AMOSSY Ruth. Argumentacao e Analise Do D

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    Universidade Estadual de Santa Cruz

    Reitor: Antonio Joaquim Bastos da SilvaVice-Reitor: Adlia Maria Carvalho de Melo Pinheiro

    Departamento de Letras e Artes

    Diretor: Samuel Leandro Oliveira de Mattos

    Vice-Diretora: Lcia Regina Fonseca NettoRodovia BA-415, Ilhus-Itabuna, km 16Campus Soane Nazar de AndradeCEP 45662-900 Ilhus Bahia BrasilEndereo eletrnico: [email protected] eletrnico: http://www.uesc.br/dla/index.phpFone/Fax: 55 73 3680-5088

    EID&ARevista Eletrnica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentao

    ISSN 2237-6984

    EditoresEduardo Lopes PirisMoiss Olmpio Ferreira

    Endereo eletrnico: [email protected] eletrnico: http://www.uesc.br/revistas/eidea

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    EID&A: Revista Eletrnica de Estudos Integrados em Discurso e ArgumentaoUESC Universidade Estadual de Santa CruzDepartamento de Letras e ArtesRodovia BA-415, Ilhus-Itabuna, km 16Campus Soane Nazar de AndradeCEP 45662-900 Ilhus Bahia Brasil

    [email protected]

    EditoresEduardo Lopes Piris Moiss Olmpio Ferreira

    ComitCientficoAna Maria Di Renzo (UEMT) Ana Soledad Montero (UBA) Ana Zandwais (UFRGS) AnnaFlora Brunelli (UNESP) Carlos Piovezani (UFSCar) Claudia Stumpf Toldo (UFP) ChristianPlantin (ICAR/CNRS) Cristian Tileaga (U.Loughborough) Eduardo Chagas Oliveira (UEFS) Eduardo Lopes Piris (UESC) Edvnia Gomes da Silva (UESB) Eliana Alves Greco (UEM) Eugenio Pagotti (UFS) Emlia Mendes Lopes (UFMG) Galia Yanoshevsky (U.Tel-Aviv)

    Gilberto Nazareno Telles Sobral (UNEB) Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG) Helena NagamineBrando (USP) Isabel Cristina Michelan Azevedo (ABEC) Ivo Jos Dittrich (UniOeste) John E.Richardson (U.Newcastle) Jos Niraldo de Farias (UFAL) Juan Eduardo Bonnin (UBA) JuanMarcelo Columba-Fernndez (UPCEA) Juciane dos Santos Cavalheiro (UEA) Leonildo SilveiraCampos (UMESP) Lineide Salvador Mosca (USP) Luciana Salazar Salgado (UFSCar) LucianoNovaes Vidon (UFES) Manuel Alexandre Jnior (U.Lisboa) Mrcia Regina Curado PereiraMariano (UFS) Maria Adlia Ferreira Mauro (USP) Maria Alejandra Vitale (UBA) MariaAmlia Chagas Gaiarsa (UCSal) Maria de Lourdes Faria dos Santos Paniago (UFG) Maria ElizaFreitas do Nascimento (UERN) Maria Emlia de Rodat de Aguiar Barreto Barros (UFS) MariaHelena Cruz Pistori (PUC/SP) Maria Rosa Petroni (UFMT) Maria Teresinha Py Elichirigoity(UFRGS) Marianne Doury (CNRS) Marie-Anne Paveau (U.Paris XIII) Marisa Grigoletto (USP) Moiss Olmpio Ferreira (USP) Nelson Barros da Costa (UFC) Nilton Milanez (UESB) RicardoHenrique Resende de Andrade (UFRB) Rui Alexandre Grcio (U.Aveiro) Ruth Amossy (U.Tel-Aviv) Ruth Wodak (U.Lancaster) Srio Possenti (UNICAMP) Soeli Maria Schreiber da Silva(UFSCar) Sophie Moirand (U.Paris III) Soraya Maria Romano Pacifico (USP) Valdir HeitorBarzotto (USP) Wander Emediato de Souza (UFMG) William Augusto Menezes (UFOP) William M. Keith (U.Wisconsin) Zilda Gaspar Oliveira de Aquino (USP)

    TradutoresIngls: Cleide Lcia da Cunha Rizrio e Silva Gabriel do Nascimento Santos Kelly Cristina de

    Oliveira Laurenci Barros Esteves Mrio Bonazza de Carvalho Moiss Olmpio Ferreira

    Francs: Carlos Alberto Magni Eduardo Lopes Piris Moiss Olmpio Ferreira Rodrigo dosSantos Mota Sbastien Giuliano Giancola Srgio Israel Levemfous SilvanaGualdieri Quagliuolo Seabra Thaise Almeida dos Santos

    Espanhol: Cristina do Sacramento Cardso de Freitas Ludmila Scarano Coimbra

    RevisoresDenise Gonzaga dos Santos Brito Eduardo Lopes Piris Maria Helena Cruz Pistori MirliaRamos Bastos Marcelino Moiss Olmpio Ferreira Roberto Santos de Carvalho

    Capa e logotipoLaurenci Barros Esteves

    DiagramaoEduardo Lopes Piris

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    ARGUMENTAO E ANLISE DO DISCURSOPERSPECTIVAS TERICAS E RECORTES DISCIPLINARESi

    Ruth Amossyii

    1 A Argumentao parte dofuncionamento discursivo

    Na medida em que a Anlise do Discurso(AD) espera descrever o funcionamento dodiscurso em situao, ela no podenegligenciar a sua dimenso argumentativa.Sem dvida, nem toda tomada de fala destinada a conquistar a adeso do auditrio a

    uma tese (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 1958 [1996]). Da conversaocorrente aos textos literrios, muitos so osdiscursos que no tm objetivo argumentativo,no sentido de que eles no veiculam nenhumainteno de persuadir e no esperam fazer oalocutrio aderir a uma posio claramentedefinida por estratgias programadas. Todavia,mesmo a fala que no ambiciona convencerbusca ainda exercer alguma influncia,orientando modos de ver e de pensar.

