Agronegocio Completo Balanco2014 Perspectiva2015 Web
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BALA
NO
201
4 |
PERSP
ECTI
VA 2
015
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CONFEDERAO DA AGRICULTURA E PECURIA DO BRASIL CNA
DIRETORIA EXECUTIVA 2014 TRINIO 2011-2014
Senadora Ktia Regina de AbreuPresidente
Joo Martins da Silva Jnior1 Vice-Presidente
Fbio de Salles Meireles FilhoVice-Presidente Executivo
Jos Zeferino PedrozoVice-Presidente Secretrio
Jos Mrio SchreinerVice Presidente de Finanas
Jos Ramos Torres de Melo FilhoVice Presidente Diretor
Carlos Rivaci SperottoVice Presidente Diretor
Eduardo Corra RiedelVice Presidente Diretor
Jlio da Silva Rocha JniorVice Presidente Diretor
Assuero Doca VeronezVice-Presidente Diretor
CONSELHO FISCAL
TitularesCarlos Fernandes Xavier lvaro Arthur Lopes de AlmeidaRaimundo Coelho de Sousa
SuplentesJos lvares Vieira Muni Loureno Silva JniorRenato Simplcio Lopes
INSTITUTO CNA
CONSELHO DE ADMINISTRAO
TITULARES
Roberto BrantPresidente
Muni Loureno JniorDiretor Financeiro
Jos Zeferino Pedrozo Rui Carlos Ottoni Prado
SUPLENTES
Joo Martins da Silva JniorJos Mario Schreiner Renato Simplcio Lopes de AlmeidaAndrea Alves Barbosa
CONSELHO FISCAL
TITULARES
Raimundo Coelho de SousaPresidente
lvaro Arthur Lopes de Almeida Eduardo Corra Riedel
SUPLENTES
Jlio da Silva Rocha Jnior Luiz Ira Guimares ColaresCarlos Rivaci Sperotto
SECRETARIA EXECUTIVA
Og Aro Vieira RubertSecretrio Executivo
Andr Vicente de SanchesCoordenador Administrativo
Arno Jerke JniorCoordenador Tcnico
SERVIO NACIONAL DE APRENDIZA-GEM RURAL SENAR
CONSELHO DELIBERATIVO
Senadora Ktia Regina de AbreuPresidente
Luiz Ira Guimares ColaresPresidente da FAEAP
Joo Martins da Silva Jnior Presidente da FAEB
Rui Carlos Ottoni PradoPresidente da FAMATO
Fbio De Salles Meirelles FilhoVice-Presidente Executivo da CNA
Jos Zeferino PedrozoPresidente da FAESC
MINISTRIO DO TRABALHO E EMPREGO (MTE)Edson Lus Gonalves
MINISTRIO DA EDUCAO (MEC)Alssio Trindade de Barros
AGROINDSTRIAS (CNI)Jos Carlos Lyra de Andrade
ORGANIZAO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS (OCB)Renato Nobile
MINISTRIO DA AGRICULTURA PECURIA E ABASTECIMENTO MAPAJoo Cruz Reis Filho
CONFEDERAO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG)Alberto Erclio BrochAristides Veras dos Santos Juraci Moreira Souto Elias Dangelo BorgesAlessandra da Costa Lunas
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DEZ VEZES AGRO .......................................................................5
1. ECONOMIA BRASILEIRA E MUNDIAL EM 2014 E PERSPECTIVAS PARA 2015 ........................................6
2. PIB E PERFORMANCE DO AGRONEGCIO ...........................10
3. VALOR BRUTO DA PRODUO (VBP) ......................................15
4. BALANA COMERCIAL DO AGRO ..........................................20
5. MERCADO INTERNACIONAL ...................................................25
6. CEREAIS, FIBRAS E OLEAGINOSAS .........................................28
7. CAF ..........................................................................................44
8. BOVINOCULTURA DE CORTE...................................................48
9. BOVINOCULTURA DE LEITE .....................................................52
10. FRUTICULTURA ..........................................................................58
11. AVES E SUNOS .........................................................................62
12. CAPRINOS E OVINOS ............................................................... 67
13. PESCA ........................................................................................ 71
14. AQUICULTURA ...........................................................................75
15. SILVICULTURA ............................................................................79
16. CANA-DE-ACAR ...................................................................84
17. INFRAESTRUTURA E LOGSTICA ..............................................88
18. POLTICA AGRCOLA ................................................................94
19. MEIO AMBIENTE .......................................................................98
20. TRABALHO E PREVIDNCIA SOCIAL .....................................103
21. ASSUNTOS FUNDIRIOS ........................................................108
22. EMPREENDEDORES FAMILIARES RURAIS .............................. 113
23. SENAR EDUCAO E ASSISTNCIA TCNICA ....................117
24. INSTITUTO CNA ESTUDOS E PESQUISAS SOCIAIS E DO AGRONEGCIO ............................................. 127
SUMRIO
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5
Dez um nmero emblemtico, simblico. Chegar em 2014
entre os dez maiores produtores e exportadores mundiais de
gros e carnes prova da eficincia de um setor que, nas ltimas
dcadas, enfrentou desafios, inovou. Cresceu cumprindo as
regras do novo Cdigo Florestal, com preservao ambiental.
E foi em frente.
Merece nota dez a atividade que garante comida de boa
qualidade para uma populao que no apenas cresce, mas
tambm melhora sua renda, ascende socialmente e, com
razo, quer comer mais e melhor. E a agropecuria nacional
segue investindo, a cada dia mais, em tecnologia e inovao
para bem atender seu principal cliente o brasileiro, e para
conquistar novos mercados no exterior. Registre-se que, mais
uma vez, a balana do agro vai fechar 2014 na casa dos 100
bilhes de dlares.
Mas ser dez, ou cem, no s produzir. ajudar a distribuir
renda por meio da gerao de empregos. E no foram poucos
em 2014. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, a
agropecuria gerou 94.020 empregos formais. O campo o
segundo segmento econmico que mais abriu novos postos
de trabalho neste perodo e, sem sua participao, o saldo
nacional seria negativo.
Empregamos e geramos riqueza. O Produto Interno Bruto
(PIB) do agronegcio deve fechar 2014 com crescimento quase
dez vezes superior ao projetado pelo Fundo Monetrio Nacional
(FMI) para a economia brasileira este ano. resultado mais
que expressivo. nota mxima.
Senadora Ktia Abreu
Presidente da CNA
DEZ VEZES AGRO
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7
ANLISE
Economia mundial: A julgar pela atual conjuntura internacional, provvel que neste 2014 o
crescimento mundial seja um pouco mais forte que o observado nos ltimos anos, mas aqum
do projetado inicialmente. As mais recentes projees indicam avano de 3,3% em relao a
2013, quando o crescimento foi de 2,9%. Ser o terceiro ano consecutivo de moderada acele-
rao da economia global. Para 2015, projetamos crescimento mundial de 3,7%, pouco abaixo
dos 3,8% que prevamos anteriormente. Este movimento explicado pela expectativa de maior
crescimento de alguns pases desenvolvidos (em especial, Zona do Euro, Estados Unidos e Ca-
nad) e boa parte das economias emergentes. A variao s no maior em funo da desace-
lerao de economias importantes, como as da China, do Reino Unido e do Japo.
Nos Estados Unidos, aps o resultado decepcionante do primeiro trimestre, quando o Pro-
duto Interno Bruto (PIB) americano sofreu queda anualizada de 2,1% na margem, a economia
retomou a trajetria de crescimento acima de seu potencial (ao redor de 2,5%, segundo nossas
estimativas). O PIB dos EUA, em 2014, crescer 2,0%. Acelerando-se para 3% em 2015.
Em relao poltica do Banco Central norte-americano (FED), no vislumbramos qualquer mo-
vimento de alta do juro bsico (fed funds rate) antes do final da primeira metade de 2015.
A perspectiva para a zona do euro no nada alvissareira no curto prazo, principalmente nos
pases que enfrentaram maiores dificuldades na implementao de reformas estruturais, casos
da Frana e da Itlia. Alm disso, com os setores pblico e privado altamente endividados,
alm de um longo processo de desalavancagem adiante, difcil apostar em crescimento mais
robusto. A desacelerao, ao lado de uma inflao modesta, tem pressionado o Banco Central
Europeu (BCE) a tomar medidas mais fortes de afrouxamento monetrio. Isto porque o risco de
deflao voltou ao radar e as medidas recentemente anunciadas pelo BCE (expanso monetria
mediante compra de ativos financeiros no mercado) contribuiro apenas modestamente para
o crescimento via exportaes (em funo da resultante depreciao do euro). Nos prximos
trimestres, a recuperao seguir lenta e desigual, garantindo um crescimento prximo a 1%
neste ano e, no mximo de 1,5% em 2015.
Quanto China, aps o avano de 7,7% em 2013, o crescimento neste ano dever ficar prximo
meta oficial de 7,5%. Para tanto, novos estmulos de pequeno porte podem ser anunciados,
uma vez que os dados mais recentes indicam atividade mais fraca e inflao menor do que a
esperada. Novamente, os desequilbrios gerados pela reao crise financeira internacional de
2008 seguiro como principal fator de risco. Em especial, o endividamento dos governos regio-
nais, o shadow banking system e a desacelerao do investimento imobilirio. De toda forma, nosso cenrio contempla a hiptese de que o governo chins conseguir, de forma gradual,
sanar tais dificuldades e garantir que a desacelerao seja suave, sem acarretar grandes sola-
vancos no crescimento mundial.
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BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
Commodities: Tudo o mais constante, a perspectiva de normalizao da poltica monetria nos EUA tambm concorre para um cenrio heterogneo para os preos das commodities. Enquanto espe-ra-se para 2015 a continuidade das quedas dos preos do petrleo e do minrio de ferro, em relao
s commodities agrcolas os sinais so mistos. O USDA projeta aumento da produo global de soja
para a safra atual e para a prxima, pressionando seus preos para baixo. No caso do milho, a expec-
tativa de maior produo mundial tambm deve provocar queda nos preos em 2014. No binio
2014/2015, a estimativa do USDA de produo estvel e melhora da razo estoques/demanda total,
ainda que abaixo da mdia histrica, fato que pode fazer os preos apresentarem alguma recupera-
o em 2015 e 2016. A maior produo esperada do trigo, em 2014, deve pressionar o preo para
baixo. Para o binio 2014/2015, a produo mundial do gro deve crescer ligeiramente, melhorando
o balano entre oferta e demanda. Ainda assim, a razo estoques/demanda total deve permanecer
abaixo da mdia histrica, proporcionando certa recuperao dos preos em 2015 e 2016.
Por sua vez, a condio climtica adversa para a produo cafeeira no Brasil jogou os preos
da commodity para cima ao longo do ano. Se as condies de cultivo forem melhores, os pre-os podero recuar em 2015 e 2016, mas permanecendo em patamar acima da mdia de 2013.
Na mesma toada, condies climticas adversas tambm prejudicaram o cultivo da cana no
Brasil, pressionando os preos para cima no incio do ano. No acumulado da safra 2014/2015,
contudo, o volume processado de cana de acar subiu 2,75%, em comparao com o mesmo
perodo da temporada anterior. Ao mesmo tempo, a produo de acar registrou incremento
de 6,42%, no acumulado do perodo at a primeira quinzena de agosto. Em 2014, a safra deve-
r ficar aqum da inicialmente prevista, prejudicando a oferta de cana-de-acar e a possvel
antecipao do trmino da moagem nas vrias regies produtoras. Assim, em 2014, estimamos
preo ligeiramente acima do praticado em 2013. Para 2015 e 2016, alguns relatrios j indicam
descompasso entre demanda e oferta, o que levaria os preos da commodity para cima.
