- O Lírio Dos Rochedos - Julia No. 389

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    Ttulo: O Lrio dos RochedosAutor: Maura McGivenyJulia 389Ttulo original: The Right Time!ados da edi"#o: $ditora %ova &ultural' (#o )aulo' *98+G,nero: romance!igitali-a"#o: .ernando Jorge Alves &orreia

    &orrec"#o: $dith (uli$stado da o/ra: corrigida%umera"#o de 01gina: roda0,

    $sta o/ra 2oi digitali-ada sem 2ins comerciais e destinase unicamente 4leitura de 0essoas 0ortadoras de de2ici5ncia visual )or 2or"a da lei dedireitos de autor'este 2icheiro n#o 0ode ser distri/udo 0ara outros 2ins' no todo ou em0arte' ainda 6ue gratuitamente

    &o0yright: Maura McGivenyTtulo original: The Right Time)u/licado originalmente em *98+ 0ela

    Mills7oon Ltd' Londres' nglaterraTradu"#o: Maria Antonietta (cara/ello&o0yright 0ara a lngua 0ortuguesa: *98+ $ditora %ova &ultural Ltda (#o )aulo &aia )ostal 3;$sta o/ra 2oi com0osta na Linoart Ltda e im0ressa na !ivis#o Gr12ica da$ditora A/ril (A.oto da ca0a: RJ7

    &A)Algumas mulheres s#o como o lrio do rochedo: raras na /ele-a'resistentes na tenacidade>

    !anielle 2itava incr,dula a 0arede da sala de es0era do hos0ital %#oconseguia acreditar 6ue estava de volta (eus 0ensamentos enveredavam 0ordi2erentes caminhos'ao mesmo tem0o 6ue suas emo"?es a deiavam transtornada &ul0a e raiva'medo e deses0ero %#o 0odia de2inir o 6ue sentia na6uele momento deang@stia)or 6ue s agora voltavaB )or 6ue tinha 0artido sem uma @nica e0lica"#o4 2amliaB $ram tantos os >0or 6ue> sem res0ostas' 6ue ela estavadesorientada(e o 0ior acontecesse e nunca mais visse a m#e' 2atalmente seria0erseguida 0ela lem/ran"a das 0alavras n#o ditas e 0elo sentimento decul0a Tome' !ani lem/ravase da m#e di-endo com um sorriso coraCoso' 0ouco

    antes de ir 0ara a en2ermaria' ao tirar a alian"a e coloc1la no dedo da2ilha Duero6ue a use no caso de algo 0ior acontecer comigo esta noiteO cora"#o de !anielle 6uase 0arou ao olhar 0ara o anel ainda /rilhantede0ois de tantos anos e tentou recon2ort1la: Ora' mam#e' um im0lante de 0onte de sa2ena' hoCe em dia' , uma o0era"#ode rotinaE al,m disso' o m,dico 2e- todos os eames e n#o es0era 6ual6uercom0lica"#oLogo' logo' estar1 /oa como sem0reMuito em/ora a6uele 2osse um dos melhores hos0itais de )erth' !anielle

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    n#o conseguia acreditar nas 0r0rias 0alavras el1 no ntimo o sentimento de 0erda deiavaa cada ve- mais a2lita&ru-ou os /ra"os e come"ou a andar de um lado 0ara o outro' tentando n#o0ensar em nada' mas a imagem da m#e ao tele2onarlhe alguns dias atr1sn#o lhe saa da ca/e"a: )reciso 2a-er uma 0e6uena cirurgia na semana 6ue vem' 6uerida Foc5vir1B

    A notcia ruim atingiua de maneira 2ulminante' a0esar da distncia Duisdar v1rias descul0as' recusar' di-er 6ue n#o 0odia ir' 0or um motivo6ual6uer )or,m n#oconseguiu %#o 0odia a/andonar 6uem havia dedicado tantos anos 0ara cri1la $n2im' era outra vitria da 2amlia !e novo o sangue 2alava acima detodas as vo-es&enas da in2ncia relam0eCaram 0or sua ca/e"a: >%#o v1 /rincar na rua'meu /em>' >(eu irm#o est1 com di2iculdade na li"#o de casa' 0ode darlheuma m#o-inhaB>' >(ua irm# 6uer ir dan"ar com JacH hoCe 4 noite' mases6ueceu 6ue havia 0rometido 4 sra Radnor tomar conta das crian"as Foc5iria no lugar delaB>' >O cachorro do sr $vans 0recisa ir ao veterin1rio'mas ningu,m 0ode lev1lo !isse a ele 6ue voc5 adoraria ir> $stasrecorda"?es estavam t#o claras sua m#e a o0rimia' talve- at, sem se

    dar conta )or 6u5B %#o sa/eria di-er!anielle era a 2ilha mais velha dos Iilliams e sem0re 2ora uma garotamuito meiga e o/ediente' satis2a-endo todas as vontades da m#e $ntreelas eistia uma rela"#o di2erente da de m#e e 2ilha comum =ltra0assavaos limites do res0eito 4 individualidade de cada uma A sra Iilliamsdirigia os atos da 2ilha constantemente' n#o lhe 0ermitindo aindividualidade da escolha' do erro)or,m 0ara Judo h1 um limite e 0ara !anielle este limite se chamou 7enar0er $le 2oi o grande divisor de 1guas de sua vida e a ra-#o de todo ocon2lito com a m#e%#o 0ense mais nisso' disse consigo mesma %#o ia dar certo' /asta ver ara0ide- com 6ue 7en casou com Li//y de0ois (u2ocou as l1grimas 6ue amea"avam surgir $ra s o 6ue 2altava' 0ensar em7en numa hora dessas com grande resigna"#o' em0urrou essas lem/ran"as

    0ara algum canto remoto e escuro de sua mente tentando se concentrar nomotivo de estarali A2inal' em/ora eistissem tantos 0ro/lemas de relacionamento' a m#e0recisava dela' mais do 6ue nunca na6uela circunstncia Duer ca2,' !aniBOlhou 0ara o co0o de 0a0el 6ue Ren,e lhe o2erecia &a2, era a @ltimacoisa 6ue 6ueria no momento' mas na 2alta de um us6ue 6ue a estimulassetentou tomalo 0ara ser agrad1vel com a irm# O/rigada' Ren,eA irm# sorriu maliciosamente 6uando 0erce/eu a velha alian"a no dedo de!anielle: FeCo 6ue continua su/missa aos velhos tru6ues de mam#e Due velhos tru6uesB 0erguntou' 2a-endose de desentendida

    Ora' !ani' mam#e sem0re sou/e agir de 2orma certa 0ara 2a-er voc5 veras coisas como ela 6ueria' n#o ,B &omo essa de terlhe dado o anel'insinuando 6ue talve- n#o resistisse 4 o0era"#o %#o achou estranho 6uen#o o tivesse dado a 0a0ai em ve- de voc5B %#oK %#o achei $u at, 2i6uei muito 2eli- Ora' n#o seCa ing,nua O 6ue mam#e 2e- chamase chantagem sentimental'isso simK Duer 6ue voc5 se sinta cul0ada e conseguiu A est1 voc52a-endo direitinho o Cogo dela' andando de um lado 0ara o outro'0erguntandose 0or 6ue 2oi t#o mes6uinha a 0onto de 0assar tanto tem0olonge da 2amlia ou como 0de a/andon1la 6uando ela 0recisava tanto de

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    voc5EA6uela conversa revelava a 0ersonalidade instigante de Ren,e' 6ue contavacom vinte e tr5s anos' dois a menos 6ue !anielleAs duas irm#s 0ossuam 0ouca coisa em comum' a0esar de serem 0arecidasnos ca/elos castanhos e nos olhos claros Ren,e era uma mo"a inde0endentee dona de um senso 0r1tico /astante agu"ado $ra es0osa de JaeH McLeod em#e de dois meninos ador1veis &om0arada a ela !anielle era uma

    vision1ria romntica Mas Ren,e %#o tem mas' nem 0or6ue Foc5 sa/e /em dissoK (er1 6ue voc5 n#o 0erce/e 6ue estou 0reocu0ada e a2lita 0or causa demam#eB !anielle tentou Custi2icarse Foc5 0ode mentir 0ara todo mundo $nganar 0a0ai' mam#e' a mim ( n#o0ode mentir 0ara si mesma' !ani inadmissvel 6ue voc5 n#o 0erce/a o 6ue mam#e 0retende (e est1 t#o claro 0ara voc5' Ren,e' 0or 6ue n#o me di-B vou di-er' sim senhoraK evidente 6ue ela 6uer 6ue voc5 volte 0aracasa Ainda n#o a 0erdoou 0or ter nos deiado $u tinha 6ue ir %#o 0recisa se descul0ar comigo' eu sei 6ue era inevit1vel ( n#o

    entendo 0or 6ue demorou tanto a tomar essa decis#o Ren,e' meu grande erro com mam#e 2oi n#o conseguir ser o 6ue ela6ueria %#o em a/soluto' !ani Foc5 n#o errou Tem 6ue viver a sua 0r0riavida Duem 0ode cul01la em s# consci5ncia 0ela atitude 6ue tomouB Mam#eestava tentando 2a-er de voc5 uma etens#o dela mesma' isso , 6ue est1errado Foc5 ainda n#o conseguiu entender a verdade de0ois destes seisanos em 6ue esteve a2astada da 2amliaB!anielle n#o acreditava 6ue a irm# tivesse amadurecido tanto neste es0a"ode tem0o e tentou de alguma 2orma Custi2icar a m#e: Mam#e' a0esar de ter errado' ao escolher o 6ue era melhor 0ara mim'agiu com a melhor das inten"?es $ 0rocurou a minha 2elicidade Temos 6ueaceitar e com0reender' 0rinci0almente neste momento t#o di2cil na vidadela

    $stou de acordo eclamou a irm#' eas0erada !esde 6ue voc5com0reenda a realidade e n#o se su/meta Mam#e me mostrou suas cartas)ode t5la enganado' mas a mim voc5 n#o engana )erce/i o deses0ero 6uetentava esconder so/ todas as descri"?es 2loreadas dos lugares ondeesteve e das 0essoas 6ue viu $stava morrendo de vontade de voltar' n#oestavaB Mas n#o 0odia 0or causa de 7en ar0er )or 2avor' Ren,e %#o to6ue neste assunto !anielle olhou em volta0ara certi2icarse dos outros n#o terem ouvidoO 0ai olhava 0ela Canela' as m#os nos /olsos' /rincando com algumasmoedas 6ue 2a-ia tilintar =m 0ouco mais distante' tom' o irm#o' lia umarevista' 2umando distraidamente o cachim/o a0agado A es0osa dele' Nosie'tricotava sem 0arar um8

    ale com as cores mais variadas 6ue se 0udesse imaginar e 6ue a0esar dedi2erentes' com/inavam 4 sua maneira avia outras 0essoas na salaes0erando 0arentes internados no hos0ital' mas ningu,m 0areciainteressado na conversa das duas %#o 6uero 2alar so/re 7en Foc5 n#o 0ode 2ugir' mais cedo ou mais tarde vai ter 6ue encarar estasitua"#o de 2rente Mam#e 6uer voc5 de volta e' se conseguir convenc5la', um 2ato 6ue vai ter 6ue su0erar %#o estou de volta 0ara 2icar a0ertou o co0o com tanta 2or"a 6uechegou a derru/ar ca2, no ch#o Foltarei 0ara (dnei assim 6ue mam#e

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    melhorar %#o en2rentar os 0ro/lemas , enganarse' !aniE s adia o inevit1velFoc5 amava a6uele homem' mas mam#e se inter0s e aca/ou com tudo Foc5 odeiou sem nenhuma e0lica"#o Acha 6ue n#o sei 6ue isso a 0ertur/a'mesmo de0ois de tanto tem0oBE %#o , verdade' C1 es6ueci 7en ar0er h1 muitos anos (e , assim'' 0or 6ue n#o 0ermanece a6ui em )erth ao inv,s de 0assar

    2ome em (dneiB $u n#o 0assei necessidades Duando era di2cil vender meus 6uadros eume virava nos em0regos mais estranhos' , verdade' mas nunca me 2altounada Al,m do mais' gosto de (dnei' todos gostamE , a @nica cidade daAustr1lia so/re a 6ual n#o restam d@vidas viva' vi/rante' cheia deenergia' e nunca 2alta tra/alho $st1 /em' est1 /emK %#o estou interessada em ir 0ara l1 0arte todasas outrasatra"?es' continuo di-endo 6ue o @nico motivo de estar l1 , 7en ar0er!anielle a2astouse e 2oi sentar em outra cadeira )or mais 6ue tentassenegar' a irm# estava certa Fivia no outro lado do 0as 0ara ter a maiordistncia 0ossvelentre ela e 7en L1 nada a 2a-ia 0ensar em como havia sido tola

    A0roveitou a distra"#o de Ren,e' 6ue ouvia a conversa entre tom e o 0ai'0ara recordar o 0assado)or 6ue era t#o Covem 6uando ele entrou em sua vidaB )or 6ue n#o 0odiaser mais velha e mais ca0a- de en2rentar a m#eB )or 6ue n#o tinhaescolhido a 2elicidadeB A m#e estava errada 6uando tinha a2irmado 6ue elaera Covem demais 0ara sa/er o6ue era o amor' $la o amavaE na verdade' ainda continuava amandoo7en' 7en' 7enK A6uele nome martelava em sua ca/e"a' en6uanto aslem/ran"as iam 0ouco a 0ouco se tornando mais ntidas $ra t#o /onito esorridente =m homem com 0ersonalidade 2orte e o0ini?es seguras aviaalgo 6ue o di2erenciava dos outros' mas !anielle Camais sou/e 0recisar o6ue era eatamente$stava no meio de um gru0o de meninas 6uando 7en 2oi 4 escola onde elaestudava visitar o irm#o John ar0er' 0ro2essor de matem1tica At, a6uele

    dia' John era a criatura mais 2ascinante 6ue havia conhecido &omo todasas outras alunas da sua classe' adoravao como a um deus$nt#o viu 7en7astou um olhar e algo aconteceu dentro dela =ma es0,cie de em0atia' umaidenti2ica"#o' como se o conhecesse h1 muito tem0o' o 6ue era estranho'0ois nunca o viraantesJohn ar0er trans2ormouse re0entinamente numa nulidadeE todos os outroshomens do mundo em0alideceram' 2icaram insigni2icantes 7en sorriu 0araela e con6uistoulheo cora"#o .oi amor 4 0rimeira vista e tudo em volta deles desa0areceu%a6uele romance Cuvenil' o 0rimeiro de suas vidas' nada 0arecia ter 2im7en 0odia ser a @nica 0essoa no mundo e !anielle n#o sentiria 2alta de

    mais ningu,m' t#o grande era a6uela 0ai#o %#o se cansavam de olhar um0ara o outroLem/ravase da 0rimeira ve- 6ue o vira 7en ar0er 0ossua uma vastaca/eleira escura e sedosa 6ue envolvia a ca/e"a /em 2eita (uasso/rancelhas eram /em delineadasE e do lado direito do rosto havia umsinal de nascen"a' 6ue os dedos de !anielle deseCavam tocar e acariciar$ os olhosB Lindos' amendoados' 0enetrantes' 0areciam enviar uma mensagems 0ara ela' 2a-endoa sentirse corteCada' com as 0ernas /am/as' sem teronde se a0oiar)or 6ue a escolhera entre tantas outras mo"as seria sem0re um dos grandes