    Benveniste j definia o discurso como todaenunciao que supe um locutor e um ouvintee, no primeiro, a inteno de influenciar, dealgum modo, o outro (BENVENISTE, 1974,pp. 241-2 [1991, p. 267]). Essa definio, semdvida fragmentria, tem a vantagem desublinhar que toda troca verbal repousa sobreum jogo influncias mtuas e sobre a tentativa,mais ou menos consciente e reconhecida, de

    usar a fala para agir sobre o outro. Ela pe emevidncia a fora da fala perspectivadesenvolvida pelas correntes pragmticas, paraas quais o dizer um fazer, e pelas teoriasinteracionistas, segundo as quais o exerccio dafala implica normalmente vrios participantes,que exercem, permanentemente, uns sobre os

    outros, uma rede de influncias mtuas: falar trocar, e trocar trocando (KERBRAT-ORECCHIONI, 1990, pp. 54-55).

    Nos termos de Charaudeau, todo ato delinguagem emana de um sujeito que gere suarelao com o outro (princpio de alteridade)de modo a influenci-lo (princpio deinfluncia), tendo de gerir uma relao na qualo parceiro tem seu prprio projeto deinfluncia (princpio de regulao)(CHARAUDEAU, 2005a, p. 12 [2006, p. 16]).

    Isso quer dizer que todo discurso necessariamente argumentativo? As posiessobre o assunto divergem bastante. A retricaclssica, definida como a arte de persuadir e,nesse sentido, sinnimo de argumentao ,considera que somente alguns gneros dediscurso dependem de seu domnio. Aristtelesmenciona o jurdico, o deliberativo e o epidtico,

    i Referncia do texto fonte desta traduo: AMOSSY, R. Argumentation et Analyse du discours: perspectivesthoriques et dcoupages disciplinaires. Argumentation et Analyse du Discours[En ligne], Tel-Aviv, n. 1, 2008, misen ligne le 06 septembre 2008. Disponvel em: http://aad.revues.org/index200.html.iiDocente da Universidade Tel-Aviv, Israel. E-mail: [email protected].

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    e, se Perelman estende o imprio retrico a umconjunto muito mais vasto que compreende,como se verifica em seus exemplos, tanto odiscurso filosfico quanto a literatura, ele nodeixa de limitar a argumentao tentativa demobilizar os recursos da linguagem parasuscitar a adeso dos espritos tese propostaao assentimento. As teorias contemporneas daargumentao vo ao encontro dessa restrio,distinguindo, claramente, uns dos outros, osdiscursos que tm por objetivo agir sobre o

    auditrio por meio do raciocnio do logosentendido como fala e razo. Eis aqui algunsexemplos. Para Olron, a argumentao amaneira pela qual uma pessoa ou um grupo esfora-se para levar um auditrio a adotaruma posio por meio de apresentaes ouasseres argumentos que visam ademonstrar sua validade ou pertinncia(OLRON, 1987, p. 4). Segundo Breton, aargumentao pertence famlia das aeshumanas que tm como objetivo convencer.

    [...] [Sua especificidade ] pr em ao umraciocnio em uma situao de comunicao(BRETON, 1996, p. 3 [1999, p. 7]). Para VanEemeren e o grupo de Amsterdam fundador dapragma-dialtica, a argumentao se definecomo:

    uma atividade verbal e social da razo quevisa a aumentar (ou a diminuir) aos olhosdo auditrio ou do leitor a aceitabilidade deuma posio controversa ao apresentar uma

    constelao de proposies destinadas ajustificar (ou refutar) essa posio diante deum jri racional (Van EEMEREN et al,1984, p. 53).

    Pode-se, entretanto, considerar, nos termosde Grize, que

    a argumentao considera o interlocutorno como um objeto a manipular, mascomo um alter ego com quemcompartilhar sua viso. Agir sobre ele buscar modificar as diversas representaes

    que se lhe atribuem, colocando emevidncia certos aspectos de coisas,ocultando outros, propondo novos (GRIZE,1990, p. 41).

    Passa-se, ento, a uma concepo maislarga de argumentao, entendida como atentativa de modificar, de reorientar, ou maissimplesmente, de reforar, pelos recursos dalinguagem, a viso das coisas da parte doalocutrio. Essa a definio que eudesenvolvi em Largumentation dans lediscours (2006 [2000]), ampliando a da novaretrica de Perelman, pela tentativa de fazeraderir no somente a uma tese, mas tambm amodos de pensar, de ver, de sentir. Essa

    ampliao permite argumentao, tomadacomo sinnimo de retrica ou de arte depersuadir, tratar do vasto leque de discursos,tanto os privados, quanto os pblicos, quecirculam no espao contemporneo, ereivindicar seu lugar nas Cincias daLinguagem sem, por isso, precisar, comosugere Patrick Charaudeau, recorrer psicologia ou psicologia social1.

    preciso ainda considerar aqui a questo

    da divergncia de pontos de vista, que est nabase da argumentao. Essa s surge, de fato,quando possvel haver uma discordncia, ou,no mnimo, uma forma alternativa de ver ascoisas. Como j sublinhava Aristteles, no seargumenta sobre o que evidente nesse caso,sobre o que, numa determinada comunidade,parece ser evidente e oferecer-se como a nicaresposta possvel a uma pergunta. Isso ficaclaro a partir da definio proposta por MichelMeyer:

    Argumentar consiste em encontrar os meiospara provocar uma unicidade de resposta,uma adeso do interlocutor sua resposta,e assim, suprimir a alternativa de seuspontos de vista originais, isto , a perguntaque encarna essas alternativas (MEYER,2005, p. 15).

    Trata-se, no entanto, de saber se asrespostas alternativas que essa questo pode

    1 Apesar desta reserva sobre a definio da disciplina,parece-me que os objetivos globais e as posiestericas da argumentao no discurso estosuficientemente prximas s de Charaudeau.

