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Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP
Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina de São
José do Rio Preto - FAMERP
DANIELY ALVES ZACHARO
CHECKLIST DE CIRURGIA SEGURA:
ADESÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
EM HOSPITAL DE ENSINO
São José do Rio Preto
2016
DANIELY ALVES ZACHARO
CHECKLIST DE CIRURGIA SEGURA: ADESÃO DOS PROFISSIONAIS DE
SAÚDE EM HOSPITAL DE ENSINO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Faculdade de
Medicina de São José do Rio Preto
para obtenção do grau de
Enfermeira.
Orientadora: Profa. Eliana Maria Francisca Santos
Co-Orientadora: Profa. Dra. Marli de Carvalho Jericó
São José do Rio Preto
2016
Zacharo, Daniely Alves
Checklist de cirurgia segura: adesão dos profissionais de saúde em hospital de ensino/ Daniely Alves Zacharo.São José do Rio Preto, 2016 42p.
Monografia (TCC) – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP.
Orientadora: Profa. Eliana Maria Francisca SantosCo-orientadora: Profa. Dra. Marli de Carvalho Jericó
1. Centros cirúrgicos. 2. Segurança do paciente. 3. Procedimentos cirúrgicos operatórios. 4. Lista de checagem. 5. Enfermagem de centro cirúrgico.
FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – AUTARQUIA
ESTADUAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC
DATA: 02 de dezembro de 2016
ORIENTADOR: Profa. Eliana Maria Francisca Santos
CO-ORIENTADOR: Profa. Dra. Marli de Carvalho Jericó
1ª EXAMINADOR: Josimerci Ittavo Lamana Faria
2ª EXAMINADOR: Kamila da Silva Rola Fachola
SUPLENTE: Sonia Portella de Abreu
São José do Rio Preto
2016
SUMÁRIO
Dedicatória
Agradecimentos
i
ii
Lista de Figuras iii
Lista de Tabelas e Quadros iv
Lista de Abreviaturas v
Resumo vi
Abstract vii
1. INTRODUÇÃO 1
2. OBJETIVO 5
3. MÉTODO 7
4. RESULTADOS 10
5. DISCUSSÃO 15
6. CONCLUSÃO 19
REFERÊNCIAS
ANEXOS
21
27
DEDICATÓRIA
Dedico esse Trabalho de Conclusão de Curso:
Aos meus pais por sempre me apoiarem em todas minhas escolhas e principalmente por
fazer parte na construção da pessoa que sou hoje.
As minhas veteranas Priscila Buck, Viviane Thomazine e Luana Wenceslau que me
inspiraram e sempre incentivaram para chegar onde cheguei, são enfermeiras que tenho
como exemplo a ser seguido.
A minha orientadora Eliana Maria Faria Santos e co-orientadora Marli de Carvalho
Jericó que me ajudaram sempre que precisei.
i
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por esse momento, pela alegria e satisfação proporcionada com a
conclusão desse trabalho.
Aos meus pais, por estarem ao meu lado em todos os momentos, pelo amor e
compreensão. A minha família e amigos que estiveram sempre me apoiando.
A orientadora Eliana Maria Faria Santos, co-orientadora Marli de Carvalho Jericó e
minha veterana Priscila Buck pela confiança, pela paciência, por sempre estar por perto
me orientando e me ajudando.
Aos meus amigos da XXI Turma de Enfermagem FAMERP, que estiveram comigo nos
primeiros anos de faculdade, onde vivi os melhores momentos da graduação. Aos meus
amigos da Irlanda, que fizeram meu intercambio inesquecível e aos meus amigos da
XXIII Turma de Enfermagem FAMERP, que me acolheram da melhor forma possível
quando voltei do intercâmbio e por proporcionarem um último ano muito gratificante e
animado.
