ABORDAGEM DO USO INDISCRIMINADO DE … · Interaction between social , family and economic factors...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
MELINE BATISTA RODRIGUES
ABORDAGEM DO USO INDISCRIMINADO DE ANTIDEPRESSIVOS E BENZODIAZEPÍNICOS ENTRE PACIENTES
DA ESF BOM GOSTO DO MUNICÍPIO DE GRÃO MOGOL-MG: PLANO DE INTERVENÇÃO
Grão Mogol – MG
MELINE BATISTA RODRIGUES
ABORDAGEM DO USO INDISCRIMINADO DE
ANTIDEPRESSIVOS E BENZODIAZEPÍNICOS ENTRE PACIENTES DA ESF BOM GOSTO DO MUNICÍPIO DE GRÃO MOGOL-MG:
PLANO DE INTERVENÇÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização
em Atenção Básica em Saúde da Família, Universidade Federal de Minas
Gerais, para obtenção do Certificado de Especialista.
Orientadora: Prof ª. Christiane Motta Araújo
Pólo: Montes Claros – MG
2016
MELINE BATISTA RODRIGUES
ABORDAGEM DO USO INDISCRIMINADO DE ANTIDEPRESSIVOS E BENZODIAZEPÍNICOS ENTRE PACIENTES
DA ESF BOM GOSTO DO MUNICÍPIO DE GRÃO MOGOL-MG: PLANO DE INTERVENÇÃO
Banca examinadora:
Examinador 1 : Prof.ª: Liliane da Consolação Campos Ribeiro
Examinador 2 : Prof:
Aprovado em Montes Claros , em de de 2016
“Ficar brincando de alquimista com a própria cabeça
aumenta o risco de que algo muito errado aconteça”
Ronaldo Laranjeira
RESUMO
Dentre os medicamentos mais consumidos no mundo e, particularmente no Brasil,
estão os benzodiazepínicos e os antidepressivos. Estes números crescem ainda
mais a cada dia, principalmente entre as mulheres. É grande o desafio do
profissional integrante da Estratégia de Saúde da Família quanto ao enfrentamento
dessa situação, tendo em vista que tanto pacientes quanto profissionais adaptaram-
se aos hábitos perigosos da manutenção e prescrição indiscriminadas dos fármacos
em questão. A interação entre fatores sociais, econômicos, familiares é inegável.
Todavia, faz-se importante atualização dos conhecimentos dos profissionais,
estabelecimento de protocolos e revisão da organização do serviço de atenção
básica. Perante o contexto, este trabalho visa fazer um levantamento da realidade
do trabalho em saúde mental na Estratégia de Saúde da Família Bom Gosto, bem
como apresentar um plano de intervenção que vislumbra redução desses índices,
incentivo à capacitação e reciclagem de conhecimentos e estabelecimento de
protocolos de renovação de prescrições.
Palavras-chave: Saúde mental, antidepressivos, ansiolíticos, automedicação.
ABSTRACT
Among the most consumed medications in the world and, specially in Brazil, are
benzodiazepines and antidepressants. These numbers grow each day, mainly
among women. Standing up to this situation is a great challenge to professionals who
work in the Family Health Program once for both patients and health care
professionals have adapted themselves to the risky habit of maintenance and
prescription renewing of this drugs. Interaction between social , family and economic
factors is unquestionable. Nevertheless, it is important to update staff knowledge,
establishing protocols and reviewing the organization on primary care service. Given
this context, this work aims to make a data survey about the work on mental health
on Bom Gosto FHP as well as present an intervention plan that proposes reducing
these figures, encourages empowerment and recycling of competencies and
prescription renewing protocols.
Key-Words : Mental health, antidepressants, anti-anxiety agents, self medication.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 07
1.1.DESCRIÇÃO DO MUNICÍPIOS................................................................. 08
1.2.ASPECTOS GEOGRÁFICOS.................................................................... 10
1.3.SISTEMA LOCAL DE SAÚDE.................................................................... 12
1.4.TERRITÓRIO / ÁREA DE ABRANGÊNCIA................................................ 12
1.5.RECURSOS DA COMUNIDADE................................................................ 13
1.6.UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE................................................................... 14
1.7.RECURSOS HUMANOS............................................................................. 14
1.8.RECURSOS MATERIAIS............................................................................ 14
1.9.DESCRIÇÃO DO PROBLEMA SELECIONADO......................................... 15
1.9.1.Seleção dos nós críticos........................................................................... 16
2.JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 17
3.OBJETIVOS.................................................................................................... 19
3.1.OBJETIVOS GERAIS................................................................................. 19
3.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................... 19
4.MÉTODO......................................................................................................... 20
5. REVISÃO LITERÁRIA..................................................................................... 21
6. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO .................................................................. 25
7. CONCLUSÃO ................................................................................................ 27
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 28
7
1. INTRODUÇÃO
A cidade de Grão Mogol, outrora chamada de povoado Serra de Santo Antônio do
Itacambiraçu, que por volta de 1839 foi denominada como Arraial da Serra de Grão
Mogol, foi muito movimentada em meados do século XVIII devido à exploração dos
diamantes abundantes na região.
