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Canja de Galinha para a Alma

Jack Canfield e Mark V. Hansen

Jeffrey Michael Thomas

Do original:

Chicken soup for the soul

Copyright © 1993 by Jack Canfield and Mark Victor Hansen

Edição original: ISBN 1-55874-262-X

© 1995, Ediouro Publicações S.A.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 5.988 de 14/12173.• Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer

meios, sem autorização prévia, por escrito, da editora.

Capa: Carol Sá

Editoração Eletrônica: DTPhoenix Editorial

Projeto Gráfico: Ediouro

CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte

Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

C227c Canfield, Jack, 1944

Canja de galinha para a alma: 89 histórias para abrir o coração e o espírito / Jack Canfield, Mark Victor Hansen; tradução de Outras

Palavras. – Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.

ISBN 85-OO-1288O-1

1. Meditações. 2. Parábolas. 1. Hansen, Mark Victor. II. Título.

95-1OO4

CDD – 158 CDU – 159.94

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Agradecimentos

Se haverá luz na alma, haverá beleza na pessoa.

Se haverá beleza na pessoa, haverá harmonia na casa.

Se haverá harmonia na casa, haverá ordem na Nação.

Se haverá ordem na Nação, haverá paz no mundo.

Provérbio Chinês

Com amor, dedicamos este livro a nossas esposas, Georgia e Patty, e a nossos filhos, Chistopher, Oran, Kyle, Elizabeth e Melanie, que são canja de galinha para nossas almas. Vocês estão constantemente abrindo nossos corações e reacendendo nossos espíritos. Nós os amamos muito!

Este livro levou quase dois anos, desde sua concepção até sua conclusão. Foi um trabalho de amor e valeu-se dos esforços conjuntos de muitas pessoas. Gostaríamos de agradecer especialmente a:

Patty Mitchell, que datilografou e redatilografou cada uma destas histórias no mínimo cinco vezes. Sua dedicação ao projeto incluiu muitos dias úteis até as 22h e inúmeros fins de semana. Obrigado, Patty! Não teríamos conseguido sem você.

Kim Wiele, pela datilografia e redatilografia monumental de muitas das histórias, realização de grande parte da pesquisa extensiva e coordenação de todo o trabalho, aparentemente interminável, para garantir permissão de direitos autorais das histórias que não escrevemos. Ela fez um ótimo trabalho. Obrigado, Kim.

Kate Driesen, que auxiliou na datilografia, leu e comentou cada história e ajudou em grande parte da pesquisa. Sempre presente quando precisávamos cumprir prazos. Obrigado.

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Wanda Pate, que contribuiu infinitamente auxiliando na datilografia e na pesquisa.

Cheryl Millikin, que cuidou o tempo todo do processamento e fluxo de materiais.

Lisa Williams, por cuidar dos negócios de Mark para que ele pudesse se dedicar a este livro.

Larry Price e Mark Powers, por cuidarem de tudo enquanto este livro estava sendo escrito.

Às centenas de pessoas que ouviram, leram e comentaram estas histórias, poemas e citações.

A todos os nossos amigos da National Speakers Association, que tão generosamente cederam seu próprio material para completar este livro. Gostaríamos de agradecer especialmente a Dottie Walters, pelo seu contínuo estímulo e apoio.

A Frank Siccone, amigo querido, que colaborou com várias de suas histórias e citações.

A Jeff Herman, por ser um agente literário tão inspirado e por ter acreditado no livro desde o início. Jeff, adoramos trabalhar com você.

A Peter Vegso, Gary Seidler e Barbara Nichols, da Health Communications, por captar o ideal do livro muito antes de qualquer outra pessoa. Apreciamos seu entusiástico apoio.

A Cindy Spitzer, que escreveu e editou várias das histórias mais importantes neste livro. Cindy, sua colaboração foi inestimável.

A Marie Stilkind, nossa editora na Health Communications, por seus eternos esforços em trazer este livro a seu estado de excelência.

A Bob Proctor, que colaborou com várias histórias e anedotas de seu volumoso arquivo de histórias de magistério. Obrigado, Bob. Você foi um grande amigo.

A Brandon Hall, que nos ajudou com duas histórias.

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Também gostaríamos de agradecer às seguintes pessoas por seu feedback muito valioso na primeira versão do livro: Ellen Angelis, Kim Angelis, Jacob Blass, Rick Canfield, Dan Drubin, Kathy Fellows, Patty Hansen, Norman Howe, Ann Husch, Tomas Nani, Dave Potter, Danielle Lee, Michele Martin, Georgia Noble, Lee Potts, Linda Price, Martin Rutte, Lou Tartaglia, Dottie Walters, Rebecca Weidekehr, Harold C. Wells.

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Sumário

Introdução ...................................................................................................... 10

1. SOBRE O AMOR ....................................................................................... 12

Amor: a única força criativa ......................................................... 13

Tudo de que me lembro ................................................................. 15

Canção do coração ........................................................................... 17

Verdadeiro amor .............................................................................. 19

O juiz dos abraços ............................................................................ 20

Isso pode acontecer aqui? ............................................................ 24

Quem você é faz a diferença.......................................................... 26

Uma de cada vez ............................................................................... 28

O presente .......................................................................................... 29

Um irmão como esse ....................................................................... 30

Sobre a coragem................................................................................ 32

Grande Ed ............................................................................................ 33

O amor e o taxista ............................................................................ 36

Um gesto simples ............................................................................. 39

O sorriso .............................................................................................. 41

Amy Graham ...................................................................................... 44

Uma história para o dia dos namorados ................................. 47

Carpe diem! ........................................................................................ 50

Conheço você, você é igualzinho a mim! ................................. 55

De outra maneira .............................................................................. 58

A mais nobre necessidade ............................................................. 62

Bopsy ..................................................................................................... 63

Cachorrinhos à venda .................................................................... 66

2. APRENDENDO A AMAR A SI PRÓPRIO .......................................... 68

O Buda de ouro ................................................................................. 69

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Comece consigo mesmo ................................................................ 71

Nada além da verdade! .................................................................. 72

Cobrindo todas as bases ................................................................ 73

Minha declaração de autoestima ............................................... 74

A mendiga ........................................................................................... 76

Reação / Aptidão............................................................................... 78

As regras para ser humano ........................................................... 80

3. SOBRE A PATERNIDADE ..................................................................... 82

Os filhos aprendem o que vivenciam ........................................ 83

Por que escolhi meu pai para ser meu papai ......................... 85

A escola dos animais ....................................................................... 92

Toque .................................................................................................... 94

Eu te amo, filho ................................................................................. 97

Por que você é tão importante quanto o que você faz ....... 100

Vida de mãe ........................................................................................ 101

A perfeita família americana ........................................................ 105

Simplesmente diga! ......................................................................... 109

Um legado de amor...............;.......................................................... 113

Paternidade......................................................................................... 115

4. SOBRE O APRENDIZADO ..................................................................... 116

Agora gosto de mim......................................................................... 117

Todas as coisas boas ....................................................................... 118

Você é uma maravilha .................................................................... 122 Tudo que eu realmente precisava saber

aprendi no jardim de infância ................................... 123

Aprendemos fazendo ..................................................................... 125

A mão .................................................................................................... 126

Os Cavaleiros Reais do Harlem ................................................... 127

O garotinho ........................................................................................ 132

Sou um professor ............................................................................. 135

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5. VIVA SEU SONHO ................................................................................... 138

Faça tornar realidade ..................................................................... 139

Acho que posso! ............................................................................... 141

Descanse em paz: o enterro do não-consigo ......................... 144

A história do 333 .............................................................................. 148

Não tem Vans ..................................................................................... 151

Peça, peça, peça ................................................................................. 155

Você j fez a terra se mover? ......................................................... 158

O adesivo de Tommy ...................................................................... 160

Se não pedir, você não consegue

– mas se pedir, consegue! ............................................. 165

A busca de Rick Little ..................................................................... 169

A magia de acreditar ....................................................................... 174

O livro de metas de Glenna ........................................................... 175

Mais um item assinalado na lista ............................................... 178

Preste atenção, benzinho, eu sou seu amor! .......................... 184

Disposto a pagar o preço ............................................................... 188

Todo mundo tem um sonho ......................................................... 191

Siga seu sonho ................................................................................... 194

A caixa ................................................................................................... 197

Encorajamento .................................................................................. 200

Walt Jones ........................................................................................... 201

Você é suficientemente forte para aguentar críticas? ....... 206

Arriscando .......................................................................................... 207

Experimente algo diferente .......................................................... 208

Serviço com um sorriso ................................................................. 210

6. VENCENDO OBSTÁCULOS ................................................................... 211

Obstáculos ........................................................................................... 212

Considere isto .................................................................................... 213

John Corcoran – O homem que não sabia ler ........................ 216

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Não tenha medo de falhar ............................................................. 220

Abraham Lincoln não desistiu ..................................................... 221

Lição de um filho .............................................................................. 223

Fracasso? Não! Só dificuldades temporárias ........................ 226

Para ser mais criativo, estou esperando ................................. 230

Todo mundo pode fazer alguma coisa ..................................... 234

Sim, você pode ................................................................................... 237

Corra, Patti, corra ............................................................................. 239

O poder da determinação .............................................................. 242

O Poder do Otimismo ..................................................................... 244

Fé............................................................................................................. 249

Ela salvou 219 vidas ....................................................................... 251

Você vai me ajudar? ........................................................................ 254

Só mais uma vez ............................................................................... 257

Há grandeza ao seu redor – aproveite-a ................................. 259

7. SABEDORIA ECLÉTICA ......................................................................... 261

Negócio fechado! .............................................................................. 262

Tire um momento para realmente ver .................................... 264

Se eu pudesse reviver minha vida ............................................. 268

Dois monges ....................................................................................... 270

Sachi ...................................................................................................... 271

O presente do golfinho ................................................................... 272

O toque da mão do mestre ............................................................ 274

Mais canja de galinha? ............................................................................... 276

Quem é Jack Canfield? ................................................................................ 278

Quem é Mark Victor Hansen? ................................................................. 280

Contribuições ................................................................................................ 282

Agradecimentos (continuação) ............................................................. 297

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Introdução

Sabemos tudo de que precisamos para acabar com o sofrimento emocional desnecessário que muitas pessoas experimentam atualmente. Autoestima elevada e eficácia pessoal são acessíveis a qualquer um que queira dedicar seu tempo a essa busca.

•É difícil traduzir o espírito de uma situação real para o mundo das palavras. Histórias que contamos todos os dias tiveram que ser reescritas cinco vezes para que, impressas, tivessem o mesmo efeito que ao vivo. Quando estiver lendo estas histórias, por favor esqueça tudo o que sempre aprendeu em suas aulas de leitura dinâmica. Diminua o ritmo. Ouça o que diz o seu coração, tanto quanto a sua mente. Saboreie cada história. Deixe que o toquem. Pergunte-se: O que esta história desperta em mim? O que sugere para minha vida? Que sentimento ou atitude evoca em meu ser interior? Permita-se uma relação pessoal com cada história.

Algumas histórias falarão mais alto a você do que a outras pessoas. Algumas terão um significado mais profundo. Algumas te farão chorar. Algumas te farão rir. Algumas te encherão de um sentimento de ternura. Algumas talvez te sirvam como uma luva. Não há uma reação correta. Há apenas a sua reação. Deixe-a acontecer e deixe-a existir. Não leia este livro correndo. Não se apresse. Desfrute-o. Saboreie-o. Entregue-se a ele com todo o seu ser. Ele representa centenas de horas selecionando o melhor do melhor dos quarenta anos de nossas experiências combinadas.

Uma última observação: ler um livro como este é um pouco como se sentar para uma refeição com todos os tipos de sobremesas. Talvez seja rica demais. Uma refeição sem legumes, salada ou pão. E só essência, com muito pouca frivolidade.

Em nossos seminários e workshops, reservamos mais tempo para estabelecer e discutir as implicações de cada história. Há mais explicações e investigações sobre como aplicar as lições e princípios a sua vida cotidiana. Não leia as histórias superficialmente. Leve o tempo que for necessário para digeri-las e assimilá-las.

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Se você se sentir inclinado a compartilhar uma história com outras pessoas, faça-o. Quando uma história o fizer pensar em outra pessoa, ligue para a pessoa que veio à sua mente e conte isso a ela. Envolva-se com essas histórias e deixe que elas o levem a fazer o que quer que lhe ocorra. Seu objetivo é inspirá-lo e motivá-lo.

Em muitas destas histórias, fomos até as fontes originais e lhes pedimos que as escrevessem ou contassem com suas próprias palavras. Muitas histórias foram contadas com suas próprias palavras, e não com as nossas. Sempre que possível, todas as histórias foram atribuídas às fontes originais. Para todos os companheiros oradores e educadores, incluímos no final do livro uma seção de colaboradores na qual listamos seus nomes, endereços e telefones para que você possa entrar em contato com eles, se desejar. Esperamos que você goste de ler este livro tanto quanto nós gostamos de escrevê-lo.

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SOBRE O AMOR

Um dia virá em que, depois de utilizar espaço, ventos, marés e gravidade, deveremos utilizar para Deus as energias do amor. E nesse dia, pela segunda vez na história do mundo, teremos descoberto o fogo.

Teilhard de Chardin

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Amor: a única força criativa

Espalhe o amor por onde você for: antes de tudo, em sua própria casa. Dê amor a seus filhos, sua esposa ou seu marido, a um vizinho próximo... Não permita jamais que alguém se aproxime de você sem viver melhor e mais feliz. A expressão viva da bondade de Deus; bondade em seu rosto, bondade em seus olhos, bondade em seu sorriso, bondade em sua terna saudação.

Madre Teresa

Um professor universitário levou seus alunos de sociologia às favelas de Baltimore para estudar as histórias de duzentos garotos. Pediu a eles que redigissem uma avaliação sobre o futuro de cada menino. Em todos os casos, os estudantes escreveram: Ele não tem chance alguma. Vinte e cinco anos mais tarde, outro professor de sociologia deparou-se com o estudo anterior. Pediu aos seus alunos que acompanhassem o projeto, a fim de ver o que havia acontecido com esses garotos. Com exceção de vinte deles, que haviam se mudado ou morrido, os estudantes descobriram que 176 dos 180 restantes haviam alcançado uma posição mais bem-sucedida do que a comum, como advogados, médicos e homens de negócios.

O professor ficou estarrecido e resolveu continuar o estudo. Felizmente, todos os homens continuavam na mesma área, e ele pôde perguntar a cada um: A que você atribui o seu sucesso? Em todos os casos, a resposta veio com sentimento Havia uma professora.

A professora ainda estava viva; portanto, ele a procurou, perguntando à senhora idosa, embora ainda ativa, que fórmula mágica havia usado para resgatar esses garotos das favelas para um mundo das conquistas bem-sucedidas.

Os olhos da professora faiscaram e seus lábios se abriram num delicado sorriso.

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– É realmente muito simples – disse ela. – Eu amava aqueles garotos.

Eric Butterworth

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Tudo que me lembro

Quando falava comigo, meu pai sempre começava a conversa com Eu já lhe disse hoje o quanto te adoro? A expressão de amor era recíproca e, em seus últimos anos, conforme sua vida começou visivelmente a fluir, nos aproximamos ainda mais... como se isso fosse possível.

Aos 82 anos ele estava preparado para morrer, e eu, para deixá-lo ir, para que seu sofrimento terminasse. Nós rimos e choramos, nos demos as mãos, dissemos um ao outro que nos amávamos e concordamos que era hora. Eu disse:

– Papai, depois que você se for, quero um sinal de que você está bem.

Ele riu, diante do absurdo daquilo; papai não acreditava em reencarnação. Tampouco eu tinha certeza se acreditava, mas havia tido muitas experiências que haviam me convencido de que poderia receber algum sinal do outro lado.

Meu pai e eu éramos tão profundamente unidos que senti seu ataque cardíaco em meu peito no momento em que ele morreu. Mais tarde, lamentei que o hospital, em sua sabedoria estéril, não me tivesse deixado segurar a mão dele enquanto ele se ia.

Dia após dia eu rezava por ter notícias dele, mas nada acontecia. Noite após noite eu pedia um sonho antes de dormir. Mas, mesmo assim, quatro longos meses se passaram, sem que eu ouvisse ou sentisse algo que não fosse pesar pela sua perda. Mamãe morrera cinco anos antes do mal de Alzheimer, e, apesar de já ter criado as minhas próprias filhas, eu me sentia como uma criança perdida.

Um dia, enquanto estava deitada numa mesa de massagem, numa sala escura e tranquila, aguardando meu horário, fui envolvida por uma onda de saudade de meu pai. Comecei a me perguntar se fora exigente demais em lhe pedir um sinal. Notei que minha mente estava num estado de hipersensibilidade. Experimentei uma estranha lucidez na qual seria capaz de calcular de cabeça a soma de várias colunas de números. Verifiquei para ter certeza de que estava acordada, e não

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sonhando, e percebi que estava o mais longe possível de um estado de sonho. Cada pensamento que eu tinha era como um pingo d'água perturbando a tranquilidade de um lago tranquilo, e fiquei maravilhada diante da paz de cada momento que passava. Então pensei: Tenho tentado controlar as mensagens do outro lado; vou parar com isso agora.

De repente, o rosto de minha mãe apareceu – minha mãe, como era antes que a doença de Alzheimer a tivesse despojado de sua razão, de sua humanidade e de trinta quilos. Seu magnífico cabelo prateado coroava seu rosto doce. Ela estava tão próxima e tão real, que, aparentemente, eu poderia estender o braço e tocá-la. Ela se parecia com o que havia sido há doze anos, antes do início da deterioração. Eu sentia até a fragrância de Joy, seu perfume favorito. Ela parecia estar esperando, e não falava. Eu me perguntava como minha mãe poderia aparecer se eu estava pensando em meu pai e me senti um pouco culpada por não ter perguntado por ela também.

Eu disse:

– Oh, mãe, sinto tanto que você tenha precisado sofrer com aquela doença horrível.

Ela inclinou a cabeça levemente para um lado, como que para se mostrar grata pelo que eu havia dito sobre seu sofrimento. Depois, sorriu – um belo sorriso – e disse muito nitidamente:

– Mas eu só me lembro do amor.

E desapareceu.

Comecei a tremer e a sala subitamente ficou fria; senti na alma que o amor que damos e recebemos é tudo o que importa e tudo o que é lembrado. O sofrimento desaparece; o amor permanece.

As palavras dela são as mais importantes que eu já ouvi, e aquele momento ficará para sempre gravado em meu coração.

Ainda não vi ou ouvi sobre o meu pai, mas não tenho dúvidas de que algum dia, quando eu menos esperar, ele vai aparecer e dizer Eu já lhe disse hoje o quanto te adoro?

Bobbie Probstein

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Canção do coração

Era uma vez um homenzarrão que se casou com a mulher dos seus sonhos. De seu amor, nasceu uma garotinha. Ela era uma garotinha talentosa e alegre e o homenzarrão a amava muito.

Quando ela era bem pequena, ele a pegava no colo, cantarolava uma melodia, dançava com ela pela sala e lhe dizia:

-Amo você, garotinha.

Enquanto a garotinha crescia, o homenzarrão a abraçava e lhe dizia:

– Amo você, garotinha.

A garotinha fazia beicinho e dizia:

– Não sou mais uma garotinha.

O homenzarrão ria e dizia:

– Mas para mim você ser sempre a minha garotinha.

A garotinha-que-não-era-mais-garotinha deixou sua casa e saiu pelo mundo. À medida que aprendia mais sobre si mesma, aprendia mais sobre aquele homem. Viu que ele era verdadeiramente grande e forte, porque agora reconhecia seus poderes. Um de seus poderes era sua capacidade de expressar seu amor pela família. Não importava para que lugar do mundo ela fosse, ele ligava para ela e dizia:

– Amo você, garotinha.

Veio o dia em que a garotinha-que-não-era-mais-garotinha recebeu um telefonema. O homenzarrão estava doente.

Ele havia sofrido um derrame. Estava afásico, explicaram à garota. Não podia mais falar e não se tinha certeza de que podia entender o que lhe diziam. Não podia mais sorrir, rir, andar, abraçar, dançar ou dizer à garotinha que-não-era-mais-garotinha que a amava.

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Então, ela foi para junto do homenzarrão. Quando entrou no quarto e o viu, ele parecia pequeno e nada forte. Ele a olhou e tentou falar, mas não podia.

A garotinha fez a única coisa que podia fazer. Subiu na cama, ao lado do homenzarrão. Lágrimas escorreram dos olhos de ambos e ela passou os braços em torno dos ombros inertes do pai.

Com a cabeça em seu peito, ela pensou muitas coisas. Lembrou-se dos maravilhosos momentos que haviam passado juntos e de como ela sempre se sentira protegida e acarinhada pelo homenzarrão. Sentiu pesar pela perda que teria que suportar, das palavras de amor que a haviam confortado.

Então, ela ouviu as batidas que vinham de dentro do coração do homem. Um coração onde a música e as palavras sempre haviam vivido. O coração batia, sem se preocupar com os danos sofridos pelo resto do corpo. E, enquanto ela estava ali, a mágica continuava. E ela ouviu o que precisava ouvir.

O coração dele batia as palavras que seus lábios não podiam mais dizer...

Amo você Amo você Amo você Garotinha Garotinha Garotinha

E ela se sentiu confortada.

Patty Hansen

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Verdadeiro amor

Moses Mendelssohn, o avô do famoso compositor alemão, estava longe de ser um homem bonito. Além da pequena estatura, possuía uma grotesca corcunda.

Certo dia, visitou um comerciante em Hamburgo, que tinha uma adorável filha chamada Frumtje. Moses se apaixonou perdidamente por ela. Mas Frumtje sentiu repulsa por sua aparência disforme.

Quando chegou a hora de sua partida, Moses reuniu coragem e subiu os degraus até o quarto dela, a fim de ter uma última oportunidade de lhe falar. Ela era de uma beleza celestial, mas sua recusa em olhar para ele lhe causou profunda tristeza. Depois de tentar várias vezes conversar com ela, Moses perguntou timidamente:

– Você acredita que os casamentos são feitos no céu?

– Sim – respondeu ela, ainda olhando para o chão. – E você?

– Sim, acredito – replicou ele. – Sabe, no céu, quando nasce um menino, Deus anuncia a menina que ele irá desposar. Quando nasci, minha futura noiva me foi apontada. Então, Deus acrescentou: Mas sua esposa será corcunda. Aí, eu gritei: Oh, Deus; uma mulher corcunda seria uma tragédia! Por favor, Senhor, dê-me a corcunda e deixe-a ser bela.

Então, Frumtje olhou bem dentro dos seus olhos e se comoveu com alguma profunda lembrança. Ela estendeu sua mão a Mendelssohn e, mais tarde, se tornou sua devotada esposa.

Barry e Joyce Vissell

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O juiz dos abraços

Não me aborreça! Abrace-me!

Bumper Sticker

Lee Shapiro é um juiz aposentado. É também uma das pessoas mais genuinamente amorosas que conhecemos. A certa altura de sua carreira, Lee percebeu que o amor é o maior poder que existe. Consequentemente, Lee se transformou no homem dos abraços. Começou a oferecer a todo mundo um abraço. Seus colegas o apelidaram de o juiz dos abraços (em oposição a juiz dos enforcamentos, supomos). O adesivo do seu carro diz: Não me bata! Abrace-me!

Há cerca de seis anos, Lee criou o que ele chama de kit-abraço. Do lado de fora lê-se: Um coração por um abraço. Dentro, há trinta coraçõezinhos vermelhos bordados, com alfinetes atrás. Lee sai com seu kit-abraço, encontra as pessoas e oferece-lhes um coraçãozinho em troca de um abraço.

Lee tornou-se tão conhecido por isso que frequentemente é convidado para apresentar conferências e convenções, onde compartilha sua mensagem de amor incondicional.

Numa conferência em São Francisco, a imprensa local o desafiou dizendo: É fácil sair distribuindo abraços aqui na conferência, a pessoas que resolveram vir por vontade própria. Isso nunca funcionaria no mundo real. Eles desafiaram Lee a distribuir alguns abraços pelas ruas de São Francisco. Seguido por uma equipe de televisão do noticiário local, Lee saiu às ruas. Primeiro, se aproximou de uma mulher que passava.

– Oi, sou Lee Shapiro, o juiz dos abraços. Estou doando estes corações em troca de um abraço.

– Claro – respondeu ela.

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– Fácil demais – provocou o comentarista local.

Lee olhou à sua volta. Viu uma guarda de trânsito que estava enfrentando problemas com o dono de uma BMW a quem estava entregando uma multa. Aproximou-se dela, a equipe de televisão junto com ele, e disse:

– Parece-me que um abraço poderia lhe ser útil. Sou o juiz dos abraços e estou lhe oferecendo um.

Ela aceitou.

O comentarista de televisão lançou um último desafio.

– Veja, aí vem um ônibus. Os motoristas de ônibus de São Francisco são as pessoas mais rudes, rabugentas e intratáveis de toda a cidade. Vamos ver se você consegue um abraço dele.

Lee aceitou o desafio.

Quando o ônibus parou, Lee disse:

– Oi, sou Lee Shapiro, o juiz dos abraços. Seu trabalho deve ser um dos mais estressantes do mundo. Hoje, estou oferecendo abraços às pessoas para aliviar um pouco sua carga. Gostaria de um?

O homenzarrão de dois metros e mais de cem quilos levantou do banco, desceu do ônibus e disse:

– Por que não?

Lee o abraçou, deu-lhe um coração e acenou quando o ônibus partiu. A equipe de TV estava sem fala. Finalmente, o comentarista disse:

– Tenho que admitir, estou muito impressionado.

Um dia, Nancy Johnston, amiga de Lee, bateu em sua porta. Nancy é palhaça profissional e estava usando sua fantasia, maquiagem e tudo o mais.

– Lee, pegue um punhado de seus kit-abraço e vamos a um lar de deficientes.

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Quando chegaram ao lar, começaram a distribuir chapéus com balões, corações e abraços aos pacientes. Lee sentia-se desconfortável. Nunca havia abraçado pacientes terminais, pessoas gravemente retardadas ou quadriplégicas. Foi definitivamente um esforço. Mas, depois de um certo tempo, ficou mais fácil, e Nancy e Lee conquistaram uma comitiva de médicos, enfermeiros e serventes que os seguiram de ala em ala.

Depois de algumas horas, eles entraram na última ala. Eram os 34 piores casos que Lee jamais vira em sua vida. O sentimento era tão cruel que partiu seu coração. Mas, cumprindo seu compromisso de compartilhar seu amor com os outros, Nancy e Lee começaram a passear pela sala, seguidos pela comitiva de médicos que, a essa altura, já traziam corações nos colarinhos e chapéus feitos de balões na cabeça.

Finalmente, Lee chegou à última pessoa, Leonard. Leonard usava um enorme babador branco sobre o qual babava. Lee olhou para Leonard, que babava, e disse:

– Vamos embora, Nancy, não há como encarar esse aqui.

Nancy replicou:

– Vamos lá, Lee. Ele também é um ser humano, não é?

Então, ela colocou-lhe um engraçado chapéu de balões na cabeça. Lee pegou um de seus coraçõezinhos vermelhos e prendeu-o no babador de Leonard. Respirou fundo, inclinou-se e o abraçou.

De repente, Leonard começou a gritar:

– Eeeeeeh! Eeeeeeh!

Alguns dos outros pacientes na sala começaram a bater coisas. Lee voltou-se para a equipe esperando alguma explicação e apenas viu que todos os médicos, enfermeiros e serventes estavam chorando. Lee perguntou à enfermeira chefe:

– O que é que há?

Ele nunca poder esquecer o que ela disse:

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– Esta é a primeira vez em 23 anos que vemos Leonard sorrir.

Como é simples ser importante na vida dos outros.

Jack Canfield e Mark V. Hansen

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Isso pode acontecer aqui?

Precisamos de quatro abraços por dia para sobreviver. Precisamos de oito abraços por dia para nos manter. Precisamos de doze abraços por dia para crescer.

Virginia Satir Sempre ensinamos às pessoas a abraçarem umas às outras em

nossos workshops e seminários. Muitas pessoas respondem dizendo:

– Você nunca conseguiria abraçar as pessoas com quem eu trabalho.

– Tem certeza?

Aqui está a carta de uma aluna diplomada em nossos seminários.

Caro Jack,

Comecei este dia bem triste.

Minha amiga Rosalind parou para me perguntar se eu ia distribuir abraços. Eu apenas resmunguei alguma coisa, porém, durante a semana, comecei a pensar sobre abraços e tudo o mais. Eu olhava para o papel que você nos deu sobre Como Manter o Seminário Vivo e me encolhia quando chegava à parte sobre abraçar e ser abraçado, porque não conseguia me imaginar abraçando as pessoas no trabalho.

Bem, decidi fazer desse dia o dia do abraço e comecei a abraçar os clientes que se aproximavam do meu balcão. Foi incrível ver como as pessoas simplesmente ganharam brilho... Um aluno do MBA saltou sobre o balcão e começou a dançar. Algumas pessoas chegaram a voltar e pedir mais. Aqueles dois mecânicos que consertam a máquina de xerox, e que estavam apenas caminhando lado a lado, sem falar um com o outro, ficaram tão surpresos que simplesmente acordaram e de repente estavam conversando e rindo pelo saguão.

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Parece que eu abracei todo mundo na Wharton Business School e seja lá o que estivesse errado comigo esta manhã, incluindo um pouco de dor, tudo passou. Desculpe-me por escrever uma carta tão longa, mas é que simplesmente estou muito animada. O melhor foi que, a certa altura, havia cerca de 10 pessoas abraçando umas às outras bem em frente ao meu balcão. Eu não podia acreditar que isto estivesse acontecendo.

Com amor, Pamela Rogers.

P.S. A caminho de casa, abracei um policial na Rua 37.

Ele disse: Uau! Policiais nunca são abraçados. Tem certeza de que não quer atirar alguma coisa em mim?

Outro de nossos alunos enviou-nos o seguinte trecho sobre abraços:

Abraçar é

Abraçar é saudável. Ajuda o sistema imunológico, mantém você mais saudável, cura a depressão, reduz o estresse, induz o sono, é revigorante, rejuvenesce, não tem efeitos colaterais indesejáveis, e é nada menos do que um remédio milagroso.

Abraçar é totalmente natural. Orgânico, naturalmente doce, não contém aditivos químicos, não contém conservantes, não contém ingredientes artificiais e é cem por cento integral.

Abraçar é praticamente perfeito. Sem baterias que descarregam, à prova de inflação, não engorda, sem pagamentos mensais, à prova de roubo e não tributáveis.

Abraçar é um recurso subutilizado com poderes mágicos. Quando abrimos nossos corações e braços, incentivamos as pessoas a fazerem o mesmo.

Pense nas pessoas em sua vida. Existem algumas palavras que você gostaria de dizer? Há algum abraço que você quer compartilhar? Você está esperando e esperando que alguém pergunte em primeiro lugar? Por favor, não espere! Inicie!

Charles Faraone e Jack Canfield

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Quem você é faz a diferença

Uma professora de Nova York decidiu homenagear seus alunos do último ano do colegial, dizendo a cada um deles a sua importância. Usando um processo desenvolvido por Helice Bridges, de Del Mar, Califórnia, ela chamou todos os alunos em frente à classe, um de cada vez. Primeiro, disse a eles como eram importantes para ela e para a classe. Então presenteou cada um deles com um laço azul com uma frase impressa em letras douradas: Quem você é faz a diferença

Depois, a professora resolveu desenvolver um trabalho com a classe para ver que tipo de impacto o reconhecimento teria sobre uma comunidade. Deu a cada aluno mais três laços e os instruiu para que saíssem e disseminassem a cerimônia de reconhecimento. Em seguida, eles deveriam acompanhar os resultados, ver quem homenageara quem e relatar à classe dentro de cerca de uma semana.

Um dos garotos foi até um executivo júnior de uma empresa próxima e o condecorou por ajudá-lo no planejamento de sua carreira. Deu-lhe um laço azul e prendeu-o em sua camisa. Então, deu-lhe dois outros laços, e disse:

– Estamos fazendo um trabalho para a escola sobre reconhecimento, e gostaríamos que você procurasse alguém para homenagear, que o presenteasse com um laço azul, e então lhe desse o outro laço para que ele possa homenagear uma terceira pessoa, disseminando esta cerimônia de reconhecimento. Em seguida, por favor, procure-me novamente e conte-me o que aconteceu.

Mais tarde naquele dia, o executivo júnior procurou seu chefe, que, por falar nisso, era tido até então como um cara rabugento. Pediu ao chefe que se sentasse e lhe disse que o admirava profundamente por ser um gênio criativo. O chefe pareceu muito surpreso. O executivo júnior perguntou-lhe se ele aceitaria o laço azul como presente e se permitiria que ele o colocasse. Seu chefe, surpreso, disse:

– Bem, certamente.

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O executivo júnior pegou o laço azul e colocou-o no paletó do chefe bem acima do coração. Ao dar ao chefe o último laço, disse:

– O senhor me faria um favor? Receberia este outro laço e o passaria adiante homenageando uma outra pessoa? O garoto que me deu os laços está fazendo um trabalho para a escola e queremos que esta cerimônia de reconhecimento prossiga, para descobrir como ela influencia as pessoas.

Naquela noite, ao chegar em casa, o chefe procurou seu filho de quatorze anos e pediu que se sentasse. Ele disse:

– Hoje me aconteceu a coisa mais incrível. Estava em meu escritório e um dos executivos juniores entrou, disse que me admirava e me deu este laço azul por me considerar um gênio criativo. Imagine. Ele acha que eu sou um gênio criativo. Então, ele prendeu esse laço azul que diz Quem você é faz a diferença no meu paletó, bem sobre o meu coração. Deu-me um outro laço e pediu-me que homenageasse uma outra pessoa. Esta noite, voltando para casa, comecei a pensar em quem homenagearia com esse laço e pensei em você. Quero homenagear você.

Meus dias são muito tumultuados e, quando chego em casa, não lhe dou muita atenção. Às vezes grito com você por não tirar boas notas na escola e seu quarto estar uma bagunça, mas, de qualquer forma, esta noite eu gostaria apenas de me sentar aqui e, bem, dizer-lhe que você é importante para mim. Além de sua mãe, você é a pessoa mais importante na minha vida. Você é um grande garoto e eu amo você!

O sobressaltado garoto começou a soluçar, e não conseguia parar de chorar. Todo o seu corpo tremia. Ele olhou para o pai e disse através das lágrimas:

– Papai, eu planejava cometer suicídio amanhã, porque achava que você não me amava. Agora, não preciso mais.

Helice Bridges

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Uma de cada vez

Um de nossos amigos estava caminhando ao por do sol em uma praia deserta mexicana. À medida que caminhava, começou a avistar outro homem à distância. Ao se aproximar do nativo, notou que ele se inclinava, apanhando algo e atirando na água. Repetidamente, continuava jogando coisas no mar.

Ao se aproximar ainda mais, nosso amigo notou que o homem estava apanhando estrelas-do-mar que haviam sido levadas para a praia e, uma de cada vez, as estava lançando de volta à água.

Nosso antigo ficou intrigado. Aproximou-se do homem e disse:

– Boa tarde, amigo. Estava tentando adivinhar o que você está fazendo.

– Estou devolvendo estas estrelas-do-mar ao oceano. Você sabe, a maré está baixa e todas essas estrelas-do-mar foram trazidas para a praia. Se eu não as lançar de volta ao mar, elas morrerão por falta de oxigênio.

– Entendo – respondeu meu amigo, mas deve haver milhares de estrelas-do-mar nesta praia. Provavelmente você não ser capaz de apanhar todas elas. E que são muitas, simplesmente. Você percebe que provavelmente isso está acontecendo em centenas de praias acima e abaixo desta costa? Vê que não fará diferença alguma?

O nativo sorriu, curvou-se, apanhou uma outra estrela-do-mar e, ao arremessá-la de volta ao mar, replicou:

– Fez uma diferença para aquela.

Jack Canfield e Mark V. Hansen

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O presente

Bennet Cerf relata esta tocante história sobre um ônibus que sacudia ao longo de uma estrada vicinal no sul.

Num dos assentos, um delicado senhor de idade segurava um buquê de flores frescas. Do outro lado do corredor havia uma menina cujos olhos se voltavam insistentemente para as flores do homem. Chegou o momento de o senhor saltar. Impulsivamente ele jogou as flores no colo da garota.

– Posso ver que você ama as flores – explicou ele – e acho que minha esposa gostaria que fossem suas. Direi a ela que as dei a você.

A garota aceitou as flores e ficou olhando o senhor saltar do ônibus e atravessar o portão de um pequeno cemitério.

Jack Canfield and Mark V. Hansen

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Um irmão como esse

Um amigo meu chamado Paul ganhou um automóvel de presente de seu irmão no Natal. Na noite de Natal, quando Paul saiu de seu escritório, um menino de rua estava andando em volta do reluzente carro novo, admirando-o.

– Este carro é seu, senhor? – ele perguntou.

Paul assentiu.

– Meu irmão me deu de Natal.

O garoto ficou boquiaberto.

– Quer dizer que foi um presente de seu irmão e não lhe custou nada? Rapaz, quem me dera... – hesitou ele.

Claro que Paul sabia o que ele ia desejar. Ele ia desejar ter um irmão como aquele. Mas o que o garoto disse chocou Paul tão completamente que o desarmou.

– Quem me dera – continuou o garoto – ser um irmão como esse.

Paul olhou o garoto com espanto, e então, impulsivamente, acrescentou:

– Você gostaria de dar uma volta no meu carro?

– Oh, sim, eu adoraria.

Depois de uma voltinha, o garoto virou-se e, com os olhos incandescentes, disse:

– O senhor se importaria de passar em frente à minha casa?

Paul deu um leve sorriso. Pensou que soubesse o que o rapaz queria. Ele queria mostrar aos vizinhos que podia chegar em casa num carrão. Mas Paul estava novamente enganado.

– Pode parar em frente àqueles dois degraus? – perguntou o garoto.

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Ele subiu correndo os degraus. Então, passados alguns momentos, Paul ouviu-o retornar, mas ele não vinha depressa. Carregava seu irmãozinho paralítico. Sentou-o no degrau inferior e depois como que o abraçou fortemente e apontou o carro.

– Aí está ele, amigão, exatamente como eu te contei lá em cima. O irmão deu o carro a ele de presente de Natal e não lhe custou um centavo. E algum dia eu vou te dar um igualzinho... então você poderá ver com seus próprios olhos, nas vitrines de Natal, todas as coisas bonitas sobre as quais eu venho tentando te contar.

Paul saiu do carro e colocou o rapaz no banco da frente. O irmão mais velho, com os olhos brilhando, entrou atrás dele e os três deram uma volta comemorativa.

Naquela noite de Natal, Paul aprendeu o que Jesus queria dizer quando mencionava:

Mais afortunados os que dão...

Dan Clark

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Sobre a coragem

– Então, você me acha corajosa? – ela perguntou.

– Sim, eu acho.

– Talvez eu seja. Mas, isso é porque eu tive alguns bons professores. Vou te contar sobre um deles. Há muitos anos, quando trabalhava como voluntária no Hospital Stanford, conheci uma garotinha chamada Liza que sofria de uma doença grave e rara. Aparentemente, sua única chance de recuperação era uma transfusão de sangue de seu irmão de cinco anos, que sobrevivera milagrosamente à mesma doença e desenvolvera os anticorpos necessários para combater o mal. O médico explicou a situação ao irmãozinho dela e perguntou ao menino se ele doaria seu sangue à irmã. Vi-o hesitar por apenas um momento antes de respirar profundamente e dizer:

– Sim, eu o farei, se for para salvar Liza.

À medida que a transfusão transcorria, ele estava deitado num leito vizinho ao de sua irmã e sorria, como todos nós, ao ver a cor retornar às maçãs de seu rosto. Depois, o rosto dele ficou pálido e seu sorriso se apagou. Ele olhou para o médico e perguntou numa voz trêmula:

– Vou começar a morrer já?

Dan Millman

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Grande Ed

Quando cheguei à cidade para apresentar um seminário sobre Gerência Obstinada, um pequeno grupo me levou para jantar, a fim de me instruir sobre as pessoas a quem eu falaria no dia seguinte.

O líder óbvio do grupo era o Grande Ed, um homenzarrão corpulento, de voz grave e retumbante. Durante o jantar, ele me informou que trabalhava como intermediário numa grande organização internacional. Seu trabalho consistia em ir a determinadas divisões ou subsidiárias para rescindir o contrato do executivo encarregado.

– Joe – disse ele – estou realmente ansioso por amanhã, porque todos precisam ouvir um cara firme como você. Eles vão ver que o meu estilo é o certo – sorriu largamente e deu uma piscadela.

Eu sorri. Sabia que o dia seguinte seria diferente do que ele estava prevendo.

No dia seguinte, ele sentou-se impassivelmente durante todo o seminário e, ao final, saiu sem me dizer nada.

Três anos depois, voltei àquela cidade para apresentar outro seminário gerencial para aproximadamente o mesmo grupo. O grande Ed estava lá de novo. De repente, por volta das dez horas, ele se levantou e perguntou em voz alta:

– Joe, posso dizer algo para estas pessoas?

Eu sorri e disse:

– Claro. Quando alguém é grande como você, Ed, pode dizer o que quiser.

O grande Ed prosseguiu dizendo:

– Todos vocês me conhecem e alguns sabem o que aconteceu comigo. No entanto, quero partilhar isso com todos vocês. Joe, acho que você vai gostar.

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Quando ouvi você sugerir a cada um de nós que, para nos tornarmos realmente firmes, deveríamos aprender a dizer aqueles que nos são caros que realmente os amamos, pensei que tudo aquilo não passasse de sentimentalismo barato. Tentei imaginar o que aquilo tinha a ver com ser firme. Você tinha dito que a firmeza é como o couro, e a dureza é como o granito; que a mente firme é aberta, flexível, disciplinada e tenaz. Mas eu não conseguia entender o que o amor tinha a ver com isso.

Naquela noite, quando me sentei diante de minha esposa na sala de estar, suas palavras ainda estavam me atormentando. Que tipo de coragem seria preciso para dizer à minha esposa que eu a amava? Ser que qualquer pessoa não seria capaz de fazê-lo? Você também havia dito que isso deveria ser feito à luz do dia, e não no quarto. Deparei comigo mesmo limpando a garganta, e começando, e parando. Minha esposa olhou para cima e me perguntou o que eu havia dito, e eu respondi, Ah, nada. Então, de repente, levantei-me, atravessei a sala, empurrei o jornal dela nervosamente para o lado e disse: Alice, eu te amo. Por um minuto ela pareceu sobressaltada. Então, lágrimas afloraram aos seus olhos e ela disse suavemente: Ed, eu também te amo, mas esta é a primeira vez em vinte e cinco anos que você disse isso dessa forma.

Conversamos durante algum tempo sobre como o amor, quando há bastante, é capaz de dissolver todo tipo de tensões e, de repente, decidi, no entusiasmo do momento, ligar para meu filho mais velho em Nova York. Nunca nos demos muito bem. Quando ouvi sua voz ao telefone, falei de supetão: Filho, você pode pensar que estou bêbado, mas não estou. Apenas pensei em te telefonar e dizer que eu te amo.

Houve uma pausa do outro lado da linha, e então eu o ouvi dizer baixinho: Papai, acho que eu já sabia, mas, com certeza, é muito bom ouvir. Quero que saiba que também te amo. Tivemos um bom papo e então liguei para meu filho mais novo em São Francisco. Sempre fomos mais chegados. Eu disse o mesmo a ele, e isso também proporcionou uma conversa realmente agradável, como nunca havíamos tido de fato.

Ao me deitar naquela noite, pensando, percebi que tudo o que você havia falado – detalhes operacionais da verdadeira gerência – adquiriram um novo significado, e eu consegui perceber como aplicá-

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los se realmente entendesse e praticasse o amor obstinado. Comecei a ler livros sobre o assunto. Com certeza, Joe, várias personalidades têm muito a dizer, e comecei a perceber a enorme praticidade de aplicar o amor à minha vida, tanto em casa quanto no trabalho.

Como alguns de vocês aqui sabem, eu realmente mudei minha forma de trabalhar com as pessoas. Comecei a prestar mais atenção e a ouvir de verdade. Aprendi o que é tentar conhecer os pontos fortes das pessoas, em vez de insistir em seus pontos fracos.

Comecei a descobrir o verdadeiro prazer de ajudar a desenvolver sua confiança. Talvez o mais importante de tudo foi eu ter começado a entender, de verdade, que uma forma excelente de demonstrar amor e respeito pelas pessoas é esperar que utilizem seus pontos fortes para alcançar os objetivos que definimos juntos.

Joe, esta é minha forma de dizer Obrigado! E, coincidentemente, vamos falar do aspecto prático! Agora sou vice-presidente da empresa e as pessoas me chamam de líder fundamental. Ok, pessoal, agora ouçam esse cara!

Joe Batten

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O amor e o taxista

Outro dia, estava em Nova York, e tomei um táxi com um amigo. Quando descemos, meu amigo disse ao motorista:

– Obrigado pela condução. Você dirigiu muito bem.

O motorista do táxi ficou atordoado por um segundo. Então disse:

– Você é algum engraçadinho?

– Não, meu caro, e não estou caçoando de você. Admiro a forma como você se mantém calmo no trânsito pesado.

– Sim – disse o motorista, e partiu.

– O que significou tudo isso? – perguntei.

– Estou tentando trazer o amor de volta a Nova York – disse ele – Acho que é a única coisa que pode salvar a cidade.

– Como um homem só pode salvar a cidade?

– Não sou um homem só. Acho que ganhei o dia para aquele motorista de táxi. Suponha que ele tenha vinte passageiros. Ele será gentil com esses vinte passageiros porque alguém foi gentil com ele. Por sua vez, esses passageiros serão gentis com seus empregados ou gerentes ou garçons ou até com sua próprias famílias. Finalmente, o bom humor poderia se espalhar para até mil pessoas. Agora não está nada mal, não é?

– Mas você depende de que aquele motorista de táxi passe o seu bom humor aos outros.

– Não dependo – disse meu amigo. – Estou consciente de que o sistema não é infalível, e assim farei o mesmo com dez pessoas diferentes hoje. Se entre estas dez eu puder fazer três felizes, ao final posso influenciar indiretamente as atitudes de mais 3.000.

– Essa teoria soa bem – admiti, mas não tenho certeza de que funcione na prática.

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– Não perderei coisa alguma se não funcionar. Não gastei meu tempo dizendo àquele homem que ele dirigiu bem. Ele não recebeu uma gorjeta maior nem menor. Se entrar por um ouvido e sair pelo outro, e daí? Amanhã haverá um outro motorista de táxi que eu possa tentar fazer feliz.

– Você é maluco – eu disse.

– Isso demonstra o quanto você se tornou cético. Fiz um estudo sobre esse assunto. Aparentemente, o que está faltando aos nossos funcionários dos correios, além de dinheiro, claro, é que ninguém diz a eles que estão fazendo um ótimo trabalho.

– Mas eles não estão.

– Não estão, porque acham que ninguém se importa com isso. Por que alguém não deveria dizer uma palavra bondosa a eles?

Passávamos por um obra em construção e cinco operários estavam almoçando. Meu amigo parou.

– É um magnífico trabalho, o de vocês. Deve ser difícil e perigoso.

Os operários olharam meu amigo desconfiados.

– Quando estará terminado?

– Junho – grunhiu um homem.

– Ah. Realmente impressionante. Vocês todos devem estar muito orgulhosos.

Fomos embora. Eu disse a ele:

– Não vejo ninguém como você desde Dom Quixote de La Mancha.

– Quando aqueles homens digerirem minhas palavras, se sentirão melhor. De alguma forma a cidade vai se beneficiar de sua felicidade.

– Mas você não pode fazer tudo isso sozinho! – protestei. – Você é apenas um homem.

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– O mais importante é não desanimar. Fazer com que as pessoas da cidade se tornem boas novamente não é um trabalho fácil, mas se eu puder incluir outras pessoas em minha campanha...

– Você acaba de deixar passar uma mulher muito simpática – eu disse.

– Sim, eu sei – replicou ele. – E se ela for professora, sua aula de hoje será fantástica.

Art Buchwald

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Um gesto simples

Todo mundo pode ser grande... porque todo mundo pode servir. Não é preciso um diploma de faculdade para servir. Não é preciso concordar sujeito e verbo para servir. Basta um coração cheio de graça. Uma alma gerada pelo amor.

Martin Luther King, Jr.

Certo dia, Mark estava caminhando da escola para casa quando notou que o menino à sua frente havia tropeçado e derrubado todos os livros que estava carregando, além de dois suéteres, um bastão de beisebol, uma luva e um pequeno gravador. Mark ajoelhou-se e ajudou o garoto a pegar as coisas espalhadas. Como estavam caminhando na mesma direção, ajudou o menino a levar parte de sua carga. No caminho, Mark descobriu que o nome do garoto era Bill, que ele adorava videogames, beisebol e História, que estava tendo muitos problemas com suas outras matérias e que acabara de terminar o relacionamento com sua namorada.

Chegaram primeiro à casa de Bill, e Mark foi convidado para uma Coca-Cola e para assistir televisão. A tarde transcorreu agradavelmente, com algumas risadas e alguns segredos Compartilhados; depois, Mark foi para casa. Os dois continuaram a se encontrar na escola, almoçaram juntos uma ou duas vezes e ambos se formaram no primeiro grau. Foram para a mesma escola secundária, onde tiveram contatos esporádicos durante vários anos. Finalmente, o tão esperado último ano do segundo grau chegou e, três semanas antes da formatura, Bill perguntou a Mark se eles podiam ter uma conversa.

Bill lembrou do dia em que haviam se encontrado, há alguns anos. – Você algum dia se perguntou por que eu estava carregando tanta coisa naquele dia? – perguntou-lhe Bill. – Limpei meu armário porque não queria deixar uma bagunça para o próximo dono. Eu tinha guardado algumas pílulas para dormir da minha mãe e estava indo para casa cometer suicídio. Mas depois que passamos algum tempo

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juntos conversando e rindo, percebi que, se tivesse me matado, teria perdido aqueles momentos e tantos outros que poderiam se seguir. Portanto, Mark, quando você pegou meus livros no chão naquele dia, fez muito mais do que isso. Você salvou minha vida.

