Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

68
Fides christianorum resurrectio Christi est Ano da Fé 2012-2013 ANO XXX - N.3/4- 2012 - R$ 15,00 - 5 Santo Agostinho In caso di mancato recapito rinviare a Uff. Poste Roma Romanina per la restituzione al mittente previo addebito. If undelivered please return to sender, postage prepaid, via Romanina post office, Roma, Italy. En cas de non distribution, renvoyer pour restitution à lʼexpéditeur, en port dû, à: Ufficio Poste Roma Romanina, Italie In caso di mancato recapito rinviare a Uff. Poste Roma Romanina per la restituzione al mittente previo addebito. If undelivered please return to sender, postage prepaid, via Romanina post office, Roma, Italy. En cas de non distribution, renvoyer pour restitution à lʼexpéditeur, en port dû, à: Ufficio Poste Roma Romanina, Italie www.30giorni.it MENSILE SPED. IN ABB. POST. Tar. Economy Taxe Percue Tassa Riscossa Roma. ED. TRENTA GIORNI SOC. COOP. A R. L. ISSN 1827-627X www.30giorni.it MENSILE SPED. IN ABB. POST. Tar. Economy Taxe Percue Tassa Riscossa Roma. ED. TRENTA GIORNI SOC. COOP. A R. L. ISSN 1827-627X nella Chiesa e nel mondo nella Chiesa e nel mondo Diretor: Giulio Andreotti na Igreja e no mundo Diretor: Giulio Andreotti na Igreja e no mundo

Transcript of Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Page 1: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Fides christianorum resurrectio Christi est

Ano da Fé 2012-2013

AN

O X

XX -

N.3

/4-

2012 -

R$ 1

5,0

0 -

€ 5

Santo Agostinho

In c

aso

di m

an

cato

recap

ito

rin

via

re a

Uff

. Po

ste

Ro

ma R

om

an

ina p

er la

resti

tuzio

ne a

l mit

ten

te p

revio

ad

deb

ito

. If u

nd

eli

vere

d p

lea

se

retu

rn to

sen

der,

po

sta

ge p

rep

aid

, via

Ro

man

ina p

ost o

ffic

e,

Ro

ma

, Ita

ly.

En

cas d

e n

on

dis

trib

uti

on

, re

nvo

yer p

ou

r re

sti

tuti

on

à lʼ

exp

éd

iteu

r, e

n p

ort

, à: U

ffic

io P

oste

Ro

ma R

om

an

ina

, Ita

lie

In c

aso

di m

an

cato

recap

ito

rin

via

re a

Uff

. Po

ste

Ro

ma R

om

an

ina p

er la

resti

tuzio

ne a

l mit

ten

te p

revio

ad

deb

ito

. If u

nd

eli

vere

d p

lea

se

retu

rn to

sen

der,

po

sta

ge p

rep

aid

, via

Ro

man

ina p

ost o

ffic

e,

Ro

ma

, Ita

ly.

En

cas d

e n

on

dis

trib

uti

on

, re

nvo

yer p

ou

r re

sti

tuti

on

à lʼ

exp

éd

iteu

r, e

n p

ort

, à: U

ffic

io P

oste

Ro

ma R

om

an

ina

, Ita

lie

ww

w.3

0g

iorn

i.it

ME

NS

ILE

SP

ED

. IN

AB

B. P

OS

T.

Tar.

Eco

no

my T

axe P

erc

ue T

assa R

isco

ssa R

om

a.

ED

. TR

EN

TA

GIO

RN

I SO

C. C

OO

P. A

R. L

.

ISS

N 1

82

7-6

27

X

ww

w.3

0g

iorn

i.it

ME

NS

ILE

SP

ED

. IN

AB

B. P

OS

T.

Tar.

Eco

no

my T

axe P

erc

ue T

assa R

isco

ssa R

om

a.

ED

. TR

EN

TA

GIO

RN

I SO

C. C

OO

P. A

R. L

.

ISS

N 1

82

7-6

27

Xnella Chiesa e nel mondo nella Chiesa e nel mondo

Diretor: Giulio Andreottina Igreja e no mundo Diretor: Giulio Andreottina Igreja e no mundo

Page 2: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Estou muito contente, portanto, com o fato de 30Giorni fazer uma nova edição destepequeno livro que contém as orações fundamentais dos cristãos, amadurecidas ao longodos séculos. Elas nos acompanham durante todas as vicissitudes da nossa vida e nos aju-dam a celebrar a liturgia da Igreja rezando. Faço votos de que este pequeno livro possa setornar um companheiro de viagem para muitos cristãos.

da apresentação do cardeal Joseph Ratzinger(eleito Papa em 19 de abril de 2005 com o nome de Bento XVI)

QUEM REZA SE SALVA

O livrinho Quem reza se salva que 30Dias já distribuiu centenas de milhares de exemplares,contém as orações mais simplesda vida cristã como as da manhã e da noite, e tudo o que ajuda para uma boa confissão.

CUSTA APENAS 1€

o exemplar mais despesas de expedição.

É possível solicitar exemplares de todas as edições (a edição italiana apresenta-se em dois formatos, grande e pequeno), escrevendo a 30GIORNI via Vincenzo Manzini,45 - 00173 Roma Ou ao endereço e-mail: [email protected]

AS OUTRAS EDIÇÕES EM LÍNGUA ITALIANA, FRANCESA,ESPANHOLA, INGLESA, ALEMÃ E CINESA

Page 3: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

«Veni ergo Domine Iesu... Ad me veni, quaere me, inveni me,suscipe me, porta me»

“Vem, então, Senhor Jesus... Vem a mim, busca-me, encontra-me, toma-menos braços, carrega-me”

(Santo Ambrósio, Expositio in psalmum 118)

Padre Giacomo Tantardini27 de março de 1946 – 19 de abril de 2012

Page 4: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

IGREJA

4 30DIAS N° 3/4 - 2012

A redação da revista 30Dias naIgreja e no mundo, dirigida por Giu-lio Andreotti, anuncia o falecimen-to de padre Giacomo Tantardini,ocorrida na noite de quinta-feira,19 de abril de 2012, em Roma.

Sacerdote, alma da nossa revistajuntamente com o senador An-dreotti que a dirige desde 1993,padre Giacomo Tantardini nasceuem Barzio (Lecco), em 27 de mar-ço de 1946.

Batizado em 31 de março domesmo ano, foi crismado pelobeato cardeal Ildefonso Schusterem 7 de julho de 1953 e recebeu aprimeira comunhão em 27 demaio de 1954.

Estudou Teologia na FaculdadeTeológica de Milão do Semináriode Venegono. Encontrou Dom Lui-gi Giussani e foi ordenado sacerdo-te pelo cardeal Giovanni Colombo,arcebispo de Milão, em 27 de ju-nho de 1970. No início da décadade 1970 obteve a licenciatura emDireito Canônico junto à Pontifícia

Universidade Gregoriana. Realizoua sua atividade pastoral principal-mente entre os estudantes da Uni-versidade de Roma. Incardinado nadiocese de Roma, de 1983 a 1997foi pároco em Santa MargheritaMaria Alacoque no bairro Tor Ver-gata e assistente eclesiástico da Uni-versidade de Roma “Tor Vergata”.Lecionou na Libera Università SanPio V de Roma, na Università degliStudi de Pádua e na Pontifícia Fa-culdade Teológica San Bonaventu-ra – Seraphicum – de Roma.

No início da década de 1980, apedido de jovens que se conver-tiam ao cristianismo, reuniu emum pequeno livro as orações maissimples da vida cristã e tudo o queajuda a fazer uma boa confissão. Opequeno livro Quem reza se salva,traduzido em várias línguas, é dis-tribuído em centenas de milharesde exemplares em todo o mundo. Aapresentação do pequeno livro foiescrita pelo cardeal Joseph Ratzin-ger, em 18 de fevereiro de 2005.

Na primeira página, padre Giacomo, em Pádua, em 25 de novembro de 2008, durante a apresentação do livro Montini e Agostino. Sant’Agostino negli appunti inediti di Paolo VI, publicado por 30Giorni; aqui, à direita, padre Giacomo durante a missa solene por ocasião de seu quadragésimo aniversário de sacerdócio, na igreja paroquial de Santo Alexandre, em Barzio (Lecco), sua cidade natal, em 1º de agosto de 2010. À sua esquerda, o então pároco de Barzio, padre Alfredo Comi

Page 5: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

30DIAS N° 3/4 - 2012 5

Page 6: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

IGREJA

30DIAS N° 3/4 - 2012 6

Roma, junho de 2010

Caríssimo padre Alfredo,agradeço-lhe, contente com o con-

vite a recordar o quadragésimo ani-versário da minha ordenação sacer-dotal em Barzio, no primeiro domin-go de agosto, quando celebramos emnossa paróquia a festa de Nossa Se-nhora do Rosário.

Quantas recordações transbordan-tes de comoção e gratidão ao Senhorrenova a festa de Nossa Senhora doRosário, com a procissão à noite pelas

ruas da cidade! Aquelas festas e aque-las procissões foram talvez o momen-to mais alegre e bonito da minha in-fância. Como era bonita aos olhos deum menino a imagem toda douradade Nossa Senhora exposta na igreja ecarregada em procissão!

Só recentemente soube por mi-nhas irmãs que minha mãe, logo de-pois do meu batismo, ofereceu aNossa Senhora, diante daquela ima-gem, o seu primeiro filho, que uminstante antes se tornara filho deDeus. Quantas lágrimas de gratidão

Confiança!

É a mão de Jesus

que tudo conduz...

Santa Teresa do Menino Jesus

Em 2010, padre Giacomo completava quarenta anos de sacerdócio. Para recordar

o evento, padre Alfredo Comi, pároco de Barzio desde a época em que padre Giacomo

foi ordenado sacerdote, escreveu-lhe convidando-o a ir à sua cidade natal,

em 1º de agosto daquele ano. Publicamos a carta de resposta de padre Giacomo

Page 7: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

730DIAS N° 3/4 - 2012

Não nos cansemos

de rezar. A confiança

faz milagres.

Santa Teresa do Menino Jesus

ofereceu à minha vida esse gesto deminha mãe.

Gostaria de exprimir todo o cami-nho destes quarenta anos de sacerdó-cio com as palavras de Santo Ambró-sio: “Omnia igitur habemus in Christo,omnia Christus est nobis / Em Cristo te-mos tudo, Cristo é tudo para nós”.

Aprendi essas palavras de cor emmeu seminário e já então me pare-ciam muito bonitas. Foi o caminhodos anos, com os encontros de graça,a renovada misericórdia pelos po-bres pecados, os milagres, que torna-ram tão real, tão bonita, tão próximado meu pobre coração a própria rea-lidade que essas palavras indicam.

Assim, “para o louvor de sua graçagloriosa, com que nos agraciou noseu bem-amado” (São Paulo, Cartaaos Efésios 1, 6), transcrevo as pala-vras de Santo Ambrósio:

“Em Cristo temos tudo.

Cada qual se aproxime dEle: quemestá doente por seus pecados, quem sesente pregado por sua concupiscên-cia, quem é imperfeito mas tem o de-sejo de progredir com intensa oração,quem já cresceu em muitas virtudes.

Somos todos do Senhor e Cristo étudo para nós.

Se desejas curar as tuas feridas, eleé médico; se ardes em febre, ele é fon-te; se te encontras oprimido pela cul-pa, ele é justiça; se precisas de ajuda,ele é força; se tens medo da morte, eleé vida; se desejas o paraíso, ele é ca-minho; se foges das trevas, ele é luz;se buscas comida, ele é alimento.‘Provai e vede como é bom o Senhor;feliz o homem que nele se abriga’(Salmo 34, 9)”.

Com renovados sentimentos degratidão e estima,

padre Giacomo

Page 8: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Ano da fé 10 Fides christianorum

resurrectio Christi estDiscurso de Paulo VI

aos participantes do Simpósio

sobre o mistério da ressurreição

de Jesus, Roma, 4 de abril de 1970

Ecclesiam suam32 A testemunha é aquele

que oferece seu corpo — pelo cardeal Georges Cottier

Viagem pastoral a Cuba38 A visita de um Papa

conciliador e os seus frutos— pelo cardeal

Jaime Lucas Ortega y Alamino

42 Papa Bento e as crianças mexicanasO discurso realizado

no sábado 24 de março

na Plaza de la Paz em Guanajuato

Páscoa 201247 Surrexit Christus spes mea

Trechos extraídos das homilias

e dos discursos do papa Bento XVI

por ocasião da Santa Páscoa

O cardeal Georges Cottier: a imagem da lua ajuda a perceber a natureza da Igreja e o horizonte da sua missão

N. 3/4 ANO 2012

Este número de 30Dias, concluído na redação no dia 20 de abril de 2012, foi organizado, realizado e revisto com o padre Giacomo Tantardini, como sempre

p. 32

Na capa: A incredulidade de Tomé, Sacro Speco, Subiaco (Roma)

REDAÇÃO

Via Vincenzo Manzini, 45 00173 Roma Tel.+39 06 72.64.041 Fax +39 06 72.63.33.95Internet: www.30giorni.it E- mail: [email protected]

Vice-Diretores

Roberto Rotondo - [email protected] Cubeddu - [email protected]

Redação

Alessandra Francioni - [email protected] Malacaria - [email protected] Mattei - [email protected] Quattrucci [email protected] Valente - [email protected]

Gráfica

Marco Pigliapoco - [email protected] Scicolone - [email protected] Viola - [email protected]

Imagens

Paolo Galosi - [email protected]

Colaboradores

Pierluca Azzaro, Françoise-Marie Babinet,Marie-Ange Beaugrand, Maurizio Benzi, Lorenzo Bianchi, Massimo Borghesi, Lucio Brunelli, Rodolfo Caporale,Pina Baglioni, Lorenzo Cappelletti, Gianni Cardinale, Stefania Falasca, Giuseppe Frangi, Silvia Kritzenberger, Walter Montini, Jane Nogara, Stefano M. Paci, Felix Palacios, Tommaso Ricci, Giovanni Ricciardi

Colaboraram neste número

Cardeal George CottierCardeal James Lucas Ortega y AlaminoPatriarca Béchara Boutros Raï

Escritório Legal

Davide Ramazzotti - [email protected]

Secretaria de redação

[email protected]

3OGIORNI nella Chiesa e nel mondoé uma publicação mensal registrada junto ao Tribunal de Roma na data11/11/1993 n. 501. A publicação beneficia-sede subsídios públicos diretos de acordo com alei de 7 de agosto de 1990, n. 250

SOCIEDADE EDITORA

Trenta Giorni soc. coop. a r. l. Sede legale: Via Vincenzo Manzini, 45 00173 Roma

Conselho de Administração

Giampaolo Frezza (presidente),Massimo Quattrucci (vice-presidente), Giovanni Cubeddu, Paolo Mattei,Roberto Rotondo, Michele Sancioni, Gianni Valente

Diretor responsável

Roberto Rotondo

Tipografia

Arti Grafiche La ModernaVia di Tor Cervara, 171 - Roma

ESCRITÓRIO PARA ASSINATURA

E DIFUSÃO

Via Vincenzo Manzini, 45 - 00173 RomaTel. +39 06 72.64.041 Fax +39 06 72.63.33.95E-mail: [email protected] segunda a sexta-feira das 9h às 18he-mail: [email protected]

Este número foi concluído na redação

dia 20 de abril de 2012

Impressão concluída no mês de maio de 2012

3OGIORNInella Chiesa e nel mondo

Diretor Giulio Andreotti

ano XXX

Page 9: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Homilia54 “Se Cristo não ressuscitou,

em vão é também a vossa fé” — pelo Patriarca de Antioquia

dos Maronitas Béchara Boutros Raï

Dante58 O cardeal

na casa do poetaEntrevista com o cardeal Gianfranco Ravasi

— por P. Mattei

Aniversários62 A propensão da Igreja à memória

Entrevista com o cardeal Raffaele Farina

— por R. Rotondo

18 Cartas do mundo todo

44 30DIAS NA IGREJA E NO MUNDO

CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS:

Franco Capovilla: p.3; Marco Ganassa: p.5; Getty Images: pp.18,39; Corbis: pp.18-19,21,22,26,32 Reuters/Contrasto: p.28; Lessing/Contrasto: p.30; Osservatore Romano: pp. 38,38-39,39,40-41,42,48,49,51,52; Associated Press/LaPresse: pp.41,46,61; Por gentil concessão do Patriarcado de Antioquia dos Maronitas: pp.55,57; Archivi Alinari, Florença. Por concessãodo Ministério dos Bens Culturais: p.58; Paolo Galosi: p.58; Contrasto: p.60; Imagens extraídas do catálogo Lux in Arcana. O Arquivo Secreto Vaticano se revela, Palombi Editore:pp.62,63,65,66; Romano Siciliani: p.63.

Encontro com o cardealGianfranco Ravasi: como Dantepode ser útil à Igreja para que

ela volte a falar de Deus

Um artigo do cardeal Jaime Lucas Ortega y Alamino, arcebispo de San Cristóbal de La Habana, sobre os frutos da viagem de Bento XVI a Cuba

Entrevista com o cardealbibliotecário Raffaele Farina

por ocasião dos 400 anos do Arquivo Secreto Vaticano

30DIAS N° 3/4 - 2012 9

p. 58

p. 38

p. 62

Page 10: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Ano da féEditorial

Page 11: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Como editorial deste número publicamos o discurso de Paulo VI aos participantes do Simpósio sobre o mistério da ressurreição de Jesus,Roma, 4 de abril de 1970

Caros senhores,sentimo-Nos muito sensibilizados

com as palavras afetuosas e confiantesque o reverendo Padre Dhanis acaba depronunciar em vosso nome, e agradece-mos ao Senhor este encontro que Nosproporcionou com especialistas alta-mente qualificados de exegese, de teolo-gia e de filosofia, que fraternamente vie-ram apresentar as suas investigações so-bre o mistério da ressurreição de Cristo.Sim, sentimos realmente grande alegriacom este Symposium, facilitada pelaamável hospitalidade do Instituto “SãoDomingos”, e congratulamo-Nos com osresponsáveis e com todos os que nela to-mam parte, acolhendo-os aqui com todoo coração, feliz por lhes exprimirmos,com a nossa elevada estima, a nossa parti-cular benevolência e os nossos mais vivosencorajamentos.

Fides christianorum resurrectio Christi est

30DIAS N° 3/4 - 2012 11

Paulo VI rezando no Santo Sepulcro

ANO DA FÉ

Nestas páginas, alguns afrescos do século XIV, Igreja Superior do Sacro Speco, Subiaco, Roma;

na página ao lado, Jesus ressuscitado e o apóstolo Tomé, detalhe

¬

Page 12: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Para corresponder à vossa expectativa,quereríamos, com toda a simplicidade,apresentar-vos alguns pensamentos quenos são sugeridos por este tema capitalda ressurreição de Jesus, que vós esco-lhestes tão felizmente como objecto dosvossos trabalhos.

1. É necessário que vos manifeste, des-de já, a importância radical que Nós da-mos a este estudo, como todos os nossosfilhos e irmãos cristãos e, será ousado di-zer, mais do que todos eles, no lugar ondeo Senhor nos colocou na sua Igreja, comotestemunha e guarda privilegiada da fé?Vós estais todos persuadidos disso!