Durante décadas, a cidade era considerada a mais importante do Norte de Minas,
graças a seu potencial mineiro. A partir de 1960 houve decadência da exploração
das minas de diamantes, o que coincidiu com a emancipação de parte do território
da cidade de Grão Mogol e a criação dos municípios de Itacambira, Cristália e
Botumirim. Este período corresponde ao momento de nova caracterização do perfil
econômico e demográfico da região. Agora, após migração de trabalhadores para
centros urbanos, tem-se uma estagnação do crescimento, limitação das atividades
profissionais, queda da população residente e afinamento da silhueta da pirâmide
etária da população, que constitui-se de cerca de 15.000 habitantes distribuídos
entre zonas urbana e rural, sendo esta habitada por aproximadamente 66% do total
da população.
Por ser uma cidade histórica com uma rica herança cultural, Grão Mogol apresenta
relativa movimentação turística com caravanas vindas principalmente de cidades
da região, atraídas pelos monumentos de mão de obra escrava, belas cachoeiras,
paisagem e clima aconchegantes. A cidade conta ainda com uma cobiçada atração
idealizada pelo empresário Lúcio Benquerer e inaugurada em Dezembro de 2011:
O presépio natural batizado por “Presépio Natural Mãos de Deus”, já consagrado
como o maior do mundo.
A estratégia de Saúde da Família foi implementada nesta cidade há cerca de 20
anos e conta com atuação vigorosa da secretaria de saúde, em detrimento das
precariedades enfrentadas pela saúde pública.
Tem como Prefeito, Jeferson Augusto de Figueiredo e secretário de Saúde,
Eugênio Pacelli.
8
1.1 DESCRIÇÃO DO MUNICÍPIO
Localizada no Norte de Minas Gerais, Grão Mogol fica a 550 km de Belo Horizonte. Seu
acesso se dá inicialmente através da BR 040, até o trevo de São João da Lagoa, depois,
se segue para Paraopeba, pela BR 135, passando por Curvelo, Buenópolis e Bocaiúva,
até chegar a Montes Claros. A partir daí, toma-se a BR 251, na direção de Salinas, e,
após 77 km chega-se a um trevo, no qual se seguindo para a direita (MG 307) encontra-
se a estrada em direção à cidade de Grão Mogol (Fig. 1). A estrada que dava acesso à
cidade, sem asfalto e encascalhada, foi substituída por agradável caminho, inaugurado
dia 03/10/2009, asfaltado, valorizando as belas paisagens naturais do decorrer do
percurso.
Tem como cidades limítrofes Riacho dos Machados, Francisco Sá, Itacambira, Cristália,
Berilo, Virgem da Lapa, Josenópolis, Padre Carvalho, Fruta de Leite, Rio Pardo de
Minas e Juramento.
O mapa a seguir ( fig. 01)mostra a situação de Grão Mogol em relação aos municípios e
cidades vizinhas, como o pólo regional do Consórcio em Saúde : Francisco Sá.
Mapa Figura 01 – Localização de Grão Mogol e cidades vizinhas
10
1.2 . ASPECTOS GEOGRÁFICOS
Localizada à latitude 16°33’27’’ Sul e Longitude 42°53’38’’ Oeste, Grão Mogol situa-
se a 863 metros de altitude. Suas características climáticas são muito variáveis
devido à configuração do relevo, abrangendo climas sub-úmido a semi-árido a
fracamente semi-árido. O índice médio pluviométrico é de 1.182 mm, com chuvas
concentradas no período de outubro a março, quando são registrados 80% do total
anual precipitado. A temperatura média é de 21, 5°C (MME, 2005).
Apesar das chuvas se concentrarem num único período, a região da bacia
hidrográfica do rio Jequitinhonha em que se encontra o município de Grao Mogol é
uma das áreas nas quais ocorrem os mais altos índices pluviométricos, devido entre
outros fatores a sua altitude mais acentuada. Estima-se que durante sete meses
(abril a setembro), normalmente, o total pluviométrico de cada mês é insuficiente
para suprir a demanda d’água necessária para equilibrar a evapotranspiração, o
que pode indicar certa fragilidade e risco para os corpos d’água superficiais e
subterrâneos em suprir tal pleito_ Conforme Ferreira (2009).
Apresenta uma área de cerca de 3.890 Km², abrigando 15.624 habitantes, com
densidade demográfica de 4,03 hab/m², com um IDH de 0,604, segundo dados do
IBGE 2010.
A população grão mogolense é predominantemente idosa, o que confronta com
dados da pirâmide etária (fig.02). Isso ocorre devido às numerosas flutuações da
população economicamente ativa e de estudantes em fase acadêmica entre
cidades vizinhas.
11
Figura 02
FONTE: IBGE 2010 – Disponível em http://www.censo2010.ibge.gov.br
O fornecimento de energia elétrica para uso industrial, comercial ou
residencial em Grão Mogol, assim como em todo o Norte de Minas é de
responsabilidade da Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG. Atualmente,
a Cemig opera 55 usinas, sendo 49 hidrelétricas, quatro termoelétricas, e uma
eólica, perfazendo uma capacidade instalada de cerca de 6.132 MW.