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    mist,rios 6ue a vida a0resentava 4 humanidadeAlgumas de suas colegas de classe eram at, mais /onitas e com o cor0omais deseC1vel e atraente !anielle era clara e magra' uma adolescentedesaCeitada' mas mesmo assim 7en a escolhera*P$laK O sorriso de 7en ad6uiriu o charme da 2ascina"#o e !ani 0ensou termorrido e estar no c,u omens inteligentes eram raros na6uela idade e

    n#o costumavama0arecer sim0lesmente desse Ceito' 0elo menos n#o na vi-inhan"a de!anielle Mas l1 estava ele' sorrindo s 0ara elaAinda recordava a inacredit1vel eu2oria 6ue sentiu 6uando 7en a convidou0ara sair %#o se lem/rava onde tinham ido' 0or,m isso n#o im0ortava O6ue valia a 0ena era estar 0erto dele' t#o meigo e com0reensivo Ao ladodele ela sentiase am0arada e 2orte' ca0a- de en2rentar 6ual6uer0ro/lema 7en sa/ia transmitir uma energia 0ositiva e encoraCadora' seusolhos reletiam mist,rios e 0romessas$ o 0rimeiro /eiCo' ent#oB &omo tinha sido divinoK $le tomara o rostodela entre as m#os e 0ousado os l1/ios em sua /oca num /eiCo dedes0edida .oi t#o incrivelmente /elo e de tirar o 2lego 6ue !anielle2icou sem rea"#o' tonta de 5tase !e0ois ele a a/ra"ou suavemente e o

    calor de seu cor0o a contagiou 0or com0leto' mergulhandoa' 0ara sem0re'de ca/e"ano amor$sses 2oram dias maravilhosos em 6ue era Covem e a0aionada 7en 2oicon6uistando o caminho de sua vida' de seu cora"#o' mente e alma era suaoutra metade' a 0arte vital 6ue a com0letava e a 2a-ia sentirse inteiraO mundo lhe 0ertencia e estava ao alcance da m#o %#o havia nada 6ue n#o0udesse ser com 7en vislum/rava uma realidade totalmente m1gica' ondetudo' tudo mesmo' era 0ossvel $le 0ossua grandes as0ira"?es e' em/oran#o lhe contasse todas' algumas 6ue havia com0artilhado com ela 2a-iamcom 6ue o olhasse admirada $ram 0lanos am/iciosos' mas n#o grandiososdemais7en n#o era 0o/re' s n#o tinha dinheiro su2iciente 0ara alcan"ar o 6ue6ueria' 0or,m n#o 0ermitiria 6ue 0o/re-a material o im0edisse' 0ois

    so/ravalhe ri6ue-a do es0rito !anielle acreditava nele $ra 7en ar0er6ue amava e um dia este homem lhe daria o mundoTodavia tanta 2elicidade durou 0ouco' 0ois sua m#e come"ou a intrometerse %#o , homem 0ara voc5' !ani Mas eu o amo' mam#e** Amor n#o 0?e comida na mesa' minha 2ilha A gente se arranCa 7en , um 0o/ret#o Duer aca/ar como a m#e deleB Felha antes da horaB(em nada na vida' eceto um /ando de crian"as de nari- escorrendo' 0araalimentar Acha o amor su2iciente 0ara construir uma vida a doisB A 2amlia de 7en , tima' mam#e Gostaria dela se tentasse conhec5la'

    sem as suas 0reven"?es Duero mais Muito mais 0ara minha 2ilha' mais do 6ue algu,m 6ue sconseguir1 mantela gr1vida)ara a imagina"#o romntica de !anielle o 2ato de ser a mulher de 7ensoava como o 0araso $ra a maior am/i"#o de sua vida' tornarse a m#edos 2ilhos dele O 6ue mais 0odia 6uerer da vidaB J1 imaginava at, osrostinhos min@sculos' com ca/elos escuros e olhinhos amendoados $ melhor6ue tudo' ela e seus 2ilhos estariam sem0re seguros' cercados 0ela c1lida0rotec#o do amor dedicado de 7en (e tivesse isso' teria tudoMas todos estes sonhos se dissi0aram h1 seis anos' 0ois ela n#o tivera

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    2or"a 0ara en2rentar a m#e na6uela ,0oca e torn1los realidade =m solu"ode ang@stia amea"ou su2oc1la' 0or,m se conteve' tentando a0agar a6uelaslem/ran"as 6ue a 0unham mais in2eli- ainda 7en se 2ora' ela o 0erdera'agora 2a-ia 0arte de seu 0assado e devia continuar assim Al,m disso' arealidade hoCe era outra %#o 0odia es6uecer 6ue seis anos haviam0assado $le 0rovavelmente a des0re-ava 0elo modo como terminara tudo'sem uma e0lica"#o convincente %a6uele relacionamento t#o verdadeiro

    >$st1 tudo aca/ado' 7en' n#o o amo mais> Jamais es6ueceria a6uelas0alavras 6ue a acorrentavam ao 0assado!is0licente' !anielle olhou 0ara a 0orta da sala de es0era e viu o m,dicoda m#e entrar Tratavase de um homem /em a2ei"oado' alto' meio calvo'com um sorriso sim01tico e ainda usando os traCes de cirurgia $la se saiu magni2icamente /em %#o houve com0lica"?es e acho 6ueconseguimos sanar o 0ro/lema %#o deve sentir mais dor da6ui 0ara a2rente' mesmo assim conv,m es0erar os 0rimos dias 0ara termos umdiagnstico mais eato Aceitou o agradecimento aliviado de todos erecomendou ao 0ai*de !anielle 6ue levasse a 2amlia 0ara comer alguma coisa )odem irtran6uilosE ainda vai demorar 0elo menos uma hora 0ara ser trans2erida do

    centro cir@rgicoe ent#o 0oder#o v5la O sr Iilliams res0irou 0ro2undamente e olhou 0araos 2ilhos' com os olhos em/argados 0elas l1grimas A tens#o da es0eracome"ava a desanuviarse 0elo sucesso da o0era"#o e 0ela /oa notciatra-ida (im' doutor' claro $ mais uma ve- o/rigado %#o , 0reciso agradecer Mandarei cham1los assim 6ue a sra Iilliamsestiver instalada AtQ mais tarde e /om a0etite!e0ois 6ue o m,dico se 2oi' Ren,e' tom' Josie e o 0ai se con2raterni-aramnum grande a/ra"o' rindo e chorando ao mesmo tem0o $la vai 2icar /oaK $u estava t#o 0reocu0ada (a/ia 6ue conseguiria (em0re 2oi coraCosa

    !anielle a2astouse um 0ouco 0ara a0reciar melhor a6uele momento decomo"#o' sentindose estranha entre a6uela gente (ua solid#o haviacome"ado h1 seis anos 6uando deiara 7en e crescia 4 medida 6ue as horas0assavamA6uela era sua 2amlia' mas sentiase se0arada deles ( e distante %#otinha conseguido encontrar o caminho de volta e' em/ora estivesse comeles' ali n#o era mais o seu lugarO sr Iilliams' tom e Josie saram da sala !anielleK Ren,e chamou /aiinho$s0antada' ela virouse 0ara a irm# e viu 6ue estava /astante nervosaOlhou na mesma dire"#o e seu cora"#o 6uase 0arou7en ar0er caminhava 0elo sagu#o $ vinha ao encontro delas )or umsegundo' !anielle achou 6ue' de tanto 0ensar em 7en' ele aca/ara se

    materiali-ando diante dela7en ar0er 0arecia tenso e 0reocu0ado e 0rovavelmente n#o as vira' masera ele sem d@vida!anielle lem/rouse de 6ue era muito /onito' mas n#o de tirar o 2lego'como o via nesse momento Aos trinta e 6uatro anos' usava o ca/elo curto'di2erente dos tem0os em 6ue namoravam e nas t5m0oras viamse 2ios0rateados $stava em 0lena 2orma' a cor /ron-eada da 0ele signi2icava 6uedevia 0assar muitotem0o*3

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    ao ar livre' so/ o sol a/rasador da Austr1lia Ainda 0erce/iase o0e6ueno sinal na 2ace direita e a /oca 0arecia mais sensual do 6ue antesDuando ele entrou na sala e 2inalmente a viu' assustouse' mas logoalguma coisa aconteceu em seu ntimo' esca0ando 0or seus olhos 6ue/rilharam e come"ou a sorrir'irradiando alegriaDuando notou o contentamento dele' !anielle sentiu uma estranha ecita"#o

    0ercorrerlhe o cor0o !urante todo a6uele tem0o havia 0ensado 6ue sencontraria acusa"?es6uando voltasse a v5lo 7en continuava 2itandoa' com a6uele sorrisoin2antil' 6ue lhe era caracterstico O mesmo da 0rimeira ve- em 6ue seviramA res0ira"#o de !anielle tornouse o2egante en6uanto tudo a sua volta eraenvolvido 0or uma es0,cie de n,voa e desa0arecia %#o tinha es6uecidonada dele Os olhoscontinuavam iguais em mist,rio' 6uase entor0ecendoa com a intensidade do/rilho (entiuse atrada 0or eles' 6ue 0areciam 6uerer transmitirlhetantas coisas$0erimentou a vontade de num im0ulso atirarse em seus /ra"os e 0edir0erd#o' sa/orear mais uma ve- o calor con2ortante e delicioso de seu

    a/ra"o a0ertado Recordara e0eri5ncia de seus l1/ios a se /eiCarem' murmurando de0ois roucas0alavras de deseCo Mas continuou imvel' im0assvel' 6uase sem res0irar$stavam na sala de es0era de um hos0ital' rodeados de v1rias 0essoas %#oera a0ro0riado /ancar a tola diante de estranhosO sil5ncio entre eles 0arecia intermin1vel A garganta de !anielle estavaseca e todo o cor0o tremia violentamente Todas as emo"?es 6ue conseguirare0rimir durante a6ueles longos anos a2loravam 0ela 0ele eigindo seremli/ertadasE ela 0recisava ser 2orte e se dominar %#o 0ossua mais odireito de am1lo $ra 6uase certo 6ue estava casado e 0ertencia a outramulher Lem/ran"as indeseC1veis num misto de agonia e vergonha 0useramnaenru/escida 7enK deiou esca0ar num 2r,mitoO universo inteiro envolviase na6uela 0alavra adocicada e

    *ele sa/ia .itoua 0or um longo momento' como se tam/,m recordasse 6uetudo entre eles estava aca/ado !ani murmurou com carinho e desalento O 6ue est1 2a-endo a6uiB)ensei 6ue estivesse morando em (dnei $stou' mas voltei 0ara 2icar com minha m#e' 6ue 2oi o0erada hoCe $s0ero 6ue esteCa /em (im' o/rigada !anielle admirou o es2or"o 6ue 7en 2a-ia 0ara indagar0ela sa@de da m#e' a0esar de n#o nutrir nenhuma sim0atia 0ela sraIilliams O m,dico aca/ade sair da sala de cirurgia e disse 6ue tudo correu /em$le es/o"ou um sorriso e s ent#o Sanieile 0de 0erce/er 6ue 7en traCavaum terno a-ulmarinho' de corte im0ec1vel' real"ando o cor0o elegante e

    musculosoA camisa /ranca de seda e a gravata de um a-ul mais claro' assim como ossa0atos de cromo' testemunhavam sua situa"#o 2inanceira' 6ue ele usu2ruacom naturalidademas sem ostenta"#o!anielle sentiuse diminuta em rela"#o a ele' com a cal"a des/otada e acamisa corderosa C1 /astante 0uda nos 0unhos e colarinhos (eussa0atos ent#o' nossaK$stavam em0oeirados e h1 muito n#o viam graa7en havia se trans2ormado num homem de negcios /emsucedido' en6uanto ela

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    sentia 6ue aos olhos dele 0odia 0assar 0er2eitamente 0or uma indigenteDue ironia terrveldo destino (eis anos atr1s a situa"#o era inversa(eus 0ensamentos deviam estar estam0ados no rosto' 0or6ue a irm#a0ressouse em socorr5la' antes 6ue a situa"#o se tornasse mais evidentee com0rometedora 7en ar0erK Due /om v5lo de0ois de todos estes anos O 6ue o tra- ao

    hos0italB$le a2astou os olhos de !anielle' como se sasse de um transe 0ro2undo ecomo se recordasse de onde estava Li//y O /e/, s ia nascer no m5s 6ue vem' mas ela entrou em tra/alhode 0arto (into muito lamentou Ren,e' consciente de 6ue o oitavo m5s ,arriscado em 6ual6uer gesta"#o $s0ero 6ue tudo esteCa /em* %#o o 0ermitiram 2icar com elaB %#o im0ulsivo' segurou a m#o de !anielle !ani' estou me sentindot#o desam0aradoKA etens#o de sua ang@stia atingiua em cheio' 2a-endoa estremecer (e0udesse di-er alguma coisa' algo 6ue 0udesse acalmar sua dor' con2ort1

    lo Mas n#o havianada $ numa hora dessas n#o 0odia estar com ele 7en 0reocu0avasea0enas com a mulher e ela seria uma distra"#o indeseCada!anielle estava dividida entre a ra-#o' 6ue a mandava dei1lo so-inho' e2a-er o 6ue 6ueria' isto ,' 2icar com ele e com0artilhar o 6ue devia sero 0ior momentode sua vidaRen,e aca/ou decidindo 0or ela: $stamos no restaurante do hos0ital' !ani !irei a 0a0ai 6ue resolveu2icar um 0ouco com 7en!anielle sentiu 6ue 7en a0ertava sua m#o' agradecido .oram sentar numso21 0erto da Canela'n@meras ve-es' ela havia 0ensado no 6ue diria 6uando tornasse a v5lo' eagora n#o

    conseguia di-er uma @nica 0alavra Todas as 0erguntas e e0lica"?es n#o0oderiamCusti2icar a6uele momento %#o era hora' nem o local de revelar 6ue nuncatinha deiado de am1lo e 6ue o remorso 6ue a dominava era t#o grande 6uedeseCaria morrerTentou n#o 0ensar como reagiria se 7en lhe 0erguntasse se 0ensava no0assado de ve- em 6uando$le estava inclinado 0ara a 2rente' 2itando o va-io 4 sua 2rente' o rosto01lido e eausto' esmagando a m#o dela entre as suasA alian"a da m#e no dedo de !anielle deveria estar machucandoo Mas ele0arecia n#o se dar conta e ela n#o disse nada' contente a0enas em sentarao seu lado' es0erando6ue sua 0resen"a o aCudasse de alguma maneira