Toda a história evangélica, porventuranão tem por centro a ressurreição? Semela, o que seriam dos evangelhos queanunciam “a Boa Nova de Jesus”? Nãoencontramos nós, ali, a origem de toda apregação cristã, desde o primeiro kerigma,que nasce precisamente do testemunhoda Ressurreição? (Cfr. Act 2, 32).

Não é ela sempre o polo de toda aepistomologia da fé, sem a qual perderiaa sua consistência, segundo as própriaspalavras do apóstolo São Paulo: “SeCristo não ressuscitou..., vã é a nossa fé”(Cfr. 1Cor 15, 14) ?

Não é a própria Ressurreição que, por simesma, dá sentido à toda a liturgia, àsnossas “Eucaristias”, assegurando-nos apresença do Ressuscitado que nós cele-

bramos na acção de graças: “Nós procla-mamos a tua morte, Senhor Jesus, nós ce-lebramos a tua ressurreição, nós espera-mos a tua vinda na glória” (Anamnese)?

Sim, toda a esperança cristã está funda-da na ressurreição de Cristo sobre a qualestá “ancorada” a nossa própria ressurrei-ção com ele. Muito mais, já ressuscitamoscom ele (Cfr. Col 3, 1): toda a nossa vidacristã está tecida por esta inabalável certe-za e por esta realidade escondida, com aalegria e o dinamismo que derivam delas.

2. Não é para admirar que um misté-rio assim, tão fundamental para a nossafé, tão prodigioso para a nossa inteli-gência, tenha suscitado sempre, com ointeresse apaixonado dos exegetas, umacontestação multiforme, ao longo detoda a história? Este fenômeno já se ma-nifestava durante a vida do evangelistaSão João, o qual considerava necessárioexplicar que Tomé, o incrédulo, tinhasido convidado a tocar com as suasmãos o sinal deixado pelos pregos e olado aberto do Verbo da Vida Ressusci-tado (Cfr. Jo 20, 24-29).

Como não evocar desde então, as ten-tativas de uma gnose sempre renascenteem formas múltiplas, para penetrar estemistério com todos os recursos do espí-rito humano, e esforçar-se também poro reduzir às dimensões de categorias ab-

12 30DIAS N° 3/4 - 2012

Ano da féEditorial

Page 13: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

solutamente humanas? Tentação bemcompreensível, certamente, e sem dúvi-da inevitável, mas da qual uma propen-são temível tende a privar insensivel-mente de todas as suas riquezas e do seualcance aquilo que, acima de tudo, é umfato: a Ressurreição do Salvador.

Hoje mesmo – e não é certamente a vósque temos necessidade de o recordar – ve-mos esta tendência manifestar as suas últi-mas consequências dramáticas, chegando

quase a negar, por parte de fiéis que se di-zem cristãos, o valor histórico dos teste-munhos inspirados ou, mais recentemen-te, interpretando de maneira puramentemítica, espiritual ou moral, a ressurreiçãofísica de Jesus. Como haveríamos nós denão experimentar profundamente o efeitodissolvente, em tantos fiéis, destas discus-sões deletérias? Mas, proclamamo-lo comforça: é sem receio que Nós consideramostudo isto, porque, hoje como ontem, o

1330DIAS N° 3/4 - 2012

As três Marias no sepulcro

¬

ANO DA FÉ

Page 14: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

14 30DIAS N° 3/4 - 2012

Jesus ressuscitado e Maria Madalena

Editorial

Ano da fé

Page 15: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

testemunho “dos Onze e dos seus compa-nheiros” é capaz, com a graça do EspíritoSanto, de suscitar a verdadeira fé: “É bemverdade! O Senhor ressuscitou, e apareceua Pedro” (Lc 24, 34-35).

3. É com estes pensamentos que Nósobservamos com grande respeito o tra-balho hermenêutico e exegético que ho-mens de ciência, qualificados como vós,fazem sobre este tema fundamental. Estepropósito é conforme aos princípios e àsnormas que a Igreja católica estabeleceupara os estudos bíblicos; basta-Nos aquirecordar as encíclicas, bem conhecidas,dos nossos predecessores: Providentissi-mus Deus, de Leão XIII, em 1893, Divinoafflante Spiritu, de Pio XII, em 1943, etambém a recente Constituição dogmáti-ca Dei Verbum, do II Concílio do Vatica-no: não só se encontra ali reconhecida, asã liberdade de pesquisa, mas recomen-da-se também o esforço necessário paraadaptar o estudo da Sagrada Escritura àsnecessidades de hoje e para “realmentedescobrir aquilo que o Autor sagradoquis afirmar” (Cfr. Dei Verbum n. 12).

Esta perspectiva prende a atenção domundo da cultura e dá origem a novosenriquecimentos dos estudos bíblicos.Somos feliz que assim seja. Como sem-pre, a Igreja parece a guarda ciosa da re-velação escrita; e hoje mostra-se anima-da por uma preocupação realista: tudoconhecer e tudo pesar com discernimen-to, interpretando de maneira crítica otexto bíblico. Assim, a Igreja, enquantose dota de meios para conhecer o pensa-

mento dos outros, procura verificaraquele que lhe é próprio, e oferecer oca-siões de encontros leais e reconfortantesa tantos espíritos retos nas suas pesqui-sas. Ainda mais, a própria Igreja, tam-bém ela, encontra as dificuldades relati-vas à exegese dos textos duvidosos e difí-ceis, e experimenta a utilidade das diver-sas opiniões. Santo Agostinho já o nota-va: “Utile est autem ut de obscuritatibusdivinarum Scripturarum, quas exercita-tionis nostrae causa Deus esse voluitmultae inveniantur sententiae, cumaliud alii videtur, quae tamen omnnessanae fidei doctrinaeque concordant”(Ep. ad Paulinum, 149, 3. 34: PL 33, 644)[É útil, de qualquer modo, que a propó-sito das passagens obscuras das SagradasEscrituras, permitidas por Deus para quefôssemos induzidos a exercitarmo-nosna procura, encontrem-se muitas sen-tenças, desde que as divergências das in-terpretações não estejam em contrastecom a sã doutrina da fé].

E a Igreja exorta sempre, sobre a orien-tação de Santo Agostinho, a procurar assoluções para o estudo e para a oraçãoem conjunto: “Non solum admonendisunt studiosi venerabilium Litterarum,ut in Scripturis sanctis genera locutio-num sciant..., verum etiam, quod estpraecipuum et maxime necessarium,orent ut intelligant” (De doctrina christia-na, 3, 37, 56: PL 34, 89). [Quanto aos es-tudiosos dos textos sagrados, deve-senão só levá-los a conhecer os gêneros li-terários em uso nas Sagradas Escritu- ¬

30DIAS N° 3/4 - 2012 15

ANO DA FÉ

Page 16: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

ras […] mas também, e isso é a coisaprincipal e mais necessária, a rezar paracompreenderem].

4. Mas, voltemos ao tema que consti-tui o objecto do vosso Symposium. Pare-ce-Nos que este conjunto de análises e dereflexões acaba por confirmar, com aajuda de novas investigações, a doutrinaque a Igreja possui e professa no que serefere ao mistério da Ressurreição. Co-mo notava, com perspicácia e delicade-za, o saudoso Romano Guardini, numapenetrante meditação de fé, as narraçõesevangélicas sublinham “muitas vezes, ecom vigor, que o Cristo Ressuscitado édiverso do Cristo antes da Páscoa e de to-dos os outros homens. A sua natureza,nessas narrações, apresenta algo de es-tranho. A sua aproximação perturba eenche de terror. Antes, Ele ‘vinha’ e ‘ia’;agora, diz-se, Ele ‘aparece inesperada-mente’ ao lado dos peregrinos e ‘desapa-rece’ (Cfr. Mc 16, 9-14; Lc 24, 31-36). Asbarreiras corporais, para Ele, já não exis-tem. As fronteiras do espaço e do tempojá não o limitam. Ele move-se com umaliberdade nova, desconhecida na terra...mas, ao mesmo tempo, afirma-se comenergia que Ele é Jesus de Nazaré, emcarne e osso, aquele que antes viveu nomeio dos seus, e não um fantasma...”.Sim, “o Senhor está transformado. Vive

de modo que não é o mesmo de antes. Asua existência presente é incompreensí-vel para nós. E, no entanto, ela é corpo-ral, abrange toda a realidade do Salva-dor... compreendendo mesmo, atravésdas suas chagas, toda a vida que Ele vi-veu, as suas vicissitudes, a sua paixão e asua morte”. E tudo isto não é apenas umasobrevivência gloriosa do seu eu. Esta-mos diante de uma realidade profunda ecomplexa, de uma vida nova plenamen-te humana: “A penetração, a transforma-ção da vida inteira, compreendendo ocorpo, pela presença do Espírito Santo[...] Nós operamos esta mu-dança de perspectiva, que sechama fé e que nos leva anão considerar o Salvadorem função do mundo, mas aconsiderar o mundo e todasas coisas em função d’Ele[...] A Ressurreição desen-volve um germe que Elesempre trouxe dentro de si”.Sim, dizemos com RomanoGuardini, que “temos neces-sidade da Ressurreição e datransfiguração para com-preender verdadeiramente oque é o corpo humano [...]

16 30DIAS N° 3/4 - 2012

A incredulidade de Tomé

Editorial

Ano da fé

Page 17: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

1730DIAS N° 3/4 - 2012

Na realidade, só o cristianismo ousoucolocar o corpo nas profundezas maisescondidas de Deus” (Romano Guardi-ni, Le Seigneur, trad. R.P. Lorson, t. 2, Pa-ris, Alsatia, 1945, pp. 119-126).

Diante deste mistério, ficamos tão pro-fundamente admirados e maravilhados,como diante dos mistérios da Encarnaçãoe do nascimento virginal de Cristo (Cfr.São Gregório Magno, Hom. 26 in Evan.,Ofício litúrgico do domingo in Albis).Deixemo-nos, então, introduzir com osApóstolos na fé em Cristo Ressuscitado,que é a única pessoa que nos pode trazer asalvação (Cfr. Act 4, 12). Tenhamos tam-bém grande confiança na segurança daTradição que a Igreja garante com o seumagistério, estimulando o estudo científi-

co e, ao mesmo tempo, continuando aproclamar a fé dos Apóstolos.

Estimados Senhores, estas palavrasmuito simples, que proferimos no térmi-no dos vossos importantes trabalhos, têma única finalidade de vos animar a prosse-guir, nesta mesma fé, sem jamais perderde vista o serviço do Povo de Deus, que foiinteiramente regenerado “pela ressurrei-ção de Jesus Cristo dentre os mortos parauma esperança viva” (1Ped 1, 3). E Nós,em nome d’Aquele “que esteve morto ereviveu” (Apoc 2, 8), d’Aquele “que é a tes-temunha fiel, o primogénito dos mortos”(Ib. 1, 5), damo-vos de todo o coração,em penhor de abundantes graças para afecundidade das vossas investigações, aNossa Bênção Apostólica. q

ANO DA FÉ

Page 18: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

CUBA

Recebemos Quien reza se salvapara as comunidades pobres que visitamos

Havana, 8 de janeiro de 2012

Caro senhor Giulio Andreotti,paz e saúde!Escrevo-lhe esta carta para agradecê-lo de todo ocoração pela sua atenção para conosco, em particu-lar, para com as comunidades pobres às quais nosdedicamos e que visitamos. Recebemos logo e embom estado os dois pacotes com os livrinhos Quienreza se salva.

Ontem, dia 7 de janeiro, começamos o Ano Ju-bilar Mariano pelos 400 anos do descobrimento nomar da abençoada estátua da Virgem da Caridade

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • C

18 30DIAS N° 3/4 - 2012

Page 19: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

1930DIAS N° 3/4 - 2012

do Cobre e no dia 26 de março teremos a visita dopapa Bento XVI por dois dias.

Não queremos incomodá-lo, mas quando o se-nhor puder enviar-nos alguma ajuda, saiba que serámuito apreciada e que precisamos muito.

Sem dinheiro para pagar, mas com um coraçãoagradecido em Cristo, renovamos-lhe os nossosagradecimentos.

A minha casa está a sua disposição quando qui-ser nos visitar.

Obrigado e bênçãos,

Sergio León Mendiboure

FILIPINASCARMELITAS DO MOSTEIRO SAINT JOHN OF THE CROSS

Muito obrigada pelo presente Who prays is saved

Ozamiz City, 8 de janeiro de 2012

Festa do Batismo do Senhor.

Gentil senador Andreotti,Sejam louvados Jesus Cristo e Maria, nossa aben-çoada Mãe!

Desejamos um Feliz Ano Novo cheio de graçasao senhor, aos seus familiares e aos seus colabora-dores de 30Days!

Muito obrigada pelo presente Who prays is sa-ved que nós solicitamos para poder oferecê-lo co-mo brinde de recordação na iminente festividadedos cinquenta anos de fundação do nosso Carmelo,dia 3 de outubro deste ano. Recebemos as dezoitocaixas, perfeitamente embaladas e intactas, poucoantes do Natal. Agradecemos infinitamente pelagenerosa e solícita resposta ao nosso pedido. Fica-mos realmente comovidas, e profundamente, pelachegada dos livros como um presente especial deamor para nós neste Natal.

Atualmente, em particular aqui em Mindanao,estamos todos trabalhando ao máximo para fazer opossível para ajudar com roupas usadas e com todotipo de solidariedade a nossa população, vítima doterrível furacão que atingiu parte do nosso país. Al-gumas comunidades foram completamente arrasa-das ao solo pela chegada inesperada das águas dasenchentes violentas e rápidas, que em algumas re-giões chegaram a nove metros e com uma velocida-de tal que pegou muitos de surpresa e por isso nãopuderam fazer nada sendo por isso arrastados eafogados. Até hoje ainda não comemos peixe porcausa dos muitíssimos cadáveres perdidos nos nos-sos mares, ainda na espera de serem recuperados.

Que o Senhor lhe recompense com mil bênçãospela sua caridade, gentileza, generosidade e bonda-de. Vocês e a sua obra dentro da e para a Igreja jásão uma parte importante dos nossos sentimentose das nossas orações.

Na nossa primeira carta eu falava da esperança deconseguir traduzir Who prays is saved em cebuano

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo •

¬

Nestas páginas, algumas imagens dos lugares da Paixão de Jesus em Jerusalém; acima, uma vista panorâmica do Monte das Oliveiras; à esquerda, a Sala do Cenáculo

Page 20: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

20 30DIAS N° 3/4 - 2012

para a nossa gente que se sente mais à vontade em re-zar no dialeto local. Para vocês não é um problema setraduzirmos, não é? Mas não temos certeza de que es-te projeto possa ser realizado, pois no momento nãotemos ninguém disposto a financiar a sua publicação.De qualquer modo colocamos tudo nas mãos amoro-sas de Deus.

Que Deus abençoe o senhor, os seus familiares eos seus colaboradores de 30Days, gentil senadorAndreotti. Mais uma vez obrigada por tudo o quevocês fizeram por nós. Com relação ao nosso sino,um amigo engenheiro nos garantiu que é possívelmandar fabricar um de discreta qualidade para onosso mosteiro aqui nas Filipinas. Manteremos osenhor informado sobre este caso.

Todas as bênçãos do Senhor e da nossa Bem-Aventurada Nossa Senhora do Carmo.

Em nome da reverenda madre e da comunidade,

irmã Mary Therese, OCD

CANADÁMISSIONÁRIAS DE CRISTO REI

30Dias para as nossas irmãs no Benim ena Costa do Marfim

Montreal, Quebec, 10 de janeiro de 2012

Senhor diretor,com estas poucas linhas desejamos agradecer-lhesinceramente pela sua fidelidade em nos enviar abela revista 30Dias na Igreja e no mundo que noscoloca a par da difusão, dos compromissos e daatualidade da Igreja universal no mundo.

Somos uma congregação exclusivamente missio-nária, que atua em vários países ao lado dos mais po-bres, portanto o senhor pode entender o quanto nosinteressa a sua revista. Gostaríamos que as nossas ir-mãs que estão no Benim e na Costa do Marfim pudes-

sem se beneficiar das notícias da sua belíssimapublicação. Seria possível, gentilmente, en-viar a revista também para elas, assim comonós recebemos todos os meses? Se a respostafor positiva, enviaremos o endereço postaldas nossas missões.

Aproveitamos a ocasião para desejar-lheum ano de felicidade e de paz. Que o Senhorsempre o guie. Mais uma vez obrigada peloseu gesto de gratuidade.

Em união na oração,

a superiora geral irmã Claudette Morin, MCR

BRASILESCOLA PROFISSIONAL PIAMARTINA INSTITUTO

JOÃO XXIII

Que o Senhor abençoe o seutrabalho “na Igreja e no mundo”

Ponta Grossa, Paraná, 11 de janeiro de 2012

Prezada redação de 30Dias,há muitos anos a nossa missão vem rece-bendo 30Dias, na edição portuguesa e, jun-to com a minha comunidade religiosa, ex-primo o meu grande agradecimento.

Eu, particularmente, moro no Brasil há trinta esete anos e trabalho com a comunidade religiosa Pia-martina na acolhida e formação humana, cristã eprofissional de crianças, adolescentes e jovens ca-rentes provenientes das classes mais baixas, órfãos ecom situações familiares complicadas, muitas vezestrágicas.

Enquanto agradeço pela revista, que recebemosregularmente, gostaria de solicitar-lhes a atualiza-ção do nosso endereço.

Muito obrigado pela sua gentil atenção.Com os melhores votos de boa continuação no

novo ano há pouco iniciado, saúdo cordialmentepedindo ao Senhor bênçãos pelo seu trabalho “naIgreja e no mundo”.

Com grande estima,

padre Livio Bosetti

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • C

Page 21: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

2130DIAS N° 3/4 - 2012

UGANDACOMBONIANAS DO LACOR HOSPITAL

Who prays is saved é uma verdadeirabênção para os doentes

Gulu, 16 de janeiro de 2012

Prezado senador Andreotti,com esta carta gostaria de informar-lhe que recebicinquenta exemplares dos livrinho Who prays is sa-ved, que considero uma imensa dádiva.

Não sei descrever a grande alegria pela oportu-nidade de dar felicidade aos doentes do nosso hos-pital, que muitas vezes pedem revistas, jornais, livri-nhos de assuntos religiosos para preencher o tem-po que não passa nunca.

Muitos deles são pessoas cultas, cristãos convic-tos que sabem atrair, convencer, transmitir o verda-deiro significado da oração. Eu também consideroWho prays is saved uma verdadeira bênção, vinda anós pela sua caridade. Queira apreciar o meu since-ro e devido agradecimento, que na realidade é bempouco, mas lhe prometo a minha oração e a dos be-neficiados.

Com sincero afeto e muito reconhecimento, re-novo a minha sincera e devida gratidão e os votosde um feliz 2012.

Irmã Romilde Spinato

P.S. Estava esquecendo de agradecer-lhe pela belíssi-ma revista 30Giorni em italiano e em inglês que chegapontualmente. Que o Senhor lhe recompense!

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo •

A igreja da Agonia, perto do Monte das Oliveiras

Page 22: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

22 30DIAS N° 3/4 - 2012

ANGOLADOMINICANAS DO MOSTEIRO MÃE DE DEUS

Obrigada por Quem reza se salvaque distribuímos aos pobres

Kuito, 16 de janeiro de 2012

Muito estimado no SenhorSenhor Giulio AndreottiQueira receber a nossa cordial saudação no Se-nhor, desejando-lhe saúde e boa disposição, junto atodos os seus colaboradores e famílias, esperandoque o ano novo de 2012, tenha lhe trazido alegria ebênção de Deus Nosso Senhor.

