Da evolução do Marketing em: - valorização do produto/ vendas
A Evolução do Marketing no Brasil
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A evolução domarketing no Brasil
Em agosto de 2004, a AMA (American Marketing Association) elaborou
uma definição renovada para o termo marketing: "Marketing é uma função
organizacional e uma série de processos para criação, comunicação e entrega
de valor para clientes, e gerenciamento do relacionamento com os clientes de
forma a beneficiar a organização e seus públicos de interesse, ou stakehol-
ders."
Uma definição que enfatiza a percepção de que o marketing não apenas
vende produtos, por meio dos famosos 4 P's, mas está mais preocupado com
a criação, comunicação e entrega de valor para os clientes, e a gestão do
relacionamento com estes.
Para se chegar a este conceito, foi percorrida uma trajetória que pode ser
sintetizada em algumas fases: a fase da produção, a fase da venda, a fase do
marketing, a fase do marketing de relacionamento e a fase do cybermarketing,
conforme mostra o Quadro 1.
Coordenação editorialCAEPM - Centro de Altos Estudos de Propaganda e MarketingParticiparam desta edição Thelma Rocha e Vivian Iara Strehlau, professoras da ESPMe pesquisadoras do Núcleo de Professores de Negócios Internacionais.
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Não são, contudo, fases estanques, já quealém das evidentes sobreposições, observa-se, muitas vezes, que uma "tendência" jáestava presente nas concepções passadase começa a ganhar mais ênfase em umnovo momento. Dessa forma, as fases indi-cam determinadas ênfases de cada período.Além disso, é importante destacar que asduas últimas fases são apenas indicações,uma vez que tanto o marketing de rela-cionamento voltado para os stakeholders,como as mudanças geradas pela internet,são temas em fase de consolidação.
Dessa forma, este artigo se propõe a per-correr estas cinco fases, destacando para oleitor aspectos da realidade 4° marketingnos Estados Unidos e Europa, refletida pelasescolas de pensamento, em conjunto com arealidade brasileira nos mesmos períodos.
1. Fase da produção
Até meados de 1925, muitas empresas naseconomias mais desenvolvidas do Oeste
Europeu e dos Estados Unidos estavamorientadas para a produção. Não haviapreocupação com a venda e, praticamente,tudo o que era produzido era vendido.
A fase da produção engloba três escolasdo pensamento de marketing: escola dacommodity, escola funcional e escola ins-titucional. A primeira escola da disciplinade marketing foi criada por volta de 1900,denominada escola da commodity, comfoco nas transações e vendas de objetos,conforme aponta o Quadro 2.
Em paralelo, nos primeiros anos do séculoXX, surgiu a escola funcional baseada naclassificação das funções mercadológicas,para que as transações de mercado ocor-ressem da melhor forma possível. Era umaescola fundamentalmente baseada em con-ceitos oriundos da economia.
A partir de 191 O, uma escola denominadainstitucional ganhou força. Seu foco princi-pal estava na comercialização por parte dosintermediários, usando conceitos relativosaos canais de distribuição.
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2. Fase da venda
Entre 1 925 e o início dos anos de 1 950, astécnicas de produção já estavam dominadase, na maioria das nações desenvolvidas, apreocupação era com o escoamento dosexcedentes de produção. Uma empresa comorientação para vendas era aquela que assu-mia que os consumidores iriam resistir emcomprar bens e serviços que não julgassemessenciais.
Na fase da venda, surgiram duas escolasdo pensamento de marketing que ganharamdestaque: a regional, que visava estudar orelacionamento entre atividade econômicae espaço físico, e a funcionalista, que viao marketing como um sistema de estruturainterdependente da dinâmica de relaciona-mento, conforme mostra o Quadro 3.
2.1 Fase da Venda no Brasil
No Brasil, nesta fase, os profissionais res-ponsáveis por vendas faziam parte dos depar-tamentos comerciais das empresas. SegundoCobra (2002), para substituir o trabalho dosvendedores, as
venda domiciliar. Por esse sistema, começaa ganhar impulso, neste período, a comer-cialização de eletrodomésticos, cosméticos,enciclopédias, listas telefônicas e váriosoutros produtos.
3. Fase do marketing
Após a Segunda Guerra Mundial, surge nosEstados Unidos a população denominada"baby boomer". Com a volta dos soldadosda Segunda Guerra Mundial, nascem muitascrianças, fato animador do mercado de fraldas, alimentos infantis, medicamentos, rou-pas, brinquedos etc. Logo após, há uma outraexplosão, a dos "teenagers" - adolescentesávidos por consumir som", roupas, comida ediversos produtos e serviços.
