A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da...

23
A Semiótica - perspectiva histórica. Os precursores e os vultos proeminentes: Locke, Leibnitz, Saussure, Charles S. Peirce, R. Barthes e U. Eco. Carácter recente dos estudos semiológicos. As diferentes concepções da disciplina. A relação Semiótica/Linguística. Bibliografia Saussure, F. - Cours de Linguistique Générale, Paris, Payot, 1974, págs. 32-33. Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências da Linguagem, Lisboa, 1973, (ver semiótica). O QUE É A SEMIÓTICA A semiótica – do grego semeiotiké, “arte dos sinais” - é a disciplina que estuda os sinais e o processo de significação, tendo em atenção que este é um fenómeno cultural. Estuda todos os sinais, a linguagem em sentido lato, ao contrário da linguística, que estuda apenas a linguagem em sentido restrito – os sinais verbais. Contudo a linguística, como disciplina, é anterior à semiótica, apesar de mais restrita. No entanto, a semiótica já era discutida na Grécia antiga, entre os filósofos, ganhando particular destaque no início do séc. XX, com Saussure, Pierce e Umberto eco, que se dedicaram a estudar o assunto.~ Início do estudo de uma Teoria geral do sinal e da significação. A essência do sinal e do processo significativo. O sinal e a sua relação com o sujeito, a origem e o objecto significado. Bibliografia Carvalho, J. G. Herculano - Teoria da Linguagem, Vol. I, Coimbra, 1967, págs. 93-150 Caracterização dos sinais: instrumentais e formais; naturais e convencionais; intencionais e espontâneos. O símbolo - parcialmente natural (por semelhança, analogia ou contiguidade) e convencional. Bibliografia Ver lição 3.

Transcript of A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da...

Page 1: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

A Semiótica - perspectiva histórica. Os precursores e os vultos proeminentes: Locke, Leibnitz, Saussure, Charles S. Peirce, R. Barthes e U. Eco. Carácter recente dos estudos semiológicos. As diferentes concepções da disciplina. A relação Semiótica/Linguística. Bibliografia Saussure, F. - Cours de Linguistique Générale, Paris, Payot, 1974, págs. 32-33. Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências da Linguagem, Lisboa, 1973, (ver semiótica). O QUE É A SEMIÓTICA A semiótica – do grego semeiotiké, “arte dos sinais” - é a disciplina que estuda os sinais e o processo de significação, tendo em atenção que este é um fenómeno cultural. Estuda todos os sinais, a linguagem em sentido lato, ao contrário da linguística, que estuda apenas a linguagem em sentido restrito – os sinais verbais. Contudo a linguística, como disciplina, é anterior à semiótica, apesar de mais restrita. No entanto, a semiótica já era discutida na Grécia antiga, entre os filósofos, ganhando particular destaque no início do séc. XX, com Saussure, Pierce e Umberto eco, que se dedicaram a estudar o assunto.~ Início do estudo de uma Teoria geral do sinal e da significação. A essência do sinal e do processo significativo. O sinal e a sua relação com o sujeito, a origem e o objecto significado. Bibliografia Carvalho, J. G. Herculano - Teoria da Linguagem, Vol. I, Coimbra, 1967, págs. 93-150 Caracterização dos sinais: instrumentais e formais; naturais e convencionais; intencionais e espontâneos. O símbolo - parcialmente natural (por semelhança, analogia ou contiguidade) e convencional. Bibliografia Ver lição 3.

Page 2: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

TEORIA GERAL DO SINAL E DA SIGNIFICAÇÃO

Sujeito Sinal Objecto Origem O sinal representa um objecto Pode não ser palpável – abstracto Para ser sinal, tem que representar algo Origem O que produz o sinal Sujeito O que descodifica o sinal O sinal estabelece relações com estes três Sujeito – sinal Instrumentais ou formais Instrumentais Têm existência física Formais Não têm existência física (conceitos) Sinal – objecto Naturais ou convencionais Naturais Independentemente da relação significativa, há uma relação intrínseca Convencionais Relação convencionada símbolo devido às suas características, é em parte natural e em parte convencional relação de naturalidade pode ser por três motivos por semelhança

