genética é a responsável por boa
parte da variabilidade antigênica nos plasmódios, tornando improvável o
desenvolvimento de vacinas inteiramente protetoras baseadas em proteínas que
podem apresentar um imenso número de variações.
Bibliografia sugerida REY, L. Parasitologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
ENADE Comentado 2008: Biologia 71
QUESTÃO 39 – DISCURSIVA
As análises filogenéticas sempre foram importantes para a elaboração de hipóteses
sobre relações de parentesco entre grupos, sendo, historicamente, influenciadas por
conhecimentos teóricos e tecnológicos. Nos últimos anos, a introdução de análises
baseadas em informações do DNA acrescentou informações importantes às
hipóteses filogenéticas já existentes, determinadas por meio de métodos clássicos
como morfologia, e para grupos ainda não estudados.
A partir das informações acima apresentadas, considere que, nas análises
filogenéticas de um grupo monofilético, tenha-se obtido os seguintes resultados:
• a análise que utilizou caracteres morfológicos resultou em uma hipótese
filogenética que dividiu esse grupo em dois clados distintos;
• a análise que utilizou sequências de DNA originou uma hipótese filogenética
segundo a qual esse grupo se encontra dividido em quatro clados distintos.
Com base nos caracteres utilizados em cada uma das análises mencionadas, é
possível afirmar que uma dessas hipóteses explica melhor a evolução do grupo do
que a outra? Justifique sua resposta.
Autor: Sandro L. Bonatto
Tipo de questão: discursiva, dissertativa
Conteúdos avaliados: Evolução e Análise Filogenética
Comentário: Informações quanto a sequências do DNA têm importância e sucesso
crescentes na estimativa das relações filogenéticas entre organismos. Porém,
estudos sobre a qualidade das relações filogenéticas estimadas utilizando-se dados
moleculares (DNA) mostram que os mesmos não são isentos de problemas e
complexidades, os quais, se não tratados corretamente, podem resultar em hipóteses
errôneas. O mesmo pode ser dito de filogenias com caracteres morfológicos.
Portanto, não podemos simplesmente afirmar que filogenias geradas com um tipo de
caráter sejam necessariamente mais corretas do que aquelas geradas por outro tipo
72 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
de caráter. A qualidade dos dados obtidos, bem como o uso de métodos de análise
adequados, é mais importante para se obter boas estimativas de relacionamento
filogenético entre grupos do que o tipo de caráter utilizado. Existem vários métodos
que podem auxiliar na avaliação da qualidade dos caracteres utilizados e dos
resultados obtidos. Outra estratégia utilizada é a combinação dos dois tipos de
caracteres em um único conjunto de dados, que resulte em uma hipótese que seja
consistente com ambos. Finalmente, nas comparações entre as hipóteses
filogenéticas geradas com caracteres moleculares com aquelas geradas por
informações morfológicas, os padrões de relacionamentos são geralmente
concordantes, quando ambas são produzidas com métodos adequados.
Além disso, a questão afirma que, pelos dados morfológicos, o grupo foi
dividido em dois clados e pelos dados de DNA, em quatro. Como nada mais é dito, é
possível que os quatro clados obtidos pela análise do DNA sejam subdivisões dos
dois clados da morfologia. Assim, as duas hipóteses filogenéticas seriam corretas, e
apenas a análise que utilizou sequências de DNA teria gerado uma explicação mais
detalhada. Portanto, com base apenas nos caracteres utilizados e nas informações no
enunciado, não é possível afirmar qual hipótese explica melhor a evolução do grupo.
ENADE Comentado 2008: Biologia 73
QUESTÃO 40 – DISCURSIVA
O processo de gastrulação de um vertebrado é o período em que são definidos o
plano básico do corpo e os três eixos: o da bilateralidade, o dorsoventral e o
craniocaudal. Nessa fase, muitas células adquirem seu destino de desenvolvimento
e informação sobre posição. A maior parte da formação das camadas germinativas
ocorre em um único ponto, o blastóporo, em que as camadas de células em
proliferação direcionam-se e dobram-se para dentro da blastocele, originando as três
camadas celulares: ectoderme, mesoderme e endoderme.
A partir do texto acima, faça o que se pede a seguir.
A Cite dois tecidos originados em cada um dos folhetos embrionários dos vertebrados.
B Que característica comum a Equinodermos e Cordados aparece durante a fase de gastrulação?
Autor: Monica Vianna Tipo de questão: discursiva
Conteúdo avaliado: Embriologia
Comentário: Sobre a parte A da questão 40 (Cite dois tecidos originados em cada um dos
folhetos embrionários dos vertebrados), as respostas corretas são inúmeras e
poderiam incluir as citadas abaixo junto aos nomes dos respectivos folhetos.
- ECTODERME: tecido nervoso;
- MESODERME: tecidos conjuntivo, adiposo, ósseo, cartilaginoso,
muscular, cardíaco, sangue;
- ENDODERME: revestimento do sistema digestório**; tecido respiratório**.
Esta questão expõe uma abordagem tradicional da embriologia, o que pode
destoar do conteúdo apresentado em disciplinas mais modernas e, de forma
especial, na Biologia do Desenvolvimento.
Embora sabidamente alguns folhetos contribuam de forma primária e indutora
na formação de órgãos e tecidos, é importante salientar que sob uma óptica mais
moderna não se atribui uma origem exclusiva a folhetos germinativos. Isto se deve
ao fato de que tecidos de variados tipos dependem da interação com componentes
derivados de outros para a formação de estruturas coesas e funcionais. Excetuando
74 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
aqueles derivados de mesoderme, a maior parte dos demais tecidos, mesmo que
derivados primariamente de ectoderme ou endoderme, necessitam de interação com
mesoderme para formar estruturas funcionais. O principal motivo, mas não único,
para isso é a mesoderme formar o sistema vascular e o sangue, sendo assim
necessário nutrir e oxigenar os demais tecidos e suas células. Outras funções de
derivados de mesoderme necessárias para vários tecidos incluem proporcionar
sistemas de suporte estrutural e isolamento.