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    suscitar devem ser explicitadas em umcontexto de confronto. o que pensa ChristianPlantin, que define a "situao argumentativatpica como o desenvolvimento e o confrontode pontos de vista em contradio, em respostaa uma mesma questo (PLANTIN, 2005, p. 53[2008, p. 64]). Essa "colocao em contradioativa dos discursos em torno de uma questo"permite, segundo o autor, evitar a "dissoluoda argumentao na linguagem", que corre orisco de conduzir viso de Grize ou de

    Vignaux, para os quais enunciar equivale aargumentar (Ibid. [p. 43]). Nos termos dessesdois autores, e contrariamente aos de Plantin,considero que o discurso em situaocomporta em si mesmo uma tentativa de fazerver as coisas de uma determinada maneira eagir sobre o outro. A posio contrria noprecisa ser apresentada na ntegra, na medidaem que a palavra sempre uma resposta palavra do outro, uma reao ao dito anteriorque ela confirma, modifica ou rejeita:

    Toda enunciao, mesmo na formaimobilizada da escrita, uma resposta aalguma coisa e construda como tal. Nopassa de um elo na cadeia dos atos de fala.Toda inscrio prolonga aquelas que aprecederam; trava uma polmica com elas;conta com as reaes ativas dacompreenso, antecipa-as etc. (BAKHTIN(VOLOCHINOV), 1977, p. 105 [2002, p.98]).

    Nessa perspectiva dialgica, aargumentao est, pois, a priori no discurso,na escala de um continuum que vai doconfronto explcito de teses co-construo deuma resposta a uma dada questo e expresso espontnea de um ponto de vistapessoal. Por isso, cabe ao analista descrever asmodalidades da argumentao verbal damesma forma que os outros processoslinguageiros, e numa estreita relao com eles.

    preciso, ainda, para evitar confuses,

    distinguir entre a inteno e a dimensoargumentativa. Mesmo que, por sua naturezadialgica, o discurso comporte, como

    qualidade intrnseca, a capacidade de agirsobre o outro, de influenci-lo, precisodiferenciar entre a estratgia de persuasoprogramada e a tendncia de todo discurso aorientar os modos de ver do(s) parceiro(s). Noprimeiro caso, o discurso manifesta umainteno argumentativa: o discurso eleitoral ouo anncio publicitrio constituem exemplosflagrantes disso. No segundo caso, o discursocomporta, simplesmente, uma dimensoargumentativa (AMOSSY, 2006, p. 32-34):

    isso ocorre com a notcia de jornal, que sepretende neutra, com a conversa ou com umagrande parte das narrativas ficcionais.

    Quando h a inteno, o discurso escolheuma ou mais modalidades argumentativas2 uma estrutura de troca particular que permite obom funcionamento da estratgia depersuaso. Entre essas, pode-se mencionar amodalidade demonstrativa, em que uma tese apresentada por um locutor, num discurso

    monologal ou dialogal, a um auditrio do qualele quer obter a adeso pelos meios dademonstrao fundamentada, do raciocnioarticulado apoiado em provas. Ou, tambm, amodalidade negociada, em que os parceirosque ocupam posies diferentes, at mesmoconflitantes, esforam-se para encontrar umasoluo comum para o problema que os dividee chegar a um consenso atravs decompromisso. Ou, ainda, a modalidadepolmica, que caracterizada por um

    confronto violento de teses antognicas, emque duas instncias em total desacordo tentamsuperar a convico da outra, ou de uma

    2Estudei a questo das modalidades argumentativas emdois textos recentes, a saber:AMOSSY, R. Modalits argumentatives et registresdiscursifs: Le cas du polmique. In: GAUDIN-BORDES, Lucile; SALVAN, Genevive (dir.). Lesregistres. Enjeux pragmatiques et vises stylistiques.Louvain-la-Neuve: Academia-Bruylant, 2008.

    AMOSSY, R. As modalidades argumentativas dodiscurso. In: LARA, Glucia; MACHADO, Ida;EMEDIATO, Wander (Orgs). Anlises do discursohoje. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

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    terceira que as ouve, atacando as tesescontrrias.

    As coisas apresentam-se, diferentemente,no caso da dimenso argumentativa, em que aestratgia de persuaso indireta e, muitasvezes, no admitida. Ela aparece naverbalizao que produz um discurso cujoobjetivo declarado outro e no oargumentativo: um discurso de informao,uma descrio, uma narrao cuja vocao contar, o registro de uma experincia vividaem um dirio de viagem ou um dirio, umtestemunho que relata o que o sujeito viu, umaconversa familiar em que os parceiros jogamconversa fora sem a pretenso de fazertriumfar uma tese etc. Portanto, o que importante identificar e analisar a maneiracomo esses discursos destinados a, antes detudo, informar, descrever, narrar, testemunhar,direcionam o olhar do alocutrio para faz-loperceber as coisas de uma certa maneira.

    Em todos os casos, a argumentao inseparvel do funcionamento global dodiscurso, e deve ser estudada no quadro daAnlise do Discurso. Isso permite, com efeito,examinar a inscrio da argumentao namaterialidade linguageira e em uma situaode comunicao concreta.

    2 A inscrio da anlise argumentativa naAnlise do Discurso

    Os tratados de argumentao inspirados emAristteles descrevem as principais categoriasde raciocnio: o silogismo, o entimema, aanalogia. Alguns propem, como o trabalhopioneiro de Toulmin (1958 [2006]), prottiposde esquema argumentativo3. Outrosestabelecem uma taxonomia de argumentos,

    3 Os dados (D) progrediram para sustentar umaconcluso (C), passagem que autorizada por garantias(G) que repousam sobre um fundamento (F backing,

    B), e ao qual podem se aplicar restries (R). Harrynasceu nas Bermudas (D), logo ele cidado britnico(C) j que aqueles que nascem nas Bermudas sobritnicos (G) a no ser que seus pais no o sejam (R).

    tentando combinar os tipos de argumentos nomago de categorizaes que variamamplamente. Outros ainda, como a lgicainformal, dedicam-se a detectar os argumentosfalaciosos (paralogismos). Em todas essasperspectivas4, a argumentao aparece comoum encadeamento de proposies lgicas quetemos de debrear da lngua natural que asveicula e disfara, simultaneamente.