Vale ressaltar que uma dessas usinas se localiza em Grão Mogol. A Usina
Hidrelétrica de Irapé em cuja região, há intenso fluxo turístico devido às suas
belezas naturais, como por exemplo, a localização da barragem do Lago do Irapé,
que é a mais alta do Brasil e a segunda da América Latina, com 208 m de altura.
Os serviços de abastecimento e esgotamento sanitário são fornecidos pela COPASA
– Companhia de Saneamento de Minas Gerais, concessionária pública do Estado de
Minas Gerais, que é responsável pela captação, tratamento e distribuição de água,
além do esgotamento sanitário, sendo este iniciado apenas em agosto de 2014.
Segundo a empresa, atualmente, 70% do esgoto produzido na cidade é tratado.
O serviço de limpeza urbana em Grão Mogol é providenciado pela Prefeitura do
município, que conta com uma Secretaria de Limpeza Urbana para a manutenção do
serviço, que se dá de forma diária na cidade, conforme cronograma pré-
12
estabelecido. O serviço também é realizado aos fins de semana. O serviço de
varrição também é diário. A economia local, centrada inicialmente na extração de
minérios, divide-se hoje entre agropecuária e indústria.
1.3. SISTEMA LOCAL DE SAÚDE
Em termos de Saúde, a cidade dispõe de serviços municipais e privados. Sendo aqueles
compostos por 01 laboratório de análises clínicas,06 equipes de Saúde da Família, 01
hospital, 01 CAPS_ que presta assistência tanto a pacientes TM como álcool e drogas,
em parceria com os PSF’s, além do CEO, que oferece atendimento odontológico. Grão
Mogol faz parte, ainda, de um consórcio intermunicipal de saúde cuja sede é Francisco
Sá.
O trabalho em saúde neste município segue a premissa do foco na qualidade do
atendimento ao usuário. Prima-se pela atenção à necessidade global do paciente
atendido por todas os profissionais da equipe. O mesmo deve ser bem acolhido,
bem triado, bem atendido e bem informado; principalmente considerando-se o baixo
índice de escolaridade de grande parte da população atendida, o que demanda
muita assistência da equipe em prol da orientação pós conduta médica a fim de se
obter continuidade dessa conduta.
Acrescentam-se à organização do serviço campanhas nacionais e regionais de
vacinação, orientação em saúde dermatológica, anti tabagismo, anti drogas, entre
outras que contam com movimentos em grupos operativos, palestras, capacitações,
além de distribuição de medicamentos referentes a cada campanha específica.
Também é oferecido aos alunos dos cursos de Odontologia e Medicina campo para
estágio regional em convênio estabelecido com a universidades montes clarenses
Unimontes e com a ICS - Funorte, respectivamente.
1.4 TERRITÓRIO / ÁREA DE ABRANGÊNCIA
A área de abrangência da ESF Bom Gosto corresponde aos Bairros Bom Gosto e
parte da população da área central da cidade. Correspondendo a cerca de 2.760
pacientes assistidos, em geral.
13
1.5 RECURSOS DA COMUNIDADE
Dentre os equipamentos sociais presentes no bairro pode-se destacar: uma
Unidade de Atenção Primária à Saúde da Família ( que funciona temporariamente
em casa alugada, improvisada para atender à demanda), o NASF e a Escola
Municipal Professor Bicalho.
Em relação às áreas de lazer existentes no bairro, existem como opções o ginásio
municipal Dona Quita Benquerer, usada tanto por adultos como por crianças para
esportes e lazer, que abrange uma academia popular ao ar livre. A quadra da
Escola Professor Bicalho, onde há práticas de esportes, bem como
desenvolvimento de projetos socias com crianças.
A maioria das ruas é pavimentada ou asfaltada. Há ainda uma nova região do
bairro em crescimento, com pouca habitação, porém com elevado número de
casas em construção, com ruas ainda não asfaltadas e com fornecimento de
energia limitado
14
1.6 UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
O bairro Bom Gosto está localizado na região nordeste da área urbana de Grão
Mogol, a uma distância de 1,0 Km do centro da cidade, tendo como referência a
Prefeitura Municipal. A equipe foi criada há mais de 15 anos, sendo uma das mais
antigas da cidade. O horário de funcionamento é de 07:30h a 12:00h e de 13:30h a
17:00h. Sendo os horários e escalas de atendimentos realizados conforme triagem
prévia dos pacientes através do método de acolhimento.
1.7 RECURSOS HUMANOS
A equipe é formada pelos profissionais: Meline Rodrigues (Médica); Ariadna Maria
Silva (Enfermeira); Maria Beatriz Lemos (Técnico de Enfermagem); seis agentes de
saúde: Zélia, Thércio, José, Suely, Maria Madalena, Maria Francisca, Alvanir e
Therezinha; Marlene Santos (Dentista); Maria de Fátima (técnica em saúde bucal).