Alguns tecidos ainda, como o caso da pele cuja formação básica é epiderme
de origem ectodérmica e derme de origem mesodérmica, dificilmente poderiam ser
considerados derivados exclusivamente de ectoderme ou de mesoderme, por
exemplo. Indicar “pele ou tecido epitelial” como oriunda de ectoderme provavelmente
seja um erro comum nesta questão, pois muitas vezes coloquialmente se diz que “a
pele vem da ectoderme”. Este mesmo erro pode ocorrer em relação a outros tecidos
de origem mista. No caso dos sistemas digestório** e respiratório** normalmente se
aceita que sejam considerados de origem endodérmica, embora uma visão mais
moderna refute esta exclusividade de origem, uma vez que o revestimento interno
do tubo intestinal primitivo vem da endoderme, ainda que os revestimentos, sistema
vascular etc. venham de outros folhetos.
Esta questão também é afetada por um aspecto semântico que é a distinção
entre os termos tecido, sistema e órgão.
Quanto à parte B, pode-se afirmar que tanto equinodermos quanto cordados
são deuterostômios, animais nos quais o orifício que guia a gastrulação – o
blastóporo – origina o ânus.
Bibliografia sugerida GARCIA, S.; GARCIA-FERNANDEZ, C. Embriologia. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. GILBERT, S. Developmental Biology. 8th Ed. Sinauer, 2006. LANZA, R. Handbook of stem cells. Elsevier, 2004. MOORE, K. L.; PERSAUD T. V. N. Embriologia clínica. 8 ed. Elsevier, 2008. SADLER, T.W. Langman, Embriologia Médica. 11 ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2010. WOLPERT, L. Princípios da Biologia do Desenvolvimento. 1 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
COMPONENTE ESPECÍFICO
LICENCIATURA
76 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 41 Com relação ao projeto político-pedagógico, percebe-se que ele não se tem
constituído em instrumento de construção da singularidade das escolas, visto que
não encontramos, nas representações sociais dos conselheiros, referências aos
pressupostos sociopolítico-filosóficos que dariam a feição da escola; além disso, em
sua maioria, as representações sobre o projeto ancoram-se no planejamento. O
projeto, porém, indica um grande avanço quando verificamos, consensualmente, que
sua elaboração se deu de forma participativa. Participação essa que envolveu
conflitos e negociações, resolvidas a partir de decisões majoritárias, indicando uma
nova forma de organização escolar, que rejeita o caráter hierárquico historicamente
construído. Assim, a elaboração do projeto político-pedagógico constitui-se em um
momento de aprendizagem democrática. Marques L. R. O projeto político-pedagógico e a construção da autonomia e da democracia nas representações dos conselheiros. In: Educação e Sociedade, 83(24): 577-97, 2003 (com adaptações).
Tendo em vista as conclusões apresentadas no texto acima, resultantes de pesquisa
realizada com uma comunidade próxima a Recife, infere-se que o projeto
pedagógico de uma instituição escolar
(A) tem uma dimensão teórica pouco importante e ligada à efetivação da autonomia de escolas singulares, mas sua dimensão prática estimula a participação da comunidade escolar para planejar o futuro da escola.
(B) depende do compartilhamento de pressupostos sociopolítico-filosóficos que possam dar feição à escola, pois nada adianta um discurso centrado no planejamento se não se sabe ao certo do que se está falando.
(C) está intrinsecamente ligado ao caráter hierárquico da instituição escolar, vista como aparelho ideológico de estado, a serviço da lógica do capital e da premissa da exploração do homem pelo homem, visando ao lucro.
(D) depende de uma ruptura prévia com os modelos tradicionais de escola, o que conduz à conclusão obrigatória de que há uma ligação intrínseca entre a própria ideia de projeto pedagógico e inovação educacional, no sentido da aprendizagem.
(E) tem funcionado apenas como um mote para catalisar a participação da comunidade em torno da escola, o que permite a ela que se compartilhem efetivamente os mesmos pressupostos sociopolítico-filosóficos que dão feição à escola
ENADE Comentado 2008: Biologia 77
Autor: Guendalina Turcato Oliveira e Regina Maria Rabello Borges
Tipo de questão: escolha simples, com indicação da alternativa correta
Conteúdo avaliado: Projeto Político-Pedagógico
Alternativa correta: B
Comentário: A afirmativa A é incorreta. Embora seja estimulada a participação da
comunidade escolar na elaboração do Projeto Político-Pedagógico [PPP], ele "não
se tem constituído em instrumento de construção da singularidade das escolas". A
afirmativa B é coerente com o texto, pois geralmente "as representações sobre o
projeto ancoram-se no planejamento", mas não há, “nas representações sociais dos
conselheiros, referências aos pressupostos sociopolítico-filosóficos que dariam a
feição da escola”. A afirmativa C é incorreta, pois segundo o texto essa forma de
organização escolar "rejeita o caráter hierárquico historicamente construído". A
alternativa D não é correta, pois no texto não há evidência de ligação entre o PPP e
a inovação educacional. A alternativa E é incorreta porque a elaboração do PPP
acontece “de forma participativa", constituindo "um momento de aprendizagem
democrática", mas isso não implica compartilhamento de pressupostos sociopolítico-
filosóficos, pois esses nem aparecem “nas representações sociais dos conselheiros”.
78 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 42
A educação, direito público subjetivo do cidadão e dever do Estado, tem etapa
compulsória na qual as crianças devem ser matriculadas em unidade escolar a fim
de receber instrução obrigatória. A duração dessa etapa compulsória foi ampliada
pela Lei n. 11.274/2006, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), concedendo um prazo para sua implantação pelos diferentes
sistemas de ensino. Julgue os itens a seguir, relativos à etapa compulsória da
educação no Brasil.
I A fixação da etapa compulsória foi feita pela Constituição Federal, que estabelece o ensino fundamental como etapa obrigatória e gratuita para todos os cidadãos.
II O ensino fundamental, de oito anos segundo a LDB de1996, passou a ter nove anos em 2006, com a alteração daquela lei, tendo agora início aos seis anos.
III A Lei n. 11.274/2006 incorporou a educação infantil ao ensino fundamental, daí a ampliação da duração dessa etapa da educação básica.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo. (B) Apenas os itens I e II estão certos. (C) Apenas os itens I e III estão certos. (D) Apenas os itens II e III estão certos. (E) Todos os itens estão certos.