    O tem0o arrastavase lentamente %enhum dos dois 2alava 0or6ue o to6uedas m#os de 7en era mais e0ressivo do 6ue as 0alavras !anielle sa/ia6ue nunca o es6ueceria%esse nterim' 0assos a0ressados soaram no corredor e am/os notaram umm,dico alto e 2orte se a0roimar =sava o uni2orme verde e seu rostodemonstrava 0reocu0a"#o )ara/,ns' 7en Foc5 , 0ai de um menino )or en6uanto est1 naincu/adeira' mas vai sair logo*+ $ Li//yB murmurou' inca0a- de largar a m#o de !anielle

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    O 0arto 2oi di2cil' 0or,m ela resistiu $st1 chamando voc5 7enendireitou os om/ros' aliviado' e seguiu o m,dico 0ara2ora da sala' es6uecendose 0or com0leto de !anielle' 6ue deiou esca0arum sus0iro de seus l1/ios tr,mulos%#o 2icou magoada 0or 7en ter es6uecido de 6ue estava l1 !e certa 2orma'era uma 0uni"#o Custa 1 seis anos ela o havia deiado sem nem olhar0ara tr1s' da mesma maneira como ele 2a-ia agora

    $stava contente 0or v5lo t#o /emsucedido (e havia algu,m 6ue mereciari6ue-a e status' era eleOlhou em volta A sala estava va-ia e l@gu/re' eatamente como sua vidalonge de 7en (dnei nunca 2ora um lar 0ara ela' 0or mais 6ue tentasseconvencerse do contr1rio A volta a )erth e a6uele encontro ines0eradoserviram 0ara demonstrarlhe 6ue n#o 0ertencia a lugar algum'a ningu,m*;&A)

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    %#o adiantava continuar olhando 0ara tr1s $stava casado e tinha um2ilhoE vivia num mundo com0letamente distante do seu e' se continuassesonhando em 0rocur1lo'2atalmente iria desgra"arlhe a vida e isso ela n#o 6ueria $stava nahora de dei1lo 0ara sem0re Agora era uma mulher adulta guiada 0elodiscernimento e as lem/ran"asdeviam /astarlhe

    Ren,e estava com a m#e 6uando !anielle 2oi visit1la num /elo dia docome"o de CunhoTr5s semanas de re0ouso constantemente monitorado tinham conseguidodevolverlhe uma a0ar5ncia 6uase saud1vel A 0ele da sra Iilliams0erdera o tom a-ulado e elaestava sentada na cama com o ale colorido de Josie' a es0osa de tom Oca/elo negro e muito curto' com v1rios 2ios 0rateados' havia sido lavadoe 0enteado' dandolheuma a0ar5ncia sadia Assim 6ue viram !anielle na soleira da 0orta' umsil5ncio re0entino tomou conta do 6uarto Ol1 cum0rimentou !anielle alegremente $stou interrom0endo algumacoisaB %#o' claro 6ue n#o Ali1s' est1vamos mesmo 2alando so/re voc5

    .oi o 6ue 0ensei O m,dico aca/a de di-er 4 mam#e 6ue 0oder1 ir 0ara casa*9amanh# e est1vamos tentando desco/rir um Ceito de convencer voc5 a 2icara6ui %#o era mais 21cil 2alarem comigo diretamenteB $nt#o voc5 2ica' !aniB $st1 dis0osta a voltar 0ara casaB 0erguntou a m#e' ainda incr,dula (im' mam#e !anielle sentou na /eirada da cama' deiandose envolver0or um a/ra"o a0ertado %#o tinha 0erce/ido como estava com saudade detodos voc5s at, voltar 0ara c1 )ortanto' se me aceitarem' gostaria devoltar a conviver com voc5s Minha 6uerida' isto , tudo o 6ue sem0re 6uis os olhos da sraIilliams se encheram de l1grimas' mas ela logo endireitou os om/ros e

    tentou mostrarse 2orte (ei 6ue as coisas n#o estavam /em 6uando0artiu e voc5 me cul0ou 0or ter inter2erido em sua vida' 0or,m minhainten"#o 2oi de 0rocurar o melhor 0ara voc5 Dueria 6ue 2osse 2eli- etivesse uma vida com con2orto $u sei' mam#e $ tenho a0reciado muitoos m,dicos Covens e /onitos 6ueest1 tentando colocar em meu caminho' mas isso tem 6ue terminar vouvoltar 0ara casa' masantes 0recisa 0rometer 6ue vai 0arar de /ancar o cu0ido' est1 /emB OhK !ani 6uerida' vou tentar !igame' tem 0ensado em casar econstituir uma 2amlia s suaB (im e , o 6ue vou 2a-er' no momento o0ortuno Duando encontrar um homem6ue se iguale a 7en ar0erAo ver a e0ress#o de cul0a da m#e' !anielle arre0endeuse do tom duro

    6ue tinha usado' 0or,m era /om tocar logo no assunto Duando 0artira' h1seis anos' muitas 0alavras 2icaram 0or di-er e C1 6ue 0retendia retornarhavia chegado a hora de esclarecer tudo de uma ve- 0or todas %unca vai conseguer es6uecer esse homem' minha 2ilhaB %#o sei vou tentar Ren,e' contou 4 mam#e 6ue o vimos a6ui' outro diaB &ontei $u o amava realmente' mesmo 6ue a senhora dissesse 6ue era Covem demais0ara sa/er o 6ue 6ueria )ensei muito nisso de0ois 6ue o vi novamente echeguei 4 conclus#ode 6ue nosso casamento n#o daria certo Talve-' mam#e' voc5 tivesse ra-#o

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    na6uela ,0oca' talve- ele n#o me amasse' visto 6ue casou de modoPt#o re0entino com Li//y $st1 com ar de 0ros0eridade agora e me alegro0or ele Duem sa/e' se tivesse casado comigo' n#o tivesse 0rogredidotanto %unca diga issoK %#o deve nem 0ensar essas coisasK aCa o 6ue houver'voc5 continua /oa demais 0ara eleK

    %#o , verdade' mam#e sem elevar o tom de vo-' suas 0alavras soaramreveladoras de uma verdade inconteste e estranhamente 2irmes O sil5nciodesceu entre elas at, !anielle levantarse %#o' mam#e' n#o sou e nunca2ui /oa o su2iciente 0ara eleA en2ermeira entrou na6uele instante e viu duas manchas vermelhas norosto da sra Iilliams Duem est1 0ertur/ando minha 0acienteB J1 est1vamos de sada a0ressouse em di-er Ren,e' sorrindo 0ara a m#ee agarrando com 2or"a o /ra"o da irm# Foltaremos mais tarde' de0ois 6uetiver comido' mam#eDuando se viram so-inhas no corredor' Ren,e soltou seu /ra"o e 2itouaseveramente &omo 0ode 0ensar uma coisa dessas' !aniB

    O 6u5B Foc5 sa/e (o/re n#o ser /oa o su2iciente 0ara 7en Mas , verdade %#o , Ren,e' 0or 2avor %ada disso %#o 0ense 6ue a0s di-er uma /esteira dessas vai im0edirmede 2alar %unca ouvi tanta tolice na minha vida %#o , /oa o su2icienteK$nt#o 2oi isso 6ue sentiu ao v5lo de novo' heinB !e re0ente' voc5 n#o sed1 valor e encarna a in2erioridade s 0or6ue ele est1 /em de vidaB Olhes 0ara sua a0ar5ncia $st1 2icando cada ve- mais magra' com olheiras 0orn#o dormir )assou as @ltimas tr5s semanas se arrastando 0or estehos0ital como se a doente 2osse voc5 FeCa a sua rou0a' 6ue desgostoKgnorando a maior 0arte do 6ue Ren,e dissera' !ani olhou 0ara a cal"aCeans e o su,ter 0reto de gola alta

    O 6ue h1 de errado com minhas rou0asB $stou lim0a &laro 6ue est1 lim0a' mas sua a0ar5ncia , de 6uem est1*indo 0ara um enterro' n#o 0ara o hos0ital alegrar um 0ouco a m#e en2erma!anielle soltou um sus0iro' desanimada Ren,e tinha ra-#o' concordou (ou uma ingrata' n#o ,B $ a mais egosta das criaturas %#o se trata disso' sua /o/a $st1 a0enas con2usaE 0recisava de umaconversinha amiga com algu,m 6ue a trouesse 4 realidade e aca/a de t5la Famos come"ar de novoB (intome t#o velha' Ren,e' como se a vida me tivesse 0assado 0ara tr1s Finte e cinco anos n#o , tanto tem0o assim disse' en6uanto seencaminhavam 0ara o estacionamento Fai se sentir melhor 6uandoconseguir deiar 7en 0ara tr1s e concentrarse no 6ue est1 a sua 2rente

    %#o h1 nada 0ela 2rente' &laro 6ue h1 Foc5 continua olhando 0ara o 0assado' !ani' 0or isso0erdeu de vista o amanh#' o 2uturo(a/ia 6ue a irm# tinha ra-#o' mas ondas sucessivas de deses0eran"adestruram seus sonhos %#o 6ueria 0arar de 0ensar em 7en $la o amava eo 6ueria com todas as suas 2or"as' 0or,m n#o lhe restava outraalternativa $st1 na hora de es6uecer' !ani Fai conseguir' , s 6uerer $stou de volta ao 0onto de onde 0arti h1 seis anos !eiei 6ue mam#e meconvencesse a dei1lo' em/ora 2osse contr1rio a tudo em 6ue eu

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    acreditavaE mesmo assim' deieime levar 0or ela' di-endo a mim mesma 6ueestava certa Duando 2inalmente 0erce/i 6ue n#o 0odia viver com a escolha6ue havia 2eito' ele estava casado Resolvi 0artir e 0erderme em novos lugares Mas olhe 0ara mim' veCa o6ue consegui Ainda n#o sou uma /oa 0intora e minha vida tem sido umalonga sucess#o dos mais diversos em0regos %#o 0erten"o a um lugar smeu )ensei 6ue agora' 7en se tornando 0ai' 0oderia voltar 0ara casa sem

    me 0reocu0ar com ele' mas n#o consigo' Ren,e 7em l1 no 2undo' continuo0ensando nele Meu !eus' 0or 6ue o amo tantoBRen,e sus0irou 0ro2undamente' sem sa/er o 6ue di-er )or 6ue n#o consigo es6uec5loB )or 6ue est1 sem0re comigo em tudo 6ue2a"oB s ve-es o imagino com tanta nitide-'6ue chego a imaginar ser 0ossvel toc1loE 0enso 6ue se virar a ca/e"a/em de0ressa 0oderei v5lo andando atr1s de mim &entenas de ve-es 0ordia 0enso em coisas 0ara 2alarlhe' segredos 6ue gostaria de com0artilharcom ele as 0alavras terminaram num solu"o de deses0ero Duase n#o ter1 o0ortunidade de v5lo novamente' !ani: 7en ar0er n#o2re6uenta os lugares 6ue ns 2re6uentamos Talve- voltar 0ara casa seCa amelhor solu"#o O tem0o se incum/ir1 de achar uma solu"#o e n#o 0recisar1

    es2or"arse tanto 0ara es6uec5lo$sse sentimento aos 0oucos vai morrendo de morte natural e ent#o estar1livre 0ara amar outra 0essoa (ei 6ue agora n#o se sente /em' mas n#o0ode mudaro 0assado Trate de darlhe uma /oa olhada matando a saudade e de0oises6ue"ao !e 6ual6uer 2orma' agora tudo mudou em casa: mam#e e 0a0ai0recisam de voc5 e essa , a di2eren"a Ter1 /astante 6ue 2a-er seconseguir concentrarse a0enas nisso!anielle escutava atentamente o 6ue ela di-ia' mas levou alguns minutos0ara assimilar o sentido da6uelas 0alavras .itou a irm# de mododi2erente' intrigada $nt#o , verdadeB (o/re as 2inan"as de 0a0aiB $ 6ue ele est1 /e/endomais do 6ue devia 0ara n#o 0ensar nos 0ro/lemasB $le mesmo lhe contouB

    %#o' 2oi o tom $le e Josie t5m dado umas dicas' mas eu achei 6ueestavam eagerando )a0ai sem0re gostou de tomar um ou dois drin6uesantes do Cantar Agora ele /e/e muito mais do 6ue isso %#o 0erce/euB %#o' 0ois 6uase n#o tenho estado em casa (em0re entretida com asvisitas 4 mam#e e as sadas 6ue ela arranCou com todos a6ueles m,dicosing,nuos O 6ue aconteceuB )a0ai 0ensou 6ue ia darse /em no mercado de a"?es' sem sa/er nada ares0eito tom disse 6ue ele investiu uma grande 6uantia Todas as economias de uma vida inteira Mas esse era o dinheiro 0ara 0agar a conta do hos0ital de mam#e' Ren,eK$ estava 0laneCando com0rar uma casinha no cam0o 6uando se a0osentasseK