Page 3: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

com o que acontece na realidade por analogia por continuidade – proximidade Sinal – origem Espontâneos ou intencionais Significação e comunicação nós somos receptores e emissores de sinais isto não é comunicação, mas sim significação Significação Interpretação – diferente da significação Interpretamos, mas podemos não atribuir o significado certo Significado das coisas, que tivemos, correcta ou não Quando há sinais há sempre significação Comunicação Nem sempre há comunicação [clopes, temos pena] Não há certezas que o sinal tenha sido produzido para ser interpretado Consegue transmitir ao outro exactamente o que pretende – perfeito Todos os sinais produzidos conscientemente não são comunicação, mas sim significação

Page 4: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Conclusão do assunto anterior. Significação virtual e significação actual. Bibliografia Ver lição 3. Significação virtual Significação actual Significação – tenta interpretar um sinal Sujeito que tenta interpretar um sinal Significação virtual – é uma potência, uma hipótese Ex: cabelo (significação virtual) Significação actual Factualizamos – “este cabelo é ruivo, ondulado” Concretizamos Ex: sinal vermelho (semáforo) Significação virtual – aprendida Significação actual – quando vemos na estrada e o vemos (concretização) Virtual Hipótese, potencia Cabelo (isolado) – significado virtual (descontextualizado) Significação – conjunto de características gerais, comuns a todos Actual O cabelo é bonito Actualizou o significado virtual do cabelo Características mais limitadas In loco

Page 5: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

O código cinésico - a mímica e a gestualidade. Linguagens gestuais e linguagem verbal. Vantagens da linguagem verbal. Bibliografia Carvalho, J. G. Herculano - Teoria da Linguagem, Vol. I, Coimbra, 1967, págs. 63-77 2 grandes grupos de gestos Aqueles que acompanham a linguagem falada -Não constituem a verdadeira linguagem -Não têm conteúdo significativo, preciso -Funcionam como indícios para as pessoas -Momentaneamente estes gestos podem substituir a linguagem verbal, mas não são verdadeiros sistemas de linguagem, pois não se conseguem referir à totalidade da realidade Aqueles que substituem de forma contínua, permanentemente ou momentaneamente -sistemas gestuais -verdadeiras linguagens (linguagem dos surdos-mudos – linguagem gestual) -têm um significado convencionalizado Sinais – convencionalizados Pertencem Sistemas de linguagem gestual Podem ser -permanentes (surdos-mudos) -momentâneos (períodos) Há teorias que dizem que as pessoas começam a comunicar por gestos Só depois surge linguagem verbal Porquê? Linguagem verbal (vantagens) -abarca muito mais palavras -demora mais tempo a fazer os gestos do que a falar -numero de combinações que podemos fazer com o som é muito maior do que a que podemos fazer com os gestos -linguagem gestual necessita das mãos, verbal não – liberta as mãos para trabalhar -pode-se falar no escuro

Page 6: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Os sinais linguísticos - suas características. Noção de signo (significante e significado). Convencionalidade do sinal linguístico. As excepções: onomatopeias e interjeições. O princípio da arbitrariedade ou "imotivação" do sinal linguístico de F. de Saussure - exposição e crítica. Bibliografia Carvalho, J. G. Herculano - Teoria da Linguagem, Vol. I, Coimbra, 1967, págs. 151-198. Sinais verbais ou linguísticos Qualquer palavra Sinal – que nos torna presente uma coisa ausente Para que haja, tem que haver Significante + significado = sinal verbal ou linguístico Conjunto de sons (significante) Ex: mesa Aquilo a que o conjunto de sons se refere (significado) Quase todos os sinais linguísticos são convencionais Prova – existência de várias línguas Há excepções onomatopeias -utilização de palavras para reproduzir os sons da natureza -não é uma representação fiel, mas é semelhante ao som verdadeiro -de língua para língua as onomatopeias variam São símbolos (parcialmente naturais, parcialmente convencionais) Interjeições -depende do contexto (por isso é que a seguir à interjeição nos especificamos – ex: oh meu deus) [isso digo eu que tenho exame segunda…] -prolongamento de estados emocionais fortes -não são totalmente convencionais, têm uma dose natural -variam de língua para língua Símbolos Onomatopaicas ≠ onomatopeias -são totalmente convencionais Ex: tilintar – verbo – som da campaínha CARVALHO (etc) pág 63-71 e 151-198 (linguagem verbal e gestual) Sinais verbais ou linguísticos

