AlmondVerba2-TheCivicCultureRevisited1-36
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7/30/2019 AlmondVerba2-TheCivicCultureRevisited1-36
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UNIVERSIDADEFEDERALDORIOGRANDEDOSULINSTITUTODEFILOSOFIAECINCIASHUMANAS
PSGRADUAOEMCINCIAPOLTICA
ResumocrticodotextoTheIntellectualHistoryoftheCivicCultureConcept,deGabrielA.Almond
(In:ALMOND,
G.A;
VERBA,
S.
The
Civic
Culture
revisited.
Londre:
Sage
Publications,
1980
pp.1
36).
Autor:FagnerdosSantos
OprimeirocaptulodaobradeAlmondeVerbaumtextointrodutrioaobradosanos60,
intitulada The Civic Culture.Nele facilmente visvel a estrutura de projeto, ou seja, busca a
justificaohistricadotemaalmdassuasbasestericasemetodolgicas.Noprocessodeescrita
do texto fica aindamais patente uma diviso em duas etapas de, praticamente, igual tamanho.
Talvezparamelhorampararotrabalhoparaaaceitaodosseuspares,agnesehistricadocampo
deestudosrecebeuimportnciaigualadasoutrasduaspartesjuntas.
1 GneseeinflunciasdoTheCivicCultureO texto se inicia na clssica gnese dapoltica em si, ou seja,uma comparao entreos
textosgregosclssicoseahistriadascivilizaesditasocidentais1quedeixaramalgumahistria
escrita.Assim,Almond busca demonstrar que, desde que o homem seorganizou em sociedade,
buscoucompreendereanalisarosfatoresdaculturapoliticaenvolvidanoprocessodeobtenodo
podereosmecanismosquegarantemasualegitimao.Segundooautor,termoscomosubcultura,
culturapolticadeelite,socializaopolticaemudanaculturalso influnciasde textosantigos,
comoosencontradosnostextosjudaicos.
Porm,amaiorrelaoentreascaractersticasculturaisearelaodelacomapolticase
tornam mais cientificamente estudadas e analisadas no perodo grego clssico, com Plato e,
posteriormente,Aristteles.
Do
primeiro,
oautor
salienta
aformao
da
criana
em
termos
de
ser
criadaeorientadaemtermosdesetornarafeitavirtudecvica(p.3).Domesmomodo,aideiade
umgovernomistocomumaclassemdiadominantecompluralidadede interessesquecoexistem
toleravelmente, comum sensode competnciapoltica e a crenamtuana cidadania (p.4) so
basesdescritaspeloltimo.
Comotodasastentativasdegenealogiasdascinciasmodernas,existeumhiatodemilanos
entre os gregos/romanos e os seus continuadores, os renascentistas. Embora os prprios se
colocassem na condio de continuadores da cultura e arte clssica, h muita influncia das
tradies islmicas nas tradues dos textos dos gregos.Muitos deles no sobreviveram na sua
lnguadeorigem,vieramaconhecimentodosocidentaisatravsdetextosrabestraduzidosno
fimda
Idade
Mdia.
Assim,
como
praxe,
Almond
passa
aos
estudos
feitos
por
Maquiavel
sobre
os
romanos clssicos como passo seguinte e lgico da origem do conceito de Cultura Cvica.
Caractersticascomocorrupo,servido, instabilidadedapopulaoedoimprioaparecemcomo
componentesdahistriapolticadeRoma.Porm, segundooautor,utilizavaas ideiasdecultura
1Ditaocidentalporque,namaioriadasvezes,humarelativizaosobreoqueserocidentalnostextosdegenealogiacientfica.Principalmenteaculturagregachegouaosrenascentistasatravsdostextosorientais,ouseja,resquciosdeConstantinoplaedosmuulmanosconquistadoresposterioresquedadeRoma,umaculturaconsideradacomodiferentedajudaicocristocidental.
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polticaesocializao,comoanedotasouilustraes,fugindodaformaanalticautilizadaporPlato
ouAristteles(pp.45).
Dois sculosdepois foia vezdeMontesquieu,ao analisaro sucessodo imprioRomano,
colocar a paixo cvica dos cidados, sustentada pela religio, sucessos militares e um vvido
antagonismoentreopatriciadoeaplebe,comocausadotriunfodasuaexpansoterritorial.Porm,
essaextenso
acabou
trazendo
povos
culturalmente
heterogneos
que
visavam
mais
atradio
de
espliosdeguerraereligiesdiferentessetornaramasprincipaisrazesdesuaqueda (p.5).Essa
importnciadaculturaesocializaocomomodelaresdaspolticaspblicasinfluenciouRousseau,e
esteTocqueville.Assim,surgemasnoesdemoralidade,customeopinio(p.5).
