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sardo, o rético, o provençal, o catalão, o franco-provençal e o dalmático) provêm de uma variedade do latim, o chamado latim vulgar (popular), muito diferente do latim culto. A variação linguística é inerente ao fenômeno linguístico. As línguas têm formas variáveis porque as sociedades são divididas em grupos: há os mais  joven s e os mais velho s, os que habitam uma região ou , outra, os que têm esta ou aquela profissão, os que são de uma ou outra social e assim por diante. Dizer que o português (o espanhol, o francês, etc.) é uma língua constitui uma abstracão, um a generalização. O que, de fato, existem são tantos falar es qu anta s comunidades ou colet iv ida des (unificadas por cara cter ísticas geográficas ou sociais). Em sentido estrito há tantas variedades lingüísticas quanto indivíduos. Mais ainda, em cada indivíduo coexistem ou podem coexistir diferentes modalidades ou registros ou estilos linguísticos... Uma característica de todas as línguas do mundo é que elas não são unas, não são un ifor mes, mas apresentam variedades, ou seja, não são faladas da mesma maneira por todos os seus usuários. Muitas pessoas dizem que isso ocorre na nossa língua, porque "os brasileiros não sabem direito o português". Não é verdade, todas as línguas apresentam variações: o inglês, o francês, o italiano etc. Também as línguas ant igas tinha m variações. O português e as outras línguas românticas (o francês, o italiano, o espanhol, o 1 VARIABILIDADE LINGUÍSTICA 1.1 Níveis de variações Os dois aspectos mais facilmente perceptíveis da variação lingüística são a pronúncia e o vocabulário. No entanto, a variação ocorre em todos os níveis da língua. 1.1.1 No nível dos sons: o l final de sílaba é pronunciado como c o n s o a n t e pelos gaúchos, enquanto em quase todo o restante do Brasil é vocalizado (pronunciado como um u); o r final de sílaba é pronunciado de maneira bem distinta por um carioca e por uma pessoa do interior de São Paulo; em certos segmentos sociais, troca-se o l pelo r (diz-se arto e não a lto). 1.1.2 No nível da morfologia: conjugam-se muitas vezes, por analogia, os verbos irregulares como regulares (ansio em lugar de anseio, se eu repor em lugar de se eu repuser, manteu por manteve); às vezes se usa a forma do presente do subjuntivo em vez do equivalente do presente do indicativo (nós 07/11/2009 09/11/2009 A Variação Linguística AJES - Faculdades do Vale do Juruena Curso de Pós-Graduação em L inguística Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira Disciplina: sociolinguística Carga horária: 26 horas Professor(a): Dirley Aparecida Zolletti Zanerato

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    sardo, o rtico, oprovenal, o catalo, ofranco-provenal e o

    dalmtico) provm deuma variedade do latim,o chamado latim vulgar( p o p u l a r ) , m u i t odiferente do latim culto.A variao lingustica inerente ao fenmenolingustico.As lnguas tm formasvariveis porque associedades so divididas

    em grupos: h os maisjovens e os mais velho s,os que habitam umaregio ou , outra, osque tm esta ou aquelaprofisso, os que sode uma ou outra sociale assim por diante.

    Dizer que oportugus (o espanhol, ofrancs, etc.) uma

    lngua constitui umaa b s t r a c o , u m ageneralizao. O que, defato, existem so tantosf a l a r e s q u a n t a sc o m u n i d a d e s o uc o l e t i v i d a d e s( u n i f i c a d a s p o rc a r a c t e r s t i c a sgeogrficas ou sociais).

    Em sentido estrito h

    t a n t a s v a r i e d a d e sl ings t icas quantoindivduos. Mais ainda,em cada indivduocoexistem ou podemcoexist i r diferentesmodalidades ou registrosou estilos lingusticos...