Autor: Tabajara Kruger Moreira
Tipo de questão: escolha combinada
Conteúdo avaliado: Legislação Alternativa correta: B
Comentário: A Constituição Federal fixa a etapa compulsória que estabelece ensino
fundamental como etapa obrigatória e gratuita para todos os cidadãos. A partir de
2006, o ensino fundamental passou a ter nove anos, incluindo o último ano da
Educação Infantil (6 anos)
ENADE Comentado 2008: Biologia 79
A Educação Infantil passou a ser constituída por: Infantil I (2 anos), Infantil II
(3 anos), Infantil III (4 anos), Infantil IV (5 anos), e o último ano da Educação Infantil
(6 anos)
Deve-se desconsiderar o item III da questão que afirma ter sido
passou a ser considerado o primeiro ano do Ensino Fundamental - 2º (7
anos), 3º (8 anos), 4º (9 anos), 5º (10 anos), 6º (11 anos), 7º (12 anos), 8º (13 anos)
e 9º (14 anos).
incorporada a
Educação Infantil
Considerando-se o exposto acima, a opção correta para a questão é a Letra B.
ao Ensino Fundamental (foi incorporado apenas o último ano da
Educação Infantil).
Bibliografia sugerida Lei nº 11.274/2006 – Ampliação da etapa compulsória (matrícula em escola para instrução obrigatória)
80 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 43
A elaboração de planos de aula de Ciências e Biologia decorre do planejamento
curricular da disciplina, a qual deve articular-se com o projeto pedagógico da escola.
Isso implica reconhecer o geral e o particular em cada ação do cotidiano escolar,
desde os grandes valores abstratos até as atividades mais concretas, como atividades
experimentais em sala de aula e correção de exercícios realizados em casa.
De acordo com as ideias apresentadas no texto, os planos de aula de Ciências e
Biologia
(A) devem materializar, em termos práticos, ações de sala de aula em sintonia com grandes objetivos gerais que extrapolam a própria disciplina escolar.
(B) devem obrigatoriamente ser definidos no planejamento curricular, pois devem estar articulados com linhas gerais e específicas do projeto pedagógico.
(C) podem ser flexíveis, pois os valores abstratos admitem muitas traduções em termos de atividades mais concretas, como a correção de exercícios.
(D) podem ser variáveis em relação às atividades concretas, contanto que não transijam em relação aos valores maiores da instituição escolar.
(E) devem definir objetivos gerais e específicos para as atividades de sala de aula, desde a correção de exercícios até a discussão do projeto pedagógico.
Autor: Eva Regina Carrazoni Chagas
Tipo de questão: escolha simples, com indicação da alternativa correta
Conteúdos avaliados: educação e elaboração dos planos de aula
Alternativa correta: A
Comentário: No enunciado da questão, a afirmativa é de que os planos decorrem do
planejamento curricular da disciplina e também da articulação com o projeto político-
pedagógico. Isto implica o reconhecer o geral e o particular em cada ação do
cotidiano escolar, desde os grandes valores até as atividades mais concretas, como
atividades experimentais em sala de aula e a correção de exercícios em casa.
A alternativa correta é a “A”, que melhor expressa a importância do plano de
aula em Ciências e Biologia já que evita a improvisação e deve estar traduzido nas
ações em sala de aula. Esta opção entre as demais destaca a articulação com o
projeto político-pedagógico da escola. O projeto político-pedagógico é o documento
de identidade da escola, em que aparecem metas, objetivos e demais aspectos
ENADE Comentado 2008: Biologia 81
importantes, que devem orientar as ações da escola, no plano pedagógico e
gerencial. As linhas gerais, os anseios, os sonhos e desejos, os objetivos, os
conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, as orientações filosóficas e
metodológicas da escola devem constituir o projeto político, como afirmam Sacristán
e Gomez (1998). E o plano de aula é, para Selbach e outros, um recorte, uma
parcela importante de um processo global, que faz parte de um contexto escolar que
possibilita a ação em sala de aula e, ainda, cumpre a função de contribuir para a
formação continuada do/a educador/a.
O plano de aula, deste modo, afirmam Selbach, Turella, Rossi et al. (2010),
deve estar afinado com o projeto político-pedagógico, já que esse documento
contém decisões a respeito da prática pedagógica, concretizada no cotidiano escolar
cujas decisões são tomadas em um contexto. Assim, as orientações, bem como os
objetivos gerais da escola, nele estão presentes. As visões de mundo, de homem e
de sociedade também fazem parte do projeto, cujo sentido etimológico significa “ir
para frente”. O plano de aula como recorte de um processo global leva em conta os
objetivos do projeto político-pedagógico e, desta forma, ultrapassa as fronteiras da
sala de aula, na medida em se volta para um contexto muito particular que atende a
uma comunidade escolar e prevê alcançar objetivos amplos e complexos para dar
conta da tarefa de educar, reconhecida, como destaca Freire (1998), com uma forma
de intervenção no mundo. É bom lembrar que o projeto político-pedagógico é
intenção, é compromisso com a formação de cidadãos, para uma sociedade, é
conjunto de definições de ações e características da escola a fim de que cumpra seu
papel, e o plano de aula não pode se distanciar deste. Trata-se de uma intervenção
balizada por objetivos e estratégias selecionadas com atenção e cuidado, levando
em consideração o cenário em que acontece.
Referências Bibliográficas FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz a Terra, 1998. SACRISTÁN, J. GIMENO; GÓMEZ, A. PÉREZ. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artmed, 1998. SELBACH, S.; TURELLA, CATIA; ROSSI, DANIELE et al. Ciências e Didática. Petrópolis: Vozes, 2010.
82 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 44
Para o planejamento de atividades científicas para estudantes, recomenda-se levar
em consideração quatro fatores. Ao se propor um projeto, deve-se explicitar
claramente a base conceitual que se pretende desenvolver; é necessário fazer que
os projetos levem em consideração materiais concretos e evidências que derivem de
observação, e não apenas textos e informações escritas, ou demonstrações de
resultados previsíveis. Finalmente, os projetos devem ser orientados no sentido de
desenvolverem o espírito investigativo dos jovens. THIER, H. Developing inquiry-based science materials: a guide for educators. Nova Iorque: Columbia teachers' College Press, 2001 (com adaptações).
Diante da perspectiva objeto do texto acima, é correto afirmar que os projetos
científicos nas aulas de Ciências e Biologia
(A) devem ter um aspecto eminentemente prático, sem se limitar a demonstrações de resultados previsíveis.
(B) devem ser orientados tendo a investigação e a descoberta como objetivos mais importantes, sem se preocupar com informações.
(C) não devem considerar materiais e textos impressos, pois a descoberta de novas informações científicas não depende deles.
(D) não podem deixar de levar em consideração os textos impressos, pois a base conceitual depende deles.