De um modo geral, a teoria poltica iluminista era, para Almond, uma teoria poltica
psicolgicaquederivavaejustificavaasinstituiespolticasealegislaoatravsdeumanatureza
humanadeuma criaturaque temdireitos inalienveis, comoum serhednicoqueevitaadore
buscaprazer,e,comocriador,transmissoreconsumidordeconhecimento(p.7).Essaviso,aliadaa
difusodasideiasbiologizantesnascinciassociaistrouxeavisopolticaliberaldasegundametade
dosculoXIX,queviacomoinevitvelocrescimentoeconmicoeoprogressopolticoadvindosdo
progressoda
cincia
(p.7).
Essa
noo
de
progresso
inevitvel
tambm
era
vista
em
Marx
que
via
o
crescimento material como criador de trs subculturas polticas (capitalistas, operrios e
revolucionrios) (p.8). Em oposio a esses dois modelos, os elitistas (Mosca, Pareto, Michels)
embasaramseusestudosemoutraspremissassociolgicasepsicolgicas.
Asguerrasmundiais tambmentraramcomoponto importantenocomopensaracultura
poltica.Aascensodos regimesautoritriosapsaprimeiraguerra forampontos importantesna
viso crtica a essa viso. Se o progresso era inevitvel, como explicar o sucesso de regimes
retrgradosembasadosnoautoritarismo?Essaquestoinfluiuclaramentenanoodeinferncia
no racional em poltica de Graham Wallas e na ideia de educao no combate aos regimes
antidemocrticos,deFiner(p.89).A ideiageraleradequeessesdesviospoderiamserexplicados
pelaexperinciahistricaepelocarterdasnaesegrupos,queforammoldadosprimariamente
pelosseusambientesehistrias(p.10).
Almond enumera como segunda grande influncia para o conceito de Cultura Civil a
sociologiaeuropeia.SaintSimon,Comte,MarxeDurkheim,cadaumaseumodo,trouxeaspectosda
influnciadaculturasocialcomocomponentesdaexplicaodosaspectospolticosdasociedade.
Porm,foiemMaxWeberondeoautormaisseembasou.Asuatipologiadepartidospolticoscom
suas razes subjetivas para filiao e apoio casa muito com a ideia de cultura poltica e a
metodologiadeconstruodeum tipo ideal serummodeloparaa suadefiniometodolgica.
Complementara isso,asderivaesdeTalcottParsonssobreotrabalhodeWeberqueresultaram
emsuacategorizaoforammuitoimportantesparaoestudodeAlmondeVerba(pp.1112).
Completandooespectrodeinflunciasoautorcolocaapsicologiasocial,principalmente,na
sua corrente comportamentalista e a anlise das atitudes; a psicoantropologia, no que tange a
vertenteque valorizano s a formaodo indivduo,mas sua fase adulta, almdo tratamento
quase estatstico de comportamento que cria as noes de personalidade bsica oumodal; e a
metodologia de survey, que seria uma revoluo para entender as motivaes de grupos e
indivduosemagirdedeterminadamaneira (pp.1215)oquedenota certo fetichismoporuma
visodecinciaformadaporexperimentaoeclculos,tpicadosanos60dosculoXX.
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2 OmodelodoTheCivicCultureSegundooautor,omodeloparaaobraseembasounomodelodecidadaniademocrtica,
derivadadanoodeaoracionalherdadasdatradioiluministaeliberal.Essemodelodeuma
democraciabemsucedidaquerequerquetodososcidadossejamenvolvidoseativosnapolticae
suaparticipaoseja informada,analticae racional (p.16) seriaumdoscomponentesdacultura
cvica,mas
no
o
nico.
Ele
s
resultaria
em
um
governo
democrtico
eestvel
se
combinado
de
algumaformacomapassividadedaoposio,crena,defernciaparaaautoridadeecompetncia
sejamviveis(p.16).
Damesma forma,Almond fundaesseconceito sobrea ideiade umapolticadegoverno
misto com classe mdia predominante, porm caracterizado por disparidades balanceadas da
cultura cvica um tipo de participao poltica moderada que combina discrio dos lderes
polticos e oficiais do governo; um tipo de envolvimento poltico que no completamente
pragmtico ou simplesmente passional; e uma forma de partidarismo que dinmica ainda que
contida entre normas limtrofes de umaunidade cvica comum (p.17).Assimo autor usa como
exemplo as ideias de Tocqueville sobre a estabilidade dos EUA, resultado de uma cultura
aristocrticadada
pela
uniformidade
da
advocacia
como
formao
majoritria
(aristocracia
legal).
Oautorsalientaque,apsasegundaguerramundial,aresponsabilidadedaascensodos
regimes autoritrios sociedade de massas, um produto do processo de industrializao,
urbanizaoedemocratizaoque teriadestrudoos laosque impossibilitavam ser suscetveis
lideranademaggica e osmovimentos autoritrios. Eesseprocesso foi tratadopelospluralistas
(como Schumpeter) que, para Almond, tinha muito em comum com o modelo de governo
misto/culturacvicaproposto.