John W, Schlatter

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O sorriso

Sorria para o outro; sorria para sua esposa, sorria para seu marido, sorria para seus filhos, sorria para o outro – não importa quem soa – e isso o ajudar a crescer através do maior amor pelo outro.

Madre Tereza

Muitos americanos conhecem O Pequeno Príncipe, um maravilhoso livro de Antoine de Saint-Exupéry. •É um livro fantástico e lendário, que funciona tanto como história infantil, quanto como fábula que leva os adultos à reflexão. Porém, poucos conhecem os outros escritos de Saint-Exupéry, romances e contos.

Saint-Exupéry foi um piloto de guerra que lutou contra os nazistas e foi morto em combate. Antes da Segunda Guerra Mundial, lutou na Guerra Civil Espanhola contra os fascistas. Escreveu uma história fascinante sobre essa experiência intitulada O Sorriso (Le Sourire). É• esta história que eu gostaria de partilhar com vocês agora. Não está claro se ele tencionava escrever uma história autobiográfica ou uma história de ficção. Prefiro acreditar na primeira hipótese.

Segundo sua história, ele foi capturado pelo inimigo e lançado numa cela de prisão. Estava certo de que, pelos olhares desdenhosos e pelo tratamento rude que recebeu de seus carcereiros, seria executado no dia seguinte. A partir daqui, contarei a história conforme me lembro, com minhas próprias palavras.

Eu tinha certeza de que seria morto. Fiquei terrivelmente nervoso e perturbado. Remexi em meus bolsos para ver se havia algum cigarro que tivesse escapado à sua revista. Encontrei um e, por causa de minhas mãos trêmulas, mal podia levá-lo aos lábios. Mas eu não tinha fósforos; estes eles haviam levado.

Olhei através das grades para o meu carcereiro. Ele não respondeu ao meu olhar. Afinal, não se estabelece contato visual com uma coisa, um cadáver. Eu gritei para ele: Tem fogo, por favor? Ele

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olhou para mim, encolheu os ombros e veio até onde eu estava para acender meu cigarro.

Ao se aproximar e acender o fósforo, seus olhos inadvertidamente se cruzaram com os meus. Naquele momento eu sorri. Não sei por que fiz isso. Talvez por nervosismo, talvez porque, quando se está realmente perto de alguém, é muito difícil não sorrir. Em todo o caso, eu sorri. Naquele instante, foi como se uma faísca saltasse no espaço entre nossos dois corações, nossas duas almas humanas. Sei que ele não queria, mas meu sorriso saltou por entre as grades e gerou um sorriso em seus lábios também. Ele acendeu meu cigarro, mas permaneceu perto, olhando-me diretamente nos olhos e continuando a sorrir.

Continuei sorrindo para ele, agora consciente da pessoa e não apenas do carcereiro. E seu olhar para mim também parecia ter uma nova dimensão.

– Você tem filhos? – ele perguntou.

– Sim, aqui, aqui. – Tirei minha carteira e procurei nervosamente as fotografias de minha família. Ele também puxou as fotos de seus filhos e começou a falar sobre seus planos para eles. Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu disse que temia nunca mais ver minha família novamente, nunca ter a chance de vê-los crescer. Lágrimas também afloraram aos seus olhos.

De repente, sem qualquer outra palavra, ele destrancou minha cela e silenciosamente me conduziu para fora. Uma vez fora da prisão, conduziu-me silenciosamente por estradas secundárias, para fora da cidade. Lá nos limites da cidade, ele me libertou. E, sem nenhuma outra palavra, voltou em direção à cidade.

Minha vida foi salva por um sorriso.

Sim, o sorriso – a conexão verdadeira, espontânea, natural entre as pessoas. Conto essa história em meu trabalho porque gostaria que as pessoas considerassem que, sob todas as camadas que construímos para nos proteger, nossa dignidade, nossos títulos, nossos diplomas, nossa posição e nossa necessidade de sermos vistos de determinada

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forma – sob tudo isso, permanece o eu autêntico, essencial. Não receio chamá-lo de a alma.

Acredito realmente que se aquela parte de mim e aquela parte de você puderem se reconhecer, não seremos inimigos. Não poderemos ter ódio, inveja ou medo. Concluo tristemente que todas essas outras camadas, que construímos com tanto cuidado ao longo de nossas vidas, nos distanciam e isolam do verdadeiro contato com os outros. A história de Saint-Exupéry fala daquele momento mágico em que duas almas se reconhecem.

Tive apenas alguns momentos assim. Apaixonar-se é um exemplo. E olhar para um bebê. Por que sorrimos quando vemos um bebê? Talvez seja porque vemos alguém sem todas aquelas camadas defensivas, alguém cujo sorriso sabemos ser genuíno e sem malícia. E aquela alma de bebê dentro de nós, sorri ansiosamente em reconhecimento.

Hanoch McCarty

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Amy Graham

Depois de passar a noite inteira no avião, vindo de Washington, D.C., estava muito cansado quando cheguei à Mile High Church, em Denver, para conduzir três cultos e um workshop sobre a consciência da prosperidade. Ao entrar na igreja, o Dr. Fred Vogt me perguntou:

– Você conhece a Fundação Faça Um Desejo?

– Sim – respondi.

– Bem, Amy Graham recebeu o diagnóstico de leucemia terminal. Deram a ela três dias. Seu último desejo foi assistir aos seus ofícios.

Fiquei chocado. Senti uma combinação de exaltação, espanto e dúvida. Não podia acreditar. Pensei que garotos à beira da morte quisessem ver a Disneylândia, conhecer Sylvester Stallone, Mr. T ou Arnold Schwarzeneger. Com certeza eles não desejariam passar seus últimos dias ouvindo Mark Victor Hansen. Por que uma garota com apenas poucos dias de vida desejaria ouvir um orador motivacional? De repente meus pensamentos foram interrompidos...

– Aqui está Amy – disse Vogt ao colocar a frágil mão dela sobre a minha. Diante de mim estava uma garota de dezessete anos, usando um turbante vermelho e laranja para cobrir a cabeça calva devido a tantos tratamentos quimioterápicos. Seu corpo débil estava curvado e sem energia. E disse:

– Minhas duas metas eram formar-me no colegial e assistir ao seu sermão. Meus médicos não acreditavam que eu pudesse alcançar nenhum dos dois, eles não achavam que eu teria energia suficiente. Eles me deram alta, sob os cuidados de meus pais... Estes são meu pai e minha mãe.

Meus olhos encheram-se de lágrimas; fiquei paralisado. Perdi o equilíbrio. Estava totalmente comovido. Limpei garganta, sorri e disse:

– Você e seus familiares são nossos convidados. Obrigado por terem vindo.

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Nos abraçamos, esfregamos os olhos, e nos separamos. Eu assistira a muitos seminários de cura nos Estados Unidos, Canadá, Malásia, Nova Zelândia e Austrália. Observara os melhores curandeiros trabalhando e estudei, pesquisei, ouvi, ponderei e questionei o que funcionava, por que e como.

Naquela tarde de sábado, conduzi o seminário a que Amy e seus país assistiram. O auditório estava transbordando, com mais de mil presentes ansiosos por aprender, crescer e se tornar mais humanos.

Humildemente, perguntei ao público se gostaria de aprender um processo de cura que poderia lhes ser útil por toda a vida. Do palco, parecia que todas as mãos estavam levantadas bem alto no ar. Eles unanimemente queriam aprender.

Ensinei ao público a esfregar vigorosamente as mãos, separá-las cinco centímetros e sentir a energia da cura. Então, formei pares para que sentissem a energia de cura que emanava de seus parceiros, de um para o outro. Eu disse:

– Se você precisa de cura, aceite-a aqui e agora.

O público estava em fila e foi um sentimento extasiante. Expliquei que todos temos energia de cura e potencial de cura. Cinco por cento de nós temos essa energia e potencial fluindo tão vigorosamente de nossas mãos que poderíamos fazer dessa habilidade uma profissão. Eu disse:

– Esta manhã fui apresentado a Amy Graham, de dezessete anos, cujo último desejo era estar presente a este seminário. Quero trazê-la aqui à frente e pedir a todos que lhe enviem sua energia vital. Talvez possamos ajudar. Ela não pediu isso. Estou fazendo isso espontaneamente, porque acho que é certo.

O público entoou:

– Sim! Sim! Sim! Sim!

O pai de Amy conduziu-a até o altar. Ela parecia frágil devido à quimioterapia, devido ao longo tempo no leito e à total falta de exercícios. (Os médicos não haviam permitido que ela andasse durante as duas semanas anteriores a este seminário.)

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Pedi ao grupo que esquentasse as mãos e lhe enviasse energia de cura; em seguida, de pé, as pessoas fizeram-lhe uma aclamação cheia de lágrimas.

Duas semanas depois, Amy telefonou-me para dizer que seu médico lhe dera alta depois de uma remissão total da doença. Dois anos depois, ela ligou novamente para dizer que se casara.

Aprendi a nunca subestimar a força de cura que todos possuímos. Está sempre ali para ser usada para o maior dos bens. Precisamos apenas nos lembrar de usá-la.

Mark V Hansen

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Uma história para o dia dos namorados

Larry e Jo Ann eram um casal comum. Viviam numa casa comum, numa rua comum. Como qualquer outro casal comum, lutavam para equilibrar o orçamento e para educar corretamente os filhos. Eram comuns ainda em outro aspecto – tinham seus desentendimentos. A maioria de suas conversas dizia respeito ao que estava errado em seu casamento e de quem era a culpa.

Até um dia em que o mais extraordinário evento ocorreu.

– Sabe, Jo Ann, tenho uma cômoda com gavetas mágicas. Toda vez que abro as gavetas, elas estão cheias de meias e cuecas – Larry disse. – Quero agradecer-lhe por abastecê-las todos estes anos.

Jo Ann fitou o marido por cima dos óculos.

– O que você está querendo Larry?

– Nada. Apenas quero que você saiba o quanto aprecio aquelas gavetas mágicas.

Essa não era a primeira vez que Larry fazia algo estranho, assim Jo Ann afastou o incidente de sua mente até alguns dias depois.

– Jo Ann, obrigado por anotar tantos números de cheque corretamente no canhoto do talão de cheques este mês. Você acertou quinze dos dezesseis números. É• um recorde.

Não acreditando no que acabara de ouvir, Jo Ann desviou os olhos de sua costura.

– Larry, você está sempre reclamando sobre eu anotar os números dos cheques errados. Por que parar agora?

– Por nenhum motivo. Apenas queria que você soubesse que aprecio o esforço que está fazendo.

Jo Ann balançou a cabeça e voltou para sua costura.

– O que deu nele? – murmurou para si mesma.

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Contudo, no dia seguinte, ao fazer um cheque no mercado, Jo Ann deu uma olhada no canhoto para ver se havia anotado o número certo.

– Por que é que de repente me importo com esses estúpidos números de cheque? – perguntou a si mesma.

Tentou desconsiderar o incidente, mas o comportamento de Larry se intensificou.

– Jo Ann, esse foi um grande jantar – disse ele certa noite. – Aprecio todo o seu empenho. Posso apostar que, nos últimos quinze anos, você serviu mais de 14.000 refeições para mim e para as crianças.

E depois:

– Nossa, Jo Ann, a casa está linda. Você deu um duro danado para deixá-la tão bonita.

E até:

– Obrigado, Jo Ann, apenas por ser você mesma. Eu realmente gosto da sua companhia.

Jo Ann estava ficando preocupada.

– Onde estão o sarcasmo, o criticismo? – perguntava-se.

Seus temores de que algo peculiar estivesse acontecendo ao seu marido foram confirmados por Shelly, de dezesseis anos, que reclamou:

– O papai pirou, mamãe. Ele simplesmente me disse que eu estava bonita. Com toda essa maquiagem e essas roupas desleixadas, mesmo assim ele disse que eu estava bonita. Aquele não é o papai, mãe. O que há de errado com ele?

Independente do que estivesse errado, Larry não parou com isso. Dia após dia, ele continuava a se concentrar no positivo.

As semanas se passavam, e Jo Ann se acostumava cada vez mais ao estranho comportamento de seu companheiro; ocasionalmente, ela até lhe rosnava um Obrigada. Ela se orgulhava de enfrentar a situação

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com calma e serenidade, até que um dia aconteceu algo tão peculiar que ela ficou completamente perturbada:

– Quero que você descanse um pouco – disse Larry.

Vou lavar os pratos. Por favor, largue esta frigideira e saia da cozinha.

(Longa, longa pausa).

– Obrigada, Larry. Muito obrigada!

Os passos de Jo Ann estavam agora um pouco mais leves, sua autoconfiança mais elevada e, de vez em quando, ela cantarolava. Parecia que não tinha mais tantos ataques de tristeza.

– Prefiro o novo comportamento de Larry – pensou.

Este seria o final da história se outro evento ainda mais extraordinário não tivesse ocorrido. Desta vez, foi Jo Ann quem falou.

– Larry – disse ela. – Quero agradecer-lhe por trabalhar e nos sustentar durante todos estes anos. Acho que eu nunca lhe disse o quanto aprecio isso.

Larry nunca revelou a razão de sua dramática mudança de comportamento, por mais que Jo Ann tenha insistido numa resposta, e assim, esse continuar sendo mais um dos mistérios da vida. Mas é um mistério com o qual sou grata em conviver.

Como você pode ver, eu sou Jo Ann.

Jo Ann Larsen, Desert New's

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Carpe diem!

(Aproveite as oportunidades)

Um brilhante exemplo de expressão de coragem é John Keating, o professor revolucionário interpretado por Robin Williams em Sociedade dos Poetas Mortos. Neste filme magistral, Keating pega um grupo de estudantes espiritualmente impotentes, arregimentados e reprimidos num internato rígido e os inspira a tomarem suas vidas extraordinárias.

Estes jovens, como Keating lhes faz ver, perderam de vista seus sonhos e ambições. Estão automaticamente vivendo os planos e expectativas de seus pais em relação a eles. Planejam se tornarem médicos, advogados e banqueiros porque isso é o que seus pais lhes disseram que irão fazer. Mas estes rapazes sem vida dificilmente dedicaram qualquer pensamento ao que seus corações lhes clamam a expressar.

Uma das primeiras cenas do filme mostra o Sr. Keating descendo com os meninos até o saguão da escola, onde um quadro de troféus exibe fotos de turmas anteriores de alunos. Olhem para estas fotos, meninos – Keating diz aos estudantes. – Os jovens que vocês contemplam possuíam a mesma chama que vocês possuem nos olhos. Planejavam revolucionar o mundo e transformar suas vidas em algo magnífico. Isso foi há setenta anos. Agora estão todos mortos. Quantos deles realmente viveram seus sonhos? Quantos fizeram o que estavam determinados a realizar? Então, o Sr. Keating se inclina para o grupo de rapazes e murmura de modo que todos possam ouvi-lo: Carpe diem! Aproveitem as oportunidades!

No início, os estudantes não sabem o que fazer com esse estranho professor. Mas logo ponderam a importância de suas palavras. Passam a respeitar e reverenciar o Sr. Keating, que deu a eles uma nova visão – ou devolveu-lhes suas visões originais.

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Todos nós carregamos algum tipo de cartão de aniversário. O que gostaríamos de presentear a alguém – uma expressão de alegria, criatividade ou vivacidade que escondemos sob a camisa.

Um dos personagens do filme, Knox Overstreet, é perdidamente apaixonado por uma bela garota. O único problema é que ela é a garota de um famoso atleta. Knox está enfeitiçado por essa adorável criatura até a raiz dos cabelos, mas não tem autoconfiança para se aproximar dela. Então, ele se lembra do conselho do Sr. Keating: Aproveite as oportunidades! Knox percebe que não pode simplesmente continuar sonhando – se ele a quer, tem que fazer algo a respeito. E fez. Corajosa e poeticamente, ele lhe declara seus mais puros sentimentos. Durante sua declaração, ela o manda embora, ele leva um soco no nariz do namorado dela e enfrenta embaraçosos contratempos. Mas Knox não quer desistir do seu sonho e, assim, segue o desejo de seu coração. No final, ela percebe que o amor dele é verdadeiro e abre seu coração. Apesar de Knox não ser especialmente bonito ou popular, a garota é conquistada pela força de sua intenção sincera. Ele tornou sua vida extraordinária.

Eu mesmo tive uma chance de praticar o Aproveite as oportunidades! Apaixonei-me por uma garota atraente que conheci numa loja de animais de estimação. Ela era mais jovem do que eu, levava um estilo de vida muito diferente e não tínhamos muito sobre o que conversar. Mas, de alguma forma, nada disso parecia importar. Eu gostava de estar com ela e sentia uma chama na sua presença. E, aparentemente, ela também gostava de minha companhia.

Quando soube que o aniversário dela estava chegando, decidi convidá-la para sair. Antes de lhe telefonar, sentei-me e fiquei olhando para o telefone durante mais ou menos meia hora. Então discava e desligava antes que tocasse. Sentia-me como um garoto de colégio, oscilando entre a ansiedade e excitação e o medo da rejeição. Uma voz diabólica insistia em me dizer que ela não gostava de mim e que seria muito atrevimento convidá-la. Mas eu estava entusiasmado demais com a ideia de sair com ela para deixar que esses receios me detivessem. Finalmente, tomei coragem e a convidei. Ela me agradeceu e disse que já tinha outros planos.

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Senti-me nocauteado. A mesma voz que me dissera para não telefonar me advertiu para desistir antes de ficar ainda mais envergonhado. Mas eu estava decidido a ver no que ia dar essa atração. Havia algo mais dentro de mim querendo vir à tona. Eu tinha sentimentos por aquela mulher, e precisava expressá-los.

Fui a uma loja e comprei-lhe um lindo cartão de aniversário no qual escrevi uma mensagem poética. Dobrei a esquina em direção à loja de animais. Sabia que ela estava trabalhando. Ao me aproximar da porta, a mesma voz perturbadora me aconselhou cautela: E se ela não gostar de você? E se ela o rejeitar? Sentindo-me vulnerável, meti o cartão embaixo da camisa. Decidi que se ela me mostrasse sinais de afeição, eu o daria; se ela fosse fria comigo, manteria o cartão escondido. Dessa forma eu não correria riscos e evitaria a rejeição ou vergonha.

Conversamos durante alguns momentos e não recebi sinal algum de sua parte, numa ou noutra direção. Sentindo-me constrangido, fui saindo.

No entanto, ao me aproximar da porta, uma outra voz me falou. Era um sussurro, como a voz do Sr. Keating. A voz me estimulou Lembre-se de Knox Overstreet... Carpe diem!

Neste momento, estava diante de minha aspiração em expressar totalmente meus sentimentos e de minha resistência em enfrentar a insegurança de me despir emocionalmente. Como posso sair por aí dizendo às pessoas que vivenciem seus sonhos, perguntei a mim mesmo, quando eu não estou vivenciando os meus? Além disso, qual a pior coisa que poderia acontecer? Qualquer mulher adoraria receber um poético cartão de aniversário. Decidi aproveitar a oportunidade. Ao fazer essa escolha, senti uma onda de coragem correr pelas minhas veias. De fato, havia força na intenção.

Senti-me mais satisfeito e em paz comigo mesmo do que havia me sentido durante muito tempo... Precisava abrir meu coração e dar amor sem esperar nada em troca.

Retirei o cartão de dentro da camisa, virei-me, fui até o balcão e entreguei-o a ela. Ao entregá-lo senti um vigor e uma excitação

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incríveis – além de medo. (Fritz Perls disseque o medo é uma excitação sem fôlego.) Mas entreguei o cartão.

E sabe o que aconteceu? Ela não ficou especialmente impressionada. Disse obrigada e colocou o cartão de lado, sem nem abri-lo. Meu coração afundou. Senti-me desapontado e rejeitado. A ausência de resposta parecia ainda pior o que um fora direto.

Despedi-me educadamente e saí da loja. Então, algo interessante aconteceu. Comecei a me sentir estimulado. Uma enorme onda de satisfação interna se acumulou dentro de mim e fluiu para todo o meu ser. Eu havia expressado meus sentimentos e isso me trouxera uma sensação fantástica! Eu havia vencido o medo e partido para a pista de dança. Sim, eu fora um pouco desajeitado, mas havia conseguido. (Emmet Fox disse: Faça-o tremendo se precisa fazê-lo, mas faça-o!) Eu havia mostrado meus sentimentos sem exigir garantias de resultados. Não dei para receber algo em troca. Abri meus sentimentos a ela sem compromisso com uma determinada resposta.

A dinâmica necessária para que qualquer relacionamento funcione é basta continuar demonstrando seu amor.

Minha animação aprofundou-se, transformando-se num morno contentamento. Senti-me mais satisfeito e em paz comigo mesmo do que me sentira em muito tempo. Percebi o propósito de toda a experiência: eu precisava aprender a abrir meu coração e dar amor sem exigir nada em troca.

Não era uma experiência de criar um relacionamento com aquela mulher. Era o aprofundamento de meu relacionamento comigo mesmo. E eu consegui. O Sr. Keating teria ficado orgulhoso. Mas, acima de tudo, eu estava orgulhoso.

Desde então não vi mais a garota. Mas aquela experiência mudou minha vida. Através daquela simples interação, pude ver claramente a dinâmica necessária para fazer qualquer relacionamento, e até mesmo o mundo inteiro, funcionar: Basta continuar demonstrando seu amor.

Acreditamos que nos magoamos quando não recebemos amor. Mas não é isso que nos magoa. Nosso sofrimento vem quando não damos amor. Nascemos para amar. Você poderia dizer que somos

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máquinas de amar criadas por Deus. Funcionamos com mais potência quando estamos dando amor. O mundo nos levou a acreditar que nosso bem-estar depende do amor de outras pessoas. Mas este é o tipo de pensamento às avessas, que tem causado tantos de nossos problemas. A verdade é que nosso bem-estar depende de nossa capacidade de dar amor. Não tem nada a ver com o que volta; tem a ver com o que vai!

Alan Cohen

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Conheço você, você é igualzinho a mim!

Um de nossos amigos mais chegados é Stan Dale. Stan ministra um seminário sobre amor e relacionamentos chamado Sexo, Amor e Intimidade. Há alguns anos, numa tentativa de descobrir como era realmente o povo da Rússia, ele levou 29 pessoas para lá durante duas semanas. Quando escreveu sobre a experiência em seu boletim, ficamos profundamente tocados pelo seguinte caso.

Ao caminharmos por um parque na cidade industrial da Cracóvia, vi um senhor russo, veterano da Segunda Guerra Mundial. Os veteranos são facilmente identificáveis pelas medalhas e fitas que exibem orgulhosamente em suas camisas e jaquetas. Não é um ato de vaidade. É• a forma de seu país homenagear aqueles que ajudaram a salvar a Rússia, embora vinte milhões de russos tenham sido mortos pelos nazistas. Fui até este senhor, sentado ao lado de sua esposa, e disse: Druzhba i mir (amizade e paz). O homem, fitando-me com descrença, apanhou o broche que havíamos feito para a viagem, que dizia amizade‚ em russo e mostrava um mapa dos Estados Unidos e da União Soviética seguros por mãos amorosas, e disse: Americanski? Respondi: Da, Americanski. Druzhba i mir. Ele apertou ambas as minhas mãos, como se fôssemos irmãos há muito separados, e repetiu novamente: Americanski! Desta vez havia reconhecimento e amor na sua afirmação.

Durante os minutos seguintes, ele e a esposa falaram em russo como se eu entendesse tudo, e eu falei inglês como se soubesse que ele entenderia. E sabe de uma coisa? Nenhum de nós entendia uma palavra, mas com certeza compreendíamos um ao outro. Nos abraçamos, rimos e choramos, dizendo todo o tempo Druzhba i mir, Americanski. Eu te amo, estou orgulhoso de estar em seu país, não queremos a guerra. Eu amo você!

Mais ou menos cinco minutos depois, nos despedimos e os sete de nosso pequeno grupo se foram. Cerca de quinze minutos depois, já a uma distância considerável, este mesmo senhor veterano nos alcançou. Ele veio até mim, tirou sua medalha da Ordem de Lenin

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(provavelmente sua mais alta condecoração) e prendeu-a à minha jaqueta. Então me beijou nos lábios e me deu um dos abraços mais calorosos e fraternos que já recebi. Ambos choramos, nos olhamos nos olhos durante um longo tempo e nos dissemos Dossvedanya (adeus).

A história acima simboliza toda a nossa viagem de diplomacia civil à Rússia. Todos os dias conhecíamos e tocávamos centenas de pessoas, em todos os locais possíveis e impossíveis. Nem os russos, nem nós, americanos, jamais seremos os mesmos. Hoje, há centenas de crianças nas três escolas que visitamos que não concordarão imediatamente que os americanos são pessoas que querem destruí-los. Dançamos, cantamos e brincamos com crianças de todas as idades, e depois nos abraçamos, nos beijamos e trocamos presentes. Elas nos deram flores, bolos, broches, pinturas, bonecas, mas, mais importante que tudo isso, abriram seus corações e mentes.

Mais de uma vez, fomos convidados a participar de festas de casamento, e nenhum membro da família poderia ter sido mais calorosamente aceito, acolhido e festejado do que nós fomos. Nos abraçamos, nos beijamos, dançamos e tomamos champagne, schnapps e vodka com o noivo e a noiva, assim como Momma e Poppa e o resto da família.

Em Kursk, fomos recepcionados por sete famílias russas que se apresentaram como voluntárias para nos receberem para uma noite maravilhosa de comida, bebida e conversa. Quatro horas mais tarde, nenhum de nós queria partir. Nosso grupo tem agora uma família completa na Rússia.

Na noite seguinte, recebemos nossa família em nosso hotel. A banda tocou até quase meia-noite, e sabem o que mais? Mais uma vez, comemos, bebemos, conversamos, dançamos e choramos quando chegou a hora de dizer adeus. Dançamos cada dança como amantes apaixonados, e era exatamente o que éramos.

Eu poderia me estender para sempre sobre nossas experiências, mas ainda assim não haveria como transmitir a vocês exatamente como nos sentimos. Como você se sentiria ao chegar ao seu hotel em Moscou, se houvesse uma mensagem telefônica o aguardando, escrita em russo, do escritório de Mikhail Gorbachev, dizendo que ele

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lamentava muito não poder encontrá-lo naquele fim de semana, pois estaria fora da cidade, mas que, em lugar desse encontro, providenciara um outro de duas horas entre todo o grupo e cerca de meia-dúzia de membros do Comitê Central para uma mesa redonda?

Tivemos um debate extremamente franco sobre tudo, inclusive sexo. Como você se sentiria se mais de uma dúzia de senhoras de idade, usando babushkas, descessem as escadas de seus prédios de apartamentos e o abraçassem e o beijassem? Como se sentiria se suas guias, Tanya e Natasha, lhe dissessem e a todo o grupo, que nunca haviam conhecido ninguém como vocês? E, quando partimos, todos os trinta choramos, porque havíamos nos apaixonado por essas mulheres fabulosas, e elas por nós. Sim, como se sentiria? Provavelmente, exatamente como nós.

Cada um de nós teve sua experiência própria, e claro, mas a experiência coletiva certamente nos faz uma revelação: a única forma de garantir algum dia a paz neste planeta é adotar o mundo inteiro como nossa família. Teremos que abraçá-los e beijá-los. E dançar e brincar com eles. E teremos que nos sentar e conversar e caminhar e chorar com eles, pois, quando o fizermos, poderemos ver que, de fato, todos são belos, todos nos complementamos uns aos outros de uma forma tão bela, e todos seríamos mais pobres sem o outro. Então, os dizeres: Eu conheço você, você é igualzinho a mim! passarão a ter o megassentido de Esta é 'minha família' e eu ficarei ao seu lado, não importa o que houver!

Stan Dale

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De outra maneira

O trem chiava e sacudia pelos subúrbios de Tóquio numa tarde sonolenta de primavera. Nosso carro estava relativamente vazio, poucas donas de casa com seus filhos a reboque, alguns velhos indo fazer compras. Eu olhava distraidamente para as casas sem graça e sebes empoeiradas.

Em uma estação, as portas se abriram e, de repente, o silêncio da tarde foi quebrado por um homem que gritava violentas e incompreensíveis maldições. O homem cambaleou em nosso carro. Usava roupa do trabalhador e era grande, estava bêbado e sujo. Gritando, ele chocou-se a uma mulher segurando um bebê. O golpe a jogou girando no colo de um casal de idosos. Foi um milagre o bebê não ter se machado.

Aterrorizado, o casal se levantou e correu para a outra extremidade do vagão. O trabalhador tentou chutar a traseira da velha, mas errou quando ela correu para um lugar seguro. Isso enfureceu o bêbado, que agarrou a haste de metal no centro do vagão e tentou arrancá-la do seu balaústre. Eu podia ver que uma de suas mãos estava cortada e sangrando. O trem balançou à frente, os passageiros paralisados de medo. Eu me levantei.

Eu era jovem então, há cerca de 20 anos atrás, e em muito boa forma. Eu estava treinando Aikido oito horas quase todos os dias durante os últimos três anos. Eu gostava de jogar e lutar. Eu pensei que era difícil. O problema era que minha habilidade marcial nunca fora testada em combate real. Como estudantes de Aikido, não tínhamos permissão para lutar.

Aikido, meu professor tinha dito algumas vezes, é a arte da reconciliação. Quem tem a mente para combater rompe sua ligação com o universo. Se você tentar dominar as pessoas, você já está derrotado. Estudamos como resolver conflitos, não como iniciá-lo. Eu escutei suas palavras. Eu tentei muito. E mesmo cheguei ao ponto de atravessar a

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rua para evitar os chimpira, marginais da máfia japonesa que vagueavam em torno das estações de trem. Minha paciência me engrandecia. Eu me sentia forte e santo. Em meu coração, no entanto, eu queria uma oportunidade absolutamente legítima, na qual eu pudesse salvar os inocentes, destruindo os culpados.

É isso! Eu disse a mim mesmo assim que me levantei. As pessoas estão em perigo. Se eu não fizer algo rápido, alguém provavelmente vai se machucar.

Vendo-me levantar, o bêbado percebeu a chance de descarregar sua raiva.

Aha! ele rugiu. Um estrangeiro! Você precisa de uma lição de boas maneiras japonesas!

Segurei-me em uma alça de apoio e dei-lhe uma olhada de nojo e de rejeição. Eu planejava fazer aquele peru em pedaços, mas ele tinha que dar o primeiro passo. Eu o queria irado, então eu mandei-lhe um beijo insolente.

Tudo bem! ele gritou. Você vai receber uma lição! Ele preparou-se para me atacar.

Uma fração de segundo antes que ele pudesse se mexer, alguém gritou: Ei!

Lembro-me da estranha alegria, a leveza cadenciada dele – como se você e um amigo estivessem buscando diligentemente por algo, e ele de repente encontrou. Hey!

Eu virei para a minha esquerda, o bêbado girou para a direita. Nós dois olhamos para um velhinho japonês. Ele deve ter sido bem mais de setenta anos, este pequeno cavalheiro, sentado lá imaculado em seu quimono. Ele não tomou conhecimento de mim, mas sorriu com prazer para o trabalhador, como se tivesse um importante e bem-vindo segredo para compartilhar.

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Vem cá, disse o velho num vernáculo fácil, acenando para o bêbado. Venha cá e fale comigo. Ele acenou levemente com as mãos.

O grande homem adiantou-se, como seguindo uma corda. Ele plantou os pés beligerantemente em frente ao velho e rugiu mais alto que o barulho das rodas batendo, Por que diabos eu deveria falar com você? O bêbado agora estava de costas para mim. Se seu cotovelo se movesse um milímetro, eu o derrubaria.

O velho continuou a falar para o trabalhador. O que você andou bebendo? ele perguntou, seus olhos brilhando de interesse. Eu estava bem bebendo saquê, o trabalhador berrou de volta , e não é da sua conta!

Gotas de saliva respingavam no velho.

– Oh, isso é maravilhoso, disse o velho, absolutamente maravilhoso! Veja, eu amo saquê também. Todas as noites, eu e minha esposa (ela tem 76 anos, sabe), aquecemos uma pequena garrafa de saquê, vamos ao jardim, e nos sentamos em um banco de madeira velha. Nós assistimos o sol se pôr, e observamos nosso caquizeiro. Meu bisavô plantou aquela árvore, e nos preocupamos se ela vai se recuperar daquelas tempestades de gelo do inverno passado. A nossa árvore tem se recuperado melhor do que eu esperava, especialmente quando você considera a má qualidade do solo. É gratificante ver quando tomamos o nosso saquê e saímos para aproveitar o anoitecer, mesmo quando chove! – Ele olhou para o trabalhador com os olhos brilhando.

Enquanto lutava para acompanhar o velho, seu rosto começou a suavizar. Seus punhos lentamente se abriram. Sim, disse ele. Eu adoro caqui, também.... Sua voz foi sumindo.

Sim, disse o velho, sorrindo, e tenho certeza que você tem uma esposa maravilhosa.

Não, respondeu o trabalhador. Minha mulher morreu. Muito delicadamente, balançando com o movimento do trem, o homem grande começou a chorar. Eu não tenho esposa, eu não tenho casa, eu

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não tenho emprego. Eu estou tão envergonhado de mim mesmo. Lágrimas rolavam por seu rosto, um espasmo de desespero percorreu seu corpo.

Enquanto eu estava lá na minha mísera inocência jovem, minha justiça faça-este-mundo-seguro para a democracia, eu me senti mais sujo do que ele.

Então o trem chegou à minha parada. Quando as portas se abriram, eu ouvi o velho conversando simpaticamente. Meu Deus, meu, disse ele, é uma situação realmente difícil. Sente-se aqui e fale-me sobre isso.

Virei a cabeça para uma última olhada. O operário estava esparramado na cadeira com a cabeça no colo do velho. O velho foi suavemente acariciando o cabelo, sujo emaranhado.

Enquanto o trem se afastava, sentei-me num banco da estação. O que eu queria fazer com os músculos, tinha sido realizado com palavras gentis.

Eu tinha acabado de ver o Aikido em ação, e a essência era o amor. Eu teria que praticar essa arte com um espírito completamente diferente. Seria um longo tempo antes que eu pudesse falar sobre a resolução de conflitos.

Terry Dobson

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A mais nobre necessidade

No mínimo uma vez ao dia, nosso velho gato preto vem até um de nós, de uma forma que todos passamos a ver isso como um pedido especial. Não que ele queira ser alimentado ou que o deixem sair ou algo do gênero. Sua necessidade é de algo bem diferente.

Se você tem um colo acessível, ele salta para ele; se não, é provável que permaneça ali, de pé, olhando-o suplicante, até que você libere seu colo para ele. Uma vez ali, ele começa a vibrar, quase antes de você afagar suas costas, coçar seu queixo e repetir várias vezes o quanto ele é um bom gatinho. Então, seu motor entra em rotação de verdade; ele se contorce para ficar confortável; ele se esparrama. De vez em quando, um de seus ronrons lhe foge ao controle e se transforma num ronco. Ele olha para você com olhos bem abertos de adoração e lhe dá aquela longa e demorada piscadela de confiança definitiva, própria dos gatos.

Depois de algum tempo, aos poucos, ele se aquieta. Se achar que pode, talvez fique no seu colo para uma soneca aconchegante. Mas é igualmente provável que salte para o chão e vá perambular por aí e cuidar dos seus afazeres. Em qualquer das hipóteses, ele está se sentindo bem.

Nossa filha coloca tudo isso numa frase simples: Blackie precisa ser afagado. Em nosso lar ele não é o único que tem essa necessidade: eu a compartilho e minha esposa também. Sabemos que essa necessidade não é exclusiva de nenhuma faixa etária. Ainda assim, uma vez que sou professor e pai, eu a associo especialmente aos jovens, com sua rápida e impulsiva necessidade de um abraço, de um colo quente, uma mão segura, uma coberta bem arrumada, não porque algo esteja errado, não porque algo precise ser feito, apenas porque este é o seu jeito de ser.

Há uma porção de coisas que eu gostaria de fazer por todas as crianças. Se eu pudesse realizar apenas uma, seria esta: garantir a cada criança, em todos os lugares, pelo menos um bom afago todos os dias. As crianças, como os gatos, precisam de tempo para serem afagadas.

Fred T. Wilhelms

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Bopsy

A mãe de 26 anos olhou em direção ao filho que estava morrendo de leucemia grave. Apesar de ter seu coração carregado de tristeza, ela também tinha um sentimento de forte determinação. Como qualquer mãe ou pai, desejava que seu filho crescesse e realizasse todos os seus sonhos. Agora isso não era mais possível. A leucemia se encarregaria disso. Mas ela ainda queria que os sonhos de seu filho se realizassem.

Pegou a mão do filho e perguntou:

– Bopsy, você alguma vez pensou no que gostaria de ser quando crescesse? Você já sonhou ou imaginou o que faria de sua vida?

– Mamãe, eu sempre quis ser bombeiro quando crescesse.

A mamãe sorriu para ele e disse:

– Vamos ver se podemos transformar seu desejo em realidade.

Mais tarde, naquele dia, ela foi ao Corpo de Bombeiros em Phoenix, Arizona, onde conheceu o bombeiro Bob, que tinha um coração tão grande quanto a cidade de Phoenix. Ela explicou o último desejo do filho e perguntou se seria possível dar uma volta ao redor do quarteirão com o menino de seis anos num carro de bombeiros.

O bombeiro Bob disse:

– Olhe, podemos fazer mais que isso. Se seu filho estiver pronto às sete horas da manhã de quarta-feira, faremos dele um bombeiro honorário por um dia. Ele poder vir ao Corpo de Bombeiros, comer conosco, sair em todas as chamadas de incêndio, acompanhar todo o nosso trabalho! E, se nos der suas medidas, conseguiremos um uniforme de bombeiro para ele, com um chapéu de bombeiro de verdade – não de brinquedo – com o emblema do Corpo de Bombeiros de Phoenix, um impermeável amarelo como o nosso e botas de borracha. São fabricados aqui mesmo em Phoenix, e, portanto, podem ser feitos rapidamente.

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Três dias depois, o bombeiro Bob apanhou Bopsy, vestiu-o em seu uniforme de bombeiro e escoltou-o de seu leito de hospital ao caminhão com guincho e escada que os aguardava. Bopsy sentou-se na parte traseira do caminhão e ajudou a conduzi-lo de volta ao posto de bombeiros. Ele estava nas nuvens.

Naquele dia, houve três chamadas de incêndio em Phoenix, e Bopsy saiu em todas elas. Ele andou em vários carros de bombeiro, na caminhonete dos paramédicos e até no carro do chefe dos bombeiros. Além disso, também foi filmado para o telejornal local.

Tendo realizado seu sonho, com todo o amor e atenção que foram derramados sobre ele, Bopsy ficou tão profundamente tocado que viveu três meses além do que qualquer médico julgara possível.

Uma noite, todos os seus sinais vitais começaram a cair drasticamente e a enfermeira chefe, que acreditavam que ninguém deve morrer só sem conforto, começou a chamar os membros da família ao hospital. Lembrou-se então do dia que Bopsy havia passado como bombeiro e telefonou ao chefe do Corpo de Bombeiros, perguntando se poderia enviar um bombeiro uniformizado ao hospital, para estar com ele em seus últimos instantes de vida. O chefe respondeu:

– Podemos fazer mais que isso. Estaremos aí em cinco minutos. A senhora me faria um favor? Quando ouvir as sirenes soando e vir as luzes piscando, poderia anunciar no sistema de alto-falantes que não se trata de um incêndio? É apenas o Corpo de Bombeiros que veio ver um de seus melhores membros mais uma vez. E a senhora poderia abrir a janela do quarto dele? Obrigado.

Cerca de cinco minutos depois, um caminhão com guincho e escada chegou ao hospital, estendeu a escada até a janela aberta do quarto de Bopsy no terceiro andar e 14 homens e 2 mulheres do Corpo de Bombeiros subiram e entraram no quarto de Bopsy. Com a permissão de sua mãe, abraçaram-no, seguraram-no e disseram-lhe o quanto o amavam. Com seu último suspiro, Bopsy olhou para o chefe dos bombeiros e disse:

– Chefe, sou mesmo um bombeiro agora?

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– Sim, Bopsy, você é.

Com aquelas palavras, Bopsy sorriu e fechou os olhos pela última vez.

Jack Canfield e Mark V. Hansen

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Cachorrinhos à venda

Um lojista estava fixando na porta de sua loja um cartaz onde se lia Filhotes à Venda. Cartazes como esse têm o poder de atrair crianças pequenas e, na verdade, um garotinho apareceu sob o cartaz do lojista.

– Por quanto o senhor vai vender os filhotes? – perguntou ele.

O dono da loja respondeu:

– Entre 30 e 50 dólares.

O garotinho enfiou a mão no bolso e tirou uns trocados.

– Tenho 2,37 dólares – disse ele. – Posso dar uma olhada neles?

O dono da loja sorriu, assobiou e, do canil, saiu Lady, que veio pelo corredor seguida de cinco pequeninas e miúdas bolinhas de pelo. Um dos filhotes tinha ficado consideravelmente para trás. Imediatamente, o garotinho indicou o filhote atrasado, que se movia com dificuldade, e disse:

– O que há de errado com aquele cachorrinho?

O dono da loja explicou que o veterinário havia examinado o filhotinho e descobrira que ele não possuía uma articulação do quadril. Ele mancaria para sempre. Seria defeituoso para sempre. O garotinho ficou animado.

– Este é o cachorrinho que eu quero comprar.

O dono da loja disse:

– Não, você não quer comprar aquele cachorrinho. Se realmente o quiser, eu o darei a você.

o garotinho ficou muito aborrecido. Olhou diretamente nos olhos do dono da loja, com o dedo em riste, e disse:

– Eu não quero do senhor um presente. Aquele cachorrinho vale exatamente tanto quanto os outros e eu pagarei o preço real. Na

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verdade, eu lhe darei 2,37 dólares agora, e cinquenta centavos por mês, até que tenha pago tudo.

O dono da loja se opôs:

– Você não quer realmente comprar esse cãozinho. Ele nunca ser capaz de correr, saltar e brincar com você como os outros filhotes.

Diante disso, o garotinho abaixou-se e enrolou a perna da calça, revelando uma perna esquerda gravemente deformada e aleijada, amparada por um grande braço de metal.

Olhou para o dono da loja e replicou suavemente:

-Bem, eu também não corro tão bem, e o filhotinho precisar de alguém que compreenda isso!

Dan Clark, Weathering the Storm

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APRENDENDO A AMAR A SI PRÓPRIO

Certa vez, Oliver Wendell Holmes participou de uma reunião na qual, entre os presentes, ele era o homem mais baixo.

Dr. Holmes – gracejou um amigo – eu deveria julgar que o senhor se sente um tanto pequeno entre nós, grandes sujeitos.

– Realmente – retrucou Holmes – sinto-me como uma moeda de dez centavos de dólar, entre uma porção de moedas de um centavo.

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O Buda de ouro

E agora, eis o meu segredo, um segredo• muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.

Antoine de Saint-Exupéry

No outono de 1988, minha esposa Georgia e eu fomos convidados a fazer uma palestra sobre autoestima e desempenho máximo numa conferência em Hong Kong. Como nunca havíamos estado no Extremo Oriente, decidimos estender nossa viagem e visitar a Tailândia.

Ao chegarmos a Bangkok, resolvemos fazer uma visita aos mais famosos templos budistas da cidade. Naquele dia, juntamente com nosso intérprete e motorista, eu e Georgia visitamos vários templos budistas, mas, depois de algum tempo, todos eles começaram a se confundir em nossa memória.

No entanto, um dos templos deixou uma indelével impressão em nossos corações e mentes. Chama-se o Templo do Buda de Ouro. O templo em si é muito pequeno, provavelmente não mais do que 10 X 10 metros. Mas, ao entrarmos, ficamos atordoados com a presença de um Buda de ouro maciço de 3,5 metros de altura. Ele pesa mais de duas toneladas e meia, e está avaliado em aproximadamente duzentos milhões de dólares. Foi uma visão extremamente impressionante – o Buda de ouro maciço, gentil e bondoso, embora imponente, sorrindo para nós. Enquanto estávamos envolvidos com as atividades normais dos turistas (tirar fotografias e fazer exclamações de admiração diante da estátua), caminhei até uma vitrine que continha um grande pedaço de barro com cerca de oito polegadas de espessura por doze polegadas de largura. Ao lado da vitrine havia uma página datilografada descrevendo a história desta magnífica peça de arte.

Nos idos de 1957, um grupo de monges de um monastério precisava transferir um Buda de barro de seu templo para um novo local. O monastério teria que ser transferido para ceder espaço à construção de uma autoestrada que atravessaria Bangkok. Quando o

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guindaste começou a suspender o ídolo gigantesco, seu peso era tamanho que ele começou a rachar. E, como se isso não bastasse, começou a chover. O monge superior, que estava preocupado com os danos que pudessem ocorrer ao Buda sagrado, resolveu devolver a estátua ao chão e cobri-la com um grande encerado de lona para protegê-la da chuva.

Mais tarde, naquela noite, o monge foi verificar como estava o Buda. Acendeu sua lanterna sob o encerado para ver se o Buda continuava seco. Conforme a luz incidiu sobre a rachadura, o monge notou um pequeno brilho e achou estranho. Ao olhar mais de perto o reflexo da luz, perguntou-se se poderia haver algo sob o barro. Foi buscar um cinzel e um martelo no monastério e começou a retirar o barro. À medida que derrubava fragmentos do barro, o pequeno brilho se tornava maior e mais forte. Muitas horas de trabalho se passaram até que o monge se deparou com o extraordinário Buda de ouro maciço.

Os historiadores acreditam que algumas centenas de anos antes da descoberta do monge, o exército dos birmaneses estava prestes a invadir a Tailândia (chamada então de Sião). Os monges siameses, percebendo que seu país seria logo atacado, cobriram seu precioso Buda de ouro com uma camada externa de barro, a fim de evitar que seu tesouro fosse roubado pelos birmaneses. Infelizmente, parece que os birmaneses massacraram todos os monges siameses, e o bem-guardado segredo do Buda de ouro permaneceu intacto até aquele fatídico dia em 1957.

Voltando para casa no avião da Cathay Pacific Airlines, pensei comigo mesmo: – Somos todos como o Buda de barro, recobertos por uma concha de resistência criada pelo medo e ainda assim, dentro de cada um de nós, há um Buda de ouro, um Cristo de ouro ou uma essência de ouro, que é o nosso eu verdadeiro. Em algum lugar ao longo do caminho, entre as idades de dois e nove anos, começamos a encobrir nossa essência de ouro, nosso eu natural. E, assim como o monge, com o martelo e o cinzel, nossa tarefa agora é descobrir mais uma vez a nossa verdadeira essência.

Jack Canfield

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Comece consigo mesmo

As palavras a seguir foram escritas na tumba de um bispo anglicano (11OO DC), nas criptas da abadia de Westminster:

Quando era jovem e livre, e minha imaginação não tinha limites, eu sonhava em mudar o mundo. Quando fiquei mais velho e mais sábio, descobri que o mundo não mudaria, e assim reduzi um pouco os limites de meu ideal e decidi mudar apenas meu país.

Porém este, também, parecia imutável.

À medida que chegava à decadência, numa última e desesperada tentativa, procurei mudar apenas minha família, aqueles mais próximos a mim, mas, ai de mim, eles não mudaram.

E agora, deitado em meu leito de morte, subitamente percebo: se eu tivesse apenas mudado a mim mesmo primeiro, então, pelo exemplo, eu teria mudado minha família. Com sua inspiração e estímulo, eu poderia ter melhorado meu país e, quem sabe até, ter mudado o mundo.

Anônimo

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Nada além da verdade!

David Casstevens, do Dallas Morning News, conta uma história sobre Frank Szymanski, centroavante do Notre Dame nos anos 194O, que foi chamado para servir de testemunha numa ação civil em South Bend.

– O senhor está no time de futebol este ano? – perguntou o juiz.

– Sim, Excelência.

– Em que posição?

– Centroavante, Excelência.

– Um bom centroavante?

Szymanski contorceu-se na cadeira, mas disse com firmeza:

– Senhor, sou o melhor centroavante que o Notre Dame já teve.

Frank Leahy, treinador do time, que estava no tribunal, ficou surpreso. Szymanski sempre fora modesto e despretensioso. Assim, quando a audiência terminou, ele puxou Szymanski de lado e perguntou-lhe porque tinha feito tal afirmação. Szymanski corou.

– Detestei fazê-lo, treinador – disse ele. – Mas, afinal, eu estava sob juramento.

Dallas Morning News

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Cobrindo todas as bases

Um garotinho falava consigo mesmo ao transpor correndo o quintal de sua casa, boné de beisebol a postos, carregando bola e taco.

– Sou o maior jogador de beisebol do mundo – dizia orgulhosamente.

Então, lançou a bola no ar, girou o taco, e errou. Impávido, ele pegou a bola, jogou-a no ar e disse a si mesmo:

– Sou o maior jogador de todos os tempos!

Ele girou o taco novamente, e novamente errou. Fez uma pausa e examinou cuidadosamente o taco e a bola. Então, uma vez mais lançou a bola no ar e disse:

– Sou o maior jogador de beisebol que já existiu. Girou fortemente o taco e novamente perdeu a bola.

– Uau! Que lançador!

Fonte desconhecida Depois da igreja em uma manhã de domingo, minha neta de 5

anos estava desenhando atentamente em um pedaço de papel. Quando perguntada o que ela estava desenhando, ela disse que estava desenhando Deus.

– Mas ninguém sabe como Deus parece, eu disse.

Vão saber quando eu tiver terminado esse desenho!, ela respondeu.

Jacque Hall

O que eu sou é suficientemente bom se eu o for abertamente.

Carl Rogers

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Minha declaração de autoestima

O trecho seguinte foi escrito em resposta à pergunta de uma garota de 15 anos: – Como posso me preparar para uma vida de plena satisfação?

Sou eu mesma.

No mundo inteiro, não há ninguém mais exatamente como eu. Há pessoas que possuem algumas partes que eu também possuo, mas o todo nunca é exatamente igual ao meu. Portanto, tudo que vem de mim é autenticamente meu, porque eu o escolhi sozinha.