    Entretanto, a partir do momento em que osesquemas so reconstrudos por uma maneiraque resume os enunciados concretos aproposies para coloc-los em uma sequnciaargumentativa abstrata, o que linguageiroaparece como obstculo. O analista se aplica aapar-lo para reencontrar a razo que lhesubjaz; ele responsvel por atualizar aarmadura em que se sustenta a argumentao,o esqueleto escondido sob a carne daspalavras.

    a essa abordagem que se ope uma teoria

    da argumentao ancorada nas Cincias daLinguagem. Como assevera Christian Plantin,a lngua natural no um obstculo, mas acondio da argumentao (PLANTIN, 1995,p. 259). Examin-la tal como ela se inscreve,concretamente, no discurso, alm daesquematizao que restitui um raciocnioabstrato, permite ver como funciona,efetivamente, a estratgia de persuaso emuma situao de comunicao dada. Alm deuma srie de proposies lgicas que resumemos contedos e as relaes estabelecidas entreeles, pode-se considerar, do mesmo modo,tudo o que elaborado na estratgia depersuaso. O discurso argumentativo no sedesenrola no espao abstrato da lgica pura,mas em uma situao de comunicao em queo locutor apresenta seu ponto de vista nalngua natural com todos os seus recursos, quecompreendem tanto o uso de conectores ou dediticos, quanto a pressuposio e o implcito,

    as marcas de estereotipia, a ambiguidade, a4 Encontramos um panorama dessas abordagens emBreton & Gauthier (2001).

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    polissemia, a metfora, a repetio, o ritmo. na espessura da lngua que se forma e setransmite a argumentao, e atravs de seuuso que ela se instala: a argumentao, preciso no esquecer, no o emprego de umraciocnio que se basta por si s, mas umatroca atual ou virtual - entre dois ou maisparceiros que pretendem influenciar um aooutro.

    condio de lngua natural, acrescenta-seoutra condio intrnseca, a da interao nomeio da qual um locutor leva em conta oalocutrio sobre quem quer agir e em proveitode quem ele mobiliza um conjunto de recursoslingusticos e de estratgias discursivas maisou menos programados. A argumentao sesitua no quadro de um dispositivo deenunciao em que o locutor deve adaptar-seao seu alocutrio, ou mais exatamente, imagem que ele projetou (nos termos dePerelman, o auditrio sempre uma

    construo do orador).Ela supe, tambm, que se tenha em conta a

    situao concreta de enunciao: quem fala aquem, em que relao de lugares, qual oestatuto de cada um dos participantes, quaisso as circunstncias exatas da troca, quais soo momento e o lugar em que ela ocorre. Almdisso, a fala situa-se, necessariamente, noquadro de um gnero de discurso que ocupaum lugar particular num espao social dado eque comporta seus objetivos, suas regras esuas prprias restries.

    Essa atenta abordagem ao eixo decomunicao e interao (atual ou virtual)entre os participantes da troca permite conferir anlise argumentativa sua dimensoinstitucional e social. Passa-se, ento, dodomnio dos universais, que implica a retricaorientada pelo logoscomo razo atemporal, aodomnio do social em sua relatividade e suasvariaes histricas e culturais. Isso quer dizer

    que a anlise argumentativa adota a vocaoda Anlise do Discurso, que consiste emapreender o discurso como entrelaamento de

    um texto e de um lugar social uma vez queseu objeto no a organizao texto, nem asituao de comunicao, mas o que os ligapor meio de um dispositivo de enunciaoespecfico. Esse dispositivo pe em destaque,ao mesmo tempo, o verbal e o institucional(essa a definio de Maingueneau no

    Dicionrio de Anlise do Discurso, 2002[2004]).

    nesse quadro comunicacional e scio-histrico que preciso estudar de perto amaneira como a argumentao se inscreve, nosomente na materialidade discursiva (escolhados termos, deslizamentos semnticos,conectores, valor do implcito etc.), mastambm no interdiscurso. O modo como otexto assimila a fala do outro pelas numerosasvias do discurso relatado, do discurso direto,ou da citao ao indireto livre, primordial.

    A isso, somam-se as modalidades segundoas quais o texto se articula, sem que isso seja

    necessariamente exibido, com os discursos quecirculam antes ou em torno dele: aheterogeneidade constitutiva um dosfundamentos da fala argumentativa na medidaem que esta, necessariamente, reage palavrado outro, quer seja para retom-la, modific-laou refut-la. Por isso, importante conhecer aessncia do que dito ou escrito em umadeterminada sociedade sobre o tema posto emquesto. Ainda que o locutor no se refiradiretamente a ela, isso no significa que o seudiscurso no se alimente do que foi dito ouescrito anteriormente: o ponto de vista que eleexpe situa-se sempre em uma constelaopreexistente. Enfim, preciso examinar aorganizao textual que determina o empregoda argumentao e a maneira como o locutorescolheu dispor os elementos de seu discursocom vistas a seu auditrio.

    nesse contexto, tambm, que precisoretomar dois polos da retrica clssica, muitas

    vezes negligenciados pelas teorias daargumentao: o ethos, ou a construo daimagem de si no discurso (AMOSSY, 2005), e

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    diferentes direes de pesquisa5

    . A distinoessencial , no entanto, aquela que separa asperspectivas disciplinares das perspectivasinterdisciplinares. De um lado, esto ostrabalhos que se desenvolvem no quadro dasCincias da Linguagem, cujo objetivo primeiro desvendar e descrever os funcionamentos dodiscurso. De outro lado, situam-se os trabalhosque se inscrevem nos quadros de outrasdisciplinas: pesquisa em Comunicao,Estudos Literrios, Histria, Cincias Polticas

    etc. Os instrumentos da Anlise do Discurso eda Argumentao so a aproveitados pararesponder a questionamentos extralingusticos.

    Em todos esses cenrios, o recurso anliseargumentativa s pode intervir se permanecerno quadro das cincias dos textos: trata-se deinvestigaes que visam a responder squestes que se colocam no campo de suadisciplina prpria, por meio do examesistemtico de um discurso ou de um conjunto

    de discursos. Contudo, preciso estabelecer,tambm aqui, uma distino entre asdisciplinas para as quais o discurso podeconstituir um fim em si mesmo, e aquelas queno o tomam por objeto imediato. Assim, ascincias da comunicao e os estudos literriosinterrogam-se sobre a natureza do discurso queeles exploram. Essas cincias e estudos podemse perguntar como funciona o implcito em umartigo de informao ou em um romancerealista, descrever o uso da primeira pessoa no

    romance, ou definir a especificidade doeditorial. Esse no o caso de disciplinascomo a Histria ou as Cincias Polticas, paraas quais o gnero de discurso ou asmodalidades da tomada da palavra/fala noconstituem o objeto de investigao eaparecem, no mximo, como instrumentais.