A nossa comunidade pela graça de Deus nossoPai Providente começou o ano novo com entusias-mo renovado, confiando na Sua misericórdia, pelosdias vindouros. Passamos os dias de Natal com mui-ta alegria comunitária, pela presença do Deus Co-nosco. Pedimos-lhe que nos dê a graça da fidelidadee o permanecer sempre no seu Amor.

O motivo desta é apenas dizer o nosso muito ob-rigado pelo bom acolhimento do nosso pedido dospanfletos Quem reza se salva, os quais nos chega-ram na quantidade de 84 exemplares, tendo já dis-tribuído por todos os pobres do nosso bairro, e daparóquia de São José.

Agradecemos o vosso empenho e trabalho porpropagar a doutrina da nossa fé de uma maneiramuito acessível a toda a gente simples do povo deDeus; rezamos para que não vos falte nunca fortale-za e amor na dedicação de tão bela missão na vinhado Senhor que é a Santa Igreja.

Garanto-lhe a lembrança constante na nossaoração.

Sempre unidos pela oração,

irmã Maria Reis do Espírito Santo

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • C

Oliveiras no jardim do Getsêmani

Page 23: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

2330DIAS N° 3/4 - 2012

BRASILDIOCESE DE AMPARO

Desejo que 30Dias receba sempre as graças de Deus

Amparo, São Paulo, 20 de janeiro de 2012

Senhor diretor Andreotti, desejo-lhe muita Paz.Tem sido motivo de muita alegria receber com mui-ta pontualidade a revista 30Giorni nella Chiesa enel mondo, pois assim tenho tido a oportunidadede acompanhar mais de perto a caminhada de nos-sa Igreja, em várias partes do mundo.

Desejo que esse meio de comunicação tenhasempre as graças de Deus para continuar realizan-do a vontade do Senhor no campo da Evangeliza-ção, ajudando os irmãos a seguirem os caminhosapontados por Deus.

Agora, como emérito, pediram-me que assumis-se o compromisso de acompanhar a Pastoral daSaúde no Regional Sul I, e para mim foi muito bom,a fim de poder continuar ajudando naquilo que ain-da é possível, apesar da idade.

Desejo-lhe que tenha tido um Feliz Natal, e que oano de 2012 seja um ano de prosperidade.

Mons. Francisco José Zugliani,bispo emérito de Amparo

FRANÇAABBAYE NOTRE-DAME SAINT-EUSTASE

A humanidade de Cristo é a nossa felicidade, é uma esplêndida dádiva

Eyres-Moncube, 20 de janeiro de 2012

Caro senhor,um grande agradecimento pelos dois pa-cotes cada um com um bom número deexemplares da meditação A humanida-de de Cristo é a nossa felicidade.

É uma esplêndida dádiva que poderemos, porsua vez, doar a sacerdotes e leigos que nos estãopróximos.

Garantimos-lhe a nossa oração agradecida.

Abadessa irmã Françoise Marie

MÉXICOMOSTEIRO VISITACIÓN DE SANTA MARÍA

Obrigada por 30Días

Guadalajara, Jalisco, 22 de janeiro de 2012

Estimadíssimo senador Giulio Andreotti e colabora-dores de 30Días, saudamos com muita cordialida-de todos vocês desejando-lhes paz e alegria emCristo, nosso Sumo Bem.

Por meio desta, desejamos agradecer-lhes pelacaridade de enviar-nos gratuitamente a revista e ossuplementos que chegam pontualmente. Por meiodo seu esplêndido trabalho profissional e cristão vo-cês difundem o Evangelho de Cristo que iluminasurpreendentemente o mundo e o homem de hojee torna-nos mais conscientes da nossa condição deser sal e luz do mundo.

Nesta novena pela celebração de São Franciscode Sales, nosso santo fundador e padroeiro dos jor-nalistas, enviamos-lhes as nossas felicitações e,

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo •

¬

A igreja da Flagelação

Page 24: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

24 30DIAS N° 3/4 - 2012

na nossa vocação contemplativa, oramos por vo-cês de modo particular, para que cresçam no zelopela glória de Deus e a salvação das almas. Pedi-mos-lhes para que rezem pela paz e a justiça nonosso país.

Muito fraternalmente em nome da superiora.

Reverenda María Esther Vallejo

ITÁLIACARMELITAS DESCALÇAS DO MOSTEIRO DE SÃO SILVESTRE

Garantimos a nossa oração para o padre Giacomo Tantardini

Pescara, 22 de janeiro de 2012

Prezado senador,agradecemos muito pela revista 30Giorni que re-cebemos pontualmente todos os meses. Achamosa revista muito cativante e interessante em muitosaspectos.

Agradecemos-lhe também pelo livrinho que re-cebemos como suplemento, A humanidade deCristo é a nossa felicidade, meditação de padreGiacomo Tantardini para o qual garantimos a nossaoração para que o Senhor lhe conceda a cura com-pleta da sua doença.

Enfim, tomamos a liberdade de solicitar-lhe co-mo brinde o CD dos Cantos da Tradição porquenós não o recebemos.

Recordando-lhe nas nossas orações, agradece-mos-lhe de coração por todo o bem que nos quer.

Irmã Maria Geltrude dell’Immacolata, OCD

Pescara, 3 de fevereiro de 2012

Prezado senador,agradecemos-lhe de coração por nos enviar, comtanta solicitude, o livrinho junto com o CD Os can-tos da Tradição. Isto será útil para melhorar cadavez mais os nossos louvores a Deus, segundo asorientações da Igreja.

Esteja certo de que o senhor estará sempre pre-sente na nossa oração cotidiana, para que o Senhorlhe permita trabalhar ainda por muito tempo naSua vinha e para o bem de tantos mosteiros.

Com gratidão, colocamos as nossas mais since-ras saudações.

Irmã Maria Geltrude dell’Immacolata, OCD

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • C

Uma vista da Via Dolorosa

Page 25: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

2530DIAS N° 3/4 - 2012

CHILESEMINÁRIO METROPOLITANO

“Não podes seguir Cristo se ele mesmo não te atrai”

Concepción, 23 de janeiro de 2012

Queridos amigos de 30Dias,ao cumprimentar-lhes gostaria de agradecer-lhespelo envio gratuito da revista ao longo deste ano queestá para terminar. Graças às leituras espirituais eaos claros artigos presentes na revista, pude conhe-cer o cristianismo fiel à Tradição da Igreja. Duranteestes anos de formação no seminário, pude experi-mentar as palavras de Santo Ambrósio: “Não podesseguir Cristo, se ele mesmo não te atrai / non potessequi Christum, nisi ipse te attrahat”.

Agradeço-lhes pela generosidade e memóriado Senhor no mundo. Rezo ao Senhor por vocês epelo padre Giacomo no qual Cristo resplende enos permite reconhecê-lo em quem se deixou irra-diar pela sua beleza.

Em Cristo e Virgem Maria,

Jorge Inaldi Heredia Lagos, seminarista

P.S. Caros amigos, gostaria de pedir-lhes um grandefavor: o de enviar-me, se possível, alguns exemplares deQuien reza se salva, para doar-lhes a um grupo de jo-vens que se preparam para a Crisma e com os quais fa-rei um retiro (se for possível 70 exemplares). Aguardouma resposta.

COLÔMBIADIOCESE DE SINCELEJO

Solicito a meditação de padre Giacomo Tantardini sobre a Santa Páscoa

Sincelejo, 24 de janeiro de 2012

Estimado senhor Andreotti,uma cordial saudação pelo Ano Novo no espíritode Natal, espírito de paz, de esperança e da salva-ção humana.

Tive a oportunidade de conhecê-lo pessoal-mente quando eu era estudante no Colégio PioLatino em Roma. Além disso, fui convidado algu-mas vezes ao Congresso da Democracia Cristãque ali se realizava. Foi uma importante oportuni-dade para estabelecer relações com essa ótica“carismática” própria do seu tempo, por ser pre-sença incisiva no mundo político em favor do bemcomum.

Creio que à experiência da Democracia Cristãtenha faltado o fato de extrair lições e inspirar-seem novo modelos de participação cristã para po-der pesar no mundo das realidade “temporais”.

Recebo regularmente a revista 30Días e sigo oseu pensamento, assimilo os pontos de vista e lo-go passo a outros para que possam ter proveito.Espero recebê-la sempre.

Recentemente chegou-me o número 6 de2011, através do qual fiquei sabendo de uma me-ditação de padre Giacomo Tantardini sobre a

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo •

A pequena capela que marca a III estação da Via-Sacra

¬

Page 26: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

26 30DIAS N° 3/4 - 2012

Santa Páscoa. Gostaria de saber como posso obtê-la, já que vi comentários muito positivos e, de res-to, conheço o autor há muito tempo.

Peço desculpas por dirigir-me ao senhor para es-te pedido, mas quis aproveitar a ocasião para cum-primentá-lo pessoalmente.

Que o senhor vos abençoe a todos,

Nel Beltrán Santamaria, bispo de Sincelejo

REPÚBLICA CENTRO-AFRICANAMISSIONÁRIOS COMBONIANOS

Alegria pelo presente Qui prie sauve son âme

Bangui, 27 de janeiro de 2012

Prezado senhor Andreotti,recebi há pouco cinquenta exemplares de Qui priesauve son âme e gostaria de poder exprimir a ale-gria que senti ao receber este presente, que chegouaté nós e foi muito mais apreciado pela surpresa daprontidão da resposta favorável.

Obrigado, senador. Espero que o senhor possasentir toda a alegria que eu senti e toda a que senti-rão os catequistas do território que me foi confiadoquando, ao virem para a sessão de formação, rece-berem em mãos este livrinho belo e útil. E que essaalegria possa acompanhar o senhor e os seus cola-boradores ao longo de todo o ano.

Aproveito a ocasião para agradecer-lhe tam-bém pela revista 30Jours que lemos sempre cominteresse, eu e meus coirmãos da comunidade, as-sim como os missionários de passagem. Justa-mente hoje um coirmão mostrava-me um númerode 30Jours de cinco anos atrás, que certamente fi-cou perdido em alguma sede postal, e do qual elo-giava um artigo.

Mais uma vez obrigado por todo o bem que faza nós e a muitos outros como nós.

Que o Senhor o abençoe e eu rezo pelo senhorpara que receba abundantes graças.

Padre Gianantonio Berti, MCCI

GRÉCIA

Gostaria de receber 30Diasno meu ermo no Monte Athos

Monte Athos, 30 de janeiro de 2012

Senhor Giulio Andreotti, diretor,conheci a revista 30Dias (em inglês) por meio do ar-cebispado ortodoxo de Atenas, onde fui hieromon-ge. Agora estou no Monte Athos, onde moro sozi-nho em um ermo, perto do mosteiro de Karakalou.Poderia me informar sobre a possibilidade de rece-ber 30Dias? Gostaria de ter a assinatura em línguafrancesa, mas também sei ler em italiano.

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • C

A pequena

capela que marca

a IV estação da Via-Sacra

Page 27: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

2730DIAS N° 3/4 - 2012

Agradeço pelas informações. Garantindo-lhesa minha fraterna oração diante do ícone de Cristoamigo nosso Salvador.

Com respeito, seja Ele a nossa alegria!

Padre Iakovos

NICARÁGUAPARÓQUIA SANTA CRUZ

Quien reza si salva será de grande ajuda para os pobres

Casares, 6 de fevereiro de 2012

Caros amigos,recebemos os 500 exemplares de Quien reza sesalva, que vocês generosamente nos enviaram.Chegaram em poucos dias. Agradeço-lhes imen-samente. Serão de grande ajuda para os pobres danossa região, crianças e adultos, que não possuemmeios econômicos. Rezamos por vocês e pela suaobra. Recordem de nós diante do Senhor.

Padre Balbino Rodríguez Lorenzana

CROÁCIADIOCESE DE PORE E PULA

Rezamos para que os sacerdotes sejam segundo o Coração de Jesus

Pula, 8 de fevereiro de 2012

Prezadíssimo senhor Giulio Andreotti,agradeço-lhe imensamente pela sua renomada re-vista 30Giorni que o senhor me envia, ultimamenteem italiano, que entendo melhor do que em alemão.

Sou um apreciador e leio esta revista rica de in-formações, artigos e estudos de teologia, históriada Igreja, e a pastoral de várias partes do mundo.Agradecido também, celebrei a santa missa pelacura de padre Giacomo Tantardini, se for vontadedo Senhor que o conserve ainda neste mundo.

Como eu atuei na obra pastoral na Europa,América Latina e na China como missionário fideidonum, gostaria que o senhor me enviasse um

exemplar em italiano do pequeno livro Quem rezase salva, e dois exemplares em chinês. Estive naChina por oito anos como padre espiritual em umSeminário Redemptoris Mater para o povo chinês.

Fundei também em Pula um seminário seme-lhante que em quinze anos formou cinquenta edois padres e três diáconos. Um dos frutos do ca-minho neocatecumenal. Sinto-me muito feliz pelofato de que pouco tempo atrás foram fundados se-minários semelhantes em Trieste e em Sarajevo.

Em Ístria, partimos do zero. No seminário menorde Pazin onde eu fui diretor espiritual havia trezentosseminaristas: no final sobrou apenas um, que tinhacomo único companheiro o cão de guarda.

Rezamos por estes e por todos os seminaristase padres no mundo, para que sejam padres santossegundo o Coração de Jesus.

Que Deus abençoe o senhor e o seus colabora-dores na obra de evangelização em todo o mundo.

Com obséquio, a minha bênção.

Antonio Bogetic, bispo emérito de Pore e Pula

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo •

O lugar onde foi colocada a cruz sobre o Monte Calvário,atualmente dentro da Basílica do Santo Sepulcro

Page 28: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

28 30DIAS N° 3/4 - 2012

ITÁLIAPASSIONISTAS DO MOSTEIRO DE TINELLA

A humanidade de Cristo é a nossa felicidade

Costiglione d’Asti, 11 de fevereiro de 2012

Estimadíssimo senador Andreotti,ad multos annos!... Com esses votos-oração quese atualizam no decorrer dos dias para o senhor eseus brilhantes colaboradores, enquanto agrade-cemos pela revista 30Giorni, sentimo-nos na ob-rigação de exprimir-lhe nossos sentimentos quevão da profunda estima pela sábia e aguda com-

petência com a qual o senhor dirige a revista, àcordial e sincera admiração pela grandeza da suapersonalidade moral e espiritual que entrevemose respiramos no editorial et in reliquis...

É uma verdadeira alegria ter entre as mãosuma revista tão importante: diagramação distinta,repertório fotográfico belíssimo e artigos de altoconteúdo para a formação, informação, cultura eestímulos suficientes para ampliar o conhecimen-to do mistério eclesial e do nosso pobre mundoque é sempre sedento de Deus.

Um verdadeiro “órgão” agora que floresceudas notas gregorianas das quais nós usufruímospara a liturgia eucarística e a das horas canônicasnas festividades e solenidades! Obrigada pela dá-diva, e obrigada, se ouso insistir ainda mais, poresta “preciosidade” para que tenha primazia tam-bém nas paróquias.

Mas agora, eis o motivo desta missiva! Notifi-car ao reverendo padre Giacomo a nossa proximi-dade espiritual nesta pausa de tão intensa partici-pação à Paixão do Senhor, recordando as pala-vras de São Paulo aos Filipenses: “A nós foi con-

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • C

Uma vista da cidade antiga de Jerusalém com a Basílica do Santo Sepulcro

Page 29: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

2930DIAS N° 3/4 - 2012

cedida a graça não apenas de crer em Jesus mastambém de sofrer por Jesus”.

Confiamo-lo à Virgem Mãe, para que o envol-va no seu virginal e materno amor e o cure, paracontinuar o seu precioso mistério-ministério sa-cerdotal e difundir, por meio do dom da palavra, oconhecimento de Jesus!... Li com um gáudioinexprimível o suplemento do número 11 de2011, a meditação A humanidade de Cristo é anossa felicidade.

Ousaria pedir alguns exemplares, se possível,para presentear e suscitar a atração de Jesus. Obri-gada! É muito lindo, belíssimo, extraordinário naexposição, é uma maravilhosa mística de interiori-dade. Percebe-se um fascínio, uma certa unção quenão se cansa de ler e reler. Parece que o próprio au-tor esteja lendo aquelas expressões, tal é a luz e adoçura que infundem no coração. Obrigada!

Que o senhor dê a padre Giacomo cada vez maisluz e unção espiritual com a saúde que é tão impor-tante. Que a Virgem Maria nos coloque no mistérioe nos deixe no mistério para sermos seduzidas.

Religiosas saudações e “ventos” de notas gre-gorianas...

irmã Maria Virginia Sivolella

Costiglione d’Asti, 19 de fevereiro de 2012

Ilustríssimo senador Giulio,é com muita alegria e emoção que agradeço pelo“copioso e precioso” presente que chegou até nóscom tanta tempestividade em uma data solene paraa nossa congregação: “comemoração da Paixão”com santa missa e ofício próprio e, ainda mais, ani-versário do meu batismo!...

A mais bela gratidão será marcada pela celebraçãode uma santa missa no dia 29 deste mês pelas suas in-tenções e pela cura do reverendo padre Giacomo.

Distintas saudações como flores perfumadas!Devotíssima,

irmã Maria Virginia Sivolella

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo •

A Pedra da Unção dentro da Basílica do Santo Sepulcro

Page 30: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

BRASILCOMISSÃO NACIONAL DOS PRESBÍTEROS, CNBB-CNP

A humanidade de Cristo é a nossafelicidade para a nossa comunidade

Betim, Minas Gerais, 1º de março de 2012

Ilustríssimo senhor Giulio AndreottiLouvados sejam Jesus e Maria Santíssima!Sou imensamente grato ao senhor pela delicadezaem enviar-me regularmente a revista 30Dias que émuito apreciada pela comunidade.

Tenho um grande trabalho junto às famílias epor ocasião do tempo natalino, intensificamos otrabalho, pois o tempo natalino é propício à Pasto-ral Familiar. Para este ano de 2012 gostaríamos deusar como texto-base das nossas meditações sobreo Natal as reflexões do padre Giacomo Tantardini,intitulado A humanidade de Cristo é a nossa feli-cidade publicado por 30Dias.

Estou me dirigindo ao senhor Giulio Andreottipara ver se há possibilidade de nos enviar 50 exem-plares do livreto para o nosso trabalho deste ano,de 2012, pois tenho esperança que possa nos aten-der neste nosso pedido.

Aguardando por uma resposta positiva, envio aminha bênção sacerdotal, extensiva a todos os cola-boradores de 30Dias.