    Uma caracterstica de

    todas as lnguas domundo que elas noso unas, no so

    u n i f o r m e s , m a sapresentam variedades,ou seja, no so faladasda mesma maneira portodos os seus usurios.Muitas pessoas dizemque isso ocorre na nossalngua, porque "osbrasileiros no sabemdireito o portugus". No verdade, todas as

    l nguas apresentamvariaes: o ingls, ofrancs, o italiano etc.Tambm as lnguasa n t i g a s t i n h a mvariaes. O portugus eas ou t ras l nguasromnticas (o francs, oitaliano, o espanhol, o

    1 VARIABILIDADE LINGUSTICA

    1.1 Nveis de variaes

    Os dois aspectos maisfacilmente perceptveis davariao lingstica so apronncia e o vocabulrio.No entanto, a variaoocorre em todos os nveisda lngua.

    1.1.1 No nvel dos sons: ol final de slaba p r o n u n c i a d o c o m oc o n s o a n t e

    pelos gachos, enquanto emquase todo o restante do Brasil vocalizado (pronunciadocomo um u); o r final deslaba pronunciado demaneira bem distinta por umcarioca e por uma pessoa dointerior de So Paulo; emcertos segmentos sociais,troca-se o l pelo r (diz-se artoe no alto).

    1 .1 .2 No n v e l d amorfologia: conjugam-semuitas vezes, por analogia,os verbos irregulares comoregulares (ansio em lugar deanseio, se eu repor emlugar de se eu repuser,manteu por manteve); svezes se usa a forma dopresente do subjuntivo emvez do equivalente dopresente do indicativo (ns

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    A Variao Lingust ica

    AJES - Faculdades do Vale do Juruena

    Curso de Ps-Graduao em Lingustica Aplicada ao Ensino de Lngua Portuguesa e Literatura Brasileira

    Disciplina: sociolingustica

    Carga horria: 26 horas

    Professor(a): Dirley Aparecida Zolletti Zanerato

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    fiquemos em vez de ns ficamos).

    1.1.3 No nvel da sintaxe: em certos segmentos sociais e em certas situaesno se realiza a concordncia verbal ou a nominal (eles bebeu muito naquelanoite; os home); em algumas regies do pas, usam-se formas prprias da sintaxe do italiano (somosem seis, passo da sua casa); muitas vezes, o pronome relativo, principalmente cujo, substitudo porum que, sem valor pronominal, e a funo sinttica que deveria ser expressa por ele manifestadapor outro termo (diz-se "A moa que os olhos dela so verdes veio aqui ontem" em lugar de "A moacujos olhos so verdes veio aqui ontem).

    1.1.4 No nvel do lxico: difano empregado em situaes de uso de umalinguagem muito culta; cassaco um termo utilizado no Nordeste para trabalhador de estrada ou de

    engenho; em Portugal, diz-se comboio em lugar de trem, e mido em vez de criana.

    Nveis de variaes

    1.2 Tipos de Variaes

    1.2.1 Diatpicasso as variaes que ocorrem de uma regio para outra. Ex.:

    Dicionrio lnternacional da Lngua Mineira

    Fala de minerim assim mzz, estes so alguns mandamentos da lngua portuguesados mineirin de Belzonte, Berlndia, Beraba, Brazpis, Vairginha. Guvinadoir Valadairs,Mons Clares, Patinga, Paris(Parizpis), Piranguim, Tajub, Tabira, etc...

    UAI indispensvel: O que significa UAI ? UAI UAI, UAI...

    Usar sempre "i" no lugar de e: (Ex.: MININO, ISPECIAL EU I ELA VISTIDO).

    Dizer MZZ? quando quiser uma confirmao. Se quiser chamar ateno digasimplesmente l QUI. Se estiver com fome coma PO DJI QUEJJ. Ex.: dois PO DJI QUEJJe duas CIRVEJJ Na falta de vocabulrio especifico utilizar a palavra TREM que serve prtudo, exceto como meio de transpor-te ferrovirio. Neste caso, TROO.