    5Sobre o problema das fronteiras da AD no campo das

    Cincias da Linguagem e em sua relao com outrasdisciplinas, ler-se- a indispensvel reflexo deDominique Maingueneau (2005) em Lanalyse dudiscours et ses frontires.

    A relao dos dois tipos de abordagem daAD e da anlise argumentativa, preciso dizerde imediado, no deixa de ser um problema -mas as dificuldades no so da mesma ordemem ambos os casos. No primeiro, a dificuldadeprovm da proximidade das disciplinas e doquestionamento de suas respectivas fronteiras;no segundo, a dificuldade decorre, aocontrrio, da distncia entre as disciplinas e doquestionamento de sua aproximao.

    De fato, na medida em que a AD e, depoisdela, a Argumentao no discurso inclinam-seno somente sobre o funcionamento dodiscurso mas tambm sobre a especificidadede discursos pertencentes a diferentes campos,elas apropriam-se dos objetos investigadospelas cincias da comunicao e pelos estudosliterrios. o que Dominique Maingueneau(2006) bem mostrou em seu Contre Saint-Proust ou la fin de la Littrature, e no artigoda Revista Argumentation et Analyse du

    Discours (ADAAR), nmero 1. Ele argumentasobre o poder das divises institucionais, sobrea diviso de tarefas que elas autorizam, e sobrea recusa de alteraes que elas causam, paraexplicar a barreira que continua a se levantarentre os estudos literrios e os estudos da AD(no duplo sentido de pesquisa e de ensino). Naverdade, a AD deveria, segundo ele, unir osdiferentes domnios que se concentram naexplorao de discursos diferenciados,qualquer que seja a natureza - o que exige no

    santificar o Texto literrio em sua pretendidadiferena irredutvel. De fato, muitos trabalhosem AD concernem aos textos literrios e aoscorpora miditicos. O trabalho de PatrickCharaudeau (2005b [2007]) sobre O discursodas mdias bem conhecido e o prprioMaingueneau (1998 [2002]) publicou um livrointituladoAnlise de textos de comunicao. Olivro publicado sob a direo de MarcelBurger e Guylaine Martel (2005),

    Argumentation et communcation dans les

    mdias, traz vrias contribuies vindas dasCincias da Linguagem (entre elas, as dePatrick Charaudeau, Jean-Michel Adam e Ruth

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    Amossy). No domnio da literatura, acoletnea editada por Amossy e Maingueneau(2004), fruto do colquio em Cerisy,Lanalysedu discours dans les tudes littraires, marca atentativa de reunir os esforos perseguidos ato momento no domnio da Anlise doDiscurso Literrio, no sentido forte do termo(a saber, como um ramo da AD). Esse trabalhoteve continuidade em Sciences du texte etanalyse de discours, publicado em 2005 por J-M. Adam e U. Heidmann, e em um nmero

    especial da Revista Littrature, "Analyse dudiscours et sociocritique (n.140, 2005).

    No menos verdadeiro que essa tendnciaenfrenta muitas rejeies: as dos estudosliterrios, disciplina instituda h muito tempo,que no pretende se deixar "absorver" por umramo das Cincias da Linguagem; as dosestudos em comunicao curso relativamentenovo que experimentam o desejo crescentede se erigir como uma disciplina diferenciada.

    preciso, ento, concluir que a barreiraerguida entre as disciplinas puramenteinstitucional e concerne somente distribuiodos territrios e dos poderes?

    Sem ignorar as importantes forasinstitucionais e a lgica dos campos, parece-me que a AD e anlise argumentativa podemora servir como quadro, ora fornecer osinstrumentos de trabalho, sem que sejanecessrio, para tanto, um apagamento dasfronteiras disciplinares. Estas fronteiras somantidas por duas razes maiores. A primeira, que uma parte dos tipos de trabalhosrealizados nesses domnios se faz a partir demateriais e de acordo com mtodos que noso da alada da AD e da Argumentao nodiscurso. Isso evidente nas cinciashistricas, quando elas se fundam sobre umestudo de traos materiais e de objetos que noso de ordem discursiva, ou para a Sociologia,quando se debrua sobre estatsticas

    demogrficas ou quando empreende pesquisasde campo. Mas isso tambm verdadeiro paraos estudos literrios que integram em seu

    espao anlises temticas e psicanalticas, ouinvestigaes biogrficas, fundadas sobreabordagens estranhas anlise discursiva.

    A segunda razo que se a AD e a anliseargumentativa so convocadas a contribuir aosestudos de literatura ou aos de comunicao,assim como aos das cincias humanas, pararesponder s questes cuja natureza eimplicaes no so do domnio das Cinciasda Linguagem, propriamente falando. Nessecontexto, a anlise argumentativa, como ramoda AD, confrontada com questes que notm por objeto os funcionamentos discursivos,mas sim assuntos relacionados a outros tiposde investigaes. Pode-se, por exemplo, seperguntar como os jornalistas israelenses estoimplicados nos relatrios da segunda guerra doLbano, ou ver como a imprensa suafrancfona, durante a Segunda GuerraMundial, relatou os fatos relativos deportao de judeus e aos campos da morte.

    Da mesma forma, em literatura, tenta-seesclarecer A comdia humana, explorando ouso da ironia em Balzac (BORDAS, 2003), ou

    As Ligaes Perigosas, de Laclos, analisandosuas estratgias epistolares (SIESS, 1998).

    O problema, pois, no reside unicamentenum recorte institucional que pode parecerarbitrrio. A diferena reivindicada estancorada na prpria natureza doquestionamento e na construo dasproblemticas que caracterizam um domnioparticular, ainda que este esteja orientadosobre o emprego da linguagem.