Contem sempre com as minhas orações.Atenciosamente,

padre Leutenberg Sousa Neto

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • C

30 30DIAS N° 3/4 - 2012

O Santo Sepulcro

Page 31: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

na I g re ja e no MundoVia Vincenzo Manzini, 45 - 00173 RomaTel. 06 72 64 041 Fax 06 72 63 33 [email protected] • www.30giorni.it

Via dei Santi Quattro, 47 - [email protected]

IBAN IT 84 S 02008 05232 000401310401BIC-SWIFT: BROMITR172A

3130DIAS N° 3/4 - 2012

Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo • Cartas do mundo todo •

MUITOS CAMINHOS DA CARIDADE

PASSAM POR UMA PICCOLAVIA

A ASSOCIAÇÃO PICCOLA VIA ONLUS foi instituída para enviar gratuitamenteprincipalmente nos países de missão a revista mensal internacional 30Dias e opequeno livro Quem reza se salva, assim como para atender aos pedidos de caridade.

nominal a:ASSOCIAZIONE PICCOLA VIA ONLUS

ou também: Cheque bancário circular, com a indicação não transferível, emitido em favor da

ASSOCIAZIONE PICCOLA VIA ONLUS

para saber mais escreva para o nosso endereço: [email protected]

PARA AJUDAR A ASSOCIAÇÃO PICCOLA VIA ONLUS PODE-SE FAZER UMA DOAÇÃO através de uma remessa bancária na conta corrente

Page 32: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

32 30DIAS N° 3/4 - 2012

A testemunha é aquele que ofereceseu corpo

Nestas páginas, lajes do século X do portal da igreja de São Zeno, Verona; acima, a deposição da cruz

Page 33: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Lendo o L’Osservatore Romano, fiquei impres-sionado com um artigo escrito pelo cardeal KurtKoch e publicado em 27 de janeiro passado comum título um tanto singular. O artigo se intitulava“Eclesiologia lunar”. E resenhava o livro Chiesacattolica. Essenza, realtà, missione, do cardealWalter Kasper, recentemente publicado na Itáliapela editora Queriniana. Nas passagens do livro

que a resenha ajudou a valorizar, encontrei deixasque me parecem preciosas, sobretudo tendo emvista o Ano da Fé e o próximo sínodo dos bispossobre a nova evangelização.

O título da resenha do cardeal Koch remete auma analogia tradicional aplicada à Igreja já pelosPadres dos primeiros séculos e retomada tam-bém na Idade Média: aquela segundo a qual a na-tureza da Igreja pode ser entendida usando a figu-ra da lua. A lua traz luz à noite, mas a luz não vemdela, vem do sol. Assim é a Igreja: ela traz luz aomundo, mas essa luz não é sua. É a luz de Cristo.“A Igreja”, comenta o cardeal Koch em sua rese-nha, “não deve querer ser sol, mas alegrar-se porser lua, por receber toda a sua luz do sol e fazê-laresplandecer dentro da noite”. Ao receber a luzde Cristo, a Igreja vive toda a sua plenitude de le-tícia, “já que ela”, como confessou Paulo VI noCredo do povo de Deus, “não possui outra vida anão ser a da graça”.

Na vigília do Ano da Fé, a imagem da lua ajudaa perceber também quais são a natureza da Igrejae o horizonte próprio de sua missão.

A comparação com a lua não deve ser tomadacomo uma marginalização da missão da Igreja. AIgreja é a seu modo responsável pela luz de Cristoque é chamada a refletir. Essa luz não deve serobscurecida. A Igreja deve refletir, e não ofuscarou apagar em si esse reflexo. Como faz a lua du-rante a noite, ela deve difundir a luz de Cristo nanoite do mundo, que, abandonado a si mesmo,permaneceria no pecado e na sombra da morte.Era o que notava Paulo VI em seu discurso deabertura da segunda sessão do Concílio VaticanoII: “Só depois desta obra de santificação interior,poderá a Igreja mostrar o seu rosto ao mundo in-teiro, dizendo: quem me vê a mim, vê a Cristo, as-sim como Cristo disse de si mesmo: ‘Quem me vêa mim, vê também o Pai’” (Jo 14,9).

A imagem da lua ajuda também a entender adinâmica própria da missão a que a Igreja é cha-mada. Como o mesmo Paulo VI reconhecia naexortação apostólica Evangelii nuntiandi(1975), “o homem contemporâneo escuta commelhor boa vontade as testemunhas do que osmestres”, e, se escuta os mestres, “é porque elessão testemunhas”. Nietzsche falou de “descon-fiança metódica”. Nesse sentido, sobretudo emnossos tempos, a forma mais adequada e maisdesarmante com que a luz da palavra de Deus seoferece ao mundo é a do testemunho. Tambémnisso a imagem da lua sugere pontos de reflexãoe conforto.

3330DIAS N° 3/4 - 2012

R E F L E X Õ E S S O B R E O M I S T É R I O E A V I D A D A I G R E J A

¬

pelo cardeal Georges Cottier, O.P.teólogo emérito da Casa Pontifícia

Page 34: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

A testemunha é por definição um teste, al-guém que testifica algo de um outro, sem acres-centar coisas suas. Também o testemunho de fécristã não coincide com lançar-se em atividades,com um acréscimo de outros compromissos àscoisas da vida. Muito menos significa fazer propa-ganda ou proselitismo de certas ideias.

A testemunha é aquele que oferece seu corpo,põe à disposição a concretude de sua condição hu-mana para que nela aja e resplandeça a graça do Se-nhor. Fazendo, assim, exatamente o que faz a lua,sobre cujo corpo opaco se reflete a luz irradiada pelosol. “Eu vos exorto, irmãos, pela misericórdia deDeus, a vos oferecerdes em sacrifício vivo, santo eagradável a Deus: este é o vosso verdadeiro culto”,escreve São Paulo na Carta aos Romanos (Rm12,1). E, como sugeriu Bento XVI em sua recenteLectio divina dada no Seminário Romano Maior, aoferta do nosso corpo, da nossa vida cotidiana é acondição pela qual “o nosso corpo unido ao corpode Cristo torna-se glória de Deus, torna-se liturgia”,e o próprio corpo se torna “a realização da nossaadoração”. A ação da graça sobre a vida das teste-munhas se manifesta na santidade, que justamentepor isso não é uma conquista reservada a poucos,mas uma possibilidade real que se apresenta à vidaconcreta de todos os batizados, como sugeriu tam-bém o beato João Paulo II na carta apostólica Novomillennio ineunte. A santidade é o que melhor ex-pressa o íntimo mistério da Igreja.

A realidade que permite o encontro dos ho-mens com Cristo é a própria vida de seus discípu-los, que não são ativistas de uma mensagem ex-trínseca em relação às suas vidas. Como ensina oConcílio Vaticano II, a graça opera sobre eles demodo que a riqueza de seu dom não pode ser reti-da e quase sequestrada de maneira egoísta, comouma posse da qual excluir os outros. Ao contrá-rio, esta se comunica gratuitamente por forçaprópria, resplandecendo no fulgor da fé, da espe-rança e da caridade que dá testemunho de Cristona própria vida dos cristãos: “fide, spe, caritatefulgentes”, como está escrito no parágrafo 31 daLumen gentium. Disse uma vez padre LuigiGiussani: “Nós damos o verdadeiro anúncio pormeio daquilo que Cristo perturbou na nossa vida,acontece por meio da perturbação que Cristo rea-liza em nós: tornamos Cristo presente por meioda mudança que Cristo realiza em nós. É o con-ceito de testemunho”.

O que vale para cada indivíduo batizado valetambém para a Igreja. A Igreja não tem de inven-tar nada. Como faz a lua com o sol, ela apenaspõe seu corpo à disposição para que a graça pos-sa refletir-se nele. Quando a Igreja pretende ates-tar a si mesma, não parece nem atraente nem ale-grada e consolada pelo Senhor. E mesmo as ques-tões eclesiais acabam fatalmente por ser marca-das por aquela “vanglória que vai contra a verda-de e não me pode fazer feliz e bom” a que acenouBento XVI em seu último encontro com os páro-cos de Roma.

Para a Igreja, como para cada cristão, essaoferta de seu corpo e de sua condição para que

34 30DIAS N° 3/4 - 2012

Detalhe da Última Ceia

Page 35: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

A testemunha é aquele que oferece seu corpo, põe à disposição

a concretude de sua condição humana para que nela aja e resplandeça

a graça do Senhor. Fazendo, assim, exatamente o que faz a lua,

sobre cujo corpo opaco se reflete a luz irradiada pelo sol. Para a Igreja,

como para cada cristão, essa oferta de seu corpo e de sua condição para

que neles aja e resplandeça a graça do Senhor se exprime como pedido,

ou seja, como oração

3530DIAS N° 3/4 - 2012

Page 36: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

neles aja e resplandeça a graça do Senhor se ex-prime como pedido, ou seja, como oração. Porqueé simples pôr à disposição, essa oferta tem comoforma própria o pedido, ou seja, a oração. É nessesentido que devem ser registradas as palavras docardeal Kasper no final do seu livro, quando escre-ve que “a Igreja do futuro será sobretudo uma Igre-ja de orantes”. Na invocação da oração que pede,mas também na oração de louvor, atestamos anossa dependência de Deus. Nela o que se acentuanão é a sujeição, mas o fato de sermos agraciados.Sendo criaturas livres, a nossa liberdade se realizana satisfação de acolher o dom, de modo que pro-duzam fruto em nós recursos dele que para nós se-riam impensáveis.

O testemunho dos cristãos e a missão da Igre-ja se realizam num contexto que é muitas vezesmarcado por contrariedades e oposições. São ossofrimentos apostólicos, de que já falava SãoPaulo. Em muitos países ocidentais vemos o sur-gimento de movimentos anticristãos agressivos.Cresce a negação da fé. Cresce também a Igreja,mas os cristãos sofrem perseguições em muitaspartes do mundo. Tudo isso não nos deve sur-preender. Os evangelhos, as cartas de São Pauloe também o Apocalipse já nos dizem que a perse-guição faz parte da condição da Igreja nestemundo. E com o último Concílio a Igreja reen-controu de maneira mais intensa o que sempresoube e viveu em seus santos, como Francisco deAssis: que diante de dificuldades e perseguiçõeshá uma maneira evangélica, gostaria quase de di-zer um “estilo” evangélico, de reagir, que é o des-crito nas Bem-Aventuranças. Há, porém, umacerta maneira de responder às adversidades quecontinua a ter como perspectiva última aquiloque se expressou, no passado, nas Cruzadas. Àsvezes ouvimos discursos que tomam como pontode partida as perseguições ou a chamada “cris-tianofobia” para estabelecer estratégias de bata-lha. No entanto, os próprios acontecimentos dahistória já esclareceram a todos que a perspecti-

va da Cruzada representa uma mundanização euma instrumentalização do cristianismo, e seuesgotamento representou uma libertação e umavantagem para a Igreja. Além disso, faz-nos sem-pre perder o foco pensar que existem épocasmais amadas por Deus do que outras. É uma ten-tação milenarista que não corresponde ao autên-tico sensus fidei. Deus ama também o nossotempo, com todos os seus problemas. Em vez denos dobrarmos em nostalgias utópicas e engana-doras, é preciso olhar para o que o Concílio Vati-cano II definiu como sinais dos tempos. Porexemplo, os intensos fenômenos migratóriosatuais representam uma circunstância concretapara experimentar de verdade – e talvez pela pri-meira vez de maneira tão intensa – a universali-dade do Evangelho. Hoje um europeu, para en-contrar e conhecer um chinês, já não precisapercorrer milhares de quilômetros. Ele encontraos chineses, os indianos, os árabes cotidiana-mente nas metrópoles e nas pequenas cidadesde sua nação. A situação é em certo sentido se-melhante à vivida e abraçada por Santo Agosti-nho, quando a chegada de novos povos marcouo fim de uma certa fase histórica, mas abriu no-vas possibilidades de difusão para a força desar-mada do anúncio cristão.

Nesse sentido, são um conforto para todos aspalavras proferidas por Bento XVI nos últimostempos. Quando o Papa repete que “a Igreja nãoexiste para si mesma, não é o ponto de chegada,mas deve apontar para além de si, para o alto, aci-ma de nós”, e quando acrescenta que “a Igreja nãose autorregula, não confere a si mesma o seu pró-prio ordenamento, mas recebe-o da Palavra deDeus, que escuta na fé e procura compreender eviver”, essas expressões, usadas na homilia para afesta da cátedra de São Pedro, atingem com realis-mo amoroso e apaixonado o próprio mistério daIgreja. E podem ajudar a todos a intuir os perigos eas possibilidades que marcam o caminho da Igrejano tempo nas atuais circunstâncias. q

A lua traz luz à noite, mas a luz não vem dela, vem do sol.

Assim é a Igreja: ela traz luz ao mundo, mas essa luz não é sua.

É a luz de Cristo. Ao receber a luz de Cristo, a Igreja vive toda

a sua plenitude de letícia, “já que ela”, como confessou Paulo VI

no Credo do povo de Deus, “não possui outra vida a não ser a da graça”

36 30DIAS N° 3/4 - 2012

Page 37: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

3730DIAS N° 3/4 - 2012

A deposição da cruz

Page 38: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

38 30DIAS N° 3/4 - 2012

A visita apostólica de PapaBento XVI a Cuba reali-zou-se no contexto da ce-

lebração dos 400 anos da desco-berta da imagem da Virgem daCaridade nas águas do mar pró-ximo da costa setentrional na re-gião oriental da ilha. A imagemfoi levada às montanhas do sulda região onde estão as minas decobre; por isso, a devoção popu-lar à Virgem do Cobre.

A visita do Papa a Cuba foiprecedida por uma peregrina-ção missionária de uma imagemda Virgem da Caridade muito

venerada pelo nosso povo, quepercorreu mais de 30 mil quilô-metros atravessando campos,cidades, vilarejos e novos assen-tamentos. Centenas de milha-res de pessoas participaram deverdadeiras manifestações defé. O que mais impressionavanão eram as multidões, mesmosendo extraordinariamente nu-merosas, mas era contemplar

os rostos, ver os gestos de pie-dade de homens e mulheres, jo-vens, adultos e crianças que seajoelhavam, levantando os bra-ços, faziam o sinal da cruz comlágrimas nos olhos, e gritavam:“Viva Nossa Senhora” quandopassava a imagem. Foi umagrande missão nacional que nospermitiu evangelizar nas pra-ças, nos jardins, pelas ruas com

O cardeal Jaime Lucas

Ortega y Alamino recebe Bento XVI

no aeroporto internacional

“José Martí” de Havana, em Cuba,

dia 27 de março de 2012

A visita de um Papaconciliador e os seus frutosPapa Bento em Cuba na crônica escrita para 30Diaspelo cardeal arcebispo de San Cristóbal de La Habana

pelo cardeal

Jaime Lucas Ortega y Alamino

Viagens Pastorais Cuba

Page 39: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

3930DIAS N° 3/4 - 2012

carros equipados com alto-fa-lantes, distribuição de panfle-tos, etc. Constatamos, nestamissão, que a fé está presenteem uma percentagem muitogrande de cubanos.

No final da missão, em de-zembro de 2011, foi anunciadaa visita do Santo Padre a Cuba.

A notícia foi recebida comuma alegria extraordinária. A

sua presença veio confirmar estafé do nosso povo, e esclarecê-lacom a sua palavra. A visita doSanto Padre ao santuário da Vir-gem da Caridade do Cobre foimuito significativa e altamenteapreciada por todos.

O Papa, nas suas palavras,desde a sua chegada ao nossopaís, fez questão de declararque vinha como Peregrino daCaridade “para confirmar osmeus irmãos na fé e encorajá-los na esperança”. Eram as pa-lavras certas e foram ouvidascom emoção por todos os quetinham, como eu, a sorte deacolher o Sucessor de Pedro.

O Santo Padre quis sublinharque a sua visita era uma continui-dade da visita feita pelo beatoJoão Paulo II. Aquela visita pas-toral mudou a vida da Igreja emCuba. A Igreja Católica teve en-tão as suas primeiras manifesta-ções públicas e as primeirastransmissões televisivas de ceri-mônias católicas. O mundo intei-ro e os próprios cubanos com-preenderam que a Igreja estavaviva, que tinha estado presenteem todos os anos de dificuldadee de silêncio. Depois daqueleevento o Natal começou a ser ce-lebrado como festa civil, houveparticipações radiofônicas de vá-rios bispos em algumas datas im-portantes, e a cobertura feita pe-la imprensa da morte e do fune-ral de João Paulo II foi realmenteimpressionante.

A partir daquele momento co-meçou a se tornar frequente apresença do Papa na televisão porocasião do Natal, Páscoa e em ou-tras ocasiões, como a Via-Sacrada Sexta-feira Santa; as publica-ções da Igreja difundiram-se e sãomuito apreciadas. Depois daquelavisita, foi permitida a entrada nopaís do pessoal religioso, sacerdo-tes e mulheres e homens consa-grados, e a Igreja teve a possibili-dade de celebrar publicamente afé com procissões e outras ceri-mônias. Foram abertas “casas deoração” em centenas de lugares,onde os fiéis se reúnem para a ca-tequese, a celebração da santamissa e outras atividades.

Agora a Igreja espera fazercom que se torne sistemática asua presença na mídia, principal-mente na rádio e na televisão.

Nesta página, algumas imagens

da missa celebrada por Bento XVI

na Praça da Revolução em Havana,

em 28 de março; abaixo,

a saudação do presidente

do Conselho de Estado e

Conselho de Ministros de Cuba

Raúl Modesto Castro Ruz,

no final da cerimônia

¬

Page 40: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Nestes últimos anos, a Igrejaincrementou a sua atividade so-cial através da Cáritas, que contacom um grande voluntariado na-cional. Em caso de furacões, aação da Cáritas é eficaz e rápidana distribuição de ajuda que che-gam de países estrangeiros e detudo o que a Igreja de Cuba faznestas circunstâncias.

A Cáritas tem muitos refeitó-rios nas casas paroquiais e emoutros locais para as pessoas daterceira idade. Também possuicreches para crianças de um acinco anos, pertencentes a famí-lias irregulares, em várias locali-dades do país. Essa atividade as-sistencial da Cáritas é muitoapreciada pela população.

Dois anos atrás a Igreja, dian-te dos conflitos que surgiramcom as esposas dos presidiários,que manifestavam para que seusmaridos fossem libertados, diri-giu-se ao governo para exprimira sua preocupação e foi convida-da para mediar com as esposas,e pedir-lhes que exprimissemseus pedidos e objetivos. Entreoutras coisas, elas propuseramao cardeal que os maridos fos-sem mandados para um outropaís porque “preferiam ficar se-paradas pelo mar e não pelasgrades do cárcere”.

Estas propostas foram leva-das ao conhecimento do gover-no que decidiu pela libertação de53 detentos na primavera de2003, fazendo com que saíssemdo país indo para a Espanha,que os acolheu com seus familia-res. Dos 53 libertados, doze per-maneceram em Cuba por vonta-de própria e, logo depois, umdeles foi para os Estados Uni-dos. Seguiram-se a libertação demais 120 detentos por motivos

políticos. Alguns destes estavamna prisão há vários anos. O ar-cebispado de Havana recebe opedido por parte dos familiaresdos detentos e, se for caso deprisão por motivos de consciên-cia ou por motivos políticos, te-mos a possibilidade de apresen-tá-los às autoridades. Depois dodesencarceramento dos prisio-neiros citados acima não foramapresentados novos recursosdeste gênero.

Temos que recordar que apastoral carcerária, que se dedi-

ca a todos os tipos de prisionei-ros, é bem organizada: trabalha-se com as famílias dos detentos,faz-se visitas regulares no cárce-re, com catequese e celebraçãoda Eucaristia.