    .oi o 6ue sem0re disse' mas agora 0ode di-er adeus ao3sonho da casa 0r0ria O homem a 6uem entregou o dinheiro n#o 0assava deum vigarista Due horrorK $ o 6ue mam#e disseB $la ainda n#o sa/e e n#o sei 6uando 0a0ai vai lhe contar' lacH e euestamos tentando aCudar' mas n#o 0odemos 2a-er muito $ tom e Josie d#o o6ue 0odem' todavia 0arece 6ue 0a0ai gasta /oa 0arte em /e/ida )ortanto'tudo est1 em suas costas agora' n#o ,B ' 0arece 6ue sim !anielle sus0irou 0ro2undamente' de0ois sorriu

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    )elo menos' tenho alguma coisa em 6ue 0ensar sem ser 7en' n#o ,BRen,e animouse' sa/endo 6ue a irm# atingira um 0onto crucial: agoratalve- 2osse 0ossvel sair da6uele crculo vicioso e es6uecer o 0assado!anielle continuou 0ensando no 0ai o dia inteiro e' 6uando voltou 0aracasa 4 noite' encontrouo sentado diante da televis#o com uma garra2a deus6ue 6uase va-ia so/re a mesa a seu lado Ol1' 0a0ai disse alegremente (into muito estar atrasada' mas

    de0ois 6ue sa do hos0ital 2ui 0rocurar um em0regoLevantou a ca/e"a' sur0reso' e 0ro2undas linhas marcaram sua testa $m0regoB Due histria , essa' !aniB Ontem 4 noite' 6uando concordei em voltar 0ara casa' n#o es0erava 6ue2osse sustentarme' 0a0ai A/ra"ouo e /eiCoulhe carinhosamente oca/elo /ranco 0ara isso 6ue os 0ais servem J1 tenho vinte e cinco anos %#o acha 6ue est1 na hora de dar um Ceitona vidaB !anielle %#o vou 2ingir 6ue n#o sei o 6ue aconteceu com seus investimentos'0a0ai tom e Ren,e me contaram tudo' mas n#o , s 0or isso 6ue 0reciso deum em0rego $stou acostumada a sustentarme so-inha' e tam/,m 6uero

    aCudar voc5s sto , t#o terrvel assimB &laro 6ue n#o' minha 6uericLi ( me arre0endo de ter sido est@0ido a0onto de 6uerer 2ica rico da noite 0ara o dia (a/ia 6ue sua m#e ia terdes0esas 2ant1sticas0or causa do cora"#oe 6ueria ter dinheiro' tam/,m' 0ara 0agar seu curso de arte e 6uem sa/ecom0rar um 0e6ueno chal, no cam0o )rometi a voc5 6uando era mais Covem e0retendia manterminha 0romessa' mesmo 6ue n#o morasse mais conosco Tem tanto talento'minha 2ilha' e o est1 des0erdi"ando %#o' 0a0ai Tive o0ortunidade de conhecer um casal de artistas em(dnei e eles me ensinaram algumas t,cnicas O 0ouco tem0o 6ue 0assei comeles valeu 0or 0elo

    menos dois anos no curso de arte Al,m disso' n#o vou 0arar de 0intar ecom a 0r1tica estarei me a0er2ei"oando Tem0o e dis0osi"#o , o 6ue n#o me2altar#o' todosos dias de0ois do tra/alho $m 6ue ti0o de tra/alho est1 0ensando' !aniB $stive numa ag5ncia es0eciali-ada em tra/alhos dom,sticos &omo assimB Ora' lim0e-a de casa' co-inha' essas coisas !aniK o 6ue sei 2a-er melhor' 0a0ai %#o 0ossuo uma datilogra2ia 1gil'0ortanto n#o 0osso tra/alhar num escritrio' Atr1s de uma registradora'sou um desastreK Al,mdo mais' 6ue im0ortncia tem o 6ue vou 2a-er' desde 6ue 2a"a o melhor

    0ossvelB $ 7en ar0erB $ssa sua decis#o de voltar 0ara casa tem alguma coisa aver com eleB Foc5 n#o deia esca0ar nada' n#o ,B sentou no colo dele' comocostumava 2a-er 6uando garotinha &ontudo vou ser sincera e con2essaruma coisa: ele est1 aindamais atraente do 6ue nunca e eu ainda o amo como antes Mas agora tudoest1 di2erenteE ele casou' tem um 2ilho e socialmente est1 muitodistante' 0ortanto 0ossovoltar 0ara casa sem 0ro/lemas A2inal' como Ren,e disse' n#o andamos nos

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    mesmos am/ientes e as chances de nos encontrarmos novamente s#o mnimas (e re0etisseisso v1rias ve-es' aca/aria acreditando' 0ensou consigo a0s di-er ao0ai (em0re achei 6ue 2alhei no 6ue di-ia res0eito a 7enE sua m#e e eudevamos ter deiado 6ue cometesse seus 0r0rios erros (a/ia 6ue o amavae 6ue era corres0ondida

    (e houve duas 0essoas 2eitas uma 0ara a outra (into muito' minha6uerida $u sei' 0a0ai O/rigada 0or tudo !anielle achou 6ue estava na horade desviar a conversa Li em algum lugar 6uetudo acontece 0or um motivo de2inido %a nature-a tudo temi a sua ra-#ode ser Talve- 7en n#o tivesse 0rogredido tanto se houvesse casadocomigo Ou 0oderia estar duas ve-es melhor retrucou o 0ai Ora' 0a0ai' voc5 sem0re me ensinou a ser resignada ACudouo alevantar )s a assadeira no 2orno como Ren,eC recomendou hoCe 4 tardeB$le n#o conseguia 2icar em 0, de t#o /5/ado 6ue estava' o 6ue levou!anielle a concluir 6ue se n#o estivesse ali ele 2icaria

    sem comer!e2initivamente ela tinha aca/ado de decidirE ia se esta/elecer na casa0aterna durante os longos meses de convalescen"a da m#e!urante todo o inverno os diasde tra/alho de !anielle 2oram cheios e /emvariados %enhuma tare2a era grande ou 0e6uena demais 0ara ela Duerendoganhar o su2iciente' n#o recusava servi"o $s2regava assoalhos' lim0avaresid5ncias 0ara diversas donasdecasa' lim0ava 0aredes a-uleCadas de/ares' 0re0arava Cantares 4 lu- de vela 0ara eecutivos solteir?es' 6ue0ossuam um n@mero imenso de namoradas' e chegou mesmo a tra/alhar 0araum or2anato re0leto de crian"as a/aio dos cinco anos de idade %#o 0odiaes6uecer a enorme 6uantidade de 2raldas 6ue havia lavadoO sal1rio n#o era muito' mas somado 4s gorCetas mais do 6ue generosas'0ermitia ir li6uidando 0ouco a 0ouco as dvidas !anielle entregava tudoao 0ai sem hesitar' no 2im de cada semana A 0rinc0io ele n#o 6ueria

    aceitar o dinheiro' 0or,m ela insistiu com gentile-a e de0ois de algumtem0o o 0ai e a m#e de0endiam dela com0letamente.a-ia 6uase um m5s 6ue tra/alhava como camareira num grande hotel dacidade 6uando a0roimouse a ,0oca de %atal %a semana anterior 4s 2estasesteve 0articularmenteocu0ada' o 6ue de certo modo a deiava /astante 2eli-' 0ois era uma 2ormade n#o 0ensar muito em sua vida in2eli- O %atal era sem0re uma ,0ocadi2cil e triste0ara ela' 0ois a 2a-ia recordar como 7en adorava a6uela ,0oca do ano&ada ve- 6ue ouvia uma m@sica natalina as lem/ran"as retornavam e elachorava co0iosamente+7en costumava lev1la 4s avenidas 2estivamente decoradas e 0assavam horas

    diante das vitrines' olhando os 0resentes /onitos 6ue nenhum dos dois0odia com0rar $nt#o' no 2inal da noite ele a /eiCava suavemente'0rometendo 6ue >um dia' meu amor' ser1 %atal e ns 0oderemos entrar em6ual6uerloCa sem 0recisarmos olhar 0ara as eti6uetas dos 0re"os>$la ria 2eli-' contagiada 0or seu entusiasmo' em/ora n#o necessitassedessas 0romessas de ri6ue-a ( 0recisava dele e seu amor era sem 0re"o'o seu maior tesouroMas ele n#o entendia isso e a m#e de !anielle tam0ouco Foc5 ser1 0o/re' !ani re0etia a m#e incansavelmente

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    (e casar com ele' nunca 0ossuir1 nada 7en , um sonhador' Camais lhetrar1 con2orto!anielle n#o conseguia lem/rar 6uando come"ou a dar cr,dito 4s 0alavrasda m#e Mostrou 0ara ela os 0resentes 6ue 7en lhe dera: n#o eram caros'sua colnia 0re2erida e uma delicada 2igurinha de 0orcelana' 0or,mdemonstravam cuidado e sensi/ilidade e tinham 0ara ela um signi2icadotodo es0ecial (orriu ao recordar 6ue ainda estavam guardados' com amor e

    carinho' numa gaveta em seu 6uarto' entre seus o/Cetos mais 0reciososTodavia a sra Iilliams sorria desdenhosamente ao ver seus 0resentes sso , o 6ue seu Covem sonhador chama de 0resentesB (#o um insulto avoc5' contudo na sua ingenuidade voc5 nada 0erce/e!anielle n#o 0ermitiu 6ue a6uelas lem/ran"as continuassem' a2inal de nadaserviam' a n#o ser torn1la cada ve- mais in2eli- &hutou uma 0edraen6uanto se encaminhava 4 ag5ncia de em0regos e en2iou as m#os nos/olsos' decidida$s6ue"a' disse a si mesma' est1 aca/ado e 0ara sem0re %#o adiantateimar !ecidira deiar 7en h1 muito tem0o e 0recisava viver sem ele' sem0ensar no 6ue tinha sido' acostumarse de uma ve- 0or todas com a ideiaA/riu a 0orta do 0e6ueno e modesto escritrio' tentando sorrir Oi' srta iggins Algum tra/alho 0ara mimB

    A mulher alta e magra ergueu os olhos da escrivaninha a0inhada de 0a0,ise a cum0rimentou' sim01tica; !anielle' , eatamente a 0essoa 6ue estava 6uerendo ver entrar 0or essa0orta )reciso de algu,m 0ara aCudar Maurice numa 2esta na noite de%atal Mas' srta igginsK $u sei' eu sei' mas n#o encontro outra 0essoa com as suas6uali2ica"?es %#o aceitaria' como um 2avor es0ecial 0ara mimB %#o tem ideia do 6ue est1 0edindoE esse homem , im0ossvel o mais Famos' !anielle' seCa com0reensiva e me 2a"a este grande( 2avor egosta' 0resun"oso' metido' anti01tico )edi 0ara ser /oa-inha' !anielle A srta iggins /alan"ou a ca/e"a'

    su0licante $le , tudo isso' estou de acordo' mas , tam/,m um ecelenteche2' a0esarde sua 0ersonalidade etravagante e 0ediu tr5s mo"as etras 0ara aCudar aservir um Cantar %#o 0ode arranCar outra 0essoaB Ainda tenho 0esadelos e acordo durantea noite' molhada de suor' 6uando me lem/ro do modo como gritou comigona6uele ch1 do &lu/e .eminino' 0or6ue' com tanto servi"o' aca/ei deiandocair a /andeCa $ a con2us#o 6ue ele 2e- 6uando 0edi descul0as 0ara as senhoras etentei me redimir lim0ando o ch#o O sr Maurice 2oi intolerante'grosseiro e n#o me agrada nada ter 6ue voltar a tra/alhar so/ asu0ervis#o deleA srta iggins /alan"ou a ca/e"a e 2itou o rosto s,rio de !anielle'

    di-endo: um erro 6ue 0ode acontecer a 6ual6uer 0essoa n#o acostumada com esseti0o de so2istica"#o (o2istica"#oK %#o 0osso nem 0ensar em algu,m tra/alhando com o srMaurice gritando nos ouvidos $le 0arece mais um na-ista num cam0o deconcentra"#o 7em Maurice est1 dis0osto a 0agar lautamente' C1 6ue , v,s0era de%atal e eu n#o consigo desco/rir a terceira aCudante Due tal anice ou JanetB !anielle 0erguntou' tentando aCudar as g,meas6ue haviam tra/alhado com ela no hotel 0or mais de um m5s

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    J1 estou na sua 2rente' minha 6uerida: elas s#o as outras duas 6uetra/alhar#o com ele Tele2onei 0ara elas ontem e' de0ois8de alguma insist5ncia' concordaram em aCudarme At, se o2ereceram 0aradarlhe uma carona se voc5 aceitasse o servi"o' 0ois a essa hora voc5di2icilmente encontrar1 ni/us' caso aceite meu convite $st#o todos cons0irando contra mim !esta 2orma , 6uase im0ossvel

    recusar Melhor seria di-er 6ue nos 0reocu0amos com voc5 $nt#o' o 6ue acha da0ro0ostaB %#o tenho mais nada 0ara o2erecerno momento e sei 6ue vai a0roveitar /em o dinheiro'6ue , ra-o1vel $st1 /em sus0irou' sa/endo 6ue n#o tinha escolha O 0ai e a m#e iam0assar a v,s0era de %atal com amigos e tom e Ren, s a0areceriam no diade %atal %#o 6ueria0assar uma noite t#o es0ecial so-inha em casa 0ensando em 7en Mas seMaurice tiver alguma 6ueia $u vou ignor1la' como 2i- da @ltima ve-' meu /em Foc5 sa/e 6ue , a0essoa em 6uem mais con2io' !anielle9

    &A)

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    0ro0riedade alheia s 0ara dar uma olhada $ se o dono nos encontrar e0render 0or viola"#o de domiclioB(ei 6ue , %atal' mas tam/,m isto , a/usar do es0rito natalino Al,m domais' estamos atrasadas 0ara a 2esta de Maurice' seCa l1 onde 2or &alma' sua /o/a : disse Canet rindo das 0reocu0a"?es da irm# $sta ,a casa 0ara onde vamos %#o acreditoK $sta , a casa mais /onita da regi#o e vamos conhec5la