Nos Estados Unidos, este foi o período demaior consolidação de desenvolvimento dosconceitos de marketing. Surgiu a escola admi-nistrativa, que defendia o estudo do marketingcom um foco gerencial, e os conceitos desegmentação de mercado (Smith, 1956), dos4Ps (McCarthy, 1960), Miopia de Marketing,por Theodore Levitt (1960), entre outros.
empresas come-çaram a anunciarseus produtos, naexpectativa deque os consumi-dores abririamsuas portas parareceber os ven-dedores, princi-palmente os de
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Outras escolas importantes do período
foram as escolas de comportamento do con-
sYimidor, da dinâmica organizacional, do
macromarketing e das trocas sociais, confor-
me indicado no Quadro 4.
Muitos dos livros usados ainda hoje no
estudo do comportamento dos consumido-
res têm suas primeiras edições elaboradas no
início dos anos 60.
Com a escola da dinâmica organizacional,
cresceu a busca pelo bem-estar do consumi-
dor e o atendimento das necessidades dos
membros dos canais de distribuição, como
os fabricantes, atacadistas e varejistas.
Com o macromarketing enfatizou-se o
ambiente nas ações mercadológicas. A esco-
la das trocas sociais focava as trocas entre
vendedores e compradores a partir de uma
perspectiva interativa.
3.1 Fase do Marketing no Brasil
Os anos 50 marcaram a chegada oficial
do marketing no Brasil. Segundo Raimar
Richers (1994), pode-se considerar que o
marketing chegou ao país em 1954, junto
com a missão americana que veio auxiliar
na implantação da Escola de Administração
de Empresas de São Paulo, da Fundação
Getulio Vargas. O autor aponta que o termo
se integrou rapidamente ao vocabulário
popular, nem sempre usado da maneira
correta, mas indiscutivelmente presente no
jargão administrativo, comercial e político.
Ainda nos anos 50, nasceu a ESPM Escola
Superior de Propaganda e Marketing, sendo
criada pelos próprios publicitários, para ofe-
recer aos jovens a oportunidade de ingressar
na carreira da propaganda. Naquele tempo,
a então chamada Escola de Propaganda de
São Paulo funcionava nas dependências do
Museu de Arte de São Paulo.
Na mesma década, aparecem os primei-
ros supermercados no Brasil. Em diversos
pontos do país pipocaram varejos de auto-
serviço, como em Porto Alegre, quando
a prefeitura montou a primeira loja do
Supermercado Campal, em 1950. Na seqü-
ência, surgiram varejos vinculados a coo-
perativas de consumo e o supermercado
Real, de Porto Alegre, em 1953.
O surgimento desse novo tipo de varejo
impulsionou outras atividades mercadoló-
gicas, como o desenvolvimento de emba-
lagens adequadas ao auto-serviço, que por
muitos anos foi chamada de "vendedor
silencioso", e as agências de publicidade,
que viram a possibilidade de atuar com mer-
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chandising e outras promoções vinculadasao supermercado.
Outro fator marcante no Brasil e de forteimpacto do incipiente marketing nacionalrefere-se ao início das transmissões de tele-visão pela rede Tupi de São Paulo, o quepermitiu o surgimento de anúncios ao vivo.
Nos anos 60, o termo marketing passou aser quase um sinônimo de venda. Em 1968surge a ABRAS - Associação Brasileira dosSupermercados e os consumidores da épocaeram considerados ávidos por novidades.Nessa década a maior estrela era a propa-ganda, que ganhou grande importância.Além disso, o setor varejista conheceu umnovo formato de varejo, o hipermercado.
Na década de 80, surgiram as marcas pró-prias de supermercados, uma tentativa deoferecer marcas mais baratas aos consumi-dores. Com a inflação muito alta do período,
grupos de consumidores começaram a seorganizar e impulsionaram o surgimento deórgãos como Procon, Codecon e Decon.
4. Fase do marketingde relacionamento
Nos Estados Unidos, o final da década de80 foi marcado pelo surgimento do concei-to de marketing de relacionamento, com ointuito de criar e administrar relacionamen-tos duradouros com os clientes.
Um dos primeiros autores a apontar aspreocupações com o pós-venda e a necessi-dade de administrar os relacionamentos comclientes foi Theodore Levitt, em 1983. Para oautor, o conceito de marketing incluía plane-jar e fornecer produtos ampliados, tendo emmente todas as necessidades, desejos e atitu-des dos compradores, conforme Quadro 5.
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No âmbito do marketing de serviços, Berry(1983) trouxe a preocupação com a reten-ção de clientes, a alocação de recursos paramantê-los e fortalecer os relacionamentos,e não somente atrair novos clientes. Namesma época, considerando o marketingempresarial ou B2B(Business-to-Business),Jackson (1985) apontou a importância deo fornecedor trabalhar com a escolha damelhor estratégia para cada cliente individu-al em cada situação específica de relaciona-mento ou de transação.
