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ANÁLISE DO PERFIL SÓCIO AGRÍCOLA E ECONÔMICO DOS FEIRANTES DE GRAVATÁ – PE ANÁLISIS DEL PERFIL AGRÍCOLA Y ECONÓMICA DE LOS FAIRANTES DE GRAVATÁ – PE ANALYSIS OF THE AGRICULTURAL AND ECONOMIC PROFILE OF GRAVATÁ – PE FAIRANTS Apresentação: Pôster Thaís Cavalcanti Lucena; Ana Carolina Andrade Nóbrega; Sandra Carla Ribeiro dos Santos; Cláudio Augusto Uyeda; Wellington Costa da Silva Introdução Este trabalho teve como objetivo realizar um diagnóstico socioeconômico e agronômico com feirantes da feira livre da cidade de Gravatá – PE. O município, localizado a 84 km da capital, destaca-se por atividades nos ramos da floricultura, agricultura e pelo turismo, sendo conhecida como a Terra do morango, fazendo divisa com as cidades de Barra de Guabiraba, Bezerros, Chã Grande, Passira, Pombos e Sairé. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último Censo realizado em 2017 contava com uma população de 76.458 habitantes e uma densidade demográfica de 150,87 hab/km 2 ; no mesmo ano da pesquisa realizado pelo instituto o salário médio mensal era de 1.7 salários mínimos e em comparação com os outros municípios do estado, ocupava as posições 66 de 185 no que se compete a salário médio mensal dos trabalhadores formais, contando apenas 13,2% (10.993) da população ocupada (IBGE, 2017). Atualmente existe uma demanda por produtos sejam tradicionais ou orgânicos. Isso tem impulsionado as feiras livres de modo que os agricultores familiares e também os feirantes não agricultores diversifiquem seus leques de oferta nos pontos de vendas (ESTEVAM; SALVARO; LANZARINI, 2014). Fato que foi apontado por Demeneck et al, (2011), como uma nova dinâmica que tem fortalecido a resistência e continuidade desse importante canal de comercialização da sociedade.

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ANÁLISE DO PERFIL SÓCIO AGRÍCOLA E ECONÔMICO DOS FEIRANTES DEGRAVATÁ – PE

ANÁLISIS DEL PERFIL AGRÍCOLA Y ECONÓMICA DE LOS FAIRANTES DEGRAVATÁ – PE

ANALYSIS OF THE AGRICULTURAL AND ECONOMIC PROFILE OF GRAVATÁ– PE FAIRANTS

Apresentação: Pôster

Thaís Cavalcanti Lucena; Ana Carolina Andrade Nóbrega; Sandra Carla Ribeiro dosSantos; Cláudio Augusto Uyeda; Wellington Costa da Silva

Introdução

Este trabalho teve como objetivo realizar um diagnóstico socioeconômico e

agronômico com feirantes da feira livre da cidade de Gravatá – PE. O município, localizado a

84 km da capital, destaca-se por atividades nos ramos da floricultura, agricultura e pelo

turismo, sendo conhecida como a Terra do morango, fazendo divisa com as cidades de Barra

de Guabiraba, Bezerros, Chã Grande, Passira, Pombos e Sairé.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último Censo

realizado em 2017 contava com uma população de 76.458 habitantes e uma densidade

demográfica de 150,87 hab/km2; no mesmo ano da pesquisa realizado pelo instituto o salário

médio mensal era de 1.7 salários mínimos e em comparação com os outros municípios do

estado, ocupava as posições 66 de 185 no que se compete a salário médio mensal dos

trabalhadores formais, contando apenas 13,2% (10.993) da população ocupada (IBGE, 2017).

Atualmente existe uma demanda por produtos sejam tradicionais ou orgânicos. Isso

tem impulsionado as feiras livres de modo que os agricultores familiares e também os

feirantes não agricultores diversifiquem seus leques de oferta nos pontos de vendas

(ESTEVAM; SALVARO; LANZARINI, 2014). Fato que foi apontado por Demeneck et al,

(2011), como uma nova dinâmica que tem fortalecido a resistência e continuidade desse

importante canal de comercialização da sociedade.

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Fundamentação Teórica

A cidade de Gravatá durante o período colonial foi ocupada por criadores de gado

mantendo ligação com a Vila de São José dos Bezerros, cujo proprietário da fazenda

conhecida por Coroatá, ergueu uma capela sob invocação de Sant’Ana. Concomitante a

construção desta capela foram se formando habitações com intuito de se obter assistência

religiosa além de contatos comunitários. De origem indígena a palavra Gravatá, tem sua

origem no vocábulo Caranhetá, que segundo o naturalista Carl F. Martius (FONTE?),

significa erva que arranha, ou espinhosa” (IBGE, 2017).