Page 7: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Que fazem das línguas um sistema (sistema – um todo organizado) Organização do sistema – estrutura Cada língua constitui um sistema – cada língua tem uma organização Ex: língua portuguesa – é sistematizada (sintase) Não podemos trocar a ordem senão tem outro sentido Ex: homem bom/bom homem [LOL] Miúdos dizem fazi (porque a maior parte dos pretéritos perfeitos acabam em i) As palavras Estão dentro da língua Ligadas – não estão isoladas (porque a língua é um sistema) Há palavras que estabelecem relações com outras -vendedor -venda -vendedeira Existem outras que estão um pouco isoladas – por causa do léxico -beco -leme -alvíssaras (recompensa) -stop Têm relações unilaterais com o seu significado Isolamento justificado por grande parte serem estrangeirismos Língua + estrutura = língua mais fácil de ser entendida Linguagem verbal – mais objectiva ≠ Linguagem musical – mais subjectiva Ferdinard de Saussure Suíço Deu aulas em Paris (linguística geral) – nos finais do séc XIX, inícios XX Interessou-se pelo funcionamento das línguas Linguística – teor histórico (ponto de vista diacrónico) Priveligiava Transformação das línguas ao longo do tempo Curso de linguística geral

Page 8: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Livro que 3 alunos fizeram a partir de apontamentos das aulas (porque o Saussure tinha a mania que era bom e perfeccionista e rasgava tudo) Um dos princípios que o livro engloba Princípio da arbitrariedade ou imotivação do sinal linguístico Sinais linguísticos = significante + significado Arbitrários Depende do (?) individual Não segue normas Imotivação Há uma imotividade por entendermos a língua A relação que se estabelece com o objecto é convencional É o que o princípio de Saussure afirma, apesar de o nome não ter sido o mais feliz (contraditório)

Sinais estabelecem uma relação com a realidade – relação convencional Estabelecem entre si uma relação Podem não estabelecer relações – estão isolados Economia do sistema de linguagem Utilizamos um número de sons (alfabeto) para formar muitas palavras

Page 9: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Sons linguísticos São objectivamente convencionais Mas subjectivamente podem ser e muitas vezes são naturais Criança que aprende a falar – associamos um conjunto de sons aos objectos ou ideias Aprendemos ouvindo Relação indissociável Significante e significado, para os falantes, até certa fase da vida é uma relação natural (subjectivamente) Porque constantemente os vêm associados Pelo hábito de ver constantemente os sons associados aos objectos – subjectivamente Relação natural Da parte subjectiva Deixa de ser subjectiva quando as pessoas aprendem uma segunda língua Abole a sensação que o sinal é natural A pessoa consciencializa-se da parte convencional (do sinal)

Page 10: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Os tabus linguísticos - sua caracterização: - de carácter social (decoro ou conveniência) - de carácter mágico-religioso. Exemplificação. Os tabus linguísticos e a "arbitrariedade" do signo. Bibliografia Ullmann, Stephen - Semântica (tradução), Lisboa (Fundação Gulbenkian), 1967. Ver no índice de assuntos: tabu. Mesthrie, Rajend (ed.)- Concise Encyclopedia of Sociolinguistics. Oxford, 2001. Ver: Taboo words. Tabus linguísticos Palavra de origem polinésia Tabu ≠ noa (o que se pode fazer) Tabu – entrou através do inglês, através da polinésia Originalmente significa aquilo que é interdito/proibido Ligado a teor mágico Tabus linguísticos – interdição vocabular Palavra os conjunto de palavras que nós não devemos pronunciar 2 grandes tipos Tabu de decência ou decoro (tabu de carácter social) Ex – palavrões Tabu de carácter mágico-religioso Palavrões Associados a função sexual, digestiva e intestinal -fazer chichi -urinar -mijar Significam o mesmo Significante – refere-se ao mesmo acto, mas em certos contextos não se utiliza Sinal convencional de uma realidade Então porque temos de escolher este ou aquele? Carácter social Palavras podem ser ditas, mas não devem, pois sofre-se sanções sociais Se quebrarmos o tabu