Economia domstica: O segundo mandato da presidente Dilma dever comear com ajustes
macroeconmicos, principalmente no sentido de evitar perda do controle sobre a inflao e de-
teriorao adicional da poltica fiscal. A elevao da taxa bsica de juros, j iniciada na primeira
reunio do Comit de Poltica Monetria (COPOM) ps-eleies, dever ter continuidade at
que a Selic atinja o patamar de 12,5% ao ano, segundo nossas projees.
Medidas de ajuste fiscal, tanto pelo lado da receita (reduo das desoneraes e dos subsdios,
eventual elevao de alguns tributos, vendas de ativos da Unio, etc.), quanto pelo lado das
despesas (seguro-desemprego, penso, conteno dos gastos de custeio, entre outras), cer-
tamente sero adotadas. Estimamos para o prximo ano um supervit primrio recorrente de
0,6% do PIB, ligeiramente acima do observado em 2014.
De qualquer maneira, devido necessidade de ajustes, o quadro frente , resumidamente,
de crescimento fraco e inflao resistente, mas so remotas as chances de se desandar para um
ambiente altamente negativo para os negcios das empresas.
Apesar do desempenho econmico relativamente frustrante em 2014, pode-se destacar o cresci-
mento acima da mdia do setor agropecurio, cujo PIB dever aumentar 2,0% no ano. De resto,
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1. ECONOMIA BR ASILEIR A E MUNDIAL EM 2014 E PERSPECT I VAS PAR A 2015
a elevada incerteza afetou negativamente a confiana dos empresrios, o que contribuir para
uma queda de 1,9% do PIB da indstria e a desacelerao da atividade do setor de servios.
Em nosso cenrio, o PIB se expandir em 2015 cerca de 1,0%, aps o modesto avano em 2014
(algo em torno de 0,5%). Este crescimento um pouco mais forte no prximo ano se deve princi-
palmente premissa de que a confiana retornar, embora de forma mais lenta.
Mantemos nossa projeo de saldo comercial nulo em 2014, resultado de exportaes e importa-
es de US$ 236 bilhes. No acumulado do ano, a balana comercial registrou, at outubro, dficit
de US$ 1,86 bilho. Para 2015, com base nas premissas de nosso cenrio macroeconmico e na
reduo dos preos do minrio e da soja, estimamos novo recuo tanto para exportaes quanto
para importaes, resultando em um pequeno supervit comercial no ano de 2015 (US$ 14 bilhes).
Em relao ao crdito, projetamos crescimento nominal de 10,4% do estoque total neste ano,
ante 14,6% em 2013. Este resultado dever ser composto por crescimento de 19,2% do crdito
direcionado (ante 24,5% em 2013) e de apenas 3,4% do crdito livre (ante 7,8% em 2013). Para
2015, estimamos crescimento de 10,3% do crdito, com maior avano dos emprstimos e os
recursos livres sendo compensados pela desacelerao do crdito direcionado.
Por fim, por conta da correo dos preos administrados, a inflao permaneceu em patamares
bastante elevados. Para 2014, nossa projeo de 6,5% para o IPCA, resultante das altas de
5,6% dos preos administrados e 6,7% dos preos livres. O avano de mais de 4 pontos per-
centuais dos preos administrados, em relao ao registrado em 2013 (1,52%), decorrer em
grande medida dos reajustes das tarifas de energia eltrica neste ano (ao redor de 18,5%), fruto
do repasse dos custos mais elevados de aquisio de energia, a despeito do pacote bilionrio
de ajuda do governo ao setor.
Houve, tambm, reajustes das tarifas de transporte urbano em cinco regies pesquisadas pelo
IBGE, recompondo parcialmente a defasagem gerada pelas revogaes e represamento dos
aumentos em meio s manifestaes populares do ano passado. Para o prximo ano, projeta-
mos que o IPCA continuar prximo do teto da meta de inflao (6,5%). Vai prosseguir o pro-
cesso de realinhamento dos preos administrados, com reajustes ainda elevados das tarifas de
energia eltrica e o impacto da implementao do sistema de bandeiras tarifrias (14%). Para o
conjunto dos preos administrados, projetamos elevao de 7,6%.
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2. PIB E PERFORMANCE DO AGRONEGCIO
PIB DO AGRO TER CRESCIMENTO QUASE DEZ VEZES MAIOR DO QUE O DO BRASIL
O PRODUTO INTERNO BRUTO DO AGRONEGCIO DEVE FECHAR 2014 COM CRESCIMEN-
TO DE 3,8%, VALOR QUASE 10 VEZES MAIS ALTO DO QUE O PROJETADO PELO FUNDO
MONETRIO INTERNACIONAL (FMI) PARA O ACUMULADO DO PIB DO BRASIL ESTE ANO.
ESTE NMERO DEMONSTRA, MAIS UMA VEZ, A FORA DO SETOR QUE TEM SE REVELADO
O MAIS DINMICO DA ECONOMIA NACIONAL.
S nos primeiros oito meses de 2014, o agro j havia acumulado expanso de 1,95%, impulsionado
pela alta tanto da produo como dos preos, quando comparado com o primeiro semestre de 2013.
Isso fez com que o PIB da agropecuria (atividades dentro da porteira) crescesse 4,37% no perodo.
Dentre os segmentos que mais se destacaram est o pecurio, principalmente pelo aumento
da receita. Este setor apresentou crescimento de 6,36%, enquanto a atividade agrcola teve alta
mais modesta, de 2,79%. Considerando-se o conjunto de atividades da agropecuria, espera-se
expanso de 5,63% no faturamento mdio de 2014, impulsionado pelo aumento real de 1,48%
nas cotaes e na expectativa de crescimento anual de 4,4% no volume produzido.
Entre as culturas em destaque, as que apresentaram crescimento da receita, seja pelo aumento
da produo ou pelo aumento dos preos neste perodo de 2014, foram: cacau (46,52%), laran-
ja (44,90%), banana (33,89%), algodo (26,43%), trigo (24,6%), soja (7,46%), mandioca (0,69%), uva
(4,46%) e arroz (3,56%). Apenas para o caf, o resultado positivo vincula-se a cotaes e seca nas
principais regies produtoras no pas, que provocou uma quebra significativa na safra. Com isto,
os compradores internacionais deram suporte ao aumento dos preos. De acordo com a Organi-
zao Internacional do Caf (OIC), a projeo para a safra 2014/2015 de carncia de 4 a 5 milhes
de sacas para a produo mundial, fazendo com que os preos se mantenham em nveis elevados.
Ainda nesta safra de 2014, observou-se que os preos de alguns insumos agropecurios esta-
bilizaram-se, comparativamente safra de 2013. Alguns componentes de fertilizantes agrcolas,
baseados na formulao base de petrleo, aliviaram a presso sobre os preos finais. Entretanto,
para a safra 2014/2015, embora os preos dos fertilizantes no mercado internacional estejam so-
frendo presses baixistas, influenciada por uma demanda global mais fraca, a valorizao do dlar
frente ao real est pressionando os preos para o produtor brasileiro neste final de semestre.
Neste ano de 2014, o faturamento real da bovinocultura de corte deve crescer 14,66%, favorecido pe-
los elevados preos do boi gordo, que esto em patamar superior ao praticado em 2013. Outro fator
importante e que tem impacto nesse quadro a ausncia de animais de reposio e a dificuldade na
compra de bezerros ou boi magro pelos confinamentos, o que limitou ainda mais a oferta de produto.
Entretanto, esse ano de bons resultados est em relativa desacelerao, colaborando para o
ritmo lento da economia interna, tanto em renda como no emprego. A queda de confiana
que se observa entre consumidores e empresrios tambm se reflete no consumo e no in-
vestimento. Externamente, a demanda provavelmente se sustenta nos nveis mdios que tm
sido observados; entretanto, em alguns casos como o da soja, com elevada produo prevista
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12
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
nos EUA, podem vir a ocorrer quedas de preo at expressivas. O dlar, sendo artificialmente
contido, no vai ajudar os produtores brasileiros.
Alm disso, no se pode negligenciar as influncias do clima, cujo comportamento imprevisvel
pode levar a alteraes nas previses atuais de produo nacional e mundial. No mercado in-
ternacional, caso mudanas importantes ocorram, elas iro decorrer, predominantemente, do
comportamento do clima.
Grfico 1: Taxas de crescimento acumuladas em 2014 (%) (at agosto)
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
Insumos Bsico Indstria Distribuio Agronegcio
Agropecuria Agricultura Pecuria
1,87
4,37
-0,07
1,59 1,95
0,61
2,79
-0,81
-0,001
0,37
6,36
4,885,79 5,59
3,73
Fonte: CNA e Cepea/USP
Grfico 2: Projeo de crescimento do PIB do Agronegcio em 2014 em R$/milhes
1.092.238 1.133.743
4.844.815 4.858.864
2013 2014 2013 2014
Agronegcio Brasil
+3,8% + 0,29%
Fonte: CNA
Tabela 1: Participao do Agronegcio no PIB do Brasil
2013 201422,5% 23,3%
Fonte: CNA
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13
2. PIB E PERFORMANCE DO AGRONEGCIO
PERSPECTIVAS 2015
AGRONEGCIO VAI ASSEGURAR CRESCIMENTO DO PIB DO BRASIL NO ANO QUE VEM
O ano de 2015 ser desafiador para a economia brasileira, em especial em relao ao agrone-
gcio. Eventos macroeconmicos ocorridos em 2014, como inflao muito prxima ao teto da
meta estipulada, retrao na atividade industrial e saldo comercial em patamares nada confor-
tveis, ditaro os rumos dos ajustes na economia do pas para o prximo ano.
O governo federal, nos ltimos anos, sustentou o modelo econmico incentivando o consumo in-
terno, seja com mais gastos pblicos ou pelo aumento da demanda no setor privado. Acredita-se
que o governo ir adotar, em 2015, um modelo de ajustes na economia baseado na retrao do
consumo interno muito provavelmente reduzindo o tamanho da mquina pblica e contendo os
gastos da administrao direta e indireta , alm da expectativa de ampliao dos investimentos
em infraestrutura, com o objetivo de compensar o freio no consumo e o corte de gastos.
Se esse for o modelo adotado para o crescimento do pas no prximo ano, acredita-se que o
mercado do agronegcio no ser afetado. Isso porque a demanda por produtos agropecu-
rios, no mercado interno, dever continuar constante por meio do setor privado. E mais, o pas
deve se consolidar como um dos principais exportadores de gneros agropecurios do mundo.
Dessa forma, o agronegcio ampliar a sua importncia no contexto econmico brasileiro.
Junto com estes fatores, espera-se que a taxa de juros bsica da economia seja mantida em
patamares elevados devido necessidade de se manter a inflao dentro da meta estabelecida
pelo Banco Central. desejvel que, em 2015, ocorram melhoras nas variveis macroeconmi-
cas, abrindo espao para a queda na taxa de juros, no momento seguinte. importante desta-
car que a melhora nas variveis macroeconmicas s ocorrer se houver xito na conduo dos
ajustes, com aumentos na taxa de juros, mesmo que momentnea.