ii
Lista de Figuras
Figura 1 - Distribuição da aplicação do checklist de cirurgia segura segundo
os meses dos anos em estudo. São José do Rio Preto - São Paulo,
Brasil, 2016. 12
iii
Lista de Tabelas e Quadros
Tabela 1 - Distribuição da produção cirúrgica e indicação para aplicação
do checklist de cirurgia segura segundo os meses dos anos em
estudo. São José do Rio Preto – São Paulo, Brasil, 2016. 11
Tabela 2 - FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) – Instrumento
gerencial para identificar falhas e priorizar de ações de
melhorias. São José do Rio Preto – SP, Brasil, 2016 14
iv
Lista de Abreviaturas e Símbolos
CQH
EUA
Compromisso com a Qualidade Hospitalar
Estados Unidos da América
FMEA Failure Mode and Effect Analysis
NASA National Aeronautics and Space Administration
OMS Organização Mundial da Saúde
RPN Risk Priority Number
SUS Sistema Único de Saúde
WHO World Health Organization
v
RESUMO
Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem recomendado maior atenção
com a segurança do paciente. Em 2013, lançou o programa Cirurgia Segura Salva
Vidas, para reduzir número de erros nas cirurgias a partir da aplicação de um checklist
nos pacientes antes, durante e após a cirurgia. Objetivo: Identificar a adesão do
checklist de cirurgia segura em um hospital de ensino e propor estratégias de melhoria.
Método: Trata-se de estudo descritivo, exploratório, retrospectivo (2014 e 2015) com
abordagem quantitativa, a partir de registros em banco de dados do centro cirúrgico em
hospital de capacidade extra do sudeste do Brasil. Os resultados foram analisados
quantitativamente, por meio de estatística descritiva básica. Foi aplicado o Failure
Mode and Effect Analysis (FMEA) que é uma ferramenta para aumentar a
confiabilidade do serviço, sistematizando um grupo de atividades para detectar
possíveis falhas e avaliar os efeitos delas, identificando ações a serem tomadas para
eliminar ou reduzir a probabilidade de sua ocorrência. Resultados: No período de 2014
e 2015 foram realizados cerca de 20 mil procedimentos cirúrgicos/ano com aplicação do
checklist de cirurgia segura de 45,16% do total de cirurgias realizadas. A partir da
utilização do FMEA foi possível mapear as falhas, construir uma meta visando
aumentar em 10% a adesão ao checklist e gerar ações para melhoria do processo.
Conclusão: Os achados desse estudo mostrou que esse indicador está acima dos
relatados na literatura brasileira, a utilização de uma ferramenta cientifica para melhoria
do processo e a importância da segurança assistencial ao paciente cirúrgico.
Descritores: Centros cirúrgicos, segurança do paciente, procedimentos cirúrgicos
operatórios, lista de checagem, enfermagem de centro cirúrgico.
vi
ABSTRACT
Introduction: The World Health Organization (WHO) has recommended greater
attention to patient safety. In 2013, launched the program Safe Surgery Saves Lives, to
reduce the number of errors in Surgery from the implementation of a checklist in
patients before, during and after surgery. Objective: To identify the accession of the
checklist of safe surgery at a teaching hospital and propose strategies for improvement.
Method: This is a descriptive study, exploratory, retrospective (2014 and 2015) with a
quantitative approach, from records in the database of the surgical center in a hospital in
extra capacity from southeastern Brazil. The results were analyzed quantitatively, by
means of descriptive statistics. We applied the Failure Mode and Effect Analysis
(FMEA) which is a tool to increase the reliability of service, systematizing a group of
activities to detect possible failures and to evaluate the effects of them, identifying
actions to be taken in order to eliminate or reduce the probability of its occurrence.
Results: In the period of 2014 and 2015 were performed approximately 20 thousand
surgical procedures per year. In the years 2014 and 2015 the implementation of the
checklist for safe surgery was 78.48%/year of surgeries indicated for application,
representing 45.16% of the total number of surgeries performed. From the use of the
FMEA was not possible to map the gaps, build a goal to increase by 10% the adhesion
to the checklist and generate actions to improve the process. Conclusion: The findings
of this study showed that this indicator is above the reported in Brazilian literature, the
use of a tool science to improve the process and the importance of safety of care to
surgical patients.