Page 11: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

CARVALHO (etc) págs 24-54, 63-77, 93-198 Tabu linguístico De carácter social Ex: assuntos que se prendem com a doença De carácter religioso Tem a ver com uma certa crença por parte das pessoas Estes exemplos são de ambos os caracteres pois quase tudo é de carácter social Ex: palavrões – são exclusivos do carácter social Mudança linguística Os tabus têm sido substituídos por eufemismos Ex: prostituta – fille (rapariga) – França Passou rapariga – jeune fille Língua – tabus levam à mudança linguística Palavras são substituídas por outras A tendência é caminhar para o fim do tabu, mas mesma assim o tabu faz parte da sociedade As pessoas que não respeitam o tabu são marginalizadas

Page 12: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

As funções da linguagem: função interna (o conhecimento) e função externa (a pura exteriorização e a comunicação). Bibliografia Carvalho, J. G. Herculano - Teoria da Linguagem, Vol. I, Coimbra, 1967, págs. 23-61. Continuação da aula anterior. Linguagem e conhecimento. Língua e visão do mundo. Bibliografia Ver aula anterior e: CARVALHO, J.G. Herculano - obra citada, vol. II, págs. 427-432 SCHAFF, Adam - Linguagem e Conhecimento, Coimbra, 1974, págs. 96-174. Funções da linguagem = utilidade da linguagem Entendemos Comunicamos (ideias, sentimentos) Nós pensamos através de imagens acústicas dos sinais verbais Não têm som São a representação das palavras Linguagem verbal 2 funções interna Consiste no pensamento ou conhecimento Pensamos através das palavras (língua) – sinais convencionais É feito com a nossa língua materna Sinais formais – só existem no nosso pensamento Na relação com o subjecto [sic] Externa Comunicação Quando há emissor – receptor Para exteriorizar Quando a pessoa fala sem ter receptor (falar sozinho) Acto socialmente repreendido Maior ou menor carga emocional Sobre muita pressão, necessidade de objectivar através de palavras audíveis Pessoas que moram sozinhas falam sozinhas Parte interna Importância da linguagem – percepção do mundo Diferenças muito grandes entre as diferentes línguas

Page 13: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Linguagem – ordena o mundo Quando a criança nasce o mundo está desorganizado – organizam-nos através da língua Se nós pensamos pela nossa língua materna – ao encarar o mundo E deparamo-nos com outra língua Essas pessoas vão percepcionar o mundo diferente da nossa maneira A língua materna influencia a forma como vemos o mundo Teoria da relatividade linguística O modo como percepcionamos a realidade através da nossa língua materna

Page 14: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Funções informativa, emotiva, apelativa, poética, fática e metalinguística. Parte externa Nós não convencionamos no vazio – índole diversa + objectivo possível (“mesa de madeira, com N de comprimento”) Conteúdo de teor informativo + subjectiva (“a mesa não vale nada”) Conteúdo virado para o emissor Apelativa (“leva-me daqui a mesa, por favor”) Utilizar a linguagem para actuar/mudar o comportamento do receptor Realidade – emissor – receptor

Page 15: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Realidade Emissor Mensagem Receptor Canal Código Realidade Função informativa – função que predomina Num acto de falar Existe mais do que uma função Emissor Função emotiva Quando as atenções estão viradas para ele Receptor Função apelativa Quando as atenções estão viradas para o receptor Quando se pretende persuadir alguém Mensagem Função estética Canal Função fática Código Função metalinguística Fenómeno de co-presença Presença de mais do que uma função na fala Ex: profs Função predominantemente informativa, mas também função apelativa e emotiva O facto de dizer “bom dia” de manhã – estamos a abrir o canal Manter aberto o canal de comunicação

Page 16: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Função fática – não importa o conteúdo da mensagem Ex: muitas pessoas não se dão bem com o silêncio Falam por falar Elevadores, salas de espera 1ª função dos bebés Não importa o que se diz, mas a forma com se fala Também se evidencia nas funções amorosas Ridículo para quem está de fora Código Conjunto de regras que permitem que a comunicação se processe Quando a linguagem está a ser utilizada para explicar algo Ex: uma pessoa diz uma palavra desconhecida para o receptor e este posteriormente descodifica-a Função metalinguística Só a linguagem verbal é metalinguística Porque quando queremos descodificar o significado da dança, música, utilizamos linguagem verbal Função estética Quando se fala de forma a embelezar o que se diz, quando há preocupação em seleccionar as palavras que dizemos Acontece na literatura – mas também na nossa vida quotidiana para entrevistas de emprego