1.8 RECURSOS MATERIAIS
Área física e uso: a Unidade de Atenção Primária à Saúde dispõe de espaço
provisório, compartilhado com a equipe do Palmital; contendo sala de recepção, em
que é realizada a recepção, seleção de prontuário, coleta de dados dos pacientes,
reunião de ACS, pesagem, medições e, em alguns casos, a espera. Dois
consultórios clínicos, divididos por meia parede, 01 sala utilizada como ambiente de
triagem, dividida pelos dois enfermeiros das equipes, 01 banheiro para uso da
população (masculino e feminino)e para uso da equipe (masculino e feminino), uma
garagem que tem sido usada como ambiente de espera, com cadeiras. Desprovida
de equipamento para realização de procedimentos tais como nebulização, lavagem
de ouvido, curativos, limpezas, sendo todos esses encaminhados ao centro de
saúde ou ao pronto socorro da cidade, o que corta o fluxo de atendimento ideal.
O espaço físico destinado ao uso da ESF Bom Gosto encontra-se instalada,
parcialmente equipada. Ainda não houve a migração para as novas instalações
15
ainda por motivos desconhecidos. Há grande ansiedade por parte da população
por essa migração e, principalmente, em relação à equipe que anseia por implantar
as melhores condições de atendimento possíveis, além de propiciar a realização de
uma proposta adequada de abordagem a todos os usuários, conforme preconizado
por todas as normativas de políticas públicas.
1.9 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA SELECIONADO
Hábito muito freqüente em vários serviços de saúde, a renovação de prescrições
sem reavaliação do paciente acontecia rotineiramente quase que protocolar. É
muito difícil convencer à equipe e à população que tal procedimento , além de ser
uma infração ética, compromete seriamente os resultados dos tratamentos
instituídos, gerando um ciclo inacabável de renovações e manutenção de
patologias. Não se deve ignorar, entretanto, a sobrecarga sofrida pelos
profissionais de saúde, a demanda significativa e as dificuldades de agendamento
e administração de todos os casos que viessem a precisar de reavaliação.
Observou-se, na equipe de saúde Bom Gosto, que havia pacientes, em sua maioria
mulheres, do lar, acima de 35 anos, que vinham fazendo uso de amitriptilina,
diazepam, clonazepam havia mais de 10 anos. Muitas delas não sabiam,sequer, a
finalidade daquelas medicações; justificando, mormente, o seu uso com o fato de
se dizerem portadoras de “nervoso de muito tempo” e que não conseguiam dormir
sem os referidos medicamentos. Indagadas se faziam acompanhamento, a maioria
dizia que sim, porém não sabia informar com qual profissional, ou qual seria o
prazo proposto para a sua terapêutica.
Essa prática não se restringe às moradores da zona rural. A população urbana
também se apresenta nas mesmas situações de consumo medicamentoso. O que
difere ambas populações, na maioria dos casos, é a justificativa para o uso.
Enquanto na zona rural, a razão mais apontada para o uso de antidepressivos, por
exemplo, seria a solidão e para os benzodiazepínicos o “nervoso”; na zona urbana,
estes são utilizados para fins de reduzir a ansiedade e aqueles a fim de reduzir o
16
“estresse”. Ouve-se, no entanto, inúmeras e,até mesmo bizarras, justificativas para
o uso das classes dos medicamentos citados.
Nota-se , com essas condutas,um reflexo devastador sobre a saúde como um todo.
De fato, elas vêm refletir um diagnóstico sobre o serviço bem como sobre a
população.Têm-se, assim, populações permanentemente doentes sendo pseudo
ou oligotratadas. É muito importante que medidas simples ( e desafiadoras) sejam
instituídas desde o consultório, com a imposição de critérios para renovação,
reavaliação e acompanhamento dos pacientes, até propostas de esclarecimento
coletivo em saúde mental, o que ainda não foi realizado no município.
Essas informações foram constatadas com base em relatos de observações feitas
pelos ACS e, principalmente, na análise de prontuários durante a prática clínica
rotineira realizada durante as consultas médicas.
1.9.1 Seleção dos nós críticos
a) Conhecimento deficiente da população sobre impacto do uso indiscriminado dos
psicotrópicos sobre a saúde;
b) Conhecimento insuficiente da população com enfermidades
psíquicas/afetivas/emocionais sobre medidas de prevenção e cuidados acerca de
suas condições;
c) Processo de trabalho da equipe de saúde (ausência de uma política efetiva de
orientação sobre os danos);
d) Ausência de protocolo de renovação de prescrições;
e) Sobrecarga no agendamento diário (demanda elevada);
f) Comodidade tanto dos pacientes quanto da equipe de saúde em manter
renovações subseqüentes de prescrições sem consultas médicas;
g) Ausência de um agendamento específico para pacientes com o perfil em questão.
17
2. JUSTIFICATIVA
Sabe-se que o Brasil é um dos maiores consumidores de benzodiazepínicos no
mundo. No caso do Rivotril ®, é o segundo (sendo o campeão de vendas o
anticoncepcional Microvlar ®, com 20 milhões de unidades vendidas, em média ),
segundo o IMS Health, instituto que audita a empresa farmacêutica. Caso algo
semelhante acontece com os antidepressivos.