(E) podem incluir o planejamento de investigações sobre materiais concretos, mesmo sem uma base conceitual clara.
Autor: Eva Regina Carrazoni Chagas
Tipo de questão: escolha simples, com indicação da alternativa correta
Conteúdos avaliados: Educação e elaboração do planejamento de atividades
científicas para educandos em Ciências e Biologia
Alternativa correta: A
Comentário: A recomendação de atender a quatro fatores: explicitar a base conceitual; os
materiais concretos; o destaque para a observação, não limitando o estudo a textos
escritos e demonstrações cujos resultados já são previsíveis e, ainda, a intenção
clara de contribuir para desenvolver o espírito investigativo, encaminha o/a
acadêmico/a para a alternativa “A”, a resposta correta.
ENADE Comentado 2008: Biologia 83
Fica evidente no próprio enunciado a ideia de participação ativa por parte do/a
educando/a. A atenção ao que não é previsível e conhecido também, e salientam-se
a descoberta e a possibilidade de lidar com o novo articulando outros aspectos da
atividade. Deste modo, o aspecto eminentemente prático se apresenta como marca
importante da nova concepção de educação em ciências e biologia. É bom lembrar
que os objetivos gerais, sugestões, orientações e propostas com caráter
interdisciplinar estão definidos nos PCNs e que lá a tônica é a indagação e a busca
por encaminhamentos e soluções, que possibilitem um repertório de experiências
que possam contribuir de modo eficaz para o enfrentamento de situações
inusitadas/difíceis que podem surgir. Fica explícito que a ideia é contextualizar os
estudos aproximando os conteúdos trabalhados com a vida do/a educando/a e
promovendo um elenco de vivências e experiências que possam tornar os
conteúdos significativos. O vínculo com a pesquisa, um dos fatores apontados,
confere ao trabalho o status de conhecimento aberto, como afirmam Morais e
Andrade (2009). Isto é o que gera respostas e ao, mesmo tempo, levanta perguntas
e, assim, mantém a curiosidade e o desejo de aprender, motor que sempre
impulsionou os avanços das Ciências.
Desenvolver o espírito investigativo permite, assinala Guimarães (2009),
ampliar os conteúdos da disciplina, valorizar os saberes do/a educando/a, além de
criar oportunidades para o desenvolvimento de processos mentais, habilidades e
procedimentos de modo que a aprendizagem tenha sentido e se torne significativa.
E, ainda, possibilita a superação da reprodução do que já está posto. Deixa-se
bem marcada a ideia de que o saber é algo em constante construção e
reconstrução e que está relacionado aos conhecimentos já construídos que não
podem ser desconsiderados.
Nesta perspectiva o/a educando/a é colocado como agente de sua própria
aprendizagem, é visto como corresponsável na tarefa de se educar e educar os
outros em comunhão, como afirma Freire (1998). Vale lembrar que as
Ciências/Biologia estão presentes sempre no noticiário, nas revistas, nos filmes, em
muitos meios de comunicação. Isso exige a compreensão e apropriação de muitas
ideias para que cada um/a possa exercer a liberdade de escolhas, desde o iogurte
que pretende comprar até o método anticoncepcional que deseja usar, e que a
84 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
escolha de um cuidado passa pelo conhecimento e pela crítica, como destacam
Marandino, Selles e Ferreira (2009).
Em uma proposta de atividades com cunho prático, o/a educando/a tem a
possibilidade pesquisar, debater, ler, elaborar materiais, argumentar e aprender a
negociar no coletivo, tendo a vantagem de exercitar a tomada de decisões, tão
importante para o exercício da cidadania em uma sociedade que está comprometida
com a vida, em suas mais variadas formas e anseia por qualidade de vida. Eis,
portanto, sua relevância como possibilidade importante na escola.
Referências Bibliográficas FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz a Terra, 1998. GUIMARÃES, L. R. Atividades para a aula de Ciências: ensino fundamental, 6º a 9º ano. São Paulo: Nova Espiral, 2009. MARANDINO, M.; SELLES, S.; FERREIRA, M. Ensino de Biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo: Cortez, 2009. MORAIS, M. B.; ANDRADE, M. H. P. Ciências: ensinar e aprender. Belo Horizonte: Dimensão, 2009.
ENADE Comentado 2008: Biologia 85
QUESTÃO 45
A construção da usina hidrelétrica de Balbina, no Amazonas, foi acompanhada de
uma série de polêmicas, dado que o reservatório formado reteve muita matéria
orgânica. Com a degradação anaeróbica da matéria orgânica, considerável
quantidade de metano (CH4) é produzida. Como o metano tem grande contribuição
para o efeito estufa, muito maior do que o gás carbônico (CO2), têm-se estudado
alternativas para minimizar os efeitos ambientais da hidrelétrica. Qual é a alternativa
mais adequada para minimizar os problemas causados pela produção de metano?
(A) O metano poderia ser queimado, o que levaria à produção de gás carbônico e água, produtos que reduziriam os danos ambientais.
(B) O metano poderia ser queimado, o que provocaria a formação de ácido sulfúrico e água, base da chuva ácida.
(C) O metano poderia ser queimado, o que daria origem ao ozônio, que, em pequenas concentrações, protege o planeta dos efeitos da radiação ultravioleta.
(D) O metano poderia ser solubilizado em água, o que resultaria na formação de ácido carbônico, composto capaz de neutralizar o pH dos rios e lagos amazônicos.
(E) O metano poderia ser oxidado, o que poderia gerar amônia, importante matéria-prima para a produção de adubo.
Autor: Rosane Souza da Silva Tipo de questão: escolha simples, com indicação da alternativa correta Conteúdos avaliados: Química, conservação ambiental, ecologia Alternativa correta: A Comentário:
A queima, ou combustão, do metano (CH4) ocorre pela combinação do metano
com o oxigênio (O2). Nesta interação os hidrogênios da molécula do metano são
arrancados desta e combinam-se ao oxigênio para gerar água (H2O). O carbono
remanescente, ao se combinar com o oxigênio, gera dióxido de carbono (CO2), também
chamado de gás carbônico. Enquanto a água é notoriamente inofensiva, o gás carbono
exibe certa contribuição ao efeito estufa, embora muito menor que o metano. De fato, o
gás carbônico na atmosfera exerce importante papel para a vida terrestre, pois participa
da manutenção do calor na superfície terrestre ao impedir que parte do reflexo da luz
solar saia da atmosfera da terra. Entretanto, o aumento das concentrações de dióxido
de carbono também tem sido apontado como contribuinte do aquecimento global.
