Reconstrução total de pálpebra superior no tratamento do ...
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RECONSTRUÇÃO NASAL NEONATAL NA... Collares et al. RELATOS DE CASOS
184 Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (2): 184-187, abr.-jun. 2009
Reconstrução nasal neonatal nasíndrome do Warfarin fetal
Neonatal nasal reconstruction infetal warfarin syndrome
RELATOS DE CASOS
Recebido: 13/8/2008 – Aprovado: 5/2/2009
MARCUS VINÍCIUS MARTINS CO-LLARES – Cirurgião Plástico e Crânio-Maxilo-Facial. Chefe do Serviço de Cirur-gia Crânio-Maxilo-Facial do Complexo Hos-pitalar Santa Casa de Porto Alegre – RS –Brasil. Professor Substituto do Departamen-to de Cirurgia – Faculdade de Medicina –Universidade Federal do Rio Grande do Sul– Brasil.GUSTAVO JULIANI FALLER – MédicoOtorrinolaringologista e Cirurgião Crânio-Maxilo-Facial – Serviço de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial do Complexo Hospitalar SantaCasa de Porto Alegre – RS – Brasil.ANDERSON CASTELO BRANCO DECASTRO – Médico Otorrinolaringologistae Cirurgião Crânio-Maxilo-Facial – Serviçode Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial do Com-plexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre– RS – Brasil.CIRO PAZ PORTINHO – Médico Cirur-gião Plástico e Crânio-Maxilo-Facial – Ser-viço de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial doComplexo Hospitalar Santa Casa de PortoAlegre – RS – Brasil. Médico Cirurgião Plás-tico Contratado – Unidade de Cirurgia Crâ-nio-Maxilo-Facial – Serviço de Cirurgia Plás-tica – Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Serviço de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial –Complexo Hospitalar Santa Casa de PortoAlegre – Brasil.
� Endereço para correspondência:Ciro Paz PortinhoRua Chiriguano, 117 – Vila Assunção91900-570 – Porto Alegre, RS – Brasil� (51) 3314-8580� [email protected]
RESUMO
O objetivo deste trabalho é relatar um caso de reconstrução nasal precoce em umpaciente com síndrome do Warfarin fetal, onde um paciente de 23 dias com apresentavahipoplasia nasal isolada. O ganho ponderal estava estagnado e não havia possibilidade deintrodução de sonda nasoentérica devido à deformidade. Foi realizada rinoplastia abertacom incisão transcolumelar. Dois enxertos de cartilagem tragal foram confeccionados eintroduzidos na região da ponta, porção cranial do septo cartilaginoso e alares. O pacienteapresentou melhoria da permeabilidade ventilatória, diminuição do ruído inspiratório, ganhode peso e também da forma. Após um ano de seguimento o resultado continuava satisfató-rio. Concluímos que a intervenção precoce é satisfatória e pode minimizar ou mesmoprevenir procedimentos futuros.
UNITERMOS: Síndrome do Warfarin Fetal, Hipoplasia Nasal, Reconstrução Nasal.
ABSTRACT
The aim of this work is to report a case of early nasal reconstruction in a 23-day-oldpatient with fetal Warfarin syndrome and isolated nasal hypoplasia. Weight gain wasarrested and the deformity precluded the use of a nasogastric tube. An open rhinoplastywith transcolumellar incision was performed. Two grafts of tragal cartilage were madeand introduced in the tip area, cranial portion of the cartilaginous septum, and alar car-tilages. The patient presented improved ventilatory permeability, decrease of inspiratorynoise, and weight and shape gains. At the one-year follow-up the result was still satisfac-tory. We concluded that early intervention is satisfactory and may minimize or even pre-vent future procedures.
KEYWORDS: Fetal Warfarin Syndrome, Basal Hypoplasia, Nasal Reconstruction.
I NTRODUÇÃO
O Warfarin é um anticoagulantecapaz de cruzar a barreira hemato-en-cefálica. Esta exposição pode levar àsíndrome do Warfarin fetal (SWF) ouembriopatia do Warfarin. Pode haver:danos ao sistema nervoso central porhemorragia; anormalidades dos mem-bros; hipoplasia nasal (1). Anormali-dades oftálmicas também foram rela-tadas (2). A malformação nasal, noentanto, é a única característica clíni-ca constante (3). A SWF ocorre em 4
a 6% dos fetos expostos no períodocrítico, que se situa entre 6 e 10 sema-nas (4, 5).