Note-se que a taxa bsica de juros, a Selic, no tem provocado mudanas nas taxas do crdito
oficial destinado ao setor agropecurio, tanto para custeio quanto para investimentos. Outros
setores da economia podero ser mais afetados por eventuais ajustes do governo federal. O agro-
negcio, no entanto, dever sentir com menor intensidade o impacto das medidas, por conta
do peso das vendas externas, dada a alta competitividade do setor no mercado mundial.
Outro fator que dever chamar ateno no prximo ano o cmbio. Com a previso de se man-
ter o real desvalorizado frente ao dlar, haver presso sobre os custos de produo da agro-
pecuria, j que grande parcela dos insumos precificada em dlar. Esse fato dever pressionar
as margens de rentabilidade dos produtores rurais. At a segunda quinzena de novembro deste
ano, o mercado considerava o cmbio mdio de R$ 2,35 / US$ 1,00. A previso para 2015 uma
relao de R$ 2,58 / US$ 1,00 que corresponde a aumento de 9,6%.
Os insumos, notadamente os fertilizantes, so em grande parte importados, visto que o pas
no autossuficiente na produo. Neste cenrio de importao com dlar em alta, os preos
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14
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
esto subindo desde o incio do segundo semestre de 2014, fato que j pde ser observado na
safra de vero. A tendncia de aumento de preos no mercado internacional, atrelada desva-
lorizao do real, dever elevar o custo das principais commodities produzidas pelo Brasil.
Se por um lado o cmbio deve pressionar as margens, via aumento dos custos, existe a possibilidade
de se equilibrar a rentabilidade dos produtores com o crescimento das exportaes, visto que as
receitas tambm so fixadas em dlar. Este movimento de equilibrar as receitas com as despesas atre-
ladas ao cmbio denominado hedge, mecanismo que serve como proteo natural das variaes do mercado internacional, assegurando, assim, margem adequada de rentabilidade para o produtor.
Grfico 3: Produto Interno Bruto R$ trilhes
-0,3 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
PIB - Valores de 2013 Taxas Reais de Crescimento %
Projees
2,7 1,1
5,7
3,2
4
6,15,2
7,5
2,7
1
2,3
0,29 1
Fonte: IBGE valores constantes de 2013/Elaborao: CNA
Desde 2006, o governo federal determinou como meta inflacionria o nmero de 4,5% ao ano,
com banda de 2%. O ndice oficial o IPCA, calculado pelo IBGE, e o mesmo superou a meta
em 2008, 2010, 2011, 2012, 2013 e novamente em 2014.
Grfico 4: IPCA
Projees
3,14
4,46
5,9
4,31
5,91 6,5
5,84
5,91 6,38 6,3
0
1
2
3
4
5
6
7
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
IPCA Meta Inferior Superior
Fonte: IBGE (2014 previso Boletim Focus 14/11/2014) /Elaborao: CNA
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BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
PERSPECTIVA 2015
VBP DA AGROPECURIA PODE CRESCER 2,7% EM 2015
MESMO DIANTE DA POSSVEL QUEDA DAS COTAES AGRCOLAS, O VALOR BRUTO
DA PRODUO (VBP) DA AGROPECURIA DEVE CRESCER 2,7% EM 2015, TOTALIZANDO
R$ 463,2 BILHES. O DESEMPENHO DA CAFEICULTURA E DO SEGMENTO DA PECURIA VAI
GARANTIR RESULTADO POSITIVO NO ANO.
A elevao de 51,7% dos preos do caf, reflexo da expectativa de reduo da safra brasileira
em funo dos problemas climticos, deve impactar o VBP da cafeicultura. A expectativa de
elevao de 38,1% do VBP deste segmento em 2015.
O Brasil responsvel por 33% da oferta mundial de caf e, por isso, o tamanho da safra nacio-
nal influencia o ritmo dos preos internacionais da commodity. Em 2014, a estiagem prolongada
dificultou o cronograma de adubaes e deve prejudicar o desenvolvimento dos ramos e das
gemais florais.
Alm disso, 2015 um ano de bienalidade negativa, quando a planta produz menos. Associa-
dos, estes fatores devem reduzir em 9% a colheita no prximo ano, segundo especialistas.
Para o segmento da pecuria, a estimativa tambm de crescimento do VBP. O faturamento
deve somar R$ 192,1 bilhes em 2015, expanso de 17,8% em relao ao ano de 2014. Este resul-
tado ser impulsionado pelas receitas previstas para as carnes bovina e suna.
Para a carne bovina, estima-se um aumento de 27,6% no VBP, podendo atingir R$ 95,3 bilhes,
em funo da valorizao do preo da arroba. A expectativa de que a acelerao das co-
taes de boi gordo prossiga no incio de 2015, j que esperado crescimento do consumo
interno e da demanda para exportao.
Aps a crise que afetou o desempenho da pecuria em 2011 e 2012, quando os pecuaristas
abateram matrizes em razo da forte queda dos preos da arroba e do aumento dos custos de
produo, o momento atual de recuperao. Os abates feitos h trs anos influenciam o mer-
cado agora, quando a oferta de animais prontos e para engorda menor.
Cenrio diferente esperado para os gros. A elevao dos estoques mundiais e o crescimento
da produo devem influenciar negativamente o ritmo das cotaes agrcolas, pelo menos no
curto prazo. Presso tambm vir da tendncia de estabilidade ou reduo da demanda exter-
na, em funo da fraca recuperao da economia de alguns pases, principalmente da Europa.
Considerando as adversidades, esperado um decrscimo de 5,8% no faturamento bruto dos
produtos agrcolas, atingindo o patamar de R$ 271 bilhes. A queda resultado da receita ne-
gativa para o milho e a soja, gros que tm peso expressivo no clculo do VBP agrcola. Juntos,
respondem por 44% da receita.
-
17
3. VALOR BRUTO DA PRODUO (VBP)
A queda das cotaes ao longo do segundo semestre de 2014, aliada perspectiva de conti-
nuidade da desvalorizao de preos, desestimulou o plantio de milho na safra de vero. Num
cenrio mais pessimista, a retrao na rea plantada, segundo a Companhia Nacional de Abas-
tecimento (Conab), pode chegar a 3,7%, reduzindo a produo de 79,9 milhes para 77,3 mi-
lhes de toneladas.
Apesar da reduo, o volume dos estoques de passagem permanece alto, o que garante exce-
dentes no mercado interno. Assim, a expectativa de queda de 17,3% no faturamento bruto do
milho. O VBP pode somar R$ 30 bilhes em 2015.
Na soja, espera-se uma queda menor, de 3,7%, de R$ 92 bilhes em 2014 para R$ 88,6 bilhes
no prximo ano. O desempenho negativo do segmento resultado da expectativa de retrao
das cotaes em funo da grande oferta mundial.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produo norte-
-americana deve atingir 107,73 milhes de toneladas, um aumento de 18% em relao safra an-
terior. A safra brasileira, segundo estimativa da Conab, deve crescer pelo menos 3,7% em 2015.
O consumo mundial no acompanhar o crescimento esperado para a produo, fazendo com
que a relao estoque/consumo de soja atinja uma nova marca histrica na safra 2014/2015.
No Brasil, o aumento previsto do estoque para a safra 2014/2015 de 41,8%, quando compara-
do com a safra anterior.
Grfico 1: Estimativa do VBP em 2014 e projeo para 2015 em R$/bilhes
2014 2015
164,23
123,60
287,83
163,05
450,88
146,95 124,11
271,06
192,16
463,22
0.00
50.00
100.00
150.00
200.00
250.00
300.00
350.00
400.00
450.00
500.00
Safra de Gros Outros ProdutosAgrcolas
Agricultura Pecuria Agropecuria
Fonte: CNA
-
18
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
BALANO 2014
FATURAMENTO CRESCE 6,1% EM 2014
O VBP da agropecuria deve fechar o ano em R$ 450,8 bilhes, o que representa um aumento
de 6,1% em relao ao resultado de 2013. De maneira geral, os problemas climticos tiveram
impacto reduzido na produo de gros.
Segundo a Conab, foram produzidas 195,4 milhes de toneladas de gros na safra 2013/2014, um
aumento de 3,6% frente ao perodo anterior. A estiagem prolongada que atingiu algumas regies
reduziu a produtividade da fruticultura, da cafeicultura, da pecuria de corte e de outras atividades.
A expectativa de que o faturamento obtido com a venda dos produtos agrcolas some R$ 287,8
bilhes em 2014, valor 5,6% superior ao registrado em 2013.
Um dos destaques em 2014 o aumento de 37% no faturamento do algodo, que deve somar
R$ 7,2 bilhes. A produo cresceu 32,3% no ano, o que determinou o incremento do VBP, ape-
sar de os preos terem recuado devido ao aumento dos estoques mundiais.
A cafeicultura tambm um dos destaques por apresentar crescimento de 23,7% no faturamen-
to bruto. O resultado de R$ 18,7 bilhes reflete o aumento dos preos do gro, que, de acordo
com o indicador do Centro de Estudos Avanados em Economia Aplicada (Cepea), da ESALQ/
USP, chegou a 44% para o caf arbica, tipo 6 bebida dura.
A valorizao ocorreu por causa da seca severa. Prolongado, o clima adverso prejudicou a for-
mao e o enchimento dos gros e reduziu em cerca de 10% a safra de caf.
A cultura da soja apresentou crescimento de 6,4% no valor bruto, podendo chegar a R$ 92 bilhes
em 2014. A ampliao da receita est atrelada ao aumento da produo, j que os preos no
segundo semestre registraram forte queda, influenciados pelo excesso de oferta no mercado
internacional. A alta rentabilidade que a cultura apresentou na poca de plantio estimulou
os produtores a ampliarem a rea de soja, favorecendo o aumento de 5,7% na quantidade
produzida.
Para o milho, a colheita recorde no Brasil e nos Estados Unidos na safra 2012/2013 elevou os
estoques mundiais, desvalorizando as cotaes do cereal. O excesso de oferta e a estabilizao
da demanda desestimularam o plantio da safra 2013/2014 no Brasil. Apesar da queda de 2%
na produo total, o mercado no absorveu o volume excedente formado pelo estoque de
passagem, produo e importao , provocando forte retrao dos preos internos. Neste
cenrio, a expectativa de queda de 4,3% no faturamento bruto do setor.
Para a pecuria, a valorizao dos preos elevou a rentabilidade da maioria dos segmentos.
A bovinocultura de corte destaque, com faturamento de R$ 74,7 bilhes, um aumento de
14,2% quando comparado com o desempenho de 2013.
-
19
3. VALOR BRUTO DA PRODUO (VBP)
O grande nmero de abate de matrizes nos anos de 2011 e 2012, juntamente com a baixa
produtividade das pastagens em razo da seca prolongada, restringiu a oferta de bovinos no
mercado nacional, elevando em 15% o preo da arroba.
Na suinocultura, o VBP pode chegar a R$ 13,3 bilhes, uma expanso de 5,2% no ano. A restri-
o de oferta, causada pela lenta reposio do plantel aps a crise de 2012, provocou a acele-
rao dos preos, favorecendo o resultado positivo.
Para o leite, observa-se um crescimento de 6,2% no VBP, de R$ 35,8 bilhes para R$ 38 bilhes.
A elevao dos preos e o crescimento da produo propiciaram os ganhos no rendimento.
A avicultura o nico setor que apresentou desempenho negativo. O valor bruto da produo
registrou decrscimo de 6,3% em relao ao ano passado, o qual reflexo da reduo dos pre-
os de frango.