Keywords: Surgical Centers, patient safety, surgical procedures, operative checklist,
nurses from the surgical center.
vii
Em 2004 a Organização Mundial da Saúde (OMS), após reconhecer a necessidade de reduzir o dano e sofrimento do paciente e parentes, foi criada a “Aliança Mundial da Saúde” (World for Patient Safety), que preconiza conscientização para melhora da segurança dos cuidados, e também o desenvolvimento de políticas e estratégias na atenção á saúde dos pacientes. Os fatores que contribuem para a ocorrência de incidentes graves na assistência cirúrgica estão relacionados à estrutura organizacional e humana, como: inexperiência do cirurgião, carga excessiva de trabalho, baixo volume hospitalar de cirurgia e fadiga dos profissionais, tecnologia inadequada, falhas na comunicação entre os profissionais, horário de realização do procedimento, entre outros.1-2
Em 2007 e 2008 foi introduzido o “Desafio Mundial para a Segurança do Paciente” que tem objetivo de identificar os itens mais significativos como prevenção de infecções do sitio cirúrgico; anestesia segura; equipe cirúrgica segura; e indicadores para segurança do paciente com a campanha “Cirurgia Segura Salva Vidas” iniciada pela OMS e Harvard para reduzir os números vexatórios que comprometem a população.1,3
Em 2008, foram realizadas 234 milhões de operações no mundo, uma para 25 pessoas vivas. Segundo a OMS, nesses procedimentos morreram dois milhões de pacientes em torno sete milhões apresentaram complicações, sendo que 50% desses eventos foram considerados evitáveis. Nos Estados Unidos (EUA) num período de seis meses em um centro cirúrgico foi identificada uma taxa de mortalidade relacionada a erros médicos de um para cada 270 erros (0,4%) e 65% desses erros foram considerados estáveis.1,4
A infecção urinária é o problema mais frequente dentre infecções hospitalares, em segundo lugar com altos índices vem a infecção cirúrgica, que por sua vez produz
maior mortalidade, complicações e elevação do custo do tratamento, por isso a OMS estabeleceu uma meta até 2020 para reduzir as taxas de infecção sitio cirúrgica em 25% que mudaria significativamente a queda de morbidade (complicações) e mortalidade.3-8
Ainda em 2008, o Ministério da Saúde do Brasil aderiu a campanha Cirurgias Seguras Salvam Vidas, com objetivo de que os hospitais adotassem a lista de verificação padronizada e elaborada pelo OMS e Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, preparadas por especialistas para ajudar em 3 fases: antes da anestesia (Sign in); antes da incisão na pele (Time out); e antes da saída do paciente da sala cirúrgica (Sign out) e em 2013, o Protocolo Cirurgia Segura, o qual preconiza o uso do checklist.4-9
Evidenciou-se redução de 11 para 7% das complicações cirúrgicas e de 1 para 0,8% de mortes associadas a procedimentos cirúrgicos publicado pela revista “New England Journal of Medicine” realizado em Boston, Seattle (EUA), Toronto, Londres, Nova Delhi, Aukland, Aman, Manilha e Ijakara (Tanzânia) com 7688 pacientes divididos em dois grupos, antes e após a aplicação do checklist.5
2
3
ix
Com checagem simples dos dados do paciente, onde foi estimado apenas a necessidade de 3 minutos para a aplicação das três fases do processo de verificação e ter uma única pessoa responsável pela aplicação, sendo o enfermeiro o profissional escolhido para orientar a checagem. Ele deve ter autoridade sobre o processo cirúrgico, tendo aptidão para interromper o procedimento ou impedir o avanço, se algum item for insatisfatório, mesmo se isso acarretar em desgaste da equipe.9 Dessa forma, propõe-se
a responder a seguinte questão de pesquisa “Qual a taxa de adesão ao checklist de cirurgia segura em hospital de ensino?”.
x
Identificar a ocorrência de cirurgias e a taxa de adesão ao checklist de cirurgia segura,
bem como propor estratégias de melhorias para o aumento da aplicação do checklist.
6
Trata-se de estudo descritivo, exploratório, retrospectivo (2014 e 2015) com
abordagem quantitativa, realizado em hospital de ensino, de abrangência quaternária, de
capacidade extra (708 leitos) do sudeste do Brasil. Especificamente, a unidade em
estudo é o centro cirúrgico que possui 27 salas onde são realizadas cirurgias de
pequeno, médio e grande porte. O atendimento é destinado a clientes Sistema Único de
Saúde (SUS), convênios e seguradoras de planos de saúde e particulares. Esse hospital é
referência nacional em atendimentos de alta complexidade, como transplantes de órgãos
e tecidos e cirurgia cardíaca pediátrica, entre outros.
