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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL – PRODERE
POLÍTICAS SOCIAIS E AGLOMERAÇÃO RURAL NO
LAGO DO LIMÃO – IRANDUBA/AM
MAGALY BRICENO LOPES
Manaus
2010
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL – PRODERE
MAGALY BRICENO LOPES
POLÍTICAS SOCIAIS E AGLOMERAÇÃO RURAL NO
LAGO DO LIMÃO – IRANDUBA/AM
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento Regional da
Universidade Federal do Amazonas, como
requisito parcial para obtenção do Título de
Mestre em Desenvolvimento Regional. Linha de
pesquisa: População e Desenvolvimento
Regional
Orientador: Prof. Dr. Ricardo José Batista Nogueira
Co-orientador: Prof. Dr. Luiz Roberto Coelho Nascimento
Manaus
2010
3
L864p Lopes, Magaly Briceno
Políticas sociais e aglomeração rural no Lago do Limão – Iranduba/AM
/ Magaly Briceno Lopes. - Manaus, AM : UFAM, 2010.
110 f.: il. ; 30 cm
Inclui referências.
Dissertação (Mestre em Desenvolvimento Regional). Universidade
Federal do Amazonas. Orientador: Prof. Dr. Ricardo José Batista Nogueira.
1. Desenvolvimento econômico regional 2. Iranduba (AM) - Condições
econômicas 3. Iranduba (AM) - Condições sociais 4. Comunidades rurais –
Iranduba (AM) I. Nogueira, Ricardo José Batista (Orient.) II. Título
CDU (2007): 332.1 (811.3)(043.3)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UFAM
4
MAGALY BRICENO LOPES
POLÍTICAS SOCIAIS E AGLOMERAÇÃO RURAL NO
LAGO DO LIMÃO – IRANDUBA/AM
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento Regional da
Universidade Federal do Amazonas, como
requisito parcial para obtenção do Título de
Mestre em Desenvolvimento Regional. Linha de
pesquisa: População e Desenvolvimento
Regional
Aprovada em 16 de dezembro de 2010
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo José Batista Nogueira (orientador)
Universidade Federal do Amazonas - UFAM
_____________________________________________________________________
Prof. Dr. Manuel Masulo Jesus da Cruz Universidade Federal do Amazonas - UFAM
_____________________________________________________________________
Prof. Dr. Nelcioney José de Souza Araújo Universidade Federal do Amazonas - UFAM
5
Dedico este trabalho, aos meus pais pela
educação ofertada, ao meu marido Regino
e ao meu filho Lucas Briceno pela
paciência que me foi dedicada.
6
AGRADECIMENTOS
Ao Deus, pela oportunidade de cursar um Mestrado, algo que me parecia tão
distante...
Aos meus pais, que tanto se esforçaram para me fornecer uma boa educação.
Ao meu filho Lucas, companheiro das madrugadas em claro.
Ao Prof. Dr. Ricardo José, mestre ao qual devo muito respeito pela contribuição
na minha formação profissional desde a Graduação até o Mestrado.
Ao Prof. Dr. Luiz Roberto, que me auxiliou nos caminhos desta pesquisa, e
apresentou uma grande disposição e paciência para ensinar-me.
Aos professores Masulo, Amélia Regina, Mauro Thury, Pery Teixeira, Andréia
Brasil que contribuíram para a minha formação profissional e toda paciência tiveram em
me atender nas diversas demandas.
A FAPEAM, pela concessão da Bolsa, sem a qual invibializaria a dedicação aos
estudos.
Ao Sr. Adjalma, funcionário do IBGE, que me disponibilizou dados sobre o
Lago do Limão.
Aos colegas de Mestrado, com os quais partilhei conhecimentos e criei laços de
amizade.
A todos os sujeitos sociais, habitantes do Lago do Limão, que se dispuseram a
participar da pesquisa.
7
RESUMO
Alguns municípios do Amazonas têm experimentado crescimento populacional nos
últimos anos. Dentre os quais, Iranduba, com um incremento populacional de 72,89%
durante o período 1991-2000. Neste município destaca-se o distrito do Lago do Limão,
que apesar de não apresentar desenvolvimento econômico, tem experimentado,
conforme verificação ―in loco‖, um crescimento populacional nos últimos 40 anos.
Dessa forma, supõe-se que o crescimento deste distrito não está associado ao
crescimento econômico, mas sim a políticas de transferência de renda, tais como a
Bolsa – Família, aposentadorias, pensões, Benefício de Prestação Continuada (BPC),
além da infraestrutura mínima oferecida como escola, posto de Saúde, dentre outras.