    0or dentroK demaisK!anielle riu tam/,m A0esar de g,meas' Janet e Janice eram de0ersonalidade di2erentes Atraentes' de estatura mediana e ca/elos negroscomo carv#o' 0ossuam olhos de um a-ul cintilante $n6uanto Janet eraintros0ectiva e at, mesmo um 0ouco reservada' Janice mergulhava em6ual6uer situa"#o de ca/e"a' di-endo sem0re a 0rimeira coisa 6ue 0ensava'tendo de aturar de0ois as conse6u5ncias!e certo modo' !anielle a inveCava' 0or n#o ter medo de nada e ser t#ocomunicativa=ma grande 6uantidade de carros estava estacionada nas imedia"?es e Janetcustou a encontrar uma vaga Aca/ou estacionando atr1s de um carroes0orte vermelho Olhem s 6ue /ele-aK eclamou' tentando dis2ar"ar a emo"#o ao sair do

    carro' en6uanto segurava a 0orta 0ara !anielle ACeitou o uni2orme eolhou animadssima 0ara a irm# e !anielle antes de res0irar 0ro2undamentee guiar o gru0o em dire"#o 4 resid5ncia =m vento t,0ido so0rava entre as1rvores e a Lua 0asseava 0or entre as nuvens3* (eCa 6uem 2or 6ue more a6ui disse lanice a0s alguns instantes '0ossui muito /om gosto%as redonde-as viamse os mais variados carros' de um RollsRoyce @ltimoti0o a um velho FolHsVagen caindo aos 0eda"os e com 2errugem no 01racho6ue dianteiro sso me 2a- sentir melhor 2anet arregalou os grandes olhos a-uis 6ueassinalavam todo seu nervosismo!anielle continuou caminhando 0or entre os carros' 6uando 2inalmentedisse:

    Olhem s 0ara ns: 6ual6uer um diria 6ue somos 0enetras' 0elo modo comoestamos nos com0ortando At, voc5' Janice $ eu 6ue 0ensei 6ue n#o tinhamedo de nada' heinB Mas a6ui estamos' nervosas' aCeitando a rou0a eendireitando os om/ros como se 6uis,ssemos demonstrar 6ue somos donas dasitua"#o Foc5 n#o est1 com medoB 0erguntou Janet Mas o meu medo , outro: s consigo 0ensar na cara de Maurice 6uandode0arar comigoAs duas g,meas se entreolharam e' rindo' tentaram animar !anielle'dissi0ando os temores in2undados verdade' !anielle A @ltima ve- 6ue tra/alhou 0ara ele 2oi no ch1 do&lu/e .eminino' n#o 2oiB Acha 6ue 0oderia ter es6uecidoB

    )ode ser 6ue Maurice tenha es6uecido' Janet disse MauriceB !o Ceito 6ue agiu comigoB !uvido)or,m logo 6ue entraram na casa 0ela 0orta dos 2undos e de0araram comele' 2icou mais do 6ue evidente 6ue se lem/rava claramente de !anielle Foc5K 7oa tarde' senhor ela sorriu timidamente' como se 6uisesse descul0arse 0or estar ali &omo Agatha iggins 0de 2a-erme essa des2eitaB O homen-inho usavaum terno /ranco 6ue real"ava ainda mais a gordura do cor0o' encimado 0orum enorme cha0,u de che2 0lantado na ca/e"a )s as duas m#os na cintura

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    e seu rosto tornouse agressivo e 0etulante !isse a ela 6ue nunca mais6ueria ver voc5 na minha 2rente' !anielle IilliamsK Lamento' senhor' mas a srta iggins n#o conseguiu arranCar outra0essoa 0or ser noite de %atal e tudo mais3 )or 6ue euB murmurou' contrariado' /alan"ando a ca/e"a )or 6ue euBAs tr5s aguardavam silenciosamente so/ uma 2ileira de 0anelas de co/re

    relu-entes 6ue 0endiam do teto A co-inha' saturada de va0or' ealava oaroma delicioso das comidas t0icas da ocasi#o&riados silenciosos' envergando uni2ormes' moviamse com agilidade de umlado 0ara o outro' carregando /andeCas' /aielas' ta"as e co0os !anielle2itava a tudo2ascinada com os cristais' com as lou"as dis0ostas no a0arador antigo' as0esadas 0e"as de 0rata e Cogos de linho /ranco alvos como a neve %o2ogo' numa grande0anela' 2ervia um caldo de cheiro a0etitoso Os 2ornos assavam 0resuntose grandes 0eda"os de carne en6uanto as /atatas' C1 co-idas' iam sendoamassadas e dis0ostas artisticamente 0elo con2eiteiro em 0ratos deservi"o Auiliavam nesta tare2a tr5s co-inheiros' todos com rou0asimaculadamente lim0as e engomadas

    Maurice 2itouas com ar desconsolado' de0ois soltou um sus0iro deresigna"#o e come"ou a dar ordens $st#o atrasadas' mas , melhor do 6ue n#o terem vindo Foc5 a0ontou0ara Canice endireite a gola e leve a6uela /andeCa de cana0,s at, asala de visitas e circule entre os hs0edes $ voc5 virouse 0ara Nanet leve os hors d ceuvres e 2a"a o mesmo %#o me diga 6ue essa mancha emseu 0unho , de suCeira$la olhou 0ara a mancha e a0ressouse em lim01la na saia %#o' senhor )egou a /andeCa e ra0idamente seguiu a irm#' antes 6ueele 0udesse a0roimarse demais e com0rovar!e0ois 6ue as duas se 2oram' !anielle 2icou es0erando a sua ve- a0oiandose ora so/re um 0,' ora so/re o outro' num sil5ncio intermin1vel Tentando manter a dignidade' 2icou 0ensando se Maurice a mandaria em/orae' se isso acontecesse' como voltaria 0ara casa a uma hora da6uelas' em

    0lena noite de %atal Re2letindo melhor' n#o devia ter aceitado a0ro0osta O uni2orme 0reto 2icou su/itamente largo demais em volta docor0o magro e o ca/elo' 0reso numa rede' na nuca'come"ou a cair O olhar im0iedoso de Maurice 2a-iaa sentirse cada ve-mais desaCeitada e tentou imaginar o 6ue diria 4 srta iggins' 6uandovoltasse3O homem gordo continuava a medila de alto a /aio acintosamente' osolhos 2u-ilandoa im0lac1veis' e na /oca uma e0ress#o de contrariedade: com um nome t#o /elo como !anielle' ser1 6ue , 0edir demais 6ue comecea com0ortarse como seus conterrneos e consiga demonstrar um 0ouco deres0eito 4 0ro2iss#oe 4 minha arte' n#o me 2a-endo 0assar vergonhaB

    $la enru/esceu de imediato %#o era 2rancesa' a m#e a0enas gostava donome (enhor' eu sinto muito Duantas ve-es vai se descul0arB J1 disse isso' lem/raB 7em' 0are de2a-er essa cara de vtima inocente e aCude as outras duas Leve as/andeCas com os cana0,s%#o se es6ue"a de circular entre os convidados$la engoliu em seco e 6uase 0erdeu o e6uil/rio e escorregou no ch#oencerado' na 0ressa de o/edecer e demonstrare2ici5ncia no servi"o

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    Maurice ergueu os olhos 0ara cima' en6uanto a o/servav resmungou umdesa/a2o: )or 6ue euB disse em tom choroso!anielle saiu da co-inha sem es0erar outra ordem' encaminhandose 0or umcorredor com0rido' cuCo assoalho 0arecia um es0elho escuro' de t#o 0olido6ue estava Reinava nesse local o es0rito do %atal e 0or um momentoa0enas 0ermitiuse 0ensar em 7en maginouo em casa' num am/iente como

    esseE todos os so/rinhos e so/rinhas viriam visit1lo numa casa 0arecida'onde estaria com a mulher e o 2ilho $le 0ertencia a uma 2amlianumerosa' com muitos irm#os e irm#s casados %os @ltimos seis anos deviamter nascido mais uma 0or"#o de crian"as(us0irou diante da 0orta entrea/erta' tentando n#o se deiar estontear0elas vis?es coloridas e os sons alegres 6ue vinham do outro lado (eus0,s 0uderam sentir a macie- do ta0ete en6uanto 0assava 0or entre 0essoas/em vestidas e sorridentes%a sala havia mesas colocadas de maneira a n#o ocu0ar todo o es0a"o' umgrande lustre de cristal' candela/ros de 0rata com velas /rancas'delicados mveis de cereCeira' as 0aredes eram 0intadas de creme esuntuosas cortinas de veludo carmim 0endiam3

    2ormando dra0eados das Canelas iluminadas 0ela claridade do terra"o)or @ltimo' num canto da sala' cintilante e maCestosa' havia uma enorme1rvore de %atal' decorada com en2eites de todas as cores e grandes la"osde cetim vermelho7en adoraria tudo issoKA /andeCa redonda 6ue carregava C1 estava 6uase va-ia 6uando um homem deterno escuro lhe 0ediu 0ara 0arar Mantendo os olhos /aios' !aniellees0erou 6ue se servisse' mas ele ergueulhe o 6ueio delicadamente'2or"andoa a encar1lo !anielleK Tinha certe-a 6ue era voc5 (r ar0erK Arregalou os olhos es0antada ao reconhecer o irm#o de7en Due histria , essa de sr ar0erB Foc5 nunca me tratou desse Ceito&ostumava me chamar de

    John 6uando aca/ou a escola e come"ou a sair com 7en=m sorriso tmido e sem Ceito esca0ou dos l1/ios dela' /astante tr,mulos: John .eli- %atal 0ara voc5K &omo est1B .eli- %atal' !anielle O sorriso era /onach#o e ele agitou a ta"a decham0anhe com entusiasmo $stou /em' muito /em $ voc5B 7em' o/rigada $stou 2eli- 0or v5lo de novo !e0ois ela n#o seconteve &omo est1 7enB At, 6ue est1 reagindo /em Ainda n#o o encontrou nesta multid#o todaB!isse 6ue ia a0arecer Olhou em volta da sala cheia' de0ois voltou a2it1la &ontou 6ue a viu h1 uns seis meses' no hos0ital' n#o 2oiB(ua m#e havia sido o0erada' n#o , issoB (im $s0ero 6ue ela C1 tenha se recu0erado

    $st1 /em melhor' o/rigada %#o 6ueria 2alar so/re a m#e' mas n#oconhecia uma 2rmula de indu-ilo a 2alar so/re 7en sem 6ue 2icasse /viodemais o seu interesse %#o teve mais 0ro/lemas com o cora"#o: est1novo .ico contente Foc5 est1 mais /onita do 6ue nunca' !anielle Recuou0ara o/serv1la melhor' admirando a 2igurinha 2r1gil dentro do uni2orme0reto' de0ois 0uou 0elo /ra"o um ra0a- 6ue 0assava 0or eles Lem/rasede meu irm#o' MichaelB3!e todos os irm#os de 7en' o de 6ue mais gostava era Michael !ono de um

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    senso de humor etraordin1rio' estava sem0re dis0osto a alegrar as0essoas com suas /rincadeiras e o/serva"?es Cocosas' n#o im0ortando aocasi#o $le n#o era /onito como 7en' mas tinha a mesma maneiraenvolvente de 2a-er os outros se sentirem valori-ados Olhava0ara ela com sim0atia' demonstrando 0ra-er 0or tornar a v5la Ol1' Michael trans2eriu a /andeCa 0ara a outra m#o e cum0rimentouo &omoB 0arecia sur0reso =m a0erto de m#o de0ois de tanto tem0oB

    $ 6uase a esmagou num a/ra"o 6ue a 2e- sentirse 2eli- e comovida&omo 0odiam ser t#o gentis com ela de0ois de ter tratado 7en da6ueleCeitoB &laro 6ue ele lhes havia contado so/re a se0ara"#o na ,0ocaE eagora /em 6ue mereciao des0re-o deles %#o essa acolhida calorosaAos 0oucos 2oi sendo dominada 0or uma es0,cie de remorso e deseCou estar/em longe dali Duantos irm#os e irm#s de 7en deviam estar na 2estaB %#otinha vontade de ver a 2amlia e recordar tudo 6ue 0erdera $ tam/,m n#o6ueria encontrarse com 7en 0elo menos n#o na6uela ocasi#o ecircunstnciaMuito 0rovavelmente estaria com Li//y e !anielle n#o resistiria v5locheio de aten"?es e gentile-a com a es0osa Jamais conhecera a mulher de7en' mas nesse tem0o todo imaginoua uma loira elegante e /onita' com os

    0redicados e desenvoltura 6ue ela n#o 0ossua!e re0ente teve a im0ress#o de 6ue os dois homens altos e 2ortes 4 sua2rente adivinhavam o 6ue ia lhe 0assando 0ela ca/e"a )reciso voltar 0ara a co-inha disse' des0edindose comovida' agarganta doendo 0or conter o choro .oi /om v5los de novo Lem/ran"asao 7enA2astouse atordoada' entre a multid#o' rumo aos seus a2a-eres )recisavasair daliE sentia uma 0ontada no 0eito e tudo girava diante dela (e n#ose a0ressasse aca/aria 0assando mal' 2a-endo um 0a0el#o na 2rente detodos.ora do sal#o' tentou recu0erar as 2or"as' at, sua res0ira"#o voltar aonormal Ainda um 0ouco -on-a' 2iou a rou0a /ranca3+do che2 a sua 2rente &on2usa' endireitouse' movendo os olhos da cintura

    redonda de Maurice at, o 0esco"o anelado e 2inalmente 0ara o rostolvido Recu0erou imediatamentea vivacidade %#o , uma das convidadasK &omo ousa com0ortarse desse CeitoB.itouo' arregalando os olhos' de0ois tentou recom0orse e engoliu emseco' sem 0iscar %#o estava me 0assando 0or convidada' senhor A6ueles dois homens s#omeus amigosE n#o os via h1 muito tem0o e 6uando 0araram 0ara 2alar comigon#o tive outro Ceito' n#o 0odia ser rude e deiar de conversar com eles Algum 0ro/lema' MauriceBAvo- 0ro2unda e aveludada 6ue menos deseCava ouvir na6uela noite ecoouna co-inha' 2a-endoa estremecer como se uma s@/ita corrente de artivesse invadido o recinto Tremia tanto 6ue a /andeCa de 0rata /alan"ou

    em suas m#os at, cair com estrondo' e os cana0,s se es0alharam 0elo ch#o(e Maurice C1 estava 0ertur/ado' nesse momento sua rea"#o 2oi 6uaseindescritvel O rosto 2icou vermelho' 6uase a0o0l,tico' seus olhos0areciam soltar 2ascas de 2ogo' os dentes rangiam e grandes gotas desuor molhavam a testa enrugada' en6uanto as veias do 0esco"o lateCavam.echou os 0unhos' tentando controlarse com di2iculdade e 2inalmenteconseguiu 2alar com vo- 6ue soava estrangulada Resolverei tudo imediatamente' sr ar0erAutomaticamente' !anielle aCoelhouse no ch#o 0ara levantar a /andeCa elim0ar o ch#o' mas 7en estendeu a m#o 0ara im0edila