Sou dona de tudo o que diz respeito a mim – meu corpo, inclusive tudo o que ele faz; minha mente, inclusive todos os meus pensamentos e ideias; meus olhos, inclusive as imagens de tudo o que eles contemplam; meus sentimentos, independente de quais sejam – raiva, alegria, frustração, amor, desapontamento, excitação; minha boca e todas as palavras que saem dela – gentis, doces ou rudes, corretas ou incorretas; minha voz, estridente ou suave; e todas as minhas ações, sejam elas para os outros ou para mim mesma.

Possuo minhas próprias fantasias, meus sonhos, minhas esperanças, meus medos.

Possuo todos os meus triunfos e sucessos, todos os meus fracassos e erros.

Uma vez que sou dona de tudo em mim, posso me conhecer intimamente. Assim fazendo, posso me amar e ser amigável com todas as minhas partes. E então possibilitar que todo o meu eu trabalhe em favor dos meus maiores interesses.

Sei que há aspectos em mim que me confundem, e outros que não conheço. Mas desde que seja cordial e bondosa para comigo mesma, posso corajosa e esperançosamente procurar soluções para os problemas, e meios para descobrir mais a meu respeito.

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Seja lá com o que eu pareça ou como sou, o que eu diga ou faça e o que eu pense ou como me sinto em determinado momento no tempo, sou eu. Isso é autêntico e representa onde estou naquele momento no tempo.

Revendo mais tarde aquilo com que pareci e como soei, o que eu disse ou fiz, e o que pensei e como me senti, algumas partes talvez pareçam desajustadas. Posso descartar o que é desajustado e manter o que se encaixa, e inventar algo novo para o que descartei.

Posso ver, sentir, pensar, dizer e fazer. Tenho as ferramentas para sobreviver, para estar próxima dos outros, para ser produtiva, para dar sentido e organizar o mundo de coisas e pessoas fora de mim. e planejar.

Sou dona de mim e por isso posso me projetar.

Sou eu mesma e estou bem.

Virginia Satir

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A mendiga

Ela costumava dormir na agência dos correios da Fifth Street. Eu podia sentir seu cheiro antes de contornar a entrada onde ela dormia, de pé, ao lado dos telefones públicos. Eu sentia o cheiro da urina que passava através das várias camadas de roupas sujas e da decomposição das sua boca quase sem dentes. Se ela não estava dormindo, murmurava palavras incoerentes.

Agora, fecham-se os correios às seis para manter os sem-teto do lado de fora, e assim ela se enrola na calçada, falando sozinha, sua boca aberta oscilando, como que se desconjuntando, seus odores minorados pela suave brisa.

Certo dia de Ação de Graças, tivemos tantas sobras de comida que eu as embrulhei, pedi licença aos outros e fui de carro até a Fifth Street.

Era uma noite fria. As folhas rodopiavam e quase ninguém estava nas ruas, a não ser alguns desafortunados em alguma casa ou abrigo aquecido. Mas eu sabia que a encontraria.

Ela estava vestida como sempre, mesmo no verão. As camadas quentes da lã disfarçando seu corpo velho e curvo.

Suas mãos ossudas seguravam o precioso carrinho de compras. Acocorara-se contra uma cerca de arame em frente ao playground ao lado da agência dos correios. – Por que não escolheu algum lugar mais protegido do vento? –, pensei, e supus que ela já não tivesse juízo para se encolher em alguma porta.

Encostei meu carro novo no meio-fio, abaixei o vidro da janela e disse:

– Mãe... A senhora gostaria... – e fiquei chocada ante a palavra mãe. Mas, ela era... é ... de alguma forma que não consigo compreender.

Eu disse novamente:

– Mãe, eu trouxe um pouco de comida para a senhora.

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A senhora gostaria de um pouco de peru recheado e torta de maçã?

Diante disso, a velha mulher me olhou e disse com muita clareza e distinção, seus dois dentes inferiores, frouxos, balançando enquanto ela falava:

– Ah, muito obrigada, mas estou bastante satisfeita agora. Por que não a leva para alguém que realmente necessite?

Suas palavras foram claras, suas maneiras graciosas. Então, fui dispensada: sua cabeça afundou novamente entre seus farrapos.

Bobbie Probstein

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Reação / Aptidão

O jogo que nós jogamos é vamos fingir e fingir que não estamos fingindo

escolhemos esquecer quem somos e, em seguida, esquecer que esquecemos

quem somos nós realmente?

o centro que assiste e comanda o show que pode escolher o caminho que vai

o Eu sou a consciência de que o poder do amor é o reflexo perfeito do cosmos

mas em nossa tentativa de lidar com situações primárias

nós escolhemos ou fomos hipnotizados em uma posição passiva

para evitar a punição

ou perda do amor

nós optamos por negar

nossa reação / aptidão

fingindo que

as coisas simplesmente acontecem

ou que estavam sendo controladas

Aceitando

Ficamos deprimidos

e habituamo-nos a essa postura masoquista

esta fraqueza

esta indecisão

mas nós somos na realidade livres

um centro de energia cósmica

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sua vontade é o seu poder

não finja que não o tem

ou você não será.

Bernard Gunther

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As regras para ser humano

1. Você receber um corpo.

Você pode gostar dele ou odiá-lo, mas ele é seu enquanto durar seu tempo por aqui.

2. Você aprenderá lições.

Você está inscrito por tempo integral numa escola informal chamada Vida. A cada dia nesta escola você terá a oportunidade de aprender lições. Você pode gostar das lições ou achá-las estúpidas ou irrelevantes.

3. Não existem erros, apenas lições.

Crescer é um processo de tentativa e erro: experimentação. Os experimentos fracassados são parte do processo, tanto quanto os experimentos que efetivamente funcionam.

4. Uma lição será repetida até que seja aprendida.

Uma lição lhe será apresentada de formas variadas, até que você a tenha aprendido. Quando a tiver aprendido, você poderá passar à lição seguinte.

5. O aprendizado nunca termina.

Não há parte da vida que não contenha suas lições. Enquanto você estiver vivo, haverá lições a serem aprendidas.

6. Lá não é melhor do que aqui.

Quando o seu Lá estiver se tornado um aqui, você simplesmente obterá um outro Lá, que novamente parecerá melhor do que aqui.

7. Os outros são meramente seus espelhos.

Você não pode amar ou odiar algo em outra pessoa, a menos que isso reflita algo que ama ou odeia em si mesmo.

8. O que você faz de sua vida é escolha sua.

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Você possui todas as ferramentas e recursos de que precisa. O que fará com eles depende de você. A escolha é sua.

9. Suas respostas estão dentro de você.

As respostas às questões da vida estão dentro de você. Tudo que você precisa fazer é ver, ouvir e confiar.

1O. Você se esquecerá de tudo isto.

Cherie Carter-Scott

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SOBRE A PATERNIDADE

Talvez o maior serviço social que possa ser prestado por alguém ao país e à humanidade seja educar uma família.

George Bernard Shaw

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Os filhos aprendem o que vivenciam

Se os filhos vivem com críticas, aprenderão a condenar.

Se os filhos vivem com hostilidade, aprenderão a brigar.

Se os filhos vivem com medo, aprenderão a ser apreensivos.

Se os filhos vivem com piedade, aprenderão a sentir pena de si mesmos.

Se os filhos vivem com o ridículo, aprenderão a ser tímidos.

Se os filhos vivem com ciúmes, aprenderão o que é a inveja.

Se os filhos vivem com vergonha, aprenderão a se sentir culpados.

Se os filhos vivem com tolerância, aprenderão a ser pacientes.

Se os filhos vivem com estímulo, aprenderão a ser confiantes.

Se os filhos vivem com elogios, aprenderão a apreciar.

Se os filhos vivem com aprovação, aprenderão a gostar de si mesmos.

Se os filhos vivem com aceitação, aprenderão a encontrar o amor no mundo.

Se os filhos vivem com reconhecimento, aprenderão a ter um objetivo.

Se os filhos vivem com partilha, aprenderão a ser generosos.

Se os filhos vivem com honestidade e imparcialidade, aprenderão o que são a verdade e a justiça.

Se os filhos vivem com segurança, aprenderão a ter fé em si mesmos e naqueles ao seu redor.

Se os filhos vivem com benevolência, aprenderão que o mundo é um lugar agradável de se viver.

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Se os filhos vivem com serenidade, aprenderão a ter paz de espírito.

Com que estão vivendo seus filhos?

Dorothy L. Nolte

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Por que escolhi meu pai para ser meu papai

Cresci numa bonita e ampla fazenda no Iowa, criada por pais que

são frequentemente descritos como o sal da terra (decente, confiável e despretensioso) e a espinha dorsal da comunidade. Eles foram tudo o que sabemos que bons pais são: amorosos, comprometidos com a tarefa de educar seus filhos segundo altas expectativas e com uma noção positiva de amor-próprio. Esperavam que cumpríssemos as tarefas matinais e vespertinas, que chegássemos pontualmente na escola, tivéssemos notas decentes e fôssemos boas pessoas.

Somos seis filhos. Seis filhos! Nunca achei que devêssemos ser tantos, mas também ninguém me consultou. Para piorar as coisas, o destino me jogou no coração dos Estados Unidos, no clima mais rigoroso e frio. Como todas as crianças, eu achava que houvera um grande engano universal e eu havia sido colocada na família errada – mais seguramente no estado errado. Eu não gostava de enfrentar as forças da natureza. O inverno no Iowa é tão frio que é preciso fazer rondas no meio da noite para ver se o gado não está preso em algum lugar e que pode congelar até a morte. Animais recém-nascidos têm que ser levados para o celeiro e, às vezes, até aquecidos para que possam se manter vivos. O inverno é frio de verdade no Iowa!

Papai, um homem incrivelmente belo, forte, carismático e vigoroso, estava sempre em movimento. Meus irmãos, irmãs e eu o admirávamos. Nós o respeitávamos e nutríamos por ele a mais alta estima. Agora entendo por quê. Não havia incoerências em sua vida. Ele era um homem honrado, de princípios elevados. A fazenda, o trabalho que escolheu, era sua paixão; ele era o melhor. Ficava em casa criando e cuidando dos animais. Sentia-se parte da terra e tinha enorme prazer em semear e colher as plantações. Recusava-se a caçar fora de estação, apesar dos cervos, faisões, codornas e outras caças perambularem pelas nossas terras em abundância. Recusava-se a usar aditivos químicos no solo ou a alimentar os animais com qualquer outra coisa que não fossem grãos naturais. Ensinou-nos por que fazia isso e por que deveríamos abraçar os mesmos ideais. Hoje posso ver o quanto ele era consciencioso, porque isso foi na metade dos anos

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cinquenta, antes que houvesse alguma tentativa de compromisso universal para com o meio ambiente.

Papai também era um homem muito impaciente, mas não no meio da noite, enquanto verificava seus animais, durante as rondas feitas bem tarde. O relacionamento que desenvolvemos nesses momentos que passamos juntos foi simplesmente inesquecível. Foi extremamente importante em minha vida. Aprendi muito sobre ele. Frequentemente ouço homens e mulheres dizerem que passaram muito pouco tempo com seus pais. De fato, a essência das conversas que ocorrem hoje nos grupos de homens é a busca em vão de um pai que nunca conheceram realmente. Eu conheci o meu.

Na época, sentia-me como se, secretamente, eu fosse sua filha favorita, apesar de ser bem possível que nós seis nos sentíssemos da mesma forma. Isso tinha, ao mesmo tempo, um lado bom e um ruim. O ruim era que eu havia sido eleita por papai para sair com ele naquelas verificações da meia-noite e da madrugada, e eu absolutamente detestava me levantar e abandonar uma cama quente para sair no ar gélido.

Mas meu pai sempre estava no melhor dos humores e extremamente amável nessas ocasiões. Mostrava-se extremamente compreensivo, paciente, gentil e um bom ouvinte. Sua voz era tranquila e seu sorriso me fez entender a paixão de minha mãe por ele.

Nessas horas, ele era um professor exemplar – sempre se concentrando nos porquês, nas causas. Falava sem parar pela hora ou hora-e-meia que as rondas duravam. Falava de experiências na guerra, dos porquês da guerra na qual havia servido e sobre a região, seu povo, os efeitos da guerra e suas consequências. Repetidas vezes ele contou sua história. Na escola, eu achava História a matéria mais excitante e familiar.

Ele falava do que adquiriu em suas viagens e da importância de ver o mundo. Incutiu em nós a necessidade e o amor pelas viagens. Aos trinta anos eu já trabalhara em ou visitara uns trinta países.

Ele falava sobre a necessidade e o amor pelo aprendizado e na importância de uma educação formal, e falava sobre a diferença entre

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a inteligência e a sabedoria. Queria tanto que eu fosse além do meu diploma de colégio. Você é capaz, dizia ele repetidamente. Você é uma Burres. Você é brilhante, tem uma cabeça boa e, lembre-se, você é uma Burres. De forma alguma eu haveria de decepcioná-lo. Eu possuía mais que confiança suficiente para abraçar qualquer carreira. Finalmente, completei meu Ph.D. e mais tarde concluí um segundo doutorado. Embora o primeiro doutorado tenha sido para papai e o segundo para mim, havia definitivamente um senso de curiosidade e investigação que fez com que os dois fossem fáceis de conquistar.

Ele falava sobre padrões e valores, sobre o desenvolvimento do caráter e seu significado no curso da vida de uma pessoa. Eu escrevo e ensino um tema semelhante. Ele falava sobre como tomar e avaliar decisões, quando contabilizar as perdas e desistir e quando se manter firme, mesmo em face da adversidade. Falava sobre o conceito de ser e tornar-se e não apenas ter e conseguir. Eu ainda uso essa frase: nunca perca a integridade artística em troca de sucesso comercial, dizia ele. Falava em intuição e em como distinguir entre a intuição e as fraudes emocionais, e em como evitar ser tapeado pelos outros.

Ele dizia: – Ouça sempre a sua intuição e saiba que todas as respostas de que precisar estão dentro de você. Reserve algum tempo à solidão e ao silêncio. Seja firme o suficiente para encontrar as respostas dentro, e então ouça-as. Encontre algo que goste de fazer e então viva uma vida que demonstre isso. Seus objetivos devem derivar de seus valores, e assim seu trabalho irradiará o desejo de seu coração. Isso a desviará de todas as distrações tolas que apenas servirão para fazê-la perder tempo – sua própria vida é sobre o tempo, o quanto puder crescer em quantos anos lhe forem dados. Interesse-se pelas pessoas, – ele dizia, – e sempre respeite a mãe natureza. Onde quer que você viva, certifique-se de que tem uma vista total de árvores, céu e terra.

Meu pai. Quando reflito sobre como ele amava e valorizava seus filhos, sinceramente lamento por aqueles que nunca conheceram seus pais desta forma ou nunca sentirão a força de seu caráter, ética, conduta e sensibilidade, tudo numa só pessoa – como eu sinto no meu. Meu pai planejava o que dizia. Sei que ele considerava meu valor, e queria que eu visse esse valor.

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A mensagem de papai fez sentido para mim. porque eu nunca vi nenhum conflito na forma como ele vivia sua vida. Ele havia refletido sobre sua vida e a vivia diariamente. Ele comprou e pagou várias fazendas em todos esses anos (é tão ativo hoje quanto o era então). Está casado e amou a mesma mulher durante toda sua vida. Minha mãe e ele, agora casados há aproximadamente 50 anos, ainda são namorados inseparáveis. São os maiores amantes que conheço. E ele amou muito sua família. Eu pensava que ele fosse exageradamente possessivo e protetor com seus filhos, mas agora que sou mãe posso entender essas necessidades e vê-los como são. Apesar de ter achado que podia nos evitar do sarampo, e quase ter conseguido, ele se recusava veementemente a nos perder para vícios destrutivos. Vejo também o quanto ele estava determinado a que nós fôssemos adultos responsáveis e interessados.

Até hoje, cinco de seus filhos moram a apenas algumas milhas de distância dele, e escolheram uma versão de seu estilo de vida. São devotados esposos e pais e a agricultura é o trabalho que escolheram. Eles são, sem dúvida, as espinhas dorsais de suas comunidades. Há um desvio nisso tudo, e suspeito que seja por ter me levado com ele naquelas rondas da meia-noite. Eu tomei uma direção diferente da dos outros cinco filhos. Comecei uma carreira como educadora, advogada e professora universitária, tendo finalmente escrito vários livros para pais e filhos, a fim de partilhar o que aprendi sobre a importância de se desenvolver a autoestima na infância. Minhas mensagens para minha filha, embora um pouco diferentes, são os valores que aprendi com meu pai, temperados pelas minhas experiências de vida, é claro. Eles continuam a ser transmitidos.

Devo lhes falar um pouco sobre minha filha. Ela é um mulherão, uma bela atleta com 1,80m que se inscreve em três esportes a cada ano, se aborrece com a diferença entre um A– e um B, e acaba de ser eleita finalista no concurso de Miss Califórnia Adolescente. Mas não são seus dotes externos e talentos que me lembram meus pais. As pessoas sempre me dizem que minha filha possui uma enorme bondade, uma espiritualidade, uma chama interior profunda e especial, que se irradia. A essência de meus pais está personificada em sua neta.

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As recompensas por estimarem seus filhos e serem pais dedicados também teve um efeito extremamente positivo nas vidas de meus pais. No momento em que escrevo este artigo, meu pai está na Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota, para se submeter a uma bateria de testes, programados para levar de seis a oito dias. É• dezembro. Por causa do inverno rigoroso, ele reservou um quarto num hotel próximo à clínica (como um paciente de ambulatório). Devido a compromissos em casa, minha mãe só pôde estar com ele durante os primeiros dias. E assim, na noite de Natal, eles estavam separados.

Naquela noite, telefonei primeiro ao meu pai em Rochester para desejar Feliz Natal. Ele pareceu deprimido e desanimado. Então, liguei para minha mãe no Iowa. Ela estava triste e mal-humorada. Esta é a primeira vez que seu pai e eu passamos as festas separados, lamentou-se ela, simplesmente não parece Natal, sem ele.

Eu esperava quatorze convidados para o jantar, todos prontos para uma noite de festa. Voltei para a cozinha, mas, sem conseguir tirar completamente da cabeça o dilema de meus pais, telefonei para minha irmã mais velha. Ela ligou para meus irmãos. Conferenciamos por telefone. Ficou combinado, determinado que meu pais não passariam a noite de Natal separados. Meu irmão mais moço dirigiria duas horas até Rochester, apanharia meu pai e o levaria para casa sem dizer nada à minha mãe. Liguei para meu pai para contar-lhe os planos. Oh, não, ele disse, é perigoso demais sair numa noite como esta. Meu irmão chegou a Rochester e bateu à porta do quarto de hotel de meu pai. Telefonou-me do quarto de papai para dizer que ele não queria ir. Você tem que falar com ele, Bobbie. Você é a única que ele ouve. Vá papai, eu disse gentilmente.

Ele foi. Tim e meu pai partiram para o Iowa. Nós acompanhávamos seus progressos, a jornada e o clima, falando com eles pelo telefone do carro de meu irmão. A essa altura, todos os meus convidados haviam chegado e todos tomavam parte da provação. Quando o telefone tocava, nós ativávamos o viva-voz, para que pudéssemos saber das últimas!

Passava das 9:OO quando o telefone tocou e era papai no telefone do carro: Bobbie, como eu posso ir para casa sem um presente para sua mãe? Seria a primeira vez em quase cinquenta anos que não lhe dou um

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perfume no Natal! A essa altura todos os convidados do meu jantar já estavam arquitetando este plano. Ligamos para minha irmã para saber os nomes dos centros de compras abertos nas proximidades, para que eles pudessem parar para comprar o único presente que meu pai cogitaria dar à mamãe – a mesma marca de perfume que sempre deu a ela, todos os anos, no Natal.

Naquela noite, às 9:52, meu irmão e meu pai deixaram um pequeno shopping center em Minnesota para retomarem a viagem para casa. As 11:50 entraram na fazenda. Meu pai agindo como um garoto risonho em idade escolar, correu para trás da casa e se escondeu.

– Mamãe, fui visitar o papai hoje e ele me disse que lhe trouxesse a roupa suja – disse meu irmão ao entregar as malas à minha mãe.

– Oh – ela disse suave e tristemente. – Estou com tantas saudades dele que bem poderia fazer isso agora.

Saindo de seu esconderijo, meu pai disse:

– Você não terá tempo de lavá-las esta noite.

Depois que meu irmão me telefonou para contar esta cena tocante entre nossos pais – estes dois amantes e amigos – telefonei para minha mãe.

– Feliz Natal, Mamãe!

– Oh, vocês, garotos... – disse ela numa voz engasgada, sufocando as lágrimas. Ela não pôde continuar. Meus convidados brindaram. Mesmo estando a 2.000 milhas de distância deles, foi um dos Natais mais especiais que compartilhei com meus pais. E é claro, até hoje meus pais nunca estiveram separados na noite de Natal. Essa é a força dos filhos que amam e honram seus pais e, é claro, do maravilhoso e fiel casamento que meus pais compartilham.

– Bons pais – Jonas Salk me disse uma vez – dão a seus filhos raízes e asas. Raízes para que saibam onde é seu lar, asas para partir voando e exercitar o que lhes foi ensinado.

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Se a aquisição das habilidades necessárias para conduzir uma vida cheia de propósitos, ter um ninho seguro e ser bem-vindo de volta a ele é a herança dos pais, então acredito que escolhi bem meus pais. Foi no Natal passado que compreendi mais profundamente por que era necessário que essas duas pessoas fossem meus pais. Apesar de minhas asas me terem levado ao redor do mundo e finalmente a me aninhar na adorável Califórnia, as raízes que meus pais me deram serão, para sempre, alicerces indestrutíveis.

Bettie B. Youngs

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A escola dos animais

Certa vez, os animais decidiram que deveriam fazer algo heroico para resolver os problemas de um novo mundo.

Assim, organizaram uma escola.

Adotaram um currículo de atividades que compreendia corrida, alpinismo, natação e voo. Para ministrar o currículo mais facilmente, todos os animais teriam todas as matérias.

O pato era excelente em natação, na verdade era até melhor do que seu instrutor, mas teve apenas notas satisfatórias em voo e era bem ruim na corrida. Como era lento na corrida, precisou treinar depois das aulas e também abandonar a natação para praticar a corrida. Continuou fazendo isso até seus pés palmados ficarem gravemente feridos e passou a ter um aproveitamento apenas regular em natação. Mas, como regular era aceitável na escola, ninguém se preocupou com isso, a não ser o próprio pato.

O coelho começou como o melhor da classe em corrida, mas teve um colapso nervoso por causa de tantos treinos de natação.

O esquilo era excelente em alpinismo até ficar frustrado com seu aproveitamento nas aulas de voo, quando sua professora mandou que partisse do chão para cima, e não do topo da árvore para baixo. Além disso, desenvolveu cãibras devido a uma estafa e então tirou um C em alpinismo e um D em corrida.

A águia era uma criança problema e foi severamente disciplinada. Na aula de alpinismo, venceu todos os outros em direção ao topo da árvore, mas insistiu em utilizar seu próprio caminho para chegar lá.

Ao final do ano, uma excepcional enguia que sabia nadar extremamente bem, além de correr, subir e voar um pouco, obteve a melhor média e foi a melhor da turma.

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As marmotas ficaram fora da escola e protestaram contra as mensalidades, porque a administração não quis incluir escavação e construção de tocas no currículo. Matricularam seus filhos como aprendizes de um texugo e mais tarde juntaram-se às marmotas e aos esquilos para fundarem uma bem-sucedida escola particular.

Qual o moral da história?

George H. Reavis

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Toque

Ela é minha filha e está imersa na turbulência de seu décimo sexto ano de vida. Imediatamente após um recente episódio de doença, ela soube que sua melhor amiga logo estaria se mudando. Na escola, não estava indo tão bem quanto ela esperava, nem tão bem quanto minha mulher e eu esperávamos. Ela exalava tristeza pelo abafo dos cobertores, ao se encolher na cama, procurando conforto. Queria me aproximar dela e arrebatar todas as tristezas que haviam se enraizado em seu jovem espírito. Ainda assim, mesmo consciente do quanto me importava com ela e queria acabar com sua infelicidade, sabia da importância de proceder com cautela.

Como terapeuta familiar fui bem instruído a respeito de expressões de intimidade impróprias entre pais e filhas, basicamente por clientes cujas vidas foram arrasadas por abuso sexual. Tenho consciência também de quanto o cuidado e a proximidade podem ser facilmente sexualizados, especialmente pelos homens que consideram o campo emocional um território estrangeiro, e que confundem qualquer expressão de afeição com convite sexual. Quão mais fácil era segurá-la e confortá-la quando ela tinha dois, ou três, ou mesmo sete anos. Mas agora, seu corpo, nossa sociedade e minha masculinidade, pareciam todos conspirar contra o fato de eu confortar minha filha. Como eu poderia consolá-la e ainda respeitar os limites necessários entre um pai e uma filha adolescente? Escolhi oferecer-lhe uma massagem nas costas. Ela consentiu.

Massageei suavemente sua coluna e ombros nodosos, enquanto me desculpava por minha ausência recente. Expliquei-lhe que acabava de voltar das finais internacionais do concurso de massagem dorsal, onde obtivera o quarto lugar.

Assegurei a ela que é difícil derrotar a massagem dorsal de um pai preocupado, especialmente se ele é um massagista de excelência mundial. Contei a ela tudo sobre o concurso e os outros concorrentes enquanto minhas mãos e dedos procuravam relaxar seus músculos contraídos e libertar as tensões de sua juventude.

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Contei a ela sobre o concorrente asiático, um senhor mirrado e idoso, que obtivera o terceiro lugar no concurso. Depois de estudar acupuntura e acupressão a vida inteira, ele era capaz de concentrar toda sua energia em seus dedos, transformando a massagem dorsal numa arte. Ele calcava e espetava com precisão de prestidigitador, expliquei, dando à minha filha uma pequena amostra do que eu aprendera com o velho senhor. Ela gemeu, embora eu não tivesse a certeza se em resposta à minha aliteração ou ao meu toque. Então, contei a ela sobre a mulher que tirara o segundo lugar.

Era da Turquia e desde sua infância praticara a arte da dança do ventre, e assim podia fazer os músculos se moverem e ondularem num movimento fluido. Com sua massagem dorsal, seus dedos despertaram, em músculos cansados e corpos exaustos, uma ânsia de vibrar, dançar e palpitar. Ela deixava que seus dedos caminhassem e os músculos os seguissem, disse, demonstrando.

Isso é extraordinário, emanou fracamente de um rosto abafado por um travesseiro. Teria sido o movimento ou meu toque?

Então apenas massageei as costas de minha filha e ficamos em silêncio. Depois de algum tempo ela perguntou:

– E então, quem ficou com o primeiro lugar?

– Você não acreditaria! – eu disse. – Foi um bebê!

E expliquei como os toques suaves e confiantes de uma criança explorando um mundo de pele, odores e sabores era como nenhum outro toque. Mais suave que o suave. Imprevisível, gentil, investigador. Mãos pequeninas dizendo mais do que as palavras jamais poderiam expressar. Sobre posse. Sobre confiança. Sobre o amor ingênuo. E então, com leveza e suavidade, a toquei como aprendera com a criança. Relembrei vividamente sua própria infância – segurando-a, embalando-a, vendo-a tatear e crescer no mundo. Compreendi que ela, na verdade, era a criança que me ensinara o toque de uma criança.

Depois de outro período de leve massagem dorsal e silêncio, eu disse que estava contente por haver aprendido tanto com os peritos mundiais em massagens dorsais. Expliquei como havia me tornado um massagista ainda melhor para uma filha de dezesseis anos, que se

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alongava dolorosamente em direção à sua forma adulta. Ofereci uma oração silenciosa de agradecimento que tal vida me tivesse sido colocada nas mãos e que eu tivesse sido abençoado com o milagre de tocar ao menos uma parte sua.

Victor Nelson

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Eu te amo, filho

Pensamentos enquanto levo meu filho de carro à escola: Bom dia, filho. Você está bem elegante em sua roupa de lobinho, não tão gordo quanto o seu velho quando era escoteiro. Acho que meu cabelo nunca foi tão comprido até eu entrar na faculdade, mas acho que eu o reconheceria de qualquer forma pelo que você é: meio peludo em volta das orelhas, dedos dos pés arranhados, joelhos enrugados... Nos acostumamos um com o outro...

Agora que você tem oito anos, eu noto que não o vejo mais tanto assim. No dia de Colombo (12 de outubro – descobrimento da América

por Cristóvão Colombo, em 1492) saiu às nove da manhã. Eu o vi por 42 segundos na hora do almoço e você reapareceu para jantar às cinco. Eu sinto saudades suas, mas sei que você tem negócios sérios a tratar. Com certeza tão sérios, se não mais importantes quanto os que os outros viajantes na estrada estão fazendo.

Você tem que crescer e se desenvolver, e isso é mais importante do que emitir cupons, organizar opções de ações ou vender a descoberto. Você precisa aprender do que é e do que não é capaz – e como lidar com isso. Você precisa aprender sobre as pessoas e como elas se comportam quando não se sentem bem consigo mesmas – como os valentões que ficam no bicicletário provocando os garotos menores.

Sim, você mesmo tem que aprender a fingir que apelidos não magoam. Sempre magoam, mas você ter que usar a fachada ou eles o chamarão de nomes piores da próxima vez. Apenas espero que você se lembre como se sente – caso alguma vez você resolva atormentar um garoto menor do que você.

Quando foi a última vez que eu disse que estava orgulhoso de você? Acho que se não consigo me lembrar, tenho que trabalhar muito. Lembro-me da última vez que gritei com você – disse que íamos nos atrasar se você não corresse – mas, no geral, como Nixon costumava dizer, não te acariciei tanto quanto gritei com você. Fica registrado, caso você leia isso, que me orgulho de você. Gosto especialmente de

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sua independência, do modo como cuida de si, mesmo quando isso me assusta um pouco. Você nunca foi chorão e isso faz de você um garoto superior no meu conceito.

Por que é que pais demoram tanto a perceber que os de oito anos precisam de tantos abraços quanto os de quatro anos? Se eu não prestar atenção, logo, logo eu estarei lhe dando um soco no braço e dizendo: E aí, garoto?!, em vez de abraçá-lo e dizer-lhe que o amo. A vida é muito curta para se esconder a afeição. Por que é que os de oito anos demoram tanto a perceber que os de 36 precisam de tantos abraços quanto os de quatro?

Será que eu me esqueci de lhe dizer que fiquei orgulhoso de você voltar ao lanche da merendeira depois de uma semana de indigestos lanches especiais? Fico contente que você valorize seu corpo.

Queria que o percurso não fosse tão curto... queria falar sobre ontem à noite... quando seu irmão menor estava dormindo e nós deixamos você ficar acordado e assistir ao jogo dos Yankees. Esses momentos são tão especiais. Não há forma de planejá-los. Todas as vezes que tentamos planejar algo juntos, nunca é bom, ou valioso, ou caloroso o suficiente. Por alguns minutos, curtos demais, foi como se você já tivesse crescido e nos sentássemos e conversássemos telepaticamente sobre Como vai indo na escola, filho?. Eu já verifiquei sua lição de matemática da única forma que podia – com uma calculadora. Você é melhor com os números do que eu jamais serei. Então, conversamos sobre o jogo e você sabia mais sobre os jogadores do que eu e eu aprendi com você. E ambos ficamos felizes quando os Yankees venceram.

Bem, lá está o guarda da escola. Provavelmente ele viverá mais do que todos nós. Eu queria que você não tivesse que ir à escola hoje. Há tantas coisas que eu quero dizer.

Você desceu do meu carro tão depressa. Queria recuperar o momento, mas você já avistou dois de seus amigos. Eu queria apenas dizer: Eu te amo, filho.

Victor B. Miller

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Por que você é tão importante quanto o que você faz

O que você é, fala tão alto que não consigo ouvir o que você está

dizendo.

Ralph Waldo Emerson

Era uma tarde ensolarada de sábado em Oklahoma City. Meu amigo e pai orgulhoso, Bobby Lewis estava levando seus dois garotos para jogar minigolfe. Ele foi até o sujeito na bilheteria e disse:

– Quanto é a entrada?

O jovem respondeu:

– Três dólares para o senhor e três dólares para cada garoto acima de seis anos. A entrada é livre para as crianças de seis anos ou menos. Quantos anos eles têm?

Bobby respondeu:

– O advogado tem três e o médico tem sete, então, acho que eu lhe devo seis dólares.

O homem da bilheteria disse:

– Ei, o senhor acabou de ganhar na loteria ou coisa parecida? O senhor poderia ter economizado três dólares. Poderia ter dito que o mais velho tinha seis anos; eu não saberia a diferença.

Bobby replicou:

– •É pode ser; mas os garotos saberiam.

Como Ralph Waldo Emerson disse, o que você é, fala tão alto que eu não consigo ouvir o que você está dizendo. Em tempos desafiadores, quando a ética é mais importante do que nunca, certifique-se de dar um bom exemplo a todos com quem trabalha e vive.

Patricia Fripp

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Vida de mãe

Leve seu prato para a cozinha, por favor.

Leve-o lá para baixo quando você for.

Não deixe-o lá, leve-o lá em cima.

Isto é seu?

Não bata o seu irmão.

Eu estou falando com você.

Só um minuto, por favor, não vê estou falando?

Eu disse: Não interrompa.

Você escovou os dentes?

O que você está fazendo fora da cama?

Volte para a cama.

Você não pode assistir à tarde.

O que quer dizer, não há nada para fazer?

Vá para fora.

Leia um livro.

Vire-a para baixo.

Desligue o telefone.

Diga à sua amiga que ligará de volta. Agora!

Olá. Não, ela não está em casa.

Ela te ligará quando chegar em casa.

Leve uma jaqueta. Leve um agasalho.

Pegue qualquer um.

Alguém deixou seus sapatos na frente da TV.

Ponha os brinquedos para fora do saguão.

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Ponha os meninos fora da banheira.

Ponha os brinquedos fora das escadas.

Você não percebe que poderia matar alguém?

Apresse-se.

Apresse-se. Todo mundo está esperando.

Vou contar até dez e depois iremos sem você.

Você vai ao banheiro?

Se você não for, você não vai.

Eu quero dizer isso.

Por que você não vão antes de sair?

Você pode segurá-la?

O que está acontecendo lá?

Pare com isso.

Eu disse: Pare com isso!

Eu não quero ouvir nada disso.

Pare com isso ou eu te levo para casa agora.

É isso aí. Nós estamos indo para casa.

Dê-me um beijo.

Eu preciso de um abraço.

Faça a sua cama.

Limpe seu quarto.

Arrume a mesa.

Eu preciso de você para arrumar a mesa!

Não me diga que não é a sua vez.

Por favor, chegue sua cadeira à mesa.

Sente-se.

Experimente um pouco. Você não tem que

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comer tudo.

Pare de brincar e coma.

Quer ver o que você está fazendo?

Mova o copo. Está muito perto da beirada.

Cuidado!

Mais o quê?

Mais, por favor. Assim está bom.

Basta comer um pouco de salada.

Você nem sempre consegue o que quer. É a vida.

Não discuta comigo. Eu não estou mais discutindo isso.

Vá para seu quarto.

Não, dez minutos não dá.

Um minuto mais.

Quantas vezes eu te disse, não faça isso.

Onde estão os biscoitos?

Coma a fruta velha antes de comer a nova.

Eu não estou te dando cogumelos. Eu estou tirando todos os cogumelos. Vê?

O seu dever de casa está feito?

Pare de gritar. Se você quer me perguntar algo, venha aqui.

PARE DE GRITAR. SE VOCÊ QUER ME PERGUNTAR ALGO, VENHA AQUI.

Vou pensar sobre isso.

Agora não.

Pergunte ao seu pai.

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Vamos ver.

Não se sente tão perto da televisão, é ruim para os seus olhos.

Acalme-se.

Acalme-se e comece de novo.

É essa a verdade?

Aperte o cinto de segurança.

Todos já apertaram os cintos de segurança?

Sinto muito, essa é a regra. Sinto muito, essa é a regra. Sinto muito, essa é a regra

Delia Ephron

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A perfeita família americana

São 10:3O de uma perfeita manhã de sábado e somos, no momento, a família americana perfeita. Minha esposa levou nosso filho de seis anos à sua primeira aula de piano. Nosso filho de quatorze ainda não acordou. O de quatro assiste, na outra sala, a pequeninos seres antropomórficos arremessando uns aos outros de penhascos. Eu me sento em frente à mesa da cozinha lendo o jornal.

Aaron Malachi, o de quatro, aparentemente entediado pela carnificina do desenho animado e animado pelo considerável poder pessoal de segurar o controle remoto da televisão, adentra meu espaço.

– Estou com fome – diz.

– Quer mais sucrilhos?

– Não.

– Quer um pouco de iogurte?

– Não.

– Quer ovos?

– Não. Posso tomar um pouco de sorvete?

– Não.

Pelo que sei, sorvete pode ser até mais nutritivo do que cereais processados ou ovos carregados de antibióticos, mas é de acordo com meus valores culturais, é errado tomar sorvete às 10:45 de uma manhã de sábado.

Silêncio.

Cerca de quatro segundos.

– Papai, temos muito tempo de vida ainda, não temos?

– Sim, temos muito tempo de vida, Aaron.

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– Eu, você e mamãe?

– Isso mesmo.

– E Isaac?

– Sim.

– E Ben?

– Sim. Você, eu, mamãe, Isaac e Ben.

– Temos muito tempo devida. Até que todas as pessoas morram.

– Como assim?

– Até que todas as pessoas morram e os dinossauros voltem.

Aaron senta-se na mesa, pernas cruzadas como um Buda, no meio do meu jornal.

– O que você quer dizer, Aaron, com até que todas as pessoas morram?

– Você disse que todas as pessoas morrem. Quando todos morrerem, os dinossauros voltarão. Os homens das cavernas viviam em cavernas, cavernas de dinossauros. Então, os dinossauros voltaram e acabaram com eles.

Percebo que para Aaron a vida é uma economia limitada, um recurso com começo e fim. Ele imagina a si mesmo e a nós em algum lugar nessa trajetória, uma trajetória que termina em incerteza e perda.

Defronto-me com uma decisão ética. O que eu deveria fazer agora? Deveria tentar dar a ele Deus, salvação, eternidade? Deveria aborrecê-lo com um discurso do tipo seu corpo é apenas uma concha e depois que você morrer estaremos todos eternamente juntos em espírito?

Ou deveria deixá-lo com sua incerteza e sua ansiedade porque acho que é verdadeira? Deveria tentar transformá-lo num existencialista ansioso ou deveria tentar fazê-lo sentir-se melhor?

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Não sei. Olho para o jornal. Os Celtics estão perdendo consecutivamente nas noites de sexta-feira. Larry Bird está zangado com alguém, mas eu não consigo ver quem, porque o pé de Aaron está na frente. Não sei, mas minha sensibilidade de classe média, neurótica e viciada, está me dizendo que este é um momento muito importante, um momento em que Aaron está começando a construir seu mundo. Ou talvez seja apenas minha sensibilidade de classe média, neurótica e viciada, que esteja me fazendo achar isso. Se vida e morte são uma ilusão, por que eu deveria perder tempo com a forma pela qual outra pessoa as compreende?

Sobre a mesa Aaron brinca com um soldado, levantando seus braços e equilibrando-o sobre suas pernas trêmulas. Era com Kevin Machale que Larry Bird estava zangado. Não, não Kevin Machale, era com Jerry Sichting, mas Jerry Sichting não está mais no Celtics. O que houve com Jerry Sichting?

Tudo morre, tudo tem um fim. Jerry Sichting está jogando no Sacramento ou no Orlando ou desapareceu.

Eu não deveria brincar com a forma de Aaron compreendera vida e a morte, porque quero que ele tenha uma noção sólida de estrutura, uma noção de permanência das coisas. Óbvio o bom trabalho que as freiras e padres fizeram contigo. Era agonia ou bênção. Céu e inferno não estavam conectados por serviço discagem direta à distância. Ou você estava no time de Deus, ou estava no caldo, e o caldo era quente. Não quero que Aaron se queime, mas quero que ele tenha uma estrutura forte. A ansiedade neurótica, porém, inevitável, pode vir depois.

Isso é possível? É• possível ter a percepção de que Deus é espírito, karma, YHWH (Deus em hebreu, Yahweh em inglês, Jeová em português), sei lá – é transcendente, sem traumatizar o presente de uma pessoa, sem incutir isso dentro dela? Podemos guardar nosso bolo e comê-lo ao mesmo tempo, ontologicamente falando? Ou sua frágil sensibilidade, sua existência, fica dividida por tal ato?

Sentindo um leve crescer de agitação sobre a mesa, percebo que Aaron está começando a se aborrecer com seu companheiro. Numa

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atitude teatral propícia ao momento, limpo a garganta e começo num tom profissional.

– Aaron, a morte é algo em que algumas pessoas acreditam...

– Papai – interrompe Aaron – podemos jogar videogame? Não é um jogo muito violento – explica ele, gesticulando com as mãos. – Não é como um jogo de matar. Os caras só tombam.

– Sim – digo com certo alívio, vamos jogar videogame. Mas, antes vamos fazer outra coisa.

– O que? – Aaron para e se volta, lá no lugar para onde correu, já na metade do caminho em direção à galeria.

– Primeiro, vamos tomar sorvete.

Outro sábado perfeito para uma família perfeita. Por enquanto.

Michael Murphy

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Simplesmente diga

Se você fosse morrer logo e pudesse dar apenas um telefonema, para quem ligaria e o que diria? E o que está esperando?

Stephen Levin

Certa noite, depois de ler um dos mais de cem livros sobre paternidade que já li, me senti um pouco culpado, por que o livro descrevia algumas estratégias que eu não usava há algum tempo. A principal era falar com seu filho e usar as três palavras mágicas: Eu te amo. O livro ressaltava repetidamente que as crianças precisam saber que você realmente as ama, inequívoca e incondicionalmente.

Subi até o quarto do meu filho e bati na porta. Ao bater, tudo que pude ouvir foi a sua bateria. Eu sabia que ele estava lá, mas ele não respondia. Então, abri a porta, e ele estava realmente lá sentado com seus fones de ouvido, ouvindo uma fita e tocando bateria. Depois de me inclinar para chamar sua atenção, disse a ele:

– Tem um segundo, Tim?

Ele disse:

– Ah, claro, papai. Sempre tenho.

Nos sentamos e depois de cerca de 15 minutos e um monte de conversa fiada e gagueira, eu só olhei para ele e disse: Tim, eu realmente amo o jeito que você tocar bateria.

Ele disse: Oh, obrigado, Papai, eu aprecio isso.

Saí da porta e disse: Te vejo mais tarde! Quando eu estava andando lá embaixo, me dei conta que eu fui até lá com uma certa mensagem e não entreguei. Eu senti que era realmente importante voltar lá e ter outra chance de dizer aquelas três palavras mágicas.

Mais uma vez eu subi as escadas, bati na porta e a abri.

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– Você tem um segundo, Tim?

– Claro, pai. Estou sempre tenho um segundo ou dois. O que você precisa?

– Filho, a primeira vez que vim até aqui para compartilhar uma mensagem com você, algo mais faltou. Aquilo realmente não era o que eu queria compartilhar com vocês. Tim, você se lembra quando você estava aprendendo a dirigir, causou me um monte de problemas? Eu escrevi três palavras e coloquei-as sob seu travesseiro, na esperança de que iria lê-la. Eu fiz a minha parte como pai e expressei meu amor ao meu filho.

Finalmente, depois de um pouquinho de conversa, eu olhei para Tim e disse: – O que eu quero que você saiba é que nós te amamos.

Ele olhou para mim e disse:

– Oh, obrigado, papai. Isso é você e mamãe?

Eu disse, – Sim, isso é tanto de nós, nós apenas não expressamos o suficiente.

Ele disse: – Obrigado, isso significa muito. Eu sei que vocês me amam.

Virei-me e saí pela porta. Quando eu estava andando lá embaixo, eu comecei a pensar: – Eu não posso acreditar nisso. Eu já estive lá duas vezes. Eu sei qual é a mensagem e mesmo assim acabo falando uma outra coisa.

Resolvi voltar lá e dessa vez dizer a Tim o que eu realmente sinto. Ele ouviria diretamente de mim. Não faz mal que ele tenha 1,80 metro de altura! Lá vou eu de volta, bato na porta e ele grita:

– Espere um minuto. Não me diga quem é. Seria você, papai?

Eu disse:

– Como sabe?

E ele respondeu:

– Conheço-o desde que é pai, papai.

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Então eu disse:

– Filho, você tem só mais um segundo?

– Você sabe que eu sempre tenho, então entre. Suponho que você não tenha me dito o que queria?

Eu disse:

– Como sabe?

– Conheço-o desde quando eu ainda usava fraldas.

Eu disse:

– Bem, aí está Tim, o que eu tenho hesitado em dizer. Apenas quero expressar o quanto você é especial para nossa família. Não pelo que você faz, e não pelo que tem feito, como tudo que está fazendo pelos garotos do ginásio. • Por você ser quem você é. Eu te amo e queria apenas que você soubesse que o amo, e não sei por que hesito em relação a algo tão importante.

Ele me olhou e disse:

– Ei, papai, eu sei que você me ama, e é realmente especial ouvir você me dizer isso. Muito obrigado por seus sentimentos, assim como pela intenção.

Quando eu saía pela porta, ele disse:

– Oh, ei, papai. Tem mais um segundo?

Comecei a pensar: – Oh, não. O que ele vai me dizer?

Mas disse:

– Claro. Sempre tenho.

Não sei onde os garotos conseguem isso – tenho certeza que não poderia ser com seus pais, mas ele disse:

– Papai, queria apenas lhe fazer uma pergunta.

Eu disse:

– Qual?

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Ele me olhou e disse:

– Papai, você esteve num workshop ou algo assim?

Eu pensei: – Oh, não, como qualquer outro garoto de dezoito anos, ele me pegou, – e eu disse:

– Não, eu estava lendo um livro que falava no quanto é importante dizer a seus filhos o que você realmente sente por eles.

– Ei, obrigado pela resposta. Falo com você depois, papai.

Acho que, acima de tudo, o que Tim me ensinou naquela noite é que a única maneira de se entender o verdadeiro significado e o propósito do amor é pagando o preço. Você tem que ir lá e se arriscar a compartilhá-lo.

Gene Bedley

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Um legado de amor

Quando jovem, Al era um artista habilidoso, um oleiro. Ele tinha uma esposa e dois belos filhos. Uma noite, seu filho mais velho teve uma dor de estômago severa.

Pensando que era só algum distúrbio intestinal comum, nem Al nem sua esposa levaram muito seriamente. Mas a doença era realmente apendicite aguda, e o menino morreu de repente naquela noite.

Sabendo a morte poderia ter sido evitada se ele tivesse percebido a gravidade da situação, a saúde emocional de Al se deteriorou sob enorme sentimento de culpa. Para piorar, sua esposa o deixou pouco tempo depois, deixando-o sozinho com seu filho mais jovem de seis anos.

A mágoa e a dor das duas situações eram mais do que Al poderia suportar, e ele se virou para o álcool para ajudá-lo a lidar com isso. Com o tempo Al tornou-se um alcoólatra.

Quando o alcoolismo progrediu, Al começou a perder tudo o que ele possuía – a sua casa, sua terra, seus objetos de arte, tudo.

Al morreu sozinho em um quarto de motel de San Francisco.

Quando eu soube da morte de Al, reagi com o mesmo desprezo que o mundo mostra para quem termina a sua vida sem nada material.

– Que fracasso completo! – Pensei. – Que vida totalmente perdida!

Conforme o tempo passava, comecei a reavaliar minha dura decisão anterior. Você sabe, eu conhecia Ernie, o filho já adulto de Al. Ele é um dos mais gentis, mais cuidadoso, um dos homens mais amáveis que eu já conheci. Eu vi Ernie com a suas crianças e vi o livre fluxo de amor entre eles. Eu sabia que bondade e carinho tinha que vir de algum lugar.

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Eu não tinha ouvido Ernie falar muito sobre seu pai. É tão difícil defender um alcoólatra. Um dia, eu tive a coragem de perguntar a ele. Estou muito intrigado com uma coisa, eu disse. Eu sei que seu pai era basicamente o único a criá-lo. O que ele fez a você que se tornou uma pessoa especial?

Ernie sentou-se calmamente e refletiu por alguns momentos. Então ele disse: Desde minhas primeiras lembranças como uma criança até que saí de casa aos 18 anos, Al entrou em meu quarto toda noite, me deu um beijo e disse: 'Eu te amo, filho’.

As lágrimas vieram aos meus olhos quando eu percebi que tolo eu tinha sido a julgar Al como um fracassado. Ele não havia deixado nenhuma posse material. Mas ele tinha sido um pai amoroso, e ele deixou um dos melhores, mais dados homens que eu já conheci.

Bobbie Gee,

em Ganhando o Jogo da Imagem

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Paternidade

Seus filhos não são vossos filhos.

Eles são os filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.

Vêm através de vós mas não de vós, e embora vivam convosco, eles não lhe pertencem.

Podeis dar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, porque eles têm seus próprios pensamentos.

Podeis abrigar seus corpos mas não suas almas, pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em seus sonhos.

Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como você.

Pois a vida não anda para trás nem coabita com o ontem.

Vós sois os arcos dos quais vossos filhos, como flechas vivas, são remetidas. O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e ele te estica com sua força para que suas flechas possam ir velozes e para longe.

Deixe que a sua flexão na mão do arqueiro seja para alegria; Pois assim como Ele ama a flecha que voa, Ele ama também o arco que permanece estável.

Kahlil Gibran

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SOBRE O APRENDIZADO

Aprender é descobrir o que você já sabe.

Praticar é demonstrar o que você sabe.

Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você.

Todos são alunos, praticantes, professores.

Richard Bach

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Agora gosto de mim

Quando vir a autoimagem de uma criança começar a se aperfeiçoar, você verá significativos progressos na área das realizações, mas muito mais importante, verá uma criança que está começando a apreciar mais a vida.