A OMS estabelece que haja um “uso racional dos medicamentos quando os
pacientes têm acesso aos mesmos apropriados para sua situação clínica, nas
doses que satisfaçam suas necessidades individuais por um período adequado e
ao menor custo possível para eles e para a comunidade “( dados de 2001). Ainda,
conforme a mesma, estima-se que mais de 50% de todos os medicamentos sejam
prescritos inadequadamente e que 50% dos pacientes não façam o uso correto
destes. Têm-se como razões mais comuns para isso o desaparecimento dos
sintomas, aparecimento de efeitos adversos, posologia de difícil compreensão ou a
incompreensão sobre ação e efeitos colaterais desses medicamentos.
Em suma, percebe-se a importância da relação médico-paciente e da contra
referência dos serviços especializados na manutenção de um histórico e na
abordagem periódica apropriada a esses usuários. Além disso, soma-se a
importância não somente da quantificação, mas a compreensão e avaliação das
crenças e valores que justificam o comportamento de usuários e de profissionais de
saúde envolvidos neste processo cíclico de retroalimentação que pode ter
resultados irreversíveis.
São diversos os fatores que contribuem para a ocorrência desse evento. Os
conhecidos empregos das medicações em questão serão desconsideradas, neste
contexto, uma vez que o conteúdo dessa dissertação presta-se à discussão e
elaboração de propostas para a abordagem de casos que fogem ao ideal no
sentido de aplicabilidade dos referidos psicotrópicos.
Sendo assim, apontam-se como justificativas freqüentes para o uso indiscriminado
de antidepressivos e benzodiazepínicos o desconhecimento de que a doença é
tratável em prazos determinados, fácil acesso a essas medicações na farmácia
18
popular, renovação freqüente de receituários sem consulta médica prévia,
dificuldades no agendamento de consultas periódicas com fins de reavaliação dos
pacientes e, acentuadamente, dependência psíquica, ao contrário da dependência
química muito temida.
A região de Grão Mogol, representando fielmente o cenário brasileiro, apresenta
um perfil populacional de aposentados, trabalhadores rurais, viúvas, usuários de
baixa escolaridade, reduzida adesão às praticas recreativas em geral que se
destaca entre os consumidores das medicações em questão. Há pouco incentivo
em termos de ajudar o paciente a se curar e a viver de modo saudável como um
todo. Falta suporte. Há uma “hipermedicalização” da população. Soma-se a essas
condições o crescente imediatismo que se vive, em que se busca cada vez mais a
cura das ansiedades do dia-a-dia de modos mais práticos que, segundo a maioria,
seriam as drogas psicoativas. “Ah, doutora, eu vivo muito sozinha, né?”, dizem.
A população adscrita à ESF Bom Gosto é constituída por considerável número de
pacientes que se enquadram neste perfil. Donas de casa que passam o dia
sozinhas, cuidadores que se responsabilizam por diversas atividades, pessoas que
se submetem a elevado desgaste físico diário e sem suporte emocional, alimentar,
comportamental.
O desconhecimento sobre normas e processo de funcionamento da ESF também
comprometem muito a qualidade dos tratamentos e contribuem para o
recrudescimento dos números de pacientes em uso inapropriado das medicações.
Muitas vezes, ouve-se alegar que não era de conhecimento dos pacientes a
necessidade de se realizar consultas periódicas de reavaliação de pacientes de
saúde mental, leia-se pacientes em uso de psicotrópicos em geral.
19
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Reduzir a prevalência do uso indiscriminado de psicotrópicos_ em especial,
antidepressivos e benzodiazepínicos_ da população residente na área de
abrangência da ESF Bom Gosto do município de Grão Mogol -MG.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Estimular o comparecimento às consultas de reavaliação da população adscrita;
Identificar população com real necessidade do uso prolongado dessas
medicações, diferenciando-a da população em foco;
Realizar avaliação multidisciplinar da população com psicomorbidades a fim de
se individualizar a proposta terapêutica;
Desestimular o uso indiscriminado de antidepressivos e benzodiazepínicos;
Promover iniciativas de melhorias na qualidade de vida diária.
Promover atividades de atualização de conhecimentos para os profissionais da
equipe sobre o assunto em questão.
20
4. MÉTODO
Com o objetivo de elaborar o plano de intervenção realizou-se pesquisa sobre o
tema, com base em dados eletrônicos de bibliotecas virtuais como SciELO
(Scientific Eletronic Library Online),revista Psiquiatria Clínica por A. C. Pacheco e
Silva, Fernando de O Bastos, J. Carvalhal Ribas e J. R de Albuquerque Fortes e
BIREME (Biblioteca Regional de Medicina) por meio dos seguintes descritores: uso
indiscriminado de antidepressivos e benzodiazepínicos, transtornos de humor,
atividades de terapia comportamental.Além disso, será utilizado o método de
planejamento denominado Planejamento Estratégico Situacional (PES),
desenvolvido pelo chileno Carlos Matus. Dados numéricos e epidemiológicos advém
da coleta de informações em prontuários, discussão de casos e da experiência
profissional diária.