    ONZZ o meio de transporte coletivo rodovirio. Ex.: L vem o ONZZ. Se aprovar alguma

    coisa solte um sonoro MAIS QUI BELZZ!Pr fazer caf, primeiro pergunte PPP? Achou pouco ficou ralo? Pergunte: PP

    MAPOQUIM DIP?Se voc no sabe onde est e nem para onde vai, pergunte simplesmente:

    ONCOT? PRONCOV? PRONISVAI. Se no estiver certo de comparecer, digasimplesmente CONFF EU V, que quer dizer: conforme for, eu vou.

    Se o motivo da dvida for algo que voc tem que fazer, explique, :"Vou fazer um NIGUCIMe volto logo".

    Ao procurar algum que concorde com voc, dispare um NMZZ?Use a expreso aumentativa DIMI DA CONTA. Ex

    ISS BO DIMI DA CONTA, C BOBO DIMI DA CONTA.

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    pra iniciar uma exclamao. Nem sem-pre necessrio complemento Ex.: RAPAAAI RED:

    Mesma coisa de RAST. Ex.: JUDA RED ESS TREM AQUI ..Ao terminar uma frase, con-clua com a palavra S. Se tiver falando com uma mulher, en-to

    diga S.

    Se algum der cinco, supere e diga, DOSSIS ou I quandoc fica impressionado com alguma coisa

    oc isclama: N!!

    1.2.2 Diastrticasso as variaes decorrentes de um grupo social para outro. Ex.:

    O FAX

    Um gerente recebeu o seguinte fax de um dos vendedores:

    -"Seo Gomis, o criente de belzonte pidiu mais cuatrocentas pessa. Faz favor toma as providenssa.

    Abrasso,

    Nilso"

    Aproximadamente uma hora depois recebeu

    - "Seo Gomis, os relatrio de: venda vai xega atrazado proque to fexando umas venda. Temo que manda

    treiz miu pessa. Amanha to xegando.

    Abrasso,

    NilsoO gerente ficou muito preocupado, e levou ao presidente da empresa as mensagens que recebeu

    do vendedor. O presidente, um homem muito preocupado com o desenvolvimento da empresa e

    dos funcionrios, escutou atentamente o gerente. Disse que sabia o que fazer. E logo depois

    redigiu uma carta de prprio punho que afixou no mural da empresa juntamente com o fax do

    vendedor.

    -"Daki pra dianti nis vamo faze feito o Nilso. Si preocupa menos em iscrev serto e vende maiz.

    Acinado,

    O Presidenti.

    1.2.3 Diafsicasso as variaes que ocorrem de uma situao de comunicao para outra. Ex.:

    Um homem magro, de bigodinho e cabelo glostorado, apareceu:

    Ah, comissrio Pdua... Que prazer! Que alegria!

    No quero papofurado, Almeidinha. Quero falar com Dona Laura.

    Ela no momento est ocupada. No pode ser comigo?

    No, no pode ser com voc. D o fora e chama logo a Laura.

    Vou mandar servir um uisquinho.No queremos nenhum uisquinho. Chama a dona.

    Tipos de Variaes

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    Diacrnicas so as variaes de uma poca para outra. Ex.:

    - Ai flores, ai flores do verde pino,

    se sabedes novas do meu amigo?

    Ai, Deus, e u ?

    Ai flores, ai flores do verde ramo,

    se sabedes novas do meu amado?

    Ai, Deus, e u ?Se sabedes novas do meu amigo,

    aquele que mentiu do que ps comigo?

    Ai, Deus, e u ?

    Se sabedes novas do meu amado,

    aquele que mentiu do que m' jurado?

    Ai, Deus, e u ?

    Cada uma das variedades lingsticas pode apresentar-se na modalidade escrita ou na falada.

    Pode-se pensar que a escrita seja a transcrio da fala. No, a relao entre elas mais complexa.