Bibliografia sugerida ATKINS, P. W. Moléculas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.
86 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
QUESTÃO 46
A composição do ar foi estudada no século XVIII por meio de experimentos que
envolviam a queima em ambientes fechados, que, por sua vez, levou ao
descobrimento do chamado "ar fixo", que hoje chamamos gás carbônico e sobre o
qual há um grande interesse socioambiental na atualidade. Um experimento comum
nas aulas de Ciências, que repete um
desses antigos ensaios, consiste em
colocar uma vela em um prato com
água e abafá-la com um copo, de
acordo com o esquema abaixo.
Esse experimento permitiu que se compreendesse mais acerca da composição do
ar, conduzindo à descoberta do oxigênio, capaz de tornar o ar respirável novamente.
Nota-se que a vela se apaga e que o nível de água dentro do copo se eleva. A
observação atenta revela que o nível da água se eleva mais rapidamente após o
apagamento da vela. Esse resultado permite demonstrar um fenômeno
(A) físico, pois evidencia que o apagamento da vela diminuiu a temperatura do ar, que se contrai, permitindo a entrada da água, nada devendo ao gás carbônico.
(B) físico, pois evidencia que o apagamento da vela aumenta o volume de gás carbônico na água, aumentando seu volume, o que implica aumento de seu nível no copo.
(C) químico, pois evidencia que a queima da chama consome oxigênio e a água entra no copo para ocupar o lugar vazio, nada devendo ao gás carbônico.
(D) químico, pois evidencia que o gás carbônico produzido se dissolve na água que está no copo, e isso faz aparecer ácido carbônico, o que aumenta o volume da água.
(E) físico e químico, pois ocorre o efeito combinado do consumo químico do oxigênio, da dissolução do gás carbônico e da expansão física da água do copo.
Autor: Walter Filgueira de Azevedo Junior
Tipo de questão: escolha simples, com indicação da alternativa correta
Conteúdos avaliados: Física, Biofísica, composição do ar, dilatação dos gases Alternativa correta: A
Comentário:
ENADE Comentado 2008: Biologia 87
A presente questão trata do fenômeno físico de dilatação dos gases devido ao
aumento da temperatura. Tal experimento é clássico, sendo que há relatos sobre ele
que datam de mais de 2200 anos atrás (JASTROW, 1936). No experimento descrito,
uma vela acesa é colocada sobre um prato com água. Em seguida um copo é
colocado sobre a vela acesa. Após a colocação do copo a vela queima em média
por uns 10 segundos e depois a vela se apaga. Tal experimento, apesar de
extremamente simples, dá margem a erros de interpretação. Sobre o aumento do
nível da água após o apagamento da vela, há muitos que afirmam, de forma
errônea, que o nível da água sobe devido à queima do oxigênio contido no copo
(VERA et al., 2011). Na verdade uma observação atenta, como destacado no
enunciado da questão, indica que o nível da água no copo sobe de forma
pronunciada após a chama apagar-se, o que é um indicativo da participação da
temperatura no fenômeno. A chama da vela, ao apagar-se, diminui a temperatura
interna no copo, a queda da temperatura leva a uma queda da pressão interna do
copo, a pressão externa (pressão atmosférica) continua a mesma, e assim ocorre a
subida do nível da água no copo (VITZ, 2000).
O experimento pode ser visualizado na página:
web:http://laplace.ucv.cl/TrackMovingObjects/Gallery/Candle/Candle_demonstration/
movimiento.html.
Se considerarmos o gás do copo como um gás ideal, temos que a equação
dos gases ideais se aplica. Tal equação é a seguinte:
PV = nRT
onde: P é a pressão do gás, V o volume do gás, n o número de moles do gás,
R a constante dos gases e T a temperatura do gás ideal.
Consideramos que não há variação na quantidade de gás dentro do copo (o
número de moles de gás é constante). Assim, quando a chama está acesa, temos
uma temperatura relativamente alta, e com o apagamento da vela há um decréscimo
da temperatura interna, assim o produto PV (Pressão x Volume) tem que cair
também, ou seja, a pressão do gás cai, permitindo a subida do nível da água no
copo e uma diminuição do volume do gás. A pressão no final equilibra-se com a
pressão externa (pressão atmosférica), mas o volume do ar dentro do copo cai,
causando o aumento do nível da água.
88 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
A alternativa certa é a “A”.
A alternativa “B” está errada, pois afirma que “o apagamento da vela aumenta
o volume de gás carbônico na água, aumentando seu volume, o que implica
aumento de seu nível no copo”. Não há aumento de volume de gás no copo, e sim
uma diminuição de volume devido ao resfriamento após o apagamento da vela.
A alternativa “C” está errada, pois afirma: “químico, pois evidencia que a
queima da chama consome oxigênio e a água entra no copo para ocupar o lugar
vazio, nada devendo ao gás carbônico”. O aumento do nível de água deve-se à
diminuição da temperatura, e não ao nível de oxigênio.
A alternativa “D” está errada, pois afirma: “químico, pois evidencia que o gás
carbônico produzido se dissolve na água que está no copo, e isso faz aparecer ácido
carbônico, o que aumenta o volume da água”. Não há aumento significativo do
volume da água. O fenômeno é físico, devido à diminuição da temperatura após o
apagamento da chama da vela.
A alternativa “E” está errada, pois afirma: “físico e químico, pois ocorre o
efeito combinado do consumo químico do oxigênio, da dissolução do gás carbônico
e da expansão física da água do copo”. A subida do nível da água, após o
apagamento da chama da vela, é devido à diminuição da temperatura do gás
inserido no copo.
Referências Bibliográficas JASTROW, J. (Ed.). The story of human error. London: D. Appleton-Century Company (versão reduzida disponível em http://books.google.cl/books?id=tRUO45YfCHwC, acessada em 2 de maio de 2011), 1936. VERA, F.; RIVERA, R.; NÚÑEZ, C. Burning a Candle in a Vessel, a Simple Experiment with a Long History. Science & Education (DOI: 10.1007/s11191-011-9337-4), 2011. VITZ, E. Paradoxes, puzzles, and pitfalls of incomplete combustion demonstrations. Journal of Chemical Education, 77(8), 1011-1013, 2000.