O Papa Bento XVI tinha sidoinformado sobre o progresso davida da Igreja depois da visita dobeato João Paulo II. Por isso quiscaminhar nas pegadas deixadaspor aquela viagem pontifícia. Nasua homilia em Havana, o Papatocou o tema da verdade, únicasobre a qual – disse – é possívelfundar uma ética que seja aceitapor todos. Anunciou Jesus Cris-to como a verdade e evidenciou,fiel ao espírito do seu pontifica-do, as perplexidades do homemdiante da verdade, como Pilatosque “tinha a Verdade diante de

si” e não a via em Cristo. O Papainsistiu sobre a racionalidade dafé diante dos que arbitrariamenteopõem fé e razão. Todos estesesclarecimentos adquirem umaparticular importância para nós.

Indicou na verdade o funda-mento da liberdade e fez referên-cia aos passos que foram dadosem Cuba com relação à liberda-de religiosa, desejando que se es-tendam cada vez mais as suaspossibilidades.

A propósito disto, fez refe-rências tanto à participação daIgreja no campo da educaçãoquanto a dos cristãos na cons-trução da sociedade. O Papapediu – no momento da despe-dida – que ninguém se veja im-pedido de tomar parte nesta ta-refa apaixonante “pela limita-

40 30DIAS N° 3/4 - 2012

O Papa, nas suas palavras, desde a sua chegada no nosso país, fez questão de declarar que vinha como Peregrino da Caridade “para confirmar os meusirmãos na fé e encorajá-los na esperança”

À direita, Bento XVI preside a santa missa na Solenidade da Anunciação do Senhor,

por ocasião do IV centenário da descoberta da estatueta de Nossa Senhora

do Cobre, conservada no Santuário Nacional; para a ocasião a pequena estátua

de madeira foi exposta na Praça Antonio Maceo, Santiago de Cuba, 26 de março

Viagens Pastorais Cuba

Page 41: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

ção das suas liberdades funda-mentais, nem eximido dela pornegligência ou carência de re-cursos materiais”.

Assim o Papa convidava to-dos os cubanos a participaremda construção de “uma socieda-de de largos horizontes, renova-da e reconciliada”, superandotodas as dificuldades e obstácu-los nesta tarefa.

Desejou que a luz do Senhor,que brilhou com fulgor nos diasda sua presença entre nós, nãose apague e ajude a todos a re-forçarem a concórdia e a “faze-rem frutificar o melhor da almacubana, os seus valores maisnobres sobres os quais é possí-vel fundar uma sociedade reno-

vada e reconciliada”. O SantoPadre salientou que a situaçãoque Cuba vive “agrava-se pelasmedidas econômicas restritivasimpostas de fora ao País quepesam negativamente sobre apopulação”.

Resumindo, o Papa fez umapelo para eliminar, na convi-vência humana nacional e inter-nacional, “posições inamovíveise pontos de vista unilaterais”,propondo andar adiante no ca-minho do diálogo paciente e sin-cero que gera esperança.

Nas suas primeiras palavrassobre Cuba, no avião que o le-vava à América, o Papa fez re-ferência às mudanças de mode-lo socioeconômico necessárias

a Cuba e disse que nós cristãosdevemos apoiar esta busca“com paciência e de modoconstrutivo, evitando traumas”.É uma sugestão correta, porquequalquer salto brusco ou violen-to produz traumas sociais quedeixam marcas negativas nospovos.

O Santo Padre fiel ao seu pro-grama fundamental como Su-cessor de Pedro – o programaapresentado aos cardeais reuni-dos para o conclave quando ex-plicou que tinha escolhido o no-me de Bento porque o seu últimoantecessor que usara este nometinha sido um Pontífice concilia-dor – veio a Cuba honrando ver-dadeiramente o seu projeto con-ciliador de seu pontificado, fez is-so sem calar a verdade, com cla-reza e à altura programática doseu sumo ministério.

Já sentimos que as pegadasdos seus passos marcaram o po-vo cubano, profundamente im-pressionado pela sua simplicida-de e pela bondade refletida naspalavras e nos gestos do PapaBento XVI, que representamuma bênção especial para toda anação cubana e para cada um denós. Esta visita do Santo Padreno Ano Jubilar Mariano de Cu-ba, encoraja-nos e nos dá forçana celebração do Ano da Fé queo Sucessor de Pedro propõecom tanta solicitude à Igreja uni-versal. Será uma ocasião paraaprofundar a fé que constatamosestar viva no coração dos nossoirmãos cubanos.

Portanto, permanece um pro-fundo sentimento de gratidão ede esperança na nossa Igreja emCuba em todo o nosso povo pelavisita do Papa Bento XVI, e umarecordação comovida pela suapresença entre nós. q

4130DIAS N° 3/4 - 2012

Abaixo, fiéis cubanos pelas ruas

de Santiago de Cuba esperam

a passagem de Bento XVI

na Praça Antonio Maceo,

dia 26 de março

Page 42: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Queridas crianças,Estou contente por vos poder encontrar, vendo os vos-sos rostos encher de alegria esta linda praça. Vós ocu-pais um lugar muito importante no coração do Papa; eisto mesmo queria que o soubessem todas as crian-ças do México, neste momento, particularmente asque suportam o peso do sofrimento, o abandono, aviolência ou a fome, que nestes meses, por causa daseca, se fez sentir intensamente nalgumas regiões.Obrigado por este encontro de fé, pela presença festi-va e a alegria que exprimistes com os cânticos. Hojeestamos cheios de júbilo, e isto é importante. Deusquer que estejamos sempre felizes. Ele conhece-nose ama-nos. Se deixarmos o amor de Cristo transfor-mar o nosso coração, então poderemos mudar o mun-do. Esse amor é o segredo da verdadeira felicidade.

Este lugar, onde nos encontramos, tem um nomeque exprime o anseio presente no coração de todosos povos: “a paz”, um dom que provém do Alto. “Apaz esteja convosco” (Jo 20, 21): são palavras doSenhor ressuscitado. Ouvimo-las em cada Missa, ehoje ressoam de novo aqui, com a esperança de quecada um se transforme em semeador e mensageirodaquela paz pela qual Cristo entregou a sua vida.

O discípulo de Jesus não responde ao mal com omal, mas sempre é instrumento do bem, arauto doperdão, portador da alegria, servidor da unidade.Jesus quer escrever em cada uma das vossas vidasuma história de amizade. Por isso considerai-O co-mo o melhor dos vossos amigos. Ele não se cansaráde vos dizer que ameis sempre a todos e façais obem. Ouvireis isto mesmo, se vos esforçardes pormanter um contato frequente com Ele, que vos aju-dará mesmo nas situações mais difíceis.

Vim para que sintais o meu afeto. Cada um devós é um presente de Deus para o México e para omundo. A vossa família, a Igreja, a escola e quantosdetêm a responsabilidade na sociedade hão-de tra-balhar, de mãos dadas, para que possais receberem herança um mundo melhor, sem invejas nem di-visões.

Por isso, quero aqui elevar a minha voz, convi-dando todos a protegerem e cuidarem das crian-ças, para que nunca se apague o seu sorriso, po-dendo viver em paz e olhar o futuro com confiança.

Vós, meus amiguinhos, não estais sozinhos.Contai com a ajuda de Cristo e da sua Igreja, paralevardes uma vida de estilo cristão. Participai naMissa dominical, na catequese, em algum grupo deapostolado, procurando lugares de oração, frater-nidade e caridade. Assim fizeram os Beatos Cristó-vão, António e João, os meninos mártires de Tlax-cala, que, tendo conhecido Jesus no tempo da pri-meira evangelização do México, descobriram quenão havia maior tesouro do que Ele. Eram crianças

como vós, e deles podemos aprender que, paraamar e servir, não há idade.

Bem gostava de ficar mais tempo convosco,mas tenho de partir. Continuaremos unidos na ora-ção. Por isso, convido-vos a não deixardes de re-zar, mesmo em casa; assim experimentareis a ale-gria de falar com Deus em família. Rezai por todos;por mim também. Eu rezarei por vós, para que oMéxico seja um lar onde todos os seus filhos vivamcom serenidade e harmonia. De coração vos aben-çoo, pedindo-vos que transmitais o carinho e a bên-ção do Papa aos vossos pais, irmãos e demais se-res queridos. Que a Virgem vos acompanhe! Muitoobrigado, meus amiguinhos!

© Copyright 2012 - Libreria Editrice Vaticana

PAPA BENTO ÀS CRIANÇAS MEXICANAS

Antes de ir à Cuba de 26 a 29 de março, Papa Bento quis encontrar as crianças durante a sua visita pastoral no México, realizada de 23 a 26 de março. Eis as suas palavras às crianças durante o encontro no sábado, 24 de março, na Praça da Paz, em Guanajuato, capital do Estado mexicano com o mesmo nome

Bento XVI na sacada central do Palácio Presidencial

de Guanajuato para saudar e dar a bênção às crianças

42 30DIAS N° 3/4 - 2012

Page 43: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)
Page 44: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

IGREJA/1Giuseppe Bertello, a fé dos simples e os milagres de Jesus

“Há dois modos de se apro-ximar de Jesus: com a atitu-de dos ‘sábios’, que colocam

em dúvida as suas palavras,ou com o das pessoas sim-ples, que dão testemunhodos milagres de Cristo e têmolhos para ver o Esperado”.São palavras do cardeal Giu-seppe Bertello, presidentedo Governatorato do Estado

da Cidade do Vaticano, emuma homilia durante a missacelebrada na igreja de SantaMaria da Piedade perto doColiseu. As palavras do car-deal foram retomadas noL’Osservatore Romano de4 de abril.

IGREJA/2Francesco Moraglia e o ano da fé

No dia 25 de março o novopatriarca de Veneza, Fran-cesco Moraglia, assumiu anova sede episcopal. Na sua

44 30DIAS N° 3/4 - 2012

No dia 9 de março Bento XVI fez um discurso aosparticipantes do anual curso sobre o Fórum Inter-no promovido pela Penitenciaria Apostólica.Apresentamos um trecho do seu discurso, publi-cado no L’Osservatore Romano de 10 de mar-ço: “Então, em que sentido a Confissão sacra-mental é ‘caminho’ para a nova evangelização?Antes de tudo porque a nova evangelização hau-re linfa vital da santidade dos filhos da Igreja, docaminho quotidiano de conversão pessoal e co-munitária, para se conformar cada vez mais pro-fundamente com Cristo. E existe um vínculo es-treito entre santidade e Sacramento da Reconci-

liação, testemunhadopor todos os Santos dahistória. A conversãoreal dos corações, quesignif ica abrir-se àação transformadorae renovadora de Deus,é o ‘motor’ de qual-quer reforma e traduz-se numa verdadeiraforça evangelizadora.Na Confissão, o peca-dor arrependido, porobra gratuita da Mise-ricórdia divina, é justi-f icado, perdoado esantificado, abandonao homem velho parase revestir do homemnovo. Só quem se dei-xou renovar profunda-mente pela Graça divi-

na, pode trazer em simesmo, e portanto anunciar, a novidade doEvangelho. [...] A nova evangelização, então, co-meça também no Confessionário! Isto é, parte domisterioso encontro entre o inexaurível questio-namento do homem, sinal nele do Mistério Cria-dor, e a Misericórdia de Deus, única resposta ade-quada à necessidade humana de infinito. Se a ce-lebração do Sacramento da Reconciliação for is-to, se nela os fiéis fizerem uma experiência realdaquela Misericórdia que Jesus de Nazaré, Se-nhor e Cristo, nos concedeu, então tornar-se-ãoeles mesmos testemunhas credíveis daquela san-tidade, que é o fim da nova evangelização”.

PAPAA Confissão é “caminho” para a nova evangelização

Fiéis em fila diante do confessionário de São Pio de Pietrelcina

Curtas Curtas Curtas Cu3ODIAS NO MUNDO 3ODIAS NO MUNDO 3ODIAS NO MUNDO 3ODIAS NO MUN

Page 45: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

primeira missa falou sobre otrecho do Evangelho que serefere à Ceia de Emaús.Apresentamos uma passa-gem: “Os dois peregrinos –Cléopas e o companheirode estrada – estão cami-nhando com Jesus ressusci-tado e estão tristes porque,para eles, Jesus ainda estámorto; em um determinadomomento, querem até mes-mo explicar justamente a Eleo que aconteceu alguns diasantes em Jerusalém [...]. Pa-rece que se entrevê, nestaconfusa tentativa, a imagemde certa teologia, mais deboa vontade do que ilumina-da, toda dedicada à árdua eimprovável tarefa de salvar,por meio das próprias cate-gorias, Jesus Cristo e a SuaPalavra. Mas nesta imagemnós também estamos repre-sentados toda vez que, comnossos planos pastorais,com os nossos projetos e de-bates, prescindindo de umaverdadeira fé, pretendemosexpl icar a Jesus Cris toquem Ele é. Cléopas, o seucompanheiro de estrada – edepois deles os discípulos detodos os tempos – no finalexprimem toda a sua deso-lação e desconfiança paracom Jesus e sua obra, as pa-lavras dos dois e o uso dotempo imperfeito são ine-quivocáveis: ‘... Nós esperá-vamos que fosse Ele quemlibertaria Israel; mas, comtudo isso, já faz três dias quetodas essas coisas acontece-ram!...’ (Lc 24, 21). Quan-do a fé deixa de existir, ounão tem condições de sus-tentar e fecundar a vida dosdiscípulos, então todo o dis-curso teológico, todo o pla-no pastoral ou coberturamediática, parecem insufi-cientes. E nós nos encontra-mos nas mesmas condi-

30DIAS N° 3/4 - 2012 45

Na revista Sette de 5 de abril (suple-mento semanal do Corriere dellaSera) foi publicado um interessanteartigo de Vittorio Messori. Propo-mos alguns trechos: “Domingo dePáscoa. Para a fé, é a evocação daressurreição do Jesus crucificado trêsdias antes, que – logo ao sair do se-pulcro – mostra que é Cristo, o Mes-sias anunciado pelos profetas e espe-rado por Israel. Entre os que creemsão muitos os que esqueceram que,por muitos séculos, em confrontocom a Páscoa, o Natal era uma festasecundária e que, ainda hoje, as Igre-jas orientais dão maior relevância li-túrgica à Epifania, sinal da manifes-tação do Messias em todas as gentes.E quantos são, mesmo entre os quefrequentam a missa, os que recor-dam que o domingo se chama assim(Dies Domini, dia do Senhor) por-que é a renovação, cinquenta e duasvezes por ano, daquele ‘dia depoisdo sábado’ no qual aconteceu oGrande Evento? [...] São Paulo, au-tor da escrita sintética e nervosa, falaclaro, advertindo os cristãos de Co-rinto: ‘E se Cristo não ressuscitou, évã a nossa pregação e também é vã avossa fé... Se é só para esta vida quetemos colocado a nossa esperançaem Cristo, somos, de todos os ho-mens, os mais dignos de lástima’.Por que hoje devemos repetir essascoisas? Para recordar que a fé, à qualBento XVI decidiu dedicar proposita-damente um ano de reflexão e de re-descoberta, aquela fé é bem maissimples do que possa parecer. E bemmenos complicada do que tenhamtentado mostrar-nos, mesmo ho-mens de Igreja, inundando-nos com

palavras ditas e escritas, de enuncia-dos teológicos, de prescrições mo-rais. Crer, para um cristão, é isso esomente isso: ‘apostar’ (para usar otermo de Pascal, grande devoto egrande matemático) na verdade dosEvangelhos, que nos narram do se-pulcro vazio, do terceiro dia, e dasaparições do Crucificado por bemquarenta dias [...]. Este é o funda-mento. Todo o resto nada mais é queconsequência e comentário, pormais indispensável e importante quesejam. E é justamente a este funda-mento, a esta simplicidade que Jo-seph Ratzinger exortava a voltar emtodos os vinte e cinco anos em quefoi ‘prefeito da fé’. Agora, como pa-pa, quer ajudar-nos a voltar, com aajuda do ano específico para a fé [...].O cristianismo não é uma sabedoria,não é uma ética, uma cultura, umconjunto de normas de vida, pormais sábias que sejam. É também is-so, mas de modo derivado, porqueno seu núcleo essencial é uma histó-ria, é uma narração verdadeira, queculmina na Ressurreição”.

ANO DA FÉVittorio Messori: a fé é apenas “apostar” na ressurreição de Jesus

Maria Madalena e a outra Maria no sepulcro¬

urtas Curtas Curtas CurtasNDO 3ODIAS NO MUNDO 3ODIAS NO MUNDO 3ODIAS NO MUNDO 3ODIAS NO MUNDO

Page 46: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

46 30DIAS N° 3/4 - 2012

ções dos dois discípulos deEmaús, incapazes de ir alémdas suas lógicas, de seus es-tados de ânimo, descobrin-do-nos prisioneiros dos seusmedos. Consideremos tudoisso nas vésperas do inci-piente Ano da Fé”.

ORIENTE MÉDIODavid Grossman: “Por que digo não à guerra ao Irã”

O famoso romancista israe-lense David Grossman es-creveu no jornal La Repub-blica de 12 de março: “OIrã, como se sabe, não éapenas um país fundamen-talista e extremista. Umagrande parte da população éleiga, culta e progredida.

Numerosos representantesdessa grande faixa médiamanifestaram com corageme arriscando a própria vidacontra um regime religioso,t irânico e que detestam.Não estou dizendo que umaparte do povo iraniano te-nha simpatia por Israel, mas

um dia, no futuro, estas pes-soas poderiam governar oIrã e talvez serem mais incli-nadas a Israel. Porém, estapossibilidade desapareceriase Israel atacasse o Irã confi-gurando-se como uma na-ção arrogante e megalôma-na, um inimigo histórico

contra o qual lutar exausti-vamente, mesmo aos olhosdos moderados iranianos.Esta eventualidade é mais oumenos perigosa do que umIrã nuclear? E o que fará Is-rael se a um certo ponto aArábia Saudita também qui-ser armas nucleares e as ob-tiver? Desencadeará um ou-tro ataque? E se o Egito, sobnovo governo, também es-colher esta estrada? Israelbombardeará? E será parasempre o único país da re-gião autorizado a ter armasnucleares? [...] Um tal ataqueseria arriscado, precipitadoe poderia mudar completa-mente o nosso futuro, nãoouso nem mesmo imaginarcomo. Aliás, não: eu possoimaginar, mas minha mão serecusa a escrevê-lo”. q

Uma manifestação em Tel Aviv contra a hipótese de um ataque

preventivo israelense às usinas nucleares iranianas, 24 de março de 2012

“‘As grandes coisas iniciam sempre em um grão demostarda e os movimentos de massa têm sempreuma breve duração’. Esta frase escrita pelo PapaBento XVI, quando ainda era prefeito da Congre-gação para a Doutrina da Fé, para descrever as exi-gências de uma nova evangelização, evidencia bemo que Joseph Ratzinger considera muito comoteólogo, bispo e papa”. Este é o incipit de um arti-go do cardeal Kurt Koch, presidente do PontifícioConselho para a Promoção da Unidade dos Cris-tãos, publicado no L’Osservatore Romano de 15de abril passado. Por isso, para o cardeal, o SantoPadre, coloca como “princípio basilar” do agir deDeus na história exatamente a predileção “poraquilo que é pequeno”. E explica: “O grão de mos-tarda não é apenas uma comparação da esperançacristã, mas evidencia também que o grande nascedo pequeno não por meio de reviravoltas revolu-cionárias e nem mesmo porque nós homens assu-mimos a sua direção, mas porque isso acontece demodo lento e gradual, seguindo uma dinâmica pró-pria. Diante disso, o comportamento cristão só po-

de ser de amor e paciência, que é o profundo respi-ro do amor. [...] Ao contrário, nós homens, somossempre tentados a usar os detalhes pelo todo, a tro-car o finito pelo infinito e, consequentemente, adar muita importância, na comparação de Jesus,ao crescimento; queremos com nervosa impaciên-cia, ter com muita rapidez uma grande árvore ro-busta e, se preciso, para isso ajudar com as nossasmãos, no esforço de obter logo um resultado de to-do o respeito, e na pastoral corremos o risco deconfundir o cuidado das almas com a preocupaçãocom os números [...]. Com a comparação do grãode mostarda o Papa sublinha que a ação na Igrejadeveria ter como ponto de referência o seu misté-rio e não exigir logo a criação de uma grande árvo-re. A Igreja é ao mesmo tempo grão de mostarda eárvore e o Papa sublinha isso com precisão: ‘Talveznós devamos, a Igreja deveria se encontrar diantede grandes provas (1Ts 1,6) para aprender nova-mente do que vive também hoje, vive pela esperan-ça do grão de mostarda e não pela força dos seusprojetos e das suas estruturas’”.