    So duas modalidades distintas de linguagem. No processo de comunicao, produz-se uma

    mensagem, para que seja recebida (lida ou ouvida) por algum. Na fala, o texto recebido pelo

    outro, enquanto vai sendo produzido; na escrita, a recepo ocorre depois da produo. Naquela, o

    interlocutor vai ouvindo o texto, medida que ele composto. Nesta, o texto lido depois que

    est pronto. Dai decorrem as seguintes distines na organizao dos textos falados e escritos: Afala se d dentro de uma dada situao de interlocuo; a escrita ocorre fora dela.

    Tipos de Variaes

    1.3 As diferenas entre a fala e a escrita.

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    Um ato de comunicao ocorre entre dois participantes, num dado lugar e num determinado tempo.

    Isso chamado cena enunciativa. Na fala, quando se diz eu, aqui, agora, por exemplo, o ouvinte

    sabe quem est falando, que lugar aqui ou quando agora. Alm disso, entende as frases que se

    referem situao. Se algum est jantando e diz que a cozinheira est sem paladar, seu interlocutor

    compreende que ele quer dizer que falta tempero ou que h tempero em excesso na comida. Na

    escrita, preciso recriar a cena enunciativa e a situao de interlocuo, para que o leitor saiba, por

    exemplo, quem est falando, que dia , quando algum diz hoje, e para que compreenda os sentidos

    relacionados situao (assim, no caso da frase acima preciso explicar que os interlocutores

    estavam jantando e que um, quando ps uma colher de sopa na boca, disse que a cozinheira estava

    sem paladar).

    Na fala o planejamento e a execuo do texto so simultneos. Por isso, o texto falado cheio de

    pausas, frases truncadas, repeties, correes, perodos comeados e abandonados para comear um

    outro, desvios e voltas, aceleraes. O texto escrito no contm marcas de planejamento e de

    execuo. Elas so retiradas dele. Apresenta-se o produto pronto e no em elaborao como na fala.

    Na fala alternam-se os papis do falante e do ouvinte. Por isso, o ouvinte pode interromper o falantee tomar a palavra, o falante pode usar estratgias para segurar a palavra, precisa buscar a anuncia

    do ouvinte (dizendo, por exemplo, n?, certo?, c no acha?), solicitar sua colaborao (dizendo,

    por exemplo, como mesmo que se diz?). Na escrita no h essa possibilidade de alternncia, pois,

    mesmo que se crie um dilogo, ele ser uma simulao de conversa e no um dilogo real, com

    interrupes, tentativas de no deixar o outro tomar a palavra etc.

    Na fala os perodos so mais curtos e simples. Na escrita, mais longos e complexos. Usam-se mais

    oraes subordinadas. O texto escrito divide-se em pargrafos, captulos etc., que contm unidadesde sentido. O texto falado recortado em turnos, isto , cada interveno de cada interlocutor, e

    em tpicos, ou seja, assuntos de que se fala.

    Na modalidade falada h um envolvimento maior de um interlocutor no texto do outro. Eles

    colaboram, envolvem-se no processo de elaborao do texto, dizem que compreenderam, concordam

    com a continuao da fala etc. Usamos certos marcadores conversacionais para isso (por exemplo,

    hum, hum; certo; claro; ah, sim). O falante, por sua vez, monitora nosso acompanhamento (por

    exemplo, voc t me entendendo?). Se numa conversa telefnica ficamos s ouvindo, semmanifestar nenhum acordo, o outro logo nos pergunta: voc est ouvindo? Faz isso, porque da

    natureza da fala a participao, o envolvimento. Na escrita, isso no ocorre.

    As diferenas entre a fala e a escrita.

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    1 O texto da tirinha abaixo pretende representar uma situao de interao bastante comumentre me e criana em um determinado momento da aquisio da linguagem oral:

    Das afirmativas a seguir, a nica INCORRETA :

    (A) A maneira como o dilogo foi redigido no a mais adequada, porque nessa situaoespecifica de interao a primeira fala da me normalmente seria "desenhei", e no "voc".

    (B) A resposta da criana, no ltimo quadrinho. faz supor que ela j consegue distinguir

    adequadamente as pes-soas do discurso.