Nos Estados Unidos e na Europa, a décadade 90 foi marcada pelo amadurecimento dosestudos associados ao marketing de relacio-namento e comportamento do Consumidor.Vavra (1 993) criou o conceito de pós-marke-ting, ou aftermarketing, com o objetivo deconstruir relacionamentos duradouros comos clientes. O autor considera necessáriauma evolução da função de marketing, defi-nindo o marketing de relacionamento comoum processo de proporcionar satisfaçãocontínua e reforço aos indivíduos ou organi-zações clientes.
já Peppers e Rogers (1993) propuseram oconceito de marketing individual, ou One toOne, como uma nova forma de pensar emmarketing, não mais voltada para a massa,mas apontando a importância da construçãode relacionamentos individuais com cadacliente.
Na Suécia, baseado em três variáveis: rela-cionamentos, redes e interação, Gummenson(1994) criou 30 diferentes tipos de relacio-namentos entre a empresa e seus públicosde interesse, ou stakeholders.
No final da década de 90 foram lança-dos vários softwares de CRM (CustomerRelationship Management) como ferramen-tas de apoio para o processo de gestão dorelacionamento com clientes a longo prazo.Gummenson (2005) enfatiza o CRM comouma aplicação prática da filosofia e da estra-tégia do marketing de relacionamento. Paraos consultores da PricewaterhouseCoopers,o CRM é sustentado por processos e sistemasque visam a construção de relacionamentosde longo prazo. O e-CRM, por sua vez,incorpora o papel da internet.
4.1 Fase do Marketing deRelacionamento no Brasil
No Brasil, o final dos anos 80 e iníciodos 90 foram marcados por uma alta dívidaexterna e uma baixa produção industrial.Algumas empresas varejistas reforçaram osincentivos para atrair o consumidor comprogramas de "cliente preferencial". Outrosvarejistas focaram a variável preço e passa-ram a se comprometer a vender com o menorpreço ou devolver o dinheiro ao seu cliente,caso este encontrasse preço menor em outraloja. Nessa época houve investimento maci-ço em publicidade e promoção de vendas.Outro fator importante foi o início da infor-matização no comércio brasileiro.
Já os anos 90 marcaram a abertura domercado interno e mudanças bastante signi-ficativas nas práticas de consumo. Foi nessaépoca que surgiu o EDI - Eletronic DataInterchange, que possibilitava troca eletrôni-ca de informações, o que permitiu a reduçãode custos e melhoria na gestão. Surgiu aindao ECR - Eficient Consumer Response, per-mitindo medir a eficiência da resposta dosclientes.
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O mercado de publicidade no Brasil
vivenciou intenso processo de aquisição de
empresas na área de marketing de relacio-
namento no início deste século. Passaram
a ser oferecidas soluções completas para os
clientes, com um trabalho de comunicação
integrada, incluindo comunicação interna,
mercadológica e institucional.
5. Fase do Cybermarketing
Nos últimos dez anos, a internet e o
comércio eletrônico mudam os hábitos de
comunicação e consumo.
O início deste século XXI está sendo mar-
cado por duas novas escolas de marketing.
Uma denominada cybermarketing e a outra
marketing experiencial, conforme mostra o
Quadro 6.
O cybermarketing está sendo visto como
uma ferramenta que complementa o relacio-
namento com os clientes, pois permite um
alcance global e mais econômico. Algumas
vantagens podem ser mencionadas como
a possibilidade de uma personalização em
massa ou da rapidez no processamento das
informações. Alguns cuidados estão asso-
ciados à permissão do usuário, que deve
autorizar o recebimento de mensagens e
informações corporativas.
Outra tendência é o marketing experien-
cial, cujo objetivo é possibilitar ao consu-
midor a vivência de diferentes experiências,
incluindo experiências sensoriais, afetivas,
cognitivas, físicas e sociais.
5.1 Fase do Cybermarketing no Brasil
Na última década, a internet ganhou mais
expressão e surgiram as primeiras lojas vir-
tuais.
No Brasil, essa realidade já está mais pró-
xima do dia-a-dia de uma parcela dos con-
sumidores e das empresas, principalmente
no varejo, onde se percebe reforço no uso
do marketing experiencial no processo de
ambientação e desenvolvimento das lojas e
experiências de consumo.
Para concluir este breve panorama, é
relevante mencionar ainda a diminuição
do gap entre as inovações e sua introdução
na realidade brasileira, fato que aproxima
o Brasil dos processos de internacionali-
zação e participação na arena global do
marketing.
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