IGREJAA predileção de Deus é “por aquilo que é pequeno”

Curtas Curtas Curtas Cu3ODIAS NO MUNDO 3ODIAS NO MUNDO 3ODIAS NO MUNDO 3ODIAS NO MUN

Page 47: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Jesus ressuscitado e Maria Madalena, Giotto, Capela Scrovegni, Pádua

30DIAS N° 3/4 - 2012 47

Trechos das homilias e dos discursos do papa Bento XVI para a celebração da Santa Páscoa

Surrexit Christus spes mea

PÁSCOA 2012

Page 48: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

30DIAS N° 3/4 - 2012 48

“Os discípulos, cuja proximidade Jesus pretendeu naquela hora de ânsiaextrema como elemento de apoio humano, depressa se adormentaram.Todavia ainda ouviram alguns fragmentos das palavras ditas em oraçãopor Jesus e observaram o seu comportamento. Estas duas coisas gravam-se profundamente no espírito deles, que depois as transmitiram aoscristãos para sempre. Jesus chama a Deus ‘Abbá’; isto significa – como elesadiantam – ‘Pai’. Não é, porém, a forma usual para dizer ‘pai’, mas umapalavra própria da linguagem das crianças, ou seja, uma palavra meiga que ninguém ousaria aplicar a Deus. É a linguagem d’Aquele que éverdadeiramente ‘criança’, Filho do Pai, d’Aquele que vive em comunhãocom Deus, na unidade mais profunda com Ele”.

A linguagem d’Aquele que é verdadeiramente criança

Homilia da Quinta-feira Santa, missa in Coena Domini, 5 de abril

Page 49: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Trechos das homilias e dos discursos do papa Bento XVI

“Lucas, por sua vez, diz-nos que Jesus rezava de joelhos. Nos Atos dosApóstolos, fala da oração de joelhos feita pelos santos: Estêvão durante a sua lapidação, Pedro no contexto da ressurreição de um morto, Paulo a caminho do martírio. Assim Lucas redigiu uma pequena história da oração feita de joelhos na Igreja nascente. Ajoelhando-se, os cristãosentram na oração de Jesus no Monte das Oliveiras. Ameaçados pelopoder do mal, eles ajoelham: permanecem de pé frente ao mundo, mas,enquanto filhos, estão de joelhos diante do Pai. Diante da glória de Deus,nós, cristãos, ajoelhamo-nos reconhecendo a sua divindade; mas, comeste gesto, exprimimos também a nossa confiança de que Ele vence”.

Ajoelhando-se, os cristãos entram na oração de Jesus

Homilia da Quinta-feira Santa, missa in Coena Domini, 5 de abril

Page 50: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

PÁSCOA 2012

“Que pretende a narração da criação dizer com isto? A luz torna possível avida; torna possível o encontro; torna possível a comunicação; torna possível o conhecimento, o acesso à realidade, à verdade. E, tornando possível o conhecimento, possibilita a liberdade e o progresso.O mal esconde-se. Por conseguinte, a luz aparece também como expressãodo bem, que é luminosidade e cria luminosidade. É de dia que podemostrabalhar. O fato de Deus ter criado a luz significa que Ele criou o mundocomo espaço de conhecimento e de verdade, espaço de encontro e deliberdade, espaço do bem e do amor. A matéria-prima do mundo é boa; o próprio ser é bom. E o mal não vem do ser que é criado por Deus, masexiste só em virtude da sua negação. É o ‘não’”.

A matéria-prima do mundo é boa; o próprio ser é bom. E o mal não vem do ser que é criado por Deus

Homilia da Vigília Pascal, Sábado Santo, 7 de abril

50 30DIAS N° 3/4 - 2012

“Todo o cristão revive a experiência de Maria de Magdala. É um encontroque muda a vida: o encontro como um Homem único, que nos faz sentir todaa bondade e a verdade de Deus, que nos liberta do mal, não de modosuperficial e passageiro mas liberta-nos radicalmente, cura-noscompletamente e restitui-nos a nossa dignidade. Eis o motivo por queMadalena chama Jesus ‘minha esperança’: porque foi Ele que a fez renascer,que lhe deu um futuro novo, uma vida boa, liberta do mal. ‘Cristo minhaesperança’ significa que todo o meu desejo de bem encontra n’Ele umapossibilidade de realização: com Ele, posso esperar que a minha vida setorne boa e seja plena, eterna, porque é o próprio Deus que Se aproximouaté ao ponto de entrar na nossa humanidade”.

Com Ele, posso esperar que a minha vida seja plena

Mensagem Urbi et orbi, Santa Páscoa, 8 de abril

Page 51: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

“‘Surrexit Christus, spes mea – Ressuscitou Cristo, minha esperança’(Sequência Pascal). A todos vós chegue a voz jubilosa da Igreja, com as palavras que um antigo hino coloca nos lábios de Maria Madalena,a primeira que encontrou Jesus ressuscitado na manhã de Páscoa. Ela correu ao encontro dos outros discípulos e, emocionada, anunciou-lhes: ‘Vi o Senhor!’ (Jo 20, 18). Hoje também nós, depois de termos atravessado o deserto da Quaresma e os diasdolorosos da Paixão, damos largas ao brado de vitória: ‘Ressuscitou!Ressuscitou verdadeiramente!’”.

Surrexit Christus, spes mea

Mensagem Urbi et orbi, Santa Páscoa, 8 de abril

Trechos das homilias e dos discursos do papa Bento XVI

Victimae paschali

Victimae paschali laudesimmolent christiani.Agnus redemit oves:Christus innocens Patrireconciliavit peccatores.Mors et vita duelloconflixere mirando:dux vitae mortuus, regnat vivus.Dic nobis, Maria,quid vidisti in via?Sepulchrum Christi viventis,et gloriam vidi resurgentis:angelicos testes,sudarium et vestes.Surrexit Christus spes mea:praecedet suos in Galilaeam.Scimus Christum surrexissea mortuis vere:tu nobis, victor Rex, miserere.

Amen. Alleluia.

Page 52: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

“Com a morte de Jesus, parecia falir a esperança de quantos confiavamn’Ele. Mas esta fé nunca desfalece de todo: sobretudo no coração da Virgem Maria, a mãe de Jesus, a pequena chama continuou acesa e viva mesmo na escuridão da noite”.

No coração da Virgem Maria, a mãe de Jesus, a pequena chama continuou acesa e viva mesmo na escuridão da noite

PÁSCOA 2012

30DIAS N° 3/4 - 2012 52

Mensagem Urbi et orbi, Santa Páscoa, 8 de abril

Page 53: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

“Amados irmãos e irmãs! Se Jesus ressuscitou, então – e só então –aconteceu algo de verdadeiramente novo, que muda a condição dohomem e do mundo. Então Ele, Jesus, é alguém de quem nos podemosabsolutamente fiar, confiando não apenas na sua mensagem mas n’Elemesmo, porque o Ressuscitado não pertence ao passado, mas estápresente e vivo hoje”.

Então Ele, Jesus, é alguém de quem nos podemos absolutamente fiar, confiando não apenas na sua mensagem mas n’Ele mesmo

“Queridos irmãos e irmãs! Bom dia a todos! A segunda-feira depois da Páscoa é em muitos paísesum dia de férias, no qual dar um passeio no meio da natureza, ou ir visitarparentes um pouco distantes para estar juntos em família. Mas gostariaque estivesse sempre presente na mente e no coração dos cristãos omotivo deste dia de festa, ou seja a Ressurreição de Jesus, o mistériodecisivo da nossa fé. Com efeito, como escreve são Paulo aos Coríntios,‘se Cristo não ressuscitou, então em vão é a nossa pregação, em vão étambém a vossa fé’ (1Cor 15, 14). Por isso nestes dias é importante voltara ler as narrações da ressurreição de Cristo que encontramos nos quatroevangelhos e lê-las com o nosso coração. Trata-se de narrações que, de formas diversas, apresentam os encontros dos discípulos com Jesusressuscitado, e deste modo nos permitem meditar sobre esteacontecimento maravilhoso que transformou a história e dá sentido à existência de cada homem, de cada um de nós”.

Se Cristo não ressuscitou, em vão é também a vossa fé

Mensagem Urbi et orbi, Santa Páscoa, 8 de abril

Segunda-feira do Anjo, depois do Regina Coeli, 9 de abril

Trechos das homilias e dos discursos do papa Bento XVI

Page 54: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

De 14 a 16 de setembro de 2012, o Papa visitará o Líbano, onde tornará pública a exortação pós-sinodal do Sínodo Especialdos Patriarcas e dos Bispos do Oriente Médio, realizado no Vaticano em outubro de 2010. Tendo também em vista essa viagem, publicamos a homilia de sua beatitude Béchara Boutros Raï, patriarca maronita de Antioquia, pronunciada na Páscoa do Senhor

54

“Se Cristo não ressuscitou, em vão é também a vossa fé”

30DIAS N° 3/4 - 2012

PÁSCOA 2012

Maria Madalena e a outra Maria no sepulcro e a aparição de Jesus a elas, detalhe da miniatura do Evangelho de Rabbula,

reproduzida na página 56

Page 55: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

5530DIAS N° 3/4 - 2012

“Procurais Jesus, o nazare-no, aquele que foi crucificado.Ele ressuscitou, não está aqui”

(Mc 16,6)

A verdade sobre a morte deCristo e seu sepultamen-to, suas aparições e o se-

pulcro vazio, tudo isso confirma asua Ressurreição. Filho de Deusfeito carne, Jesus morreu real-mente na cruz para a redençãodos pecados de toda a humanida-de. Por meio do seu sangue, re-conciliou Deus com cada ho-mem, para que vivamos a recon-ciliação com Deus e uns com osoutros. Ressuscitou para a nossajustificação (Rm 4,25) e paradoar-nos a vida nova, que é a vidadivina em nós. Esse é o alcancedo anúncio do anjo às mulheres,na aurora do domingo da Ressur-reição: “Não tenhais medo! Pro-curais Jesus, o nazareno, aquele

que foi crucificado. Ele ressusci-tou, não está aqui” (Mc 16,6).Por nossa vez, anunciamos essanotícia ao mundo inteiro: Cristoressuscitou! Ressuscitou verda-deiramente!

Excelência, presidente MichelSuleiman, ficamos contentes devê-lo na primeira fila, entre osfiéis, nesta festa da Ressurreiçãodo Senhor Jesus. No meio dessesfiéis estão ministros, deputados,prefeitos e outras personalidadesda vida pública e do setor priva-do. Ao senhor, presidente, e a to-dos os presentes gostaríamos deexpressar nossos votos mais sin-ceros de que Cristo Senhor, res-suscitado dos mortos, possa con-ceder-lhes em abundância as suasgraças, a sua paz, a sua alegria, eque permita ao Líbano e aos paí-ses árabes, hoje em crise, recupe-rar a unidade, a estabilidade euma paz justa e generalizada.

A sua presença nesta sé pa-triarcal acrescenta alegria e letí-cia ao caráter sacro desta festa.Estamos igualmente felizes pelofato de que, em virtude de sua féna gloriosa Ressurreição de Cris-to, fonte da ressurreição dos co-rações, o senhor possa trabalhar,enquanto dirigente da República,

pela ressurreição do país das ruí-nas da guerra, como das dificul-dades da vida pública, econômicae social. O senhor vem buscandoalém disso derrubar os muros dadiscórdia e da divisão, inspirandoum espírito de irmandade e decolaboração baseado na cidada-nia e no fato de pertencermos aum país que precisa da contribui-ção de todos os seus filhos e detodos os seus componentes pararenascer para o progresso e a es-tabilidade. Nisso o senhor rea-

Por ocasião da festa de Páscoa, envio meus melhoresvotos à direção de 30Dias e aos leitores da revista.Agradeço à direção pelo desejo de publicar esta homi-lia, que pronunciei na missa de Páscoa no patriarcadomaronita de Bkerke. Espero que possa ser para os leito-res uma contribuição para seu crescimento espiritual.

Béchara Boutros Raïpatriarca maronita de Antioquia e de todo o Oriente

O patriarca Béchara Boutros Raï

durante a missa de Páscoa,

em 8 de abril, em Bkerke, Beirute

¬

Page 56: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

liza aquilo a que Jesus Cristo nosconvida com a sua morte e a suaRessurreição, e que o apóstoloPaulo exprime: “Mas agora, noCristo Jesus, vós que outrora es-táveis longe ficastes perto, gra-ças ao sangue de Cristo. [...] Dedois povos fez um só povo, emsua carne derrubando o muro dainimizade que os separava. [...]Mediante a cruz, matou a inimi-zade. Veio anunciar a paz: pazpara vós que estáveis longe e pazpara os que estavam perto. [...]Portanto, já não sois estrangei-ros nem forasteiros, mas conci-dadãos dos santos e moradoresda casa de Deus” (Ef 2,13-19).

Com o senhor, senhor presi-dente, e com todos os homens deboa vontade, nós trabalhamos,como Igreja, pela unidade do po-vo libanês, com todas as suasconfissões e os seus componen-tes, afastados de qualquer divisãoe inimizade, afastados de qual-quer posição unilateral e partidá-ria. O valor deste país está emsua pluralidade cultural, religiosae política, coração da democra-cia baseada na convivência emigualdade de direitos e deveresdiante da lei, no respeito à diver-sidade em todos os níveis, napromoção das liberdades civis, demodo particular as liberdades deopinião, de expressão e de fé, ena garantia dos direitos funda-mentais do homem.

Ao seu lado, trabalhamos pa-ra evitar o envolvimento de nos-so país na lógica das alianças edos pactos regionais ou interna-cionais com base política, reli-giosa ou confessional. O Líbano,por sua conformação geográficae política, é chamado a ser neu-tro. Dessa forma o Líbano podeser um fator de estabilidade naregião, e um oásis de encontro ediálogo para as culturas e as reli-giões, mais comprometido nadefesa da causa [como apareceem francês; em árabe, “nasquestões”, ndr] dos países ára-bes e da comunidade internacio-

nal para estabelecer paz e justi-ça, enfrentar a violência e o ter-rorismo, promover os valores damodernidade, exercendo um pa-pel de ponte entre o Oriente e oOcidente.

Na exortação apostólica Umaesperança nova para o Líbano,lemos: “A construção da socieda-de é uma obra comum a todos oslibaneses” (§ 1). Não devemos,então, excluir, esquecer ou elimi-nar ninguém. As diferentes op-

ções políticas devem ser uma ri-queza e um meio para alcançar obem comum, do qual deriva obem de cada pessoa. Acaso asopções políticas não são conju-gações diferentes da arte do pos-sível? Nenhuma opção políticapode ser tomada por absoluta.Todas são relativas, pois adotamos melhores meios para pôr emprática princípios gerais e tradi-ções nacionais, a serviço do bemcomum, do cidadão libanês, da

30DIAS N° 3/4 - 2012 56

PÁSCOA 2012

Uma das miniaturas do Evangelho de Rabbula representando a crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo, Biblioteca Medicea Laurenziana, Florença. O texto dos Evangelhos em língua siríaca, compilado provavelmente em 586,é o único códice miniaturado da Síria paleocristã que sobreviveu até os dias de hoje. A partir do século XI, o documento foi preservado pelos patriarcasmaronitas de Antioquia, que no final do século XV o doaram à família dos Médici de Florença

Page 57: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

sociedade e da nação. Pede-seapenas que as opções sejam fiéisaos princípios gerais e às tradi-ções nacionais, tal como aos ob-jetivos das próprias opções.

“Procurais Jesus, o nazareno,aquele que foi crucificado. Eleressuscitou, não está aqui” (Mc16,6). Esse é o testemunho doanjo às mulheres. Mas a Ressur-reição é, na origem, o testemu-nho de Deus a respeito de JesusCristo, testemunho confirmadopelo apóstolo Pedro: “Eles o ma-taram, suspendendo-o no lenhoda cruz. Mas Deus o ressuscitouno terceiro dia, e disso todos nóssomos testemunhas” (At 2,32;10,38-40); e por Paulo no Areó-pago de Atenas: “Mostrou a to-dos que ele é digno de fé, ressus-ci tando-o dos mortos” (At17,31). Garantia da nossa ressur-reição espiritual – graças à peni-tência – e física – graças à ressur-reição da carne. Garantia da ver-dade de Cristo e da autenticidadeda sua pessoa e da sua missão.Essa garantia se perpetua nomundo pela ação do EspíritoSanto, que “acusará o mundo emrelação ao pecado, à justiça e aojulgamento. Quanto ao pecado:eles não acreditaram em mim.Quanto à justiça: eu vou para oPai, de modo que não mais mevereis. E quanto ao julgamento: ochefe deste mundo já está conde-

nado” (Jo 16,8-11). SegundoPaulo, a Ressurreição de Cristo éa base sobre a qual se edifica a fécristã: “Se Cristo não ressusci-tou, sem fundamento também é avossa fé, [...] estaríamos testemu-nhando contra Deus [...], somos,dentre todos os homens, os maisdignos de compaixão” (1Cor15,14-15.19).

Por meio da sua Ressurreição,Cristo se tornou a nossa paz (cf.Ef 2,14), o fundamento da nossacondição de filhos de Deus, e afraternidade entre os homens.Depois da sua Ressurreição, Cris-to usou muitas vezes as palavras“fraternidade”, “paz” e “ser fi-lhos de Deus”. A Maria Madale-na, que chorava diante do sepul-cro na manhã do domingo daRessurreição, Cristo aparece ediz: “Vai dizer aos meus irmãos:subo para junto do meu Pai e vos-so Pai, meu Deus e vosso Deus”(Jo 20,17). Por intermédio deCristo todos os homens se torna-ram irmãos, e por intermédio deCristo, filho do Deus eterno, to-dos os que creem se tornaram fi-lhos de Deus. Nós cremos nessanova identidade, a ensinamos etrabalhamos por sua realização.