    O que dizer no caso das disciplinas para asquais a investigao dos textos no um fimem si mesmo, e entre as quais a Histriarepresentar aqui o modelo emblemtico? Semdvida as questes se colocam adiferentemente. Sabe-se que a tentativa defazer convergir a investigao histrica e a AD(nesse caso, a Anlise do Discurso francesa

    surgida com Pcheux e levada a cabo naquelemomento por Maldidier, Guilhaumou, Robinentre outros) no permitiu uma aproximao

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    institucional das disciplinas e chocou-seglobalmente, do ponto de vista doshistoriadores, com uma recusa categrica edefinitiva.

    Por que empreender, ento, umacomprovao sob novos auspcios, e em que aAD contempornea despojada de suasancoragens marxista e psicanaltica, ealimentada da anlise argumentativa poderiacontribuir para os estudos histricos? Oargumento dado, nesse sentido, pelosintegrantes das Cincias da Linguagem e dotexto conhecido, mas talvez seja tilrelembr-lo. Um texto um documento, umarquivo, uma narrativa do passado, um ensaioou um tratado escrito e publicado em umpassado distante no podem ser apreendidoscom discernimento se no se tiver em contasua dimenso linguageira e argumentativa.Para deduzir seus contedos, no bastaatravessar o texto: no se os apreende

    reencontrando um n duro sob sua gangalinguageira. O sentido se constri sempre emuma troca verbal que compreende parceirossituados que perseguem seus objetivos; ele seelabora na espessura do discurso, naverbalizao que rege a especificidade de umainterao verbal. Portanto, no possveldeduzi-lo sem levar em conta esses parmetros pois o mesmo argumento pode revestir umasignificao muito diferente dependendo damaneira como ele formulado e desenvolvido,

    e do auditrio ao qual ele destinado, emcircunstncias particulares. , ento, paraestudar os textos e documentos dos quais sealimentam as Cincias Histricas (ou Polticas,ou Sociais etc.) que preciso dispor osquadros e os instrumentos que permitemanalis-los com maior preciso e delicadezapossveis. Alm disso, o discurso , s vezes,por si mesmo Histria, ou acontecimentohistrico. o caso, por exemplo, do discursodo General de Gaulle de 18 de junho de 1940,

    em relao ao chamado feito, na vspera, pelomarechal Ptain (ADAM, 1999, p. 139-155).

    Vou tentar explicitar as vriaspossibilidades mencionadas acima, com aajuda de alguns exemplos, insistindo maisparticularmente sobre o aporte especfico daargumentao no discurso dentro do espaoglobal da AD. Por falta de espao, eu mepermitirei remeter aos trabalhos que publiqueiao longo dos anos, mas tambm me apoiarsobre estudos conduzidos por outrospesquisadores e que me parecemsignificativos, at mesmo decisivos. Trata-se,

    certamente, de simples indicaes dadas attulo de exemplificao, e no de panoramaexaustivo.

    3.1 A argumentao no discurso no espaodas Cincias da Linguagem

    No domnio das Cincias da Linguagem, oquestionamento se apoia nos meios verbaisque, no seio de um funcionamento discursivoglobal, assegura fala sua eficcia. Trata-se,

    portanto, de explorar os funcionamentosdiscursivos para ver como o discurso permiteao locutor agir sobre o outro.

    Nesse contexto, os conhecimentos daLingustica em suas diversas correntes soretomados e reexaminados numa perspectivaargumentativa. Tomemos, por exemplo, osprimeiros trabalhos de Ducrot (1972) sobre apressuposio. Lembremos que Ducrot, apster constatado as funes do implcito que

    permitem dizer sem ter dito e assim subtrair oque se antecipa contradio, define apressuposio e mostra que pressupor umcerto contedo colocar a aceitao dessecontedo como condio do dilogo ulterior,transformando na mesma ocasio, aspossibilidades de fala do interlocutor(DUCROT, 1972, p. 91 [1977, p. 101]). Arecusa dos pressupostos conduz a uma rupturada comunicao. Ele ressalta que apressuposio constitui para o locutor um meio

    particularmente eficaz de fazer seu auditrioaceitar alguns pontos de vista que ele nosubmete ao seu assentimento (ele no os

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    pe), mas que ele introduz como evidentes(ele os "pressupe"). A anlise argumentativapode explorar as potencialidades do estudoconduzido em pragmtica integrada,estudando, por exemplo, as dissimulaesdo debate poltico televisivo (AMOSSY,1994). Ela tambm pode tirar proveito dostrabalhos produzidos sobre o implcito nodomnio da pragmtica, e especialmente daobra clssica de Kerbrat-Orecchioni (1986). instrutivo, nessa perspectiva, identificar as

    funes do implcito quando ele conscientemente mobilizado no discurso daextrema direita sobre Israel e sobre os judeus(AMOSSY, 1999 [2005]). Notamos que seencontram inmeros e fecundos trabalhossobre as funes do implcito no discursoargumentativo fundados ora nos trabalhos deGrice, ora sobre a noo retrica de entimema(como silogismo ausente).

    Por vezes, necessrio determinar as

    funes argumentativas dos diferentesfenmenos que no foram objetos deinvestigao no domnio das Cincias daLinguagem, e que, portanto, preciso, numprimeiro momento, definir e descrever. Esse o caso do esteretipo em sua definio derepresentao coletiva cristalizada (AMOSSY,1997) ou da estereotipia sob suas diversasformas (AMOSSY, 2002; AMOSSY;STERNBERG, 2002) repertoriadas pordisciplinas, tais como a Retrica (o topos

    retrico), a Literatura (a ideia admitida), aEstilstica (o clich) (AMOSSY;HERSCHBERG PIERROT, 1997). Aintegrao desses elementos em umaperspectiva discursiva acompanhada pelaexplorao dos diferentes papis que elespodem desempenhar na argumentao.

    A pesquisa pode tambm incidir sobre oproveito que a argumentao pode tirar dealguns dispositivos da enunciao. O

    apagamento enunciativo, que , atualmente,objeto de importantes trabalhos nas Cinciasda Linguagem, permite evidenciar as

    vantagens que o locutor obtm pela tentativade neutralizar sua fala, tentando apagar, o maiseficazmente possvel, sua subjetividade.Apoiando-se nos trabalhos de Vion, AlainRabatel destaca as marcas formais doapagamento enunciativo para articul-lo comos efeitos da argumentao indireta que elepermite. (RABATEL, 2004). Em outrodomnio, o estudo do ethosretrico, retomadoem AD a partir dos trabalhos de DominiqueMaingueneau, autoriza, igualmente, a

    explorao da instncia de locuo na trocaverbal. Isso permite mostrar como o locutorconstri uma imagem de si mesmo de formaadequada e eficaz na relao constitutiva que oamarra ao alocutrio (MAINGUENEAU, 2005[1999]).