Trata-se da metodologia descrita como revisão narrativa de literatura, tendo em vista
que o processo permite que se pesquisem artigos publicados que contenham o tema
desejado, atendendo, conseqüentemente à demanda do estudo.
Caracteriza-se por publicações amplas, uma vez que há liberdade na pesquisa das
fontes de informação utilizadas, prescindindo-se , então, de se informar a
metodologia para a busca das referências bem como dos critérios utilizados na
avaliação e seleção dos trabalhos.
O método aplicado confere vantagens no que tange à subjetividade de alguns
aspectos do tema em questão, dificuldade em se obter números exatos de dados,
bem como a complexidade da abordagem do paciente em uso abusivo dessas
medicações . O PES apresenta flexibilidade e confere condições para que a referida
complexidade seja explorada, de modo que o plano só se completa na ação. Há,
dessa forma, uma análise situacional que ocorre de modo contínuo ao longo do
processo. Altamente factível, de simples execução, apóia-se na observação
permanente, requer poucas horas de trabalho intensivo, além de promover a
interação dos profissionais que compõem a ESF.
Os descritores mais utilizados durante as pesquisas foram: racionalização dos
benzodiazepínicos,uso inadequado de antidepressivos/benzodiazepínicos,
psicofármacos na ESF.
Feito o levantamento das informações e, a seguir, leitura das mesmas, com registros
dos pontos mais relevantes concernentes ao tema em questão, procedeu-se à
realização da revisão literária.
21
5. REVISÃO LITERÁRIA
Esta revisão de literatura visa abordar os benzodiazepínicos e antidepressivos em
sua aplicabilidade, conceitos, propriedades, disponibilidade e acesso, perfil dos
usuários, bem como apresentar as principais conseqüências associadas ao seu
uso abusivo.
Os benzodiazepínicos são drogas que agem diretamente no SNC, alterando aspectos cognitivos e psicomotores no organismo. São várias denominações atribuídas a essa medicação: ansiolíticos, desativos, hipnóticos “calmantes”. Seus principais efeitos terapêuticos são a sedação, a hipnose e o relaxamento muscular (TELLES FILHO et al., 2011, p.2)
Segundo Firmino (2008) os benzodiazepínicos podem variar quanto ao tempo e
intensidade de ação, sendo que sua absorção, na maioria dos casos, ocorre
imediatamente após ingestão oral. Após a absorção, ocorre uma transformação
metabólica que gera substâncias ativas de meia-vida longa. Essa característica
pode gerar efeitos cumulativos com o uso de outras drogas e , assim, provocar
efeitos indesejáveis.
Indicados para casos de ansiedade severa, insônia, epilepsia, espasmos
musculares, vômitos por quimioterapia, tratamento adjuvante em pacientes que
necessitam de realizar procedimentos que requerem anestesia e em pacientes
esquizofrênicos (FIRMINO, 2008). Em detrimento das indicações referidas, o
mesmo autor comenta que, rotineiramente, a prescrição desses fármacos é
realizada em casos clínicos mal definidos. Ressalta-se, como é bem evidenciado
pela prática diária, os casos elevados de automedicação.
Sua utilização para o controle da ansiedade e como esquema coadjuvante em
outros transtornos, tanto na psiquiatria quanto na prática médica em geral, pode ser
reconhecida como um grande potencial para o abuso e dependência (OLIVEIRA,
2009).
22
Os antidepressivos dividem-se em várias classes determinadas por seus
mecanismos de ação no SNC e , ainda, por sua estrutura química, podendo ser
IMAO ( inibidores da destruição das monoaminas), tricíclicos ( bloqueiam a
recaptação de serotonina e noradrenalina), ISRS (inibidores seletivos da
recaptação de serotonina) dentre outras categorias.
A eficiência terapêutica dessas drogas associada à sua baixa toxicidade facilita a
preferência pela prescrição das mesmas nos serviços de saúde (FORSAN, 2010).
Segundo o CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas psicotrópicas),
cerca de 1 a 3% da população ocidental já fez uso regular dessas medicações
(CEBRID, 2003 apud por XAVIER, 2010).
No Chile, o abuso dessa classe de medicamentos é visto como um problema de
saúde pública desde a década de 80, quando foram detectados índices altíssimos
no consumo, sem um quadro clínico justificável (GALLEGUILLOS et al., 2003 apud
FIRMINO, 2012). No primeiro levantamento domiciliar realizado no Brasil, em 2001,
3,3% dos entrevistados informaram que usavam benzodiazepínicos sem prescrição
médica. Acredita-se que a população adulta usuária crônica desses psicofármacos
seja de em torno de 1,6% (LARANJEIRA e CASTRO, 2000 apud FIRMINO, 2012).
Segundo Nicoletti (2007), são muitos os fatores desencadeantes da
automedicação, como a falta de programas educativos, o baixo poder aquisitivo da
população, a morosidade e a ineficiência do sistema de saúde, a propaganda de
medicamentos, as indicações no ciclo familiar, a facilidade de aquisição, entre
outros. Esse uso indiscriminado apontado pela autora se refere aos medicamentos
em geral, não especificamente aos psicofármacos. Todavia, a observação se
reflete no quadro em tese.