Toda vez que Cristo apareciaaos seus discípulos durante osquarenta dias, cumprimentava-osdizendo: “A paz esteja convos-co!” (Jo 20,19.26); com essa

saudação dava-lhes segurança epaz interior, eliminava o medo deseus corações, manifestava os si-nais e os confortava em sua mis-são. A paz de Cristo é a culturaque pregamos, a escolha quesempre mantemos, pois a condi-ção dos filhos de Deus se traduzem ações e iniciativas de paz, se-gundo a palavra de Cristo Se-nhor: “Felizes os que promovema paz, porque serão chamados fi-lhos de Deus” (Mt 5,9).

A Ressurreição de Cristo é agarantia da ressurreição dos co-rações da morte do pecado e domal. Cristo está vivo: está presen-te na Igreja e age no mundo até ofim dos tempos (cf. Mt 28,20).Presente e ativo por meio de suapalavra viva, de seu corpo e deseu sangue no sacramento da Eu-caristia, da graça dos sacramen-tos, de seu Espírito vivo e santo,que realiza entre os fiéis os frutosda Redenção e da Salvação.

Cristo ressuscitado dos mor-tos está próximo de cada ho-mem, é contemporâneo a cadahomem. É o Senhor “que é, queera e que vem” (Ap 1,4); é aqueleque a Igreja, que todos os crentesinvocam a cada dia: “Vem, Se-nhor Jesus!” (Ap 22,20) A Ti lou-vor e glória pelos séculos dos sé-culos. Amém.

Cristo ressuscitou! Ressusci-tou verdadeiramente! q

5730DIAS N° 3/4 - 2012

“Se Cristo não ressuscitou, em vão é também a vossa fé”

À esquerda,

o patriarca durante

a santa missa

de Páscoa

na presença

das maiores

autoridades civis

libanesas

Page 58: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

H á quase cem anos, todosos domingos de manhã,ouve-se declamar Dante

na cidade de Roma. Desde 1914,os mais ilustres dantistas italianosrecitam e comentam a Divina Co-média, misturando as estrofes aostoques dos sinos de Trastevere,onde fica o quatrocentista Palace-te dos Anguillara, sede histórica daCasa de Dante. Fundada em 1913por iniciativa de Sidney Sonnino,então ministro interino das Rela-ções Exteriores, a Casa de Dan-

te, “associação culturalapolítica e sem fins lucrati-vos”, promove há quaseum século conferênciase leituras públicas deobras dantescas e de-

senvolve atividades “que visamapoiar os estudos e esclarecer epromover o melhor conhecimentoda vida, da época e das obras doPoeta”, como diz seu estatuto. Emfevereiro deste ano, o cardealGianfranco Ravasi assumiu a pre-sidência da Casa, substituindo osenador Giulio Andreotti, agorapresidente honorário.

O cardeal Ravasi, que contouter recebido com “grande alegriae surpresa” o convite para o car-go, é também presidente do Pon-tifício Conselho para a Cultura daSanta Sé, em convênio com oqual constituiu há pouquíssimotempo um comitê científico-or-ganizador para promover as cele-brações do sétimo centenário damorte de Dante, que se comple-tará em 2021. Como diz o pur-

purado, uma oportunidade para“criar sinergias entre instituiçõeseclesiais e civis”.

Nós o encontramos para falardo poeta florentino, entre outrascoisas.

Eminência, como nasceu asua ligação com Dante?

GIANFRANCO RAVASI: Elanão surgiu de uma competênciapropriamente técnica ou acadê-mica, pois os meus estudos se de-senvolveram num outro âmbito. Émuito mais uma simbiose ideal eespiritual gerada por dois fatosparticulares: primeiro, a minhapaixão pela poesia, que cultivodesde a adolescência. Sempre fuium grande leitor de poesia, de to-dos os tipos, inclusive estrangei-ras. O segundo fato foi, por assimdizer, um golpe de sorte: no ensi-no médio, no seminário de Milão,tive um professor de literatura ita-liana apaixonado por Dante. Suabiblioteca conservava uma cole-ção infindável de comentários àsobras do poeta e sua exegese noensino médio era avivada semcessar pelas diferentes vozes des-ses comentadores. Daquele modo

Literatura Dante

“Tenho a clara impressão de que mesmo de posições tão radicalmentedistantes vem um pedido sincero à Igreja: que volte a falar da substância da sua mensagem, que volte, enfim, a falar de Deus. Nisso, Dante pode ser uma ajuda para todos nós”. Encontro com o cardeal Gianfranco Ravasi

O cardeal na casa do poeta

Ao lado, Dante Alighieri, afresco de Andrea del Castagno,conservado no Museu dos Uffizi, em Florença; à direita, o quatrocentista Palacete dos Anguillara, em Roma, sede histórica da Casa de Dante

por Paolo Mattei

Page 59: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

incessante, ele fazia uma seleçãopara nós, por intermédio da qualpropunha, como um verdadeiroapaixonado, uma constanteabertura do nosso horizonte. Sougrato a ele, pois me ensinou a lerDante com amor, mas tambémcom o rigor que a poesia exige.

O que o senhor quer dizercom “rigor”?

A poesia não é a linguageminstintiva e espontaneísta dostantos e tantos versificadores quecompõem variações infinitas eextremamente livres sobre as ro-sas e o orvalho da madrugada...A poesia é o máximo da raciona-lidade, é uma lógica superior,

transcendente, com uma gramá-tica própria, um rigor próprio ex-traordinário. Imaginemos porum momento como eram impor-tantes para Dante a precisãogeométrica do verso, o respeitoaos acentos e às pausas, a buscaescrupulosa das rimas... Essaexatidão é imprescindível tam-bém na música. Penso, porexemplo, em Bach. Algumas desuas composições podem serpensadas, usando uma imagemfrequentemente aplicada tam-bém à Divina Comédia, comocatedrais. No início de algumasde suas obras há uma “agulha”musical que volta, no final, comoparalelismo necessário.

Depois daquele início noensino médio, o senhor con-

tinuou a frequentar a obrado poeta florentino?

Sim, sempre procurei preser-var ilhas de tempo para dedicar àleitura dos versos da Comédia.Nesse sentido tive o exemploilustre de Giovanni Galbiati, meuantecessor na Biblioteca Ambro-siana. Ele mandou construir umapequena torre – que eu mais tar-de usaria como meu escritórioparticular – à qual subia todos osdias para ler um canto da Comé-dia. Provavelmente consideravaa poesia um exercício da alma,como uma oração.

Certamente o senhor gos-ta de Dante também pela

teologia presente em suasestrofes...

Naturalmente. Como teorizouo cientista Stephen J. Gould, ateologia e a filosofia, que estu-dam o “fundamento”, pertencema um plano de conhecimentotranscendente, um plano distintodaquele do conhecimento empí-rico-científico, que se ocupa do“fenômeno”, da “cena”. Este é oponto: a verdadeira poesia situa-se no mesmo nível da teologia eda filosofia. É certamente o casode Dante, que sabe englobar etransfigurar na l inguagem dapoesia a teologia e a exegese doseu tempo, das quais tinha umconhecimento técnico muitoprofundo. Outro poeta de quegosto muito, Thomas Stearns

Eliot, mais próximo de nós notempo, conseguiu fazer isso, mu-tatis mutandis , nos Quatroquartetos. A teologia de Dantecelebra a sua grande epifania e to-dos os teólogos que o ignoramcomo teólogo cometem um erro.Marie-Dominique Chenu explica-va, em sua Teologia do séculoXII, o quanto é necessário daratenção às obras artísticas, nãoapenas literárias, mas tambémplásticas e figurativas, pois elasnão são, dizia, “somente ilustra-ções estéticas, mas verdadeiros‘espaços’ teológicos”. Eu gostariaque fosse possível ensinar a obrade Dante tendo esse critério co-mo pano de fundo. Até por isso,seria bonito reinstituir uma cáte-dra de Estudos Dantescos na Uni-versidade Católica, como fez Pau-lo VI em abril de 1965, com a car-ta apostólica Altissimi cantus,em forma de motu proprio, escri-ta por ocasião dos setecentosanos do nascimento do Poeta.

O senhor observou recen-temente como o ensino deDante também é insatisfató-rio nas escolas...

Normalmente, a maneira deapresentá-lo aos estudantes nãoé carregada de fascínio, de atrati-vos. Mas Dante é fascinante eatraente! Nesse sentido, RobertoBenigni, com suas lecturae, teveo mérito e a coragem de mostrarcomo Dante sabe falar ao ho-mem de hoje; conseguiu eviden-ciar como numa única frase eleconsegue dizer, a respeito de rea-lidades muito profundas, tudo oque intelectuais refinados não se-riam capazes de explicar nemmesmo com milhares de pala-vras... O mérito de Benigni foieste: com uma leitura “linear”,narrativa, e sem muitos comentá-rios, conseguiu que Dante falassea milhões de pessoas. Muitas ve-zes, ao contrário disso, os profes-sores propõem interpretações fi-lológicas irritantes, submetendoo texto a uma constante e cansa-tiva análise estrutural... Eu me

5930DIAS N° 3/4 - 2012

Entrevista com o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura

¬

O cardeal Gianfranco

Ravasi com o professor

Enrico Malato, durante

a entrevista coletiva

de apresentação

das iniciativas da Casa

de Dante e do Pontifício

Conselho para a Cultura,

tendo em vista o sétimo

centenário da morte

do poeta (1321-2021).

Roma, 7 de março

de 2012

Page 60: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

lembro da aula de um crít icoamericano estruturalista, que con-siderava belíssima a passagem daComédia que estava comentandoapenas porque era possível “des-montá-la” completamente, fazê-laem pedaços, reduzi-la a figurinhasde decupagem.

O que poderia ser feito depositivo nesse sentido?

Seria preciso trabalhar na for-mação dos docentes. E os agen-tes culturais e de comunicaçãodeveriam mudar de atitude pe-rante o grande público, que mui-tas vezes encaram com pessimis-mo, quando não com desprezo.No entanto, além de Benigni,Vittorio Sermonti também de-monstrou que há uma sede ge-neralizada dessas coisas e umareceptividade muito mais pro-funda do que imaginamos. Assis-ti há algum tempo uma lecturaDantis feita por ele em SantaMaria das Graças, em Milão: fo-ra da igreja havia longas filas degente que não tinha conseguidoentrar. Eu também muitas vezesme surpreendi com o grau de cu-riosidade que existe em relação atemas que, normalmente, sãoconsiderados pelos especialistasuma espécie de reserva de caça.Lembro-me, com admiração, damultidão silenciosa e atenta que,em Mântua, sob um sol implacá-vel, ouvia uma conferência mi-

nha sobre Qoelet. E garanto avocê que não eram professores.Dante, portanto, ainda pode fa-lar ao mundo.

Ele falou também à Igrejade seu tempo, e muitas vezesde maneira dura...

O amor pela Igreja, o amorpela fé podem-se manifestartambém por meio da crítica apai-xonada. Existe um exercício decrítica sério, motivado, funda-mentado, cuja argumentação po-de até ser discutível, mas que nas-ce de uma autêntica paixão doespírito. Dante é isso. Bento XV,na encíclica In praeclara sum-morum, redigida em abri l de1921, para celebrar os seiscen-tos anos da morte do poeta, e di-rigida aos professores e aos alu-nos dos institutos literários e dealta cultura do mundo católico,apresenta esta questão retórica:“Quem poderia negar que na-quele tempo houvesse coisas areprovar no clero, em razão dasquais um espírito tão devoto àIgreja, como o de Dante, deveriasentir-se por demais desgostoso,se sabemos que homens insignespor sua santidade também as re-provaram severamente na mes-ma época?” E Paulo VI, na cartaAltissimi cantus, observa: “Nãoincomoda recordar que a sua vozse elevou e ressoou duramentecontra alguns pontífices roma-

nos, e que referiu-se com aspere-za a instituições eclesiásticas ehomens que foram ministros erepresentantes da Igreja”. Pelofato de a sua fé não ter sido a ade-são a verdades racionais, mas oamor de seu ser inteiro a Cristo ea Sua Igreja, Dante pôde introdu-zir na Comédia toda a dimensãomoral que a conota, sublinhandoa distinção entre o bem e o mal.Estou convicto de que hoje preci-samos voltar a falar do conceitode mal, usando os termos maisclaros para isso: culpa, pecado.O conceito de pecado se perdeu,se dissolveu numa névoa incolor,se extinguiu. Pastoralmente fa-lando, sinto necessário, neste pe-ríodo, voltar a frisar – até sem re-tórica ou ênfase – o sentido dobem e do mal. Também nisso,Dante pode ser uma ajuda.

E pode ajudar também nodiálogo com os não crentesou com quem está afastadoda Igreja?

Claro. O que pode levar à mor-te do diálogo é a frequência comque é levado além dos limites dosincretismo ou do fundamentalis-mo. Infelizmente, o confrontovencedor na mídia é o que se dáentre crentes com posições incri-velmente rígidas e “não crentesbrincalhões”, para quem tudo serevolve na paródia e no espetácu-lo. Por esse motivo, quero evitar

60 30DIAS N° 3/4 - 2012

Literatura Dante

Abaixo, a partir da esquerda, Vittorio Sermonti e Roberto Benigni

Page 61: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

que as iniciativas do Pátio dosGentios [instituído pelo PontifícioConselho para a Cultura comoespaço para o diálogo entre cren-tes e agnósticos ou ateus, ndr] se-jam conduzidas por crentes e nãocrentes fundamentalistas. Preci-samos ser capazes de argumentare ouvir, sem, porém, recuar umpasso sequer: e isso não é funda-mentalismo, mas o verdadeirosentido do diálogo. Sou contrárioao “duelo” – como tenho ditomuitas vezes –, porque sou favo-rável ao “dueto”, no qual as vo-zes, embora pertencentes a polossonoros opostos, sabem produzirharmonia sem ter de renunciar asua identidade, ou seja, para falarem termos concretos, sem se des-colorir num vago sincretismoideológico. Impressionou-me umconfronto público que tive recen-temente, durante uma iniciativado Pátio dos Gentios, com GianEnrico Rusconi. Tive a clara im-pressão de que mesmo de posi-ções tão radicalmente distantesvem um pedido sincero à Igreja:que volte a falar da substância dasua mensagem, que volte, enfim,a falar de Deus. Frequentemente,nos perdemos atrás de pequenosdetalhes e não levamos em contatodo o afresco. Até por isso, Dan-te, com seu espírito “sistemático”medieval – um fôlego que nós

perdemos – pode ser uma ajudapara todos nós.

O senhor citou Bento XV ePaulo VI. Mas Bento XVItambém ama Dante...

Sim. Já quando era cardealele o lembrou em sua obra Intro-dução ao cristianismo; depois,como papa, voltou a fazê-lo emvárias ocasiões: na encícl icaDeus caritas est, num discursodirigido aos participantes de umencontro promovido pelo Ponti-fício Instituto João Paulo II e, de-pois, durante o ângelus pela festada Imaculada Conceição de

2006, em que, perguntando-sepor que entre todas as mulheresDeus escolheu Maria de Nazaré,cita os versos maravilhosos daoração de São Bernardo a NossaSenhora. “A resposta”, diz o Pa-pa, “está escondida no mistérioinsondável da vontade divina.Contudo há uma razão que oEvangelho ressalta: a sua humil-dade. Dante Alighieri ressalta is-so muito bem no último canto doParaíso: ‘Virgem Mãe, filha doteu Filho,/ humilde e alta mais doque criatura,/ fim firme do con-selho eterno’”. q

6130DIAS N° 3/4 - 2012

Entrevista com o presidente do Pontifício Conselho para a Cultura

Ao lado,

Dante Alighieri e os reinos do além,

de Domenico

di Michelino,

Santa Maria

del Fiore,

Florença

Acima, a partir da esquerda: Bento XV, Paulo VI e Bento XVI

Page 62: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

62 30DIAS N° 3/4 - 2012

O transitus Domini, ou se-ja, a passagem que liga aIgreja à Tradição e às

suas origens segundo uma conhe-cida expressão de Paulo VI, é o as-pecto mais importante mas tam-bém o menos evidenciado do Ar-

quivo Secreto Vaticano. O arquivocentral da Santa Sé, com efeito, émuito mais famoso pelas suas di-mensões: criado há 400 anos pe-lo Papa Paulo V na mesma sedeonde está hoje e à qual chega-sepelo Pátio Belvedere no Vaticano,

reúne doze séculos de história emoitenta e cinco quilômetros de es-tantes. É um dos centros de pes-quisas históricas mais importantese famosos do mundo, onde estãoconservados milhões de docu-mentos dos quais muitos com va-

Entrevista com o cardeal bibliotecárioRaffaele Farina: porque a Igreja sempre sentiu a necessidade de conservarsistematicamente atas e documentos da sua atividade

Aniversários Os 400 anos do Arquivo Secreto Vaticano

A propensão da Igreja à memória

por Roberto Rotondo

Acima, a Sala dos Anjos músicos,

no andar nobre do Arquivo Secreto

Vaticano . Nestas páginas,

alguns documentos expostos

na exposição Lux in arcana.Museus Capitolinos, Roma,

até 9 de setembro de 2012

O registro dos juramentos de fidelidade a Inocêncio VI redigido, provavelmente,

a partir de 1356

Page 63: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

lor histórico inestimávele, naturalmente, é emincessante aumento. Afim de entender paraque serve e como seformou o Arquivo dospapas, dirigimos algu-mas perguntas a Raf-faele Farina, cardeal ar-quivista do Arquivo Se-creto Vaticano e biblio-tecário da Santa IgrejaRomana. O cardeal bibliotecáriopode ser considerado um patronoda Biblioteca Apostólica Vaticanae do Arquivo Secreto, pois a admi-nistração é confiada respectiva-mente a dois prefeitos. O cardealFarina, salesiano, historiador,exegeta, com longa experiênciatambém como prefeito da Biblio-teca Apostólica Vaticana, recebe-nos em seu escritório e, antes deiniciar a entrevista, recorda comprazer a relação especial que ligaBento XVI à Biblioteca e ao Arqui-vo: o próprio papa Ratzinger,quando veio aqui em visita no anode 2007, recordou que quandoera prefeito da Congregação paraa Doutrina da Fé pediu mais deuma vez a João Paulo II para sernomeado cardeal bibliotecário, epor um período ficou convencidode que aquele seria o seu próximoencargo, mas as coisas acontece-ram de outro modo e acabou indoà Biblioteca como papa.

Eminência, o Arquivo Se-creto tem 400 anos, mas reú-ne documentos muito maisantigos. Por que a Igreja sem-pre sentiu necessidade deconservar atas e documentosda sua atividade de modo tãosistemático?