ENADE Comentado 2008: Biologia 89
QUESTÃO 47
O estudo do desenvolvimento humano tem se baseado, em grande parte, nas
pesquisas com crianças de classe média da Europa e da América do Norte, as quais
têm ensejado generalizações excessivas sobre toda a humanidade. Afirmações
como "a criança começa a fazer isso ou aquilo" em determinada idade seriam mais
bem enunciadas como "a criança da cultura X fez isso ou aquilo" na idade tal. ROGOFF, Barbara. A natureza cultural do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2005 (com adaptações).
Com base no texto acima, analise as asserções seguintes, que poderiam ter sido
enunciadas por um professor brasileiro, ao justificar sua crença de que não pode
apresentar a seus alunos certos conteúdos.
Crianças brasileiras de 10 anos que estão na escola hoje não compreendem como é
possível o inverno ser a estação da neve e o outono a estação em que árvores ficam
com as folhas vermelhas,
porque
vivem em um país tropical e não podem ser comparadas a crianças de mesma idade
de países de clima temperado, que presenciam alterações cíclicas anuais diferentes.
Com referência a essas asserções, assinale a opção correta.
(A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
(B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
(C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
(D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
(E) As duas asserções são proposições falsas.
90 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Autor: Regina Maria Rabello Borges
Tipo de questão: asserção e razão; escolha simples, com indicação da resposta correta
Conteúdo avaliado: Educação
Alternativa correta: A
Comentário: A questão 47 da prova do ENADE 2008 para graduandos em Ciências
Biológicas induz como correta a alternativa A, devido ao texto (ROGOFF, 2005) que
lhe serve como referência. Considerando que afirmações do tipo "a criança começa
a fazer isso ou aquilo" em determinada idade seriam mais bem enunciadas como "a
criança da cultura X fez isso ou aquilo" na idade tal, foi colocada uma situação para
ser analisada e interpretada.
A ideia de que crianças brasileiras de 10 anos não possam compreender o
inverno como a “estação da neve e o outono a estação em que árvores ficam com
as folhas vermelhas”, porque “vivem em um país tropical”, é coerente com o texto
incluído no início da questão. Então, a resposta esperada (confirmada pelo gabarito)
é a alternativa A (As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é
uma justificativa correta da primeira).
Entretanto, mesmo tratando-se de crianças que vivem em regiões de clima
tropical, é “bastante simplista a forma de o autor entender capacidade cognitiva.
Afinal, apesar de algumas crianças viverem sem este contato quando se trabalha tal
conteúdo, existem muitos outros recursos e fatos que podem cercar o aprendizado e
melhorar seu entendimento, é um entendimento de mundo”.
Por outro lado, o Brasil tem um imenso território e a questão não leva em
consideração que na Região Sul, em especial no RS e em SC, o clima é temperado,
apresentando alterações cíclicas anuais.
Sendo a questão 47 um tanto reducionista, por subestimar a capacidade
cognitiva de crianças de 10 anos que vivem em um mundo globalizado,
particularmente considero válida a opção E (As duas asserções são proposições
falsas). O gabarito aponta para a opção A e é evidente, na leitura da questão, que a
intenção do autor é essa. Mas é uma questão questionável, pois sendo a prova do
ENADE preparada para todo o imenso território do Brasil deveria considerar, no
mínimo, as diferenças climáticas regionais.
ENADE Comentado 2008: Biologia 91
QUESTÃO 48
A interdisciplinaridade tem uma ambição diferente daquela da pluridisciplinaridade.
Ela diz respeito à transferência de métodos de uma disciplina para outra. Podemos
distinguir três graus de interdisciplinaridade: um grau de aplicação. Por exemplo, os
métodos da física nuclear transferidos para a medicina levam ao aparecimento de
novos tratamentos para o câncer; um grau epistemológico. Por exemplo, a
transferência de métodos da lógica formal para o campo do direito produz análises
interessantes da epistemologia do direito; um grau de geração de novas disciplinas.
Por exemplo, a transferência dos métodos da matemática para o campo da física
gerou a física matemática. NICOLESCU, B. Educação e transdisciplinaridade. UNESCO, Brasília, 2000 (com adaptações).
De acordo com o texto acima, é correto afirmar que
(A) a interdisciplinaridade difere da pluridisciplinaridade por ter esta a ambição de transferir métodos de uma disciplina a várias outras.
(B) a transferência de métodos e epistemologias leva à superação da antiga ideia de um campo delimitado de conhecimento reconhecido como disciplina.
(C) a interdisciplinaridade trouxe avanços significativos para poucas áreas, podendo ser citados a oncologia, o direito e a física matemática.
(D) as tradicionais disciplinas acadêmicas perderam sua razão de ser diante das novas disciplinas criadas pelo grau maior da interdisciplinaridade.
(E) a interdisciplinaridade pode contribuir para a criação de novas disciplinas e não para o fim da ideia de disciplina como campo delimitável do conhecimento
Autor: Regina Maria Rabello Borges
Tipo de questão: escolha simples, com indicação da resposta correta Conteúdo avaliado: Educação Alternativa correta: E
Comentário: A questão 48, como diversas outras de múltipla escolha incluídas na prova do
ENADE 2008 para graduandos em Ciências Biológicas, não necessita de domínio do
conteúdo (no caso, a interdisciplinaridade) para ser respondida corretamente. Basta
fazer uma leitura atenta do texto proposto no corpo da questão e com ele comparar
cada uma das alternativas de resposta. Ou seja, a questão não avalia a
memorização de conceitos e sim a interpretação textual.
92 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Segue a análise de cada alternativa de resposta.
Na primeira (A), consta que “a interdisciplinaridade difere da
pluridisciplinaridade por ter esta a ambição de transferir métodos de uma disciplina a
várias outras.” Entretanto, isso se opõe à ideia de Nicolescu (2000) expressa no corpo
da questão. É a interdisciplinaridade, e não a pluridisciplinaridade, que busca transferir
métodos de uma disciplina a outra. Portanto, essa alternativa não é correta.
A alternativa B, segundo a qual “a transferência de métodos e epistemologias
leva à superação da antiga ideia de um campo delimitado de conhecimento
reconhecido como disciplina”, também não está certa. A transferência de métodos e
epistemologias não descaracteriza a existência de disciplinas como campos
delimitados de saber.