Wayne Dyer

Tive uma grande sensação de alívio quando comecei a entender que um jovem precisa de mais do que apenas um assunto. Sei bem matemática, e a ensino bem. Eu achava que isso era tudo o que precisava fazer. Agora, ensino crianças, e não matemática. Aceito o fato de que posso ter sucesso apenas parcial com algumas. Quando não tenho que saber todas as respostas, parece que consigo ter mais respostas do que quando tentava ser o especialista. O jovem que realmente me fez entender isso foi Eddie. Certo dia, perguntei-lhe por que achava que estava muito melhor do que no ano anterior.

Ele deu sentido a toda minha nova conduta.

– É porque agora gosto de mim quando estou com você, – disse ele.

Um professor citado por

Everett Shostrom em Man, The Manipulator

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Todas as coisas boas

Ele estava na classe de terceira série em que eu ensinava na Escola Saint Mary, em Morris, Minnesota. Eu gostava de todos os meus 34 alunos, mas Mark Eklund era um em um milhão. Muito elegante na aparência, ele tinha aquele comportamento de quem está feliz-por-estar-vivo, que tornava deliciosas até suas ocasionais travessuras.

Mark também falava sem parar. Tentei lembrá-lo várias vezes que não se podia falar sem permissão. O que me impressionava muito, no entanto, era a resposta sincera todas as vezes que eu tinha que corrigi-lo por seu mau comportamento. Obrigado por me corrigir, Irmã. No início eu não sabia bem o que fazer com aquilo, mas logo me acostumei a ouvir a mesma resposta muitas vezes ao dia.

Certa manhã, minha paciência já estava se esgotando enquanto Mark falava sem parar. Cometi um erro de professora principiante. Olhei para Mark e disse: Se você disser mais uma palavra, vou colar sua boca com fita adesiva! Menos de dez segundos depois, Chuck deixou escapar: Mark está conversando de novo. Eu não havia pedido a nenhum dos alunos que me ajudasse a vigiar Mark, mas, uma vez que tinha estabelecido a punição na frente da classe, tinha que agir de acordo com ela.

Lembro-me da cena como se ela tivesse ocorrido esta manhã. Fui até minha mesa, abri a gaveta decididamente e retirei um rolo de fita adesiva. Sem dizer uma palavra, fui até a mesa de Mark, cortei dois pedaços da fita e fiz um grande X sobre a sua boca. Então voltei para a frente da sala.

Quando olhei para Mark para ver como ele estava se saindo, ele piscou para mim. Foi o suficiente! Comecei a rir. A classe toda aplaudia enquanto eu voltava até a mesa de Mark, removia a fita e encolhia os ombros. Suas primeiras palavras foram: Obrigado por me corrigir, Irmã.

Ao final do ano, fui convidada para ensinar matemática para o ginásio. Os anos voaram e antes que eu me desse conta, Mark estava

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em minha classe novamente. Ele estava mais belo do que nunca e tão educado quanto antes. Como precisava ouvir atentamente minhas instruções sobre a nova matemática, ele não conversava tanto na nona série.

Em uma sexta-feira, as coisas simplesmente não pareciam bem. Havíamos trabalhado arduamente um novo conceito durante toda a semana, e eu sentia que os alunos estavam ficando cada vez mais frustrados consigo mesmos – e impacientes uns com os outros. Tinha que combater esse mau humor antes que ele fugisse ao meu controle. Assim, pedi a eles que listassem os nomes dos outros alunos da sala em duas folhas de papel, deixando um espaço entre cada nome. E disse a eles que pensassem na melhor coisa que pudessem dizer a respeito de cada um de seus colegas e a escrevessem.

Levou o resto do período para que terminassem a tarefa, mas, ao deixarem a sala, cada um dos alunos me entregou seu papel. Chuck sorriu. Mark disse: Obrigado por me ensinar, Irmã. Tenha um bom final de semana.

Naquele sábado, escrevi o nome de cada aluno numa folha separada e listei o que todos os outros haviam dito sobre cada um deles. Na segunda-feira, entreguei a cada aluno sua lista. Alguns deles tinham duas páginas. Logo, a classe toda estava sorrindo. Verdade?, ouvi cochicharem. Nunca achei que isso significasse algo para alguém, e eu não sabia que os outros gostavam tanto de mim!.

Ninguém jamais mencionou aqueles papéis novamente em sala de aula. Eu nunca soube se eles conversaram sobre aquilo depois da aula ou com seus pais, mas não importa. O exercício havia alcançado seu propósito. Os alunos estavam novamente felizes consigo mesmos e com os outros.

Aquele grupo de alunos prosseguiu. Vários anos mais tarde, ao retornar de férias, meus pais foram me encontrar no aeroporto. A caminho de casa, mamãe me fez as perguntas comuns sobre a viagem: sobre o tempo, sobre minhas experiências de modo geral. Houve uma leve pausa na conversa. Mamãe lançou a papai um olhar de soslaio e disse simplesmente: Papai? Meu pai limpou a garganta. Os Eklunds ligaram ontem à noite, começou ele.

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– É mesmo? – eu disse. – Não os vejo há vários anos.

– Gostaria de saber como está Mark.

Papai respondeu calmamente:

– Mark foi morto no Vietnã – ele disse. – O funeral será amanhã e os pais dele gostariam muito que você comparecesse.

Até hoje ainda posso indicar o ponto exato na estrada I-494 onde papai me contou sobre Mark.

Eu nunca vira um soldado num caixão militar. Mark estava tão bonito, tão amadurecido. Eu só conseguia pensar, Mark, eu daria toda a fita adesiva do mundo apenas para que somente você pudesse falar comigo.

A igreja estava repleta de amigos de Mark. A irmã de Chuck cantou O Hino de Batalha da República. Por que teve que chover no dia do funeral? Já estava bem difícil ao lado da sepultura. O pastor disse as orações costumeiras e o corneteiro tocou o toque de silêncio. Um a um, aqueles que amavam Mark passaram pelo caixão e salpicaram água benta sobre ele.

Eu fui a última a abençoar o caixão. Enquanto permanecia ali, de pé, um dos soldados que carregara o féretro veio até mim.

– A senhora era a professora de matemática de Mark?

Fiz que sim enquanto continuava a olhar o caixão.

– Mark falava muito na senhora – ele disse.

Depois do enterro, a maioria dos ex-colegas de Mark seguiram para a fazenda de Chuck para almoçar. A mãe e o pai de Mark estavam lá e obviamente esperando por mim.

– Queremos mostrar-lhe algo – o pai dele disse, tirando uma carteira do bolso. – Acharam isso com Mark quando ele foi morto. Achamos que a senhora poderia reconhecê-los.

Abrindo a carteira de notas, ele cuidadosamente retirou dois pedaços gastos de folha de caderno que haviam sido obviamente

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colados, dobrados e redobrados muitas vezes. Sem precisar olhar, eu soube que eram as folhas nas quais eu listara todas as qualidades que cada um dos colegas de Mark dissera a seu respeito.

– Muito obrigada por ter feito isso – a mãe de Mark disse. – Como pode ver, Mark guardava esses papéis como um tesouro.

Os colegas de Mark começaram a se juntar à nossa volta. Chuck sorriu bastante timidamente e disse:

– Eu ainda tenho a minha lista. Está em casa, na gaveta de cima de minha escrivaninha.

A esposa de John disse:

– John me pediu que pusesse a sua em nosso álbum de casamento.

– Eu também tenho a minha – disse Marilyn – Está no meu diário.

Então, Vicky, uma outra colega, pegou sua bolsa, tirou a carteira e mostrou sua surrada e esfarrapada lista ao grupo.

– Eu carrego isso comigo o tempo todo – disse Vicky sem pestanejar.

– Acho que todos nós guardamos nossas listas.

Foi quando finalmente eu me sentei e chorei. Chorei por Mark e por todos os seus amigos que nunca mais o veriam.

Helen P. Mrosla

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Você é uma maravilha

Cada segundo que vivemos é um momento novo e único do universo, um momento que nunca será novamente. E o que ensinamos aos nossos filhos? Ensinamos a eles que dois mais dois são quatro, e que Paris é a capital da França.

Quando ensinaremos a eles o que eles são?

Deveríamos dizer a cada um deles: Sabe o que você é?

Você é uma maravilha. Você é único. Em todos os anos que se passaram, nunca houve outra criança como você. Suas pernas, seus braços, seus dedos inteligentes, a maneira como você se move.

Você pode se tornar um Shakespeare, um Michelangelo, um Beethoven. Você tem capacidade para qualquer coisa.

Sim, você é uma maravilha. E quando crescer, poderá ter outro que é, como você, uma maravilha?

Você deve trabalhar – todos devemos – Para tornar o mundo digno de suas crianças.

Pablo Casals

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Tudo que eu realmente precisava saber

aprendi no jardim de infância

A maioria do que eu realmente preciso saber sobre como viver e o que fazer e como ser, aprendi no jardim de infância. A sabedoria não estava no topo da montanha de pós-graduação, mas na caixa de areia na creche.

Estas são as coisas que eu aprendi: Compartilhar tudo. Jogue justo. Não bater nas pessoas. Coloque as coisas de volta onde você os encontrou. Limpar sua própria bagunça. Não leve as coisas que não são seus. Diga que sente muito quando machucar alguém. Lave as mãos antes de comer. Dê descarga. Biscoitos quentinhos e leite frio são bons para você. Viva uma vida equilibrada. Aprenda um pouco e pense algo e desenhe e pinte, cante e dance, brinque e trabalhe todos os dias um pouco.

Tire uma soneca todas as tardes. Quando você sai para o mundo, observe o tráfego, dê as mãos e fiquemos juntos. Esteja ciente de admiração. Lembre-se da sementinha no copo plástico. As raízes descem e a planta sobe e ninguém realmente sabe como ou por que, mas todos somos assim.

Peixe dourado e hamsters e camundongos brancos e até mesmo a pequena semente do copo de plástico, todos morrem. E nós também.

E então lembre-se do livro sobre Dick e Jane e a primeira palavra que você aprendeu, a maior palavra de todas: olhe. Tudo que você precisa saber está lá em algum lugar. A regra de ouro (trate as outras pessoas como gostaria de ser tratado), do amor e saneamento básico. Ecologia e política e vida saudável.

Pense que mundo melhor seria se todos nós, o mundo inteiro, tivesse biscoitos e leite cerca de três horas todas as tardes e depois deitar-se com nossos cobertores para tirar uma soneca. Ou se tivéssemos uma política básica em nossas nações para sempre colocar as coisas de volta onde nós os encontramos e corrigir os nossos

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próprios erros. E ainda é verdade, não importa quantos anos você tem, quando você sair para o mundo, é melhor dar as mãos e ficarmos juntos.

Robert Fulghum

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Aprendemos fazendo

Há alguns anos, nem tantos, comecei a tocar violoncelo. A maioria das pessoas diria que estou aprendendo a tocar violoncelo. Mas essas palavras despertam em nossa mente a ideia estranha de que existem dois processos diferentes: (1) aprender a tocar violoncelo e (2) tocar violoncelo.

Implicam que eu realizarei a primeira atividade até concluí-la, e então interromperei esse primeiro processo e iniciarei o segundo.

Em suma, continuarei aprendendo a tocar até que tenha aprendido a tocar, e então começarei a tocar. Evidentemente, isso não faz sentido. Não existem dois processos, mas um único. Aprendemos a fazer uma coisa fazendo-a. Não existe outra maneira.

John Holt

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A mão

Um editorial pelo Dia de Ação de Graças no jornal falava de uma professora que pediu aos alunos de sua classe de primeira série que desenhassem alguma coisa pela qual fossem gratos. Ela pensou em como estas crianças de vizinhanças pobres tinham realmente pouco pelo que agradecer. Mas sabia que a maioria delas desenharia perus ou mesas com comida. A professora ficou surpresa com o desenho que Douglas entregou... uma mão, desenhada de forma simples e infantil.

Mas mão de quem? A classe ficou encantada com a imagem abstrata. Acho que deve ser a mão de Deus que nos dá o alimento, disse uma criança. Um fazendeiro, disse outro, porque cria os perus. Finalmente, quando os outros já haviam voltado ao trabalho, a professora se inclinou sobre a mesa de Douglas e perguntou de quem era a mão.

– A sua mão, professora – murmurou ele.

Ela lembrou-se de que, várias vezes, no recreio, ela havia tomado Douglas, um garoto raquítico e desamparado, pela mão. Ela fazia isso frequentemente com as crianças. Mas aquilo significava muito para Douglas. Talvez essa devesse ser a Ação de Graças de todos, não pelas coisas materiais que nos são dadas, mas pela chance, de todas as pequenas formas, de dar aos outros.

Fonte desconhecida

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Os Cavaleiros Reais do Harlem

A uma curta distância do meu apartamento em Manhattan, mas também de anos-luz de distância, há uma parte de Nova York chamado Harlem Espanhol. Em muitos aspectos é um país do Terceiro Mundo. Taxas de mortalidade infantil e materna são aproximadamente o mesmo que em, digamos, Bangladesh, e a expectativa de vida média do sexo masculino é ainda mais curto. Estes fatos são comuns com o resto do Harlem, mas aqui muitas pessoas também são separadas das partes mais ricas da cidade pela linguagem. Quando tudo isso é combinado com a invisibilidade na mídia, a condescendência de muitos professores e policiais que trabalham neste país do terceiro mundo, mas não sonhariam viver lá, e os livros didáticos que pouco têm a ver com suas vidas, a lição para as crianças é clara: eles são menos do que pessoas que vivem apenas alguns quarteirões adiante.

Em um ginásio que se eleva a partir de um pedaço estéril de playgrounds de concreto e cercas de metal na Rua 101 Leste, Bill Hall ensina os cursos habituais de inglês, além de inglês como segunda língua aos alunos que chegam diretamente de Porto Rico, da América Central e do Sul, mesmo Paquistão e Hong Kong. Essas crianças são confrontadas com uma nova cultura, regras estranhas, um bairro violento e os pais que podem estar se sentindo tão perdidos quanto eles. Bill Hall é confrontado com eles.

Embora procura um interesse para manter um desses grupos juntos e ajudá-los a aprender inglês ao mesmo tempo, Bill percebeu alguém no bairro carregando um tabuleiro de xadrez. Como um jogador de xadrez, ele sabia que esse jogo atravessou muitas fronteiras culturais, então ele obteve a permissão de um diretor muito cético para iniciar um clube de xadrez depois da aula.

Poucas meninas vieram. Nunca tinha visto mulheres jogarem xadrez, então ele assumiu que este jogo não era para elas, e sem sequer um professor do sexo feminino como um modelo, as poucas que vieram desistiram gradualmente. Alguns dos meninos ficaram de fora, também – xadrez não era o tipo de jogo que o torna popular no

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bairro, mas cerca de uma dúzia ficou para aprender o básico. Seus amigos zombavam deles por ficarem depois da escola e alguns pais achavam que o xadrez era um desperdício de tempo, já que não os ajudaria a conseguir um emprego, mas ainda assim eles continuavam vindo. Bill estava dando a esses garotos algo raro em suas vidas: a atenção de todo o coração de alguém que acreditava neles.

Aos poucos, suas habilidades, tanto de xadrez como de inglês melhoraram. Quando eles estavam mais experientes no jogo, Bill levou-os para partidas de xadrez em escolas fora de Harlem Espanhol. Porque ele pagava as tarifas de metrô e os seus jantares de pizza, não pouco em relação a seu salário de professor, os meninos sabiam que ele se importava. Eles começaram a confiar nesse homem branco de meia-idade um pouco mais.

Para ajudá-los a se tornarem mais independentes, Bill pediu para cada menino comandar um evento, e para lidar com todas as viagens e preparação para isso. Aos poucos, mesmo quando Bill não estava por perto, os meninos começaram a assumir a responsabilidade uns aos outros: para treinar aqueles que iam ficando para trás, para compartilhar problemas pessoais e de explicar a cada um dos outros pais porque o xadrez não era de todo um desperdício de tempo. Aos poucos, também, este novo senso de continuou em suas salas de aula e suas notas começaram a melhorar.

Como eles se tornaram melhores alunos e jogadores de xadrez, os sonhos Bill Hall por eles cresceu. Com um pouco de dinheiro fornecido pelo Clube de Xadrez de Manhattan, ele os levou para as finais do Estado em Siracusa.

O que tinha sido doze diferentes, isoladas, muitas vezes passivas crianças desligadas, tinha se tornado uma equipe com seu próprio nome escolhido: Os Cavaleiros Reais. Depois de terminarem em terceiro lugar em seu próprio estado, estavam elegíveis para as finais do segundo grau júnior, na Califórnia.

Até agora, no entanto, até mesmo os próprios colegas de Bill foram dar-lhe razões pelas quais ele não devia gastar tanto tempo e esforço. Na vida real, essas crianças do gueto nunca iriam passar de Nova Jersey, como um professor colocou.

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Por que levantar fundos para levá-los em todo o país e torná-los mais insatisfeitos com suas vidas? No entanto, Bill levantou dinheiro para os bilhetes para a Califórnia. Naquela competição nacional, terminaram em décimo sétimo lugar de 109 equipes.

Agora o xadrez tornou-se um assunto de interesse da escola – somente porque leva a viagens. Em um de seus dias em um clube de xadrez de Nova York, os membros da equipe encontraram uma jovem da Rússia, que foi Campeã Mundial Feminina. Mesmo Bill foi influenciado pela ideia que dois de seus filhos apareceram: Se esta menina pode vir da Rússia, por que os Cavaleiros Reais não poderiam ir para lá? Afinal, era a capital de xadrez do mundo, e os Jogos Escolares da Amizade de Xadrez estavam chegando.

Embora nenhum jogador norte-americano de sua idade já tivesse entrado desses jogos, os funcionários do distrito escolar de Bill vieram auxilia-los. Então, um par de empresas propusera fornecer o dinheiro de viagem. Claro, ninguém pensou que sua equipe poderia vencer, mas esse não era o objetivo. A viagem em si iria ampliar os horizontes dos meninos, Bill argumentou. Quando a Pepsi-Cola veio com um cheque de US$20.000, Bill começou a perceber que esse sonho louco estava indo se tornar realidade.

Eles embarcaram no avião para a primeira etapa de sua viagem à Rússia como representantes oficiais do país, do qual eles se sentiam tão distante apenas alguns meses antes. Mas, como os veteranos do Harlem espanhol, também deixaram muito claro que eles estavam representando seu próprio bairro.

Na parte de trás de suas jaquetas esportivas de cetim não foi estampado EUA, mas Os Cavaleiros Reais.

Uma vez que eles estavam em Moscou, no entanto, a confiança deles começou a vacilar. A experiência e o estilo deliberado de seus oponentes soviéticos eram algo que eles nunca tinham encontrado. Finalmente, um dos cavaleiros quebrou o feitiço, levando um grande mestre soviético em seus anos 30 a um empate em um jogo de simulação. Os russos não eram invencíveis, afinal, apenas as pessoas gostam deles. Depois disso, os Cavaleiros ganharam cerca de metade de suas partidas, e até descobriram uma vantagem característica deles

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no caso especial de xadrez de velocidade. Ao contrário dos jogadores soviéticos, que tinham sido ensinadas que lentidão e deliberação eram virtudes, os cavaleiros tinham um estilo espertinho que fez deles rápidos e precisos.

Quando Bill e sua equipe foram a São Petersburgo para assumir a parte mais difícil da competição, os meninos estavam se sentindo bem novamente. Apesar de terem sido selecionados de forma aleatória para a sua necessidade de aprender inglês, e não para qualquer talento no xadrez, e apesar de terem jogado durante apenas alguns meses, eles venceram uma partida e conseguiram um empate no outro.

Quando os Cavaleiros voltaram para Nova York, eles estavam convencidos de que podiam fazer qualquer coisa.

Era uma convicção de que eles precisavam. Poucos meses depois, quando fui para o quarto clube Junior do segundo grau, Bill Hall, um grande homem gentil que raramente fica com raiva, estava furioso sobre um recente confronto entre um dos membros da equipe de Puerto Rico e um professor branco. Como Bill pediu ao menino para explicar para mim, ele tinha feito tão bem um teste que o professor, pensando que ele o tinha enganado, o fez fazer outro. Quando o menino fez bem uma segunda vez, o professor parecia menos satisfeito do que irritado por ter sido provado errado. Se isso tivesse sido numa escola em um bairro diferente, disse Bill, nada disso teria acontecido.

Era o tipo de preconceito em sala de aula que esses meninos têm interiorizado, mas agora tinham a autoestima para resistir. Talvez o professor estivesse com ciúmes, o menino disse alegremente. Quero dizer, vamos colocar essa escola no mapa.

E assim que eles fizeram. Seu gasto auditório júnior havia sido escolhido por um grupo de dança Soviética como o local de uma apresentação em Nova York.

Cada diretor escolar no distrito estava pedindo um programa de xadrez, e a televisão e jornais locais entrevistaram Os Cavaleiros Reais. Agora que faltavam apenas algumas semanas para a sua formatura, propostas de várias escolas de ensino médio com programas para crianças talentosas estavam chegando, mesmo um de uma escola na

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Califórnia. Apesar de todos os meninos estarem preocupados com a sua separação próxima, eram os outros membros da equipe que convenceu o garoto a aceitar o convite.

Nós lhe dissemos para ele ir, disse um deles. Nós prometemos escrever-lhe todas as semanas, disse outro. Na verdade, disse um terceiro, planejamos tudo para ficarmos em contato pelo resto da vida.

Com planos de carreira que incluíam o direito, contabilidade, ensino, ciências da computação – futuros que eles antes não achavam possível – não houve surpresas dizer o que eles podiam compartilhar em reuniões desta equipe que se tornou seu próprio grupo de apoio e da família.

O que eles estavam fazendo, eu perguntei, antes de Bill Hall e o jogo de xadrez entrarem em suas vidas? Houve um silêncio muito longo.

Saindo na rua e me sentindo como merda, disse um menino, que agora quer se tornar um advogado.

Tomar o dinheiro do almoço de crianças mais novas e algumas drogas de vez em quando, admitiu outro.

Apenas deitado na minha cama, lendo histórias em quadrinhos, e sendo xingado pelo meu pai por ser preguiçoso, disse um terceiro.

Havia alguma coisa em seus livros escolares que fez a diferença?

Nã,o até que Mr. Hall pensou que nós éramos inteligentes, explicou um com o aceno dos outros com a cabeça, e então nós éramos.

Gloria Steinem

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O garotinho

Certa vez um garotinho foi à escola.

Ele era um garotinho bem pequeno.

E era uma escola bem grande.

Mas quando o garotinho descobriu que podia ir para sua sala entrando diretamente pela porta da rua, ele ficou feliz.

E a escola não lhe pareceu mais tão grande assim.

Certa manhã, quando o garotinho já estava na escola havia algum tempo, a professora disse:

– Hoje vamos fazer um desenho.

– Que bom!, pensou o garotinho.

Ele gostava de fazer desenhos.

Sabia fazer desenhos de todos os tipos: leões e tigres, galinhas e vacas, trens e barcos - e puxou seu estojo de lápis de cera e começou a desenhar.

Mas a professora disse:

– Esperem! Não é hora de começar!

E esperou até que todos estivessem prontos.

– Agora, disse a professora,

– Vamos fazer flores.

– Que bom!, pensou o garotinho.

Ele gostava de fazer flores.

E começou a fazer umas lindas, com seus lápis de cera rosa, laranja e azul.

Mas a professora disse:

– Esperem! Eu lhes mostrarei como

E ela desenhou uma flor no quadro-negro. Ela era vermelha, com um caule verde.

– Aí está, disse a professora.

-Agora podem começar.

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O garotinho olhou para a flor da professora. Depois olhou para a sua própria flor. Ele gostava mais da sua do que da flor da professora, mas não disse isso. Apenas virou sua folha de papel. E fez uma flor como a da professora. Era vermelha, com um caule verde.

Num outro dia, quando o garotinho abriu a porta da rua sozinho a professora disse

– Hoje vamos fazer um trabalho com argila.

– Que bom!, pensou o garotinho.

Ele gostava de argila. Ele sabia fazer toda a sorte de coisas de argila: cobras e bonecos de neve, elefantes e ratos, carros e caminhões - e ele começou a puxar e apertar sua bola de argila.

Mas a professora disse:

– Esperem! Não é hora de começar!

E ela esperou até que todos parecessem prontos.

– Agora, disse a professora,

– Vamos fazer um prato.

– Que bom!, pensou o garotinho.

Ele gostava de fazer pratos. E ele começou a fazer alguns, de todas as formas e tamanhos.

Mas a professora disse:

– Esperem! Eu lhes mostrarei como.

E ela mostrou como fazer

Um prato fundo.

– Aí está, disse a professora,

– Agora podem começar.

O garotinho olhou para o prato da professora. Depois olhou para os seus. Ele gostava mais dos seus do que do prato da professora. Mas ele não disse isso, apenas enrolou sua argila numa grande bola novamente, e fez um prato como o da professora. Era um prato fundo.

E logo o garotinho aprendeu a esperar, a prestar atenção e a fazer coisas como a professora.

E logo ele não fazia mais coisas à sua maneira.

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Então aconteceu que o garotinho e sua família mudaram-se para outra casa em outra cidade, e o garotinho teve que ir para outra escola.

Esta escola era ainda maior do que a outra. E não havia porta da rua para a sua sala. Ele tinha que subir uns enormes degraus e descer um grande corredor para chegar à sua sala.

E no primeiro dia de aula, a professora disse

– Hoje vamos fazer um desenho.

– Que bom!, pensou o garotinho

E esperou que a professora lhe dissesse o que fazer.

Mas a professora não disse nada, apenas caminhava em volta da sala. Quando passou pelo garotinho, Ela disse:

– Você não quer desenhar?

– Sim, disse o garotinho.

– O que vamos fazer?

– Não vou saber até que você faça, disse a professora.

– Como devo fazê-lo?, perguntou o garotinho

– Ora, como você preferir, disse a professora.

– E de qualquer cor?, perguntou o garotinho.

– De qualquer cor, disse a professora

– Se todos fizessem o mesmo desenho e usassem as mesmas cores, como eu saberia quem fez o quê, e qual era qual?

– Eu não sei, disse o garotinho.

E começou a fazer flores cor-de-rosa, laranja e azuis. Ele gostou de sua nova escola, mesmo que não tivesse uma porta direto da rua!

Helen E. Buckley

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Sou um professor

Sou um professor.

Nasci no momento exato em que uma pergunta saltou da boca de uma criança.

Fui muitas pessoas em muitos lugares.

Sou Sócrates, estimulando a juventude de Atenas a descobrir novas ideias através de perguntas.

Sou Anne Sullivan, extraindo os segredos do universo da mão estendida de Helen Keller.

Sou Esopo e Hans Christian Andersen, revelando a verdade através de inúmeras histórias.

Sou Marva Collins, lutando pelo direito de toda a criança à educação.

Sou Mary McCloud Bethune, construindo uma grande universidade para meu povo, utilizando caixotes de laranja como escrivaninhas.

Sou Bel Katifinan, lutando para colocar em prática o Up the Down Staircase (Subindo a escada abaixo – romance bem-humorado escrito por Bel Kaufman, relatando o relacionamento de um professor e seus alunos).

Os nomes daqueles que praticaram minha profissão soam como um saguão da fama para a humanidade... Booker T. Washington, Buda, Confúcio, Ralph Waldo Emerson, Leo Buscaglia, Moisés e Jesus.

Sou também aqueles cujos nomes foram há muito esquecidos, mas cujas lições e o caráter serão sempre lembrados nas realizações de seus alunos.

Tenho chorado de alegria nos casamentos de ex-alunos, gargalhado de júbilo no nascimento de seus filhos e permanecido com

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a cabeça baixa de pesar e confusão ao lado de suas sepulturas cavadas cedo demais, para corpos jovens demais.

Ao longo de cada dia tenho sido solicitado como ator, amigo, enfermeiro e médico, treinador, descobridor de artigos perdidos, como o que empresta dinheiro, como motorista de táxi, psicólogo, pai substituto, vendedor, político e mantenedor da fé.

A despeito de mapas, gráficos, fórmulas, verbos, histórias e livros, não tenho, na verdade, nada o que ensinar, pois meus alunos têm apenas a si próprios para aprender, e eu sei que é preciso o mundo inteiro para dizer a alguém quem ele é.

Sou um paradoxo. •É quando falo alto que escuto mais.

Minhas maiores dádivas estão no que desejo receber agradecido de meus alunos.

Riqueza material não é um de meus objetivos, mas sou um caçador de tesouros em tempo integral, em minha busca de novas oportunidades para que meus alunos usem seus talentos e em minha procura constante desses talentos que, às vezes, permanecem encobertos pela autoderrota.

Sou o mais afortunado entre todos os que labutam. A um médico é permitido conduzir a vida num mágico momento. A mim, é permitido ver que a vida renasce a cada dia com novas perguntas, ideias e amizades.

Um arquiteto sabe que, se construir com cuidado, sua estrutura poder permanecer por séculos. Um professor sabe que, se construir com amor e verdade, o que construir durará para sempre.

Sou um guerreiro, batalhando diariamente contra a pressão dos colegas, o negativismo, o medo, o conformismo, o preconceito, a ignorância e a apatia. Mas tenho grandes aliados: Inteligência, Curiosidade, Apoio paterno, Individualidade, Criatividade, Fé, Amor e Riso, todos correm a tomar meu partido com apoio indômito.

E a quem mais devo agradecer por esta vida maravilhosa, que sou tão afortunado em experimentar, além de vocês, ao público, aos

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pais? Pois vocês me deram a grande honra de confiar-me suas maiores contribuições para com a eternidade, seus filhos.

E assim, tenho um passado rico em memórias. Tenho um presente de desafios, aventuras e divertimento, porque a mim é permitido passar meus dias com o futuro.

Sou professor... e agradeço a Deus por isso todos os dias.

John W. SchIatter

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VIVA SEU SONHO

As pessoas que dizem que não pode ser feito, não deveriam interromper as que estão fazendo.

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Faça tornar realidade

Em 1957, um menino de dez anos na Califórnia estabeleceu uma meta. Na época Jim Brown era o maior meio atacante (ataca e volta à defesa) a jogar futebol americano profissional e este rapaz, alto e magro queria seu autógrafo. A fim de conseguir seu objetivo, o garoto teve de superar alguns obstáculos.

Ele cresceu no gueto, onde ele nunca tem o suficiente para comer.

A desnutrição teve seu preço, e uma doença chamada raquitismo forçou a usar talas de aço para suportar suas magras, curvadas pernas. Ele não tinha dinheiro para comprar um bilhete para entrar no jogo, então ele esperou pacientemente perto do vestiário até que o jogo terminou e Jim Brown deixou o campo. Ele educadamente pediu Brown para o seu autógrafo. Quando Brown assinou, o menino explicou:

– Mr. Brown, eu tenho sua foto na minha parede. Eu sei que você quebrou todos os recordes. Você é meu ídolo.

Brown sorriu e começou a sair, mas o menino não havia concluído. Ele proclamou,

– Mr. Brown, um dia eu vou quebrar todos os recordes que você tem!

Brown ficou impressionado e perguntou: – Qual é o seu nome, filho?

O menino respondeu:

– Orenthal James. Meus amigos me chamam O.J.

O.J. Simpson chegou a quebrar quase todos, exceto três dos recordes de corrida detidos por Jim Brown, antes que lesões encurtassem a sua carreira no futebol.

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Fixação de metas é a maior força para a motivação humana. Defina um objetivo e torne-o realidade.

Dan Clark

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Acho que posso!

Quer pense que é capaz ou que não é capaz, você está certo.

Henry Ford

Rocky Lyons, filho do defensor (futebol americano) do New York Jets, Marty Lyons, tinha cinco anos quando passava de carro pelo interior do Alabama com sua mãe, Kelly. Ele dormia no banco da frente da caminhonete, com os pés sobre o colo dela.

Dirigindo cuidadosamente pela estrada de terra, sua mãe entrou numa ponte estreita. Ao fazê-lo, a caminhonete caiu num buraco e deslizou para fora da estrada; a roda dianteira direita ficou presa no sulco dos pneus. Temendo que a caminhonete tombasse, ela tentou jogar o carro de volta na estrada pisando fortemente no acelerador e virando o volante para a esquerda. Mas o pé de Rocky ficou preso entre sua perna e a direção, e ela perdeu o controle da caminhonete.

A caminhonete rolou por um barranco de seis metros.

Quando bateu lá embaixo, Rocky acordou.

– O que aconteceu, mamãe? – ele perguntou. – Nossas rodas estão apontando para o céu.

Kelly estava coberta de sangue. O câmbio de marchas se comprimira contra o seu rosto, cortando-o dos lábios até a testa. Suas gengivas foram arrancadas, suas bochechas trituradas, seus ombros esmagados. Com um osso da axila despedaçado e exposto, ela foi imprensada contra a porta esmagada.

– Vou tirá-la daí, mamãe – anunciou Rocky, que milagrosamente não sofrera ferimentos. Ele escorregou para fora passando por baixo de Kelly, esgueirou-se pela janela aberta e tentou puxar sua mãe para fora. Mas ela não se movia.

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– Deixe-me dormir – implorava Kelly, que oscilava entre a consciência e a inconsciência.

– Não, mamãe, você não pode dormir.

Rocky entrou de volta na caminhonete e conseguiu empurrar Kelly para fora dos destroços. Então, disse a ela que subiria até a estrada e pararia um carro para pedir ajuda. Temendo que ninguém pudesse ver seu garotinho no escuro, Kelly não deixou que fosse sozinho. Em vez disso, arrastaram-se pelo aterro, com Rocky usando seus parcos dezoito quilos para empurrar os cinquenta da mãe. Rastejaram cada centímetro. A dor era tamanha que Kelly pensou em desistir, mas Rocky não deixava. Para animar sua mãe, Rocky disse lhe para pensar naquele trenzinho da história, que consegue subir uma montanha tão íngreme. Para lembrá-la, Rocky repetia sua versão da inspiradora frase da história: Sei que você pode, sei que você pode.

Quando finalmente chegaram à estrada, Rocky pôde ver claramente, pela primeira vez, o rosto dilacerado da mãe.

Começou a chorar. Agitando os braços e protestando Pare! Por favor, pare!, o garoto atraiu a atenção de um caminhão.

– Leve minha mãe a um hospital – implorou ao motorista.

Foram necessários oito horas e 344 pontos para reconstruir o rosto de Kelly. Hoje ela está bem diferente – eu tinha um nariz longo e reto, lábios finos e maxilares altos; agora tenho nariz arrebitado, maxilares achatadas e lábios muito mais grossos – mas tem poucas cicatrizes visíveis e se recuperou dos ferimentos.

O heroísmo de Rocky virou notícia. Porém, o jovem corajoso insiste em que não fez nada de extraordinário.

– Não planejei – explica ele, só fiz o que qualquer um teria feito.

Sua mãe diz:

– Se não fosse Rocky, eu teria sangrado até a morte.

Ouvido pela primeira vez de Michele Borba

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Descanse em paz: o enterro do não-consigo

A turma de quarta série de Donna parecia-se com muitas outras que eu vira antes. Os alunos sentavam-se em cinco fileiras de seis carteiras. A mesa do professor era na frente, virada para os alunos. O quadro de avisos exibia trabalhos dos alunos. Em muitos aspectos, parecia uma sala de escola primária tipicamente tradicional. Mesmo assim, algo me pareceu diferente naquele primeiro dia em que entrei ali. Parecia haver uma corrente subterrânea de excitação.

Donna era uma professora veterana de uma cidadezinha de Michigan, e faltavam apenas dois anos para sua aposentadoria. Além disso, era voluntária ativa num projeto municipal de desenvolvimento de equipes que eu organizara e auxiliara. O treinamento se concentrava em ideias artísticas de linguagens, capazes de estimular os alunos a se sentirem bem consigo mesmos e assumirem a responsabilidade sobre suas vidas. O trabalho de Donna era assistir às sessões de treinamento e implementar os conceitos apresentados. Meu trabalho era visitar as salas de aula e encorajar a implementação.

Tomei um lugar vazio no fundo da sala e assisti. Todos os alunos estavam trabalhando numa tarefa, preenchendo uma folha de caderno com ideias e pensamentos. Uma aluna de dez anos, mais próxima de mim, estava enchendo a folha de não-consigo.

Não consigo chutar a bola de futebol além da segunda base.

Não consigo fazer divisões longas com mais de três números.

Não consigo fazer com que Debbie goste de mim.

Sua página já estava pela metade e ela não mostrava sinais de parar. Trabalhava com determinação e persistência. Caminhei pela fileira olhando as folhas dos alunos. Todos estavam escrevendo sentenças que descreviam o que não conseguiam fazer.

Não consigo fazer dez flexões.

Não consigo acertar uma por cima do lado esquerdo do batedor (beisebol).

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Não consigo comer um biscoito só.

A esta altura, a atividade despertara minha curiosidade, e assim decidi verificar com a professora o que estava acontecendo. Ao me aproximar dela, notei que ela também estava ocupada escrevendo. Achei melhor não interromper.

Não consigo trazer a mãe de John para uma reunião de professores.

Não consigo fazer com que minha filha abasteça o carro.

Não consigo fazer com que Allan use palavras em vez de murros.

Frustrado em meus esforços em determinar por que os alunos estavam trabalhando com negativas, em vez de escrever frases mais positivas, ou eu consigo, voltei para o meu lugar e continuei minhas observações. Os estudantes escreveram por mais dez minutos. A maioria encheu sua página. Alguns começaram outra.

Terminem a página em que estiverem e não comecem outra foram as instruções que Donna usou para assinalar o final da atividade. Os alunos foram então instruídos a dobrar suas folhas ao meio e trazê-las para a frente da classe. Quando os alunos chegaram à mesa da professora, depositaram as frases de não-consigos numa caixa de sapatos vazia.

Quando as folhas de todos os alunos haviam sido recolhidas, Donna acrescentou as suas. Ela pôs a tampa na caixa, enfiou-a embaixo do braço e saiu pela porta, pelo corredor. Os alunos seguiram a professora. Eu segui os alunos.

Na metade do corredor o cortejo parou. Donna entrou na sala do zelador, remexeu um pouco e saiu com uma pá. Pá numa das mãos, caixa de sapatos na outra, Donna saiu para o pátio da escola, conduzindo os alunos até o canto mais distante do playground. Ali começaram a cavar.

Iam enterrar seus não-consigos! A escavação levou mais de dez minutos, pois a maioria dos alunos queria sua vez. Quando o buraco chegou a cerca de um metro de profundidade, a escavação terminou. A

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caixa de não-consigos foi depositada no fundo do buraco e rapidamente coberta de terra.

Trinta e uma crianças de dez e onze anos permaneceram de pé, no local da sepultura recém-cavada. Cada um tinha no mínimo uma página cheia de não-consigos na caixa de sapatos um metro abaixo. E a professora também.

Neste ponto, Donna anunciou: Meninos e meninas, por favor deem-se as mãos e baixem suas cabeças Os alunos obedeceram. Rapidamente, dando-se as mãos, formaram um círculo ao redor da sepultura, Baixaram as cabeças e esperaram. Donna proferiu os louvores.

Amigos, estamos hoje aqui reunidos para honrar a memória do Não-consigo. Enquanto esteve conosco na Terra, ele tocou as vidas de todos nós, de alguns mais do que de outros. Seu nome, infelizmente, foi mencionado em cada instituição pública – escolas, prefeituras, assembleias legislativas e, sim, até mesmo na Casa Branca.

Providenciamos um local para o seu descanso final e uma lápide que contém seu epitáfio. Ele vive na memória de seus irmãos e irmãs Eu consigo, Eu Vou e Eu vou imediatamente. Estes não são tão conhecidos quanto seu famoso parente e certamente ainda não tão fortes e poderosos.

Talvez algum dia, com sua ajuda, eles tenham uma importância ainda maior no mundo.

Que Não-consigo possa descansar em paz e que todos os presentes possam retomar suas vidas e irem frente na sua ausência. Amém.

Ao escutar as orações entendi que aqueles alunos jamais esqueceriam esse dia. A atividade era simbólica, uma metáfora da vida. Foi uma experiência direta que ficaria gravada no consciente e no inconsciente para sempre.

Escrever os não-consigos, enterrá-los e ouvir a oração. Aquele havia sido um esforço maior da parte daquela professora. E ela ainda

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não terminara. Ao concluir a oração ela fez com que os alunos se virassem, encaminhou-os de volta à classe e promoveu uma festa.

Eles celebraram a passagem de Não-consigo com biscoitos, pipoca e sucos de frutas. Como parte da celebração, Donna recortou uma grande lápide de papelão. Escreveu as palavras Não consigo no topo, Descanse em Paz no centro. A data foi adicionada embaixo.

A lápide de papel ficou pendurada na sala de aula de Donna durante o resto do ano. Nas raras ocasiões em que um aluno se esquecia e dizia Não consigo, Donna simplesmente apontava o cartaz Descanse em Paz. O aluno então se lembrava que Não-consigo estava morto e reformulava a frase.

Eu não era aluno de Donna. Ela era minha aluna. Ainda assim, naquele dia aprendi uma lição duradoura com ela.

Agora, anos depois, sempre que ouço a frase Não consigo, vejo imagens daquele funeral da quarta série. Como os alunos, eu também me lembro de que Não-consigo está morto.

Chick Moorman

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A história do 333

Estava ministrando um seminário de final de semana no Hotel Deerhust, norte de Toronto. Na noite de sexta-feira, um tornado varreu uma cidade ao norte da nossa, chamada Barrie, matando dezenas de pessoas e causando prejuízos de milhões de dólares. Na noite de sábado, voltando para casa, parei o carro quando cheguei a Barrie. Desci do carro no acostamento e olhei em volta. Estava uma confusão. Em todos os lugares para onde eu olhava havia casas destruídas e carros de cabeça para baixo.

Naquela mesma noite, Bob Templeton dirigia pela mesma estrada. Ele parou para olhar a tragédia assim como eu, só que seus pensamentos foram diferentes dos meus. Bob era vice-presidente da Telemedia Communications, dona de uma cadeia de estações de rádio em Ontário e Quebec. Ele achou que devia haver algo que pudéssemos fazer por aquelas pessoas através de suas estações de rádio.

Na noite seguinte, estava ministrando um outro seminário em Toronto. Bob Templeton e Bob Johnson, outro vice-presidente da Telemedia, entraram e ficaram de pé no fundo da sala. Ambos compartilhavam a convicção de que devia haver algo que pudessem fazer pelas pessoas em Barrie. Terminado o seminário, voltamos para o escritório de Bob. Agora ele estava comprometido com a ideia de ajudar as pessoas que haviam sido afetadas pelo tornado.

Na sexta-feira seguinte, ele chamou todos os executivos da Telemedia em seu escritório. No alto de um flipchart, ele escreveu três 3. E disse a seus executivos:

– Vocês gostariam de levantar 3 milhões de dólares, em apenas 3 horas, daqui a 3 dias, a contar de hoje, e dar esse dinheiro à população de Barrie?

Não houve nada além de silêncio na sala.

Finalmente alguém disse:

– Templeton, você está louco. Não há como fazer isso.

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Bob disse:

– Espere um minuto. Eu não perguntei se poderíamos ou se deveríamos. Perguntei apenas se vocês gostariam.

Todos eles disseram:

– •Claro que gostaríamos.

Então ele desenhou um grande T embaixo do 333. De um lado ele escreveu Porque não podemos. Do outro, Como podemos.

– Vou fazer um grande X no lado do Porque não podemos. Não vamos perder tempo com ideias de Porque não podemos. Isso é inútil. Do outro lado vamos escrever todas as ideias que tivermos sobre Como podemos. Não vamos sair da sala até chegar às soluções.

Houve silêncio novamente.

Finalmente, alguém disse:

Poderíamos fazer um show de rádio e transmiti-lo a todo o Canadá.

Bob disse:

– Esta é uma grande ideia – e anotou-a.

Antes que tivesse terminado de escrever, alguém disse:

– Não podemos fazer um show de rádio e transmiti-lo a todo o Canadá. Não temos estações em todo o Canadá.

Aquela foi uma objeção bastante válida. Eles tinham estações apenas em Ontário e Quebec (são 10 províncias e 3 territórios).

Templeton replicou:

– Isso é porque podemos. Isso fica.

Mas essa era uma objeção realmente forte, porque as estações de rádio são muito competitivas. Normalmente, elas não trabalham juntas e conseguir que o fizessem seria praticamente impossível, de acordo com os padrões estabelecidos de raciocínio.

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De repente alguém sugeriu:

– Poderíamos convidar Harvey Kirk e Lloyd Robertson, os maiores nomes da radiodifusão canadense, como âncoras do show. (Isso seria como ter Tom Brokaw e Sam Donaldson ancorando o show. Eles são âncoras na televisão nacional. Eles não irão ao rádio). Àquela altura, era absolutamente espantosa a rapidez e a intensidade com que as ideias criativas começaram a fluir.

Isso foi numa sexta-feira. Na quinta-feira seguinte, cinquenta estações de rádio do país inteiro haviam concordado em transmitir o show. Não importava de quem seriam os créditos desde que as pessoas em Barrie recebessem o dinheiro. Harvey Kirk e Lloyd Robertson ancoraram o show e conseguiram levantar 3 milhões de dólares, em três horas, dentro de um período de três dias úteis!

Veja só, você pode fazer qualquer coisa se concentrar sua energia em Como pode fazer, e não em Porque não pode.

Bob Proctor

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Não tem Vans

Lembro-me de um dia de Ação de Graças, quando nossa família não tinha dinheiro e nem comida, e alguém veio bater à nossa porta. Um homem estava parado com uma caixa enorme de alimentos, um peru gigante e até mesmo algumas panelas para cozinhar dentro. Eu não podia acreditar. Meu pai perguntou: Quem é você? De onde você é?

O estranho anunciou: – Estou aqui porque um amigo seu sabe que você está precisando e que não aceitaria ajuda direta, por isso eu trouxe isso para você. Tenha um grande dia de ação de graças.

Meu pai disse: Não, não, não podemos aceitar isso. O estranho respondeu: Você não tem escolha, fechou a porta e saiu.

Obviamente que a experiência teve um impacto profundo em minha vida. Eu prometi a mim mesma que um dia eu estaria muito bem financeiramente para que eu pudesse fazer a mesma coisa para outras pessoas. Na ocasião eu tinha 18 anos e tinha criado o meu ritual de Ação de Graças. Eu gosto de fazer as coisas de forma espontânea, por isso gostaria de ir às compras e comprar comida suficiente para uma ou duas famílias. Então eu me vestiria como um entregador, iria para o bairro mais pobre e apenas bateria em uma porta. Eu sempre incluía uma nota que explicava a minha experiência de Ação de Graças como um garoto. A nota concluiu: Tudo que eu peço em troca é que você cuide bem de si mesmo o suficiente para que um dia você possa fazer a mesma coisa para alguém. Recebi mais a partir deste ritual anual que de qualquer quantidade de dinheiro que eu já ganhei.

Vários anos atrás eu estava em Nova York com minha nova esposa durante o dia de Ação de Graças. Ela estava triste porque não estávamos com a nossa família.

Normalmente ela estaria em casa decorando a casa para o Natal, mas ficamos presos aqui em um quarto de hotel.

Eu disse: Querida, olhe, por que não decorar algumas vidas hoje em vez de algumas árvores antigas? Quando eu disse a ela o que sempre faço no dia de Ação de Graças, ela ficou entusiasmada. Eu

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disse: Vamos ir a algum lugar onde podemos realmente apreciar o que somos, o que somos capazes de fazer e aquilo que podemos realmente dar. Vamos para o Harlem! Ela e muitos dos meus parceiros de negócios que estavam conosco não estavam realmente entusiasmados com a ideia. Pedi-lhes:

– Vamos, vamos para o Harlem e alimentar algumas pessoas necessitadas. Nós não seremos as pessoas que estão dando-lhes, porque isso seria insultar. Nós vamos ser os entregadores. Nós compraremos comida suficiente para seis ou sete famílias por 30 dias. Nós temos o suficiente. Vamos fazê-lo já. Isso é o que realmente é dia de Ação de Graças: Dando boas graças, não comendo peru Vamos lá. Vamos fazer isso!

Porque eu tinha que fazer uma entrevista de rádio em primeiro lugar, eu pedi aos meus parceiros para começarmos por obter uma van. Quando voltei da entrevista, eles disseram:

– Nós simplesmente não podemos fazê-lo. Não há vans em toda a Nova York. As locadoras de veículos estão todos sem vans. Elas estão apenas não disponíveis.

Eu disse: Olhe, o ponto essencial é que se queremos algo, nós podemos fazer isso acontecer! Tudo o que temos a fazer é entrar em ação. Há uma abundância de vans aqui em Nova York. Nós simplesmente não temos uma. Vamos ter uma.

Eles insistiram, Nós chamamos todos os lugares. Não há nenhuma.

Eu disse, Olhe para a rua. Olhe lá em baixo. Você vê todas essas vans? Eles disseram: Sim, nós vemos.

Vamos pegar uma, eu disse. Primeiro eu tentei andar na frente das vans que estavam transitando pela rua. Aprendi algo sobre motoristas de Nova York naquele dia: Eles não param, eles aceleram.

Então tentamos esperar sinal vermelho. Nós íamos lá, batíamos na janela e o motorista abriria o vidro, olhando para nós meio desconfiado, e eu diria – Oi. Como hoje é o dia de Ação de Graças, gostaríamos de saber se você estaria disposto a conduzir-nos ao Harlem para que possamos alimentar algumas pessoas.

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Toda vez o motorista desviava o olhar rapidamente, fechava a janela furiosamente e se afastava sem dizer nada.

Então achamos melhor perguntar. Nós batíamos na janela, eles a abriam e nós dizíamos, Hoje é o de Ação de Graças. Gostaríamos de ajudar algumas pessoas carentes, e estamos curiosos se você estaria disposto a conduzir-nos a uma área carente que temos em mente aqui na cidade de Nova York. Isso me pareceu um pouco mais eficaz, mas ainda não funcionou.

Então começamos a oferecer às pessoas US$100 para levar-nos. Isso nos aproximou mais, mas quando lhes disse para nos levar para o Harlem, eles disseram que não e partiram.