    Nesse caso, a retomada de uma nooretrica pelas Cincias da Linguagem conduz auma integrao da antiga arte da persuaso naanlise argumentativa que se afirma na AD. Se

    o ethos ocupa, atualmente, um lugarpreponderante nas Cincias da Linguagem, preciso ver tambm que outros polos so,igualmente, estudados em particular, o

    pathosou a construo da emoo no discursoque permite atrair a adeso, tocando tanto ocorao quanto a razo do auditrio. Sobreisso, oferecemos como exemplos os trabalhosde Christian Plantin, o artigo de PatrickCharaudeau e o volume Les motions dansles interactions, no qual o artigo foi

    publicado, ou ainda o colquio realizado emBrest sobre Le pathos en action (RINN,2008). a essa tica, igualmente, quepodemos nos associar, inserindo-os numareflexo lingustica orientada sobre a fora dafala, s diversas noes retricas sejam elasextradas das figuras e dos tropos da elocutio(a preterio, a digresso, a metfora etc.) oudas categorias mais tardias, como osargumentos em ad (ad populum, adbaculum, ad hominem). Christian Plantin

    mostrou que o estudo das falcias(paralogismos) faz parte de um polo formal detipo avaliativo (a crtica dos argumentos no-

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    vlidos), ao qual se ope um polo linguageiroque estuda a argumentao nos quadrosinterativos (PLANTIN, 1995, p. 257). Em vezde rejeitar a questo dos paralogismos, pode-se, ento, inscrev-lo na esfera de influnciados estudos da argumentao em lnguanatural (AMOSSY, 2006).

    Finalmente, preciso mencionar umdomnio importante, que tambm pertence sCincias da Linguagem, mais especificamente AD: a descrio de um gnero de discurso. Aargumentao aparece, ento, como umcomponente inerente ao seu funcionamento. possvel trabalhar proficuamente, explorando ofuncionamento do discurso publicitrio(ADAM; BONHOMME, 1997), ou o discursopoltico em suas diferentes variedades(CHARAUDEAU, 2006 [2005a];SCHEPENS, 2006). Pode-se tambmesclarecer o funcionamento de um gneroinstitudo, como o panfleto (ANGENOT,

    1982), a correspondncia diplomtica(COHEN-WIESENFELD, 2004), ou aentrevista com autor (YANOSHEVSKY,2006). Esses estudos se inserem,frequentemente, em problemticas mais vastas assim, a anlise do panfleto permiteesclarecer o funcionamento da fala polmica; aanlise da correspondncia diplomtica retomaa questo da inscrio da subjetividade nodiscurso, mostrando como se constri adimenso argumentativa das trocas epistolares

    supostamente destinadas a ficar neutras; oestudo da entrevista mostra a co-construo daimagem de autor na dinmica do dilogo.Outros autores trabalham com gneros noinstitudos, examinando a argumentao nastrocas cotidianas, como Guylaine Martel, queexamina quais estratgias argumentativas soutilizadas no discurso oral espontneo (1998).

    A considerao de um quadro genricomostra a que ponto a arte de persuadir

    determinada pelas regras e restries dognero do discurso em que est empregada. ,assim, por exemplo, que a argumentao

    poltica de Olympe de Gouges - que, naqualidade de mulher, no tinha nenhum acesso tomada da palavra em pblico no incio daRevoluo Francesa - varia em suasmodalidades em funo dos gneros dediscurso dos quais ela consegue se apropriar(SIESS, 2005). Da mesma forma, o que VeraBrittain escreve sobre sua experincia daGrande Guerra e da perda de seu noivo diferequando ela escreve seu dirio ntimo e quandoredige cartas para seu irmo e seus amigos

    para no mencionar o clebre romancepacifista publicado nos anos 1930 (AMOSSY,2003). Pode-se ver, assim, como a relao deuma mesma situao, ou a transmisso de umamesma tese, se reveste de formas diferentes, eat mesmo adquire sentido e impactodiferentes, quando ela se molda em umformato de comunicao e em um dispositivode enunciao particular.

    3.2 A argumentao no discurso e a anlisetextual

    Todavia, como j o dissemos, o pesquisadorpode empregar a argumentao em discurso afinalidades que so do domnio de outrasdisciplinas e no apenas das Cincias daLinguagem, satisfazendo a outrasnecessidades. Em particular, -lhe permitidomobilizar os seus quadros de anlise paraestudar um texto ou um determinadodocumento.

    Essa necessidade pode ser sentida nasCincias da Comunicao, quando se trata deexaminar minuciosamente um determinadodiscurso poltico. Assim, pode-se debruarsobre um discurso de campanha de NicolasSarkozy ou de Sgolne Royal na poca daseleies presidenciais de 2007, na Frana, paraver como eles constroem um ethos: como umamulher pode projetar uma imagem depresidencivel, ou, de acordo com quais

    modalidades se d o apagamento dos aspectosnegativos da imagem prvia de Sarkozy. Pode-se tambm examinar a maneira como os

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    candidatos s eleies presidenciais de 2002, asaber, Chirac e Le Pen, apoderam-se, numaentrevista particular, do tema da insegurana eexploram uma doxapara consolidar seu ethos(AMOSSY, 2005).

    A anlise argumentativa coloca emevidncia, ao mesmo tempo, os objetivos dodiscurso em uma situao de comunicaosingular e as estratgias empregadas pararealiz-los, em suas dimenses formais eideolgicas. Da mesma forma, ela convm anlise do arquivo que retm a ateno dohistoriador. Uma anlise detalhada de um textopublicado em 14 de novembro de 1918 porMadeleine Vernet, Me desconhecida doSoldado desconhecido, em uma revistaintitulada La Mre ducatrice, mostra como oautor constri seu auditrio feminino e tentaconquistar sua adeso a um protesto,completamente minoritrio, em particularcontra a cerimnia do Soldado Desconhecido,

    e contra as guerras em geral (AMOSSY,2006).