Também é inadequada a alternativa C, pela qual “a interdisciplinaridade
trouxe avanços significativos para poucas áreas, podendo ser citados a oncologia, o
direito e a física matemática”. O texto menciona oncologia, epistemologia do direito e
física matemática como exemplos, mas há muitos outros, alguns bem familiares aos
biólogos, como a biofísica, a bioquímica e a bioinformática. A interdisciplinaridade
tem permitido avanços em diversas áreas.
A alternativa D afirma que “as tradicionais disciplinas acadêmicas perderam
sua razão de ser diante das novas disciplinas criadas pelo grau maior da
interdisciplinaridade”, mas essa ideia é inteiramente equivocada. A
interdisciplinaridade pressupõe a existência de disciplinas devidamente delimitadas.
A alternativa E está correta: “a interdisciplinaridade pode contribuir para a
criação de novas disciplinas e não para o fim da ideia de disciplina como campo
delimitável do conhecimento.” De fato, a interdisciplinaridade, embora contribua para
a criação de novas disciplinas, não corresponde ao fim da ideia de disciplina como
campo delimitável do conhecimento. Portanto, a única alternativa correta é a
alternativa E.
ENADE Comentado 2008: Biologia 93
QUESTÃO 49 – DISCURSIVA
O que tem sido feito em termos de educação ambiental? A grande maioria das
atividades é feita dentro de uma modalidade formal. Os temas predominantes são
lixo, proteção do verde, uso e degradação dos mananciais, ações para conscientizar
a população em relação à poluição do ar. A educação ambiental que tem sido
desenvolvida no país é muito diversa, e a presença dos órgãos governamentais
como articuladores, coordenadores e promotores de ações é ainda muito restrita.
A educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as
pessoas para transformar as diversas formas de participação em potenciais
caminhos de dinamização da sociedade e de concretização de uma proposta de
sociabilidade baseada na educação para a participação. JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. In: Cadernos de Pesquisa, v. 118, 2003, p. 189-206 (com adaptações).
São diferentes os modelos de educação ambiental praticados no mundo. Apesar das
grandes possibilidades de ação, da diversidade temática e das peculiaridades de
cada região, a prática, não raro, parece estar muito centralizada na figura do
"educador", ator que tem um conhecimento a transmitir para os sujeitos (atores que
necessitam mudar sua visão de mundo e adotar novas posturas). Esse tipo de
prática ignora os diferentes olhares e interesses das pessoas envolvidas no
processo. Por exemplo, toda comunidade necessita de um programa de reciclagem
de lixo? Esta é uma questão importante e urgente na visão da comunidade? Uma
realidade, para ser transformada sem imposições, necessita do comprometimento,
da participação e do envolvimento de todos os atores sociais. Afinal, precisamos de
uma educação ambiental que signifique envolvimento e participação ambiental. Considerando as ideias centrais desenvolvidas nos textos acima, redija um texto
dissertativo sobre o seguinte tema.
Educação ambiental: envolvimento e participação.
Aborde em seu texto os seguintes aspectos:
a) papel dos diferentes atores sociais;
b) processos e métodos de trabalho na educação ambiental;
c) escolha dos temas a serem trabalhados na educação ambiental.
94 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Autor: Júlio César Bicca-Marques
Tipo de questão: discursiva Conteúdo avaliado: Educação ambiental
Comentário: Educação ambiental: envolvimento e participação
A demanda por recursos naturais e espaço para suprir as necessidades de
uma população composta por quase 7 bilhões de habitantes em um modelo de
desenvolvimento predominantemente capitalista, consumista e poluidor tem
provocado um nível de impacto sobre os ambientes naturais sem precedentes na
história da humanidade. Este cenário tem tornado o desafio da educação ambiental
de promover o envolvimento e a participação das pessoas no estabelecimento de
uma mentalidade de respeito a todas as formas de vida na Terra uma tarefa urgente.
Para tanto, a educação ambiental requer o envolvimento de atores sociais de todas
as áreas do conhecimento e de atuação (à semelhança da biologia da conservação),
o engajamento de organizações não governamentais e o comprometimento de
órgãos governamentais como articuladores, coordenadores e promotores de ações
que visem a proteção da biodiversidade e o uso sustentável dos recursos naturais.
Esta interdisciplinaridade destaca a complexidade do desafio e a necessidade do
educador ambiental atuar como aprendiz dos valores, costumes, saberes,
sensibilidades e demandas da sociedade que pretende influenciar, além de seu
papel como divulgador de conhecimento, facilitador, estimulador e promotor de
atitudes de respeito à natureza. O educador ambiental deve, acima de tudo, servir
de exemplo de uma postura ética, cidadã e de coerência entre discurso e atitude.
Segundo o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), a
educação ambiental deve contemplar sete linhas de ação: educação ambiental por
meio do ensino formal; educação no processo de gestão ambiental; campanhas de
educação ambiental para usuários de recursos naturais; cooperação com meios de
comunicação e comunicadores sociais; articulação e integração comunitária;
articulação intra e interinstitucional; e rede de centros especializados em educação
ambiental em todos os estados brasileiros. Portanto, a tarefa da educação ambiental
transcende os limites da sala de aula e de uma modalidade ultrapassada de
transmissão unidirecional de conhecimentos. Neste sentido, uma ampla gama de
ENADE Comentado 2008: Biologia 95
métodos de trabalho tem sido empregada no intuito de estimular os diferentes
interlocutores a admirar a natureza, a analisar criticamente o seu papel no cenário
ambiental atual e a adotar uma postura política e cidadã de enfrentamento da
problemática detectada. Estes métodos incluem trilhas ecológicas, jogos, campanhas
publicitárias por diversos meios de comunicação (jornal, televisão, rádio, internet e
“outdoors”) e expressões artísticas (literatura, música, teatro, fotografia e pintura).
Além desta variedade de métodos de trabalho, os temas abordados por
programas de educação ambiental devem levar em consideração as peculiaridades
do público-alvo (tais como local de moradia [urbano ou rural], nível de escolaridade e
renda familiar). A definição dos temas deve ser realizada em conjunto com a
população local, procurando compatibilizar suas demandas e anseios com a
conservação ambiental. Consequentemente, os temas diferirão significativamente de
uma realidade para outra. Esta contextualização local da problemática ambiental é
essencial para promover o envolvimento e a participação das pessoas. A existência
de uma baixa correlação entre nível de conhecimento e ação sugere que uma
abordagem que destaque a crise ambiental global e suas principais causas
(destruição, fragmentação e alteração de hábitats, poluição, introdução de espécies
e sobre-exploração) seja insuficiente para tirar as pessoas da inércia do comodismo
do comportamento-padrão esperado por uma sociedade capitalista e consumista.