RAFFAELE FARINA: Desde osprimeiros tempos da Igreja de Ro-ma, como recorda o Liber Pontifi-calis, os papas costumavam guar-dar no próprio “scrinium” (arqui-vo) as gesta martyrum, os códigoslitúrgicos, as memórias das consa-grações episcopais, as doaçõesrealizadas ao bispo de Roma e aos

cristãos nos primeirosséculos. A exigênciasurgiu da necessidadede transmitir a memóriada ação da Igreja quenascia depois das perse-guições e da necessida-de “administrativa” daprópria Igreja romana,que naturalmente dese-java conhecer as teste-munhas da fé mortas

por Cristo (o seu melhor tesourode fé) e a ação dos pastores e dosfiéis da Urbe. A partir do século IVo Arquivo da Igreja de Roma se en-

riqueceu com documentos, códi-gos, livros provinciais, fórmulas dejuramento, atestados de consagra-ção de igrejas ou fundações deabadias, papiros relativos à corres-pondência enviada pelos impera-dores do Oriente e depois os doOcidente aos pontífices, e outrosescritos pastorais e administrativoscomo bem demonstra o Liberdiurnus Romanorum Pontifi-cum, um antigo código formuláriode chancelaria que se encontra noArquivo Secreto Vaticano e que re-monta ao final do século VIII ouinício do século IX. ¬

6330DIAS N° 3/4 - 2012

Lux in arcana

A exposição nos Museus Capitolinos

Oato de abjura de Galileu Galilei e a bula de deposição do imperadorFrederico II. A Regra de Francisco de Assis e a bula de canonização

de Francisco Xavier, uma carta de Erasmo de Roterdã e uma de Michelan-gelo Buonarroti. Lux in arcana mais do que uma exposição é uma imersãonas fontes da história. Cem documentos originais do Arquivo Secreto Vati-cano, escolhidos entre códigos e pergaminhos, fascículos, registros e ma-nuscritos, pela primeira vez são expostos ao público por seis meses, demarço a setembro de 2012, nos Museus Capitolinos de Roma.

A exposição, organizada por ocasião do IV centenário da fundação doArquivo Secreto Vaticano, quer explicar e mostrar o que é e como funcionao Arquivo dos papas e, ao mesmo tempo, “tornar visível o invisível” e per-mitir o acesso a algumas maravilhas documentárias. Também estão ex-postos alguns documentos cuja consulta ainda é proibida aos estudiosos,pertencentes ao período do pontificado de Pio XII que contém o relatórioda tragédias das Fossas Ardeatinas (em Roma, no período nazista), umaseção que reúne os nomes dos sacerdotes prisioneiros em Dachau, umrelatório sobre o bombardeio do bairro de São Lourenço fora dos Murosem Roma.

R.R.

A face anterior do selo de ouro do Papa Clemente VII

O cardeal

Raffaele Farina

Page 64: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Então não era apenas umanecessidade ligada às fun-ções do papado especialmen-te ao exercício do poder tem-poral...

No início não havia o podertemporal do papa, que começouapenas com o papa Adriano(772-795); portanto havia umapreocupação de memória, pasto-ral e administrativa. Com o nasci-mento do Estado da Igreja acres-centou-se também uma preocu-pação de governo do Patrimo-nium petri dependente do pontí-fice. A coisa mais importante, co-mo eu disse, é a propensão pri-mária da Igreja em criar memória.Quase instintiva, diria, do cuidado

e da custódia de tudo o que a rela-cione à sua origem. Antigamentetambém o manuscrito era consi-derado uma espécie de relíquia.

O Arquivo passou por mui-tas transformações antes dodeslocamento na sede atual.A constituição de um arquivocentral no século XVII tam-bém ocorreu por causa dasexigências da nascente ciên-cia arquivística?

As razões que podem ter in-fluenciado são várias. Mas o fato éque os pontífices dos séculos XVI eXVII tentaram várias vezes reunirem um só lugar, bem vigiado, osdocumentos da Santa Sé: nestesentido tentaram Paulo IV (1555-

1559), São Pio V (1566-1572),Sisto V (1585-1590), ClementeVIII (1592-1605) e nenhum delesconseguiu por vários motivos. Aoinvés, Paulo V Borghese conse-guiu, pois no início de 1612 man-dou reunir nas salas próximas doSalão Sistino da Biblioteca Vatica-na, onde residia até então seu so-brinho cardeal, os fundos docu-mentários provenientes de váriospontos do Palácio Apostólico e doantigo Arquivo do Castelo de San-to Ângelo.

O Arquivo foi também de-finido um oceano, mas há umsetor mais importante do queos outros?

64 30DIAS N° 3/4 - 2012

Quando se fala de Arquivo Secreto Vaticano, fala-se do moderno Arquivo da Santa Sé fundado por

Paulo V perto do ano 1610, na sede situada no PátioBelvedere onde se encontra até agora, porém com di-mensões bem maiores. Mas a história dos arquivosdos romanos pontífices afunda em tempos bem maisremotos, ligando-se à origem, à natureza, à atividade eao desenvolvimento da própria Igreja.

O patrimônio documentário conservado nos grandesdepósitos ambrange um período cronológico de cercade doze séculos (do século VIII ao século XX). Constituí-do por mais de seiscentos fundos arquivísticos, estende-se por oitenta e cinco quilômetros lineares de estantes,colocadas, algumas delas, no Bunker, um local de doisandares, construído no subsolo do Pátio da Pigna dosMuseus do Vaticano. Desde que o Papa Leão XIII, em1881, abriu suas portas aos estudiosos, o Arquivo Se-creto Vaticano tornou-se um dos centros de pesquisashistóricas mais importantes e célebres do mundo. Paraaprofundar a sua história e evolução, indicamos o livroArchivio Secreto Vaticano, curado pelo monsenhor Ser-gio Pagano (ed. Gangemi, 2000). No ensaio é explicadaa longa história de como foi formado o Arquivo, os arqui-vos que armazenou, as vicissitudes e os deslocamentos(como nos anos que ficaram nas salas do CasteloSantʼAngelo ou a mudança forçada do arquivo por or-dem de Napoleão e a sua sucessiva volta a Roma).

Os historiadores que solicitam a consulta do Arquivosão centenas em todo o mundo, porém, o Arquivo temtambém uma sua atualidade do ponto de vista jornalísti-co, como observou alguns anos atrás o famoso vatica-

nista Benny Lai, escrevendo que o Arquivo permiteaprofundar o conhecimento das estruturas e do métodode trabalho dos departamentos do Vaticano, penetran-do na sua intimidade. A correspondência diplomáticaentre a Secretaria de Estado e os núncios apostólicos,além do valor dos temas tratados, com efeito, ilumina omodo de pensar e de agir que o decorrer dos anos subs-tancialmente não modificou. Além disso, a consulta dosdocumentos conservados no Arquivo não serve apenaspara esclarecer problemas históricos, grandes ou pe-quenos que sejam, para estudar vários aspectos das fa-ses da formação da civilização ocidental ou a perenequestão de fundo das relações entre a Igreja e o Estado;às vezes, a partir de antigos papéis, que muitos se obs-tinam a considerar um passado morto, emergem fatoshumanos que o tempo não conseguiu apagar.

R.R.

O Arquivo Secreto Vaticano

Aniversários Os 400 anos do Arquivo Secreto Vaticano

Uma vista do depósito do Arquivo Secreto

Page 65: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Todos os papéis de arquivo sãoequivalentes por si mesmos, por-que todos pertencem a um uni-cum que liga e mantém juntas asdocumentações. Valorizar ou des-valorizar qualquer um desses signi-ficaria inevitavelmente decretar asua salvação ou seu esquecimento.Nos arquivos isso não pode acon-tecer. Todos os escritos são impor-tantes e todos têm a sua razão, queos deixa vinculados uns aos outros.Isso não quer dizer que alguns céle-bres atos da história impressionemmais do que outros a fantasia ou amente do historiador.

Qual é a importância, hoje,do Arquivo Secreto Vaticanopara a Igreja e o Papa? Qual éo seu papel?

O Arquivo Secreto Vaticanoconserva as atas dos pontíficesromanos e de sua Cúria, pratica-mente sem interrupção desde oséculo XI até os nossos dias. Porisso a sua importância é óbvia. Opapel do Arquivo é antes de tudo“administrativo”, pois serve àação do Pontífice e dos organis-mos da Cúria Romana para o es-tudo de questões e situações ante-riores. Neste sentido o Arquivoserve principal e primariamenteao Sumo Pontífice e à Secretariade Estado. O seu papel é tambémo de guardião da memória daSanta Sé. O Arquivo recebe pe-riodicamente os documentos departe dos Arquivos da Cúria Ro-

mana (com algumas exceções),assim como grande quantidadede material documentário das vá-rias representações pontifícias nomundo.

O senhor não acha que aatualidade do Arquivo, doponto de vista jornalístico,seja também a possibilidadede aprofundar o conhecimen-to das estruturas e do métodode trabalho dos departamen-tos do Vaticano? A corres-pondência diplomática entrea Secretaria de Estado e osnúncios apostólicos, alémdos temas tratados, esclarecenos mínimos detalhes um mo-do de pensar e agir que o de-correr dos anos e de pontifi-cados substancialmente nãose modificou...

Claro, mas há também um ou-tro aspecto que é pouco estudado:a Igreja, desde o final das perse-guições, tomou a forma da refor-ma do Estado determinada porDiocleciano e por Constantino,tanto na divisão geográfica emdioceses, quanto na imitação dachancelaria imperial. Às vezes oshistoriadores subestimam o fatode que as chancelarias tinhamuma sua política e que sobre cer-tos temas tinham também um po-der decisório. Por isso para enten-der o comportamento de algunspapas do passado é preciso levarem conta também a Secretaria deEstado e a Cúria.

Quantas pessoas traba-lham no Arquivo?

O ordinário governo do Arqui-vo é confiado pelo Pontífice aoseu prefeito, que é coadjuvado pe-lo vice-prefeito, pelo secretáriogeral, pelos arquivistas, escritores,especialistas e funcionários de vá-rios níveis: totalizando são cin-quenta e quatro pessoas. Um nú-mero exíguo, se confrontarmoscom os funcionários de outros ar-quivos de Estado comparáveis dealgum modo com o Arquivo Se-creto Vaticano. Espera-se que nofuturo tais forças possam aumen-tar, segundo a compatibilidade debalanço da Santa Sé, que para oArquivo Secreto Vaticano e para asua abertura gratuita aos estudio-sos de todo o mundo investe jáuma quantia importante.

Atualmente quanto é im-portante o Arquivo para os

6530DIAS N° 3/4 - 2012

¬

À esquerda, uma página do livro

do processo a Galileu Galilei

com a sua assinatura; abaixo,

pergaminho da carta do califa

Abu Hasfs ‘Umar al-Murtada

a Inocêncio IV: na carta o soberano

marroquino pede ao Pontífice que

o novo bispo enviado ao Marrocos seja

um homem com espírito lúcido

e que se esforce para evitar todo o mal

Lux in arcana

Page 66: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

estudiosos e quanto é valori-zado? Quais são as épocashistóricas que são mais con-sultadas?

A importância do Arquivo Se-creto Vaticano para os sólidos es-tudos históricos é óbvia. Quasenenhum ensaísta historiador sériotanto na Europa como em todasas partes do mundo em que a Igre-ja Católica está presente, pode ig-norar o Arquivo Secreto Vaticano,e assim acontece nos fatos, por-que recorrem aos nossos Arqui-vos, todos os anos, mais de doismil pesquisadores de todo o mun-do. As épocas mais estudadas os-cilam segundo os interesses histo-riográficos do tempo: até a meta-de do século XX, sem dúvida pre-valecia a Idade Média e a IdadeModerna, a partir da metade doséculo passado e ainda mais nasúltimas décadas foi muito indaga-da também a época contemporâ-

nea, até a morte do Papa Pio XI(fevereiro de 1939).

Quais são os Papas de épo-ca moderna que mais valori-zaram o Arquivo Secreto?

Pelo meu conhecimento valo-rizaram muito as fontes do Arqui-vo para o seu magistério ou paraseu governo ordinário Pio XI, PioXII, o beato João XXIII (que veiovisitar várias vezes) e Paulo VI. Onosso atual pontífice Bento XVIdedica uma particular atenção aoArquivo.

O Arquivo Secreto Vatica-no é um dos mais acessíveisao mundo e mesmo assim go-za de uma imerecida fama deque é um lugar onde se escon-dem sabe lá quais segredos edocumentos incômodos paraa Igreja. Por que este precon-ceito que se concretiza no in-cessante e pressionador pedi-do de abrir sempre novos se-tores e fundos arquivísticos?

Esta pergunta já me foi dirigidanumerosas vezes, mas apenas porpessoas que não estão ligadas apesquisas históricas ou sem co-nhecimento real do Arquivo. A fá-bula de obscuras tramas deriva-riam de seu nome: Arquivo Secre-to Vaticano. Aquele “secreto”,que diz simplesmente arquivo“privado” (como era o arquivo se-creto dos Estensi, dos Gonzaga,dos Sforza etc.), é lido na imagina-ção popular ou de alguns roman-cistas como “misterioso”, obscu-ro. Talvez nenhum arquivo nomundo seja mais “aberto” do queo Arquivo Secreto Vaticano, quecoloca à disposição dos pesquisa-dores os seus 630 fundos há maisde um século.

Além da abertura à consul-ta dos documentos relativosao pontificado de Pio XII,quais outros projetos são pre-vistos para os próximosanos?

Há muitos projetos, mas osmeios econômicos para executá-

los são muito modestos, ao me-nos por enquanto. Nessas últimasdécadas, sob a prefeitura de mon-senhor Sergio Pagano, foram rea-lizadas três novas salas de estu-dos, três novos laboratórios, pas-sou-se à fotografia digital, à infor-matização de procedimentos ad-ministrativos, aumentaram muitoas coletâneas de publicações doArquivo. Além disso, no futuro,gostaríamos de proceder à infor-matização dos pedidos de consul-ta de documentos e se gostaria deaumentar a reprodução digital dosmais de dois mil índices ou inven-tários do Arquivo. E talvez muitasoutras coisas ainda, com a ajudade Deus. Quanto aos documentosdo pontificado de Pio XII, voltan-do à sua pergunta, é quase certoque em menos de dois anos esta-rão disponíveis.

Os documentos conserva-dos no Arquivo e na Bibliote-ca Apostólica Vaticana po-dem servir de ajuda à Igrejapara enfrentar os problemasatuais?

Esta é uma pergunta que fazreferência mais à teologia do queà história. Por exemplo, duranteo Concílio Vaticano II, para o te-ma da reforma litúrgica, o estudodos textos antigos conservadosna Biblioteca foi importantíssimo.Também foi demolido o mito deque a Idade Média fosse uma épo-ca escura, enquanto que, ao con-trário, do ponto de vista da litur-gia e da piedade popular, foi umaépoca riquíssima. De modo geralcreio que redescobrir as riquezasda Tradição no decorrer dos sécu-los faz a Igreja crescer. Um poucocomo acontece na história danossa vida pessoal. O que fizemosde bom não se apaga. Assim écom a Igreja. Renovação é tam-bém olhar para trás, para a Igrejaantiga como modelo de reforma,à Igreja como Corpo de Cristosem mancha e sem rugas. Con-servar comporta também um en-riquecimento. q

66 30DIAS N° 3/4 - 2012

A bula de canonização

de Francisco Xavier

Aniversários Os 400 anos do Arquivo Secreto Vaticano

Page 67: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

é a revista mensal internacional maisinformada sobre a vida da Igreja. Nas suas páginas estão presentes os acontecimentos políticos e eclesiásticosmais importantes comentados pelos protagonistas. Em cada número, reconstruções históricas, reportagense serviços especiais de todo o mundo, eventos literários e artísticos, inéditos.

Enviar o formulário ao endereço do escritório de assinaturas

escrito abaixo

ASSINATURASCOMO ASSINAR

Destinação Preço (€)Período de assinatura

1 ano

2 anos

Brasil, África 25,00

Itália 45,00

Europa 60,00

Resto do mundo 70,00

Brasil, África 40,00

Itália 80,00

Europa 110,00

Resto do mundo 125,00

PREENCHER E ENVIAR ESTE MÓDULO OU MANDAR POR FAX AO ESCRITÓRIO DE ASSINATURAS

Nome e Sobrenome ....................................................................................................................................................................

Endereço ....................................................................................................................................................................................

CEP ....................Cidade ........................................................................ Nação........................................................................

Telefone ................................................... E-mail

A assinatura será enviada a:

Aceitamos as seguintes formas de pagamento

� Carta de crédito: � MASTERCARD, EUROCARD, VISA � AMERICAN EXPRESS

Nome e Sobrenome ……………………………………………………………………………

� Ordem de pagamento em US$ na conta bancária n.074003252819, nominal a “Trenta Giorni scrl” do banco Intesa Sanpaolo, IBAN IT36Y0306903207074003252819, BIC BCITITMM.

� Conta corrente postal n. 13974043, nominal a "COOPERATIVA TRENTA GIORNI S.R.L. ROMA".

� Western Union: para ulteriores detalhes escrever a [email protected]

VencimentoNúmero

Data Assinatura

� Italiano

� Francês

� Inglês

� Espanhol

� Português

� Alemão

� Assinatura 1 ano

� Assinatura 2 anos

� 1 exemplar grátis

Escolha

� Assinatura nova � Renovação

Informativa ex D. LGS. n. 196/03.Trenta Giorni Soc. Coop. a R.L., titular da elaboração de dados, re-colhe as informações e as utiliza, com modalidades autorizadas paraum determinado fim, tem como objetivo dar informações aos serviçosindicados e atualizar sobre as novas iniciativas e ofertas. O clientepode exercer os direitos do artigo 7 D. LGS. 196/03 (acesso, corre-ção, cancelamento, oposição ao uso das informações, etc.) dirigindo-se ao Responsável pela elaboração dos dados junto a Trenta GiorniSoc. Coop. a R.L., Via Francesco Antolisei 25, 00173 Roma, Itália.Os dados poderão ser utilizados pelos devidos encarregados de assi-naturas, marketing, administração e poderão ser comunicados a so-ciedades externas para a expedição da revista e para a remessa dematerial promocional.

Consenso.Os dados poderão ser utilizados pelos encarregados das assinatu-ras, do marketing, da administração e poderão ser comunicados asociedades externas para a expedição da revista e para o envio dematerial promocional/publicitário.

Indicar a língua escolhida

Via Vincenzo Manzini 45, 00173 Roma, Italia

Tel. +39 067264041 Fax +39 0672633395

E-mail: [email protected]

Page 68: Baixar o PDF de toda a edição (4.78 MB)

Valtellina chega aos 75 anos de atividade olhando para o futuro com novas eimportantes perspectivas de crescimento, na Itália e no mundo todo. Criada comosociedade operante nas infraestruturas para a rede telefônica, hoje a Valtellina é umareferência e “sistem integrator” nos setores estratégicos para o desenvolvimento e oprogresso. Em todos os âmbitos e nas nações em que opera, aplica os critériospadrões que sempre a distinguem: grande capacidade de trabalho, seriedade e respeitorigoroso dos contratos. É uma das mais importantes empresas de Bérgamo, no sentidoabsoluto. Conta com quase 1.000 funcionários e demonstra concretamente comotradição e inovação convivem no princípio da Qualidade.

Valtellina completa 75 anos.Feliz Aniversário, futuro.

INFRAESTRUTURAS DE REDE

REDES TLC EM COBRE E EM FIBRA

PONTES RÁDIO E INTEGRAÇÃO ENTRE TLC E IT

AUTOMATIZAÇÃO ESTRADAL E FERROVIÁRIA

ENERGIA E AMBIENTE

ECONOMIA ENERGÉTICA NA ILUMINAÇÃO PÚBLICA

DATA CENTER “PRONTA ENTREGA”

Valtellina S.p.A. Via Buonarroti, 34 Gorle (Bérgamo) Itália +39 035 42 05 111 www.valtellina.com