    (C) Nesse momento da aquisio da linguagem a criana est mais voltada para a marcaodas pessoas do discurso do que para a correlao entre os pronomes pes-soais e a flexoverbal.

    (D) O autor da tirinha sups que a criana tem mais problemas com a escolha dos pronomespessoais do que com a flexo de pessoa nos verbos.

    (E) As crianas, durante a aquisio da linguagem, no costumam dizer eu desenhou, pois

    guiam-se exclusivamente pelo que ouvem na fala dos adultos com quem interagem.

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    2. A formao de um profissional de Letras deve capacit-lo a abordar o texto em

    diferentes nveis e a partir de diferentes perspectivas. Por isso, as questes desta provaremelem a textos que se caracterizam por explorar aspectos diversos, relacionados aforma e ao uso que a linguagem adquire em diferentes gneros e situaes.

    Instrues: Para responder as questes de nmeros 1, 2. 3 e 4, considere a cartaabaixo, de autoria de um estudante de segundo grau enviada a um especialistaem lngua portuguesa que assina uma coluna em um rgo da imprensa.

    Belo Aprazvel. 26 de outubro de 1999.Ilimo. Senhor,

    ASSUNTO: Uso de "a gente" como pronome do caso reto eu e ns.

    Muito timidamente, algumas figuras no cenrio da gramtica normativa tem seexpressado desfavorvel ao uso do "a gente" como pronome do caso reto.

    Os professores concordam que dentro do dilogo entre pessoas possivel exprimir-sesem maiores complicaes. No entanto, so visceralmente contra grafar, na redao, estesdois vcbulos. Segundo eles, constitui-se erro mesmo.

    Assistindo ao Bom Dia So Paulo, 25/10/99, perdi a conta de tantos "gente"pronunciados no trabalho da reprter. Salvo engano, ela falou umas vinte vezes. (...)

    Como estudante, estou preocupado. Se os expoentes mximos deixaram-se levar poresta onda antigramatical, no estaramos caminhando para a deteriorao da gramticanormativa? Estaramos vivendo uma nova contra revelia?

    Foi atravs das primeiras aulas de gramtica do vestibulando bem como das aulas degramtica do Telecurso 2000, que a inoidncia tornou-se aparente (os professorescomportam-se como verdadeiros gramticos. Logo aps, desandam a destruir o quepropuseram).(...) Sua manifestao ser uma enorme chance para eu conhecer mais sobre a mobilidade donosso idioma.

    Atenciosamente.

    O.F.Em relao ao fato, mencionado na carta, de professores ensinarem a forma "ns" e

    usarem a forma "a gente", correio afirmar, de uma perspectiva sociolinguistica, que eles:

    distinguem adequadamente os graus de formalidade sociados a diferentes contextos deuso da oralidade e da escrita.

    desconhecem as regras de uso dos pronomes pessoais em portugus. Apresentam um comportamento linguistico incoerente, variando aleatoriamente no uso de

    "ns" e de "a gente". insistem no ensino de formas em desuso na lngua, embora usem eles mesmos, formas

    inovadoras. tm dvidas quanto maneira correia de se expressar diante de seus alunos,

    pois no tiveram uma boa formao pedaggica.

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    3 A praia de frente pra casa da v

    [1] Eu queria surfar. Ento vamo nessa: a praia Ideal que eu realizo no casoparticularizado de minha pessoa, em primeiramente, seria de frente para a casa da v,com vista para o meu quarto. L ter uma plantaozinha de gua de coco e, invs de choser de areia, eu botava uns gramado presidente. Assim eu, o Z e os cara no fica grudandoquando vai dar os rol de Corcel II l na minha praia dos meus sonhos, ia rolar vras vs euma p de tia Anastcia fazendo umas merenda nervosa! Uns sorveto sarado! Unsmingauzo federal! Umas vitaminas servida! X-tudo! X-calabresa Cebola Frita! Xister McTonys e gemada vontade prs brother e pras neneca, Tudo de grtis! As mina,exclusive, ia idrolatar surfistas chamados Peterson Ronaldo Foca conhecidentemente