Grfico 2 Estimativa de fechamento do VBP em 2014 em R$/bilhes
2013 2014
272,64
152,32
424,95
287,83
163,05
450,88
Agricultura Pecuria Agropecuria
+5,6%
+7,1%
+6,1%
Fonte: CNA
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21
PERSPECTIVA 2015
AGRONEGCIO FIRMA-SE COMO CAMPEO EM VENDAS EXTERNAS
O AGRONEGCIO EST CONSOLIDADO NA POSIO DE LDER NAS VENDAS EXTERNAS
DO BRASIL, DEPOIS DE ALCANAR SUCESSIVOS RECORDES DE VALOR EXPORTADO AO
LONGO DE 2014. O MERCADO DA CHINA SEGUIR DECISIVO NA DEFINIO DO CENRIO
DAS EXPORTAES DO AGRO EM 2015, COM O IMPORTANTE REFORO DA RSSIA, QUE
OFERECER NOVAS E MELHORES OPORTUNIDADES COMERCIAIS PARA OS PRODUTOS
AGROPECURIOS DO PAS.
Para 2015 a expectativa de continuidade no crescimento, mesmo que moderado, das exporta-
es do agronegcio, posto que o setor j se firmou como campeo na pauta de vendas exter-
nas do pas. Existem grandes oportunidades de abertura de novos destinos para os produtos
agropecurios, embora a perspectiva de que o mercado global de commodities seja marcado
pela cautela. Afinal, o cenrio de retrao de grandes economias compradoras de produtos
brasileiros, tal como a China.
A Rssia dever manter, pelo menos, at meados do ano que vem, o embargo importao
de carnes, peixes, leite e derivados, frutas e vegetais dos seus principais fornecedores: Unio
Europeia, Estados Unidos, Canad, Austrlia e Noruega. Esta proibio abre uma importante
janela de oportunidades de negcios para o Brasil, j que os russos so o quinto maior compra-
dor mundial de produtos agropecurios, com importaes anuais em torno de US$ 44 bilhes.
A Rssia importa 40% de todos os alimentos que consome.
As perspectivas para o cmbio tambm apontam para um cenrio favorvel s exportaes
brasileiras. A expectativa para 2015 de que o dlar se mantenha no patamar mdio de R$ 2,60
a R$ 2,70. Com isto, as exportaes do agronegcio devero alcanar US$ 103 bilhes.
BALANO 2014
AGRONEGCIO AUMENTA SUA PARTICIPAO NA PAUTA DE EXPORTAES DO BRASIL
As exportaes totais do agronegcio este ano devem permanecer nos patamares de 2013,
quando atingiram US$ 99,97 bilhes, mas a participao do setor no total exportado pelo pas
deve ser maior. Se no ano passado o agro foi responsvel por 41,3% das exportaes, em 2014
as vendas de produtos agropecurios e agroindustriais devem representar 42,3%.
As importaes de produtos de origem animal e vegetal devem fechar 2014 em US$ 16,8 bilhes.
Este valor prximo ao observado em 2013 reflete o momento de crescimento modesto da
economia brasileira. A previso de encerrar o ano com um supervit de aproximadamente
US$ 83 bilhes na balana comercial dos produtos do agronegcio.
-
22
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
As exportaes totais do pas devem atingir a marca de US$ 236,4 bilhes, valor 2,4% abaixo do
verificado em 2013. As importaes tambm devem cair aproximadamente 1,5% se comparadas
ao mesmo perodo do ano anterior, totalizando um valor prximo ao das exportaes, equili-
brando a balana comercial total do Brasil.
No acumulado de janeiro a outubro, as vendas externas do agronegcio alcanaram US$ 83,9 bilhes,
valor 3% inferior ao observado no mesmo perodo de 2013. Porm, existe uma expectativa pro-
missora para os dois ltimos meses deste ano para, ao menos, zerar as variaes percentuais em
relao ao resultado do ano passado.
Tabela 1: Projees da participao do agronegcio na balana comercial do Brasil em 2014
JANEIRO-DEZEMBRO*
EXPORTAO (US$ MILHES) IMPORTAO (US$ MILHES) SALDO
2013 2014 % 2013 2014 % 2013 2014
Total Brasil 242,2 236,4 -2,4 239,6 236,4 -1,5 2,60 0,0
Demais Produtos
142,3 136,3 -4,2 222,5 219,20 -1,5 -80,20 -82,90
Agronegcio 99,9 100,1 0,2 17,1 16,8 -1,7 82,9 83,3
Participao % 41,25 42,34 2,6 7,14 7,12 -0,3 - -
Fonte: CNA a partir de CGOE / DPI / SRI / MAPA novembro e dezembro/2014 Projees CNA
Grfico 1: Projees da balana comercial do agronegcio em 2014
2013 2014
242,2 236,4
99,9 100,1
239,6 236,4
17,1 16,8 2,6 0
82,9 83,3
0
50
100
150
200
250
300
Exportaes Totais Exportaes Agro Importaes Totais
Importaes Agro Salto Total Saldo Agro
Fonte: 2014 Projees CNA
A soja em gro foi o produto mais exportado pelo Brasil em 2014 e deve encerrar o ano com
participao de 24,1% nas vendas do agronegcio e 12% no resultado total do pas. Dever gerar
US$ 23,5 bilhes em receita at o final de dezembro. Este valor demonstra um aumento de 3%,
quando comparado a 2013, e 34,5%, em relao ao resultado de 2012.
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23
4. BALANA COMERCI AL
A liderana da soja em gro consolidou-se a partir de maio de 2014, quando suas vendas para
o mercado internacional superaram, pela primeira vez, o minrio de ferro. A forte demanda da
China, destino para mais de 70% de toda a soja em gro embarcada do Brasil, contribuiu para
esse resultado.
Alm da soja em gro, completam a lista dos cinco produtos recordistas em vendas externas,
em 2014, o farelo de soja, a carne bovina, a celulose e os couros e peles.
O agronegcio ocupa hoje sete das dez principais posies na pauta exportadora do Brasil.
Soja em gro, acar em bruto, farelo de soja, carne de frango, caf em gro, carne bovina e celulose
foram os produtos mais exportados, somando US$ 55,3 bilhes nos primeiros dez meses do ano
quase um tero do total das vendas externas. Os outros trs produtos que compem a lista
dos dez lderes so o minrio de ferro, petrleo bruto e leos combustveis.
ANLISE DOS PRINCIPAIS COMPLEXOS EXPORTADORES
At outubro de 2014, os produtos que compem o complexo soja totalizaram US$ 30,2 bilhes
em vendas externas, representando 15,7% do total exportado pelo pas e 36% dos embarques
do setor. O valor foi 3,5% maior em relao ao mesmo perodo de 2013. At o final de dezembro,
o total exportado poder alcanar 61 milhes de toneladas, quantia 6,1% acima do resultado
obtido em 2013. Importante destacar que os preos mdios de 2014 so mais baixos se compa-
rados com o ano anterior, o que mostra uma menor rentabilidade para o exportador.
O complexo carnes aparece em segundo lugar na pauta de exportao do agronegcio. O
montante exportado em 2014 est estimado em 6,2 milhes de toneladas. J a receita dever
atingir US$ 17 bilhes. A carne bovina e a suna apresentam receitas superiores em 9% e 15%,
respectivamente, na comparao com 2013. O bom resultado decorre da alta dos preos inter-
nacionais destas carnes, em resposta elevada demanda por protena animal nos pases em
desenvolvimento. Embora a quantidade exportada de carne de frango tenha crescido 3,5%,
as receitas provenientes das vendas externas so praticamente as mesmas obtidas em 2013. A
expectativa que a rentabilidade do setor aumente em 2015.
O complexo sucroalcooleiro continua em queda. O volume exportado em 2014 deve ter uma re-
duo aproximada de 17% em relao ao ano passado, totalizando 25 milhes de toneladas. J
a receita do setor poder cair at 30%, fechando em US$ 9,7 bilhes devido queda significativa
dos preos do acar este ano. A desvalorizao da commodity foi provocada pelo crescimento
da produo mundial e pela recomposio dos estoques dos pases consumidores.
No caso dos produtos florestais, o cenrio positivo. A receita com as exportaes deve ser 4%
maior do que em 2013, totalizando US$ 9,5 bilhes. O destaque o aumento das quantidades
exportadas de papel (10%) e de celulose e madeira (16%).
A exportao de caf tambm destaque este ano, ocupando o quinto lugar na lista dos pro-
dutos mais exportados em 2014. A receita com as vendas externas neste ano est 20% acima da
-
24
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
obtida em 2013, podendo chegar a US$ 6 bilhes. O volume anual dever permanecer em 1,8 milho
de toneladas. O aumento das receitas decorre, principalmente, da estiagem nas principais re-
gies produtoras do gro no Brasil, que comprometeu a safra.
Figura 1: Principais destinos Participao na balana comercial do agronegcio em 2014
Sua
Estados Unidos7,0%
3,5% / 2013
Japo2,8%
20,4% / 2013
Unio Europia21,8%
2,8% / 2013China / Hong Kong
28,2%2,4% /2013
Rssia3,8%
37,6% / 2013
Mercosul5,3%
14% / 2013
Fonte: SRI/SUT CNA com dados do Agrostat/MAPA.
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26
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
PERSPECTIVA 2015
AGRONEGCIO PRECISA AUMENTAR ACESSO A MERCADOS PARA AVANAR
NEGOCIAES DE NOVOS ACORDOS COMERCIAIS NO MBITO DAS AMRICAS E COM A
UNIO ECONMICA EUROASITICA VO MARCAR A ATUAO DO PAS NO CENRIO IN-
TERNACIONAL EM 2015. SER VITAL PARA O AGRONEGCIO CONCRETIZAR A TROCA DE
OFERTAS NA NEGOCIAO COMERCIAL COM A UNIO EUROPEIA E AMPLIAR OS PROTO-
COLOS SANITRIOS E FITOSSANITRIOS PARA GARANTIR AOS PRODUTOS AGROPECU-
RIOS MAIOR ACESSO A MERCADOS INTERNACIONAIS.
O mercado internacional de vital importncia para a expanso do agronegcio brasileiro.
Ao mesmo tempo, o setor mostra competitividade mpar no cenrio global, garantindo ao pas
posio de lder em produo e em exportao de muitos bens agrcolas. O grande desafio,
porm, a insero do Brasil de forma competitiva no comrcio mundial. Apesar de apre-
sentar vantagens quanto estabilidade poltica, o Brasil tem o desafio de abrir sua economia e
conquistar mais mercados.
Para que as exportaes do agronegcio continuem crescendo, preciso que o pas continue
atuante no sistema multilateral do comrcio, nico foro disponvel para questionar e restringir subs-
dios agrcolas e polticas distorcivas de formao de estoques pblicos. Alm disso, fundamental
avanar em negociaes comerciais bilaterais para reduzir barreiras tarifrias e no tarifrias.
Outra frente igualmente importante para garantir o acesso a novos mercados a agilidade na
negociao de protocolos e certificados sanitrios e fitossanitrios. Por fim, necessrio refor-
ar a atuao do governo brasileiro nas discusses sobre a harmonizao de normas tcnicas,
regras sanitrias e fitossanitrias.