Tínhamos conversado com cerca de duas dezenas de pessoas, que disseram que não. Meus parceiros estavam dispostos a desistir do projeto, mas eu disse: É a lei das probabilidades: alguém vai dizer sim. Com certeza, a van perfeita apareceu. Foi perfeito, porque ela era extra grande e poderia acomodar todos nós.

Fomos até ela, batemos na janela e pedimos ao motorista: Você poderia nos levar a uma região desfavorecida? Pagaremos cem dólares.

O motorista disse: Você não tem que me pagar. Eu ficaria feliz em levá-lo. Na verdade, eu vou levá-lo para alguns dos pontos mais difíceis em toda a cidade.

Então ele estendeu a mão sobre o assento e agarrou seu chapéu. Assim que ele o pôs, eu notei que ele era do Exército da Salvação. O nome do homem era o capitão John Rondon e ele era o chefe do Exército da Salvação na South Bronx.

Subimos na van em êxtase absoluto. Ele disse: Vou te levar a lugares que você nunca sequer pensou em ir. Mas me diga uma coisa. Por que vocês querem fazer isso? Eu disse a ele minha história e que eu queria mostrar gratidão por tudo dando algo de volta.

O Capitão Rondon levou-nos a partes do sul do Bronx, que fazem Harlem parecer como Beverly Hills. Quando chegamos, fomos para uma loja onde nós compramos um monte de comida e algumas cestas. Nós embalamos suficiente para sete famílias por 30 dias. Então saímos

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para começar a distribuir às pessoas. Fomos a edifícios onde havia meia dúzia de pessoas que vivem em um quarto: ocupantes, sem eletricidade e sem aquecimento em pleno inverno, cercadas por ratos, baratas e cheiro de urina. Foi um tanto surpreendente a constatação de que as pessoas viviam dessa maneira e uma experiência realizadora em fazer mesmo uma pequena diferença.

Veja, você pode fazer qualquer coisa acontecer se você se comprometer a isso e agir. Milagres como esse acontecem todos os dias, mesmo em uma cidade onde não existem vans.

Anthony Robbins

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Peça, Peça, Peça

A atual maior vendedora do mundo não se importa que a chamem de menina. isso porque Markita Andrews gerou mais de oitenta mil dólares vendendo os biscoitinhos Girl Scout desde que tinha sete anos.

Batendo de porta em porta após a escola, Markita, embora terrivelmente tímida, transformou-se num dínamo de vender biscoitos quando descobriu, aos treze anos, o segredo de vender.

Tudo começou com um desejo. Um desejo abrasador, incandescente. O sonho de Markita e sua mãe, que trabalhava como garçonete desde que seu marido a deixara quando Markita tinha oito anos, era dar a volta ao mundo. Vou trabalhar duro para conseguir dinheiro suficiente para mandá-la à faculdade, sua mãe lhe disse certo dia – Você irá para a faculdade e, quando se formar, ganhará bastante dinheiro para nos levar a uma volta ao mundo. Está bem?

Assim, aos treze anos, quando Markita leu na revista Girl Scout, a revista das bandeirantes, que a bandeirante que vendesse mais biscoitos ganharia uma viagem para dois ao redor do mundo, com todas as despesas pagas, decidiu vender todos os biscoitos Girl Scout que conseguisse – mais do que qualquer outra pessoa no mundo jamais vendera.

Mas desejo apenas não basta. Para transformar seu sonho em realidade, Markita sabia que precisava de um plano.

– Use sempre o equipamento correto, seu uniforme profissional – aconselhou sua tia. – Quando estiver trabalhando, vista-se como se estivesse fazendo negócios. Use seu uniforme de bandeirante. Quando subir nos prédios para visitar as pessoas em seus apartamentos às 16:30 ou 18:30, e especialmente às sextas-feiras à noite, peça-lhes que façam maiores encomendas. Sorria sempre, seja sempre agradável. Não lhes peça para comprar seus biscoitos, peça-lhes para investir.

Muitas outras bandeirantes podem ter desejado aquela viagem ao redor do mundo. Muitas outras bandeirantes podem ter planejado

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essa viagem. Mas apenas Markita foi vestida com seu uniforme, todos os dias após a escola, pronta para pedir – e continuar pedindo às pessoas que investissem nos seus sonhos.

– Oi. Eu tenho um sonho. Ganharei uma viagem ao redor do mundo para mim e minha mãe vendendo os biscoitos Girl Scout – dizia ela à porta. – Gostaria de investir em uma ou duas dúzias de caixas de biscoitos?

Markita vendeu 3.526 caixas de biscoitos Girl Scout naquele ano e ganhou sua viagem ao redor do mundo. Desde então, vendeu mais 42.000 caixas de biscoitos Girl Scout, deu palestras em convenções de vendas no país inteiro, estrelou em um filme na Disney sobre sua aventura e foi coautora do best-seller How to Sell More Cookies, Condos, Cadillacs, Computers... And Everything Else (como vender mais biscoitos, imóveis, Cadillacs, computadores ... e tudo mais.).

Markita não é mais esperta ou mais extrovertida do que milhares de outras pessoas, jovens ou idosas, que têm seus próprios sonhos. A diferença é que Markita descobriu o segredo de vender: Pedir! Pedir! Pedir! Muitas pessoas fracassam mesmo antes de começar, porque não conseguem pedir o que querem. O medo da rejeição leva muitos de nós a rejeitar a nós mesmos e aos nossos sonhos, muito antes que qualquer um tenha jamais tido a chance de fazer isso – não importa o que estejamos vendendo.

E todos estamos vendendo algo. Vendemos a nós mesmos todos os dias – na escola, ao patrão, às novas pessoas que encontramos – disse Markita aos 14 anos. – Minha mãe é garçonete: ela vende a refeição do dia. Prefeitos e presidentes tentando angariar votos estão vendendo... Uma de minhas professoras favoritas foi a Sra. Chapin. Ela fez com que Geografia se tornasse uma matéria interessante, e isso, na verdade, é vender... Vejo vendas por toda parte. Vender faz parte do mundo.

É• necessária coragem para pedir o que se deseja. Coragem não é ausência de medo. É• fazer o que é necessário, apesar do medo.. E, como Markita descobriu, quanto mais se pede, mais fácil (e mais divertido) isso se torna.

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Uma vez, na televisão, ao vivo, o produtor resolveu propor a Markita seu maior desafio de vendas. Pediram-lhe que vendesse os biscoitos Girl Scout a um outro convidado do programa.

– Gostaria de investir em uma ou duas dúzias de caixas de biscoitos Girl Scout? – perguntou ela.

– Biscoitos Girl Scout?! Eu não compro nenhum biscoito Girl Scout! – respondeu ele. – Sou diretor da Penitenciária Federal. Coloco na cama dois mil raptores, ladrões, criminosos, desordeiros e corruptores de menores todas as noites.

Tranquila, Markita rapidamente replicou:

– Senhor, se aceitar alguns destes biscoitos, talvez não se sinta tão indisposto, zangado e mau. E acho que também seria uma boa ideia levar alguns biscoitos para cada um dos seus dois mil prisioneiros.

Markita pediu.

O diretor fez um cheque.

Jack Canfield e Mark V. Hansen

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Você já fez a terra se mover?

Angela, de onze anos, foi acometida por uma doença debilitante envolvendo seu sistema nervoso. Ela não podia andar, e também havia outros tipos de restrições em seus movimentos. Os médicos não tinham muita esperança de que ela algum dia se recuperasse dessa doença. Previram que ela passaria o resto de sua vida numa cadeira de rodas.

Disseram que poucos, talvez ninguém, seriam capazes de voltar à vida normal depois de contrair essa doença. A garotinha era destemida. Ali, deitada em seu leito de hospital, ela prometia a quem quisesse ouvir que, definitivamente, um dia voltaria a andar.

Foi transferida para um hospital especializado em reabilitação, na região da baía de São Francisco. Todas as terapias que podiam ser aplicadas ao seu caso foram usadas. Os terapeutas ficaram encantados pelo seu espírito inabalável.

Eles a ensinaram a técnica de criação de imagens – visualizar a si mesma caminhando. Se não ajudasse em mais nada, ao menos lhe daria esperança e alguma coisa positiva para fazer durante as longas horas em que permanecia acordada na cama. Angela dedicou-se com o maior afinco à fisioterapia, hidromassagens e em sessões de exercícios. Mas dedicou-se com o mesmo afinco à prática fervorosa da sua construção de imagens, visualizando a si mesma se movendo, movendo, movendo!

Um dia, quando se esforçava ao máximo para imaginar suas pernas se movendo novamente, aconteceu uma coisa que pareceu um milagre: A cama se moveu! E começou a se mover pelo quarto! Ela gritava:

– Olhem o que estou fazendo! Olhem! Olhem! Eu consigo! Eu me movi! Eu me movi!

É claro que, neste momento, o hospital inteiro também estava gritando e correndo em busca de abrigo; pessoas gritavam, equipamentos caíam e vidros se quebravam. Veja só, era um terremoto

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em São Francisco. Mas não conte a Angela. Ela está convencida de que fez aquilo sozinha. E agora, apenas alguns anos depois, está de volta à escola. Sobre suas próprias pernas. Sem muletas, sem cadeiras de rodas.

Veja só, uma pessoa capaz de fazer a terra tremer entre São Francisco e Oakland pode vencer uma doencinha trivial, não pode?

Hanoch McCarty

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O adesivo de Tommy

Um garotinho da nossa igreja em Huntington Beach veio me procurar depois de me ouvir falar sobre o Banco Infantil. Ele apertou minha mão e disse:

– Meu nome é Tommy Tighe, tenho seis anos e quero um empréstimo do seu Banco das Crianças.

Eu disse:

– Tommy, este é um dos meus objetivos, emprestar dinheiro aos garotos. E até hoje todos eles me pagaram de volta. O que quer fazer?

Ele disse:

– Desde que eu tinha quatro anos tenho o sonho de que eu poderia trazer paz ao mundo. Quero fazer um adesivo que diga: PAZ, POR FAVOR! PAZ POR NÓS, CRIANÇAS!, assinado Tommy.

– Posso apoiar sua ideia – eu disse. Ele precisava de US$454,00 para produzir 1.000 adesivos de para-choque. O Fundo pelos Livres Empreendimentos das Crianças Mark Victor Hansen fez um cheque à gráfica que estava imprimindo os adesivos.

O pai de Tommy cochichou em meu ouvido:

– Se ele não lhe pagar o empréstimo, você vai executar a bicicleta dele?

Eu disse:

– Não, bata na madeira, todo garoto nasce com honestidade, moral e ética. É preciso ensiná-los outras coisas. Acredito que ele nos pagará..

Se você tem um filho de mais de nove anos, deixe-o t-r-a-b-a-l-h-a-r e ser r-e-m-u-n-e-r-a-d-o por algo honesto, moral e ético, para que aprenda o princípio desde cedo.

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Demos a Tommy uma cópia de todas as minhas fitas, ele ouviu 21 vezes cada uma e assumiu a propriedade do material. As fitas dizem: Comece sempre a vender do topo, Tommy convenceu seu pai a levá-lo até a casa de Ronald Reagan. Tommy tocou a campainha e o porteiro veio atender. Tommy fez uma irresistível apresentação de dois minutos da venda de seus adesivos. O porteiro enfiou a mão no bolso, deu US$1,50 a Tommy e disse:

-Aqui está, quero um desses. Espere e eu chamarei o ex-presidente.

Perguntei:

– Por que pediu a ele que comprasse o adesivo?

Ele disse:

– Você disse nas fitas para pedir a todo mundo para comprar.

Eu disse:

– É, eu disse, disse. A culpa é minha.

Ele enviou um adesivo a Mikhail Gorbachev com uma conta de US$1,50 em dólares norte-americanos. Gorbachev enviou-lhe os US$1,50 e uma fotografia com a dedicatória Vá em frente pela paz, Tommy e assinava Mikhail Gorbachev, Presidente.

Já que coleciono autógrafos, eu disse a Tommy:

Eu lhe darei US$500,00 pelo autógrafo de Gorbachev.

Ele disse:

– Não, obrigado, Mark,

Eu falei:

– Tommy, sou dono de muitas empresas. Quando você crescer gostaria de contratá-lo.

– Est brincando? Quando eu crescer, eu vou contratar você.

A edição de domingo do Orange County Register fez um especial com a história de Tommy, o Banco Infantil de Livres Empreendimentos

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e eu. Marty Shaw, o jornalista, entrevistou Tommy durante seis horas e escreveu uma reportagem fenomenal. Marty perguntou a Tommy que impacto ele esperava causar sobre a paz mundial. Tommy disse:

– Acho que ainda não tenho idade suficiente; acho que você tem que ter oito ou nove anos para parar todas as guerras no mundo.

Marty perguntou:

– Quem são seus heróis?

Ele disse:

– Meu pai, George Bums (ator e comediante), Wally Joiner (jogador e técnico de basebol) e Mark Victor Hansen (palestrante motivacional, escritor – coautor deste livro).

Tommy tem bom gosto para ídolos.

Três dias depois, recebi um telefonema da empresa de cartões Hallmark – Uma das franquias da Hallmark havia passado por fax uma cópia do artigo do Register. Eles teriam uma convenção em São Francisco e gostariam que Tommy falasse. Afinal, eles viram que Tommy tinha nove metas:

1. Resgatar os custos (caução do cartão de beisebol).

2. Imprimir os adesivos.

3. Fazer plano para um empréstimo.

4. Descobrir como falar às pessoas.

S. Conseguir endereços de líderes.

6. Escrever uma carta a todos os presidentes e líderes de outros países e enviar-lhes um adesivo gratuito.

7. Falar a todos sobre paz.

8. Ligar para a banca de jornais e falar sobre o meu negócio.

9. Ter uma conversa na escola.

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A Hallmark queria que a minha empresa, Look Who's Talking (Olhe quem está chamando), agendasse a palestra de Tommy. Embora a palestra não tenha acontecido, porque o intervalo de duas semanas era pequeno demais, as negociações entre a Hallinark, eu e Tommy foram divertidas, estimulantes e poderosas.

Joan Rivers chamou Tommy Tighe para seu programa de televisão. Alguém também lhe passara uma cópia via fax da entrevista de Tommy ao Register.

Tommy – Joan disse – aqui é Joan Rivers e quero você no meu programa, que tem milhões de espectadores.

– Ótimo! – disse Tommy. Ele não tinha a menor ideia de quem era ela.

– Pagarei a você US$300,00 – disse Joan.

– Ótimo! – disse Tommy.

Tendo ouvido repetidamente as minhas fitas Sell Yourself Rich e se transformado num mestre de vendas, Tommy continuou a vender a Joan dizendo:

– Tenho apenas oito anos, então não poderei ir sozinho. Você poderia custear a ida de minha mãe também, não é, Joan?

Sim! – respondeu Joan.

– Falando nisso, acabei de assistir a um programa Estilos de Vida dos Ricos e Famosos, que dizia que se deve hospedar no Trump Plaza quando se vai a Nova York – Pode providenciar isso, não é, Joan?

– Sim! – ela respondeu.

– O programa também disse que, uma vez em Nova York, deve-se visitar o Empire State Building e a Estátua da Liberdade. Pode conseguir ingressos, não é?

– Sim...

– Ótimo. Eu lhe disse que minha mãe não dirige? Então, podemos usar sua limusine, não podemos?

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– Claro – disse Joan.

Tommy foi ao programa de Joan Rivers e fez um enorme sucesso com Joan, a equipe de cinegrafistas, o público ao vivo e o da televisão. Ele estava bonito, interessante, autêntico e um excelente exemplo de alguém que se lança por conta própria. Contou histórias tão cativantes e persuasivas que o público se viu puxando imediatamente o dinheiro da carteira comprar os adesivos.

Ao final do programa, Joan se inclinou e perguntou:

– Tommy, você realmente acha que seu adesivo trará a paz ao mundo?

Tommy disse entusiasticamente, com um sorriso radiante:

– Até agora, trabalhei apenas dois anos e já consegui derrubar o muro de Berlim. Estou indo bem, não acha?

Mark V Hansen

Até aquela data Tommy tinha vendido mais de 2.500 adesivos e devolveu ao Banco Infantil de Livres Empreendimentos, de Mark Victor Hansen, seu empréstimo de US$454,00. Se você quiser obter um dos adesivos de Tommy, envie US$3,00 a Tommy Tighe, 17283 Ward Street, Fountain Valley, CA 92708.

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Se não pedir, você não consegue –

mas se pedir, consegue!

Linda, minha esposa, e eu moramos em Miami, na Flórida. Quando havíamos apenas começado nosso programa de treinamento em autoestima, chamado Little Acorns, para ensinar às crianças como dizer não às drogas, à promiscuidade sexual e a outros comportamentos autodestrutivos, recebemos o prospecto de uma conferência sobre Educação em San Diego. Ao lermos o prospecto, percebemos que todas as pessoas importantes estariam lá e percebemos que tínhamos que ir. Mas não víamos como. Estávamos apenas começando, trabalhando em casa, e tínhamos acabado de exaurir nossas economias com os primeiros estágios do trabalho. Não havia forma de pagarmos as passagens aéreas ou quaisquer outras despesas. Mas sabíamos que deveríamos estar lá, e assim começamos a pedir.

A primeira coisa que fiz foi telefonar aos coordenadores da conferência em San Diego, explicar por que simplesmente tínhamos que estar lá e perguntar-lhes se nos dariam duas admissões para a conferência. Quando expliquei nossa situação, o que estávamos fazendo e por que tínhamos que estar lá, eles disseram sim. Portanto, tínhamos os ingressos.

Contei a Linda que já tínhamos os ingressos e podíamos entrar na conferência. Ela disse:

– Ótimo! Mas estamos em Miami e a conferência é em San Diego. O que faremos agora?

Então eu disse:

– Temos que conseguir transporte.

Liguei para a Northeast Airlines, uma companhia aérea que eu sabia que estava em ótima situação na época. Coincidentemente, a mulher que atendeu era a secretária do presidente, então eu disse a ela o que precisava. Ela me colocou diretamente em contato com o

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presidente, Steve Quinto. Expliquei-lhe que acabara de falar com os conferencistas em San Diego, que eles nos tinham ofertado as entradas para a conferência, mas que não podíamos ir porque não tínhamos como chegar lá e, por favor, será que ele poderia nos doar duas passagens de ida e volta de Miami a San Diego?

Ele disse:

– •Claro que sim – e foi exatamente assim. Foi assim rápido, e o que disse em seguida realmente me surpreendeu

Ele disse:

– Obrigado por pedir.

Eu disse:

– Como?

Ele disse:

– Não é sempre que tenho a oportunidade de fazer o melhor que posso pelo mundo, a não ser que alguém me peça. Esta é uma ótima oportunidade e quero agradecer a você por ela.

Fiquei desconcertado, mas agradeci e desliguei o telefone.

Olhei para minha esposa e disse:

– Querida, temos as passagens aéreas!

Ela falou:

– Ótimo. Onde vamos ficar?

A seguir telefonei para a Holliday Inn Downtown Miami e perguntei:

– Onde é a sua sede?

Eles me disseram que era em Memphis, Tennessee. Liguei para o Tennessee e eles me passaram para a pessoa com em eu precisava falar. Era alguém de São Francisco. Ele controlava todas os Holiday Inns na Califórnia. Expliquei-lhe que tínhamos conseguido as passagens aéreas com uma empresa e perguntei se ele poderia nos

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auxiliar de alguma forma com a hospedagem durante três dias. Ele perguntou se estaria bem se nos colocasse em seu novo hotel no centro de San Diego como seus convidados. Eu disse:

– Sim, isso seria ótimo.

Ele então disse:

– Espere um minuto. Tenho de preveni-los, o hotel fica cinquenta quilômetros de carro do campus onde a conferência seria realizada e terão que achar um meio de chegar lá.

Eu disse:

– Darei um jeito, nem que eu tenha que comprar um cavalo.

Agradeci a ele e disse a Linda:

– Bem, querida, temos as entradas, conseguimos as passagens aéreas e temos um lugar para ficar. Precisamos agora de um meio para ir do hotel ao campus e voltar, duas vezes ao dia.

Em seguida, liguei para a National Car Rental, contei-lhes a história e perguntei se poderiam me ajudar. Eles disseram:

– Um Olds 88 estaria bem?

Eu disse que estaria.

Num único dia tínhamos conseguido tudo.

Acabamos pagando nossas próprias refeições parte do tempo, mas, antes do término da conferência, levantei-me e contei esta história numa das assembleias gerais e disse:

– Seremos extremamente gratos desde já a qualquer um que queira ser voluntário para nos levar para almoçar.

Cerca de cinquenta pessoas levantaram e se candidataram, e assim terminamos conseguindo também algumas refeições.

Foi uma experiência maravilhosa, aprendemos muito e conhecemos gente como Jack Canfield, que ainda está em nosso conselho consultivo. Quando retornamos, lançamos o programa e ele

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vem crescendo cerca de 100% ao ano. No último mês de junho, formamos a turma número 2.250 do treinamento Little Acorn. Também realizamos duas importantes conferências para educadores chamadas Tornando o Mundo Seguro para as Crianças, para as quais convidamos pessoas do mundo inteiro. Milhares de educadores vieram, a fim obter ideias sobre como realizar treinamentos em autoestima em suas salas de aula.

Da última vez que patrocinamos a conferência, convidamos educadores de 81 países. Dezessete países enviaram representantes, inclusive ministros da educação. Além disso, surgiram convites para que levássemos nosso programa aos seguintes lugares: Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Gelaruth, Kazaquistão, Mongólia, Taiwan, Ilhas Cook e Nova Zelândia.

Assim, como vê, você pode conseguir o que quiser se pedir às pessoas certas.

Rick Gelinas

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A busca de Rick Little

Às cinco horas da manhã, Rick Little dormiu no volante de seu carro, foi arremessado sobre um barranco de três metros de altura e bateu contra uma árvore. Passou os seis meses seguintes engessado, com a coluna quebrada. Rick teve tempo de sobra para pensar profundamente sobre sua vida – algo para o que seus treze anos de formação não o haviam preparado. Certa tarde, ao voltar para casa, apenas duas semanas depois de receber alta no hospital, encontrou sua mãe deitada no chão, semiconsciente, devido a uma overdose de pílulas para dormir. Rick enfrentou mais uma vez a inadequabilidade de sua educação formal em prepará-lo para lidar com os aspectos sociais e emocionais de sua vida.

Durante os meses que se seguiram, Rick começou a formular uma ideia – o desenvolvimento de um curso que desse aos alunos autoestima, habilidade de relacionamento e de administração de conflitos. Ao começar a pesquisar o possível conteúdo de um curso como esse, deparou com um estudo do Instituto Norte-Americano de Educação, no qual 1.000 indivíduos de trinta anos foram questionados se achavam que seus cursos de segundo grau os haviam preparado com as habilidades necessárias para enfrentar a vida real. Mais de oitenta por cento responderam Definitivamente não.

Esses indivíduos de trinta anos também foram questionados sobre quais habilidades eles gostariam que lhes tivessem sido ensinadas.

A maior parte das respostas referiu-se a habilidades de relacionamento: Como conviver melhor com as pessoas com quem se vive. Como encontrar e manter um trabalho. Como lidar com um conflito. Como ser um bom pai. Como entender o desenvolvimento normal de uma criança. Como administrar financeiramente o dia-a-dia. E como intuir o sentido da vida.

Inspirado em seu sonho de criar um curso que pudesse ensinar essas coisas, Rick deixou a faculdade e se lançou pelo país, entrevistando alunos de segundo grau.

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Em sua busca de informações sobre o que deveria ser incluído no curso, ele fez a mais de 2.000 estudantes de 120 escolas as mesmas duas perguntas:

1. Se você tivesse que desenvolver um programa para seu curso de segundo grau que o auxiliasse a enfrentar as situações que está vivenciando hoje e as que acha que encontrará no futuro, o que este programa incluiria?

2. Liste os dez principais problemas em sua vida, os quais você gostaria que fossem tratados melhor em casa e na escola.

Fossem estudantes de escolas particulares abastadas ou de guetos de cidades do interior, rurais ou suburbanos, as respostas foram surpreendentemente idênticas. Solidão e falta de adaptação encabeçavam a lista de problemas. Além do mais, a lista das habilidades que gostariam de ter aprendido era a mesma mencionada pelos indivíduos de trinta anos.

Rick dormiu em seu carro por dois meses, vivendo com um total de sessenta dólares. Na maioria dos dias comeu biscoito com pasta de amendoim. Alguns dias não comeu absolutamente nada. Rick tinha poucos recursos, mas estava comprometido com seu sonho.

Seu próximo passo era fazer uma lista dos principais educadores e líderes nacionais em aconselhamento e psicologia.

Decidiu visitar todas as pessoas dessa lista e pedir sua contribuição e apoio. Embora impressionadas com sua iniciativa – perguntar diretamente aos alunos o que gostariam de aprender – elas não ofereceram grande ajuda.

– Você é muito jovem. Volte para a faculdade. Tire seu diploma. Faça um curso de pós-graduação e então poder ir atrás disso. – Não se pode dizer que foram encorajadores.

Mesmo assim, Rick persistiu. Quando completou 20 anos, havia vendido seu carro, suas roupas, tomara dinheiro emprestado de amigos e tinha uma dívida de 32 mil dólares.

Alguém sugeriu que ele procurasse uma fundação e pedisse dinheiro.

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Sua primeira entrevista numa fundação local foi uma enorme decepção. Ao entrar no escritório, Rick literalmente tremia de medo. O vice-presidente da fundação era um homem enorme, de cabelos escuros e com um rosto frio e inflexível. Durante meia hora, ele ficou sentado sem pronunciar uma só palavra, enquanto Rick contava sobre sua mãe, os dois mil alunos e seus planos de um novo tipo de curso para os garotos do segundo grau.

Quando ele terminou, o vice-presidente puxou uma pilha de pastas.

– Filho – ele disse. – Estou aqui há quase vinte anos. Fundamos todos estes programas educacionais. E todos falharam. O seu também falhará. As razões? São óbvias. Você tem vinte anos, não tem experiência, não tem dinheiro, não tem diploma. Nada!

Ao deixar o escritório da fundação, Rick jurou provar que aquele homem estava errado. Iniciou uma pesquisa sobre as instituições que estavam interessadas em financiar programas de estudo para adolescentes. Então, passou meses redigindo propostas para subvenções – Rick trabalhou mais de um ano laboriosamente, desde a madrugada até tarde da noite, redigindo grandes propostas, cada uma cuidadosamente talhada conforme os interesses e exigências de cada fundação. Todas partiram com grandes expectativas e todas voltaram – rejeitadas.

Uma após a outra, suas propostas foram enviadas e rejeitadas. Finalmente, depois que a centésima quinquagésima quinta proposta de subvenção foi recusada, todo o apoio de Rick começou a desmoronar. Os pais de Rick imploravam que ele voltasse para a faculdade e Ken Greene, um educador que abandonara o emprego para ajudar Rick a redigir as propostas, disse:

– Não tenho mais dinheiro e tenho esposa e filhos para sustentar. Esperarei mais uma única proposta. Mas, se for uma recusada, terei que voltar a Toledo para lecionar.

Rick tinha uma última chance.

Movido por desespero e convicção, ele conseguiu passar por várias secretárias e agendar um almoço com o Dr. Russ Mawby,

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Presidente da Fundação Kellogg. A caminho do almoço, eles passaram por uma banca de sorvetes.

– Gostaria de um? – perguntou Mawby.

Rick assentiu. Mas sua ansiedade lhe pregou uma peça.

Ele apertou a casquinha na mão e, com sorvete de chocolate escorrendo-lhe entre os dedos, ele fez um esforço furtivo mas frenético de soltá-lo antes que o dr. Mawby pudesse notar o que acontecera. Mas Mawby vira, e desatando a rir, voltou ao sorveteiro e trouxe um maço de guardanapos de papel para Rick.

O jovem rapaz entrou no carro, corado e infeliz. Como poderia pedir financiamento para um novo programa educacional quando não sabia nem segurar uma casquinha de sorvete?

Duas semanas mais tarde Mawby telefonou.

– Você pediu US$55.000. Sentimos muito, mas os membros do conselho votaram contra. – Rick sentiu lágrimas a lhe pressionarem os olhos. Por dois anos ele trabalhara por um sonho, que agora ia por água abaixo.

– No entanto – disse Mawby, os membros do conselho votaram unanimemente a favor de conceder-lhe US$130.000.

Então, sim, vieram as lágrimas. Rick mal podia balbuciar um obrigado.

Desde então, Rick Little levantou mais de US$100.000.000 para financiar seu sonho. Os Programas de Habilidades Quest são ensinados atualmente em mais de 30 mil escolas de todos os cinquenta estados norte-americanos e em 32 países. Anualmente, três milhões de crianças aprendem habilidades importantes para sua vida porque um rapaz de 19 anos de idade se recusou a receber um não como resposta.

Em 1989, devido ao incrível sucesso do Quest, Rick Little expandiu seu sonho e foi recompensado com US$65.000.000, a segunda maior doação jamais feita na história norte-americana, para a criação da Fundação Internacional da juventude. O propósito desta

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fundação é identificar e expandir pelo mundo programas de sucesso para a juventude.

A vida de Rick Little é testemunho do poder de um compromisso com um ideal elevado, aliado à disposição de continuar pedindo até que alguém manifeste o sonho.

Adaptado de Peggy Mann

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A magia de acreditar

Não tenho idade suficiente para jogar futebol ou beisebol. Ainda não tenho oito anos. Minha mãe me disse que quando começar a jogar beisebol, você não vai ser muito veloz, porque sofreu uma operação. Eu disse à mamãe que não precisarei correr tanto. Quando jogar beisebol, vou lançar para fora do campo. Então, poderei simplesmente caminhar.

Edward J. McGrath, Jr.

em Uma Visão Excepcional da Vida

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O livro de metas de Glenna

Em 1977 eu era uma mãe solteira com três filhas pequenas para criar, as prestações de uma casa e de um carro para pagar e uma necessidade de recuperar alguns sonhos.

Certa tarde, assisti a um seminário e ouvi um homem falar sobre o princípio do D + I = R (Desejo mais Intensidade é igual a Realidade). O orador mostrava que a mente pensa em imagens, e não em palavras. E que se fotografarmos em nossas mentes o que desejamos, isso se tornar realidade.

Esse conceito acendeu uma veia criativa em meu coração.

Eu conhecia a verdade bíblica de que Deus nos proporciona os desejos de nosso coração (Salmos 37:4) e que um homem é o que pensa em seu coração (Provérbios 23:7). Estava determinada a tomar minha lista escrita de orações e transformá-la em imagens. Comecei a recortar velhas revistas e a reunir fotografias que ilustrassem os desejos de meu coração. Eu as organizei num caro álbum de fotografias e esperei ansiosamente.

Minhas imagens eram bastante específicas. Elas incluíam:

1. Um homem bonito.

2. Uma mulher vestida de noiva e um homem de smoking.

3. Buquês de flores (sou romântica).

4. Belas joias com diamantes (eu pensei: Deus amava David e Salomão, e eles foram duas das pessoas mais ricas que já existiram).

5. Uma ilha no azul cintilante caribenho.

6. Uma linda casa.

7. Mobília nova.

8. Uma mulher que recentemente se tornara vice-presidente de uma grande empresa. (Eu trabalhava para uma empresa que não tinha

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mulheres como diretoras. Queria ser a primeira mulher vice-presidente daquela empresa.)

Cerca de oito semanas depois, estava dirigindo numa autoestrada na Califórnia, pensando na vida, às 10:30 da manhã. De repente um lindo Cadillac branco e vermelho passou por mim. Olhei para o carro porque era um carro bonito. O motorista me olhou e sorriu, e eu correspondi porque sempre sorrio. Aí me vi em uma situação. Alguma vez você já fez isso? Tentei fingir que não tinha olhado. Quem, eu? Eu não olhei para você! Ele me seguiu durante quinze minutos. Quase morri de medo! Dirigi algumas milhas, ele dirigiu algumas milhas. Estacionei, ele estacionou e, finalmente, me casei com ele!

No dia seguinte ao nosso primeiro encontro, Jim me enviou uma dúzia de rosas. Então, descobri que ele tinha um passatempo. Seu passatempo era colecionar diamantes. Dos grandes! E ele estava procurando alguém para embelezar! Eu me ofereci! Namoramos durante mais ou menos dois anos e todas as segundas-feiras eu recebia dele uma rosa vermelha de caule longo com uma mensagem de amor.

Cerca de três meses antes de nos casarmos, Jim me disse:

– Descobri o lugar perfeito para irmos em nossa lua-de-mel. Iremos à Ilha de St. John, no Caribe.

E eu disse risonhamente:

– Eu jamais teria pensado nisso!

Só confessei a verdade sobre meu livro de imagens quando eu e Jim já estávamos casados há quase um ano. Foi quando estávamos nos mudando para nossa nova e linda casa e mobiliando-a com a elegante mobília que eu havia imaginado. Jim era distribuidor atacadista, na Costa Oeste, do fabricante de uma das mais belas linhas de móveis.)

Por falar nisso, o casamento foi em Laguna Beaché, Califórnia, com o vestido de noiva e o smoking de verdade.

Oito meses depois de eu ter criado meu livro de sonhos, tornei-me vice-presidente de Recursos Humanos da empresa onde trabalhava.

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De certa forma, isso soa como um conto de fadas, mas é absolutamente real. Jim e eu fizemos muitos outros livros de imagens desde que nos casamos. Deus preencheu nossas vidas com as demonstrações desses poderosos princípios de fé no trabalho.

Decida o que quer em cada área de sua vida. Deseje intensivamente. Então, represente seus desejos criando seu próprio livro de metas. Transforme suas ideias em realidades concretas através deste simples exercício. Não há sonhos impossíveis. E, lembre-se, Deus prometeu dar a seus filhos os desejos de seus corações.

Glenna Salsbury

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Mais um item assinalado na lista

Certa tarde chuvosa, um inspirado garoto de quinze anos chamado John Goddard sentou-se em frente à mesa da cozinha em sua casa em Los Angeles e escreveu as seguintes palavras no alto de um bloco de anotações: Minha Lista de Vida. Sob este título, escreveu 127 metas. Desde então, cumpriu 108 delas. Veja a lista dos objetivos de Goddard apresentada a seguir. Não são metas simples ou fáceis. Incluem escalar as montanhas mais altas do mundo, explorar vastos cursos d'água, correr um quilômetro e meio em cinco minutos, ler as obras completas de Shakespeare e toda a Enciclopédia Britânica.

Explorar

1. Rio Nilo

2. Rio Amazonas

3. Rio Congo

4. Rio Colorado

5. Rio Yang-tsé, China

6. Rio Níger

7. Rio Orinoco, Venezuela

8. Rio Coco, Nicarágua

Estudar Culturas Primitivas em:

9.Congo

10. Nova Guiné

11. Brasil

l2. Borneo

13. Sudão (John quase foi enterrado vivo durante uma tempestade de areia)

14. Austrália

15. Kênia

16. The Filipinas

17. Tanganica (agora Tanzânia)

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18. Etiópia

19. Nigéria

20. Alaska

Escalar

21. Monte Everest

22. Monte Aconcágua, Argentina

23. Monte McKinley

24. Monte Huascaran, Peru

25. Monte Kilimanjaro

26. Monte Ararat, Turquia

27. Monte Kênia

28. Monte Cook, Nova Zelândia

29. Monte Popocatepetl, México

30. O Matterhorn

31. Monte Rainer

32. Monte Fuji

33. Monte Vesúvio

34. Monte Bromo, Java

35. Grand Tetons

36. Monte Baldy, Califórnia

37. Desenvolver carreiras em Medicina e exploração

(Estudou medicina e trata doenças entre tribos

primitivas)

38. Visitar cada país no mundo (faltam 30)

39. Estudar os índios Navaho e Hopi

40. Aprender a pilotar um avião

41. Montar a cavalo em Rose Parade

Fotografar

42. Cataratas do Iguaçu, Brasil

43. Cataratas do Vitória, Rodésia (perseguido por um javali no percurso)

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44. Cataratas de Shuterland, Nova Zelândia

45. Cataratas de Yosemite

46. Cataratas do Niágara

47. Retraçar as viagens de Marco Polo e Alexandre, o Grande

Realizar exploração Subaquática

48. Recifes de corais da Flórida

49. A Grande Barreira de Recifes, Austrália (fotografado com um molusco de 120 quilos)

50. Mar Vermelho

51. Ilhas Fiji

52. Bahamas

53. Explorar Okefenokee Swamp e os Everglades

Visitar

54. Polos Norte e Sul

55. Grande Muralha da China

56. Canais de Suez e do Panamá

57. Eastem Island

58. Ilhas Galápagos

59. Cidade do Vaticano (viu o Papa)

60. Taj Mahal

61. Torre Eiffel

62. Gruta Azul

63. Torre de Londres

64. Torre inclinada de Pisa

65. Poço Sagrado de Chichen-Itza, México

66. Escalar a Pedra Ayers, na Austrália

67. Acompanhar o Rio Jordão desde o Mar da Galiléia até o Mar Morto

Nadar em:

68. Lago Vitória

69. Lago Superior

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70. Lago Tanganica

71. Lago Titicaca, América do Sul

72. Lago Nicarágua

Realizar

73. Tomar-me um Escoteiro da águia

74. Andar de submarino

75. Pousar e levantar voo num porta-aviões

76. Voar num pequeno balão de ar quente dirigível e planador

77. Montar um elefante, um camelo, um avestruz e um potro xucro (Oeste dos EUA)

78. Mergulhar a 12 metros de profundidade e prender a respiração por 2,5 minutos embaixo d'água

79. Pegar uma lagosta de cinco quilos e achar uma concha de vinte centímetros.

80. Tocar flauta e violino

81. Datilografar 50 palavras por minuto

82. Saltar de paraquedas

83. Aprender a esquiar na água e na neve.

84. Sair em missão eclesiástica

85. Seguir a trilha de John Muir

86. Estudar remédios nativos e trazer os úteis.

87. Obter troféus fotográficos de um elefante, leão, rinoceronte, guepardo, búfalo e baleia

88. Aprender hipismo

89. Aprender jiu-jitsu

90. Lecionar um curso superior

91. Assistir a uma cerimônia de cremação em Bali

92. Explorar as profundeza do mar

93. Aparecer num filme do Tarzan (este sonho ele considera agora como um irrelevante sonho da infância de um menino)

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94. Ter um cavalo, um chimpanzé, um guepardo e um coiote (ainda não tem o chimpanzé e o guepardo)

95. Tornar-se um operador de radio amador

96. Construir o próprio telescópio

97. Escrever um livro (sobre a viagem ao Nilo)

98. Publicar um artigo na revista National Geographic

99. Saltar uma altura de 1,5 metro

100. Saltar uma distância de 4,5 metros

101. Correr um quilômetro e meio em cinco minutos

102. Pesar 70 quilos despido (ainda pesa)

103. Fazer 200 agachamentos e 20 flexões

104. Aprender francês, espanhol e árabe

105. Estudar lagartos na ilha Komodo (o barco quebrou a 32 quilômetros da ilha)

106. Visitar o local de nascimento do avô Sorenson na Dinamarca

107. Visitar o local de nascimento do avô Goddard na Inglaterra

108. Viajar a bordo de um navio cargueiro como marinheiro

109. Ler toda a Enciclopédia Britânica (leu partes extensas de cada volume)

110. Lera Bíblia do começo ao fim

111. Ler as obras de Shakespeare, Platão, Aristóteles, Dickens, Thoreau, Poe, Rosseau, Bacon, Hemingway, Twain, Burroughs, Conrad, Talmage, Tolstoi, Longfellw, Keats, Whittier e Emerson (não leu todas as obras de todos esses autores)

112. Familiarizar-me com as composições de Bach, Beethoven, Debussy, Ibert, Mendelssohn, Lalo, Rimsky-Korsakov, Respighi, Liszt, Rachmaninoff, Stravinsky, Toch, Tchaikovsky, Verdi

113. Tornar-me proficiente no uso de um avião, motocicleta, trator, prancha de surf, rifle, pistola, canoa, microscópio, bola de futebol, bola de

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basquetebol, arco e flecha, laço e bumerangue

114. Compor músicas

115. Tocar Clair de Lune ao piano

116. Assistir a cerimônia de caminhar sobre brasas (em Bali e no Suriname)

117. Extrair veneno de uma cobra (mordido por uma cascavel durante uma sessão de fotografias)

118. Acender um fósforo com um rifle calibre 22

119. Visitar um estúdio de cinema

120. Escalara pirâmide de Quéops

121. Tornar-me membro do Clube dos Exploradores e Clube dos Aventureiros

122. Aprender a jogar polo

123. Viajar pelo Grand Canyon a pé e de barco

124. Dar a volta ao mundo (quatro vezes)

125. Visitar a lua (Algum dia, se Deus quiser)

126. Casar-me e ter filhos (tem cinco filhos)

127. Viver para ver o século 21 (tinha 75 anos)

John Goddard

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Preste atenção, benzinho, eu sou seu amor

É• melhor estar preparado para uma oportunidade e não ter nenhuma do que ter uma oportunidade e não estar preparado.

Whitney Young, Jr.

Les Brown e seu irmão gêmeo foram adotados por Mamie Brown, funcionária de cozinha e empregada doméstica, logo depois de seu nascimento, num bairro miserável de Miami.

Devido à sua hiperatividade e tagarelice incessante, Les foi colocado em classes de educação especial para deficientes durante todo o segundo grau.

Depois da formatura, tornou-se funcionário do departamento de saneamento em Miami Beach. Porém sonhava ser discjockey.

À noite, levava um rádio transístor para a cama, onde ouvia os DJs locais e seus jargões.

Criou uma estação de rádio imaginária em seu pequeno quarto de piso de vinil gasto. Uma escova de cabelos lhe servia de microfone enquanto ele praticava sua gíria, apresentando discos para seus ouvintes fantasmas.

Sua mãe e seu irmão podiam ouvi-lo através das paredes finas e gritavam para ele que parasse de tagarelar e fosse dormir. Mas Les não os ouvia. Estava envolvido em seu próprio mundo, vivendo um sonho.

Certo dia, Les foi à estação local de rádio durante seu horário de almoço do serviço de cortador de grama da cidade. Entrou no escritório do gerente da estação e disse a ele que queria ser discjockey.

O gerente observou aquele jovem desalinhado de macacão e chapéu de palha e perguntou:

– Tem alguma experiência em radiodifusão?

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Les respondeu:

– Não, senhor.

– Bem, filho, então temo que não tenhamos um trabalho para você.

Les agradeceu-o educadamente e saiu.

O gerente da estação supôs ter visto aquele rapaz pela primeira e última vez. Mas subestimou a profundidade do compromisso de Les Brown e sua meta. Veja bem, Les tinha um propósito maior do que o simples desejo de ser discjockey. Queria comprar uma casa melhor para sua mãe adotiva, a quem amava profundamente. O trabalho como discjockey era somente um passo em direção a seu objetivo.

Mamie Brown ensinara Les a perseguir seus sonhos, e ele tinha certeza que conseguiria um emprego naquela estação de rádio, a despeito do que o gerente havia dito.

Assim, Les voltou à estação todos os dias durante uma semana, perguntando se havia alguma vaga. Finalmente o gerente da estação desistiu e contratou-o como contínuo – sem salário. No início ele servia café ou comprava almoço e jantar para os DJs que não podiam sair do estúdio. Finalmente, seu entusiasmo pelo trabalho dos discjockeys acabou conquistando sua confiança e ele começou a dirigir os Cadillacs que buscavam celebridades como The Temptations, Diana Ross ou The Supremes. Mal sabiam eles que o jovem Les não tinha carteira de motorista.

Les fazia tudo que lhe pedissem na estação – e mais. Quando estava com os DJs, imitava seus movimentos no painel de controle. Permanecia nas salas de controle e aprendia o que podia, até que lhe pedissem para sair. Então, de volta ao seu quarto, à noite, praticava e se preparava a oportunidade que sabia que surgiria.

Numa tarde de sábado, enquanto Les estava na estação, um DJ chamado Rock estava bebendo no ar (durante a programação). Les era a única outra pessoa no prédio, e percebeu que Rock estava se embriagando e certamente arranjaria problemas. Les ficou por perto.

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Andava de um lado para o outro em frente à janela da cabina de Rock. E, enquanto espreitava, dizia a si mesmo: Beba, Rock, beba!

Les estava faminto, e estava pronto. Teria corrido rua abaixo por mais bebida se Rock lhe tivesse pedido. Quando o telefone tocou, Les se lançou sobre ele. Era aquele gerente da estação, como sabia que seria.

– Les, é o Sr. Mein.

– Sim – disse Les. – Eu sei.

– Les, acho que Rock não conseguirá terminar seu programa.

– Sim, senhor, eu sei.

– Poderia ligar para um dos outros DJs e pedir-lhe que o substitua?

– Sim, senhor. Vou ligar.

Mas, quando desligou o telefone, Les disse a si mesmo: Ele deve achar que sou maluco.

Les discou o telefone, mas não para chamar outro DJ. Telefonou para sua mãe e para sua namorada.

– Vocês todos, vão para a varanda da frente e liguem o rádio porque estou entrando no ar! – disse ele.

Esperou quinze minutos antes de ligar para o gerente geral.

– Sr. Mein, não consigo encontrar ninguém – disse Les.

O Sr. Mein então perguntou:

– Rapaz, sabe usar os controles no estúdio?

– Sim, senhor – respondeu Les.

Les voou para dentro da cabine, afastou delicadamente Rock para o lado e sentou-se em frente ao toca-discos. Estava pronto. E ávido. Ligou o botão do microfone e disse:

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– Atenção! Aqui quem fala é LB, o Fera do Disco. Não houve ninguém antes de mim e não haverá ninguém depois de mim. Isso faz de mim o único e eterno. Jovem e solteiro cheio de amor para dar. Registrado, de boa fé, indubitavelmente qualificado para trazer-lhe satisfação e muita ação.

Preste atenção benzinho, eu sou seu amoo-o-or!

Com essa estreia, Les estava pronto. Surpreendeu o público e o gerente geral. Daquele começo fervoroso, Les partiu para uma carreira de sucesso na radiodifusão, em política, oratória e televisão.

Jack Canfield

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Disposto a pagar o preço

Quando eu e minha esposa Maryanne estávamos construindo nosso salão de cabeleireiro em Greenspoint Mall, há treze anos, um vietnamita passava no salão todos os dias para nos vender rosquinhas. Ele quase não falava inglês, mas era sempre simpático e, por meio de sorrisos e mímica, ficamos nos conhecendo. Seu nome era Le Van Vu.

Durante o dia ele trabalhava numa padaria, e à noite ele e a esposa ouviam cassetes para aprender inglês. Mais tarde fiquei sabendo que eles dormiam em sacas de serragem no chão do quarto dos fundos da padaria.

No Vietnã, a família Van Vu era uma das mais abastadas do Sudeste da Ásia. Possuíam quase um terço do Vietnã do Norte, incluindo enormes complexos industriais e propriedades imobiliárias. No entanto, depois que seu pai foi brutalmente assassinado, Le mudou-se para o Vietnã do Sul com sua mãe, onde frequentou a escola e finalmente tornou-se um advogado.

Como seu pai fez antes dele, Le prosperou. Vislumbrou uma oportunidade de construir prédios para acomodar a sempre crescente presença norte-americana no Vietnã do Sul e logo tornou-se um dos construtores mais bem-sucedidos do país.

Em viagem ao norte, no entanto, Le foi capturado pelos vietnamitas do norte e jogado na prisão por três anos. Escapou matando cinco soldados, e voltou para o Vietnã do Sul, onde foi preso novamente. O governo do Vietnã do Sul supôs que ele fosse informante do Norte.

Depois de cumprir pena na prisão, Le saiu e começou uma empresa de pesca, finalmente tornando-se o maior fabricante de conservas do Vietnã do Sul.

Quando soube que as tropas norte-americanas e o pessoal da embaixada estavam prestes a sair de seu país, tomou a decisão de mudar de vida.

Pegou todo o ouro que acumulara, carregou com ele uma de suas embarcações de pesca e navegou com sua esposa até os navios

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americanos no porto. Então, trocou todos os seus bens pela passagem livre do Vietnã às Filipinas, onde ele e sua esposa foram recebidos num campo de refugiados.

Depois de ter acesso ao presidente das Filipinas, Le o convenceu a transformar uma de suas embarcações em pesqueiro e lá estava ele novamente nos negócios. Dois anos depois, antes de deixar as Filipinas a caminho da América, seu maior sonho, Le havia desenvolvido, com sucesso, toda a indústria pesqueira das Filipinas.

Mas a caminho da América, Le ficou deprimido e desanimado quanto a ter que recomeçar novamente do nada. Sua esposa conta como o encontrou perto da murada do navio, prestes a se lançar ao mar.

– Le – disse ela – se você saltar, o que será de mim? Estamos juntos há tanto tempo, passamos por tantas coisas. Podemos fazer isso juntos.

Era todo o estímulo que Le Van Vu precisava.

Quando ele e sua esposa chegaram a Houston, em 1972, estavam falidos e não falavam inglês. No Vietnã, família cuida de família, e Le e sua esposa se viram abrigados no quarto dos fundos da padaria de seu primo em Greenspoint Mali. Estávamos construindo nosso salão a apenas sessenta metros de distância.

Agora, como eles dizem, aqui vai a mensagem desta história:

O primo de Le ofereceu a ele e a sua esposa emprego na padaria. Deduzidos os impostos, Le levaria para casa US$175 por semana, e sua esposa, US$125. Em outras palavras, sua renda anual total seria US$15.600. Além disso, seu primo ofereceu vender-lhes a padaria quando pudessem dar US$30.000 de entrada. O primo financiaria o restante com uma promissória de US$90.000.

Aqui está o que Le e sua esposa fizeram:

Mesmo com uma renda de US$300 semanais, resolveram continuar morando no quarto dos fundos. Durante dois anos, mantinham-se limpos tomando banho com esponjas nos banheiros dos shoppings.

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Durante dois anos, sua dieta compreendeu quase inteiramente mercadorias da padaria. A cada ano, durante dois anos, sobreviveram com um total de, é isso mesmo, US$600, economizando US$30.000 para o pagamento da entrada.