A produção de alimentos e sua comercialização são práticas inerentes do ser humano

desde o período colonial, que se aplica de diversas formas considerando-se os aspectos

tradicionais de cada lugar. A feira livre é local em que, produtores e comerciantes rurais

oferecem seus produtos aos consumidores. É também um espaço em que a competição e a

concorrência acontecem constantemente, num ambiente em que ocorrem relações

socioeconômicas e culturais. Contudo nas duas últimas décadas ocorreu crescimento

significativo da comercialização de frutas, verduras e legumes em supermercados

(GEANDRÉ, 2011)

Mesmos com o surgimento dos supermercados, que oportunizam aos consumidores

ambientes mais confortáveis e uma maior diversidade formas de pagamentos, não se

concretizou o desaparecimento das feiras livres no cenário nacional (WILSON, 2005). A

população de um modo geral tende a consumir cada vez mais alimentos frescos,

presumivelmente cultivados sem o uso, ou com uso menos intensivo de defensivos agrícolas,

produtos esses encontrados com facilidade entre as bancas de comercialização popular

(PASCHOAL, 1994)

Embora atualmente nossa sociedade viva numa constante mudança tecnológica

passando para trás muitos costumes, a tradição das feiras livres é um processo que vêm

resistindo com o tempo, fortalecendo assim outras práticas como a da agricultura familiar.

Dessa forma, no contexto da feira livre da cidade de Gravatá, embora haja problemáticas

comuns, os feirantes buscam incansavelmente atender as demandas da população, sendo

assim, uma referência para muitos feirantes locais e da região, gerando um impacto social e

econômico positivo em toda a cidade.

Metodologia

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A princípio foi realizado o levantamento dos dados a partir de 15 questionários no

mês de maio de 2019 com os feirantes, a feira livre ocorre das quartas até os domingos pela

manhã, exibindo um público bastante variado (locais e de regiões próximas). A pesquisa foi

de cunho qualitativo-quantitativo, em que se pesou na realização de uma descrição sobre a

natureza do fenômeno social caracterizado pelo perfil social agronômico e econômico da

feira livre de Gravatá. O questionário é uma ferramenta importante para coleta de

informações relevantes para tal pesquisa propiciando conhecimento mediante ao que se está

sendo proposto.

Para a realização deste levantamento, é necessário primeiramente que haja a

concordância dos feirantes em responder tais questionamentos, cujo pequena parcela dos

mesmos não o aceitam, porém esse dado varia de local para local, em que muitos questionam

o porquê de tais perguntas e assumem por vezes sentir receio por achar que pode ser golpe.

Para a elaboração dos questionários foram feitas pesquisas bibliográficas sobre temas

relacionados as feiras livres juntamente com questionários para o desenvolvimento e

elaboração dos mesmos.

As aplicações ocorreram em horário menos corrido para os feirantes de modo a se

distribuírem com perguntas abertas, fechadas e de múltiplas escolhas. Posteriormente, os

dados foram organizados por meio de tabulação no aplicativo Microsoft Excel. As principais

variáveis a serem estudadas sócio economicamente foram idade, grau de instrução,

quantidade de residentes, renda per capita e sexo; agronomicamente por sua vez foram os

produtos comercializados bem como a sua origem, a forma de produção, se já tiveram

assistência técnica e se participa de organizações como associações e/ou cooperativas.

Resultados e Discussões

De acordo com os dados levantados a partir da aplicação dos 15 questionários com os

feirantes, constatou-se que 60% desses, possuem idade acima dos 45 anos, contando com

público de aproximadamente 47% feminino evidenciando um crescimento significativo neste

público, sob o qual Scalco et al. (2012) realizando uma pesquisa sobre a qualidade do serviço

em feiras livres também constatou a maioridade feminina nas duas feiras livre do município

de Tupã (SP) com percentual de 63% e 59% respectivamente.

Nesta mesma pesquisa, notou-se que a maioria dos feirantes possuem renda per capita

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em torno de 1 salário mínimo representando 35% e 32%, não diferindo muito na realidade da

feira livre de Gravatá que percentualmente contou com 80%. Dentre os entrevistados foi

constatado que 46,67% possuem grau de instrução de ensino fundamental incompleto, e 60%

desses contando com uma média de 1 a 3 pessoas residentes em cada lar. A maioria dos

feirantes também diversificam as suas vendas, comercializando frutas, hortaliças e tubérculos

(FIGURA 1), com cerca de 46% dessa produção oriunda da região, muitos afirmam que não

houve sucessão familiar e que não pretendem permanecer nesta atividade.