BALANO 2014
TIMIDEZ MARCOU NEGOCIAES COMERCIAIS EM 2014
A pauta de negociaes comerciais de 2014 foi tmida. Seguimos espera de um movimento
por parte dos europeus para avanar no acordo entre o Mercosul e a Unio Europeia (UE). Com
as eleies no Parlamento Europeu e a nova composio da Comisso Europeia, no entanto, a
UE no demonstrou disposio para avanar na negociao. Espera-se para o incio de 2015,
com a proposta do Mercosul pronta, que ambos os parceiros encontrem flego nas suas agen-
das para trocar as ofertas de desgravao tarifria.
No nvel regional, a ltima Cpula do Mercosul estabeleceu uma agenda de negociaes comer-
ciais que teve como destaque o interesse em um acordo de livre comrcio com a Unio Econmica
Euroasitica, que agrega Rssia, Bielorrssia e Cazaquisto. Em 2015, Armnia e Quirguisto devem
-
27
5. MERCADO INTERNACIONAL
se juntar Unio. Este acordo interessa ao agronegcio, principalmente pela aproximao poltica e
institucional com os russos, que pode gerar um ambiente mais previsvel para os negcios bilaterais.
importante que o acordo permanea na agenda poltica e que suas negociaes avancem.
A Unio Europeia e a Unio Econmica Euroasitica so as nicas possibilidades de acordo que
realmente podem proporcionar ao agronegcio do Brasil o acesso a grandes mercados consumi-
dores. Nenhum outro grande acordo est na agenda de poltica externa do pas e do Mercosul.
Alm de propor a integrao regional com vrios pases e blocos das Amricas Central e do Sul
e do Caribe, o Mercosul trabalha junto Aliana do Pacfico (Peru, Chile, Colmbia e Mxico)
para acelerar a desgravao tarifria no comrcio regional. Os acordos vigentes com a Colmbia,
o Chile e o Peru tm previso de abertura do comrcio at 2019, mas o Mercosul busca antecipar
a implementao para 2016.
A negociao comercial com o Mxico limitada a poucas preferncias tarifrias e, ao menos
por enquanto, no h ambio de ampli-la para um acordo de livre comrcio. H, ainda, uma
aproximao do Brasil com seus parceiros do Brics: Rssia, ndia, China e frica do Sul, embora
restrita cooperao poltica e financeira, que no trata de livre comrcio.
No que diz respeito s negociaes multilaterais, desde junho deste ano h um impasse na
Organizao Mundial do Comrcio (OMC), com a recusa do novo governo da ndia em assinar
o protocolo de implementao do acordo de facilitao de comrcio, negociado em Bali em
dezembro de 2013.
A ndia busca legitimar, dentro das regras da OMC, seus programas de formao de estoques
pblicos com o objetivo de segurana alimentar, que ampliam subsdios alm dos limites esta-
belecidos na Rodada Uruguai. O impasse gerado pelo posicionamento indiano levou a direto-
ria-geral da Organizao a incrementar o dilogo com os pases membros e a buscar arranjos
para superar as dificuldades do sistema multilateral.
A expectativa de que todo o movimento das lideranas da OMC tenha injetado nimo nas
negociaes multilaterais que, mesmo com novos formatos, so indispensveis para o bom
funcionamento do comrcio internacional de produtos agropecurios. A OMC fecha este ano
com a disposio de um 2015 mais ativo para a Rodada Doha de negociaes multilaterais, que
so essenciais para a agricultura.
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29
6. CEREA IS, F IBR AS E OLEAGINOSAS
ARROZ
PERSPECTIVA 2015
EXPORTAES PODEM FAVORECER RIZICULTOR
O PRODUTOR DE ARROZ PODE TER UM CENRIO FAVORVEL EM 2015. AS EXPORTAES
BRASILEIRAS DEVEM REPETIR O BOM DESEMPENHO OBSERVADO ESTE ANO, MANTENDO
ESTVEIS OS PREOS REMUNERADORES PAGOS AO RIZICULTOR NO MERCADO INTERNO
EM 2014. A COLHEITA ESTIMADA DEVE SER IGUAL OU LIGEIRAMENTE SUPERIOR SAFRA
2013/2014, ACIMA DE 12 MILHES DE TONELADAS.
Para que este quadro se consolide, espera-se, entre outros fatores, uma boa disponibilidade
hdrica nas principais regies produtoras, alm de preos atrativos de entressafra e uma relao
equilibrada entre oferta e demanda, provocando uma curva de preos estvel ou ligeiramente
superior quela verificada em 2014. Neste contexto, as vendas externas podem ter papel fun-
damental neste processo, dependendo da conjuntura econmica do Mercosul e dos principais
players mundiais de arroz, bem como do comportamento da taxa de cmbio.
O clima outro fator que poder influenciar a produo de arroz, mas negativamente. O El Nio
pode prejudicar a produo da regio Sul do pas, principalmente do Rio Grande do Sul, com
excesso de chuvas, que pode atrasar o plantio e reduzir a produtividade.
De acordo com dados divulgados pelo World Agricultural Outlook Board (WAOB), os estoques
mundiais de passagem de arroz para a safra 2014/2015 esto estimados em 105,39 milhes de
toneladas, volume 4% menor quando comparado com a safra 2013/2014, quando a colheita
totalizou 105,8 milhes de toneladas. A estimativa para o consumo mundial passou de 475,84
milhes para 482,4 milhes de toneladas, aumento de 1%. A previso da relao estoque/con-
sumo est em 22,50%, um pouco abaixo da mdia dos ltimos cinco anos.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), espera-se que os nmeros da safra
brasileira de arroz para o binio 2014/2015 sejam semelhantes safra 2013/2014, ou seja, uma
relao de oferta e demanda bastante ajustada, de aproximadamente 1,4 milho de toneladas
(Tabela 1). J a rea plantada dever ter um intervalo entre 4% de acrscimo ou 5,8 % de redu-
o em relao safra anterior e depender da rotao em relao soja, saindo de um mnimo
de 2,2 milhes at o teto 2,5 milhes de hectares.
No Rio Grande do Sul, que produz aproximadamente 70% do volume nacional, a expectativa
de um intervalo entre 1,053 milho e 1,176 milho de hectares cultivados, o que pode significar
um incremento de at 5 % ou uma reduo de at 6% em relao ao ano anterior.
-
30
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
Tabela 1: Relao oferta e demanda no mercado brasileiro de arroz Safras 2010/2011 a 2014/2015
DISCRIMINAO2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015
MIL TONELADAS
Estoques Iniciais 2.457,3 2.569,5 2.125,3 1.082,1 1.043,8
Produo 13.613,1 11.599,5 11.819,7 12.161,7 12.571,2
Importao 825,4 1.068,0 965,5 1.000,0 1.000
Consumo 12.236,7 11.656,5 12.617,7 12.000,0 12.000
Exportao 2.089,6 1.455,2 1.210,7 1.200,0 1.200
Estoques Finais 2.569,5 2.125,3 1.082,1 1.043,8 1.415,0
Fonte: CONAB
BALANO 2014
PREOS ACIMA DA MDIA HISTRICA
Os preos do arroz em 2014 permaneceram acima da mdia histrica e superaram os valores
mnimos estabelecidos pelo governo federal. O ano foi caracterizado pela estabilidade das
cotaes do cereal nas diferentes regies produtoras do pas. Um dos fatores foi a poltica de
liberao de estoques do governo federal, que comercializou parte dos estoques pblicos. Esta
poltica balizou os preos, mantendo as cotaes acima do preo mnimo estabelecido pelo
governo, o que sinalizou, at o momento, nas demais praas do pas, movimento semelhante ao
observado no Rio Grande do Sul.
Grfico 1: Evoluo do preo do arroz em Uruguaiana/RS
Jan-
13
Fev-
13
Mar
-13
Ab
r-13
Mai
-13
Jun-
13
Jul-1
3
Ag
o-1
3
Set-
13
Out
-13
No
v-13
Dez
-13
Jan-
14
Fev-
14
Mar
-14
Ab
r-14
Mai
-14
Jun-
14
Jul-1
4
Ag
o-1
4
Set-
14
R$/
Sc 5
0 K
g
Preo de Arroz em casca
Uruguaiana - RS
30.00
31.00
32.00
33.00
34.00
35.00
36.00
37.00
Fonte: CMA Agrcola
-
31
6. CEREA IS, F IBR AS E OLEAGINOSAS
Observa-se, no Grfico 1, que uma das variveis que levou formao do pico de preos no fim
de 2013, assim como a manuteno de bons patamares em 2014, foi a poltica intervencionista
de compras do governo tailands. Contudo, a principal influncia neste ano agrcola foi a redu-
o dos estoques brasileiros causada pela queda de produo no Brasil, Uruguai e Argentina
em 2012 (estes ltimos principais exportadores de arroz para o Brasil), e pelo bom volume ex-
portado pelo pas nas safras 2010/2011, 2011/2012 e 2012/2013 .
Este bom volume exportado nas safras anteriores, que contribuiu com a manuteno dos pre-
os no mercado interno, teve continuidade na safra 2013/2014, passando de 28,7 mil toneladas,
em julho/2013, para 83,5 mil toneladas em julho/2014.
A safra 2013/2014 encerra-se com uma produo mdia superior em 2,9% em relao safra
2012/2013, atingindo 12,1 milhes de toneladas, em razo da rentabilidade conferida cultura
no decorrer da safra e, consequentemente, da ampliao da rea cultivada, relacionada com o
baixo estoque de passagem da safra anterior.
ALGODO
PERSPECTIVA 2015
DEMANDA INTERNACIONAL DEFINIR RENTABILIDADE DAS LAVOURAS
A RENTABILIDADE DAS LAVOURAS DE ALGODO EM 2015 IR DEPENDER DA DEMANDA
INTERNACIONAL PELO PRODUTO, UMA VEZ QUE AS ESTIMATIVAS MUNDIAIS APONTAM
PARA UM VOLUME DE PRODUO INFERIOR SAFRA 2013/2014. UM DOS PASES QUE CER-
TAMENTE INFLUENCIARO ESTE CENRIO A CHINA, QUE DETM 60% DOS ESTOQUES
MUNDIAIS DA FIBRA.
As perspectivas de preos e remunerao para o produtor na safra 2014/2015 dependero di-
retamente das polticas de comercializao e formao de estoques da China. Tambm no se
descarta a influncia da safra dos Estados Unidos (EUA), segundo maior produtor mundial. Ape-
sar das projees de produo inferiores quelas verificadas em 2014, a oferta mundial ainda
superior demanda da indstria txtil, o que pode pressionar os preos para baixo no mercado
internacional, refletindo nas cotaes domsticas.
Segundo o International Cotton Advisory Committee (ICAC), o estoque da fibra ter novo acrs-
cimo, totalizando 21,620 milhes de toneladas, o que pode contribuir para a queda de preos.
Outro fator que deve ser levado em conta o consumo interno. Como no h grandes variaes
no mercado domstico, o cotonicultor brasileiro depender do ritmo do comrcio exterior.