O uso indiscriminado desses psicofármacos já se tornou problema de saúde
pública. Na década de 80, ao passar pelo movimento que ficou conhecido como
Reforma Sanitária, o Brasil vislumbrava uma melhoria nas condições de saúde da
população, baseando-se nos princípios de universalidade, integralidade e
equidade. O direito à saúde era garantido pelo Estado.
23
Nesse ínterim, também ocorria a Reforma Psiquiátrica, movimento que visava a
desconstrução de conceitos e práticas que isolavam e excluíam a loucura do
contexto da sociedade. Esse novo olhar procurava deslocar o atendimento e
tratamento hospitalocêntricos para uma ótica ampliada que contemplasse a família,
as relações sociais e os vínculos estabelecidos por um sujeito que vivencia uma
situação de sofrimento. Além disso, os reformistas demandavam que o sujeito
fosse acompanhado dentro do território em que vive, em sua comunidade, através
de ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação. Insere-se, então,
nesse contexto, a Atenção Primária como grande aliada, evitando o distanciamento
entre a comunidade e determinados fenômenos que se originaram dela, como, no
caso, o sofrimento mental ( ANTONACCI e PINHO, 2011).
Sabe que grande parte da população que freqüenta o serviço de Atenção Básica à
saúde sofre algum tipo de transtorno mental. A ansiedade é uma das maiores
demandas potenciais para os serviços de saúde. Segundo o Manual de Condutas
Médicas (2003) citado por Xavier (2010), a prevalência dos transtornos de
ansiedade nos serviços de atenção primária à saúde corresponde a 26,7% a 39,6%
do total de pacientes atendidos.
No Brasil, a Atenção Básica distribui benzodiazepínicos e alguns antidepressivos
gratuitamente, através de programas governamentais, procedimento esse que
ocorre com poucas medidas de controle o que permite o acesso facilitado desses
fármacos ( CRUZ et al., 2006 apud TELLES FILHO et al., 2011).
Segundo Firmino (2008), em relação ao consumo abusivo de benzodiazepínicos,
podem-se considerar dois tipos de abusos e, conseqüentemente, dois tipos
heterogêneos de consumidores. O primeiro tipo de abuso seria considerado o
“recreativo” ou irresponsável e o segundo, o crônico e responsável. O primeiro
caracteriza-se pelo uso prolongado, em doses mais altas, geralmente sem
prescrição médica e com a finalidade de se beneficiar dos efeitos. Em sua maioria,
o abuso vem associado ao uso de drogas (normalmente opióides) e álcool. No
mundo, cerca de 15% dos usuários de heroína utilizam rotineiramente o BZD por
mais de um ano. O perfil desse primeiro tipo de usuário abusivo é jovens do sexo
masculino, em busca de prazer e alívio de sintomas provocados por outras drogas.
Já o usuário abusivo crônico, que utiliza o BZD por tempo prolongado, em doses
24
terapêuticas e sob prescrição médica associa-se geralmente ao perfil de mulheres,
idosos e portadores de doenças crônicas, caso este com alta representatividade
nas UBS em que atuamos.
25
6 . PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
É sabido que a identificação e priorização do problema não são suficientes para
definir as soluções na perspectiva de solucioná-lo. É preciso avançar mais na
explicação ou compreensão de cada problema, caracterizá-lo e descrevê-lo melhor
para entender sua dimensão e como ele se apresenta em uma determinada
realidade. A quantificação do problema é um passo importante pois afasta
ambigüidades e obtêm-se indicadores que permitem a avaliação do impacto
alcançado pelo plano ( CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2014).
Para organizar a proposta de intervenção, apresentaremos a relação entre os nós
críticos escolhidos e os problemas enfrentados no quadro a seguir:
Quadro 01
Nós críticos Operação Resultados esperados
Produtos esperados
Recursos necessários
Processo de trabalho da equipe de saúde
Capacitando
Promover palestras, grupos de discussões e
cursos em saúde mental
Informar sobre os riscos da manutenção
de prescrições sem avaliação médica
Aquisição de conhecimento
acerca da abordagem do
paciente em saúde mental
Maior informação ao
paciente de saúde mental, melhor registro
de dados e aumento de eficácia das abordagens
Econômico
Aquisição de material educativo e
contratação de profissionais
capacitados para a transmissão de conhecimento
Organizacional
Planejar e organizar programas de
educação permanente e grupos
de atualização
Cognitivo
Transmitir as informações
disponíveis em folhetos e das
palestras
Falta de informação
Viver melhor
Reforçar e aumentar o acesso do usuário do
Programa de Saúde da Família, principalmente do paciente de saúde
mental acerca do impacto do uso
indiscriminado de
População mais consciente e informada sobre os riscos, causas e consequências do uso indiscriminado de benzodiazepínicos e antidepressivos
Realização freqüente de
grupos terapêuticos, campanhas
educativas com folhetos e
depoimentos, agendamento
Econômico
Aquisição de folhetos explicativos e compra de recursos didáticos para a terapia grupais
Organizacional
Elaborar e estruturar os folhetos
26
psicotrópicos sobre a saúde e sobre medidas
de prevenção e cuidados
periódico de consultas de
acompanhamento
educativos, organizar os grupos, Incentivar
a participação de outros profissionais como psicólogos,
educadores físicos, dentistas
Cognitivo
Transmitir as informações contidas no material explicativo, realizar escuta eficiente dos pacientes e dar seguimento à conduta para cada caso individualmente
Ausência de protocolo de renovação de prescrições
“Receita Especial
Renovar prescrições de uso prolongado com base em critérios que
contemplem a reavaliação do paciente
Avaliação periódica dos pacientes em
uso crônico de antidepressivos e
benzodiazepínicos, individualização dos
casos
Pacientes com estratificação de risco em saúde mental, assíduos na reavaliação, estáveis em sua condição clínica, organização do serviço
Econômico
Aumentar a oferta em estoque de
medicamentos para saúde mental
disponibilizados pelo SUS
Organizacional
Disponibilizar fluxograma de
atendimento em saúde mental na
recepção Cognitivo
Elaborar protocolo com fluxograma de
renovação das receitas
Elevada demanda e ausência de um agendamento específico para pacientes portadores de sofrimento /transtorno mental
“Organizada Mente”
Atendimento agendado específico para o
paciente de saúde mental.