Os dados foram coletados de junho a agosto de 2016, somente após aprovação do
Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer n°1.591.753). O período desse estudo foram os
anos de 2014 e 2015, a partir dos registros do centro cirúrgico sobre a aplicação do
checklist de cirurgia segura que é fundamentado na recomendação da OMS. Destaca-se
que na unidade em estudo não é aplicado o checklist nos casos de cirurgias de
emergência e pequeno porte. Destaca-se que na unidade em estudo não é aplicado o
checklist nos casos de cirurgias de emergência e pequeno porte. O calculo do indicador
de cirurgia segura foi baseado na fórmula publicada no site PROQUALIS –
Aprimorando as praticas de saúde:
Indicador de cirurgia = x100 segura
*Cirurgias que deveriam ser aplicados os checklists = total de cirurgias realizadas por
mês – cirurgias de emergência – cirurgias de pequeno porte (anestesia local)
Cirurgias que foram aplicados os checklists
Cirurgias que deveriam ser sido aplicados os checklists*
8
A lista de verificação recomendada pela OMS7 contempla dados de identificação
antes da indução anestésica, confirmação antes da incisão cirúrgica e registro antes do
paciente sair da sala de operação.
O instrumento escolhido teve origem na National Aeronautics and Space
Administration (NASA)25, o Failure Mode and Effect Analysis (FMEA)27-28, que é uma
ferramenta utilizada para aumentar a confiabilidade do processo, sistematizando um
grupo de atividades para detectar possíveis falhas e avaliar seus efeitos, identificando
ações para aumentar a adesão ao checklist de cirurgia segura. Para sua aplicação foi
realizada reuniões com os profissionais da unidade e construída uma meta para aumento
da adesão à lista de verificação de cirurgia segura em 10% no período de três meses.
9
Resultados
Nos anos de 2014 e 2015 foram realizadas cerca de 20 mil cirurgias/ano, no
entanto o número de cirurgias indicadas para a aplicação do checklist de cirurgia
segura reduz de 47.733 para 21.554, devido ao critério de exclusão de cirurgias de
emergência e pequeno porte adotado pela instituição em estudo. Dessas deveriam ter
sido aplicados o checklist em média 898 (1,88%) cirurgias/mês, sendo 10.613 (2014)
- com variação de aplicação de 40,03% a 56,03% e 10.941 (2015) - com variação de
35,81% a 49,63% (Tabela 1).
Tabela 1: Distribuição da produção cirúrgica e indicação para
aplicação do checklist de cirurgia segura segundo os meses dos anos em
estudo. São José do Rio Preto – São Paulo, Brasil, 2016.
Meses
2014 2015
Produção
cirúrgica
N
Indicação
checklist
N (%)
Produçã
o
cirúrgica
N
Indicação
checklist
N (%)
Janeiro 1.961 785 40,03 2.059 953 46,28
Fevereiro 1.810 886 48,95 1.753 870 49,63
Março 1.758 985 56,03 1.946 779 40,03
Abril 1.873 811 43,30 1.866 838 44,91
Maio 1.996 869 43,54 1.910 904 47,33
Junho 1.893 773 40,83 2.023 970 47,95
Julho 2.192 975 44,48 2.385 1.160 48,64
Agosto 2.046 867 42,38 2.251 806 35,81
Setembro 1.981 1.002 50,58 2.194 910 41,48
Outubro 2.070 1.021 49,32 2.218 929 41,88
Novembr
o1.833 850 46,37 1.981 882 44,52
Dezembro 1.794 789 43,98 1.968 940 47,76
Total 23.279 10.613 24.454 10.941
11
Resultados
Em 2014 a média de cirurgias indicadas para uso do checklist de cirurgia
segura foi de 45,82% e em 2015 - 44,69%.
Verificou-se que foi aplicado o checklist em 78,48% das cirurgias indicadas
para uso do checklist no período analisado, sendo 79,67% /ano - 2014 e 77,32%/ano -
2015. A análise mensal aponta que em 2014, o mês de julho apresentou menor índice
com aplicação de 588 (60,31%) checklists e em setembro o maior índice - 928
(94,12%) checklists. Já em 2015, a menor adesão foi em julho - 743 (64,05%)
checklists e maior em junho - 864 (89,07%) preenchidos (Figura 1).