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32
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
Tabela 2: Suprimento Mundial de Algodo em Pluma, Safras 2010 a 2015
DISCRIMINAO (1)2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014(2) 2014/2015(3)
MIL TONELADAS
Estoques Iniciais 8,568 9,448 14,594 17,753 20,600
Produo 25,408 28,054 26,684 26,130 25,530
Consumo 24,512 22,805 23,313 23,290 24,500
Exportao 7,722 9,867 10,086 8,980 7,930
Estoque Final 9,448 14,594 17,753 20,60 21,620
Legenda: (1) Estimativa; (2) Projeo.Fonte: International Cotton Advisory Committee ICACNota: 1. Elaborado pela Conab. 2. Projees ICAC para a Safra 2012/2013 = 34,057 milhes de hectares e produti-vidade mdia de 776 kg/ha. 3. Projees ICAC para a Safra 2012/14 = 32,994 milhes de hectares e produtividade mdia de 775 kg/ha
No mercado interno, para evitar prejuzos de rentabilidade no prximo ano, uma tendncia que pode
se concretizar a migrao do cultivo de algodo da primeira para a segunda safra, uma vez que um
grande nmero de produtores vem apostando no cultivo de variedades de soja precoces, com plantio
subsequente do algodo. Desta forma, reduz-se a presso da ferrugem asitica e consegue-se colocar
produtos no mercado em pocas que as cotaes so menos influenciadas pelo excesso de oferta.
De acordo com a Conab, a previso de consumo domstico subiu 1,15%, e a expectativa que
880 mil toneladas sejam utilizadas ao longo de 2015. Em relao s exportaes, o volume em-
barcado deve ser de 680 mil toneladas, 3,03% a mais do que o total estimado para 2014.
Outro dado relevante diz respeito quantidade de algodo estocado, que dever ser suficiente
para abastecer a indstria nacional e honrar os compromissos de exportao por um perodo
ligeiramente superior a quatro meses.
BALANO 2014
EXCESSO DE OFERTA PROVOCA QUEDA DE PREOS
O aumento dos estoques mundiais e o incremento de rea cultivada no Brasil e nos EUA, com
a confirmao de boa safra, motivaram a intensa queda das cotaes internacionais da pluma,
influenciando os preos domsticos a partir de junho deste ano (Grfico 2). Desta forma, a pro-
duo mundial excedeu o consumo em 11%, o que equivale a cerca de 10 meses de consumo.
Em meados de janeiro de 2014, os preos estavam girando em torno de US$ 0,80/lbs e iniciaram
uma queda ao longo do ano. Com a reduo do preo, esperava-se que o consumo mundial de
algodo aumentasse em cerca de 4%, ou seja, para 24,4 milhes de toneladas, fato que no se
concretizou. Um segundo fator que dificultou a retomada dos preos no mercado internacional
de algodo diz respeito ao excesso de oferta nas safras 2010/2011 e 2011/2012, que ainda pro-
voca reflexo no mercado.
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33
6. CEREA IS, F IBR AS E OLEAGINOSAS
Grfico 2: Evoluo do preo da pluma de algodo em Lucas do Rio Verde/MT
Jan-
13
Fev-
13
Mar
-13
Ab
r-13
Mai
-13
Jun-
13
Jul-1
3
Ag
o-1
3
Set-
13
Out
-13
No
v-13
Dez
-13
Jan-
14
Fev-
14
Mar
-14
Ab
r-14
Mai
-14
Jun-
14
Jul-1
4
Ag
o-1
4
Set-
14
Preo de Algodo em pluma
Lucas R.Verde - MT
50.00 52.50 55.00 57.50 60.00 62.50 65.00 67.50 70.00 72.50
R$/
arro
ba
Fonte: CMA Agrcola
Dados do ICAC revelam que, na safra 2013/2014, os Estados Unidos, maiores exportadores
mundiais de pluma, apresentaram reduo de cultivo de 19,5%, comparativamente safra
2012/2013. No entanto, espera-se para o prximo ciclo um aumento de 21,7% na rea plantada.
Resumidamente, diante da recuperao dos valores de comercializao em 2012, houve um
aumento na rea plantada na safra 2013/2014, de 894,30 mil para 1,121 milho de hectares, ex-
panso de 25,4%, recuperando parte da rea cedida para culturas como o milho e a soja.
SOJA
PERSPECTIVA 2015
AUMENTO DE OFERTA DEVE DERRUBAR PREOS
AS ESTIMATIVAS RECORDES DE COLHEITA NO BRASIL E A AMPLIAAO DA PRODUO E
DOS ESTOQUES MUNDIAIS DEVEM PROVOCAR QUEDA NOS PREOS DA SOJA NO PRXI-
MO ANO. A RENTABILIDADE DO PRODUTOR NO DEVER CRESCER EXPRESSIVAMENTE,
POIS O SOJICULTOR TER DE CONVIVER COM A ALTA DOS CUSTOS DE PRODUO, PRIN-
CIPALMENTE DE DEFENSIVOS E SEMENTES.
O clima e a questo sanitria sero fatores determinantes para a safra no prximo ano. Apesar da
previso de ampliao da produo, a questo climtica atrasou o plantio da oleaginosa em razo do
volume de chuvas abaixo do previsto, e este fator pode alterar as projees. A parte sanitria tambm
merecer ateno especial, diante das ameaas da Helicoverpa armigera e da ferrugem asitica.
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34
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
No mercado externo, a demanda da China, principal mercado da soja brasileira, continuar
sendo o principal indicador para ditar os preos do mercado da oleaginosa. No entanto, com
a divulgao da ampliao dos estoques mundiais de passagem e as boas perspectivas para a
safra americana, os preos, que estavam cotados a US$ 12,00/bushel at agosto, recuaram para
US$ 9,91/bushel, menor nvel desde fevereiro de 2010. Como no Brasil a formao do preo
ocorre pela paridade de exportao, o cenrio no diferente. Assim, esperam-se preos em
queda para a soja na safra 2014/2015.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a estimativa inicial para a sa-
fra mundial ser recorde, de 311,2 milhes de toneladas, por conta do aumento de rea plantada e
de produtividade. J o consumo mundial para o perodo est projetado em 284,3 milhes de tonela-
das. Desta forma, o estoque de passagem global deve ser ampliado em 24,2 milhes de toneladas,
contabilizando-se no final o volume total aproximado de 90,7 milhes de toneladas.
O mesmo relatrio estimou para o Brasil produo de 94 milhes de toneladas, o que significa
um incremento de 8,4 % em relao safra anterior. Porm, vale ressaltar que muitas variveis
esto elencadas neste processo e dentre elas destaca-se o clima e a sanidade. No que se re-
fere ao consumo interno da oleaginosa, o USDA prev para o pas um total de 40,8 milhes de
toneladas, evoluo de 4,5% em relao safra passada. As exportaes podero atingir 46,7
milhes de toneladas, crescimento de 0,3%, tendo como principal destino a China.
Grfico 3: Evoluo do consumo e das importaes chinesas, Safras 2009/2010 a 2014/2015.
30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/151
Milh
es
de
Tone
lad
as
Consumo Importaes
Fonte: USDA ( Estimativa)
Outro dado preocupante que a safra 2014/2015 deve ficar mais cara em relao ao ciclo an-
terior. Na comparao entre os valores pagos para a prxima temporada com os do mesmo
perodo do ano passado, segundo levantamento realizado pela CNA e pelo Centro de Estudos
Avanados em Economia Aplicada (Cepea) , apesar de os fertilizantes registrarem valores mais
baixos nas principais regies produtoras da oleaginosa, os defensivos e sementes encareceram
em proporo maior, elevando o custo.
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35
6. CEREA IS, F IBR AS E OLEAGINOSAS
Em importantes regies produtoras como Sorriso (MT), o gasto com defensivos aumentou
12,3% em relao safra 2013/2014, sendo que os herbicidas registraram maior influncia neste
desembolso, com aumento de aproximadamente 24,3% no perodo. J em Rio Verde (GO), o
preo da semente teve reajuste de 30,1%.
Outro fato que deve ser considerado nesta perspectiva so as dificuldades inerentes logs-
tica brasileira, uma vez que ela impacta diretamente a rentabilidade do produtor. Diante da
possibilidade de safra bastante elevada de soja, e a interrupo da navegao pela hidrovia
Tiet-Paran e a morosidade na construo da ferrovia Norte-Sul, certamente haver eleva-
o no preo do transporte, que dever recair no preo da soja nas diferentes regies produ-
toras do pas.
BALANO DE 2014
APESAR DA QUEDA DAS COTAES, PRODUTOR TEM BOA RENTABILIDADE
Depois de iniciarem o ano em alta, os preos internos da soja comearam a cair, acompanhando
o comportamento dos preos internacionais, com a divulgao de recuperao dos estoques
na safra 2014/2015.
O preo da soja chegou a atingir valores acima de R$ 73,00/saca em algumas regies produto-
ras. No entanto, no segundo semestre, as cotaes seguiram o ritmo do mercado internacional,
em virtude das expectativas de produo divulgadas para a safra 2014/2015.
No segundo semestre, historicamente, ocorre o descolamento do preo internacional do preo
do mercado interno. Entretanto, observa-se que tal fato no ocorreu de forma to proeminente
em 2014. O cmbio tambm contribuiu para esta situao, em alguns momentos com estagna-
o, em outros com reduo do preo.
Em relao comercializao, houve 60% de venda antecipada este ano, por meio de con-
tratos de fixao de preos (hedge) e da Cdula de Produto Rural (CPR). No mercado spot,
a concentrao das vendas se deu no incio da colheita, aproximadamente de 20%, e esti-
ma-se que os 20% restantes da safra tenham sido comercializadas no decorrer do segundo
semestre de 2014.
De modo geral, apesar da queda dos preos da soja, esta cultura ainda proporcionou uma boa
rentabilidade ao produtor brasileiro em 2014, no descartando alguns problemas pontuais de
sanidade e estiagem, como ocorreu na Bahia e em Gois.
Na safra 2013/2014, o Brasil colheu 86,7 milhes de toneladas. As exportaes e o consumo
interno alcanaram 46,8 milhes e 39 milhes de toneladas, respectivamente.
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36
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
Tabela 3: Suprimento de Soja em Gros, Safras 2010 a 2015
DISCRIMINAO (1)2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015(1)
MIL TONELADAS
Estoques Iniciais 2.607,20 3.016,5 444,0 910,30 1.419,3
Produo 75.324,3 66.383,0 81.499,4 86.120,8 90.620,4
Importao 41,0 266,5 282,8 889,0 250,0
Consumo 41.970,0 36.754,0 38.524,0 39.935,8 42.200,0
Exportao 32.986,0 32.468,0 42.791,9 46.565,0 48.500,0
Estoque Final 3.016,5 444,0 910,30 1.419,3 1.589,7
Fonte: CONAB, legenda: (1): Estimativa.
FEIJO
PERSPECTIVA 2015
AUMENTO DE OFERTA E REA PLANTADA E VOLATILIDADE DOS PREOS
O FEIJO TER MOMENTOS DISTINTOS NO PRXIMO ANO. NA PRIMEIRA SAFRA, HAVER
AUMENTO DE REA PLANTADA E PRODUO, EM RAZO DE FATORES COMO O REAJUS-
TE DO PREO MNIMO. NA SEGUNDA SAFRA, A OFERTA DO GRO DEVE DIMINUIR EM
REGIES TRADICIONAIS, MAS DEVE SE RECUPERAR NO NORDESTE, ONDE A SECA AFE-
TOU A REGIO. A TERCEIRA SAFRA DEVE SENTIR OS REFLEXOS DO VAZIO SANITRIO DOS
PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES, POR CONTA DA INCIDNCIA DA MOSCA BRANCA, O QUE
PODE PROVOCAR UMA REAO DOS PREOS.
O ponto de partida para a conjuntura do mercado de feijo na safra 2014/2015 tem como base a
rea estimada para o plantio da 1 safra, que deve totalizar 1,17 milho de hectares, incremento
de 3,6% em relao safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O fato se deve principalmente aos valores praticados no mercado e ao incentivo do governo
federal, que reajustou os preos mnimos, tanto do feijo comum cores, quanto do feijo preto,
que passaram a valer R$ 95,00/saca e R$ 105,00/saca, respectivamente.