    como no caso da figura particularizada da minha pessoa, por exemplo). Pra ganhar asdeusa, o xaveco campeo seria... o meu: 'E ais, Nina (feminina)? Qual teu C.E.P.? Tua tiaj teve catapora? E teu tio? E tua av? Uhu!! J ganhe!! E se ela falasse: "Vai procurar a tuaturma, minha turma estaria bem do meu lado, pra eu no ficar procurando muito![2] Exclusive, eu queria surfar, mas na praia ideal dos meus sonho (aquela que eudesacreditei, rachei o bico e falei "nooossa!) No haveriam tubares. (Haveriam porque vrios tubares!). A Eu, o Z e os Cara, Panelei ros and Friends Association" iaencarregar o colocamento de placas aleatrias com os dizeres: 'Sai fora. tubaro: C numsabe quem c . E os bicho ia dar rea rapidinho! C acha, jovem?! Nis num quer ficarque nem um calega meu, O Cachorro, da Associao dos Surfistas dePernambuco, umas entidade sem p nem cabea! Ento vamo nessa: na praia dos sonhosque eu falei o sooonhor, teria menas gua salgada! (Menas porque gua feminina!) Eu iaconseguir iar em p na minha triquilha tigrada, sair do back side, subir no lip, trabalhar aespuma, iiihaa!! Meus ps ia grudar na parafina e eu ia ficar s l: dropando os tubo e fazendopose pras tiete, dando umas piscada de rabo de olho e rasgando umas onda de 30 metros(tudo bem, vai! Um metro e meio...). Mesmo sem abrir a boca, eu ia ser o centro das atenese os reprter ia me focalizar com non, luz estetoscpica robotizada e uns show de raiolazer!!. De 18 concorrentes, eu ia sagrar dcimo stimo, porque um esqueceu a prancha.(Tamm, o cara marcou!) E as mina s l: "Uhu!! Foca animal!! Focaliza o Foca!! O cara oprpio gal de liud![3] Exclusivamente, eu queria surfar, dai os carinha da Repblica me pediram pra falar na

    revista, a v tirou um pelo de mim: C nunca vai falar na revista, Peterson Ronaldo! Dai eufalei: Artigo?? Eu? E comigo! T limpo. Eu j apareo no rdio! Por que eu no posso falar narevista?! Ento vamo nessa de novo: eu queria pensar, mas eu nem to ligado nesseslance de utopia... Dormir na pia... Supermetropia! Esses lane a quem pensa o Z! Euqueria escrever! Em smula: eu parei de pensar, agora eu s surfo! Consequentemente,Peterson Foca.

    3.1 Com relao s formas vrias. nooosa e sooonho, observa-se que:

    I. Os autores do texto procuram suprir a falta de smbolos especficos, na escrita, para representarfenmenos prosdicos como contornos entonacionais ascendentes acoplados ao alongamento voclico.

    II. A repetio de vogais constitui uma tentativa, por parte autores de representar na escrita, diferenasda pronncia relativas qualidade das vogais tnicas dessas palavras.

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    correto o que se afirma APENAS em(A) I(B) II(C) III(D) I e II(E) I e III

    3.2 Sobre as explicaes entre parntesesHaveriam porque vrios tubares e Menasporque gua feminina, correto afirmar que os

    autores do texto.(A) embora procurem representar um jargo desurfistas, preocupam-se em fazer uso corretodas regras de concordncia verbal e nominal dalngua portuguesa.

    (B) ao produzirem erros de concordncia,caracterizam a personagem Peterson Focacomo falante de uma variedade do portugusassociada somente a surfistas.

    (C) ao proporem tais explicaes, fornecem osmotivos que levam muitas pessoas a flexionar,nesses contextos, o verbo haver e o advrbiomenor

    (D)ao atriburem erros de concordncia a umsuposto surfista, procuram associar aos surfistasem geral a imagem de no escolarizados.