A partir dessa explicao, Almond se debrua sobre as basesmetodolgicas da pesquisa
apresentadano livro.A ideia inicial era incluirGrbretanha eEUA comopases com tradiode
relativaestabilidade
democrtica;
Frana
eAlemanha
como
instveis;
eaSucia
como
democracia
estvel commultipartidarismo.Porm,pela situaodaFranaesta foi substitudapela Itliaeo
MxicosubstituiuaSucia,comumacentenadeentrevistasemcadapas.Assim,oautorsalienta
quevriasdassuaspremissasforamconfirmadaspeloestudo.Taiscomo:
daculturapolticadoiluminismo:aimportnciadaeducaocomoumavarivelexplicativa
das propenses cvicas, mesmo que no relacionasse necessariamente a educao formal com
componentesafetivosevalorativosdaculturacvica(comoobrigaocvicaecrena);
da teoria sociolgica: a estratificao entre ocupao, renda e educao forte,mas a
educaoo fatormais forteparaaprepondernciadecompetncia cvica.Almdisso,Almond
considerouos
tipos
weberianos
de
autoridade
eos
arranjos
de
Parsons
nos
tipos
de
categorizao
de cultura poltica (paroquial, sujeito e participante) muito teis teoricamente para explicar os
resultados.
A influncia da psicologia social foi, pelo descrito at aqui, apenas instrumental (o autor
apenas cita que usou as escalas de Guttman em situaes especficas). As questes
psicoantropolgicasque embasaram apropostadeestudono foram testadas, segundoAlmond,
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pornoserofocoprincipaloquetornaasuarelevnciarelativa,enoconstituintedaTeoriada
CulturaCvicacomoeleprope.
Almondencerraoseutextotecendobrevesconsideraessobreasrelaesentreacultura
polticaeateoriapoltica.Culturapolticanoumateoria;serefereaumrangedevariveisque
podem ser usadas na construo de teorias. Mas enquanto designa uma srie de variveis e
encorajasua
investigao,
imputa
algum
poder
explicativo
s
dimenses
psicolgicas
ou
subjetivas
da poltica, assim como implica que h variveis contextuais e internas que podem explicala.O
poder explicativo das variveis da cultura poltica uma questo emprica, aberta ahipteses e
testes(p.26).
Oautorelenca trspolmicasqueaculturapolticaestavaenfrentando:1 diferenasde
opinio de definio e especificao do contedo da cultura poltica; 2 a controvrsia sobre a
separaoanalticadaculturapolticadaestruturaecomportamentopoltico;3 odebatesobreas
seelaumacausadaestrutura(p.26).
Sobreaprimeiraquesto,Almondsalientaqueamaioriadasdefiniesdeculturapoltica
sopr
tericas,
ou
seja,
so
adaptadas
para
serem
testadas
por
estudos
empricos.
Por
exemplo,
ao
analisaraspropriedadesculturaisqueinfluemaestabilidadedemocrtica,oautorteriaelaboradoo
conceito de modo a salientar o conhecimento e habilidade polticos, sentimentos e valores
orientadosparaobjetospolticoseprocessos(p.27).Oprprioautorcriououtraformulaoemum
trabalho posterior, onde definiu a cultura poltica em trs direes: contedo substantivo;
variedades de orientao; e relaes sistmicas sobre esses componentes. O primeiro pode ser
subdivididoemculturadesistema(atitudesobreacomunidadenacional,oregimeeautoridades),
cultura de processo (atitude sobre o si na poltica e sobre outros atores polticos) e cultura de
poltica (distribuio de preferncias sobre os resultados da poltica, valores como bem estar,
segurana e liberdade). As orientaes atravs dessas direes podem ser cognitivas (crenas,
informaes e anlises), afetivas (sentimentos de pertencimento, averso ou indiferena) ou
valorativos(juzosmorais)(p.28).
Aprincipal crtica sobre abibliografiada cultura poltica, segundoo autor, diz respeito
ltimaquestocolocada.Emborasalientequeessaquestoerradaeaculturapolticatantocrie
quantosejacriadapelasestruturas(p.29),oargumentoprincipalsugeridoemTheCivicCultureodequecrenas,sentimentosevaloresinfluenciamsignificativamenteocomportamentopoltico,e
queessas crenas, sentimentos e valores sooprodutodas experinciasde socializao (p.29).
Finalmente, o autor afirma que, mesmo com a explanao sobre como a pesquisa foi feita, a
polmicasobreasignificnciadaculturapolticacomoapresentadanaobraspodeserconfirmada
compesquisaemprica(p.30).