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    !eie' !ani' mandaremos algu,m lim0ar isto )or 2avor' 7en' v1 em/ora disse sem ousar encar1lo Ouviramse0assos nervosos em volta deles' de0ois caiu um 0esado sil5ncio !ere0ente !anielle estava envolvida 0or uma 0or"#o de 0ernas L1 estavaela' aCoelhada' o centro das aten"?es' mesmo assim deses0eradamentea2lita Os convidados deviam ter ouvido o /arulho e vieram 0ara ver o 6ueestava acontecendo

    &omo ousa 2alar com meu cliente desse CeitoK /radou Maurice'ignorando os 0resentes!anielle sentiu vontade de morrer de vergonha na6uele eato3;momento Ainda de Coelhos' ergueu o rosto 0ara 2itar o che2 en6uantosentia o cor0o todo gelar diante da revela"#o Olhou 0ara 7en>Meu clienteB> As 0alavras come"aram a ecoar em sua ca/e"a Meu clienteK$stava 0er0lea' o rosto muito 01lido' como se as 2or"as a tivessema/andonado $nt#o essa era a 2esta de 7en A casa de 7enK $ l1 estavaela' a criada incom0etente' agachada aos 0,s dele' mergulhada numasitua"#o m0ar 2rente a todos Agora sua humilha"#o estava com0leta r1 em/ora imediatamente voci2erou Maurice $ vou 2a-er o 0ossvel0ara 6ue nunca mais tenha a o0ortunidade de desgra"ar outra 0essoa

    A 0rimeira rea"#o de !anielle 2oi 0edir descul0as' im0lorar 0elo em0rego)recisava tra/alhar' 0recisava do dinheiro A2inal' o 0ai contava comela' mas com 7en e toda a6uela gente o/servandoa minuciosamente' n#oconseguia di-er uma @nica 0alavraLevantouse devagar' a0ertou as m#os com 2or"a 0ara im0edir 6ue tremesseme endireitou o cor0o' encarando o co-inheiroche2e com o 6ueio erguido (im' senhor (ua vo- soou de modo estranho e calmo' de0ois de toda acon2us#oAcenou 0ara 7en e 0re0arouse 0ara ir mudar de rou0a' 0or,m n#o conseguiureunir coragem su2iciente 0ara sair 0ela 0orta da 2rente da casa' num ato2inal 6ue 0rovasse 6ue ela era uma 0essoa humana 6ue 0ossua amor0r0rio !ani' es0ereA vo- dele a 2e- 0arar' mas n#o se virou L1grimas de deses0ero a0ontavam

    e 2oi2or"ada a enugar os olhos re0etidas ve-es 0ara evitar 6ue rolassem 0elorosto7en murmurou alguma coisa 0ara tran6uili-ar os hs0edesE di-endo 6ue tudoestava so/ controle )odem voltar 0ara a 2estaE darei um Ceito nisto Famos' n#o 2i6ue a 0arada como uma est1tua voci2erou Maurice 0arauma Janet /o6uia/erta Trate de lim0ar tudo e r10ido7en a0roimouse de !ani e a 0rendeu 0elo /ra"o: !ani38 )or 2avor' me deie so-inha' 7en manteve o rosto virado 0ara 0odera2astarse dele com o 0ouco de dignidade 6ue lhe restava

    %#o' voc5 n#o 0ode ir em/ora assim Fenha comigo )or 2avor' 7enMas ele n#o a escutou: 0uoua sem encontrar resist5ncia em dire"#o a umagrande 0orta' 6ue 2echou assim 6ue entraram !e0ois a0oiou as costas na0orta e cru-ou os /ra"os)ermaneceram alguns momentos em sil5ncio' o/servando um ao outro7en olhavaa com uma estranha emo"#o a 6ueimarlhe o mago' via o rosto01lido de !anielle' o ca/elo cado nos om/ros e 0erce/eu at, as m#os2ortemente a0ertadas na 2rente do uni2orme largo demaisAssustada' tensa e rgida ela lhe devolveu o olhar' admirando o elegante

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    terno escuro' 6ue real"ava ainda mais o cor0o atl,ticoO sil5ncio entre eles 0rosseguia sem 2im' 6uase 0al01vel Tudo come"ou adesvanecer em volta deles: 6uem ela era' onde estava' o 6ue havia aca/adode acontecer ( eistia 7en !e0ois de tanto tem0o' s ele eistia)assara meses imaginando v5lo novamente Agora estava ali' 4 sua 2rente'e !anielle nem conseguia meerse Mal ousava res0irar Tudo 6ue tinha0ensado em di-er a ele' de re0ente' 2ugiulhe da memria

    $ra in@til continuar a sentir tanta atra"#o 0or ele' o marido de outramulher Mas n#o conseguia a2astar os olhos do rosto anguloso' dos l1/iossensuais e da6ueles0ro2undos olhos sedutores Alguma 2or"a irresistvel emanava de seu cor0o0ara o dele' 0rimitiva' urgente e 0oderosa' eliminando 6ual6uer lgica e/om senso Alin#o havia mais certo nem errado ( eistia 7en' seu 7en' o homem 6uenunca deiara de amar =m deseCo assustador a0oderouse dela' 2a-endotodo seu cor0o doercom 2@ria a0aionada' 2echando sua garganta Tentou engolir em seco' 0araver se conseguia a/a2ar esse sentimento' mas 2oi im0ossvel$nt#o viu 6ue ele se a0roimava A0esar das /atidas dis0aradas docora"#o' 0erce/eu os /ra"os dele a a/ra"1la' sentiuse sem 2or"a 0ara

    a2astarse deleE de0ois 7en 0ousou a /oca na sua'39a 0rinc0io com gentile-a' ro"ando delicadamente os l1/ios nos dela'de0ois o /eiCo tornouse mais eigente' 0ossessivoO cor0o dele 2icou rgido contra o de !anielle' tornandoa consciente de6ue n#o era a @nica nessa necessidade de 2icarem o mais 0erto 0ossvel umdo outro&orres0ondeu ao /eiCo instintivamente' devorada 0elas chamas da 0ai#oL1grimas n#o 0uderam ser contidas' saltaram 0elos clios 2echados eescorreram 0elas 2aces (eus l1/ios entrea/ertos devolviam cada /eiCo coma mesma intensidade A/ra"ouo com toda a 2or"a de 6ue era ca0a-' sem0udor' seu cor0o derretendose no dele' at, ser tomada 0or uma grande ondaenvolvente de amor e deseCo As m#os de 7en acariciavam suas costasdelicadas (eus 6uadris moviamse contra os dela em movimentos 6uase

    im0erce0tveis' com um ritmo todo 0articular$le sussurrou alguma coisa inarticulada com vo- rouca e ela gemeu emres0osta %#o entendeu o 6ue ele di-ia' mas n#o tinha im0ortncia Ocora"#o 2alava 0or eles' /atendo violentamente$ra sem0re assim' esta alegria' este 5tase e 0ai#o avassaladores 6uando2icavam um nos /ra"os do outro%ada havia mudado em seis anos O amor de 7en ainda 0ossua o 0oder de2a-er o mundo inteiro 0arecer vivo 0ara ela $ra o mestre' ela' a aluna.a-iaa Fiver de modo vi/rante e glorioso%os /ra"os de 7en' sua eist5ncia n#o era mais cin-enta' mas a-ulada'eterna' cheia de es0eran"a e 0romessas com ele renascia a 0arte 6ue0ensava ter 0erdido 0ara sem0re' a 0arte vital 6ue a 2a-ia inteiraO cora"#o de !anielle /atia violentamente dentro do 0eito 0ela intimidade

    do a/ra"o Os dedos de 7en acariciavam sua nuca' em movimentos lentos esensuais 6ue a 2a-iam tremer de vol@0ia O ca/elo soltouse da rede e elea2undou o rosto neles' /eiCandoa e 0ronunciando seu nome re0etidasve-esavia uma caracterstica di2erente nesse som' uma ang@stia 6ue a tocou'2a-endoa lem/rar de Li//y e ent#o tudo come"ou a mudarE algo dentro dela2e- soar um alarme !eseCava toc1lo' ser tocada' deiar a nature-a lev1los onde 6uisesse' mas n#o se sentia 4 vontadecom um 0e6ueno grito' li/ertou as 0ernas e a2astouse' levementeo2egante' os olhos muito a/ertos e ainda molhados 0elas

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    l1grimas (em desviar a aten"#o de 7en' !anielle cerrou os 0unhos etentou recu0erar o controle: $u n#o deveria estar a6ui disse com vo- 6uase inaudvel =m 0ro2undocala2rio 0ercorreulhe o 0esco"o e o rosto 2icou ru/ro %#o devia estar2a-endo isso &laro 6ue deve sussurrou ele' dando um 0asso 4 2rente $la recuou'decidida

    %#o se a2aste de mim' !ani Foc5 n#o 6uer )ensei 6ue tudo entre nstivesse terminado h1 seis anos' mas aca/o de 0rovar a mim mesmo ocontr1rio (into 6ue nossoamor continua vivo como antes' n#o im0orta o 6ue voc5 digaK $st1 /em' n#o vou negar' 7en (a/e 6ue nunca deiei de am1lo todo essetem0o' contudoA distncia entre eles 0ouco a 0ouco diminua At, 6ue ele a a/ra"ounovamente' sem ouvir suas o/Ce"?es 7enK Mas o nome se 0erdeu na violenta tem0estade de seus /eiCos$st1 errado' 0ensou' con2usa %#o tinha o direito de am1loE agora era0reciso 0ensar na es0osa e no 2ilho' todavia' 0or en6uanto' o 0araso era0oder estar em seus /ra"os' acariciandolhe os ca/elos' de0ois asorelhas' 0esco"o e ultra0assar o tecido 2ino da camisa' tocando os

    m@sculos 0oderososA /oca dele estava 2irme 6uando se a0oderou dos l1/ios de !anielle'0enetrandoa com a lngua' como nunca 2i-era antes' des0ertando nelasensa"?es nunca e0erimentadas %#o era o mesmo de seis anos antesE 7enre2inara seu modo de amar' tornandose mais ousado' cativandoacom0letamente' mergulhando sem 2lego em tudo 6ue lhe 2a-ia sentirO cor0o alto e magro envolveu o dela' aCustandose 4 sua 2ragilidade comose 2ossem duas metades de um todoMas estava errado %#o deviam 2a-er o 6ue estavam 2a-endoDuase como se tivesse lido seu 0ensamento' ele suavi-ou o /eiCo e os/ra"os diminuram a intensidade do a/ra"o' acariciando suavemente ascostas delicadas 0or alguns minutos $m seguida' ergueu a ca/e"a' a/riuos olhos e 2itoua' 0er0leo 0elo 6ue tinha aca/ado de acontecer !aniK disse com tanta gentile-a 6ue ela sentiu vontade de derreterse

    em seus /ra"os !aniK 0ronunciou novamente'*alisando os ca/elos de !anielle' desarrumados 0or suas carcias %#ohouve um s momento nestes seis anos em 6ue n#o tenha sonhado em a/ra"arvoc5' /eiC1la'2a-er amor $ra como uma dor 6ue me devorava 0or dentro!e0ois segurou sua m#o com uma e0ress#o curiosa e levoua at, um so21 decouro' onde am/os sentaram' 2ascinados&A)

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    %o canto direito da sala' onde estavam sentados' um so21 e duas cadeirastam/,m de couro rodeavam uma outra mesa menor' es0lendidamente entalhada'so/re um ta0ete 0ersa %uma das 0aredes' dis0ostos simetricamente'anti6ussimas 0inturas emolduradas des0ertaram o interesse dela%ormalmente !aniele' como artista' sentiria curiosidade de sa/er 0or6uem haviam sido 0intadas e gostaria de admir1las mais de 0erto' 0or,mnesse instante lan"oulhes a0enas um olhar mal a0urado' antes de 2itar

    7en novamente Temia 6ue ele 0udesse 0erce/er o 6uanto ela estavaadmirada 0or tanto /om gosto e re2inamento$sse n#o era o 7en ar0er 0elo 6ual se a0aionara h1 tantos anos' 0ensoudesorientada' $stava outro: mais maduro' e0eriente' culto' en6uanto elacontinuava a mesma O estilo de vida dele era o0osto ao seu (ua ri6ue-a'mais do 6ue /via' deiavaa30ouco 4 vontade Tr,mula' levantouse' tentando evitar 6ue a vo-demonstrasse as emo"?es de sua alma )reciso ir' 7en %#o' !ani' ainda n#o O 6ue 6uer de mimB $ssa , uma 0ergunta curiosa Agora sua vo- 0ossua uma arrogncia'

    6ue nunca tinha escutado %otou tam/,m 6ue mal conseguia controlarse %unca 6uis nada de voc5' !ani' mas estou 0ronto a darlhe tudo 6ue 0edir )or 2avor' 7en' n#o diga mais nada $u a/ri m#o do 0ra-er de ouvilodi-er estas 0alavras h1 muito tem0o $ 0or 6u5B ouve um tem0o em 6ue eu vivia s 0ara voc5' mas voc5 medeiou )or 6ue 2e- isso' !aniB Todos estes anos nunca consegui sa/er ara-#o !iga agora$la a/aiou o rosto' aca/runhada &omo e0licar' 2a-5lo entender' se nemela mesma sa/ia o motivoB %unca conseguiu lem/rar o 6ue a m#e disseraeatamente 0ara 2a-5la tomar a decis#o de dei1lo $ tam/,m agora n#oim0ortava mais: tudo estava mudado (into muito sussurrou $u nunca 6uis mago1lo' 7en Ainda n#o res0ondeu o 6ue lhe 0erguntei Mas eu n#o sei 0or 6u5K Al,m do mais' este n#o , nem o lugar nem a

    ocasi#o 0ara este ti0o de conversaO am/iente em volta dela estava tenso Algu,m C1 devia ter contado aLi//y o 6ue acontecera' se , 6ue ela n#o vira 0essoalmente !evia estar0rocurando o marido' 0erguntandose como ele 0odia ser t#o grosseiro comos hs0edes (e entrasse no escritrio 4 0rocura dele' seria 0recisoinventar uma s,rie de e0lica"?es sem neo (eus convidados devem estar 0rocurando 0or voc5 %#o s#o meus convidados' 2oram convidados 0or minha m#e %#o se lem/rade como ela sem0re gostou de 2esteCar o %atalB !isse a ela 6ue este anon#o seria di2erente dos outros Acho 6ue todos os amigos e conhecidosdela est#o a6ui hoCeAliviada 0or ser a casa da m#e de 7en' !anielle 2icou mais a vontade eretrucou:

    $nt#o esta n#o , sua casaB a casa de seus 0aisB(im' de alguma 2orma sentiase melhor: ele n#o vivia dessa maneira'continuava sendo seu 7en' a0esar de tudo (a/ia 6ue os 0ais dele n#o eramricos' 0or,m talve- tivessem enri6uecido da noite 0ara o dia de0ois 6ueos vira 0ela @ltima ve- (entiuse contente 0or eles Todavia' mais umave- suas es0eran"as esmoreceram ao ouvira vo- segura de 7en di-er: A casa , minha ele 2ran-iu a testa ao ver 6ue !anielle mudava a2isionomia 0ara uma e0ress#o

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    estu0e2ata Meus 0ais vieram morar comigo 6uando 0a0ai se a0osentouh1 dois anos (ei ela voltou 4 terra com um cho6ue e 2icou dece0cionada consigomesma 0or n#o ter adivinhado algo 6ue era t#o evidente uma casa muito va-ia !anielle n#o sa/ia o 6ue di-er )arecia 6ue7en estava tendo 0ro/lemas com seu casamento e' se isso 2osse verdade'ela era a @nica 0essoa no mundo 6ue deveria sa/er O som de seu cora"#o

    /atia em seus ouvidos com 2or"a' sua res0ira"#o tornouse mais r10ida'o2egante e involuntariamente voltou a encar1loavia no rosto de 7en uma triste-a amarga' estava mais magro do 6ue antese nos ca/elos maior 6uantidade de 2ios /rancos=m estranho 0ensamento 0assoulhe 0ela ca/e"a: 0or 6ue n#o tornarse >aoutra> na vida deleB Amavao su2icientemente 0ara 6uerer suavi-ar6ual6uer dor 6ue o a2ligisse!e/atiase com esta ideia tentadora' talve- a solu"#o 2inal 0ara todos osseus 0ro/lemas' 0or,m n#o 0odia 2a-er isso com Li//y '0or mais 6ue sesentisse tentadaa 2a-5loMais uma ve- a su0osta imagem da mulher de 7en' uma loira atraente'voltoulhe 4 ideia %#o conhecera Li//y e n#o ia 6uerer conhec5la nesse

    dia ou ouvir 2alardela )reciso ir Duero 6ue 2i6ue %#o me 0e"a isso' 7en ( estou 0edindo 6ue 2i6ue um 0ouco comigo' conversando' !ani Mas eu n#o 0ossoE n#o , Custo !ani (egurou as m#os dela e olhou o rosto 01lido' os l1/iostr,mulos' os olhos verdes 6ue /rilhavam de deseCo' inde0endentementede sua vontade %#o estamos 2a-endo nada errado )or 6ue sentir tantacul0aB &omo se algu,m 2osse entrar de um momento 0ara o outro esur0reendernosCuntos

    t#o im0ossvel assimB &laro 6ue , $sta , minha casa: n#o 0reciso dar satis2a"?es a ningu,mde minha vida 0articular Al,m disso' Michael me viu tra-5la 0ara c1Eele dir1 ao resto da 2amlia' se algu,m 0rocurar 0or mim sso n#o o 0ertur/aB$la olhou 0ara 7en contrariada' mas as 2ei"?es im0assveis nadarevelaram Acariciou o rosto cansado de 7en' delicadamente !everiaB!anielle n#o 0odia entender (er1 6ue ele n#o se 0reocu0ava com o 6ue a2amlia e a mulher 0odiam 0ensarB $ra %atal e estava dando uma 2esta 7enn#o 0odia sim0lesmente desa0arecer desse Ceito (e esse era o modo comoas 0essoas so2isticadas se com0ortavam' n#o 6ueria 2a-er 0arte dessemundo

    (into muito' 7en' mas n#o 0osso 2icar mesmo$le 2oi at, uma das 0aredes co/erta 0or um 0ainel' como se n#o tivesseouvido A0ertou um /ot#o e o 0ainel desli-ou' revelando um /ar em/utido'no 6ual cintilavam co0os de cristal e garra2as em 0rateleiras de vidro %#o vai aceitar um drin6ue de %atal comigoB $m nome dos velhos tem0osB!anielle sus0irou 0ro2undamente' censurandose 0or estar vendo nesseconvite inocente algo mais do 6ue realmente era A2inal' o 6ue 0odiahaver de errado num drin6ueB $ra cedo e dois velhos amigos encontrandose0or ocasi#o do %atal e recordando os velhos tem0os 0odiam /rindar %#o0odia es6uecerse do modo incontrol1vel como se atirara em cima dele h1

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    t#o 0ouco tem0o' mas isso era 0or causa de emo"?es intensas contidasdurante seis anos (e Li//y 2osse 4 0rocura dele' /em' 0oderia estarcerta de 6ue n#o havia motivo 0ara ci@mesAceitou o co0o 6ue lhe o2erecia' erguendo nervosamente os om/ros' esentou na /eirada do so21 &ala2rios 0ercorreram sua nuca e as m#oscome"aram a suarE es2regouas no vestido' olhando 0ara todos os lugares'menos 0ara 7en

    + .eli- %atal' !ani murmurou ele com vo- suave' mas algo a 2e-estremecerTentou relaar um 0ouco' mas a6ueles olhos a atraam irresistivelmente7en ar0er era t#o /onito 6ue !anielle n#o conseguia olhar 0ara a6uelerosto s,rio e atraente 0or muito tem0o' em/ora 0ressentisse 0or tr1s daa0ar5ncia am1vel uma certa 2rie-a 6ue a con2undiaA contragosto' ele 0arou de encar1la e atravessou a sala 0ara enchernovamente o co0o' de0ois voltou a sentarse a seu lado no so21 Famos' !ani' relae .e- um /rinde' de0ois tomou alguns goles !igame 0or 6ue veio a6ui hoCe 4 noite $ngolindo em seco' ela sentiu 6ueo rosto se manchavade vermelho &omo 0odia continuar 2ingindo 6ue era o mesmo 7en'

    interessado no 6ue ela estava 2a-endoB $le evolura' en6uanto < ela haviaestacionado no tem0o$ssa sala lindssima' os mveis caros' at, mesmo os co0os de cristal 6ueseguravam' eram uma 0rova tangvel do a/ismo 6ue os se0arava !aniellees2or"ouse o6uanto 0de 0ara 2ingir 6ue n#o tinha im0ortncia o 0or6u5 de sua0resen"a na6uela casa Tenho tra/alhado /astante nos @ltimos dias' sa/ecomo ,' 2a"o o6ue 2or 0reciso Maurice 0ediu 4 ag5ncia onde tra/alho aCuda etra 0araesta 2esta $ a6ui estou )rocurava mostrarse alegre Ag5nciaB a0arentou tomar alguns goles $m0regados !om,sticosiggins' em ay (treet$le 2ran-iu a testa' tentando acreditar nas 0alavras' mas ela desviou os

    olhos $nt#o , verdadeB %#o mora mais em (dneiB %#o est1 a6uia0enas 0ara umas 2,riasB %#o voltou de0ois da o0era"#o de sua m#eB$n6uanto a /om/ardeava com as 0erguntas' !anielle teve asensa"#o de estar sendo encurralada %#o' estou morando com meus 0ais de novo )or 6u5B$le n#o sorria mais' os olhos ad6uiriram uma e0ress#o dura';os l1/ios revelavam toda a tens#o 6ue o dominava interiormente )or 6ue n#oB !ani devolveulhe a 6uest#o )ensei 6ue 0re2erisse as lu-es /rilhantes e o ritmo velo- de (dnei %#o 2oi 0or esses motivos 6ue me mudei 0ara l1 Foc5 estava casado e

    eu n#o 0odia mais 2icar a6ui )or,m agora voltou )or 6ue' !aniB O 6ue es0era ganhar com issoB O 6ue es0ero ganharB %#o estou entendendo' 7en %#o es0ero nada' a0enasminha m#e 0recisava de aCuda de0ois da cirurgia e decidi 2icar %#o ,sim0lesB Muito sim0les torceu a /oca como se -om/asse dela Duando vai come"ar a lamuriarse so/re o estado de sa@de de sua m#eB $6ue seu 0ai 0erdeu o em0rego e /e/e todos os dias 0ara es6uecer adesgra"aB Due o 0ouco dinheiro 6ue voc5 leva 0ara casa e o 6ue tom eRen,e economi-am , 6ue est1 mantendo a 2amliaB

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    %#o , verdadeK tentou negar veementemente' mantendose rgida' semolhar 0ara ele' temendo ver o 6ue havia em seus olhos Minha m#e n#oest1 doente $ meu 0ai vai tra/alhar todos os dias Duanto 4 /e/ida'/em' todo mundo /e/e de ve- em 6uando' n#o ,B %s tam/,m estamos /e/endoagora $rgueu o co0o e tomou um grande gole' mas engasgou e 6uase cus0iutudo O 6ue , istoB 0erguntou' ainda su2ocada 7randy (a/ia 6ue ia 0recisar de algo 2orte 0ara aCud1la a desa/a2ar

    !anielle 0ousou o co0o na mesa e ergueuse' 2itandoo como se de re0entetivesse duas ca/e"as %unca transgredira conduta' nem com ela' nem com6ual6uer outra 0essoa durante todo o tem0o 6ue se conheceram $ra 7en'mas ao mesmo tem0o n#o era A revela"#o de 6ue 0udesse ser um estranhoatingiua de re0ente' 2a-endoa tremer com tanta 2or"a 6ue recuou alguns0assos%#o devia doer tanto' disse 0ara si mesma' lamentando o homem gentil ecom0reensivo 6ue 7en costumava ser $ra uma dece0"#o' mas n#o o 2im domundo' 0ois n#o 0ossuam nenhum com0romisso8 O/rigada 0ela /e/ida agradeceu' erguendo orgulhosamente o 6ueio $s0ero 6ue voc5 e sua 2amlia tenham um timo %atal Firouse 0ara a0ortaE C1 estava com

    a m#o na ma"aneta 6uando sentiu o to6ue dele im0edila de continuar NJ1 vai em/ora' !aniB Mas ainda n#o conseguiu o 6ue 6ueria O 6ue ,B $u As 0alavras de 7en ar0er 2or"aramna a virarse com um gestoviolento dos om/ros' a2astou a m#o dele e 2itouo diretamente dentro dosolhos durante umlongo e angustiante minuto 6ue 0arecia n#o ter mais 2im Ou s est1atr1s do meu dinheiroB continuou com tom irnico!anielle n#o res0ondeu $stava muito o2endida &ontinuou olhando o rosto2ormoso de 7en' agora' de2ormado 0elo des0re-o !evia ter 0erdido 0arteda conversa e n#ose lem/rava /em o 6ue era )or algum motivo ele 0ensava 6ue estava em suacasa com o @nico 2ito de 0rocur1lo e retomar a rela"#o no 0onto ondehaviam 0arado em

    troca de dinheiro Mas a6uilo era ridculo $la nem se6uer sa/ia 6ue elemorava na6uela casaE a desco/erta 2ora um cho6ue 0ara elaAl,m do mais' 7en desconhecia 6ue se realmente 0recisasse de alguma coisaele seria a @ltima 0essoa do mundo a 6uem ela 0rocuraria Recorreria0rimeiro ao 0ai $sse 0ensamento 2ulminoulhe a mente' deiandoa estatelada &laro' ares0osta era essa: o 0aiKLem/rou 6ue 7en dissera alguma coisa so/re seu 0ai ter 0erdido o em0regoe estar /e/endo 0ara es6uecer &omo ele 0odia sa/erB A menos 6ue (uamente tra/alhavaa grande velocidade e ent#o tudo 4 sua volta desmoronou%#o' 0a0ai' n#o 0odia ser verdadeK $le n#o teria coragem de vir 0ediraCuda a 7enK %#o ele' com todo a6uele orgulho

    (entiase dilacerada' dividida em duas' um arre0io gelado 0ercorrendo seucor0o O rosto de 7en oscilava diante de seus olhos: 2echouos 0aratentar recom0orsee im0edir 6ue as l1grimas rolassem 0ela 2ace !e0ois levantou a ca/e"a'demonstrando uma indi2eren"a 6ue estava longe de sentir e encarouodiretamente9 Mudei de ideia' 7en %a realidade' n#o 6uero nada de voc5 %emdinheiro' nem coisa alguma $ agora' se me der licen"a $le hesitou' de0ois a2astouse 0ara dei1la 0assar sem 0ronunciar uma

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    @nica 0alavra ou tentar im0edilaP&A)

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    entenderia a situa"#o .ui 0rocur1lo no dia 0rimeiro de de-em/ro econtei 6ue vivamos a0enas do 6ue voc5 levava 0ara casa %#o 2a-ia muito tem0o 6ue ele vivia assim' 0ortanto n#o 0oderia teres6uecido o 6ue , necessitar de dinheiro Tomou um longo gole de us6uee lim0ou a /oca com a m#o &laro 6ue n#o 2ui logo 0edindo o dinheiro'!aniE ainda tenho meu orgulho' n#o ,B Ali1s' nem es0erava dinheiro' 2ui0edir um em0rego

    Mas 0or 6ue 7enB Duem melhor do 6ue eleB Atualmente , um homem muitoin2luente e C1 esteve a0aionado 0or voc5 Outro motivo 2oi oseu amor 0or ele' minha 2ilha Ainda o ama' n#o , verdadeB Foc5contou' !ani $ o 6ue 2oi 6ue ele disseB .e- uma 0or"#o de 0erguntas' a maioria a seu res0eito (a/e 6ue 0ensou6ue estava casadaB !isse 6ual6uer coisa so/revoc5 usar uma alian"a no dia em 6ue a viu no hos0ital' 6uandosua m#e 2oi o0erada )areceu 2icar muito aliviado 6uando lhe contei 6uecontinuava solteira )a0aiK