Esta fraca correlação também pode estar relacionada ao fato de que um enfoque em
aquecimento global ou mudanças climáticas pode promover uma sensação de
impotência nas pessoas, impedindo-as de reconhecer que grande parte da crise
global tem origem em problemas locais e de agir em prol de sua resolução. A
educação ambiental também deve destacar que todas as formas de vida que
compartilham do planeta conosco merecem respeito e que somos parte desta
biodiversidade da qual dependemos como fonte de alimentos, fibras, remédios,
combustíveis, serviços ecossistêmicos e bem-estar psicológico e espiritual pela
contemplação de paisagens naturais e o convívio com animais domésticos de
estimação e plantas ornamentais.
Quando ou onde houver uma sociedade na qual todos sejam educadores e
educados ambientais que reconheçam a inexorável ligação do homem à natureza, a
promoção do envolvimento e da participação dos cidadãos terá passado de desafio
96 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
para realidade. Esta sociedade é a chave para o sucesso de um desenvolvimento
sustentável que permita o acesso a um meio ambiente saudável a todos os seres vivos.
Bibliografia sugerida BICCA-MARQUES, J. C. Integrando ensino, pesquisa e extensão para resolver um problema de conservação ambiental e saúde pública, pp. 119-130. Em: J. L. N. AUDY; M. C. MOROSINI (Eds.). Inovação, Universidade e Relação com a Sociedade: Boas Práticas na PUCRS. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009. BRASIL (Ministério do Meio Ambiente/Diretoria de Educação Ambiental & Ministério da Educação/Coordenação Geral de Educação Ambiental). Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA. 3 ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental: A Formação do Sujeito Ecológico. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2011. CLAYTON, S.; MYERS, G. Conservation Psychology: Understanding and Promoting Human Care for Nature. Oxford: Wiley-Blackwell, 2009. JACOBSON, S. K.; MCDUFF, M. D.; MONROE, M. C. Conservation Education and Outreach Techniques. Oxford: Oxford University Press, 2006. MARSH, L. K. Making conservation count: primates, fragmentation, and the future, pp. 17-36. Em: J. C. BICCA-MARQUES. A Primatologia no Brasil, vol. 10 Porto Alegre: Sociedade Brasileira de Primatologia, 2007. MYERS, N. Global biodiversity II: losses and threats, pp. 123-158. Em: G. K. MEFFE; C. R. CARROLL (eds.). Principles of Conservation Biology. 2nd ed.. Sunderland: Sinauer Associates, 1997.
ENADE Comentado 2008: Biologia 97
QUESTÃO 50
Um dos professores de uma escola informou a seus alunos que a malária é uma
doença que atinge 500 milhões de pessoas anualmente, com 1 milhão de mortes, a
maioria de crianças, e que, a cada 30 segundos, uma criança morre de malária no
mundo. Após apresentar essas informações, o professor propôs aos alunos o tema
da prevenção de malária para a feira de ciências na escola em que leciona.
Entretanto, seus alunos argumentaram que não havia malária em sua cidade e que
o tema não era importante para eles. Diante disso, o professor decidiu insistir na
proposta, fundamentando-a com dois argumentos: (1) a malária é um problema de
saúde pública de proporção planetária, e os estudantes devem ser despertados para
questões socioambientais amplas; (2) as medidas de prevenção da malária podem
trazer impacto para combater outras importantes endemias presentes no contexto
urbano brasileiro da atualidade.
Considerando que você seja o professor referido na situação hipotética acima,
elabore um conjunto de instruções para que os alunos possam montar um trabalho
expositivo sobre o tema da malária na feira de ciências, incluindo possibilidades de
prevenção de outras endemias brasileiras, utilizando pelo menos cinco das
seguintes palavras-chave:
• plasmódio (ou qualquer referência a protozoário/esporozoário); • agente causador da doença; • agente transmissor da doença; • fase larval; • hematófago; • chuva / acúmulo de água / água parada; • temperatura (ou referência à sazonalidade do ciclo de vida do vetor); • febre cíclica (ou outra referência da sintomatologia da doença); • Anopheles; • dengue (incluindo a menção à dengue hemorrágica); • Aedes aegypti; • criatórios domésticos (ou outra expressão que denote locais no âmbito
doméstico utilizados pelo mosquito); • febre amarela.
98 Cláudia Dornelles, Fernanda Nunes, Laura Utz (Orgs.)
Autor: Tabajara Kruger Moreira
Tipo de questão: discursiva Conteúdos avaliados: Biologia da Saúde e Parasitologia
Comentário: A forma mais grave de malária no Brasil é a causada pelo protozoário
Plasmodium falciparum, apresentando um quadro clínico variável que inclui febre,
calafrios, suores e dor de cabeça, podendo evoluir para insuficiência renal e
hepática, encefalite aguda, coma e óbito. A transmissão é realizada pela fêmea
hematófaga de vários mosquitos do gênero Anopheles. As medidas preventivas
incluem um saneamento eficaz como aterro e drenagem de água represada,
principalmente em calamidades que aumentem a disponibilidade de água para
criação desses insetos, desmatamento desenfreado, recipientes que possam servir
de reservatório temporário para o desenvolvimento de formas larvais, incluindo o
Aedes aegypti transmissor da Dengue e Febre Amarela em áreas urbanas e,
pulverização de inseticida, por órgãos governamentais de saúde pública, para as
formas adultas do mosquito.
ENADE Comentado 2008: Biologia 99
LISTA DE CONTRIBUINTES
Ana Cristina Aramburu
Beatriz Gama Menegotto
Carlos Alexandre S. Ferreira
Carlos Graef Teixeira
Clarice Sampaio Alho
Cláudia Leães Dornelles
Eduardo Eizirik
Eliane Romanato Santarem
Eva Regina Chagas
Gervásio Silva Carvalho
Guendalina Turcato
Júlio César Bicca-Marques
Leandro Vieira Astarita
Léder Xavier
Luis Augusto Basso
Maria-Rotraut Conter
Maurício Bogo
Moisés Evandro Bauer
Mônica Vianna
Nelson Ferreira Fontoura
Regina Maria Rabello Borges
Rosane Souza da Silva
Sandro L. Bonatto
Tabajara Kruger Moreira
Walter Filgueira de Azevedo Junior