Le depois explicou seu raciocínio:

– Se fôssemos para um apartamento, que pudéssemos pagar com US$300 por semana, teríamos que pagar o aluguel. Então, é claro, teríamos que comprar a mobília. Depois, teríamos que pagar o transporte de ida e volta para o trabalho, e assim teríamos que comprar um carro. Então, teríamos que comprar gasolina para o carro e fazer seguro. E, provavelmente, iríamos querer visitar lugares de carro e precisaríamos comprar roupas e artigos de toalete. Assim, eu sabia que, se alugasse o apartamento, nunca conseguiríamos juntar os US$30.000.

Agora, se você pensa que já sabe tudo a respeito de Le, deixe-me dizer-lhe uma outra coisa: depois que ele e sua esposa economizaram os US$30.000 e compraram a padaria, Le sentou-se novamente com a esposa para uma conversa séria. Ainda deviam US$90.000 a seu primo, disse, e por mais difíceis que tivessem sido os dois últimos anos, teriam que continuar a viver no quarto dos fundos da padaria durante mais um ano.

Tenho orgulho de lhe contar que, em um ano, meu amigo e mentor, Le Van Vu, e sua esposa, economizando praticamente cada níquel do lucro do negócio, pagaram a promissória de US$90.000. E que, em apenas três anos, eram donos de um negócio extremamente lucrativo, livre e sem dívidas.

Então, e somente então, os Van Vu arrumaram seu primeiro apartamento. Até hoje, continuam a economizar com regularidade, vivem de um percentual extremamente pequeno de sua renda e, é claro, sempre pagam em dinheiro por qualquer de suas aquisições.

Você acha que Le Van Vu é milionário hoje em dia?

Fico feliz em lhe dizer que é muito mais que isso.

John McCorinack

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Todo mundo tem um sonho

Há alguns anos, aceitei uma atribuição numa cidade do sul para trabalhar numa obra assistencial do governo. O que eu queria era mostrar que todo mundo tem capacidade de ser autossuficiente, basta que essa capacidade seja ativada.

Pedi à cidade que selecionasse um grupo de pessoas da obra assistencial, pessoas de diferentes grupos raciais e famílias.

Assim, eu veria essas pessoas, em grupo, durante três horas, todas as sextas-feiras. Pedi também uma pequena quantia em dinheiro para o trabalho, conforme minha necessidade.

A primeira coisa que eu disse depois de apertar as mãos de todos foi: Quero saber quais são seus sonhos. Todos me olharam como se eu fosse alguma desequilibrada.

– Sonhos? Não temos sonhos.

Eu disse:

– Bem, o que aconteceu quando você era criança? Não tinha algo que queria fazer?

Uma mulher me disse:

– Não sei para que servem os sonhos. Os ratos estão comendo meus garotos.

– Oh – eu disse. – Isso é terrível. Não, é claro, você está muito envolvida com os ratos e seus garotos. Como se pode resolver isto?

– Bem, eu poderia utilizar uma nova porta de tela por que há buracos nela.

Perguntei:

– Há alguém aqui que saiba consertar uma porta de tela?

Havia um homem no grupo, que disse:

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– Eu costumava fazer coisas assim há muito tempo, mas agora tenho uma terrível dor nas costas. No entanto, vou tentar.

Eu disse a ele que tinha algum dinheiro, se ele iria até a loja comprar um pouco de tela para consertar a porta da senhora.

– Acha que pode fazer isso?

– Sim, vou tentar.

Na semana seguinte, quando o grupo se sentou, eu disse:

– Bem, sua porta de tela está consertada?

– Oh, sim – ela disse.

– Podemos então começar a sonhar, não podemos?

Ela deu um meio sorriso.

Eu disse ao homem que havia feito o trabalho:

– Como se sente?

Ele disse:

– Bem, sabe, é muito engraçado. Estou começando a me sentir muito melhor.

Aquilo ajudou o grupo a começar a sonhar. Estes aparentemente pequenos sucessos permitiram que o grupo visse que os sonhos não eram insanos. Estes pequenos passos começaram a fazer as pessoas sentirem que algo podia realmente acontecer.

Comecei a perguntar a outras pessoas sobre seus sonhos.

Uma mulher contou que sempre quisera ser secretária. Eu disse:

– Bem, o que a impede? (Esta é sempre a minha próxima pergunta.)

Ela disse:

– Tenho seis filhos e ninguém que tome conta deles enquanto estou fora.

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– Vamos ver – eu disse. – Há alguém aqui que tome conta de seis crianças por um dia ou dois na semana enquanto esta mulher faz um treinamento na faculdade da comunidade?

Uma mulher disse:

– Também tenho filhos, mas poderia fazer isso.

– Mãos à obra – eu disse. Então criou-se um plano e a mulher foi para a escola.

Todos encontraram algo. O homem que instalou a porta de tela tornou-se faz-tudo. A mulher que tomou conta das crianças transformou essa atividade em profissão. Em doze semanas, todas aquelas pessoas estavam fora da obra assistencial. E eu não fiz isso uma única vez, tenho feito muitas vezes.

Virginia Satir

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Siga seu sonho

Tenho um amigo, chamado Mority Roberts, que tem um rancho em San Isidro. Ele me emprestou sua casa para realizar eventos com a finalidade de levantar dinheiro para programas em prol dos jovens em perigo.

Da última vez em que estive lá, ele me apresentou dizendo:

– Quero dizer-lhes porque deixo Jack usar minha casa.

Isso remonta a uma história de um jovem rapaz, filho de um treinador de cavalos itinerante, que vivia de estrebaria em estrebaria, de pista de corridas em pista de corridas, de fazenda em fazenda e de rancho em rancho, treinando cavalos.

Consequentemente, o curso de segundo grau do garoto era constantemente interrompido. Quando estava no último ano, lhe pediram que escrevesse sobre o que queria ser e fazer quando crescesse.

Naquela noite, ele escreveu sete páginas sobre seu objetivo de algum dia possuir um rancho de cavalos. Descreveu seus sonhos com riqueza de detalhes e até fez o desenho de um rancho de oitenta hectares, mostrando a localização de todos os prédios, as estrebarias e a pista. Então, desenhou em detalhes a planta baixa de uma casa de quatrocentos metros quadrados, que edificaria nos oitenta hectares do rancho de seus sonhos.

Ele colocou seu coração no projeto e no dia seguinte entregou-o ao professor. Dois dias depois recebeu sua folha de volta. Na página frontal havia um grande F vermelho e uma mensagem que dizia: Procure-me depois da aula.

O garoto do sonho foi ver o professor depois da aula e perguntou:

– Por que recebi um F?

O professor disse:

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– Este é um sonho irreal para um rapaz como você. Você não tem dinheiro, vem de uma família itinerante. Não tem recursos. Ter um haras requer muito dinheiro. Você tem que comprar a terra. Tem que comprar os primeiros animais e, mais tarde, ter que pagar impostos enormes. Não há como você possa realizar isso algum dia. – E o professor acrescentou: – Se reescrever estas folhas com um objetivo mais realista, reconsiderarei sua nota.

O garoto foi para casa e pensou muito naquilo. Perguntou a seu pai o que deveria fazer. Seu pai disse:

– Olhe, filho, você tem que decidir isso sozinho. No entanto, acho que é uma decisão muito importante para você.

Finalmente, depois de sentar-se diante do trabalho por uma semana, o garoto devolveu o mesmo papel, sem fazer nenhuma mudança. E declarou:

– Pode ficar com seu F, que eu ficarei com meu sonho.

Monty voltou-se para o grupo e disse:

– Estou lhes contando esta história porque estão sentados em minha casa de quatrocentos metros quadrados, bem no meio de meu haras de oitenta hectares. Ainda tenho aquele trabalho escolar emoldurado em cima da lareira.

E acrescentou:

-A melhor parte da história é que, há dois verões, aquele mesmo professor trouxe trinta garotos para acampar no meu rancho durante uma semana. Quando estava indo embora, o professor disse:

– Olhe Monty, posso dizer-lhe isso agora. Quando era seu Professor, eu era um tipo de ladrão de sonhos. Durante aqueles anos, roubei os sonhos de uma porção de alunos. Felizmente, você teve juízo suficiente para não desistir dos seus.

Não deixe que ninguém roube seus sonhos. Siga seu coração, não importa o que aconteça.

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Jack Canfield

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A caixa

Quando estava no último ano da faculdade, fui para casa nos feriados de Natal prevendo quinze dias cheios de diversão com meus dois irmãos. Estávamos tão agitados por estarmos juntos, que nos oferecemos para tomar conta da loja para que meu pai e minha mãe pudessem tirar seu primeiro dia de folga em anos. Um dia antes que meus pais fossem para Boston, meu pai me puxou silenciosamente de lado e me levou ao quartinho atrás da loja. O quarto era tão pequeno que só comportava um piano e uma cama embutida. De fato, quando se puxava a cama para fora, ela enchia o quarto e podia-se sentar aos pés dela para tocar piano. Papai estendeu a mão e retirou de trás do piano uma caixa de cigarros.

Abriu-a e mostrou-me uma pilha de artigos de jornal. Eu havia lido tantas histórias de detetive de Nancy Drew que fiquei excitada e de olhos arregalados quando vi a caixa de recortes escondida.

– O que são? – perguntei

Papai respondeu seriamente:

– São artigos que escrevi e foram publicados e algumas cartas ao editor.

Ao começar a ler, observei, no final de cada artigo cuidadosamente recortado, o nome Walter Chapinan.

– Por que não me disse que fez isso? – perguntei.

– Porque não queria que sua mãe soubesse. Ela sempre me disse que como eu não tinha uma boa formação, não deveria tentar escrever. Eu também queria me candidatar a algum cargo público, mas ela me disse que eu não deveria tentar. Acho que ela tinha medo de ficar envergonhada se eu perdesse. Eu só queria tentar para me divertir. Vi que poderia escrever sem que ela soubesse, e assim fiz. Quando cada item era publicado, eu o recortava e escondia nesta caixa. Eu sabia que algum dia mostraria a alguém, e esse alguém é você.

Ele me olhava enquanto eu passava os olhos pelos artigos e, quando olhei para cima, seus grandes olhos azuis estavam úmidos.

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– Acho que tentei algo grande demais desta vez – ele acrescentou.

– Escreveu alguma outra coisa?

– Sim, enviei algumas sugestões para a revista da nossa igreja sobre como melhor conduzir a seleção para a nomeação do comitê nacional. Já faz três meses que as enviei. Acho que tentei algo grande demais.

Este era um aspecto tão novo do meu pai, um homem que gostava de se divertir, que eu quase não sabia o que dizer, então arrisquei:

– Talvez ainda saia.

– Pode ser, mas não espere demais.

Papai deu um sorrisinho e uma piscadela para mim, e então fechou a caixa de cigarros e enfiou-a no espaço atrás do piano.

Na manhã seguinte, nossos pais partiram no ônibus para Haverhill Depot, onde tomaram um trem para Boston. Jim, Ron e eu cuidávamos da loja e eu pensava na caixa. Eu nunca soubera que meu pai gostava de escrever. Não contei a meus irmãos, era um segredo entre meu pai e eu. O Mistério da Caixa Oculta.

À noitinha, naquele dia, olhei pela janela da loja e vi minha mãe descer do ônibus – sozinha. Ela cruzou a praça e atravessou a loja rapidamente.

– Onde está o papai?

– Seu pai morreu – disse ela, sem lágrimas.

Descrentes, nós a seguimos para a cozinha onde ela nos contou que estavam andando na estação do Metrô de Park Street, em meio a multidões de pessoas, quando papai caíra ao chão. Uma enfermeira se inclinara sobre ele, olhara para minha mãe e dissera simplesmente:

– Está morto.

Mamãe permanecera de pé ao seu lado, desorientada, sem saber o que fazer, enquanto as pessoas saltavam sobre ele em sua pressa para chegar ao metrô. Um padre disse:

– Vou chamar a polícia – e desaparecera.

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Mamãe guardou o corpo de papai durante mais ou menos uma hora. Finalmente, uma ambulância chegou e levou os dois ao único necrotério da cidade, onde mamãe teve que revistar seus bolsos e remover seu relógio. Ela voltara sozinha no trem, e depois no ônibus local para casa. Mamãe contou-nos a chocante história sem derramar sequer uma lágrima. Não demonstrar emoções sempre fora para ela uma questão de disciplina e motivo de orgulho. Nós também não choramos e nos revezamos para aguardar os fregueses.

Um freguês assíduo perguntou:

– Onde está o velho senhor esta noite?

– Morreu – respondi.

– Oh, que pena! – e foi embora.

Eu nunca pensara nele como velho, e fiquei louca com a pergunta, mas ele tinha setenta anos e mamãe apenas cinquenta. Ele sempre fora saudável e alegre, cuidara da minha frágil mãe sem reclamar, e agora se fora. Acabaram-se os assobios, os hinos cantados enquanto ele abastecia as prateleiras. O velho se fora.

Na manhã do funeral, sentei-me à mesa na loja abrindo cartões de pêsames e colando-os num álbum de recortes, quando notei a revista da igreja sobre a pilha. Normalmente, eu não teria aberto o que julgava uma estúpida publicação religiosa, mas talvez aquele artigo sagrado estivesse lá – e estava.

Levei a revista para o quartinho, fechei a porta e explodi em lágrimas. Eu havia sido valente, mas ver as corajosas recomendações de papai para a convenção nacional publicadas foi mais do que eu podia suportar. Li e chorei, e reli. Puxei a caixa de trás do piano e sob os recortes encontrei uma carta de duas páginas de Henry Cabot Lodge para meu pai, agradecendo as sugestões para sua campanha.

Não contei a ninguém sobre minha caixa. Permaneceu um segredo.

Florence Littauer

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Encorajamento

Alguns dos maiores sucessos da história seguiram-se a uma palavra de estímulo ou a um ato de confiança de uma pessoa amada ou de um amigo confiável. Se não fosse por uma esposa confiante, Sophia, poderíamos não ter incluído, na lista dos grandes nomes da literatura, o de Nathaniel C Hawthorne. Quando Nathaniel, de coração partido, foi para casa para contar à sua esposa que era um fracasso e havia sido demitido de seu emprego na alfândega, ela o surpreendeu com uma exclamação de alegria.

– Agora – disse ela triunfante – você pode escrever seu livro!

– Sim – replicou o homem, com prudência – e de que viveremos enquanto eu estiver escrevendo?

Para seu espanto, ela abriu uma gaveta e tirou uma quantia considerável de dinheiro.

– Onde foi que você conseguiu isso? – exclamou ele.

– Eu sempre soube que você era um homem genial – ela lhe disse. – Eu sabia que algum dia você escreveria uma obra de arte. Assim, toda a semana, eu economizava um pouquinho do dinheiro que você me dava para as despesas da casa. E aqui há o suficiente para nos mantermos durante um ano inteiro.

De sua confiança surgiu um dos maiores romances da literatura norte-americana, The Scarlett Letter.

Nido Oubein

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Walt Jones

A grande questão é se você ser capaz de dizer um sincero sim à sua aventura.

Joseph Campbell

Ninguém é prova maior de que o sucesso é uma jornada e não um fim, do que aquelas pessoas sempre viçosas e em crescimento constante que não permitem que a idade impeça suas realizações. Florence Brooks juntou-se ao Corpo da Paz quando tinha 64 anos de idade. Gladys Clappison viveu no dormitório da Universidade de Iowa enquanto trabalhava em sua tese, aos 82 anos. E Ed Stitt, aos 87, trabalhou no programa de cursos universitários comunitários em Nova Jersey. Ed disse que isso evitava que ele se contaminasse com doença da velha guarda e mantinha seu cérebro vivo.

Provavelmente, em todos esses anos, ninguém despertou mais minha imaginação do que Walt Jones, de Tacoma, Washington. Walt sobreviveu à sua terceira esposa com quem já estava casado há 52 anos. Quando ela morreu, alguém disse Walt que devia ter sido triste perder uma companheira de tantos anos. Sua resposta foi:

-Bem, é claro que foi, mas, mais uma vez, talvez isso tenha sido pelo seu bem.

– Por quê?

– Não quero ser negativo ou dizer algo que deponha contra a maravilhosa personalidade de minha esposa, mas, na última década, ela estava me consumindo.

Quando lhe pediram que explicasse, ele prosseguiu acrescentando:

– Ela simplesmente nunca queria fazer nada, tornou-se retrógrada. Há dez anos, quando tinha 94 anos, eu disse à minha esposa que nunca tínhamos viajado para lugar algum, exceto para o

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belo nordeste do Pacífico. Ela me perguntou o que eu tinha em mente, e eu lhe disse que pensava em comprar uma casa sobre rodas e que talvez pudéssemos visitar todos os 50 estados norte-americanos.

– O que você acha disso?.

Ela disse:

– Acho que você perdeu o juízo, Walt.

– Por que você diz isso? – perguntei.

– Seríamos assaltados. Morreríamos e não seriamos nem velados.

Então ela me perguntou:

– Quem vai dirigir, Walter?

– Eu, Lambie – respondi.

– Você vai nos matar! – ela disse.

Eu queria deixar pegadas nas areias do tempo antes de me retirar, mas não se pode deixar pegadas nas areias do tempo quando se fica o tempo todo com o traseiro sentado... a não ser que se queira deixar traseiradas nas areias do tempo.

– E agora que ela se foi, Walt, o que pretende fazer?

– O que pretendo fazer? Enterrei a minha velha garota e comprei uma casa sobre rodas para mim. Estamos em 1976 e pretendo visitar todos os 50 estados para comemorar nosso bicentenário.

Walt foi a 43 dos estados naquele ano vendendo antiguidades e souvenires. Quando lhe perguntaram se pegava caronistas, ele disse:

– De jeito nenhum. A maioria deles o acertarão bem na cabeça por qualquer mixaria ou o processarão por alta velocidade se você se meter em algum acidente.

Walt tinha sua casa sobre rodas há alguns meses apenas e sua esposa havia sido enterrada há apenas seis meses, quando foi visto descendo a rua com uma senhora bastante atraente, de 62 anos, ao seu lado.

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– Walt? – perguntaram-lhe.

– Sim – respondeu ele.

– Quem era a mulher sentada ao seu lado? Quem é essa sua nova amiga, Walt?

Ao que ele respondeu:

– Sim, ela é.

– Ela é o quê?

– Minha amiga.

– Amiga? Walt, você foi casado três vezes, você tem 104 anos de idade. Essa mulher deve ter quatro décadas a menos que você.

– Bem – respondeu ele. – Logo descobri que um homem não pode viver sozinho numa casa sobre rodas.

– Compreendo, Walt. Provavelmente você sente falta de alguém com quem conversar, depois de ter uma companheira por todos estes anos.

Sem hesitar, Walt replicou:

– Eu sinto falta daquilo também.

– Também? Você está insinuando que tem um interesse romântico?

– Bem, eu poderia.

– Walt...

– O quê? – ele disse.

– Há um tempo na vida em que se dispensa esse tipo de coisa.

– Sexo? – replicou ele.

– Sim.

– Por quê?

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– Bem, porque esse tipo de esforço poderia ser prejudicial à saúde.

Walt considerou a questão e disse:

– Bem, se ela morrer, morreu.

Em 1978, com uma inflação de dois dígitos esquentando o país, Walt foi um dos principais investidores no desenvolvimento de um prédio de apartamentos. Quando lhe perguntaram por que estava tirando seu dinheiro de uma conta bancária segura e colocando-o num empreendimento imobiliário, ele disse:

– Não ouviu dizer? São tempos de inflação. Você tem que investir em bens imobiliários para que seu dinheiro se valorize e esteja aí anos depois, quando você realmente precisar.

Que tal essa afirmação como pensamento positivo?

Em 1980, ele vendeu grande parte de suas propriedades ao redor de Pierce County, Washington. Muitas pessoas pensaram que Walt estivesse morrendo, mas ele trocara as propriedades por dinheiro disponível.

– Reduzi meus investimentos e fiz um contrato de 30 anos. Terei mil dólares por mês até os 138 anos.

Ele comemorou seu centésimo décimo aniversário no programa de Johnny Carson. Estava resplandecente com sua barba branca e seu chapéu preto, parecendo-se um pouco com o recente Coronel Sanders, e Johnny disse:

– • Muito bom tê-lo aqui conosco, Walt.

– • Bom estar em qualquer lugar quando se tem 110 anos, Johnny.

– 110?

– 110.

– 1-1-0?

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– Qual é o problema, Carson, está perdendo a audição? Foi o que eu disse. É a minha idade. Qual é a grande novidade?

– A novidade é que daqui a três dias você será duas vezes mais velho do que eu.

Isso lhe chamaria a atenção, não é? Cento e dez anos de idade – um homem viçoso e em crescimento. Walt aproveitou a deixa e rapidamente devolveu a Johnny.

– Quantos anos você teria se não soubesse sua data de nascimento e não houvesse ninguém para deprimi-lo uma vez por ano? Nunca ouviu falar em gente deprimida por causa de uma data do calendário? Ai, meu Deus, cheguei ao meu trigésimo aniversário. Estou tão deprimido, agora não posso mais fazer as coisas tão bem como costumava fazer. Meu Deus, cheguei aos quarenta.

– Todos os membros de minha equipe de trabalho se vestiram de preto e mandaram um carro fúnebre me apanhar. Meu Deus, tenho cinquenta anos. Meio século de idade. Enviaram-me rosas murchas com teias de aranha. Johnny, quem disse que você deve se virar de lado e morrer aos 65 anos?

– Tenho amigos que prosperaram mais depois dos 75. E como consequência de um pequeno investimento que fiz num condomínio há alguns anos, ganhei mais dinheiro dos 105 anos para cá do que jamais ganhara. Posso dar-lhe minha definição de depressão, Johnny?

– Vá em frente.

– Deixar passar o aniversário.

Que a história de Walt Jones possa nos inspirar a todos para que permaneçamos viçosos e em crescimento todos os dias de nossas vidas.

Bob Moawad

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Você é suficientemente forte

para aguentar críticas?

O valor não está no crítico, nem naquele que aponta a falha do forte ou mostra de que forma uma pessoa poderia ter feito algo melhor. O crédito pertence àquele que está de fato na arena, cujo rosto está marcado pela poeira, pelo suor e pelo sangue, que luta valentemente, que tenta muitas vezes sem alcançar, pois não há esforço sem tentativa e dificuldades, que conhece a verdadeira devoção, que se esgota por uma causa valiosa, e que sabe que, na melhor das hipóteses, conhecerá a alta realização do triunfo, e que, no pior dos casos, se fracassar com coragem, seu lugar jamais será junto das frias e tímidas almas que desconhecem vitória ou derrota.

Theodore Roosevelt

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Arriscando

Duas sementes descansam lado a lado no solo fértil da primavera.

A primeira semente disse:

– Eu quero crescer! Quero enviar minhas raízes às profundezas do solo e fazer meus brotos rasgarem a superfície da terra... Quero abrir meus botões como bandeiras anunciando a chegada da primavera... Quero sentir o calor do sol em meu rosto e a bênção do orvalho da manhã em minhas pétalas!

E assim ela cresceu.

A segunda semente disse:

– Tenho medo. Se eu enviar minhas raízes às profundezas, não sei o que encontrarei na escuridão. Se rasgar a superfície dura, posso danificar meus brotos... e se eu deixar que meus botões se abram e um caracol tentar comê-los? E se abrir minhas flores e uma criança me arrancar do chão? Não é muito melhor esperar até que eu me sinta segura?

E assim ela esperou.

Uma galinha ciscando no solo da primavera recente, à procura de comida, encontrou e rapidamente comeu a semente à espera de segurança.

Moral da história

Os que se recusam a correr riscos e crescer são engolidos pela vida.

Patty Hansen

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Experimente algo diferente

Quando lemos pela primeira vez a seguinte história, nós tínhamos apenas começado a ensinar em um curso chamado O Fórum do Milhão de Dólares, um curso destinado a ensinar as pessoas a acelerar a sua renda de até níveis de um milhão de dólares por ano ou mais.

Logo no início descobrimos as pessoas ficam presas a uma rotina de tentar mais, sem tentar mais inteligente. Tentando mais nem sempre funciona.

Às vezes precisamos de fazer algo radicalmente diferente para alcançar maiores níveis de sucesso. Precisamos sair de nossas prisões de paradigmas, padrões de nossos hábitos e nossas zonas de conforto.

Eu estou sentado em uma sala silenciosa no Milcroft Inn, um lugar tranquilo pouco escondido entre os pinheiros, a cerca de uma hora de Toronto. É apenas meio-dia, final de julho, e eu estou ouvindo os sons desesperados de uma luta de vida ou morte acontecendo a poucos metros de distância.

Há uma pequena mosca perdendo as últimas energias de sua curta vida, em uma tentativa fútil de voar através do vidro da janela. As choramingantes asas contam a história pungente de estratégia da mosca: Tente duramente.

Mas não está funcionando.

O esforço frenético não oferece nenhuma esperança para a sobrevivência. Ironicamente, a luta é parte da armadilha. É impossível que a mosca se esforce o suficiente para ter sucesso em quebrar o vidro. No entanto, este pequeno inseto apostou sua vida em alcançar seu objetivo através de um esforço bruto e determinação.

Esta mosca está condenada. Ele vai morrer ali no parapeito da janela.

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Do outro lado da sala, dez passos de distância, a porta está aberta. Dez segundos de tempo de voo e esta pequena criatura pode chegar ao mundo exterior que procura. Com apenas uma fração do esforço que agora está sendo desperdiçado, poderia se livrar dessa armadilha autoimposta. A possibilidade de avanço está lá. Seria tão fácil.

Por que a mosca não tenta outra abordagem, algo substancialmente diferente? Como ela foi ficar tão fechada na ideia de que esta rota em particular e determinado esforço ser o mais promissor para o sucesso? Que lógica há em continuar até a morte para buscar um avanço com mais da mesma coisa?

Sem dúvida, essa abordagem faz sentido para a mosca. Lamentavelmente, é uma ideia que a vai matar.

Tentando o mais difícil não é necessariamente a solução para conseguir mais. Ele pode não oferecer qualquer promessa real para conseguir o que quer da vida.

Às vezes, na verdade, é uma grande parte do problema.

Se você apostar suas esperanças de um avanço na tentativa mais do que nunca, você pode matar suas chances de sucesso.

Price Pritchett

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Serviço com um sorriso

Um homem escreveu uma carta para um pequeno hotel de uma cidade do centro-oeste que planejava visitar em suas férias. Escreveu:

Gostaria muito de levar meu cachorro comigo. Ele é muito bem-cuidado e muito bem-educado. Seria possível que ficasse comigo em meu quarto à noite?

Uma resposta imediata veio do dono do hotel, que disse:

Administro este hotel há muitos anos. Em todo este tempo, nunca hospedei um cachorro que tivesse roubado as toalhas, as roupas de cama, os talheres ou os quadros das paredes.

Nunca tive que expulsar um cachorro no meio da noite por estar bêbado e fazendo desordem. E nunca hospedei um cachorro que tivesse fugido sem pagar a conta.

Portanto, seu cachorro é bem-vindo em meu hotel. E, se seu cachorro garantir, o senhor também será bem-vindo para se hospedar aqui.

Karl Albrecht e Ron Zenke, Service America

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VENCENDO OBSTÁCULOS

Obstáculos são aquelas coisas tenebrosas que vemos quando desviamos os olhos de nossos objetivos.

Henry Ford

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Obstáculos

Nós, que vivemos nos campos de concentração, lembramo-nos dos homens que passavam pelas tendas confortando os outros, dando-lhes seu último pedaço de pão. Podem ter sido poucos, mas são prova suficiente de que se pode tirar tudo de um homem, menos uma coisa: a última de suas liberdades – a de escolher seu comportamento em quaisquer circunstâncias, a de escolher seu próprio caminho.

Viktor E. Frankl

em Man's Search for Meaning

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Considere isto

Considere isto:

– Após o primeiro teste cinematográfico de Fred Astaire, o memorando do diretor de testes da MGM, datado de 1933, dizia: Não sabe representar! Ligeiramente calvo! Dança um pouco! Astaire conservou este memorando pendurado sobre a lareira em sua casa de Beverly Hills.

– Um perito comentou sobre Vince Lombardi (primeiro treinador bicampeão do Super Bowl, torneio de futebol americano): Possui conhecimentos mínimos sobre futebol. Falta-lhe motivação.

– Sócrates foi chamado de corruptor imoral da juventude.

– Quando Peter J. Daniel estava na quarta série, sua professora, Sra. Phillips, dizia constantemente: Peter J. Daniel, você é imprestável, uma maçã bichada, e nunca chegará a lugar algum. Peter foi totalmente analfabeto até os 26 anos. Um amigo ficou acordado com ele a noite toda, e leu para ele uma cópia de Think and Grow Rich (Pense e fique rico). Agora ele é dono das esquinas das ruas onde costumava brigar e acaba de publicar seu mais recente livro: Mrs. Phillips, You Were Wrong! (Sra. Phillips, você estava errada!).

– Louisa May Alcott, autora de Little Women (Poucas mulheres), foi aconselhada por sua família a procurar trabalho como servente ou costureira.

– Beethoven segurava o violino desajeitadamente e preferia tocar suas próprias composições ao invés de aperfeiçoar sua técnica. Seu professor julgava-o um compositor sem futuro.

– Os pais do famoso cantor de ópera Enrico Caruso queriam que ele fosse engenheiro. Seu professor lhe disse que ele não tinha voz e não poderia cantar.

– Charles Darwin, pai da Teoria da Evolução, abandonou a carreira médica e ouviu de seu pai: Você não se importa com nada além

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de cães, caçar ratos e atirar. Em sua autobiografia, Darwin escreveu: Fui considerado, por todos os meus mestres e por meu pai, um garoto muito comum, bem abaixo do padrão intelectual normal.

– Walt Disney foi despedido pelo editor de um jornal por falta de ideias. Walt Disney também faliu várias vezes antes de construir a Disneylândia.

– Os professores de Thomas Edison disseram que ele era burro demais para aprender alguma coisa.

– Albert Einstein não falou antes dos quatro anos de idade e não leu antes dos sete. Seu professor o descreveu como mentalmente lento, insociável e eternamente mergulhado em seus sonhos imbecis. Foi expulso e sua admissão na Escola Politécnica de Zurich foi recusada.

– Louis Pasteur foi apenas um aluno medíocre nos estudos de primeiro grau; ficou em décimo quinto lugar entre os 22 alunos de química.

– Isaac Newton foi muito mal na escola.

– O pai do escultor Rodin disse: Tenho um filho idiota. Descrito como o pior aluno da escola, Rodin foi reprovado três vezes no exame de admissão da escola de artes. Seu tio chamava-o de ineducável.

– Leon Tolstoi, autor de Guerra e Paz, foi afastado da escola por incompetência. Descreveram-no como incapaz e sem vontade de aprender.

– O dramaturgo Tennessee Williams se enfureceu quando sua peça Me, Vasha não foi escolhida num concurso na Universidade de Washington, onde estava inscrito no curso de Inglês XVI. O professor recorda que Williams questionou as escolhas dos juízes e sua inteligência.

– Os funcionários de F. W. Woolworth (pioneiro no autoatendimento) que trabalhavam no depósito disseram que ele não tinha sensibilidade para atender os fregueses.

– Henry Ford fracassou e faliu cinco vezes antes de ser finalmente bem-sucedido.

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– Babe Ruth, considerado pelos historiadores do esporte como o maior atleta de todos os tempos e famoso por estabelecer o recorde do home run (beisebol: rebatedor, que também precisa ser o melhor corredor), também mantém o recorde de bolas fora.

– Winston Churchill repetiu a sexta série. Só foi Primeiro-Ministro da Inglaterra aos 62 anos e, mesmo assim, depois de uma eternidade de derrotas e retrocessos. Deu suas maiores contribuições quando se tornou um cidadão idoso.

– Dezoito editores recusaram a história de 10.000 palavras, de Richard Bach sobre a gaivota sublime, Fernão Capelo Gaivota, até que a Macmillan finalmente a publicou em 1970. Em 1975, já havia vendido mais de sete milhões de cópias apenas nos Estados Unidos.

– Richard Hooker trabalhou por sete anos em M*A*S*H, seu romance satirizando a guerra, recusado simplesmente por 21 editores antes que a Morrow decidisse publicá-lo. Tornou-se um best-seller, dando origem a um filme de sucesso estrondoso e a um seriado de televisão altamente bem-sucedido.

Jack Canfield e Mark V. Hansen

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John Corcoran – O homem que não sabia ler

Desde quando John Corcoran podia se lembrar, as palavras zombaram dele. As letras das sentenças trocavam de lugar, os sons das vogais se perdiam nos túneis de seus ouvidos. Na escola, ele se sentava em sua carteira, ignorante e silencioso como uma pedra, sabendo que seria diferente de todos os outros, eternamente. Se simplesmente alguém tivesse se sentado ao lado daquele garotinho, colocado o braço em torno de seus ombros e dito Vou ajudá-lo. Não tenha medo...

Mas, até então, ninguém ouvira falar em dislexia. E John não podia lhes dizer que o seu lado esquerdo do cérebro, o que os seres humanos usam para organizar os símbolos numa sequência lógica, sempre falhara.

Em vez disso, na segunda série, colocaram-no na fila dos burros. Na terceira série, uma freira entregava uma régua às outras crianças quando John se recusava a ler ou a escrever e deixava que cada aluno lhe desse uma reguada nas pernas. Na quarta série, seu professor o chamava para ler e fazia com que todos esperassem em silêncio, minuto após minuto, que a criança pensasse que ia sufocar. E então ele passava para a série seguinte e para a outra. John Corcoran nunca repetiu de ano na vida.

No último ano, John foi eleito rei da turma, portou-se com segurança como orador e foi a estrela do time de basquete. Na formatura, sua mãe o beijou – e continuou falando sobre a faculdade. Faculdade? Seria uma loucura só pensar. Mas, finalmente, ele se decidiu pela Universidade do Texas em El Paso, onde poderia tentar o time de basquete.

Respirou fundo, fechou os olhos... e tornou a cruzar as linhas inimigas.

No campus, John perguntava a cada novo amigo: quais os professores que faziam questões dissertativas? Quais os que usavam testes de múltipla escolha? No exato momento em que pisava fora da sala de aula, ele arrancava as páginas de rabiscos do caderno, para o

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caso de alguém pedir para ver suas anotações. À noite, ficava olhando para grossos livros de textos, para que seu companheiro de quarto não desconfiasse. E deitava-se na cama, exausto, porém sem conseguir dormir, incapaz de deixar sua mente perturbada descansar. John prometeu que iria à missa durante trinta dias seguidos ao raiar do dia se Deus apenas lhe permitisse tirar seu diploma.

Conseguiu o diploma. Pagou a Deus seus trinta dias de missas. E agora? Talvez estivesse viciado. Talvez o motivo maior de sua insegurança – sua mente – fosse o que precisava ter admirado mais. Talvez por isso, em 1961, John se tornou professor.

John lecionava na Califórnia. Todos os dias ele fazia um aluno ler o livro de textos para a classe. Ele usava testes padronizados que poderiam ser corrigidos com um gabarito perfurado nas questões corretas e, nas manhãs dos fins de semana, ficava horas deitado na cama, deprimido.

Foi então que ele conheceu Kathy, enfermeira e uma aluna que só tirava A. Não uma tábua, como John. Uma pedra.

– Há algo que preciso te contar, Kathy – disse ele certa noite, em 1965, antes de se casarem. – Eu... eu não sei ler.

Ele é professor, pensou ela. Deve estar querendo dizer que não sabe ler bem. Kathy não compreendeu até anos mais tarde, quando viu que John não conseguia ler um livro infantil para sua filha de dezoito meses. Kathy preenchia seus formulários, lia e escrevia suas cartas. Por que ele simplesmente não pedia a ela que o ensinasse a ler e a escrever?

Ele não acreditava que alguém pudesse ensiná-lo.

Aos 28 anos, John tomou emprestados US$2.500, comprou uma segunda casa, consertou-a e alugou-a. Comprou e alugou outra. E mais outra. Seu negócio cresceu e cresceu até que ele precisou de uma secretária, um advogado e um sócio.

Então, certo dia, seu contador contou-lhe que ele estava milionário. Perfeito. Quem iria notar que um milionário sempre puxava as portas onde estava escrito Empurre, ou que se detinha antes

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de entrar em banheiros públicos, esperando para ver de qual deles saíam os homens?

Em 1982, as coisas começaram a degringolar. Suas propriedades começaram a se esvaziar, e os investidores a se afastar. Ameaças de execução de hipotecas e processos judiciais saltavam dos envelopes. Parecia-lhe que a todo o momento estava negociando com banqueiros para estender os prazos de seus empréstimos, persuadindo os construtores a permanecerem no trabalho, tentando dar sentido à pirâmide de papéis. Logo soube que estaria no banco das testemunhas e o homem de vestes negras lhe diria: A verdade, John Corcoran. Você nem sabe ler?

Finalmente, no outono de 1986, aos 48 anos, John fez duas coisas que prometera não fazer jamais. Hipotecou sua casa para obter um empréstimo para uma última construção.

E entrou na Biblioteca da Cidade de Carlsbad e disse à encarregada do programa de instrução:

– Eu não sei ler.

E então, chorou.

Foi colocado junto a uma avó de 65 anos de idade chamada Eleanor Condit. Cuidadosamente – letra por letra, foneticamente – ela começou a ensiná-lo. Em 14 meses, sua empresa de loteamentos começou a reviver. E John Corcoran estava aprendendo a ler.

O passo seguinte foi uma confissão: uma palestra para uma plateia de duzentos executivos estupefatos em San Diego. Para curar-se, era preciso se sentir limpo. Ele foi colocado no conselho diretor do Conselho de Alfabetização de San Diego e começou a viajar pelo país fazendo palestras.

– O analfabetismo é uma forma de escravidão! – lamentava ele. – Não podemos perder tempo culpando ninguém. Precisamos tornar-nos obsessivos em ensinar as pessoas a ler!

Ele lia todos os livros e revistas que lhe caíam nas mãos, cada sinal de trânsito por que passava, em voz alta, enquanto Kathy pudesse suportar. Era glorioso, como cantar; e agora ele conseguia dormir.

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Então, certo dia lhe ocorreu – ainda havia algo que ele poderia finalmente fazer. Sim, aquela caixa empoeirada em seu escritório, aquele maço de papéis presos por um laço... um quarto de século depois, John Corcoran pôde ler as cartas de amor de sua esposa.

Pamela Truax

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Não tenha medo de falhar

Você já falhou muitas vezes, embora você possa não se lembrar.

Você caiu na primeira vez que tentou andar.

Você quase se afogou na primeira vez que tentou nadar, não é?

Você acertou a bola na primeira vez que foi batedor (beisebol)? Grandes batedores??, aqueles que atingiram a maioria das corridas (beisebol: da primeira à última base), também falharam muito. R H Macy falhou sete vezes antes de sua loja em Nova York engrenou. Inglês romancista John Creasey recebeu 753 rejeições antes de publicar 564 livros.

Babe Ruth errou 1.330 batidas (beisebol), mas ele também atingiu 714 corridas.

Não se preocupe com o fracasso. Preocupe-se com as chances de você perder quando você nem sequer tentar.

Uma mensagem publicada no Wall Street Journal pela United Technologies Corporation,

Hartford, Connecticut 06101

United Technologies Corporation 1981

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Abraham Lincoln não desistiu

O senso do dever de continuar está presente em todos nós. O dever de lutar é dever de todos nós. Eu senti o apelo deste dever.

Abraham Lincoln

Provavelmente o maior exemplo de persistência é o de Abraham Lincoln. Se você quiser aprender sobre alguém que não desistiu, não procure mais. Nascido na miséria, Lincoln defrontou-se com a derrota ao longo de toda sua vida. Perdeu oito eleições, fracassou duas vezes nos negócios e teve um colapso nervoso.

Poderia ter desistido muitas vezes – mas não desistiu e, por não ter desistido, tornou-se um dos maiores presidentes na história dos Estados Unidos.

Lincoln era um vencedor e jamais se entregou. Aqui está um resumo do caminho percorrido por Lincoln até a Casa Branca:

1816 – Sua família foi forçada a sair de sua casa. Ele teve que trabalhar para sustentá-la.

1818 – Sua mãe morreu.

1831 – Fracassou nos negócios.

1832 – Concorreu a deputado estadual – perdeu.

1832 – Perdeu também o emprego – quis entrar na escola de Direito, mas não conseguiu ser admitido.

1833 – Tomou dinheiro emprestado com um amigo para começar um negócio e, por volta do final do ano, estava falido. Passou os dezessete anos seguintes de sua vida pagando essa dívida.

1834 – Candidatou-se novamente a deputado estadual – ganhou.

1835 – Estava noivo, sua noiva morreu e ele ficou desolado.

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1836 – Teve um colapso nervoso e ficou de cama durante seis meses.

1838 – Indicado para porta-voz da Câmara Estadual – derrotado.

1840 – Indicado para o Colégio Eleitoral – derrotado.

1843 – Candidato ao Congresso – perdeu.

1846 – Candidato ao Congresso novamente – desta vez ganhou – foi a Washington e fez um bom trabalho.

1848 – Candidato à reeleição para o Congresso – derrotado.

1849 – Indicado para o Cartório de Registro de Imóveis em seu estado – rejeitado.

1854 – Candidato ao Senado dos Estados Unidos – perdeu.

1856 – Solicita a indicação para Vice-Presidente na convenção nacional do seu partido – obteve menos de cem votos.

1858 – Candidato ao Senado dos Estados Unidos novamente – novamente perdeu.

1860 – Eleito presidente dos Estados Unidos.

O caminho foi difícil e escorregadio. Um de meus pés escorregou, empurrando o outro para fora da estrada, mas eu me levantei e disse a mim mesmo: é um deslize e não uma queda.

Abraham Lincoln, depois de perder uma candidatura ao Senado

Fonte desconhecida

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Lição de um filho

A paixão de meu filho Daniel pelo surf começou aos treze anos. Antes e depois da escola, ele vestia sua roupa de borracha, remava para além da linha da arrebentação e esperava ser desafiado por suas companheiras de um a dois metros.

O amor de Daniel pelo esporte foi posto à prova em certa tarde decisiva.

– Seu filho sofreu um acidente – o salva-vidas disse a

meu marido Mike ao telefone.

– Feriu-se muito?

– Bastante. Quando subiu para a superfície da água, a ponta da prancha bateu em seu olho.

Mike correu com ele para um pronto socorro, de onde foram mandados para o consultório de um cirurgião plástico. Ele recebeu 26 pontos do canto do olho ao alto do nariz.

Eu estava dentro de um avião, voltando de uma palestra, enquanto o olho de Dan estava sendo costurado. Mike foi diretamente ao aeroporto depois que deixaram o consultório do médico. Ele veio ao meu encontro no portão e me disse que Dan estava esperando no carro.

– Daniel? – estranhei. Lembro-me de ter pensado que as ondas deveriam estar ruins naquele dia.

– Ele sofreu um acidente, mas vai ficar bem.

O pior pesadelo de uma mãe em viagem de negócios havia se realizado. Corri tão depressa para o carro que o salto do meu sapato se quebrou. Eu quase arrebentei a porta do carro e meu filho mais novo, com um curativo no olho, inclinou-se para a frente, com ambos os braços esticados em minha direção, chorando: Oh, Mãe, que bom que você voltou.

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Solucei em seus braços dizendo a ele como me sentira mal por não estar lá quando o salva-vidas telefonara.

– Tudo bem, mamãe – ele me confortou. – Você não sabe surfar, de qualquer jeito.

– O quê? – perguntei, confusa diante da sua lógica.

– Vou ficar bem. O médico disse que posso voltar para a água dentro de oito dias.

Estaria ele fora de si? Eu quis dizer a ele que estava proibido de se aproximar da água novamente antes dos 35 anos, mas, em vez disso, mordi a língua e rezei para que ele esquecesse o surf para sempre.

Durante os sete dias seguintes, ele ficou me pressionando para deixá-lo voltar a subir na prancha. Um dia depois de eu lhe ter repetido enfaticamente Não pela centésima vez, ele me venceu no meu próprio jogo.

– Mamãe, você nos ensinou a nunca desistirmos do que amamos.

E me entregou um suborno – um poema emoldurado de Langston Hughes que ele havia comprado porque ele me lembrou você:

De mãe para filho

Bem, filho, eu te digo:

A vida para mim não tem sido nenhuma escadaria de cristal.

Ela tem preguinhos.

E lascas,

E tábuas arrancadas,

E lugares sem tapete no chão -

Vazios.

Mas, todo tempo,

Tem sido uma escalada,

E várias aterrissagens,

E um dobrar de esquinas,

E algumas vezes penetrar na escuridão

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Onde não há luz.

Assim, filho, não se volte,

Não se detenha nos degraus,

Por achar que são muito difíceis para uma criança.

Não caia agora -

Pois eu continuarei prosseguindo, querido,

Eu continuarei subindo,

E a vida para mim não é nenhuma escadaria de cristal.

Eu entreguei os pontos.

Daniel era apenas um garoto apaixonado pelo surf. Agora ele é um homem com uma responsabilidade. Ele está entre os 25 maiores surfistas profissionais do mundo.

Fui posta à prova em minha própria casa quanto a um importante princípio que ensino ao público em cidades distantes: Pessoas apaixonadas abraçam o que amam e nunca desistem.

Danielle Kennedy

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Fracasso? Não! Só dificuldades temporárias

Ver coisas na semente, isso é genial.

Lao-Tsé

Se você pudesse vir hoje ao meu escritório na Califórnia para me visitar, notaria de um lado da sala um belo e antigo balcão de mogno com ladrilhos espanhóis, e nove banquinhos forrados de couro (do tipo que se costumava ter nas velhas farmácias). Estranho? Sim. Mas, se aqueles banquinhos pudessem falar, eles lhe contariam uma história sobre o dia em que eu quase perdi as esperanças e quase desisti.

Era um período de recessão após a Segunda Guerra Mundial e os empregos estavam escassos. Cowboy Bob, meu marido, havia comprado um pequeno negócio de lavagem a seco com um dinheiro emprestado. Tínhamos dois bebês adoráveis, as prestações de uma casa, um carro e todos os pagamentos periódicos costumeiros. Foi então que as coisas degringolaram. Não tínhamos dinheiro para as prestações da casa ou para qualquer outra coisa.

Senti que não tinha nenhum talento especial, nenhum treinamento, nenhuma formação universitária. Eu não pensava muito em mim mesma. Mas me lembrei de alguém que no passado achava que eu tinha alguma capacidade – minha professora de inglês na Escola Secundária de Alhambra.

Ela me estimulava a cursar jornalismo e me nomeou gerente de propaganda e editora de reportagem do jornal da escola.

Pensei: – Agora, se pudesse escrever uma Coluna de Compras para o pequeno jornal semanal de nossa cidade, talvez pudesse conseguir ganhar as prestações da casa.

Eu não tinha carro nem babá. Assim, saí empurrando meus dois filhos num frágil carrinho de bebês, com um grande travesseiro amarrado atrás. A rodinha vivia caindo, mas eu a colocava de volta batendo com o salto do meu sapato e seguia em frente. Eu estava

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determinada a que meus filhos não perdessem sua casa como eu frequentemente havia perdido a minha quando criança.

Porém, não havia empregos disponíveis no escritório do jornal. Recessão. Então tive uma ideia. Perguntei se poderia comprar anúncios por atacado e vendê-los no varejo para uma Coluna de Compras. Eles concordaram. Mais tarde, disseram-me que, secretamente, haviam me dado no máximo uma semana para continuar empurrando aquele carrinho pelas estradas até que eu desistisse. Mas estavam errados.

A ideia da coluna no jornal funcionou. Consegui dinheiro suficiente para as prestações da casa e para comprar um velho carro usado que Cowboy Bob encontrara para mim.

Em seguida, contratei uma garota do segundo grau para tomar conta dos meus filhos, das três às cinco, todas as tardes.

Quando o relógio batia três horas, eu passava a mão nas minhas amostras de jornal e voava pela porta em direção aos meus compromissos.

Porém, certa tarde escura e chuvosa, todos os clientes com os quais eu havia trabalhado desistiram dos anúncios quando fui buscá-los.

– Por quê? – perguntei.

Eles disseram que haviam notado que Ruben Aclimam, Presidente da Câmara de Comércio e dono da Drogaria Rexall, não anunciava comigo. Sua loja era a mais popular da cidade. Eles respeitavam seu julgamento.

– Deve haver algo errado com sua propaganda – eles explicaram.

Meu coração afundou. Aqueles quatro anúncios teriam pago a prestação da casa. Então, pensei, vou tentar falar com o Sr. Ahlman mais uma vez. Todos gostam dele e o respeitam. Seguramente, ele me ouvirá. Todas as vezes que eu havia tentado me aproximar dele antes, ele se recusara a me ver. Estava sempre fora ou ocupado. Eu sabia que se ele publicasse seus anúncios comigo, os outros comerciantes da cidade seguiriam sua iniciativa.

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Desta vez, ao entrar na Drogaria Rexall, ele estava lá, atrás do balcão de remédios. Sorri o meu melhor sorriso e empunhei minha Coluna de Compras cuidadosamente assinalada com o lápis de cera verde de meus filhos. Eu disse:

– Todos respeitam a sua opinião, Sr. Ahlman. Poderia apenas olhar meu trabalho por um momento, para que eu possa dizer aos outros comerciantes o que o senhor acha?

Sua boca ficou perpendicular, formando um U de cabeça para baixo. Sem dizer uma palavra, ele sacudiu enfaticamente a cabeça, num gesto negativo e desalentador.

– Não!

Meu coração nocauteado foi ao chão, fazendo tanto barulho que pensei que todo mundo tivesse ouvido.

De repente, todo o meu entusiasmo desapareceu. Consegui chegar ao belo balcão na frente da drogaria, sentindo-me sem energia para dirigir até em casa. Eu não queria me sentar sem comprar algo, então puxei meus últimos dez centavos e pedi uma Cherry Coke. Pensava desesperadamente no que fazer. Meus bebês perderiam sua casa, como eu, que perdera a minha tantas vezes durante a infância? Minha professora de jornalismo estaria errada? Talvez aquele talento de que ela falava fosse apenas um embuste. Meus olhos se encheram de lágrimas.