Figura 1: Distribuição da aplicação do checklist de cirurgia segura segundo os
meses dos anos em estudo. São José do Rio Preto - São Paulo, Brasil, 2016.
Como proposto, baseado na etapa do processo da aplicação do checklist foi
realizado brainstorm com cinco enfermeiras do bloco cirúrgico do hospital estudado
para descobrir as principais possíveis falhas no processo de aplicação da lista de
verificação e utilizado o instrumento FMEA.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez0
200
400
600
800
1000
1200
Che
cklis
t apl
icad
o
12
Resultados
As possíveis falhas no processo mais citadas foram falta de tempo hábil para
o preenchimento da lista de verificação, profissionais não capacitados e falta de
conscientização da importância do preenchimento para a segurança.
A partir disso foi tabulado e pontuado analisando índice de ocorrência, índice
de severidade, índice de detecção determinando o RPN (risk priority number), onde a
multiplicação dos itens e definiu a prioridade das ações, sendo o valor mais alto
maior a importância de resolução. Após determinar as prioridades foi proposto
algumas ações de melhoria como treinamento da equipe focado no preenchimento da
lista de verificação, realização de reuniões de equipe para otimização do tempo,
elaboração folhetos e cartazes educativos e palestras de conscientização para chamar
atenção do profissional quanto importância do preenchimento do checklist.
Depois de pronto e discutido todos os itens, foi feita proposta para a gerente
do bloco cirúrgico em aumentar a meta de aplicação do checklist de cirurgia segura
em 10%, num prazo de 3 meses (Tabela 2).
13
Resultados
Tabela 2: FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) – Instrumento gerencial para identificar falhas e
priorizar de ações de melhorias. São José do Rio Preto – SP, Brasil, 2016
FMEA - Análise de modo e efeito de falha potencialChecklist Cirurgia Segura
Índice de Ocorrência (IO) Índice de Severidade (IS)
Índice de Detecção (ID)
Remoto: 1 Pequeno: 2 e 3 Moderado: 4, 5 e 6 Alta: 7 e 8 Provável: 9 e 10
Mínimo: 1 Pequeno: 2 e 3 Moderado: 4, 5 e 6 Alta:7
e 8 Provável: 9 e 10
Provável: 1 e 2 Grande: 3 e 4 Moderado: 5 e 6
Pequena: 7 e 8 Remota: 9 e 10
Etapa do processo
Como falha
Efeito (consequen
cia potencial)
Causa potêncial
Situação
Ações recomendadasControle da causa
ÍndiceIO
IS
ID RPN
Preenchimento do checklist
de cirurgia segura
Não preenchimento
Segurança do paciente
ineficaz
Falta de tempo Visual 5
6
4 120 Reunião de equipe para organização do tempo
Profissional não
capacitadoVisual 2 2 124 Treinar a equipe
Falta de consciência
sobre a importância
Visual 5 1 30
Elaborar folhetos/cartazes, realizar reuniões de equipe e palestras de conscientização para chamar atenção do profissional.
*RPN= Risk Priority Number
14
16
Discussão
Este estudo contém informações sobre a adesão ao checklist da OMS, assunto,
até então, pouco explorado na literatura científica em geral, principalmente no contexto
dos países em desenvolvimento. Essa pesquisa permitiu mensurar a adesão ao checklist
e gerar informações úteis para identificar possíveis falhas e viabilizar a incorporação
dessa tecnologia para contribuir com a melhoria da segurança do paciente cirúrgico.
A partir da capacidade de reduzir a chance de danos cirúrgicos, foi preconizado
pela Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, que a lista de verificação deve ser
aplicado em todos os procedimentos, quer terapêuticos, quer diagnósticos, que
impliquem em incisão no corpo humano, dentro ou fora de centro cirúrgico, por
qualquer profissional de saúde31. Porém, no hospital em estudo, o checklist é aplicado
em cirurgias de médio e grande porte, excluindo as cirurgias de emergência e pequeno
porte.
Observou-se que no período de dois anos houve adesão ao preenchimento do
checklist de cirurgia segura em 45,26% das cirurgias/ano/realizadas no hospital de
ensino do presente estudo. Estudo durante três meses, a lista foi cumprida em 39,7% dos
procedimentos cirúrgicos realizados10.