Page 17: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

“definiremos, assim, linguagem como uma actividade(1) simultaneamente cognoscitiva, e manifestativa(2), realizada pela utilização de um sistema(3) de duplos sinais(4), designados pelo nome de signos, que se apresentam praticamente como objectos sonoros(5) produzidos pelo aparelho fonador do homem” Definição de linguagem verbal muito completa (1) porque é dinâmica Está sempre em mudança/mutação Actividade cultural – essência (2) 2 funções da linguagem Interna – função cogniscitiva Externa – função manifestativa (3) os sinais da linguagem estão organizados (sistema) (4) sinais verbais – 2 vertentes: significante + significado Signo (5) essência do sinal verbal é sonoro

Page 18: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

O problema da comunicação internacional. Línguas naturais, candidatas à universalidade: soluções do passado e de hoje. As línguas artificiais: a priori e a posteriori. Vantagens e inconvenientes. Algumas características do Esperanto. Bibliografia BURNEY, Pierre - Les langues internationales. Paris, 1962. LARGE, Andrew - The artificial language movement. Oxford, 1985. Babelismo – conceito que tem a ver com um mito – torre de Babel Judaico-cristão Os seres humanos queriam ser iguais a deus – começaram a construir uma torre deus confundiu-lhes as línguas – não se entenderam, não acabaram a torre Doutrina de monigenise – línguas provieram de uma só língua Doutrina de poligenesse [oi?] – línguas provieram de 4 línguas, espalhadas pelo mundo Antiguidade greco-latina – grego e latim Só as elites é que tinham acessos a estas línguas de intercâmbio[?] Idade média – latim (influência cristã) Depois surgiram outras línguas Português (expansão marítima) Espanhol Francês (razões de carácter cultural – Paris – cidade das luzes) A partir da revolução industrial Começou a colocar em destaque o inglês Já não é só para as elites Inglês adquire estatuto não apenas pela influência da Inglaterra, mas pela evolução dos EUA a nível económico e industrial Dificuldade de escolher a língua internacional Escolha tácita – inglês (aceita-se – muitos países) Imperialismo linguístico Muitos países não gostam que seja o inglês (Alemanha) a língua de intercâmbio, porque não querem aceitar a supremacia de outro povo Línguas artificias ≠ línguas naturais

Page 19: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Língua artificial – que foi criada para servir o intercâmbio internacional Teve um primeiro impacto a partir de fins do séc. XVII, XVIII Porque surgiu? 1º - por causa dos entraves de aprender as línguas naturais 2º - porque aprender uma segunda língua também é complicado 3º - eleger uma língua de intercâmbio era dar muito poder a um estado (supremacia da língua) Estudiosos criaram línguas artificiais Línguas artificiais A priori - material não linguístico Ex: língua Solresol, séc XIX, de Sudre (francês) – utiliza as notas musicais Deus – domisol Diabo – solmido Língua não teve muito sucesso, como praticamente todas as línguas artificiais à priori Língua Timerio, criada pelo alemão Thiemer 1-80-17 – amo-te O material utilizado para fazer as línguas Material desligado das línguas naturais – a priori Línguas artificiais à posteriori Tiveram sucesso O material utilizado é material linguístico Podem ser de 2 tipos -esquemáticas -naturalistas Esquemáticas Ex: esperanto – língua artificial que teve mais sucesso Criada por Zamenhof (polaco) Na zona dele falavam-se 5 línguas – terra era pequena Problema do babelismo Solução: esperanto Só tem regras, não excepções Só artigos definidos Analisou várias línguas, simplificando-as ao máximo Simplicou [sic] assim as dificuldades