Racionalizar demais demandas
Estabelecer número mínimo de
atendimentos semanais em saúde mental, organização
da agenda
Pacientes com abordagem mais eficaz e maiores
resultados terapêuticos
Econômico
Provimento de estrutura física para
uma espera mais humanizada
Organizacional
Elaborar agenda com horários para o
atendimento desses pacientes Cognitivo
Abordar clinicamente o paciente, orientar
sobre manutenção e cuidados sobre
tomada da medicação, orientar
acerca da periodicidade de renovações e de consultas clínicas
27
7 . CONCLUSAO
O uso indiscriminado de benzodiazepínicos e antidepressivos na Atenção
Básica é um problema de saúde pública de grande abrangência que contempla
tanto profissionais da saúde quanto os usuários e seus familiares. É notável o
recrudescimento da busca por estes psicofármacos com o objetivo de mascarar
ou minimizar as vicissitudes da vida diária de cada um; sejam elas emocionais,
físicas ou sociais. Estratégia largamente usada e cujas conseqüências são
negligenciadas por todos os envolvidos, na maioria das vezes. Não raro os
profissionais da Saúde da Família encontram-se incapacitados de identificar os
casos em que há uso inapropriado das medicações , bem como de conduzir e
ofertar a melhor abordagem seja por falta de capacitação profissional, seja por
indisponibilidade de recursos físicos, profissionais, farmacológicos, dentre
outros. Daí, tem-se uma população automedicada ( pacientes que não
conseguem a medicação que julgam ser a necessária para o seu problema
acabam por adquirir psicofármacos das mais variadas maneiras e fazem uso
das mesmas em detrimento da seriedade da administração inapropriada dessa
medicação )e uma equipe com conhecimento insuficiente acerca de sua
população e suas reais necessidades.
É importante que se lance mão de novas estratégias de abordagem do
“paciente de saúde mental” que se estendam por toda a equipe e proporcionem
que o paciente tenha mais acessibilidade ao atendimento, orientação
apropriada e seguimento pós diagnóstico. Realização de palestras aos
profissionais de saúde objetivando a atualização e a capacitação, oficinas
terapêuticas com abordagem multidisciplinar. Estabelecimento de protocolos de
renovação de prescrição e agendamento de consultas para este perfil de
necessidade, objetivando a racionalização do uso dos psicofármacos e melhor
acompanhamento, evitando o uso abusivo e proporcionando melhor qualidade
de vida à população e eficácia do serviço da ESF, com um atendimento
pormenorizado e individualizado da população.
28
REFERÊNCIAS
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http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=312780&search=||in
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Disponível em : http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/004.pdf
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Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB). [citado dezembro 2014].
Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/SIAB/index.php.
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5 SCIELO.Uso indevido de benzodiazepínicos, 2005 . Revista latino-americana
de enfermagem. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13nspe/v13nspea18
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http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1545/dependencia_de_substan
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9 PROJETO DIRETRIZES. Abuso e dependência dos benzodiazepínicos, 2008.
Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/004.pdf
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Disponível em: http://www.projetodiretrizes.org.br/projeto_diretrizes/036.pdf
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Azevedo Focchi, Sandra Schivoletto e Marco Antônio Marcolini. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44462000000300009&script=sci_arttext
12 PSIQUIATRIA CLÍNICA. Psiconeuroimunologia da depressão- O papel das
citoquinas, 2004. Margarida Figueiredo. Disponível em
http://www.revistapsiquiatriaclinica.eu/media/download_gallery/Abstracts%202004.p
df
13 FIRMINO, K. F, Benzodiazepínicos: Um estudo da indicação/prescrição no
Município de Coronel Fabriciano – MG – 2006. Belo Horizonte, 2008.
Dissertação de Mestrado – Faculdade de Farmácia – Universidade Federal de
Minas Gerais.