A rea plantada com feijo de 1 safra concentra-se nas regies Sul e Sudeste, Gois, Bahia e
Piau. A produo dever apresentar acrscimo de 291,2 mil toneladas em relao safra ante-
rior, que foi de 1.25 milho de toneladas, com destaque para o cultivar preto. Em relao 2
safra, estima-se a recuperao da rea cultivada no nordeste brasileiro, pois a seca ocorrida em
2013 dificultou o plantio e o replantio. Nos estados de Gois, Minas Gerais e So Paulo, deve
haver reduo de rea em funo da incidncia da mosca branca.
Em Mato Grosso, a ampliao da rea dever ser de aproximadamente 72,2 mil hectares, en-
quanto no Paran as perspectivas de cultivo devero ser de aproximadamente 30,1 mil hectares.
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37
6. CEREA IS, F IBR AS E OLEAGINOSAS
Um fato que merece ser destacado que a possibilidade de um clima favorvel, aliado ao au-
mento de rea, dever influenciar negativamente os preos praticados no mercado, que atual-
mente se encontram abaixo do mnimo estabelecido pelo governo federal (Grfico 4).
Grfico 4: Evoluo do preo do feijo carioca em Una/MG e do feijo preto em Guarapuava/PR (R$/sc).
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
Preto Carioca
Jan-
13
Fev-
13
Mar
-13
Ab
r-13
Mai
-13
Jun-
13
Jul-1
3
Ag
o-1
3
Set-
13
Out
-13
No
v-13
Dez
-13
Jan-
14
Fev-
14
Mar
-14
Ab
r-14
Mai
-14
Jun-
14
Jul-1
4
Ag
o-1
4
Set-
14
R$/
Sc 6
0Kg
Fonte: CMA Agrcola
Sobre a 3 safra, a previso de colheita para o segundo semestre de 2015, com incio pelo Nor-
deste, e depois em Gois, no Distrito Federal e em Minas Gerais. Embora a safra total 2014/2015
deva ser maior do que a anterior, a 3 safra deve ser menor. De acordo com a Conab, a produo
total de feijo deve ser pelo menos 10% maior que na safra passada.
Vale ressaltar que algumas condicionantes podem influenciar a produo. Se o clima for favor-
vel, a produo no Nordeste, que registrou reduo na rea plantada na safra 2012/2013, devido
seca, principalmente na segunda safra, poder ter uma produo acima do esperado. Outro
fator que pode determinar o comportamento da safra o vazio sanitrio desta cultura implan-
tado em Minas Gerais, Distrito Federal e Gois. Esta medida pode impactar a oferta de feijo
na terceira safra, pressionando o mercado no fim de 2015.
Apesar da difcil previsibilidade em relao ao mercado do feijo para os preos, as cotaes
dificilmente tero alteraes significativas, uma vez que os valores pagos ao produtor j se apre-
sentam bastante deprimidos, pelo menos na 1 safra. Um fato relevante a difcil estocagem
deste produto, fator que contribui para a volatilidade de preos.
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38
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
BALANO 2014
PREOS COMEAM EM ALTA, MAS PERDEM FORA
O mercado brasileiro de feijo carioca em 2014 foi marcado por dois perodos distintos. O pri-
meiro, que vai de janeiro a junho, foi balizado pela elevao dos preos nas diferentes regies
produtoras, resultado de um mercado com baixa oferta. No segundo momento, a tendncia de
alta dos preos perdeu fora, uma vez que a 2 safra de feijo passou a ser ofertada no mercado
e em alguns estados o preo ficou cotado abaixo do mnimo.
Segundo a Conab, a atual safra considerada uma das maiores da histria, muito prxima do
que ocorreu nos anos 2010/2011. Tal fato faz com que haja ligeira tranquilidade em relao
oferta do gro. O consumo mdio do gro, no perodo de 2009 a 2014, est em torno de 3,4
milhes de toneladas, e as importaes so basicamente de feijo comum cultivar preto, de
origens argentina e chinesa (Tabela 4).
Aps perderem fora no segundo semestre, os preos no mercado de feijo carioca continuam
apresentando variao negativa, com a entrada da terceira safra. Aproximadamente 70% da
produo brasileira de feijo correspondem a feijo comum cores (carioca, dentre outros), sen-
do os 30% restantes distribudos entre feijo preto e caupi. A expectativa de produo para
2014 foi de 3,4 milhes de toneladas e a rea plantada de 3,3 milhes de hectares, com um
mercado ofertado pela 1 e 2 safras e quase nenhuma ampliao da demanda.
Desta forma, houve excedente de produo, que resultou em margens negativas para o pro-
dutor, principalmente no Paran. Vale salientar que o consumo do gro vem diminuindo a cada
ano desde a dcada de 1980. Com dificuldade de comercializao, estima-se que a cultura
perdeu cerca de 2,8 milhes de hectares para culturas como milho e soja.
Tabela 4: Relao oferta e demanda no mercado brasileiro de feijo, Safras 2009/2010 a 2013/2014
DISCRIMINAO2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014
MIL TONELADAS
Estoques Iniciais
317,7 366,9 686,4 373,8 129,2
Produo 3.322,5 3.732,8 2.918,4 2.806,3 3.444,1
Importao 181,2 207,1 312,3 304,4 100
Consumo 3.450,0 3.600,0 3.500,0 3.320,0 3.350,0
Exportao 4,5 20,4 43,3 35,30 45
Estoques Finais 366,9 686,4 373,8 129,20 278,3
Fonte: CONAB
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39
6. CEREA IS, F IBR AS E OLEAGINOSAS
MILHO
PERSPECTIVA 2015
COM MERCADO ABASTECIDO, PRODUO DEVE SER MENOR
COM A AMPLA OFERTA NOS MERCADOS INTERNO E EXTERNO E CASO NO HAJA PRO-
BLEMAS CLIMTICOS E ECONMICOS, O MERCADO DO MILHO NO DEVE PASSAR POR
GRANDES MODIFICAES EM 2015. OS PREOS DO CEREAL NO DEVEM TER GRANDES
ELEVAES, MESMO COM A PREVISO DE PRODUO MENOR NO BRASIL, POIS OS ESTO-
QUES DO GRO ESTO SUFICIENTEMENTE ALTOS.
No ambiente domstico, fatores como exportaes, taxa de cmbio e preo mnimo iro deter-
minar o comportamento dos preos no prximo ano. A possibilidade de ampliao das vendas
externas para a China pode beneficiar os produtores internamente, uma vez que o pas asitico
poder ampliar seu consumo em 3,8%, chegando a 220 milhes de toneladas. Os instrumentos
de incentivo comercializao da safra tambm podem ajudar neste processo, seja pelo escoa-
mento para as regies mais consumidoras, ou pela equalizao dos preos, caso estes fiquem
abaixo dos valores definidos na Poltica de Garantia de Preos Mnimos (PGPM). No entanto,
isso depender da atuao do governo federal no prximo ano.
Um ponto que preocupa e no pode ser descartado o custo de produo. A necessidade
de investimentos em tecnologia (sementes) e a presso de pragas e doenas, com nfase
no controle da lagarta Helicoverpa armigera, tm aumentado ciclo a ciclo e, consequente-mente, elevado os custos de produo e reduzido ainda mais a rentabilidade do negcio.
Desta forma, espera-se uma produo brasileira relativamente inferior a 2014, o que no
dever impactar na reduo da oferta total, j que os estoques iniciais da safra devero ser
bastante elevados.
Em relao ao ambiente externo, as notcias de que grande parte das lavouras norte-america-
nas de milho se encontra em condies boas de produo aumentaram ainda mais a presso
negativa sobre as cotaes, j que a produo recorde vai se concretizando.
De acordo com dados divulgados pelo World Agricultural Outlook Board (WAOB), os estoques
de passagem mundiais de milho, para a safra 2014/2015, esto estimados em 188,05 milhes de
toneladas, volume 10% superior aos da safra 2013/2014. A estimativa para o consumo mundial
passou de 949,23 milhes para 966,33 milhes de toneladas, aumento de 2%.
No Brasil, estima-se que a safra de vero seja significativamente menor que a safra passa-
da (Tabela 5). A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prev uma produo de
77,3 milhes a 78,1 milhes de toneladas, o que ir depender da reduo da rea plantada,
estimada entre 3,7% e 1,8%. A produo da 2 safra tambm dever ser menor do que a
registrada na safra anterior.
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40
BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
Para a primeira safra, ou safra de vero, as estimativas da Conab apontam para uma rea de
aproximadamente 6,12 milhes de hectares, representando assim uma reduo de 7,5%, em
comparao com a safra anterior. Mantida a produtividade da safra passada, as perspecti-
vas apontam para uma reduo na produo de milho na primeira safra de at 3,3 milhes
de toneladas.
Tabela 5: Relao oferta e demanda no mercado brasileiro de milho Safras 2010/2011 a 2014/2015
DISCRIMINA-O
2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 2014/2015
MIL TONELADAS
Estoques Iniciais
5.589,1 5.963,0 5.514,2 8.258,9 15.258,8
Produo 57.406,9 72.979,5 81.505,7 79.905,5 77.779,6
Importao 764,4 774,0 911,4 500 300
Consumo 48.485,5 51.888,6 53.498,5 53.905,6 55.000,0
Exportao 9.311,9 22.313,7 26.174,0 19.500,0 20.000,0
Estoques Finais
5.963,0 5.514,2 8.258,9 15.258,8 18.684,5
Fonte: Conab
Somando a esta produo os elevados estoques herdados da safra passada, a previso de
que haja suprimento recorde de milho no prximo ano em mais de 92 milhes de toneladas.
Desta forma, mesmo se o pas registrar um bom desempenho das exportaes, possvel es-
perar um grande excedente deste cereal em 2015.
Segundo o USDA, em seu sexto levantamento, a estimativa global para a safra 2014/2015 de
milho de mais um recorde, chegando a 990,7 milhes de toneladas. Este volume supera em
2,1 milhes de toneladas a produo da safra anterior (2013/2014), que totalizou 988,6 milhes
de toneladas.
BALANO 2014
MEDIDAS INSUFICIENTES PARA CONTER BAIXAS COTAES
Apesar dos bons volumes exportados, como forma de escoar o excedente produzido, o mer-
cado brasileiro no conseguiu absorver toda a produo interna. Entretanto, as exportaes e
a taxa de cmbio evitaram quedas ainda mais acentuadas do preo do cereal, que chegaram a
45% em algumas regies, ficando abaixo dos valores definidos na PGPM.
No Brasil no foi diferente. No binio 2013/2014, a safra de milho foi recorde, ou seja, colheu-se cerca
de 79,3 milhes de toneladas. Porm, como esperado, apesar dos bons volumes exportados (a expec-
tativa de que sejam exportadas mais de 19,5 milhes de toneladas de milho at janeiro de 2015,
quando termina o ano agrcola do milho), o mercado no conseguiu absorver toda esta produo.