    (E) ao empregarem as formas haveriam emenas, os autores do texto evidenciam seudesconhecimento das regras de concordncia

    verbal e nominal da lngua portuguesa.

    3.3 Analisando construes como:

    Na minha praia dos meus sonhos [1] e Na praiaideal dos meus sonho [2] Uns mingauzo federal![1] e Umas vitaminas servida! [1]

    Meus ps ia grudar na parafina [2] e Os carinhada Repblica me pediram pra falar na revista [3]

    e considerando que os estudos de sociolingusticademonstram que h variao no uso de regras de

    concordncia verbal e nominal, observa-se que:

    I. Os autores do texto so inconsistentes namaneira de representar o funcionamento dasregras de concordncia nominal e verbal nojargo que eles associam aos surfistas.

    II. Os autores do texto variam intencionalmente amaneira de representar o funcionamento dasregras de concordncia nominal e verbal, porqueassim falariam os surtistes.

    III. Os autores do texto propem uma regra

    consistente de marcao da variao de nmero,flexionando apenas um elemento do sintegma.

    correto o que se afirma em

    (A) I, apenas

    (B) II, apenas

    (C) III, apenas

    (D) I e III, apenas

    (E) I, II e III.

    4 Voc poder ser solicitado(a), algum dia, aexplicar a ocorrncia de dados como osdestacados no texto, ocorrentes nas primeirasescritas infantis:

    Eu tenho um jardim com

    uma roza chamada

    vera Prima umtla eu fui pega arroza

    eantro umlspim nomeupe

    (T., 1'srie)

    Observe os dados em destaque no texto econsidere as se-guintes afirmaes:

    I. A criana comete erros ortogrficos porqueno perce-beu, ainda, que as letras devemsempre representar a pronncia das palavras.

    II. A criana troca as letras porque ainda noaprendeu que a cada fonema da lngua

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    III. A criana ainda no domina, na escrita, o critrio morfolgico de colocao dos espaos embranco en-tre as palavras

    A correta explicao para a ocorrncia dos dados destacados est em:

    (A) I, apenas

    (B) III, apenas

    (C) I e II apenas

    (D) I e III apenas

    (E) I, II, III

    5

    L1 No bem comunicao, transporte.

    L2 Pr mim . Ainda...

    L1 Transporte, no. acho comunicao...

    L2 Voc comunica diferentes pontos da cidade quandovoc ... sabe? faz com que pessoas que antes teriamacesso ou mais difcil, ou no teriam ... de um pontopara outro...

    L1 No... Mas vem dai conotao de comunicao, hein?

    L2 Ahn ahn.

    L1 Isso ai seria um...

    L2 mercrio, (n)

    L1 ... diferente ... certo?

    L2 Mas em suma, acho que ... sabe, est ligado a todo

    um contexto de ... que...L1 Tira tira tira o contexto do humano essa comunicao... Comunicao de transporte comunicao no humana. n? ... Por exemplo voc estem guerra o im-portante voc acabar com as comunicaes ... n?

    Ento ... voc destri uma ponte e fica isolado assim

    da... (Projeto NURC/SP)

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    O texto reproduz um trecho da conversao entre dois locutores. L1 e L2. A afirmaocorreta a respeito dele :

    (A) No ocorre comunicao entre os interlocutores porque as falas esto fragmentadas eno h desenvolvimento de um tpico.

    (B) H comunicao entre os interlocutores porque ambos esto situados num mesmocontexto e partilham de conhecimentos comuns, o que permite os truncamentos e asomisses.

    (C) No h comunicao entre os interlocutores por causa dos truncamentos e das frases

    que no obedecem ao padro estabelecido pela gramtica da norma culta.(D) Ocorre comunicao entre os Interlocutores porque h muita repetio de termos, hfrases que se completam umas s outras, e no h digresso em relao ao tpico.

    (E) No h comunicao entre os interlocutores devido presena de frases incompletas ede digresso tpica.

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