Observou-se que nos anos estudados a média de adesão ao checklist nas
cirurgias indicadas foi de 78,48%, enquanto em outra investigação encontrou-se média
de adesão de 60,8% em 375 cirurgias analisadas11. Verificou-se, também que em
diferentes partes do mundo, como na Espanha, a adesão ao checklist foi superior a 80%
das cirurgias analisadas (n=90)28 em um estudo que abrangeu nove hospitais. Já na
Améria do Norte foi de 98,8% das cirurgias realizadas29. Assim, os achados desse
estudo suplantam resultados em outros estudos brasileiros, contudo abaixo que países
desenvolvidos.
17
Discussão
A adesão do checklist recomendado pela OMS envolvendo 69 países
evidenciou que esta é variável entre países, especialmente nos de média e baixa renda,
onde tem-se o maior potencial para melhorar a segurança do paciente. A avaliação
crítica dos benefícios relacionados ao checklist de cirurgia segura pode impulsionar a
sua sua adoção por lugares que não o utilizam atualmente.30
Destaca-se a necessidade de maior adesão a aplicação dessa ferramenta, visto
que o uso do checklist já resultou uma redução de 11% para 7% da ocorrência de
complicações em pacientes cirúrgicos e uma diminuição de mortalidade de 1,5% para
0,8% com a adoção do mesmo8.
As possíveis falhas no processo identificadas na aplicação da FMEA, se
assemelham as falhas no processo de aplicação do checklist encontrado em outro
estudo, onde o baixo número de aplicação da lista de verificação cirúrgica, apontou a
falta de conscientização dos profissionais, falta de recursos adicionais e mudanças para
sistemas clínicos de cada serviço.15 Também, investigação americana sugere que pode
estar ligado a liderança local e o apoio da equipe para a implementação bem sucedida
do mesmo 30.
Ainda nesse estudo, para identificar as falhas na aplicaçao do checklist, foi
utilizada e incorporada à FMEA, o brainstorming , que é uma técnica criativa que
estimula a equipe de trabalho a gerar o máximo possível de idéias em um curto espaço
de tempo.
O FMEA propociona a empresa uma forma sistemática de catalogar
informações sobre as falhas que ocorreram, conhecimento aprofundado dos problemas
que acontecem no processos, possibilidade de elaborar ações de melhoria do processo,
diminuição de custos por meio da prevenção de ocorrência de falhas e benefício de
18
Discussão
incorporação dentro da organização a atitude de prevenção de falhas, visando a
cooperação e trabalho em equipe e satisfação e seguranças dos clientes. Gerando assim
um indicador para monitoração da qualidade do processo.32-33
Assim, entende-se que o monitoramento desse indicador é imprescindível para
gerar a segurança ao paciente cirúrgico, bem como o uso do FMEA que é uma
ferramenta preventiva para redução de erros nos procedimentos cirúrgicos.
Um dos fatores limitantes desse estudo diz respeito ao ambiente de prática
investigado por não aplicarem o checklist em todo o procedimento cirúrgico como
recomendado pela OMS. Também, a dificuldade de acesso a todas as equipes cirúrgicas
(médicos, técnicos e enfermeiros) restringiu a aplicação da FMEA a um pequeno
número de profissionais. Contudo, esse estudo contribui com um avanço na literatura
por utilizar a ferramenta FMEA para propor melhorias ao paciente cirúrgico; uma vez
que na literatura consultada, há ausência de estudos sobre a estratégias de melhorias
através da utilização de uma ferramenta preventiva como a FMEA relacionada a esse
indicador.
20Conclusão
Os achados desse estudo mostrou que esse indicador está acima dos relatados na
literatura brasileira e que foi possível com a FMEA determinar ações que minimizem ou
eliminem modos de falha em potencial em procedimentos cirúrgicos gerando aumento
de confiabilidade e qualidade do serviço prestado.
Referências
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PENICHE, Aparecida. A cultura de segurança do paciente na adesão ao protocolo
da cirurgia segura. Rev. SOBECC, v. 20, n. 3, 2015.
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Brasileiro de Cirurgiões. 2009, 36(4), 281-282.
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brasileiros. Revista Brasileira de Ortopedia. 2013. 48(6), 554-562; 2013;
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