    Essa abordagem corresponde tambm snecessidades dos estudos literrios, que sevinculam ora a um breve texto em suaunicidade, ora a uma obra mais ou menosconsagrada. Nesse contexto, a especificidadedo texto, do gnero a que ele pertence, daesttica em que ele se inscreve ou com a qualele contribui em sua elaborao, que precisolevar em conta na anlise. Assim, um estudode uma narrativa de Henri Barbusse Ce qui futsera, por meio de uma anlise de seudispositivo enunciativo e de seu modo de fazeranalgico, permite esclarecer a escrita pacifistade Barbusse e sua evoluo (AMOSSY, 2000).A argumentao no discurso tambm ajuda ailuminar um texto testamentrio de Drieu laRochelle (AMOSSY, 2000), o discursopacifista de Jacques emLes Thibault, de RogerMartin du Gard (AMOSSY, 2000), ou ainda as

    modalidades argumentativas da abertura daLaporteuse de pain, no quadro da esttica doromance popular da poca (AMOSSY, 2007).

    3.3 A argumentao no discurso a serviode outras disciplinas

    No entanto, a argumentao no discursotambm pode ser explorada para responder demodo global s questes que no so de ordemlingustica e que so postas em diversasdisciplinas das Cincias Humanas. No setrata, por conseguinte, de se interrogar sobre asfunes argumentativas do implcito, mas dever em que medida o discurso do FN6 antissemita.

    A anlise de discurso epistolar e da retricados combatentes no um fim em si mesmo,mas o meio de compreender como os soldadosda I Guerra Mundial vivenciaram a guerra, oque lhes permitiu resistir tanto tempo e em quemedida legtimo falar de consentimentopara a guerra (HOUSIEL). No aconstruo do ethos em si que retm aqui aateno do pesquisador, mas a questo desaber como os estudantes franceses puderam,

    durante a guerra da Arglia, modificar suaimagem para faz-la servir, ao mesmo tempo, sua reivindicao poltica e a uma alteraode seu prprio estatuto (ORKIBI). Em outrostermos, os quadros e os instrumentos daAnlise do Discurso permitem esclarecer umponto particular cujas implicaes se situamnas disciplinas extralingusticas.

    O pesquisador deve, ento, constituir umcorpus, no sentido de um conjunto de textos

    construdos em funo de um parmetro quelhe confere uma unidade e permite submet-los a uma mesma investigao. essa opoparticular que se encontra em parte ilustradaneste nosso artigo.

    preciso notar, porm, que uma anlisepropriamente lingustica pode, igualmente,desembocar em questes miditicas, polticasou em outras que possam ser levantadas emoutras disciplinas. Assim, um estudo dadenominao tomada em sua dimenso

    6NT: FN refere-se ao partido poltico fundado por Jean-Marie Le Pen, o Front National.

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    argumentativa permite no somente explorar ofuncionamento da denominao como tal, mastambm se interrogar sobre a objetividadereivindicada pela imprensa, bem comotrabalhar sobre o tratamento do terrorismo nos

    jornais franceses dos anos 1980 (KOREN,1996, p. 205-258). Nesse sentido, a linhadivisria traada entre os estudos disciplinarese interdisciplinares permanece fluida. Muitofrequentemente, um estudo se prope tantorealar um funcionamento discursivo, quanto

    tratar, no corpusselecionado, de uma questosocial. Reciprocamente, um trabalho queenfoca uma questo de sociedade, ou deHistria, ou ainda de esttica literria, podetambm lanar luz sobre um funcionamentodiscursivo. porque a anlise argumentativa,como a AD na qual ela se inscreve, pretendetratar dos funcionamentos discursivos emcasos concretos e no em exemplos fabricados,e tambm porque ela pretende examin-los emuma situao de discurso scio-histrico, que

    ela se localiza, necessariamente, nocruzamento das disciplinas. Nessa perspectiva, natural que as interferncias e assobreposies entre as disciplinas semultipliquem - os integrantes da AD e daargumentao que fazem sem cessar incursonos domnios dos quais so extrados seusexemplos; os especialistas de outrasdisciplinas que tendem, mais frequentemente,a se situarem no mbito da AD e daargumentao, para explorar seu corpus eresponder s questes que ele suscita em seuprprio domnio7. Em vez de ver a umaconfuso desagradvel ou um embateinquietante de fronteiras, podemos nos alegrar

    7 Sem contar que, dificilmente, se pode sustentar quetoda pesquisa sobre o discurso depende necessariamentede uma disciplina. Para uma srie de trabalhos comobjetivo fortemente descritivo e/ou que abordam objetospouco ou no tratados, se incapaz de dizer qualdisciplina os rege. Com efeito, as diferenas entre

    disciplinas aparecem se a pesquisa se inscreververdadeiramente em uma problemtica, perfilada pelointeresse que governa a disciplina em que se apoia.(MAINGUENEAU, 2005).

    por uma interdisciplinaridade que j muitasvezes mostrou-se profcua e que convm, parans, desenvolver.

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  • 7/26/2019 AMOSSY Ruth. Argumentacao e Analise Do D

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    Traduo:

    Eduardo Lopes PirisDocente da Universidade Estadual de Santa Cruz,Brasil, e Doutorando em Filologia e Lngua Portuguesapela Universidade de So Paulo, sob a orientao daProfa. Dra. Lineide Salvador Mosca. E-mail:[email protected].

    Moiss Olmpio FerreiraDoutorando em Filologia e Lngua Portuguesa pelaUniversidade de So Paulo, Brasil, sob a orientao daProfa. Dra. Lineide Salvador Mosca e coorientao doProf. Dr. Henrique Graciano Murachco. E-mail:[email protected].

    Reviso da traduo:

    Maria Helena Cruz PistoriPs-doutoranda em Lingustica Aplicada e Ensino deLnguas pela Pontifcia Universidade Catlica de SoPaulo, sob a superviso da Profa. Dra. Beth Brait. E-mail: [email protected].