Uma voz suave vinda do banco ao lado disse:

– O que houve, meu bem?

Olhei para o rosto solidário de uma simpática senhora de cabelos grisalhos. Desabafei contando-lhe minha estória, e terminei:

– Mas o Sr. Ahlman, a quem todos respeitam tanto, não quer ver meu trabalho.

– Deixe-me ver essa Coluna de Compras – disse ela, Pegou nas mãos meu exemplar assinalado do jornal e leu-o cuidadosamente do começo ao fim. Então, virou-se no banquinho, levantou-se e olhou novamente para o balcão de receitas, e numa voz de comando que poderia ter sido ouvida por todo o quarteirão, disse:

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– Ruben Ahlman, venha aqui!

Era a Sra. Ahlman!

Ela disse a Ruben que comprasse meu anúncio. Sua boca virou-se em sentido contrário, abrindo-se num amplo sorriso. Então ela me perguntou os nomes dos comerciantes que haviam se recusado a comprar os anúncios. Foi até o telefone e ligou para cada um deles. Abraçou-me e disse-me que eles estavam me aguardando; que eu voltasse para pegar os anúncios.

Ruben e Vivian Ahlman se tornaram nossos amigos queridos, além de clientes fixos dos anúncios. Fiquei sabendo que Ruben era um homem amável, que comprava de todo mundo. Ele havia prometido a Vivian não comprar mais nenhum anúncio. Estava apenas tentando manter sua palavra.

Se tivesse perguntado às outras pessoas na cidade, eu descobriria que deveria ter falado com a Sra. Ahlman desde o começo. Aquela conversa no balcão foi o momento decisivo.

Minha empresa de propaganda prosperou e hoje tem quatro escritórios, com 285 funcionários servindo a 4.000 contas com contratos permanentes de propaganda.

Mais tarde, quando o Sr. Ahlman modernizou a velha drogaria e tirou o balcão, meu doce marido Bob comprou-o e instalou-o no meu escritório. Se você estivesse aqui na Califórnia, nos sentaríamos juntos nos bancos em frente ao balcão. Eu lhe serviria uma Cherry Coke e lhe recomendaria que nunca desistisse, que se lembrasse que a ajuda está sempre mais próxima do que pensamos.

Então eu lhe diria que, se não consegue se comunicar com uma determinada pessoa, procure outras informações. Tente outro caminho. Procure alguém que possa se comunicar em seu nome, o endosso de uma terceira pessoa. E finalmente, eu lhe serviria estas palavras iluminadas e renovadoras de Bill Marriot, dos Hotéis Marriot:

Fracasso? Nunca o enfrentei. Só me deparei com dificuldades temporárias.

Dottie Walters

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Para ser mais criativo, estou esperando...

1. Inspiração

2. Permissão

3. Reafirmação

4. O café ficar pronto

5. Minha vez

6. Alguém que abra caminho

7. O restante das regras

8. Alguém para mudar

9. Passagens mais amplas

10. Vingança

11. Riscos menores

12. Mais tempo

13. Que um relacionamento significativo:

a. melhore

b. termine

c. aconteça

14. A pessoa certa

15. Um desastre

16. Tempo para quase acabar

17. Um óbvio bode-expiatório

18. Que as crianças saiam de casa

19. Um Dow-Jones de 1500 (índice de crescimento da bolsa de valores de New York))

20. Que o leão se deite com o carneiro

21. Acordo mútuo

22. Um tempo melhor

23. Um horóscopo mais favorável

24. Minha juventude retornar

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25. O aviso de dois minutos

26. A reforma legal

27. Que Richard Nixon seja reeleito

28. Que a idade me conceda o direito à excentricidade

29. Amanhã

30. Três-marias ou melhor

31. Meu check-up anual

32. Um melhor círculo de amizades

33. Que os riscos aumentem

34. Que o semestre comece

35. Caminho livre

36. O gato parar de arranhar o sofá

37. A ausência de riscos

38. Que o cão que late no vizinho deixe a cidade

39. Meu tio retornar do serviço militar

40. Alguém me descobrir

41. Mais garantias

42. Uma taxa mais baixa de ganhos de capital

43. O estatuto das limitações perder o valor

44. Meus pais morrerem! (brincadeirinha!)

45. A cura da herpes/Aids

46. Que as coisas que não entendo ou não aprovo desapareçam

47. Que as guerras acabem

48. Meu amor se reacender

49. Alguém para observar

50. Um conjunto de instruções claramente redigidas

51. Melhor controle de natalidade

52. Que ERA (conjunto musical) termine

53. Um fim para a pobreza, injustiça, crueldade, falsidade, incompetência, pestilência, crime e sugestões ofensivas

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54. Uma patente rival expirar

55. A volta do Chicken Little (desenho de Walt Disney)

56. Meus subordinados amadurecerem

57. Meu ego se aperfeiçoar

58. O bule ferver

59. Meu novo cartão de crédito

60. O afinador do piano

61. Esta reunião terminar

62. Os meus créditos serem liberados

63. Os cheques do seguro desemprego expirarem

64. A primavera

65. Meu temo voltar do tintureiro

66. Minha autoestima se recuperar

67. Um sinal dos céus

68. Os pagamentos da pensão alimentícia terminarem

69. Que as preciosidades de inteligência ocultas em meus primeiros esforços vaidosos de ser reconhecido, sejam aplaudidas e substancialmente recompensadas, para que eu possa trabalhar a segunda versão confortavelmente

70. Uma reinterpretação de Robert's Rules of Order (livro de regras de uma autoridade parlamentar)

71. Que várias dores e sofrimentos cedam

72. Filas menores no banco

73. Que o vento aumente

74. Meus filhos se tornarem ponderados, arrumados,

obedientes e autossuficientes

75. A próxima estação

76. Outra pessoa para tomar coragem

77. Minha vida ser declarada ensaio geral, com algumas

mudanças no roteiro permitidas antes da estreia

78. Que a lógica prevaleça

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79. A próxima vez

80. Que você saia de frente da luz

81. Que o meu navio chegue

82. Um desodorante melhor

83. Que minha dissertação esteja terminada

84. Um lápis apontado

85. Que o cheque seja liberado

86. Que minha mulher, filme ou bumerangue voltem

87. A aprovação do meu médico, a permissão do meu pai, a bênção do meu pastor ou o Ok do meu advogado

88. A manhã

89. Que a Califórnia caia no mar

90. Um tempo menos turbulento

91. The Iceman to Cometh (O sorveteiro para chegar, peça de teatro)

92. Uma oportunidade para ligar a cobrar

93. Escrever melhor

94. Que minha vontade de fumar desapareça

95. Que as cotações caiam

96. Que as cotações subam

97. Que as cotações se estabilizem

98. Que a herança do meu avô seja estabelecida

99. As cotações do fim de semana

100. Uma senha

101. Que você vá primeiro

David B. Campbell

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Todo mundo pode fazer alguma coisa

A diferença básica entre um homem comum e um guerreiro é que um guerreiro toma tudo como desafio, enquanto um homem comum toma tudo ou como bênção ou como castigo.

Don Juan

Roger Crawford tinha tudo o que precisava para jogar tênis – menos duas mãos e uma perna.

Quando os pais de Roger viram seu filho pela primeira vez, viram um bebê com uma projeção parecida com um polegar saindo diretamente de seu antebraço direito e um polegar e um dedo saindo de seu antebraço esquerdo. Ele não tinha palmas. Os braços e pernas do bebê eram encurtados, e ele tinha apenas três dedos no mirrado pé direito e uma perna esquerda seca, que mais tarde viria a ser amputada.

O médico disse que Roger sofria de ectrodactilismo, um raro defeito de nascença que afeta uma entre 90.000 crianças nascidas nos Estados Unidos. O médico disse que Roger provavelmente nunca andaria ou poderia cuidar de si mesmo.

Felizmente, os pais de Roger não acreditaram no médico.

– Meus pais sempre me ensinaram que eu só seria defeituoso o quanto quisesse ser – disse Roger. – Eles nunca permitiram que eu sentisse pena de mim mesmo ou tirasse vantagem das pessoas por causa do meu defeito. Certa vez, tive problemas porque meus trabalhos de escola estavam sempre atrasados – explicou Roger, que tinha que segurar o lápis com ambas as mãos para escrever devagar. – Pedi a papai que escrevesse um bilhete para os meus professores, pedindo que o prazo de minhas tarefas fosse adiado dois dias. Em vez disso, papai me fez começar a escrever os trabalhos com dois dias de antecedência!

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O pai de Roger sempre o encorajou a se envolver nos esportes, ensinando Roger a receber e a lançar uma bola de voleibol e a jogar futebol no quintal depois da escola. Aos 12 anos, Roger conseguiu ser destaque no time de futebol da escola.

Antes de cada jogo, Roger visualizava seu sonho de fazer um touchdown (futebol americano: quando o jogador cruza a linha de fundo). Então, um dia, teve sua chance. A bola caiu em seus braços e ele correu o mais rápido que pôde com sua perna artificial em direção ao gol, seu treinador e seus colegas torcendo loucamente. Porém, antes dele chegar lá, um garoto do outro time agarrou seu tornozelo esquerdo. Roger tentou libertar sua perna artificial, mas, em vez disso, ela acabou se soltando.

– Eu ainda estava em pé – relembra Roger. – Eu não sabia mais o que fazer e então comecei a saltar de um pé só até o gol. O juiz correu e lançou as mãos para o ar. Touchdown! Sabe, melhor ainda que os seis pontos, foi ver a expressão no rosto do garoto que ficou segurando minha perna artificial.

O amor de Roger pelos esportes cresceu e também sua autoconfiança. Mas nem todos os obstáculos abriam caminho para a determinação de Roger. Comer no refeitório, com os outros garotos observando a bagunça que ele fazia com a comida, era muito doloroso para Roger, assim como seus fracassos sucessivos na aula de datilografia.

– Aprendi uma boa lição na aula de datilografia – disse Roger. – Não se pode fazer tudo; é melhor nos concentrarmos naquilo que podemos fazer.

Uma das coisas que Roger podia fazer era manejar uma raquete de tênis. Infelizmente, quando o fazia com força, sua fraca empunhadura geralmente lançava a raquete no espaço. Por sorte, Roger encontrou uma raquete de tênis estranha numa loja de esportes e, acidentalmente, enfiou o dedo entre as duas partes do seu cabo duplo quando a empunhou.

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O formato da raquete possibilitou a Roger bater, sacar e lançar como um jogador sem nenhuma deficiência. Ele praticava todos os dias e logo estava jogando – e perdendo partidas.

Mas Roger persistiu. Praticou e praticou, e jogou e jogou.

Uma cirurgia nos dois dedos de sua mão esquerda permitiu a Roger empunhar melhor sua raquete especial, aperfeiçoando enormemente seu jogo. Apesar de não ter um modelo para copiar, Roger ficou obcecado pelo tênis e com o tempo começou a vencer.

Roger continuou a jogar na faculdade, terminando sua carreira com 22 vitórias e 11 derrotas. Mais tarde, tornou-se o primeiro jogador de tênis deficiente físico a ser reconhecido como professor profissional pela Associação Norte-Americana de Tênis Profissional. Agora Roger viaja pelo país, dando palestras sobre o que é necessário para ser um vencedor, não importa quem você seja.

– A única diferença entre vocês e eu e que vocês podem ver minhas deficiências, mas eu não posso ver as suas. Todos nós as temos. Quando as pessoas me perguntam como fui capaz de superar minhas deficiências físicas, eu lhes digo que não superei nada. Simplesmente aprendi o que não posso fazer – como tocar piano ou comer com palitinhos – mas, mais importante, aprendi o que posso fazer. E assim, faço o que posso, com todo meu coração e toda a minha alma.

Jack Canfield

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Sim, você pode

Experiência não é aquilo que acontece a um homem. É o que um homem faz com o que lhe acontece.

Aldous Huxley

O que aconteceria se, aos 46 anos, você se queimasse num terrível acidente de motocicleta a ponto de ficar irreconhecível e, quatro anos mais tarde, ficasse paralítico da cintura para baixo num acidente aéreo? Então você poderia se imaginar tornando-se um milionário, um respeitado orador, um feliz recém-casado e um bem-sucedido homem de negócios?

Poderia se imaginar praticando canoagem? Sky diving? Concorrendo a uma carreira política?

W. Mitchell fez tudo isso e muito mais, depois que dois horríveis acidentes deixaram seu rosto como uma colcha de retalhos, de tantos enxertos de pele, suas mãos sem os dedos e suas pernas finas e sem os movimentos, preso a uma cadeira de rodas.

As dezesseis cirurgias que Mitchell enfrentou apos o acidente de motocicleta que queimou mais de 65% do seu corpo, deixaram-no impossibilitado de segurar um garfo, discar o telefone ou ir ao banheiro sem ajuda. Mas Mitchell, ex-fuzileiro naval, nunca acreditou que estivesse derrotado.

– Eu sou o capitão da minha nave espacial. Eu digo para cima e para baixo. Eu poderia ter escolhido essa situação como um retrocesso ou como um ponto de partida.

Seis meses depois, ele estava novamente pilotando um avião.

Mitchell comprou uma casa em estilo vitoriano no Colorado, alguns imóveis, um avião e um bar. Mais tarde, juntou-se a dois amigos e os três fundaram uma madeireira que progrediu até se tornar a segunda maior empresa privada de Vermont.

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Quatro anos depois do acidente de motocicleta, o avião que Mitchell pilotava espatifou-se na pista durante a decolagem, esmagando 12 de suas vértebras torácicas e paralisando-o permanentemente da cintura para baixo.

– Eu me perguntava que diabos estaria acontecendo comigo? O que eu fiz para merecer isso?

Impávido, Mitchell trabalhou noite e dia para recuperar ao máximo sua independência. Elegeu-se Prefeito de Crested Butte, no Colorado, para salvar a cidade da mineração, o que arruinaria sua beleza natural e o meio ambiente. Mais tarde candidatou-se ao Congresso, transformando sua estranha aparência em vantagem, com slogans como Não apenas mais um belo rosto.

A despeito de sua aparência a princípio chocante, e de seus desafios, Mitchell começou a praticar canoagem, apaixonou-se e casou-se, fez mestrado em administração pública e continuou a pilotar, a participar de atividades ligadas ao meio ambiente e a falar em público.

A atitude mental inabalável de Mitchell renderam-lhe aparições no Today Show e no Good Morning América, assim como reportagens nas revistas Parade, Time, no The New York Times e outras publicações.

– Antes de ficar paralítico, havia dez mil coisas que eu podia fazer – diz Mitchell. -Agora há nove mil. Posso ficar com as mil que perdi, ou me concentrar nas nove mil que me restam. Digo às pessoas que tive dois enormes solavancos em minha vida. Se escolhi não usá-los como uma desculpa para desistir, talvez algumas das experiências que vocês estejam vivendo e que os estejam desestimulando, possam ser colocadas sob uma nova perspectiva. Você pode recuar, ter uma visão mais ampla e a oportunidade de dizer Afinal, talvez isso não seja tão ruim assim.

Lembre-se: Não é o que lhe acontece, é a sua atitude em relação ao que lhe acontece.

Jack Canfield e Mark V. Hansen

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Corra, Patti, corra

Jovem de tenra idade, Patti Wilson soube através de seu médico que era epilética. Seu pai, Jim Wilson, costumava fazer jogging pela manhã. Um dia, sorrindo através de seu aparelho de adolescente, ela disse:

– Papai, eu gostaria mesmo era de correr com você todos os dias, mas tenho medo de ter uma crise.

Seu pai lhe disse:

– Se tiver, sei como controlá-la, então vamos começar a correr!

E foi o que fizeram, todos os dias. Foi uma experiência maravilhosa que os dois compartilharam, e Patti não teve nenhuma crise durante as corridas. Depois de algumas semanas, ela disse a seu pai:

– Papai, o que eu gostaria mesmo era de quebrar o recorde mundial de corrida de longa distância para mulheres.

Seu pai consultou o livro Guiness de recordes mundiais e descobriu que o máximo que uma mulher já correra haviam sido 128 quilômetros. Como caloura do colégio, Patti declarou:

-Vou correr do Município de Orange até São Francisco (uma distância de 640 quilômetros). No segundo ano – continuou, vou correr até Portland, Oregon (mais de 2.400 quilômetros). No terceiro ano correrei até St. Louis (cerca de 3.200 quilômetros). E, no último, vou correr até a Casa Branca (mais de 4.800 quilômetros de distância).

Em vista de sua deficiência, Patti era tão ambiciosa quanto entusiasta, mas disse que via sua epilepsia simplesmente como uma inconveniência. Concentrava-se não no que havia perdido, mas no que lhe restava.

Naquele ano, completou seu percurso até São Francisco vestindo uma camiseta que dizia Amo os epiléticos. Seu pai correu cada milha a

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seu lado, enquanto sua mãe, enfermeira, seguia atrás deles numa motor home, para o caso de algo sair errado.

No segundo ano, os colegas de Patti a seguiram. Fizeram um pôster gigante onde se lia Corra, Patti, Corra! (Desde então, este se tornou seu lema e o título de um livro que ela escreveu). Em sua segunda maratona, a caminho de Portland, ela fraturou um osso do pé. Um médico disse-lhe que ela teria que parar a corrida. Ele disse:

– Tenho que engessar seu tornozelo para que você não sofra um dano permanente.

– Doutor, o senhor não compreende – disse ela. – Este não é apenas um dos meus caprichos, é uma grande obsessão! Não estou fazendo isso por mim, estou fazendo para romper as correntes que aprisionam o cérebro de tantos outros. Não há uma forma de eu continuar correndo?

Ele deu a ela uma alternativa. Ele poderia enfaixá-la com esparadrapo em vez de engessá-la. Advertiu-a de que seria incrivelmente doloroso, e disse-lhe: Seu tornozelo ficará cheio de bolhas. Ela pediu ao médico que enfaixasse.

Ela terminou o percurso até Portland, completando o último quilômetro com o governador do Oregon. Vocês devem ter visto as manchetes: Super Corredora, Patti Wilson, Termina Maratona Pela Epilepsia Em Seu 17º Aniversário!.

Depois de quatro meses de corrida quase contínua da Costa Oeste até a Costa Leste, Patti chegou à Casa Branca em Washington e apertou a mão do presidente dos Estados Unidos. Ela lhe disse:

– Queria que as pessoas soubessem que os epiléticos são seres humanos normais com vidas normais.

Há pouco tempo, contei esta história num de meus seminários e, em seguida, um homem grande com os olhos cheios d'água me procurou, estendeu a mão enorme e carnuda e disse:

– Mark, meu nome é Jim Wilson. Você estava falando de minha filha, Patti.

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Os nobres esforços de Patti, como seu pai me contou, ajudaram a levantar dinheiro suficiente para abrir dezenove centros multimilionários para epiléticos por todo o país. Se Patti Wilson pode fazer tanto com tão pouco, o que você, com sua saúde perfeita, poderia fazer para superar seu próprio desempenho?

Mark V. Hansen

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O poder da determinação

A casinha da escola rural era aquecida por um velho e bojudo forno a carvão. Um garotinho tinha a função de ir mais cedo à escola todos os dias, para acender o fogo e aquecer o recinto antes que a professora e seus colegas chegassem.

Certa manhã, eles chegaram e encontraram a escola engolida pelas chamas. Retiraram o garotinho inconsciente do prédio em chamas, mais morto do que vivo. Tinha queimaduras profundas na parte inferior do corpo e foi levado para o hospital do município vizinho.

De seu leito, o semiconsciente e pavorosamente queimado garotinho ouviu ao longe o médico que conversava com sua mãe. O médico dizia a ela que seu filho seguramente morreria – o que na realidade, até seria melhor – pois o terrível fogo devastara a parte inferior de seu corpo.

Porém o bravo garoto não queria morrer. Ele se convenceu de que sobreviveria. De alguma maneira, para surpresa do médico, ele realmente sobreviveu. Quando o risco de morte havia passado, ele novamente ouviu o médico e sua mãe falando baixinho. A mãe foi informada de que, uma vez que o fogo destruíra tantos músculos na parte inferior de seu corpo, quase que teria sido melhor que ele tivesse morrido, já que estava condenado a ser eternamente inválido e não fazer uso algum de seus membros inferiores.

Mais uma vez o bravo garoto tomou uma decisão. Não seria inválido. Ele andaria. Mas, infelizmente, da cintura para baixo, ele não tinha nenhuma capacidade motora. Suas pernas finas pendiam inertes, quase sem vida.

Finalmente, ele teve alta do hospital. Todos os dias sua mãe massageava suas perninhas, mas não havia sensação, controle, nada. Ainda assim, sua determinação de andar era mais forte do que nunca.

Quando ele não estava na cama, estava confinado a uma cadeira de rodas. Num dia ensolarado, sua mãe o conduziu até o quintal para

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tomar um pouco de ar fresco. Neste dia, ao invés de ficar sentado na cadeira, ele se jogou no chão. Arrastou-se pela grama, puxando as pernas atrás de si.

Arrastou-se até a cerca de estacas brancas que limitava o terreno. Com grande esforço, levantou-se apoiando-se na cerca. E então, estaca por estaca começou a arrastar-se ao longo da cerca, decidido a andar. Começou a fazer isso todos os dias até que um caminho liso se formou ao lado da cerca, e em volta de todo o quintal. Não havia nada que ele desejasse mais do que dar vida àquelas pernas.

Finalmente, com as massagens diárias, com sua persistência de ferro e com sua resoluta determinação, ele foi capaz de ficar em pé, depois de andar mancando, e então, de andar sozinho. Mais tarde, de correr.

Começou a caminhar para a escola, depois passou a correr para a escola, e a correr, pura e simplesmente, pela alegria de correr. Na faculdade, integrou o time de corrida com obstáculos.

Depois, no Madison Square Garden, aquele rapaz sem esperanças de sobreviver, que seguramente não andaria nunca mais, e que jamais poderia esperar correr – aquele rapaz determinado, o Dr. Glenn Cunningham, foi o corredor mais rápido do mundo na corrida de uma milha!

Burt Dubin

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O Poder do Otimismo

Os anos da Guerra do Vietnã foram uma época confusa e conturbada para a política externa norte-americana, fazendo o sofrimento de todos participantes ainda mais trágicos. Mas com isso veio a maravilhosa história sobre o Capitão Gerald L. Coffee.

Seu avião foi abatido sobre o Mar da China em 3 de fevereiro de 1966, e passou os sete anos seguintes em uma sucessão de campos de prisioneiros. Os POWs (iniciais de Prisoners of War – Prisioneiros de Guerra) que sobreviveram, diz ele, conseguiram através de um regime de exercícios físicos, orações e comunicação obstinada uns com os outros. Depois de dias de tortura na versão vietnamita da cremalheira (estica todo o corpo a partir das mãos e dos pés), ele assinou a confissão eles exigiram. Em seguida, ele foi jogado de volta para sua cela a se contorcer de dor.

Ainda pior era sua culpa por ter cedido. Ele não sabia se havia outros prisioneiros americanos no bloco de células, mas então ele ouviu uma voz: – Homem na cela número 6 com o braço quebrado, você pode me ouvir?

Era coronel Robinson Risner. É seguro para falar. Bem-vindo ao Hotel Heartbreak (coração partido), disse ele.

– Coronel, alguma notícia sobre o meu navegador Bob Hansen? – Coffee perguntou.

– Não. Olha, Jerry, você deve aprender a se comunicar tocando nas paredes. É o único elo de confiança que nós temos uns com os outros.

Risner disse nós! Isso significava que havia outros. Graças a Deus, agora estou de volta com os outros, Coffee pensava.

– Será que eles torturaram você, Jerry? – Risner perguntou.

– Sim. E eu me sinto terrível porque eles retiraram alguma coisa de mim.

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– Ouça, – Risner disse, – uma vez que eles decidem quebrar um homem, eles fazem isso. O importante é como você volta. Basta seguir o Código. Resista ao máximo de sua capacidade. Se eles te quebrarem, apenas não continue quebrado. Lamba suas feridas e se recupere. Converse com alguém, se você pode. Não se deixe deprimir. Precisamos cuidar um do outro.

Nos primeiros dias, Coffee era punido por qualquer pequena infração, sendo esticado nas cordas. Seu companheiro na cela ao lado iria bater na parede, dizendo-lhe para permanecer firme, que ele estava orando por ele.

– Então, quando ele estava sendo punido, – diz Coffee, – eu estaria na parede fazendo o mesmo por ele.

Pelo menos Coffee recebeu uma carta da esposa:

Caro Jerry

Tem sido uma primavera bonita, mas é claro que sinto sua falta. As crianças estão indo muito bem. Kim esquia em torno de todo o lago agora. Os meninos nadam e mergulham na doca, e o pequeno Jerry chapinha ao redor com uma boia de plástico em suas costas.

Coffee parou de ler, porque seus olhos estavam cheios de lágrimas enquanto ele segurava carta de sua esposa em seu peito. Little Jerry? Quem é Jerry? Então ele percebeu. Seu bebê, nascido após sua prisão, tinha sido um menino e ela tinha lhe dado o nome de Jerry. Não havia como ela saber que todas as suas cartas anteriores não haviam sido entregues, então ela falou sobre seu novo filho com naturalidade. Coffee diz:

Segurando sua carta, eu estava cheio de emoções: alívio por finalmente saber que a família estava bem, a tristeza por perder o primeiro ano inteiro de Jerry, grato pela graça de simplesmente estar vivo. A carta concluía: Todos nós, além de tantos outros, estão orando por sua segurança e breve retorno. Cuide bem de si, querido, eu te amo. Bea.

Coffee fala sobre as longas, longas horas durante o qual os presos imaginavam passarem filmes, de sala em sala em suas casas de volta ao

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lar, a câmera pegando cada detalhe. Repetidamente eles repassavam as cenas do que aconteceria, como voltar para casa. Coffee diz que foram os seus amigos e sua fé que o ajudaram. Todos os domingos, o oficial sênior em cada bloco de celas passava um sinal – chamada igreja. Cada homem se levantava em sua cela, se ele fosse capaz, e depois com uma aparência de união, eles recitavam o salmo 23:5: Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.

Coffee diz: – eu percebi que, apesar de ter sido preso neste lugar terrível, era o meu cálice que transbordava, pois um dia, no entanto, sempre, eu voltaria a um país bonito e livre.

Finalmente, o tratado de paz foi assinado, e em 3 de fevereiro de 1973, no sétimo aniversário da sua captura, Coffee foi chamado antes por dois jovens oficiais vietnamitas.

– Hoje é o nosso dever de devolver os seus pertences, – disse um deles.

– Quais pertences? , – perguntou ele.

– Isso.

Ele engoliu em seco e pegou a aliança de ouro que o soldado segurava entre o polegar e o indicador. Sim, era o seu. Ele colocou-o no dedo. Um pouco mais frouxo, mas era, sem dúvida, a aliança dele. Ele nunca esperava vê-la novamente.

Meus filhos tinham 11 ou 12 anos de idade quando minha aliança foi tirada.

De repente, me senti velho e cansado. Durante os melhores anos da minha vida, eu vivia em uma masmorra medieval, tive meu braço quebrado, contraí vermes e Deus sabe mais o quê. Gostaria de saber se meus filhos, agora mais velhos e muito mudados, me aceitariam de volta para a família e como a nossa reunião seria. E eu pensei em Bea. Será que eu estaria bem para ela? Será que ela ainda me ama? Ela poderia saber o quanto ela significou para mim todos esses anos?

A viagem de ônibus para o aeroporto de Hanói era horrível, mas uma coisa se destacou com clareza para o Coffee: A brilhante bandeira,

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bonita, vermelha, branca e azul pintada na cauda do enorme C-141 de transporte da Força Aérea que brilhavam ao sol, aguardando a primeira leva de prisioneiros libertados.

Junto à aeronave estavam várias dezenas de militares americanos que sorriam para eles através da cerca e deram-lhes um sinal com o polegar para cima.

Com eles alinhados dois a dois, o oficial vietnamita leu seu nome, posto e serviço.

– Comandante Gerald L. Coffee, Marinha dos Estados Unidos. (Ele tinha sido promovido duas posições em sua ausência.)

Quando Coffee se adiantou, sua atenção estava voltada para um coronel americano que usava nítidas asas e fitas azuis da Força Aérea. Era o primeiro uniforme militar americano que ele tinha visto em muitos anos. O coronel correspondeu a saudação rápida de Coffee.

– Comandante Gerald L. Coffee pronto para o dever, senhor.

– Bem-vindo de volta, Jerry. – O coronel chegou com as duas mãos à frente e apertou a mão de Coffee.

Quando o avião estava cheio, o piloto taxiou diretamente para a pista de decolagem sem demora, então bloqueado os freios e empurrou as manetes para a frente. A besta enorme balançou e vibrou enquanto o piloto fazia suas verificações finais de desempenho do motor. O barulho era imenso quando os freios foram liberados e ele se lançou para a frente na pista. Quando eles estavam no ar, a voz do piloto veio para o alto-falante e encheu a cabine. Era uma voz forte, com certeza.

– Parabéns, senhores. Nós acabamos de deixar o Vietnã do Norte. – Somente então eles irromperam em aplausos.

A primeira etapa de sua viagem de volta levou para Base Clark da Força Aérea, nas Filipinas. A multidão levantou bandeiras: Welcome Home! Nós te amamos. Deus abençoe!. Por trás das linhas de segurança, eles aplaudiam freneticamente enquanto o nome de cada POW que desembarcava era anunciado. Havia câmeras de televisão, mas os homens não tinham ideia de que naquele momento, nas primeiras

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horas da manhã, milhões de americanos estavam em casa grudados a seus aparelhos de televisão, gritando e chorando.

Telefones especiais foram instalados para facilitar suas chamadas iniciais para casa. O estômago de Coffee estava frio enquanto esperava os poucos segundos intermináveis para Bea pegar o telefone em Sanford, Flórida, onde ela e as crianças estavam esperando.

– Olá, querida. Sou eu. Dá pra acreditar?

– Oi, querido. Sim. Vimos você na TV quando você saiu do avião. Acho que todo mundo na América viu você. Você está ótimo!

– Eu não sei. Eu sou do tipo magro. Mas eu estou bem. Estou ansioso para chegar em casa.

Depois de sua longa espera pela reunião com sua esposa e filhos, ele e sua família foram à missa no domingo seguinte. Depois, em resposta às boas-vindas do pároco, aqui está o que Coffee disse. Ele resumiu bem tudo que eu sei sobre o código do otimista:

– A fé era realmente a chave para a minha sobrevivência todos esses anos. Fé em mim mesmo para simplesmente exercer o meu dever com a minha melhor capacidade e, finalmente, voltar para casa com honra. Fé em meu semelhante, começando com todos vocês aqui, sabendo que vocês iam estar cuidando de minha família, e fé em meus companheiros nessas várias celas e blocos de celas na prisão, homens de quem eu dependia e que por sua vez dependiam de mim, às vezes desesperadamente. Fé no meu país, suas instituições e nosso propósito nacional e causa ... E, claro, a fé em Deus, verdadeiramente, como todos sabem, a base para tudo... Nossas vidas são uma continuação da viagem e temos de aprender e crescer a cada curva com que fazemos o nosso caminho, às vezes tropeçando, mas sempre em movimento, para o melhor dentro de nós.

David McNally, em Poder do Otimismo

por Alan boy McGinnis

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Nós, os quadriplégicos, somos seres fortes. Se não fôssemos, não estaríamos por aí atualmente. Sim, somos uma espécie resistente. De muitas formas, fomos abençoados com doses de sabedoria e humor que não são concedidas a todos.

E, permitam-me dizer, toda essa recusa de aceitação total ou completa da deficiência de alguém está conectada a uma única coisa – fé, uma fé quase divina.

Lá em baixo, na recepção do Instituto de Medicina Física e Reabilitação em East River, Rua 34, East 400, na cidade de Nova York, há uma placa de bronze pregada à parede. Durante os meses em que frequentei o instituto para tratamento – duas ou três vezes por semana – passei por aquela recepção muitas vezes – indo e vindo. Mas nunca parei o suficiente para me afastar para o lado e ler as palavras que estão escritas naquela placa, segundo dizem, proferidas por um soldado confederado anônimo. Então, certa tarde, li a placa.

Li e reli. E, quando terminei de ler pela segunda vez, estava a ponto de explodir – não de desespero, mas de uma força interior, que me fazia querer arrancar os braços de minha cadeira de rodas. Gostaria de compartilhar com vocês.

Um credo para os que sofrem

Eu pedi a Deus força, para que pudesse realizar.

Fui feito fraco, para que aprendesse a obedecer humildemente...

Eu pedi saúde, para que pudesse realizar grandes feitos.

Me foi dada a enfermidade, para que eu pudesse fazer coisas melhores...

Eu pedi riqueza, para que pudesse ser feliz.

Me foi dada a pobreza, para que eu fosse sábio...

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Eu pedi poder, para que eu pudesse ter a glória dos homens.

Me foi dada a fraqueza, para que eu pudesse sentir a necessidade de Deus...

Eu pedi todas as coisas, para que pudesse aproveitar a vida.

Me foi dada a vida, para que eu pudesse aproveitar todas as coisas...

Eu não obtive nada do que pedi – mas tudo por que ansiava.

Quase a despeito de mim mesmo, minhas orações silenciosas foram atendidas.

Sou, entre os homens, o mais plenamente abençoado!

Roy Campanella

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Ela salvou 219 vidas

A Sra. Betty Tisdale é uma heroína de categoria mundial. Quando a guerra no Vietnã esquentou, em abril de 1975, ela soube que precisava salvar os quatrocentos órfãos que estavam para ser jogados nas ruas. Ela e seu marido, o ex-pediatra Coronel Patrick Tisdale, que era viúvo e já tinha cinco filhos, já haviam adotado cinco garotas vietnamitas órfãs.

Em 1954, como médico da marinha dos Estados Unidos no Vietnã, Tom Dooley ajudou refugiados a escaparem dos comunistas do norte. Betty diz:

– Realmente acho que Tom Dooley era um santo. Sua influência mudou minha vida para sempre.

Por causa do livro de Dooley, ela pegou todas as suas economias e viajou para o Vietnã quatorze vezes em férias, para visitar e trabalhar em hospitais e orfanatos que ele fundou.

Em Saigon, apaixonou-se pelos órfãos do An Lac (Lugar Feliz), dirigido por madame Vu Thi Ngai, e que, mais tarde, no dia em que o Vietnã caiu, foi evacuado por Betty, que voltou à Geórgia levando as crianças para viver com ela e seus dez filhos.

Quando Betty, uma pessoa do tipo faça agora e invente soluções à medida que os problemas vão surgindo, percebeu o drama das quatrocentas crianças, entrou imediatamente em ação. Telefonou para Madame Ngai e disse: Sim! Irei buscar as crianças e adotarei todas. Não sabia como o faria. Apenas sabia que faria. Mais tarde, num filme sobre a desocupação, The Children of An Lac, Shirley Jones retratou Betty.

Em instantes, ela começou a mover montanhas. Usou vários expedientes para levantar o dinheiro necessário. Simplesmente decidiu fazê-lo e fez. Ela disse:

– Eu visualizava todas aquelas crianças crescendo em bons lares cristãos na América, e não sob o comunismo. Isso a manteve motivada. Ela partiu para o Vietnã de Fort Benning, na Geórgia, num domingo,

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chegou na terça-feira em Saigon e, sem dormir, venceu milagrosamente cada obstáculo para embarcar quatrocentas crianças para fora de Saigon até a manhã de sábado. No entanto, no momento de sua chegada, o chefe do serviço social vietnamita, Dr. Dan, anunciou repentinamente que só aprovaria a saída de crianças menores de dez anos e que todas deveriam ter certidão de nascimento. Rapidamente, ela descobriu que órfãos de guerra têm apenas a sorte de estarem vivos. Eles não têm certidões de nascimento.

Betty foi ao departamento pediátrico do hospital, obteve 225 certidões de nascimento e criou rapidamente datas e locais de nascimento para os 219 recém-nascidos, bebês e crianças. Ela diz:

– Não tenho ideia de quando e onde nasceram e quem eram seus pais. Meus dedos apenas criaram certidões de nascimento. Certidões de nascimento eram a única esperança que as crianças tinham de deixar o lugar a salvo e terem um futuro viável com liberdade. Era agora ou nunca.

Agora ela precisava de um local para alojar os órfãos, uma vez que haviam sido despejados... Os militares em Fort Benning resistiram, mas Betty persistiu com inteligência e tenacidade. Por mais que tentasse, não conseguia falar com o Comandante Geral por telefone, então ligou para o escritório do Secretário do Exército, Bo Calava. Ele também tinha dado uma ordem de que as chamadas de Betty não seriam atendidas, não importava o quanto fossem urgentes e de importância vital. No entanto, Betty não seria derrotada. Havia chegado muito longe para ser detida agora. Como ele também era da Geórgia, ela ligou para a mãe dele e contou-lhe seu caso. Betty a envolveu com seu coração e pediu que intercedesse. Praticamente do dia para a noite, o Secretário do Exército, seu filho, respondeu e providenciou para que uma escola em Fort Benning fosse usada como casa provisória para os órfãos de An Lac.

Mas o desafio de retirar as crianças ainda estava por ser realizado. Ao chegar em Saigon, Betty dirigiu-se imediatamente ao Embaixador Graham Martin e pleiteou algum tipo de transporte para as crianças. Ela tentara fretar um voo da Pan América mas o Lloyds de Londres aumentara tanto o seguro que se tornara impossível negociar àquela altura. O embaixador concordou em ajudar se todos os

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documentos fossem liberados pelo governo vietnamita. O Dr. Dan assinou a última declaração, literalmente, enquanto as crianças embarcavam em dois aviões da força aérea.

Os órfãos estavam subnutridos e doentes. Muitos nunca haviam saído do orfanato. Estavam assustados. Ela recrutara soldados e a equipe da ABC para ajudar a segurá-los, transportá-los e alimentá-los. •É incrível de que forma permanente e profunda, os corações daqueles voluntários ficaram tocados naquele lindo sábado em que 219 crianças foram transportadas para a liberdade. Todos os voluntários choraram de alegria e satisfação por terem contribuído tangivelmente para a liberdade do próximo.

Os voos fretados das Filipinas para casa criaram uma grande controvérsia. O custo do avião da United Airlines foi de US$21.000. O Dr. Tisdale garantiu o pagamento por amor aos órfãos. Se Betty tivesse tido mais tempo, provavelmente conseguiria de graça! Mas o tempo era o principal, então ela agiu rapidamente.

Aproximadamente um mês depois de sua chegada aos Estados Unidos, todas as crianças haviam sido adotadas. A agência Tressier Lutheran, em York, Pennsylvania, especializada em adoções de crianças deficientes, encontrou um lar para cada órfão.

Betty provou repetidas vezes que, definitivamente, se pode fazer qualquer coisa, basta ter disposição para pedir, para não se acomodar diante de um não, para fazer o que for necessário e perseverar.

Como disse o Dr. Tom Dooley certa vez: São necessárias pessoas comuns para fazer coisas extraordinárias.

Jack Canfield e Mark V. Hansen

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Você vai me ajudar?

Em 1989, um terremoto de 8.2 graus quase nivelou a Armênia, matando mais de 30 mil pessoas em menos de quatro minutos.

Em meio à completa devastação e ao caos, um pai deixou sua esposa a salvo em casa e correu para a escola onde seu filho deveria estar, descobrindo simplesmente que o prédio tinha sido achatado como uma panqueca.

Depois do traumático choque inicial, ele lembrou a promessa que fizera a seu filho:

– Haja o que houver, eu sempre estarei com você!

E lágrimas começaram a encher seus olhos. Olhando para a pilha de escombros que antes havia sido a escola, parecia sem esperança, mas ele continuava recordando seu compromisso com o filho.

Começou a se concentrar nos caminhos que percorria para conduzir o filho à classe todas as manhãs. Lembrando-se que a classe de seu filho ficava no canto direito ao fundo do prédio, ele correu para lá e começou a cavar no meio do entulho.

Enquanto cavava, outros pais desesperados chegaram, com os corações apertados e dizendo:

– Meu filho!

– Minha filha!

Outros pais bem-intencionados tentavam retirá-lo de cima do que sobrara da escola dizendo:

– Tarde demais!

– Estão mortos!

– Você não pode ajudar!

– Vá para casa!

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– Vamos, encare a realidade, não há nada que você possa fazer!

– Você só vai piorar as coisas!

E a cada um ele respondia com apenas uma frase:

– Você vai me ajudar? – e continuava cavando em busca de seu filho, pedra por pedra.

O chefe do corpo de bombeiros apareceu e tentou afastá-lo das ruínas da escola dizendo:

– Há incêndios começando e explosões em toda a parte. O senhor está em perigo. Nós cuidaremos de tudo. Vá para casa.

Ao que este pai armênio, amoroso e cuidadoso, respondia:

– Você vai me ajudar agora?

A polícia chegou e disse:

– O senhor está revoltado, decepcionado e arrasado. O senhor está colocando outras pessoas em risco. Vá para casa. Nós cuidaremos disso!

A quem ele replicou:

– Você vai me ajudar agora?

Ninguém o ajudou.

Corajosamente, ele prosseguiu sozinho, porque precisava ver com seus próprios olhos: Meu garoto estará vivo ou morto?

Cavou por oito horas... 12 horas... 24 horas... 36 horas... e então, na trigésima oitava hora, removeu uma enorme pedra e ouviu a voz de seu filho. Gritou seu nome Armando! E ouviu em resposta:

– Papai?! Sou eu, papai! Eu disse aos outros garotos que não se preocupassem. Disse a eles que se estivesse vivo, você me salvaria, e quando me salvasse, todos estariam salvos. Você prometeu Haja o que houver, estarei sempre com você! Você cumpriu, papai!

– O que está acontecendo aí? Como está? – perguntou o pai.

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Restaram quatorze da nossa turma de 33, papai. Estamos assustados, com fome, com sede, e gratos por você estar aqui. Quando o prédio caiu, formou-se uma cunha, como um triângulo, e isso nos salvou.

– Saia daí, garoto!

– Não, papai! Deixe os outros garotos saírem primeiro, porque sei que o senhor vai me esperar! Haja o que houver, sei que estará sempre comigo!

Mark V. Hansen

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Só mais uma vez

Há um romance do século dezenove que se passa numa pequena cidade gaulesa, na qual, durante os últimos quinhentos anos, a cada ano, na noite de Natal, o povo todo se reúne na igreja para orar. Pouco antes da meia-noite, eles acendem velas e, cantando cânticos e hinos, descem alguns quilômetros por um caminho de terra, em direção a uma velha choupana de pedra abandonada. Lá montam um presépio, com manjedoura e tudo. E, em simples devoção, se ajoelham e rezam. Seus hinos aquecem o ar gelado de dezembro.

Todos da cidade, podendo caminhar, estão lá. Há um mito naquela cidade, uma crença de que se todos os habitantes estiverem presentes na noite de Natal, e se todos rezarem com fé verdadeira, então, e só então, ao bater da meia-noite, o Messias retornará. E durante quinhentos anos, o povo tem ido àquela ruína de pedra e rezado. Entretanto, o retorno do Messias os iludiu.

Pergunta-se a um dos principais personagens neste romance:

– Você acredita que Ele voltará para a nossa cidade na noite de Natal?

– Não – ele responde, balançando tristemente a cabeça – não acredito.

– Então, por que vai todos os anos? – pergunta

– Ah – diz ele sorrindo. – E se eu for o único a não estar lá quando acontecer?

Sua fé é bem pequena, não é? Mas, ainda assim é alguma fé. Como foi dito no Novo Testamento, basta uma fé do tamanho de um grão de semente de mostarda para entrar no reino dos céus. E, algumas vezes, ao trabalharmos com crianças perturbadas, jovens que correm perigo, adolescentes problemáticos, parceiros, amigos ou clientes alcoólatras, corruptos ou depressivos... é nesses momentos que precisamos daquele pouquinho de fé que fazia aquele homem retornar à ruína de

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pedra na noite de Natal. Só mais uma vez. Só esta próxima vez, talvez aconteça.

Às vezes, somos chamados a trabalhar com pessoas que outros já perderam todas as esperanças de recuperar. Talvez nós também cheguemos à conclusão de que não há possibilidade de mudança ou crescimento. É nesta hora que, se conseguirmos encontrar o menor resíduo de esperança, dobramos a esquina e conseguimos uma melhoria considerável, salvamos alguém que vale a pena ser salvo. Por favor volte, amigo, só mais uma vez.

Hanoch McCarty

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Há grandeza ao seu redor – aproveite-a

Há muitas pessoas que poderiam ser campeãs olímpicas; todos os norte-americanos que nunca tentaram. Estimo que cinco milhões de pessoas poderiam ter me vencido nos anos em que ganhei a competição de salto com vara; cinco milhões, no mínimo. Homens mais fortes, maiores e mais velozes do que eu poderiam tê-lo feito, mas nunca pegaram uma vara; nunca fizeram o menor esforço para tirar as pernas do chão e tentar passar por cima da barra.

A grandeza está ao nosso redor. É fácil ser grande porque as grandes pessoas o ajudarão. O fantástico em todas as convenções que vou é que as pessoas mais importantes da área comparecem e compartilham suas ideias, métodos e técnicas com todos os outros. Tenho visto os maiores homens de vendas se abrirem e mostrarem aos jovens vendedores exatamente como fizeram. Eles não escondem. Também descobri que isso acontece ainda no mundo dos esportes.

Nunca me esquecerei de quando estava tentando bater o recorde de Dutch Warrner Dam. Eu estava cerca de uns 30 centímetros abaixo de sua marca; então, telefonei para ele.

Disse-lhe:

– Dutch, você me ajudaria? Parece que estou estacionado. Não consigo saltar mais alto.

Ele disse:

– Claro, Bob, venha me visitar e eu lhe transmitirei tudo que sei.

Passei três dias com o mestre, o maior do mundo. Por três dias, Dutch me ensinou tudo que sabia. Havia coisas que eu estava fazendo errado e ele as corrigiu. Para encurtar a história, saltei 16 centímetros mais do que sua marca. Aquele grande sujeito me deu o melhor que podia. Descobri que campeões do esporte e heróis fazem isso de boa vontade, apenas para que você também se torne grande.

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John Wooden, o grande treinador de basquete da UCLA (iniciais de Universidade da Califórnia, Los Angeles), tem a filosofia de que todos os dias se deve ajudar alguém que nunca possa lhe retribuir. Este é o seu dever.

Quando estava na faculdade, trabalhando em sua tese sobre futebol defensivo e explorador, George Allen redigiu um questionário de trinta páginas e enviou-o para os melhores treinadores do mundo. Oitenta e cinco por cento responderam todo o questionário.

Os grandes compartilham; foi o que fez de George Allen um dos maiores técnicos de futebol do mundo. Os grandes contam seus segredos. Procure-os, telefone-lhes ou compre seus livros. Vá onde eles estão, fique em volta deles, converse com eles. É• fácil ser grande quando se está ao lado dos grandes.

Bob Richards, Atleta Olímpico

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SABEDORIA ECLÉTICA

Esta vida é um teste. E só um teste. Se fosse de verdade, você teria recebido mais instruções sobre onde ir e o que fazer!

Retirado de um quadro de avisos

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Negócio fechado!

Quando Marita tinha treze anos, as meninas usavam camisetas tingidas e jeans rasgados. Embora tivesse crescido durante a Depressão e não tivesse dinheiro para roupas, eu nunca havia me vestido de forma tão desleixada. Um dia, vi Marita na rua esfregando a bainha de seus jeans novos com poeira e pedras. Fiquei furiosa quando a vi estragando as calças que eu havia acabado de pagar e corri para lhe dizer isso.

Ela continuou a triturar as calças enquanto eu recomeçava minha novela de privações da infância. Quando terminei, sem conseguir fazê-la chorar de arrependimento, perguntei por que ela estava arruinando seus jeans novos.

Ela respondeu sem me olhar:

– Não se pode usar jeans novos.

– Por que não?

– Porque não, por isso estou esfregando para que pareçam velhos.

Uma total falta de lógica! Como poderia ser moda estragar roupas novas?

Todas as manhãs, quando ela saía para a escola, eu olhava para ela e suspirava:

– Minha filha, com essa aparência.

Lá estava ela com a velha camisa do pai, tingida com grandes manchas e tiras azuis. Perfeita para pano de chão, pensei. E os jeans – tão baixos que eu temia que se ela respirasse fundo eles desceriam de seu traseiro. Mas para onde eles iriam? Eram tão justos e duros que não poderiam se mover. As bainhas, com a ajuda das pedras, tinham fios que se arrastavam atrás dela à medida que andava.

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Um dia, depois que ela saiu para a escola, foi como se Deus chamasse minha atenção e dissesse:

– Você percebe quais são suas últimas palavras a Marita todas as manhãs? Minha filha, com essa aparência. Quando ela chega à escola e seus amigos falam de suas mães antiquadas que reclamam o tempo todo, ela terá seus comentários constantes para contribuir. Você já olhou para as outras garotas da classe dela? Por que você não dá uma olhada?

Naquele dia, fui buscá-la na escola e observei que muitas das outras meninas tinham uma aparência ainda pior. No caminho para casa, mencionei minha reação exagerada aos seus jeans arruinados. Assumi um compromisso:

– De agora em diante, você pode usar o que quiser para ir à escola e sair com seus amigos; e eu não vou mais importuná-la.

– Será um alívio.

– Mas quando você for comigo à igreja ou ao shopping ou à casa de meus amigos, gostaria que se vestisse do jeito que você sabe que eu gosto sem precisar dizer uma palavra.

Ela pensou no acordo.

Então acrescentei:

– Isso significa 95% do seu jeito e 5% do meu. O que você acha?

Seus olhos brilharam e ela estendeu sua mão e apertou a minha.

– Negócio fechado!

Daquele dia em diante, passei a despedir-me dela alegremente pela manhã, sem importuná-la a respeito de suas roupas. Quando saíamos juntas, ela se vestia adequadamente, sem estardalhaço. Negócio fechado!