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41
6. CEREA IS, F IBR AS E OLEAGINOSAS
Com o preo do gro abaixo do mnimo, o governo federal realizou forte interveno no mer-
cado do milho em 2014. A Conab auxiliou o escoamento de aproximadamente nove milhes de
toneladas nos leiles de Pepro (Prmio Equalizador Pago ao Produtor Rural). Contudo, apesar
de aliviar parcialmente a presso da oferta e auxiliar as exportaes de milho, estes instrumen-
tos no foram suficientes para modificar a tendncia de baixa deste mercado. Outro fator que
prejudicou a cultura foi a indefinio quanto liberao de recursos de custeio para a segunda
safra de milho.
Por fim, as dificuldades de infraestrutura e logstica causaram problemas na distribuio de
milho no pas, o que reduziu a conduo do cereal produzido no Centro-Oeste brasileiro at a
regio Sul e, principalmente, ao Nordeste, agravando o Custo Brasil.
No mercado externo, o ano foi marcado por uma pequena ampliao da produo mundial em
relao ao ano anterior, mas que ainda permanece acima do consumo mundial, cujo estoque
final foi estimado em 188,05 milhes de toneladas. O fato foi vinculado boa safra americana,
que tem retrado o preo, alcanando patamares reduzidos. Um segundo fator de retrao
de preos durante o ano foi o elevado estoque chins, que corresponde a aproximadamente
36,20% de seu consumo total.
Diante disto, a recuperao da produo mundial deste cereal contribuiu para o cenrio de
queda dos preos do milho nas diferentes regies produtoras do pas. Esta recuperao mun-
dial de produo tem como destaque os EUA, a Ucrnia e a Unio Europeia.
Grfico 5: Evoluo do preo do milho em Rio Verde/GO
R$/
sc 6
0kg
Preo de Milho
Rio Verde - GO
10.00
12.00
14.00
16.00
18.00
20.00
22.00
24.00
26.00
28.00
Jan-
13
Fev-
13
Mar
-13
Ab
r-13
Mai
-13
Jun-
13
Jul-1
3
Ag
o-1
3
Set-
13
Out
-13
No
v-13
Dez
-13
Jan-
14
Fev-
14
Mar
-14
Ab
r-14
Mai
-14
Jun-
14
Jul-1
4
Ag
o-1
4
Set-
14
Fonte: CMA Agrcola
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BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
TRIGO
PERSPECTIVA 2015
OPORTUNIDADE PARA REDUZIR DEPENDNCIA EXTERNA
A ATIVIDADE TRITCOLA BRASILEIRA TER UMA GRANDE OPORTUNIDADE PARA EXPANDIR
A PRODUO EM 2015, DIANTE DA CRESCENTE DEMANDA VINDA PRINCIPALMENTE DO
MERCOSUL E DA DIFICULDADE DO BLOCO SUL-AMERICANO EM SUPRIR A OFERTA. O DE-
SAFIO REDUZIR CADA VEZ MAIS A DEPENDNCIA DO CEREAL IMPORTADO.
A demanda nacional pelo trigo est estimada em 12 milhes de toneladas do cereal, exigin-
do a importao de um volume de 5,5 milhes de toneladas. O motivo que boa parte do
trigo produzido no Brasil no atende s exigncias das indstrias de farinha para panificao.
Apesar da melhora da qualidade do produto nos ltimos anos, estima-se que apenas 20% da
safra nacional tenha a qualidade desejada por estas empresas. A produo brasileira concentra-
-se quase que na totalidade em dois estados: Paran (51,9%) e Rio Grande do Sul (40,4%).
Mesmo com o aumento da produo brasileira, o pas ainda importa volume considervel de
trigo. Neste contexto, um fato preocupante para o prximo ano a baixa procura dos moinhos
nacionais pelo cereal produzido no pas, uma vez que estes j reforaram seus estoques com o
produto vindo principalmente dos Estados Unidos e da Argentina. Este fator pode pressionar
os preos do cereal para baixo, assim como a iseno da Tarifa Externa Comum (TEC) para im-
portar o trigo de fora do Mercosul, que ainda o principal fornecedor para o Brasil.
Para o Mercosul, espera-se um mercado ainda mais pressionado pela relao de oferta e de-
manda. Apesar de a Argentina, principal fornecedor do bloco, aumentar a produo de trigo
em 15% em relao safra passada, acredita-se que o volume no ser capaz de trazer tranqui-
lidade ao mercado. Em relao ao cenrio mundial, a previso de aquecimento da demanda
por conta da recuperao da economia de importantes centros consumidores.
Tabela 6 Relao oferta e demanda no mercado brasileiro de trigo, Safra 2010 a 2014
DISCRIMINAO2010 2011 2012 2013 2014
MIL TONELADAS
Estoques Iniciais 2.870,5 1.766,1 1.220,6 342,2 933,6
Produo 5.881,6 5.788,6 4.379,5 5.527,9 7.673,6
Importao 5.771,9 6.011,8 7.010,2 6.642,3 5.500,0
Consumo 10.242,0 10.444,9 10.584,3 11.531,4 12.202,3
Exportao 2.515,9 1.901,0 1.683,8 47,4 650,0
Estoques Finais 1.766,1 1.220,6 342,2 933,6 1.252,5
Fonte: CONAB
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43
6. CEREA IS, F IBR AS E OLEAGINOSAS
As baixas estimativas de remunerao para o mercado do milho em 2015 podem gerar oportu-
nidade para os produtores de trigo, principalmente no Paran. No entanto, o comportamento
do cmbio e as alteraes nas polticas de importao do gro iro determinar este cenrio.
Desta forma, espera-se que a produo nacional evolua no prximo ano, reduzindo a depen-
dncia nacional pelo produto importado.
BALANO DE 2014
PREOS ABAIXO DOS CUSTOS DE PRODUO
Em 2014, verificou-se recuperao nas reas de cultivo e safra recorde no Brasil. No entanto, a
remunerao do produtor ser insuficiente para cobrir os custos de produo, em funo do
excesso de chuvas, que prejudicou a conduo da safra, levando a um aumento das despesas
com gastos em fungicidas, prejudicando a produtividade mdia e a qualidade do gro a ser
ofertado no mercado.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produo estimada em 2014 foi
de 7,67 milhes de toneladas, expanso de 22,1% em relao ao ano anterior, com acrscimo
de 2,14 milhes de toneladas. O Paran, maior produtor nacional, teve incremento de 36,4% na
rea plantada em relao safra anterior, atingindo 1,354 milho de hectares. A produo deve
totalizar 3,9 milhes de toneladas, e a produtividade passar de 1.856 Kg/ha para 2.950 Kg/ha.
O Rio Grande do Sul, segundo maior produtor, teve uma rea plantada de 1,140 milho de hec-
tares, incremento de 9,8% em relao safra anterior, sendo que a semeadura teve incio em
maio e encerrou-se em julho. A produtividade mdia no estado de 2.700 Kg/ha.
Grfico 6: Evoluo do preo do trigo (R$/sc 60 kg) em Passo Fundo/RS e Guarapuava/PR em 2014.
R$ 25.00 R$ 27.00 R$ 29.00 R$ 31.00 R$ 33.00 R$ 35.00 R$ 37.00 R$ 39.00 R$ 41.00 R$ 43.00
Jan-14 Fev-14 Mar-14 Abr-14 Mai-14 Jun-14 Jul-14
R$/
sc (6
0 kg
)
Passo Fundo Guarapuava
Fonte: Cepea/CNA (2014).
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45
CAF
PERSPECTIVA 2015
PRODUO BRASILEIRA DE CAF EM 2015 SER PREJUDICADA PELA ESTIAGEM
A FORTE SECA QUE AFETOU REGIES PRODUTORAS DE CAF ARBICA NO BRASIL, EM
2014, TROUXE INCERTEZAS QUANTO AO VOLUME A SER COLHIDO NO ANO QUE VEM. POR
MAIS QUE OS PREOS SE MANTENHAM FIRMES NO PRXIMO ANO, A RENDA DO CAFEICUL-
TOR PODER SER COMPROMETIDA DEVIDO QUEDA NOS NDICES DE PRODUTIVIDADE.
A tendncia de alta no mercado de caf arbica deve se manter devido significativa quebra da
safra e s incertezas quanto colheita em 2015. Como o tempo seco impediu o cumprimento
do calendrio recomendado de adubaes, afetando o crescimento dos ramos dos cafeeiros
e das gemas florais, os efeitos da estiagem deste ano devero ser sentidos na safra 2015/2016.
Estudo da Fundao Procaf mostra que as chuvas no decorrer do segundo semestre de 2014, na
maioria das regies, foram de pequeno volume e mal distribudas. Tal situao provocou variaes
no comportamento da florada e, em razo disso, as lavouras que produziram pouco em 2014 deve-
ro obter boa safra em 2015. Ao mesmo tempo, as lavouras que apresentaram boa produo em
2014 esto desfolhadas e com poucas condies de florescimento e de pegamento da florada.
Na certeza de que a estiagem pode prejudicar a prxima safra de caf, a Procaf estima que a
produo em 2015, ano de bienalidade negativa, dever ficar entre 38,7 milhes e 43,6 milhes
de sacas, em comparao com a projeo inicial, a safra oscilando entre 43 milhes e 44 milhes
de sacas. (Grfico 1).
Grfico 1: Evoluo da produo brasileira e de preos do caf.
Bienidade positivas Bienidade negativa Preo mdio anual
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015* Bienalidade positiva 48,5 39,3 42,5 46 48,1 50,8 45,1 Bienalidade negativa 31,3 28,8 32,9 36,1 39,5 43,5 49,2 41,1 Preo mdio anual 118,09 129,56 173,79 217,18 265,43 250,99 252,22 260,08 262,85 311,02 494,68 390,8 288,8 406,11
Fonte: MAPA SPAE / CONAB, elaborado pela CNA.(*) Estimativa Fundao Procaf.
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BALANO 2014 | PERSPECT I VAS 2015
Diante deste cenrio, os preos devero se manter firmes no mercado mundial, remunerando a cafeicultura brasileira de forma geral. Contudo, os preos elevados incentivam o plantio em regies e pases mais competitivos, alm de motivar a busca por cafs mais baratos para a com-posio de blends por parte da indstria, a exemplo do ocorrido em 2011 com o caf robusta.
Com custos de produo menores, as cotaes do robusta ainda oferecem lucro aos cafeiculto-res desta espcie, podendo elevar ainda mais a oferta do gro nos prximos anos, prejudican-do a recuperao dos preos do caf arbica. Os investimentos em marketing e na qualidade do produto devero ser reforados no estado do Esprito Santo.
Com relao aos fatores macroeconmicos, importante ressaltar que a recesso em alguns pases europeus levou parte dos consumidores a parar de tomar caf, contribuindo para re-duo do consumo do produto. O crescimento das exportaes de caf verde pelo Brasil, em 2014, demonstra, ainda, ter ocorrido aumento no abastecimento pelos pases consumidores, fato que poder contribuir para o desaquecimento pontual da demanda.
Por mais que os preos se mantenham firmes em 2015, em funo do atraso ou baixo volume de precipitao no cinturo de caf do Brasil, preocupa o fato de o cafeicultor brasileiro, cuja lavoura foi afetada pela estiagem, enfrentar dificuldades para recuperar sua renda. O fato que boa parte das lavouras ir requerer mais investimentos. E as quedas nos ndices de produtivida-de e na qualidade do produtor iro afetar diretamente a renda no campo.
importante que o produtor busque alternativas para aumentar os ndices de competitividade por meio da gesto de custos e preos, diversificao da lavoura e reduo dos custos de pro-duo. O mercado de cafs diferenciados deve ser uma das alternativas para o cafeicultor, j que o consumidor tem buscado e