Page 20: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

O código prosódico na relação que estabelece com o código linguístico. A dimensão semiótica do silêncio. [a minha alma, agora, chorou] Bibliografia GUIRAUD, P. - A semiologia, Lisboa, 1973. Págs. 70-71. HALL, E. - The silent language, New York, 1973. JAWORSKI, Adam - Silence, Berlim, 1997. Págs. 63-81. Código prosódico Tem a ver com a entoação, tom de voz Ex: chinês – mesmas palavras com entoações diferentes Significados diferentes A maioria das línguas não são tonais, mas o som tonal é importante Ex: português – diferencia-se uma afirmação de uma interrogação através do tom de voz Consegue-se modificar o sentido das palavras através do toma de voz Há silêncio, mas um silêncio comunicativo Memórias póstumas de Brás Cubas Silêncio associado a outras coisas (gestos, sinais) O silêncio é polissémico – a percepção pode ser diferente Pode-se interpretar correctamente uma pessoa que esteja em silêncio ou não Mais polissémico do que as palavras Dimensão significativa do silêncio Sul da Índia – os Paliyans Pessoas falam muito pouco, e por volta dos 40 anos calam-se Questão cultural Nigéria – povo Anang Recebeu este nomo porque na língua do povo vizinho (Ibo) quer dizer “falador” Falar e estar calado Duas vertentes variáveis de cultura para cultura Questão cultural Quase tudo no mundo é relativo Silêncio “O velho Diálogo de Adão e Eva” Assunto é o amor

Page 21: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Há culturas em que é aceitável falarem todos ao mesmo tempo Em certas zonas de África As pessoas só falam enquanto conseguirem manter um pé levantado – equilíbrio Para evitar que se fale muito tempo Valor que se atribui ao falar e estar calado (silêncio pesa) Cá as pessoas não sabem o que fazer com o silêncio Não aquele pequeno que é bastante comunicativo Silêncio muito grande Finlandeses só falam quando têm algo a dizer Gregos falam imenso Função fática – falar por falar – é um disparate para os finlandeses

Page 22: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

A proxémica - a dimensão significativa do tempo e do espaço. O código proxémico - sua relação com o código linguístico. Exemplos. Bibliografia GUIRAUD, obra citada. Págs. 123-126. HALL, OBRA CITADA. Tempo – E. Hall Afeganistão – a percepção do tempo é completamente diferente da nossa Um embaixador americano foi posto no Afeganistão num sítio onde se fazia uma feira Regateiam sempre os preços Durante três anos via um homem Que durante a feira ia ver todas as tendas da feira e falar com as pessoas Embaixador foi falar com o homem Andava à procura do irmão, mas esqueceram-se de combinar o ano [Fátinha, andaste na escola do galaricha…] Percepção do tempo diferente no mundo Dimensão significativa do tempo Código proxémico Séc xx – EUA – começou-se a estudar uma sub-disciplina da semiótica – proxémica Presta atenção a duas coisas Dimensão significativa do tempo e espaço Dimensão significativa do espaço Acontece nas pessoas e nos animais Espaço – leva ao tom de voz (distância influencia acústica) Ex: posso falar baixo se a pessoa estiver perto Hall Estudou as distâncias a que as pessoas se colocam para comunicar São diferentes de cultura para cultura Falar com um estranho Cultura latina – 90 cms Cultura anglo-saxónica – 1,30m – 1,50m Confronto entre culturas Cultura índia – homens cumprimentam-se na cara Cultura portuguesa – mulheres cumprimentam-se na cara Condicionantes entre as pessoas no acto de comunicação Mulher – mulher – distância é pouca Homem – homem – distância é maior

Page 23: A Semiótica - perspectiva histórica. Barthes e U. Eco. … · Kristeva, Julia - História da Linguagem. Lisboa, 1969, págs.409-447. Todorov, T. e Ducrot, O. - Dicionário das Ciências

Homem – mulher – distância é muito maior Distância dentro de uma sociedade também é diferente O termo proxêmica (proxemics, em inglês) foi cunhado pelo antropólogo Edward T. Hall em 1963 para descrever o espaço pessoal de indivíduos num meio social, definindo-o como o "conjunto das observações e teorias referentes ao uso que o homem faz do espaço enquanto produto cultural específico". Descreve as distâncias mensuráveis entre as pessoas, conforme elas interagem, distâncias e posturas que não são intencionais, mas sim resultado do processo de aculturação. É um exemplo de proxêmica quando um indivíduo que encontra um banco de praça já ocupado por outra pessoa numa das extremidades, tende a sentar-se na extremidade oposta, preservando um espaço entre os dois indivíduos. Hall indicou que diferentes culturas mantêm diferentes padrões de espaço pessoal. Nas culturas latinas, por exemplo, aquelas distâncias relativas são menores e as pessoas não se sentem desconfortáveis quanto estão próximas das outras; nas culturas nórdicas, ocorre o oposto. As distâncias pessoais também podem variar em função da situação social, do gênero e de preferências individuais.