Florence Littauer

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Tire um momento para realmente ver

Todos nós já ouvimos a expressão: Lembre-se de parar e sentir o perfume das rosas. Mas com que frequência realmente reservamos tempo das nossas vidas agitadas para perceber o mundo à nossa volta? Comumente, somos prisioneiros de nossos horários ocupados, de pensamentos sobre nosso próximo compromisso, do trânsito ou da vida em geral, tanto que não nos damos conta de que há outras pessoas por perto.

Sou tão culpado quanto qualquer um por dessintonizar o mundo dessa forma, especialmente quando estou dirigindo pelas ruas exageradamente cheias da Califórnia. Há pouco tempo, no entanto, testemunhei um acontecimento que me mostrou o quanto o fato de ser prisioneiro de meu pequeno mundo me impedia de estar completamente consciente da imagem maior do mundo ao meu redor.

Eu dirigia o carro a caminho de um compromisso de negócios e, como de costume, planejava em minha mente o que iria dizer. Cheguei a um cruzamento muito movimentado onde o sinal acabara de ficar vermelho.

-Tudo bem – pensei comigo mesmo, posso passar no próximo sinal se arrancar à frente dos outros.

Minha mente e meu carro estavam no piloto automático, prontos para sair quando, de repente, meu transe foi interrompido por uma visão inesquecível. Um jovem casal, ambos cegos, caminhava de braços dados atravessando esse cruzamento movimentado, cheio de carros zunindo em todas as direções. O homem segurava a mão de um garotinho e a mulher apertava um porta-bebê contra o seio, carregando obviamente uma criança. Ambos levavam uma bengala branca à frente, tateando pistas que os guiassem pelo cruzamento.

A princípio fiquei tocado. Eles estavam superando o que eu achava uma das deficiências mais temerosas – a cegueira. Não seria horrível ser cego? – pensei. Meus pensamentos foram subitamente interrompidos por horror, quando vi que o casal não caminhava pela

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faixa de pedestres, mas se desviava na diagonal, em direção ao meio do cruzamento.

Sem perceberem o perigo que corriam, estavam caminhando bem na direção dos carros que se aproximavam. Temi por eles, pois não sabia se os outros motoristas haviam compreendido o que estava acontecendo.

Olhando da primeira fila de trânsito (eu estava no melhor lugar do local), vi um milagre se manifestar diante dos meus olhos. Todos os carros, em todas as direções, pararam simultaneamente. Não ouvi ruídos de freadas, nem o som de buzinas. Ninguém sequer gritou: Saiam do caminho! Tudo congelou. Naquele momento, o tempo pareceu parar para aquela família.

Surpreso, olhei para os carros à minha volta para verificar se estávamos todos vendo a mesma coisa. Notei que todas as atenções também se haviam fixado no casal. Subitamente, o motorista à minha direita reagiu. Esticando o pescoço para fora do seu carro, gritou:

– Para a direita! Para a direita!

Outras pessoas o seguiram, em uníssono, gritando Para a direita! Sem perder o ritmo, o casal ajustou o curso seguindo as instruções. Confiando em suas bengalas brancas e nos gritos de alguns cidadãos preocupados, eles conseguiram chegar ao outro lado da rua. Ao atingirem o meio-fio, algo me intrigou – estavam ainda de braços dados.

Fiquei surpreso pelas expressões sem emoção em seus rostos e julguei que eles não tivessem ideia alguma do que estava acontecendo ao seu redor. Senti ainda, imediatamente, os suspiros de alívio de todos que estavam parados no cruzamento.

Ao olhar para os carros à minha volta, pude ver que o motorista à minha direita pronunciava as palavras Você viu isso?!. O motorista à minha esquerda dizia Não acredito!. Acho que todos ficamos profundamente tocados com o que havíamos acabado de testemunhar. Ali estavam seres humanos esquecendo-se de si mesmos por um momento, a fim de ajudar quatro pessoas em dificuldades.

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Voltei a refletir sobre essa situação várias vezes, e dela aprendi diversas lições poderosas. A primeira é: Diminua a velocidade e sinta o perfume das rosas (algo que eu raramente fizera até então). Reserve um tempo para olhar à sua volta e realmente ver o que está acontecendo neste exato momento, diante de você. Faça isso e perceberá que este momento é tudo o que há de mais importante, este momento é tudo que você tem para tornar sua vida diferente.

A segunda lição que aprendi é que os objetivos que estabelecemos para nós podem ser alcançados através da fé que depositamos em nós mesmos e nos outros, a despeito de obstáculos aparentemente insuperáveis.

O objetivo do casal de cegos era simplesmente chegar ao outro lado da rua intactos. Seu obstáculo eram oito filas de carros apontados diretamente para eles. Mesmo assim, sem pânico ou dúvida, eles foram em frente até atingir seu objetivo.

Nós também podemos ir em frente para alcançar nossos objetivos, colocando vendas nos olhos para os obstáculos que se colocarem em nosso caminho. Apenas precisamos confiar em nossa intuição e aceitar as instruções de outras pessoas que tenham maior discernimento.

Finalmente, aprendi a apreciar de verdade o meu dom da visão, algo que eu ignorava com muita frequência.

Você pode imaginar o quanto a vida seria diferente sem seus olhos? Tente se imaginar, por um momento, caminhando num cruzamento movimentado sem poder enxergar. Com que frequência nos esquecemos das dádivas simples, porém incríveis, que recebemos na vida?

Ao me afastar daquele cruzamento movimentado, eu dirigia mais consciente da vida e com mais compaixão pelos outros do que possuía ao chegar ali. Desde então, tomei a resolução de enxergar a vida de verdade ao realizar minhas atividades diárias e usar meus talentos, concedidos por Deus, para ajudar outras pessoas menos afortunadas.

Enquanto caminha pela vida, faça um favor a si mesmo: diminua a velocidade e reserve um tempo para realmente ver. Reserve um

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momento para ver o que está acontecendo à sua volta, neste exato instante, bem onde você está. Você pode estar perdendo algo maravilhoso.

J. Michael Thomas

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Se eu pudesse reviver minha vida

Entrevistas com doentes terminais e idosos não revelam se as pessoas se arrependem das coisas que fizeram, mas a maioria fala sobre o que se arrependeu de não ter feito.

Eu me atreveria a cometer mais erros da próxima vez.

Eu relaxaria. Seria flexível.

Eu seria mais bobo do que fui nesta viagem.

Eu levaria as coisas menos a sério.

Eu aproveitaria mais oportunidades.

Eu viajaria mais.

Eu subiria mais montanhas e nadaria em mais rios.

Eu tomaria mais sorvete e comeria menos feijão.

Eu talvez eu tivesse mais problemas reais, mas teria menos imaginários.

Veja, eu sou uma daquelas pessoas que vivem de forma sensata e sadiamente, hora após hora, dia após dia.

Oh, eu tive meus momentos, e se pudesse começar novamente, teria mais alguns.

Na verdade, tentaria não ter nada mais. Só momentos. Apenas a momentos. Um após o outro, em vez de viver muitos anos à frente de cada dia.

Fui uma dessas pessoas que nunca vão a lugar algum sem um termômetro, uma garrafa de água quente, uma capa de chuva e um paraquedas.

Se eu pudesse viver novamente, viajaria mais leve da próxima vez.

Se eu pudesse viver novamente, ficaria descalço no começo da primavera e ficaria assim até o final do outono.

Eu iria dançar mais.

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Eu andaria mais em carrosséis.

Eu colheria mais margaridas.

Nadine Stair (85 anos)

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Dois monges

Dois monges em peregrinação iam passando por um rio.

Lá avistaram uma menina vestida com toda a elegância, obviamente sem saber o que fazer, já que o rio estava alto e ela não queria estragar suas roupas. Sem mais cerimônias, um dos monges a pegou em suas costas, atravessou e a colocou em solo seco do outro lado.

Então os monges continuaram seu caminho. Porém o outro monge, depois de uma hora, começou a reclamar:

– Com certeza não é certo tocar uma mulher; é contra os mandamentos ter contato íntimo com mulheres. Como você pôde ir contra as leis dos monges?

O monge que carregara a menina seguia em frente em silêncio, mas finalmente observou:

– Eu a deixei no rio há uma hora, por que você ainda a está carregando?

Irmgard Schloegl

em The Wisdom of The Zen Masters

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Sachi

Logo após o nascimento de seu irmão, a pequena Sachi começou a pedir a seus pais que a deixassem a sós com o bebê. Temendo que, como a maioria das crianças de quatro anos, ela pudesse sentir ciúmes e o quisesse machucar, eles disseram não. Porém, ela não mostrava sinais de ciúmes. Ela tratava o bebê com carinho e seus apelos para que fosse deixada a sós com ele começaram a se intensificar. Eles decidiram permitir.

Alvoroçada, ela entrou no quarto do bebê e fechou a porta; mas uma fresta se abriu – o suficiente para que seus curiosos pais espiassem e ouvissem. Eles viram a pequena Sachi andar devagarinho até seu irmãozinho, aproximar seu rosto para bem junto do dele e dizer baixinho:

– Bebê, diga-me como é Deus. Estou começando a me esquecer.

Dan Millman

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O presente do golfinho

Estava a cerca de doze metros de profundidade na água, sozinha. Sabia que não devia ter ido sozinha, mas era bastante hábil e apenas estava aproveitando a oportunidade. Não havia muita correnteza, e a água estava morna, clara e atraente. Ao ter uma cãibra, percebi logo como havia sido tola.

Não fiquei alarmada, mas estava completamente dobrada de cãibras no abdômen. Tentei remover meu cinturão de peso, mas estava tão dobrada que não conseguia alcançar a fivela.

Fui afundando e comecei a ficar mais amedrontada, incapaz de me mover. Eu podia enxergar meu relógio e sabia que havia apenas mais um pouco de tempo no tanque, até que ficasse sem ar. Tentei massagear meu abdômen. Eu não estava de roupa de borracha, mas não conseguia me esticar para alcançar os músculos retesados com as mãos.

Pensei: Não posso terminar assim! Tenho coisas a fazer!. Eu simplesmente não podia morrer daquela forma, anonimamente, sem que ninguém ao menos soubesse o que me acontecera. Chamei mentalmente Alguém, alguma coisa, socorra-me.

Eu não estava preparada para o que aconteceu. De repente, senti um cutucão por trás de mim sob a axila. Pensei: Oh, não, tubarões!. Fiquei realmente aterrorizada e entrei em desespero. Mas meu braço estava sendo levantado energicamente. No meu campo de visão entrou um olho – o olho mais maravilhoso que eu jamais poderia imaginar. Eu juro que sorria. Era o olho de um enorme golfinho. Olhando dentro daquele olho, eu soube que estava salva.

Ele veio mais para a frente, cutucando e enganchando sua barbatana embaixo da minha axila, deixando meu braço sobre suas costas.

Relaxei, abraçando-o, aliviada. Senti que o animal estava me transmitindo segurança, que estava me curando ao mesmo tempo que me levava para a superfície. Minhas cãibras passaram, conforme

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subíamos e eu relaxava em segurança, mas senti que ele também me curara.

Na superfície, ele me puxou até a praia. Levou-me a aguas tão rasas que comecei a temer que encalhasse e puxei-o de volta um pouco mais para o fundo, onde ele esperou, me observando, acho que querendo ver se eu estava bem.

Foi como se eu tivesse renascido. Quando tirei o cinturão de peso e o tanque de oxigênio, tirei simplesmente todo o resto e voltei nua para dentro do oceano e para o golfinho.

Eu me sentia tão livre e leve e viva, que queria apenas brincar ao sol e na água, gozando de toda aquela liberdade. O golfinho me levou de novo para o fundo e brincou comigo na água. Notei que havia uma porção de golfinhos ali, mais distantes.

Depois de um tempo ele me levou de volta para a praia.

Eu estava muito cansada, quase desmaiando, e ele se certificou de que eu estivesse a salvo em águas mais rasas. Depois, virou-se de ambos os lados, com um olho fitando os meus.

Permanecemos assim pelo que me pareceu muito tempo, uma eternidade, eu acho, quase que em transe, com pensamentos pessoais sobre o passado atravessando minha mente. Depois, ele apenas emitiu um som e foi para o fundo se juntar aos outros. E todos partiram.

Elizabeth Gawain

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O toque da mão do mestre

Estava maltratado e amassado, e o leiloeiro

Pensou que quase nem valia a pena

Perder tanto tempo com o velho violino,

Porém, segurou-o com um sorriso.

– Quanto me oferecem, meus amigos? – falou -

– Quem dar o primeiro lance?

– Um dólar, um dólar, e então, dois! Apenas dois?

– Dois dólares, e quem oferece três?

Três dólares, dou-lhe uma; três dólares, dou-lhe duas; Dou-lhe três... – Mas, não,

Do salão, lá no fundo, um homem grisalho

Veio à frente e tomou do arco:

Então, tirando a poeira do velho violino,

E afinando as cordas frouxas,

Tocou uma doce e pura melodia

Como canta um anjo que gorjeia.

Cessa a música, e o leiloeiro,

Em voz suave e calma,

Diz: O que me oferecem pelo velho violino?

E segura-o no alto juntamente com o arco.

– Mil dólares, e quem oferece dois?

Dois mil! Alguém dá três?

Três mil, dou-lhe uma; dou-lhe duas; Dou-lhe três, vendido, diz ele.

A pessoas aplaudem, mas algumas gritam

– Não compreendemos nada.

O que alterou seu valor?

A resposta vem imediata:

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O toque da mão de um mestre.

E muitas vezes um homem com a vida fora de tom

É judiado e marcado pelo destino,

E vendido barato para a multidão descuidada,

Assim como o velho violino.

Um prato de sopa, um cálice de vinho;

Um jogo – e ele segue viajando.

Vai uma, e vão duas,

Vai a terceira e foi.

Mas, vem o Mestre, e a tola multidão

Nunca compreende

O valor de uma alma e a mudança operada

Pelo toque da mão do Mestre.

Myra B. Welch

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Mais canja de galinha?

Muitas das histórias e poemas que você leu neste livro foram apresentadas por leitores como você. Estamos planejando publicar cinco ou seis sopa de galinha para os livros da alma a cada ano. Nós convidamos você a contribuir com uma história.

Os artigos podem ter até 1.200 palavras e devem elevar ou inspirar. Você pode apresentar um artigo original ou algo que você recortar de um jornal local, uma revista, um boletim de igreja ou de um boletim informativo de alguma empresa. Também poderia ser a sua citação favorita que você colocou na porta da geladeira ou uma experiência pessoal que tocou profundamente.

Além dos futuros de Sopa de Galinha para a Alma, alguns dos outros livros que planejamos são Sopa de Galinha para a Alma da Mulher, bem como Sopa de Galinha para a... Alma do Professor, Alma Judaica, Alma do Amante de Animais Domésticos, Alma de Criança, Alma do País, Alma Risonha, Alma Angustiada, Alma Inafundável, Alma do Divorciado e Alma do Amor de casal.

Basta enviar uma cópia de suas histórias e outros artigos, indicando que eles são para edição, para o seguinte endereço:

Chicken Soup For The (Especifique qual edição) Soul P.0. Box 30880 Santa Barbara, CA 93130

Tel.: 805-563-2935

Fax: 805-563-2945

Web site: http://www.chickensoup.com

Nós garantimos de que tanto você quanto o autor serão creditados pela sua história.

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Para obter informações sobre palestras, outros livros, fitas de áudio, workshops e programas de treinamento, entre em contato com qualquer um dos autores diretamente.

Palestras, seminários e workshops

Você também pode entrar em contato conosco para palestras ou para informações sobre circulares, outros livros, fitas de áudio, workshops e programas de treinamento.

Nós lhe desejamos muito amor!

Jack e Mark

Jack Canfield e Mark Victor Hansen Self-Esteem Seminars (Seminários de autoestima) 6035 Bristol Parkway Culver City, California 90230

FAX: 310-337-7465

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Quem é Jack Canfield?

Jack Canfield é um dos maiores especialistas americanos no desenvolvimento do potencial humano e eficácia pessoal. Ele é tanto um orador dinâmico, divertido e um treinador altamente procurado. Jack tem uma capacidade maravilhosa de informar e inspirar o público para os níveis mais elevados de autoestima e desempenho máximo.

Ele é o autor e narrador de vários best-sellers de programas de áudio e videocassetes, incluindo a autoestima e desempenho máximo, como construir autoestima elevada, autoestima na sala de aula e Sopa de Galinha para a Alma – ao vivo. Ele é visto regularmente em programas de televisão, como Good Morning America, 20/20 e NBC Nightly News.

Jack foi coautor de vários livros, incluindo a C, Ousar vencer e O Fator de Aladdin (todos com Mark Victor Hansen), 100 Maneiras para construir autoconceito na sala de aula (com Harold C. Wells) e Coração no Trabalho (com Jacqueline Miller).

Jack é um orador regularmente apresentado às associações profissionais, escolas, agências governamentais, igrejas, hospitais, organizações de vendas e corporações. Seus clientes incluem a American Dental Association, a American Management Association, AT&T, Campbell Soup, Clairol, Pizza Domino, a GE, a ITT, Hartford Seguros, Johnson & Johnson, Million Dollar Roundtable, NCR, New England Telephone, Re/Max, Scott Paper, TRW e Virgin Records. Jack também está na faculdade de Income Builders International, uma escola para os empresários.

Jack realiza um programa anual de oito dias de treinamento de Instrutores nas áreas de autoestima e desempenho máximo. Ela atrai educadores, conselheiros, formadores dos pais, treinadores corporativos, locutores profissionais, ministros e outras pessoas interessadas no desenvolvimento da sua língua e habilidades para liderança de seminários.

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Para mais informações sobre os livros de Jack, fitas e programas de treinamento, ou para agendar uma apresentação, por favor contate:

The Canfield Training Group P.O. Box 30880 Santa Barbara, CA 93130

Telefone: 805-563-2935 Fax: 805-563-2945

Web site: www.chickensoup.com

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Quem é Mark Victor Hansen?

Mark Victor Hansen é um palestrante profissional que, nos últimos 20 anos, fez mais de 4.000 apresentações para mais de 2 milhões de pessoas em 32 países. Suas apresentações abrangem as excelência e estratégias de vendas; capacitação e desenvolvimento pessoal, e como triplicar o seu rendimento e duplicar o seu tempo livre.

Mark passou a vida dedicado à sua missão de fazer uma diferença profunda e positiva na vida das pessoas. Ao longo de sua carreira, ele inspirou centenas de milhares de pessoas para criar um futuro mais poderoso e propositado para si e, ao mesmo tempo, estimular a venda de bilhões de dólares de bens e serviços.

Mark é um escritor prolífico e autor de Diário de futuro, como Future Diary, How To Achieve Total Prosperity and The Miracle Of Tithing. Ele é coautor do Chicken soup for the Soul, Ousar vencer e O Fator de Aladdin (Chicken Soup For The Soul series, Dare To Win and The Aladdin Factor, todos com Jack Canfield) e The Motivator Master (com Joe Batten).

Mark também produziu uma biblioteca completa de programas de áudio e videocassete de capacitação pessoal que permitiram seus ouvintes a reconhecer e utilizar suas habilidades inatas em seus negócios e vida pessoal. Sua mensagem fez dele um aparelho de televisão popular e personalidade do rádio, com aparições no ABC, NBC, CBS, HBO, PBS e CNN. Ele também apareceu na capa de várias revistas, incluindo Empreendedor de Sucesso, e Changes.

Mark é um homem grande com um coração e espírito para combinar uma inspiração para todos que buscam melhorar a si mesmos.

Você pode contatar Mark em:

P.O. Box 7665

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Newport Beach, CA 92658

telefone: 949-759-9304 ou 800-433-2314

fax: 949-722-6912 Web site: www.chickensoup.com

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Contribuições

Muitas das histórias deste livro foram retiradas de livros que lemos. As fontes são declaradas na seção de Agradecimentos. Algumas das histórias e poemas foram contribuições de nossos amigos que, como nós, são oradores profissionais. Se quiser entrar em contato com eles para informações sobre seus livros, gravações e seminários, poder encontrá-los nos endereços e telefones fornecidos abaixo.

Wally Famous Amos é fundador do Famous Amos Cookies e autor do livro e do álbum de cassetes The Power... In You. Wally mora em Maui, Havaí.

Para entrar em contato com ele, escreva para

215 Lanito Drive Kailua, Hawaii 96734

ou ligue para (808) 261-6075.

Joe Batten C.P.A.E. é orador profissional e homem de negócios de sucesso, que sabe como inspirar autoconfiança em organizações nos bons e nos maus tempos da economia. Seus trinta e cinco anos de experiência como autor, consultor e orador rendeu-lhe o título de Mentor de Empresas. Joe foi autor do best-seller: Tough Minded Management. Joe é um homem que ama a vida e as risadas, e transmite essa ternura e essa paixão a qualquer público.

Você poder se comunicar com Joe escrevendo para:

2413 Grand Avenue, Des Moines, lowa, 50312

ou ligando para (515) 244-3176.

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Gene Bedley é o diretor da Escola Elementar de El Rancho, em Irvine, Califórnia, ganhador do prêmio PTA de 1985 (PTA: Parent Teacher Association – Associação de Pais e Mestres) como Educador Nacional do Ano e autor de inúmeros livros sobre como criar um ambiente positivo em sala de aula.

Pode-se entrar em contato com ele em

14252 East Mall, Irvine, Calif6rnia 92714

ou pelo telefone (714) 551-3090.

Michele Borba é uma criativa autora que escreve sobre o desenvolvimento de autoestima em salas de aula de cursos elementares. • Membro do Conselho Nacional pela Autoestima. Seu melhor livro é Esteem Builders, coletânea de 379 atividades de sala de aula.

Pode-se entrar em contato com ela escrevendo para

840 Prescott Drive Palm Springs, Califórnia 92262

ou pelo telefone (619) 323-5387.

Hefice Bridges é considerada uma dinâmica oradora e instrutora, que viaja internacionalmente, realizando treinamentos e workshops em escolas, organizações e empresas. • Presidente da Board for Difference Makers, Inc.

Para entrar em contato com ela, escreva para

P.0. Box 2115 Del Mar, Califórnia 92014

ou pelo telefone (619) 481-6019.

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Les Brown é um orador altamente aclamado que fala às 500 empresas da Fortune e conduz seminários particulares e profissionais por todo o país. •Bastante conhecido do público da televisão americana por seus especiais para a PBS, todos os quais podem ser encontrados em vídeo e audiocassetes.

Para entrar em contato com ele, escreva para:

Les Brown Unlimited 2180 Penobscot Building Detroit, Michigan 48226

ou pelo telefone (800) 733-4226.

Dan Clark é orador motivacional profissional, que conduziu milhares de palestras para estudantes de colégio, pais e corporações.

Pode ser contatado através da

P.0. Box 8689 Salt Lake City, Utah 84108

ou pelo telefone (801) 532-5755.

Alan Cohen é um orador criativo e dinâmico e escritor. Entre seus livros o nosso favorito é The Dragon Doesn't Live Here Anymore.

Pode-se entrar em contato com ele na

P.0. Box 450 Kula, Hawaii 96790

ou pelo telefone (808) 572-4500 ou (808) 878-2803.

Roger Crawford é orador motivacional dinâmico. Seu livro chama-se Playingfrom The Heart.

Pode ser contatado escrevendo-se para

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1050 St. Andrews Drive Byron, California 94514

ou pelo telefone (510) 634-8519.

Stan Dale, anteriormente a voz do The Shadow e apresentador e narrador dos programas de rádio The Lone Ranger, Sgt.Preston e The Green Hornet, é diretor-fundador do Human Awareness Institute em San Mateo, Califórnia, uma organização dedicada a criar um mundo onde todos sejam vencedores. Conduz os workshops Sexo, Intimidade e Amor ao redor do mundo. É• autor de Fantasies Can Set You Free e My Child, My Self, How to Raise The Child You Always Wanted To Be.

Ambos também disponíveis em cassete no

The Human Awareness Institute 1720 S. Amphlett Blvd. Suite 128 San Mateo, Califórnia 94402

ou pelo telefone (800) 800-4117 ou (415) 571-5524.

Burt Dubin é o criador do Speaking Sucess System, um poderoso instrumento para ajudar aspirantes a oradores a desenvolverem presença no palco e a mágica do marketing. Um especialista em marketing e posicionamento, Burt transmite suas habilidades dos palanques quando se dirige ...s associações e organizações atacadistas e varejistas.

Pode ser encontrado no

Management Achievement Institute P.0. Box 6543, Kinginan, Arizona 86402-6543

ou telefonando-se para (800) 321-1225.

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Patricia Fripp, C.S.P (Certified Speaking Professional), C.P.A.E. (Council of Peers Award for Excellence) é a oradora para todas as ocasiões. Foi presidente da National Speakers Association e é uma das oradoras mais dinâmicas que conhecemos.

Pode ser contatada em

527 Hugo Street San Francisco, Califórnia 94122

ou telefonando para (415) 753-6556.

Bobbie Gee, C.S.P. (Certified Speaking Professional) é considerada como uma das oradoras americanas mais destacadas. É• autora do livro Winning the Iniage Garne (Pagemill Press) e de dois álbuns de cassetes Life Doesn’t Have To Be A Struggle e Iniage Power.

Você poder entrar em contato com ela

através da

Bobbie Gee Enterprises 1540 S. Coast Highway, Suite 206 Laguna Beach, Califórnia 92651

ou pelo telefone (800) 462-4386 ou (714) 497-1915.

Rick Gelinas é presidente da Lucky Acoms Delphi Foundation em Miami, Flórida. Tem Mestrado em Educação e dedica sua vida a ser útil às crianças.

Pode-se contatá-lo através de

5888 S.W. 77 Terrace Miarrti, Flórida 33143

ou pelo telefone (305) 667-7756.

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John Goddard é aventureiro, explorador e orador motivacional de categoria mundial.

Pode ser contatado em

4224 Beulah Drive La Canadá, Califórnia 91101

ou pelo telefone (818) 790-7094.

Patt Hansen é esposa de Mark e diretora administrativa da Look Who's Talking.

Pode ser contatada pela

P.0. Box 7665 Newport Beach, Califórnia 92658

ou pelo telefone (714) 759-9304.

Danielle Kennedy, M.A. é autora famosa, instrutora de vendas de nível internacional, sugestiva e premiada vendedora. Possui diploma honorário em Humanidades da Faculdade de Clarke e Doutorado em Redação Profissional da Universidade da Califórnia do Sul. Faz palestras sobre vendas, marketing e liderança em 100 cidades por ano. Seus livros mais vendidos incluem How To List and Sell Real Estate in The '90s (Prentice Hall) e Kennedy On Doubling Your Income in Real State Sales John Wiley, é casada e tem oito filhos.

Pode ser contatada em

219 S. El Camino Real, San Clemente, Califórnia 92672

ou pelo telefone (714) 498-8033.

Florence Littauer, C.S.P (Certified Speaking Professional), C.P.A.E. (Council of Peers Award for Excellence), é uma das pessoas mais

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maravilhosas que conhecemos. É• professora e escritora inspirada. Entre seus livros, nosso favorito é Little Silver Boxes.

Pode ser contatada em

1645 Rancho Fe Rd. San Marcos, Califórnia 92069

ou pelo telefone (619) 744-9202.

Rick Little, nos últimos dezesseis anos, tem participado de ampla gama de esforços em prol da melhoria das condições econômicas e sociais das crianças e da juventude. Em 1975 fundou a Quest International, da qual foi presidente por 15 anos. O Sr. Little foi coautor de livros com autoridades em juventude, incluindo Bill Cosby e o Dr. Charbe W. Shedd. Em 1990, Rick Little fundou a International Youth Foundation com apoio maior da Fundação W.K. Kellogg. Agora é Secretário Geral da International Youth Foundation, cujo objetivo é identificar e financiar programas para a juventude que tenham demonstrado sucesso e sejam reaplicáveis. A fundação geralmente se concentra em programas no Sul da África, Polônia, Equador, México, Bangladesh, Tailândia e Filipinas.

Hanoch McCarty; Ed.D. (Doctor of Education), é orador profissional, instrutor e consultor especializado em motivação, produtividade e aperfeiçoamento da autoestima. Hanoch é um dos mais procurados oradores da nação, pois combina humor e histórias comoventes a habilidades práticas que podem ser trabalhadas imediatamente. Seus livros e programas em fitas de vídeo incluem Stress and Energy e Self-Esteem: The Bottom Line.

Para entrar em contato com ele, escreva para

P.0. Box 66 Galt, Califórnia 95632

ou pelo telefone (800) 231-7353.

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Dan Millman é autor de inúmeros livros sobre tornar-se um vencedor espiritual. E ex-campeão mundial de ginástica, treinador na universidade e um professor de faculdade cuja desilusão para com a vida normal levou-o ao redor do mundo e para dentro das profundezas de seu coração e sua mente. Suas experiências geraram uma visão da vida que ele chama de o caminho do guerreiro pacifista. Seus livros incluem Way Of The Peaceful Warrior, The Warrior Athlete, e No Ordinary Moments.

Pode ser contatado através da

Peaceful Warrior Services P.O. Box 6148, San Rafael, Califórnia 94903

ou pelo telefone (415) 491-0301.

W. Mitchell, C.P.A.E. (Council of Peers Award for Excellence), é dos mais inspirados oradores que já conhecemos. Seu programa gravado chama-se It's Not What Happens To You, It's What You Do About it.

Pode ser contatado em

12014 W.54th Drive, #100 Arvada, Colorado 80002

ou pelo telefone (303) 425-1800.

Robert Moawad é dirigente e diretor-executivo do Edge Learning, Institute, com escritórios em Tacoma, Washington e Tempe, Arizona. A Edge é uma firma de desenvolvimento profissional dedicada a auxiliar organizações a atingirem melhores níveis de produtividade, qualidade e satisfação do cliente. Bob é um educador-apresentador dinâmico. Tem impressionante capacidade de inspirar e impacto sobre o público ao misturar ilustrações coloridas a sólidos princípios. Isso o tornou um dos mais procurados oradores de diretrizes do país. Desde 1973 ele assistiu mais de 2 milhões de

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pessoas, incluindo alguns dos líderes mais respeitados dos negócios, governo e educação.

Pode ser contatado escrevendo-se para a

Edge Learning Institute 2217 N. 30th, #200, Tacoma, Washington 98403

ou pelo telefone (206) 272-3103.

Chick Moorman é diretor do Institute for Personal Power, empresa de consultoria dedicada a promover atividades de desenvolvimento profissional de alta qualidade para educadores e pais. Todos os anos ele cruza o país conduzindo mais de cem workshops sobre aprendizado cooperativo, aperfeiçoamento da autoestima e desenvolvimento de comportamentos positivos. Sua missão é auxiliar pessoas a experimentar um maior sentimento de poder pessoal em suas vidas para que possam, por sua vez, dar poder aos outros. Seu último livro, que tem como coautora sua esposa, Nancy, é Teacher Talk What it Really Means. Teacher Talk explora as formas pelas quais os professores falam às crianças e examina as mensagens silenciosas implícitas que acompanham a palavra falada.

Pode ser pedido por $11.95 dólares ao

The Institute for Personal Power P.0. Box 1130, Bay City, Michigan 48706

ou pelo telefone (517) 686-3251.

Michael Murphy, Ed.D. (Doctor of Education), é diretor da Family Consultation Team no

Northern Berkshire Counseling Center 85 Main Street, Suite 500 North Adams, Massachusets O1247.

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Victor H. Nelson, S.T.M. (Master of Sacred Theology), é terapeuta e conselheiro pastoral particular.

Seu endereço é

505 Evergreen Street West Lafayette, Indiana 47906.

Price Pritchett, Ph.D. (Doctor of Philosophy), tem doutorado em psicologia e foi presidente da Dallas Psychological Association. É diretor-executivo da Pritchett e Associates, Inc., uma empresa de consultoria especializada em mudança organizacional sediada em Dallas. Dr. Pritchett é autor de onze livros sobre eficiência individual e organizacional, incluindo: You: A High Velocity Formula For Multiplying Your Personal Effectiveness In Quantum Leaps.

Você poderá contatá-lo pelo endereço

200 Crescent Court, Suite 1080 Dallas, Texas 75201

ou pelo telefone (214) 855-8999.

Bobbie Probstein. é escritora e fotógrafa e seu novo livro, Healing Now, foi amplamente elogiado. É• indispensável para qualquer um que sofra de doença ou esteja se preparando para uma cirurgia. Seu primeiro livro, uma autobiografia, Return to Center, está na terceira edição.

Pode ser contatada através da

P.0. Box 1433 Santa Mônica, Califórnia, 90401.

Bob Proctor é presidente dos Seminários Bob Proctor e fundador do Million Dollar Forum em Ontário, Canadá. Bob é autor de You Were Born Rich e conduz os Bom Rich Seminars pelo mundo todo. Os

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seminários de Bob dão força às pessoas para que possam ter a vida com que sempre sonharam.

Você pode contatá-lo através da

Million Dollar International 211 Consumers Road, Suite 201, Willowdale, Ontario, Canada M2J 4G8

ou pelo telefone (416) 498-6700.

Nido Qubein, C.S.P.(Certified Speaking Professional), C.P.A.E. (Council of Peers Award for Excellence) é ex-presidente da National Speakers Association e destacado orador nas áreas de vendas, gerenciamento e marketing. Entre seus muitos livros estão Get The Best From Yourself, Communicate Like A Pro e Professional Selling Techniques.

Pode ser contatado pela

Creative Services, Inc. P.O. Box 6008 Fligh Point, North Carolina 27262-6008

ou pelo telefone (919) 889-3010.

Anthony Robbins, nacionalmente conhecido como o líder no campo dos treinamentos de desenvolvimento humano, é autor de dois best-sellers, Unlimited Power e Awaken The Giant Within: How to Take Immediate Control of Your Mental, Emotional, Physical e Financial Destiny! Durante os últimos dez anos, mais de um milhão de pessoas investiram e se beneficiaram de seus seminários, audio cassetes, fitas de vídeo e livros. Ele é fundador de nove empresas, consultor para negócios e governadores nos Estados Unidos e no exterior, e filantropo comprometido com a criação da Anthony Robbins Foundation.

Para maiores informações sobre produtos e serviços,

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Robbins Research Intemational, Inc. 9191 Towne Centre Drive, Suite 600 San Diego, Califórnia 92122.

ou no número 1-800-445-8183

Pamela Rogers fez doutorado em Educação na Universidade de Pennsylvania em 1990 e ensina o segundo grau na Reynolds Elementary School em Filadelfia. Estuda teatro quando não está lecionando.

Glenna Salsbury. C.S.P.(Certified Speaking Professional), C.P.A.E. (Council of Peers Award for Excellence) formada pela Northwestern University em Evanston, Illinois, obteve seu mestrado na UCLA ((University of California, Los Angeles) e dezesseis anos depois um mestrado em Teologia do Fuller Seminary. Em 1980, Glenna fundou sua própria empresa que promove apresentação de diretrizes e seminários de crescimento pessoal. Na vida pessoal Glenna é casada com Jim Salsbury, ex-Detroit Lion e Green Bay Packer e tem três filhas.

Telefone ou escreva para obter seu poderoso álbum de seis cassetes chamado Passion, Power and Purpose.

Pode ser contatada em

9228 North 64th Place Paradise Valley, Arizona 85253

ou pelo telefone (602) 483-7732.

Jack Schlatter, ex-professor, é atualmente orador motivacional.

Pode ser contatado em

P.0. Box 577 Cypress, Califórnia 90630

ou pelo telefone (714) 772-1974

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Lee Shapiro é ex-advogado e juiz que deixou de exercer o Direito por que nunca recebeu uma aclamação de pé de nenhum júri! Agora ele é orador e professor especializado em ética e gerencia, definição de diretrizes e habilidades pessoais.

Pode ser encontrado em

5700-12 Baltimore Drive La Mesa, Califórnia 91942

ou pelo telefone (619) 668-9036.

Frank Siccone, Ed.D. (Doctor of Education), é diretor do Instituto Siccone em São Francisco. • consultor de v rias escolas e negócios. Seus livros incluem Responsibility: The Most Basic R e 101 Ways to Develop Students Self-Esteem And Responsibility com Jack Canfield (Allyn & Bacon).

Pode ser contatado através do

Siccone Institute 2551 Union Street, San Francisco, California 94123

ou pelo telefone (415) 922-2244.

Cindy Spitzer é escritora freelance que nos auxiliou a reescrever várias de nossas mais difíceis e importantes histórias.

Pode ser contatada em

5027 Berwyn Road College Park, Maryland 20740.

Jeffrey Michael Thomas é vice-presidente regional da Van Kampen Merritt, empresa de administração de investimentos. •

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membro da National Speakers Association e fala sobre tópicos que abrangem desde administração financeira até levantamento de fundos para obras de caridade através de sua empresa, a J. Michael Thomas & Associates. O Sr. Thomas vive e trabalha em Tustin, Califórnia, e está atualmente pleiteando uma cadeira no Conselho Municipal de Tustin.

Pode ser contatado pelo telefone (714) 544-1352.

Parnela Truax é autora de Small Business Pitfalls And Bridges.

Pode ser contatada através do endereço

2073 Columbia Way Vista, Ca 92083

ou pelo telefone (619) 598-6008.

Francis Xavier Trujillo, Ed.D. (Doctor of Education), é fundador e presidente da Pro Teach Publications, firma especializada na criação e produção de pôster, cartões e materiais relativos à motivação e construção da estima para estudantes e professores. Seus escritos, inicialmente em formato de cartazes, podem ser vistos enfeitando as paredes de praticamente todas as escolas dos Estados Unidos. Entre seus títulos se incluem Who Builds The Builders?, The Power to Teach, A Letter to My Students e Giver of a Lifelong Gift. Frank fala sobre uma variedade de assuntos relacionados à autoestima, sobre o poder do professor e reforma educacional.

Escreva ou telefone para adquirir seu catálogo colorido que exibe Building Me a Fewchr e dezenas de pôster e materiais de motivação afins. Building MeA Fewchr se tornou a base para o projeto Build Me A Future Project, campanha de correspondência apartidária de nível nacional, em que garotos de todas as idades enviaram cartas ao Presidente Clinton sugerindo formas pelas quais todos poderiam trabalhar juntos para ajudar a construir um futuro melhor.

Pode ser contatado através da

Pro Teach Publications

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P.O. Box 19262 Sacramento, CA 95819

Telefone (800) 233-3541.

Dottie Walters é presidente da Walters International Speakers Bureau, na Califórnia. Ela envia oradores remunerados ao mundo inteiro e está altamente envolvida no treinamento de apresentação. É• autora, juntamente com sua filha Lifiy, do novo livro da Simon and Schuster, Speak and Grow Rich, e fundadora e administradora do International Group of Agents and Bureaus. Dottie publica a Sharing Ideas, a maior revista do mundo para oradores profissionais.

Pode-se escrever para ela para

P.0. Box 1120 Glendora, Ca 91740

ou telefonar para (818) 335-8069 ou fax (818) 335– 6127.

Bettie Yourigs é presidente do Instruction & Professional Development, Inc., empresa de consultoria e recursos que presta serviços para escolas distritais. Bettie foi eleita Professora do Ano do lowa, atualmente é professora na Universidade Estadual de San Diego e diretora-executiva da Phoenix Foundation. Autora de 14 livros incluindo The Educator's Self-Esteem: It's Criteria Number 1, The 6 Vital Ingredients of SeIf-Esteem And How To Develop Them In Students e Safeguarding Your Teenager From The Dragons Of Life.

Pode ser contatada pela

P.0. Box 22588 Del Mar, Califórnia 92014

ou pelo telefone (619) 481-6360.

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Agradecimentos (continuação)

Gostaríamos de agradecer aos seguintes editores e indivíduos pela permissão de reeditar o material. (Nota: As histórias que foram escritas anonimamente, que são de domínio público ou foram escritas por Mark Victor Hansen ou por Jack Canfield, não estão incluídas nesta lista.)

Sobre a coragem e Sachi, de Sacred Journey of the Peaceful Warrior de Dan Millman © 1991 Dan Millman – Reimpresso com a permissão do autor e H.J. Kramer, Inc., P.O. Box 1082, Tiburon, CA 94920. Todos os direitos reservados.

A mais nobre necessidade. Reimpresso por Fred T. Wilhelms. Reimpresso com a permissão do autor e Educational Leadership, 48,1:51. O ASDC.

Minha declaração de autoestima e Todo mundo tem um sonho reimpressos com a permissão expressa por escrito da AVANTA Network, que foi fundada por Virgina Satir e herdou os direitos de toda sua propriedade intelectual. Para informações sobre direitos dos materiais de Virginia Satir e/ou AVANTA Network.

Entre em contato com:

Avanta Network 310 Third Avenue N.E., Ste.126 Issaquah, WA 98027 ou telefone para (206) 391-7310.

Por que escolhi meu pai para ser meu papai de The Six Ingredients of Self-Esteem and How They are Developed in Your Children de Bettie B.

Youngs. (D 1992 Rawson Assoc.

Sobre a paternidade de O Profeta de Kahlil Gibran. © 1923 de Kahlil Gibran e renovado em 1951 por Administrators C.T.A. of Kahlil Gibran Estate and Mary G. Gibran. Reimpresso com a permissão de Alfred A. Knopf, Inc.

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Construindo meu futuro. Copyright © 1990. Pro Teach Publications. Autoria de Frank Trujillo. Todos os direitos reservados. (800) 233-3541.

Disposto a pagar o preço, de Self Made in America de John McCormack. Reimpresso com a permissão de Addison-Wesley Publishing Co., Inc., e do autor. O 1990 de The Visible Changes Educational Foundation e David R. Legge.

Dois monges, de Wisdom of the Zen Masters de Irmgard Schloegl. Reimpresso com a permissão de New Directions Publishing Corporation. © 1975 Irmgard Schloegl.

Amor: A única força criativa. Reimpresso com a permissão de Eric Butterworth. © 1992 Eric Butterworth.

Tudo deque me lembro e A mendiga. Reimpressos com a permissão de Bobbie Probstein, © 1992 Bobbie Probstein.

O verdadeiro amor. Reimpresso com permissão de Barry Vissel. © 1992 Barry Vissel.

Isso pode acontecer aqui? Reimpresso com a permissão de Pamela Rogers. © 1992 Pamela Rogers.

Você é importante. Reimpresso com a permissão de Hefice Bridges. © 1992 Helice Bridges.

Um irmão como esse. Reimpresso com a permissão de Dan Clark. © 1992 Dan Clark.

Grande Ed. Reimpresso com a permissão de Joe Batten. © 1989 de AMACOM Books.

O amor e o taxista. Reimpresso com a permissão de Art Buchwald. © 1992 Art Buchwald.

Um gesto simples e Sou professor. Reimpressos com a permissão de John Wayne Schlatter. © 1992 John Schlatter.

O sorriso, Você já fez a terra se mover? e Só mais uma vez. Reimpressos com a permissão de Dr. Hanoch McCarty. O 1991 Hanoch McCarty and Associates.

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Uma história para o dia dos namorados. Reimpresso com a permissão de Jo Ann Larsen. © 1992 Jo Ann Larsen.

Carpe diem, de Dare to Be Yourself de Alan Cohen. Reimpresso com a permissão de Alan Cohen. O 1991 Alan Cohen Publications.

Para obter gratuitamente um catálogo dos livros, fitas e programa de workshops de Alan Cohen, escreva para

P.0 Box 98509

Des Moines, WA 98198

ou telefone para (800) 462é3013.

Eu conheço você, você é igualzinho a mim. Reimpresso com a permissão de Human Awareness Institute. © 1992 Stan V. Dale.

Filhotes à venda. Reimpresso com a permissão de Dan Clark. © 1989 Dan Clark.

Nada além da verdade! Reimpresso com a permissão de David Casstevens.

As crianças aprendem o que vivenciam. Reimpresso com a permissão de Dorothy Law Nolte.

Tocado. Usado com a permissão de Victor H. Nelson. © 1990 Victor H. Nelson. Este artigo apareceu primeiramente na edição de maio/junho de Family Therapy Networker.

Eu te amo, filho! de Victor Brook Miller. Usado com a permissão do IHTE (The Institute for Humanistic and Transpersonal Education). © 1977 IHTE.

O que você é – é tão importante quanto o que você faz. Reimpresso com a permissão de Patricia Fripp. © 1992 Patricia Fripp.

A perfeita família americana. Reimpresso com a permissão de Michael Murphy, Ed.D. (Doctor of Education) © 1992 Michael Murphy, Ed.D.

Apenas diga! Reimpresso com a permissão de Gene Bedley. © 1992 Gene Bedley.

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Um legado de amor. Reimpresso com a permissão de Bobbie Gee. © 1992 Bobbie Gee.

Agora gosto de mim, de Man, The Manipulator de Everett L. Shostrom. Usado com permissão. © 1967 Abington Press.

Todas as coisas boas. Reimpresso com a permissão de Helen P. Mrosla. OSF, e Shippensburg University © 1991 Shippensburg University. Este artigo apareceu originalmente em Proteus: A Journal of Ideas, primavera de 1991. Reimpresso com a permissão de Readers Digest, outubro de 1991.

O garotinho de Helen E. Buckley. Reimpresso com a permissão de Glad To Be Me – Budding Self-Esteem in Yourself and Others. © 1989 Dov Peretz Elkins. (Princeton, NJ: Growth Associates).

Transforme em realidade. Reimpresso com a permissão de Dan Clark.© 1992 Dan Clark.

Eu acho que posso! Reimpresso com a permissão de Michele Borba. © 1992 Michele Borba.

Descanse em paz: o funeral do não-consigo. Reimpresso com a permissão de Chicle Moorman. © 1992 Chicle Moorman.

A história do 333. Reimpresso com a permissão de Robert C. Proctor. © 1992 Robert C. Proctor.

Se não pedir, você não consegue – mas se pedir, consegue! Reimpresso com a permissão de Rick Gelinas. © 1992 Rick Gelinas.

A magia de acreditar. Reimpresso com a permissão de Dale Madden, presidente da Island Heritage Publishing, uma divisão da The Madden Corporation. © 1992 Dale Madden.

O livro de metas de Glenna. Reimpresso com a permissão de Glenna Salsbury. © 1991 Salsbury Enterprises.

Um outro item assinalado na lista. Reimpresso com a permissão de John Goddard. © 1992 John Goddard.

Veja, benzinho, eu sou seu amor. Reimpresso com a permissão de Les Brown e Look Who's Talking.

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A caixa e Negócio fechado! Reimpressos com a permissão de Florence Littauer. © 1992 Florence Littauer, presidente da CLASS Speakers, Inc., autora de 20 livros, inclusive: Silver Boxes, Dare to Dream e Personality Plus.

Estímulo. Reimpresso com a permissão de Nido R. Qubein. © 1992 Nido R. Qubein.

Walt Jones. Reimpresso com a permissão de Edge Learning Institute, Inc. © 1992 Bob Moawad, presidente/diretor-executivo.

Serviço e um sorriso, de Service America, página 128. Reimpresso com a permissão de Dow Jones/Irwin. © 1985 Karl Albrecht & Ron Zenke.

Obstáculos. Reimpresso com a permissão de Beacon Press. © 1992 Victor E. Frankl.

John Corcoran – o homem que não sabia ler. Reimpresso com a permissão de John Corcoran. © 1992 John Corcoran.

Fracasso? Não! – Só dificuldades temporárias. Reimpresso com a permissão de Dorothy Walters. © 1992 Dorothy Walters.

Para ser mais criativo, estou esperando... Reimpresso com a permissão de Center for Creative Leadership, Greensboro, NC. © 1992, Issues and Observations. O centro é um instituto educacional sem fins lucrativos que trabalha para adaptar as teorias e ideias das ciências comportamentais às preocupações práticas dos gerentes e líderes.

Para receber informações sobre o trabalho do centro ou uma assinatura gratuita de Issues and Observations, escreva para:

Center for Creative Leadership P.0 Box 26300

Greensboro, NC 27438-6300

ou telefone para (919) 288-7210.

O poder da determinação. Reimpresso com a permissão de Burt Dubin. © 1992 Burt Dubin.

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Ela salvou 219 vidas. Reimpresso com a permissão de Betty Tisciale. © 1992 Betty Tisciale.

Há grandeza ao seu redor – aproveite-a! Reimpresso com a permissão de Bob Richards. © 1992 Bob Richards.

Reserve um momento para ver de verdade! Reimpresso com a permissão de Jeffrey M. Thomas. © 1992 Jeffrey M. Thomas.

Se eu pudesse começar tudo novamente de Nadine Stair. Este poema, que foi distribuído e reimpresso durante anos, foi atribuído a Nadine Stair. Foi supostamente escrito quando ela tinha 85 anos. O consenso geral é de que ela vivia no estado de Kentucky quando escreveu o poema. Não conseguimos entrar em contato com sua família para verificar essas alegações.

O presente do golfinho. Extraído de The Dolphin's Gift. © 1980. Reimpresso com a permissão de New World Library, San Rafael, CA 94903.

Jack Canfield é presidente dos Seminários Self-Esteem Seminars e do Canfield Training Group, empresa de seminários e treinamento dedicada a dar assistência a indivíduos e organizações para que vivam de acordo com seus mais altos propósitos e aspirações. Jack ministra treinamentos em corporações, agências governamentais, escolas distritais e seminários públicos individuais. Também faz palestras em conferências e convenções estaduais regionais e nacionais.

Os seguintes workshops, seminários e serviços de consultoria estão disponíveis no Canfield Training Group:

Self-Esteem and Peak Performance

Self Esteem: The Bottom Line To Sucess

Self-Esteem: Learning to Love And Express Yourself

Self-Esteem In The Classroom: A Workshop For Teachers

And Counselors

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How To Build High Self-Esteem

Parenting For High Self-Esteem

The Ten Steps to Success

Visionary Selling: How To Become A World Class Salesperson

The Couples Seminar: How To Have An Affair With Your Spouse

The Self-Esteem Facilitating Skills Seminar: Training The Trainers

The Star program: A Video-Based Corporate Training Program.

The Gonu Program: A Video-Based Training For At-Risk Adults.

Jack também tem ampla variedade de livros, cassetes e programas de vídeo cassete disponíveis. Se você deseja receber um prospecto ou discutir possíveis datas para um workshop ou palestra, favor entrar em contato através do telefone (310) 337-9222 ou 1 -800-2-ESTEEM.