Há relatos de reconstruções em pa-cientes pediátricos, adolescentes eadultos. Os autores relatam, no entan-to, um caso de reconstrução nasal neo-natal.
R ELATO DO CASO Paciente C.A., sexo masculino, nas-
cido de parto prematuro (32 semanas),
tendo usado surfactante para matura-ção pulmonar. Foi avaliado pela equi-pe de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facialcom 14 dias de vida. Apresentava es-tenose nasal importante, com compro-metimento respiratório e da amamen-tação (Figura 1). Não havia outras ca-racterísticas da síndrome. Apresenta-va ganho ponderal baixo. Em avalia-ção com a equipe de genética, outrasmalformações foram descartadas. Amãe era portadora de prótese mitralmetálica e utilizava Warfarin, não ten-do suspendido o fármaco em nenhummomento da gestação.
Ao exame físico, apresentava hipo-plasia nasal em nível de dorso e este-
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tia aberta. As cartilagens enxertadasforam suturadas junto ao septo cartila-ginoso e às cartilagens laterais inferio-res. Confeccionou-se um retalho em V-Y para alongamento da columela e pro-teção das cartilagens enxertadas (Figu-ra 3). Sondas de aspiração n.o 4 foramdeixadas para moldagem e prevençãode estenose pós-operatória. O pacien-te não necessitou mais de sonda naso-gástrica após a intervenção.
O paciente evoluiu favoravelmen-te, tendo melhorado o ganho ponderale a capacidade de sucção. Recebeu alta3 semanas após a realização do proce-dimento e foi acompanhado ambula-torialmente. Na alta hospitalar, as son-das de aspiração – usadas para molda-gem das fossas nasais – foram retira-das. Em um seguimento de 1 ano, apre-sentou crescimento favorável da regiãonasal, ganho ponderal e desenvolvi-mento neuro-psico-motor adequados.Embora ainda persista uma despropor-ção dorso-ponta leve, a cirurgia per-mitiu a melhoria funcional indubitavel-mente. A cicatriz na área doadora fi-cou pouco notória após 12 meses.
D ISCUSSÃO Bradley e cols. (4) publicaram dois
relatos de caso de reconstruções emmúltiplos estágios, mas somente apósos oito anos de idade. Ainda, estesmesmos autores não recomendavam aincisão transcolumelar. A justificativaseria o comprometimento vascular dosretalhos cutâneos por causa da pressãodos enxertos cartilaginosos.
Os autores obtiveram um resultadoestético-funcional satisfatório com aintervenção neonatal. Uma vez que ocrescimento facial está relacionadoprincipalmente ao fluxo aéreo respira-tório e à força muscular (7), o aumen-to da permeabilidade da via aérea su-perior – promovido pela cirurgia –pode ter facilitado e acelerado a reabi-litação da hipoplasia nasal. Além dis-so, as técnicas vigentes de cirurgia delábio leporino tratam também da re-construção nasal – as ditas rinolabio-plastias –, a fim de utilizar o cresci-
Figura 1 – Incidência pré-operatória (ântero-posterior).
Figura 2 – Enxerto de cartilagens de concha e trago montadas para reconstruçãoalar bilateral.
nose valvular nasal bilateral, impedin-do até mesmo a passagem de sondas edrenos. A respiração era ruidosa.
O paciente foi submetido, com 23dias de vida, a um procedimento de
reconstrução nasal com enxertos decartilagem tragal bilateralmente, co-nhecido como enxerto de Max Pereira(Figura 2) (6). Utilizou-se uma abor-dagem de exorrinoplastia ou rinoplas-
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mento facial a favor da reconstrução eharmonização facial (8, 9).
C ONCLUSÃO A reconstrução nasal de pacientes
com SWF no período neonatal podemelhorar os distúrbios respiratóriose alimentares associados à estenosenasal e permitir que as forças de cres-cimento facial ajam mais precoce-mente.
R EFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
1. How JW. Fetal warfarin syndrome.Chang Gung Med J 2004; 27: 691-5.
2. Baillie M, Allen ED, Elkington AR. Thecongenital warfarin syndrome: a case re-port. Br J Ophtalmol 1980; 64: 633-5.
Figura 3 – Alongamento columelar e sutura dos retalhos cutâneos.
Figura 4 – Aspecto pós-operatório de 1 ano (incidência ânte-ro-posterior).
Figura 5 – Aspecto pós-operatório de 1 ano (incidência la-teral).
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