    Duer 6ue eu 0areB demonstrando certa irrita"#o' o sr Iilson tomoumais uns goles de us6ue: $ncaroua e de0oisdesviou o olhar Tinha os olhos inCetados e suas m#os tremiam $leainda a ama' minha 2ilha' acredite em mim .oi seu 0rimeiro amor e nuncaes6ueceu o 6uesigni2icou 0ara ele )a )s a m#o na /oca' como 0ara engolir as 0alavras$ra /em 0ior do 6ue 0ensava: como 0odia o 0ai tirar vantagemde algo morto h1 tanto tem0oB .itouo com amargura e 0ena Foc5 n#o0erce/e 6ue isso 2oi no 0assadoB Agora somos0essoas di2erentes Foc5 agiu mal tentando usar meus sentimentose os de 7enE es0ero 6ue ele tenha recusado aCuda Recusado' !aniB Muito 0elo contr1rio' disse 6ue vou come"ara tra/alhar0ara ele em Caneiro

    %#o sa/e n#o )ousou as duas m#os so/re 1 mesa e o/servouaslongamente em sil5ncio Duando tornou a erguer os olhos' havia algo deim0lac1vel em sua /oca O em0rego , nos &am0os de )etrleo de %orth Iest (hel2 0ronunciou as0alavras com cuidado' como se temesse engolir alguma letra )reciso convencer sua m#e a ir comigo 0ara o norte $la n#o ir1' 0a0ai A vida toda ouvi mam#e di-er 6ue s 0oderia ser2eli- vivendo a6ui $nt#o est1 tudo aca/ado $ssa 2oi uma das condi"?es 6ue 7en im0s (eela n#o 2or comigo' nada de em0rego $ 0recisareiUachar um Ceito de devolver o adiantamento 6ue me deu AdiantamentoB

    &inco mil dlares disse na de2ensiva )recisava de dinheiro 0aravivermos at, o come"o do ano $ 0reciso achar um lugar 0ara morar 6uandomudarmos 0ara o norte $ de0ois havia todos os 0resentes de %atal Dueria6ue voc5s crian"as tivessemMas !anielle continuava im0assvel' 2itandoo severamente $ssa era uma das condi"?es: 6uais s#o as outrasB %#o sei como di-erlhe' !ani&ome"ou o vaiv,m na cadeira de /alan"o' en6uanto um 0esado sil5ncio secolocou entre eles $le 6uer 6ue voc5 v1 0rocur1lo e 0e"a sua aCuda' 0ronunciou

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    2inalmente' com vo- rouca !anielle 2icou horrori-ada' de0ois levantouse' tremendo violentamente $ de0ois dever1 di-er a ele como estamostodos gratos 0or sua aCuda terminou com calma eas0erante %#oK $le n#o 0odia 0isar assim em seu orgulho &omo ousaK$le erguera os om/ros como se o orgulho dela n#o tivesse a menorim0ortncia e 0ela 0rimeira ve- !anielle 0erce/eu claramente o egosmo do0ai (ua 2ra6ue-a e in2erioridade diante dos mais 2ortes

    A gravata em volta do 0esco"o estava 2roua' a camisa /ranca amassada esuCaE o ca/elo /ranco revolto de tanto 0assar as m#os nele comnervosismo' o rosto congestionado e um 0ouco inchado' tudo com0rovava seuestado de em/riague-Res0irando 0ro2undamente' !anielle Cogou o ca2, na 0ia' com gestos calmose 0onderados' mas 0or dentro tremia de raiva e con2us#o )or maiscaticos 6ue 2ossem seus 0ensamentos' n#o conseguia aceitar o 6ue o 0aidissera &omo ele 0de 0edir uma coisa dessasB $ como voc5 concordou' 0a0aiB %#o0erce/e como , humilhante 0ara mimB Mam#e re0etindo constantemente 6ueele n#o era su2icientemente /om 0ara mim e agora o/rigarme a ir 0rocur1lo 0ara 0edir aCuda %#o havia outra coisa a 2a-er 7en ar0er era minha @ltima es0eran"a

    )a0ai encarouo com e0ress#o amarga %#o , 4 toa 6ue 7en se com0ortou de modo t#o estranho hoCe 4 noite!eve ter 0ensado 6ue voc5 me mandou at, l1 O 6ue est1 di-endoB A 2esta onde 2ui tra/alhar hoCe era na casa de 7en$le solu"ou e levantouse' mal conseguindo e6uili/rarse nas 0ernastr,mulas 0or causa da /e/ida $nt#o voc5 o viuB %#o 2e- nada 6ue 0udesse estragar as coisas 0ara mim'n#o ,B %#o' claro 6ue n#o estraguei nada 0ara voc5' 0a0ai' mas ser1 6ueconsegue imaginar como me sentiB 7en chegou a 0ensar &alouse' dere0ente' humilhada' C1 cansada de tantas e0lica"?es$le 0ensara 6ue tinha ido 4 sua casa 0ara im0lorar Mas 0or 6u5B O 6ue

    ele ganharia com issoB$n6uanto os 2eriados se escoavam lentamente' de tanto 0ensar chegou 4@nica solu"#o 0ossvel: vingan"a $la o 2erira em seu orgulho seis anosantes e essa era sua maneira de vingarse' 2a-endoa ver o 6ue havia0erdido )or,m era uma vitria t#o insigni2icante' t#o 0ouco digna de umhomem como ele 6ue 0ela 0rimeira ve- !anielle 2icou dece0cionada !i2ciladmitir 6ue 7en 0ossua 2ra6ue-as como 6ual6uer outra 0essoa no mundo$levarao num 0edestal 0or tanto tem0o' idolatrarao so/remaneira'considerandoo acima de 2alhas mes6uinhas' 6ue agora se desiludia aodesco/rir 6ue a2inal n#o era !eus' mas um homem comum' suCeito aim0er2ei"?es !aniB $st1 me ouvindoB(o/ressaltouse ao ver a irm# 4 sua 2renteE estava t#o imersa em suas

    lem/ran"as 6ue chegou a es6uecer 6ue estava no 0ar6ue com Ren,e !escul0e' Ren,e Acho 6ue estava sonhando acordada O 6ue 2oi 6uedisseBRen,e sus0irou' deiandose cair a seu lado no /anco de 0edra %#o tem im0ortncia Duer 2alar so/re ele' !aniB $le 6uemB &omo 6uemB ( um homem 0ode 2a-5la es6uecer um dia lindo como este&onteme: 6uem 2oi 6ue 2inalmente su/stituiu 7en ar0er em seu cora"#oB!anielle sentiu um n na garganta ao ouvir o nome dele

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    )ara ser 2ranca' estava 0ensando em 0a0ai mesmoB $ em 6uem maisB verdade &omo ser1 6ue ele conseguiu convencer mam#e a acom0anh1loao norteB $la n#o 6ueria nem tirar 2,rias 6uanto mais vender a casa emudarseK Foc5 n#o sa/e mesmo a verdadeB )or 6u5B Foc5 sa/eB Tudo 6ue 0a0ai me contou 2oi 6ue teve um 0ouco de

    tra/alho' mas 2inalmente o/teve sua a0rova"#o $st#o Cuntos h1 muito tem0o e estava na hora de tomarem uma atitude'agora 6ue ns' os 2ilhos' estamos crescidos Al,m do mais' voc5 su/estimao 0oder do dinheiro riu cinicamente' /alan"ando a ca/e"a Assim 6ue 0a0ai contou osal1rio 6ue iria ganhar 0ara mam#e' ela deiou de ser um em0ecilho =ma rea"#o muito gratuita' n#o , verdadeB !anielle 2ran-iu a testa'tentando imaginar 0or 6ue 7en 2ora t#o generoso com seu 0ai se deseCavatanto vingarse dela ( n#o consigo entender uma 0arte dessa histria: como 0a0ai conseguiuarranCar um em0rego desses na idade dele e no momento eato em 6ue estava0recisando tam/,m comentou Ren,e' en6uanto contem0lava os 2ilhos 6ue davam comida aos

    cisnes negros do 0ar6ue(e o 0ai n#o havia 2alado a verdade so/re 7en 0ara Ren,e' n#o seria!anielle 6ue iria contar' 0ortanto retrucou: .oi sim0lesmente um gol0e de sorte' nada mais )ode ser' mas o 6ue me di- de ter conseguido o dinheiro 0ara mand1la 4escola de arte como 0resente de %atalB Tam/,m 2oi sorte' !aniB $ o 6ue mais 0oderia serB $u n#o sei' mas voc5 sa/e $ , 0or isso 6ue se recusou a come"ar asaulas .oi o 6ue deseCou a vida toda e' agora 6ue conseguiu' recusaaceitar $sta histriaest1 muito mal contada !eie 0ara l1' Ren,e %#o vou deiar n#o Alguma coisa est1 acontecendo 0or a6ui e voc5s n#o6uerem me contarE a0osto 6ue 7en ar0er est1 envolvido nisso

    + Foc5 sem0re teve uma imagina"#o muito 2,rtil' Ren,e Al,m disso' 7enar0er nada tem a ver conosco Acontece 6ue 7en ar0er teve algo a ver com voc5 Tem andado t#osolit1ria estes @ltimos dias' recusando at, mesmo os encontros maiscasuais (e o tivesse es6uecido' como a2irma' n#o continuaria a com0ararcada homem 6ue conhece com ele' da 2orma 6ue 2a-!anielle sacudiu a ca/e"a' comovida com o a2eto da irm# Ren,e tinha asmelhores inten"?es do mundo' mas !ani deseCava a0enas 6ue 0arasse detrat1la como se 2osse inca0a- de lidar com sua 0r0ria vida $stavamorando tem0orariamente com a irm# at, 0ossuir condi"?es de 0agar umlugar s 0ara si' mas Ren,e tornavase a cada dia mais o/sessiva' sem0erce/er

    $stou certa' n#o estouB Foc5 continua a0aionada 0or 7en ar0er' e n#o2icaria sur0resa se ele tivesse dado o dinheiro a 0a0ai Ren,e calouse' arregalando os olhos e a/rindo a /oca es0antada com as 0alavras 6uedissera /om !eus' ent#o , isso' n#o ,B 7en deu o dinheiro a 0a0ai eo em0rego tam/,m (im' de0ois 6ue 0a0ai 2oi 0rocur1lo 0ara 0edir aCuda inacredit1vel' !ani Agora C1 sa/e de tudo 0or isso 6ue estou t#o -angada e n#o 6uero ir0ara o curso de arte 7en , 6ue 0agou 0or tudoK!anielle olhou 0ara Ren,e com toda a 2@ria contida de sua nature-a

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    orgulhosa e de0ois a2astouse' tremendo violentamente' tentando reter asl1grimasA irm# consoloua 0or algum tem0o e de0ois a0anhou os 2ilhos 6ue estavam0rontos 0ara ir 0ara casa' 0or,m !anielle 6ueria 2icar um 0ouco a ss.a-ia algum tem0o 6ue Ren,e tinha ido em/ora e ela continuava sentada num/anco a2astado' admirando o sol se 0r lentamente' a2undando nas 1guas dolago =ma 0a-

    solit1ria 0airava so/re tudo e ela tentou a/sorver um 0ouco dessatran6uilidade' contudo sua mente estava in6uieta demais 0ara relaarAs lu-es come"aram a /rilhar em alguns dos edi2cios do outro lado dacidade e !anielle 2icou 0ensando se em algum deles estaria o escritriode 7en' se ele ainda estava tra/alhando ou se C1 voltara 0ara casaA /risa estava 2resca e suave e era im0ossvel n#o se lem/rar do tem0o em6ue eles dois costumavam 0assear 0elo 0ar6ue de m#os dadas' a0reciando o6ue 7en chamavao >!outor de .remantle>%o 2im da tarde e come"o da noite' o ar 6uente do ver#o mudava' 6uandocome"ava a so0rar a /risa do lago (Van' vinda do 0orto de .remantle' noOceano ndico Duando 0erce/eu o rumo 6ue seus 0ensamentos estavam tomando' sacudiu a

    ca/e"a' desiludida )or 6ue s conseguia 0ensar em 7en' 0or mais 6uetentasse desviar o 0ensamento deleB $ra 0reciso es6uecer: ele mudara'desa0arecera %#o o amava mais' n#o 0odia am1lo !aniB A vo- atr1s dela 0arecia t#o real 6ue 0ulou de susto Achei 6ue era voc5 Todas as ve-es 6ue vim a6ui nunca a encontrei%#o era 0ossvel' 0ensou !ani' agora estava tendo alucina"?es tam/,mKArmouse de coragem e virouse' n#o es0erando realmente encontr1lo ali( 0odia ser 2ruto de sua imagina"#o A essa hora ele devia estar em casaCantando com a es0osa e alguns de seus amigos milion1rios &onseguia at,ouvir o rudo da criadagem' o murmurar suave da conversa"#o so2isticada'o tilintar dos co0os de cristalMas l1 estava ele' so-inho atr1s dela' alto e charmoso' a camisa /rancacom o colarinho a/erto dis0licentemente' a gravata 2roua' o 0alet cin-aCogado no om/ro

    (orria' e os dentes alvos contrastavam com a 0ele /ron-eada %#o haviad@vidas' ningu,m mais tinha a6uela elegncia indolente ou a6uele ca/eloescuro e sedoso 6ueinsistia em cair na testa %ingu,m mais tinha o mesmo magnetismo 0araela Mesmo nesse momento cada milmetro de sua 0ele vi/rava de deseCo sde olhar 0ara ele&errou os dentes' odiandose 0or ser t#o suscetvel 4 0resen"a dele elevantou J1 estava indo em/ora %#o v1 ainda!anielle olhou em volta' receosaE estavam so-inhos na tarde 6ue 2icava0ouco a 0ouco cada ve- mais escura A @nica com0anhia8

    eram os 01ssaros 0ousados nas 1rvores os os cisnes negros do lago As2lores selvagens levemente agitadas 0ela /risa 2resca ealavam um 0er2ume6ue os deiavaine/riados Foc5 est1 com medo d