Entretanto alguns comerciantes adquirem suas mercadorias por meio da compra no

Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco – CEASA na cidade de Caruaru.

Geralmente nunca sobram produtos oriundos da atividade e por vezes alguns excedentes, se

destinam ou ao consumo próprio ou a venda para outros pequenos vendedores. Durante a

pesquisa também foi levantado que o número de frequentadores varia não só de acordo com o

dia, mas também de acordo com a época de recebimento dos mesmos, os feirantes

ressaltaram que com a atual crise e com o consequente desemprego afetou o número de

produtos vendidos sofrendo estes uma queda não tão acentuada. Figura 01: Representação percentual dos produtos hortículas comercializados

Fonte: Própria (2019)

O local onde a feira é realizada é fixo, próxima ao centro da cidade, contando com

vários outros comércios locais nos seus arredores. Os feirantes pagam pelo espaço e pelos

bancos a prefeitura, cujo os mesmos são cobertos com lona, gerando assim menos

desconforto em relação a incidência dos raios solares (FIGURA 2). Ao final do dia a

prefeitura dispõe o serviço de limpeza da feira, sendo efetuados todos os dias em que é

realizada a atividade. Porém, uma boa parte dos feirantes, principalmente os produtores,

ainda não obtiveram assistência técnica, seja no ambiente de trabalho, seja na propriedade em

que mora, gerando algumas vezes incompreensão sobre métodos de controle de pragas e

doenças e sobre métodos alternativos de se produzir e vender.

Figura 2: Vista lateral da feira livre de Gravatá.

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Fonte: Própria (2019)

Ainda como dado sócio agrícola, foi expressivo o número de pessoas que não

participam de organizações sociais como associações e/ou cooperativas e sindicatos,

representando cerca de 66,67% dos entrevistados, em que boa parte desse percentual afirmou

já ter um dia participado. Nota-se uma carência de fiscalização por parte da prefeitura no

ambiente, porém os feirantes são mais policiados quanto a organização do local, muito

embora em algumas partes da feira ser possível notar um acúmulo de cascas e outros produtos

afins no chão.

Conclusões

A feira de Gravatá possui boa estrutura de organização e muitas perspectivas de

crescimento, além de gerar um impacto social e econômico bastante positivo na cidade. No

quesito limpeza os feirantes são bem policiados quanto, porém, é preciso de uma mobilização

da prefeitura na parte de investimento em assistência técnica seja no ambiente de trabalho

seja nas propriedades dos agricultores. Contudo, muito embora os feirantes atualmente

venham enfrentando problemas referentes a crise financeira e ao desemprego, ressaltam e

entendem a importância dessa atividade sendo a maioria dependentes da mesma.

Referências

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ALBUQUERQUE, Geandré Gomes de. Perfil dos feirantes e aspectos do processo de

comercialização de hortícolas na feira livre de União dos Palmares. Trabalho de Conclusão

de Curso para obtenção de título de Bacharel em Engenharia Agronômica, pelo Centro de

Ciências Agrárias – CECA, da Universidade Federal de Alagoas - UFAL. 2011.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Panorama Gravatá Pernambuco - PE.

2017. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/gravata/panorama

PASCHOAL, A. D. – Produção orgânica de alimentos: Agricultura sustentável para os séculos

XX e XXI. Guia técnico e normativo para o produtor, o comerciante e o industrial de

alimentos orgânicos e insumos naturais. 1994.

Demeneck, M. T. et al. Perfil socioeconômico de feirantes que comercializam hortaliças nafeira do produtor no município de Maringá – PR. In: Anais eletrônico da VII EPCC –Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar. Maringá – PR. 2011.

Estevam, D. O., Salvaro, G. I. J., Lanzarini, J. J. S. O perfil socioeconômico dos/das

consumidores/as das feiras livres municipais da agricultura familiar na região Sul

C a t a r i n e n s e .

2014.Disponível:https://www.uniara.com.br/legado/nupedor/nupedor_2014/Arquivos/03/5_Di

mas%20Estevam.pdf. Acesso em: 10 de outubro de 2019.

Scalco, A. R. et al. Qualidade do serviço em feiras livres. Revista de Geografia – revista

online, Londrina, vol. 21, n.2. p. 113-135, maio/ago. 2012

GODOY, Wilson Itamar. As feiras-livres de Pelotas, RS: Estudo sobre a dimensãosocioeconômica de um sistema local de comercialização. Tese apresentada à UniversidadeFederal de Pelotas, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação emAgronomia, Área de Concentração: Produção Vegetal, para a obtenção do título de Doutorem Ciências (D.S.). 2005.