Nesse sentido, após a aplicação de formulários, realizou-se uma análise de
correspondência no sentido de verificar se de fato estas variáveis contribuem para a
decisão de migrar para o interior do aglomerado, bem como se confrontou as rendas
auferidas de atividades produtivas com rendas compostas por transferências de renda,
no intuito de verificar se as com transferências são maiores que as rendas das atividades
produtivas. Por meio destes métodos conclui-se que os fatores tranquilidade e educação
foram determinantes na decisão de migrar, no entanto, os benefícios sociais não estão
associados a tal decisão. A resposta em relação aos fatores que determinaram a
migração refutam as hipóteses neoclássicas, nas quais o individuo migra em busca de
oportunidades econômicas. Contudo, as migrações do Lago do Limão para Manaus,
indubitavelmente, confirmam tais teorias, posto que a população sai do aglomerado
rural rumo a cidade em busca de oportunidades econômicas ofertadas por esta. Além
disso, a renda familiar composta por benefícios sociais demonstrou-se ser maior que as
atividades de caráter rural sem benefícios sociais, pressupondo uma preferência a
receber benefícios do que produzir. As aposentadorias destacam-se como principal fonte
de renda familiar. Depreende-se desse estudo a importância dos benefícios sociais nas
economias que apresentam baixo dinamismo, posto que no Lago do Limão, reduziram-
se significativamente as famílias sem rendimento após a implantação do PBF. Importa
ressaltar, que conforme o IBGE, o Lago do Limão apresentou declínio em seu
contingente populacional no período 2000-2007, refutando a hipótese de crescimento.
Contudo, verificou-se a sua expansão espacial, atribuída ao as ―famílias novas‖ que
demandaram novas residências. As famílias que habitam o Lago do Limão, em sua
maior parte, praticam extrativismo e pesca para o autoconsumo, além disso, afirmam
alta satisfação em residir no aglomerado. Enfim, é necessário discutir a manutenção da
população em áreas rurais, devido à oferta de uma infraestrutura básica, tais como
educação e saúde, além dos programas de transferência de renda, o que de certa forma
contribui para uma sustentabilidade espacial, ou seja, redução na pressão demográfica
das grandes cidades.
Palavras – chave: rural; transferências de renda; infraestrutura; famílias.
8
ABSTRACT
Some municipalities of Amazonas have experienced population growth in recent years.
Among which, Iranduba, with a population increase of 72.89% over the period 1991-
2000. In this town stands the district of Lake Lemon, who despite not provide economic
development, has experienced as verified on the spot, a population growth over the past
40 years. Thus, it is assumed that the growth of this district is not related to economic
growth, but the income transfer policies, such as the Bolsa - Family, pensions, Cash
Benefit (BPC), beyond the minimal infrastructure offered as schools, health clinics,
among others. Accordingly, after the application of form, held a correspondence
analysis in order to verify whether in fact these variables contribute to the decision to
migrate to the interior of the cluster, and confronted the incomes earned from productive
activities with revenue comprised for income transfers in order to check whether the
transfers are higher than the rents of productive activities. By these methods it is
concluded that the factors tranquility and education were crucial in the decision to
migrate, however, the benefits are not associated with any such decision. The answer in
relation to the factors that determined the migration refute the neoclassical hypotheses
in which the individual migrates in search of economic opportunities. However,
migration from Lake Lemon to Manaus undoubtedly confirm such theories, since the
population leaves the rural village towards the city in search of economic opportunities
offered by it. Moreover, the income consists of social benefits proved to be greater than
the activities of a rural social benefits without assuming a preference to receive benefits
than produce. Pensions stand out as the main source of income. It appears from this
study the importance of social benefits in economies that have low momentum, since at
Lake Lemon, declined significantly families without income after the implementation of
GMP. It should be emphasized that according to the IBGE, the Lake Lemon showed
decline in their overall population in the 2000-2007 period, refuting the hypothesis of
growth. However, there was space to expand, attributed to the "new families" that
required new homes. The families that inhabit Lake Lemon, for the most part, they
practice fishing and extraction for consumption, in addition, state high resident
satisfaction in the cluster. Anyway, it is necessary to discuss the maintenance of the
population in rural areas, due to availability of basic infrastructure such as education
and health, in addition to income transfer programs, which somehow contributes to a
sustainable space, in other words, reduction in population pressure in large cities.
Key - words: rural income transfers; infrastructure; families.
9
LISTA DE FIGURAS
p
01 – Escola de Nível Médio 49
02 – Posto Médico 49
03 – Pavimentação em ruas principais 50
04 - Paisagem exuberante - Lago do Limão no período de cheia 51
05 - Lago do Limão: Localidades da amostra intencional 54
06 – Ano 1997 66
07 - Ano 2010 66
08 – Ano 1997 67
09 – Ano 2010 67
10 – Mapa de correspondência do Motivo vs Renda 71
10
LISTA DE GRÁFICOS
p.
01 – Incremento populacional por áreas rural e urbana – 1991 – 2007 58
02– Transferências Correntes – Iranduba 2009 60
03 – Grupos etários 65
04 – Tipo de residência 68
05 – População em relação à situação de domicílio – Brasil 69
06 – Recebimento de benefícios pelas famílias entrevistadas 74
07 – Tipo de benefício recebido – Lago do Limão, 2010 75
08 – Principal fonte de renda familiar 76
11
LISTA DE TABELAS
p.
01 - Matriz de Correspondência 41
02 – Predomínio da ruralidade 47
03 – Mercado de trabalho formal de Iranduba incipiente 58
04 – Orçamento Fiscal do Município de Iranduba – 2010 61
05 – Razão de dependência 65
06 - Análise descritiva das variáveis Motivo vs Renda e teste de hipótese de associação
significativa 72
07 - Representatividade das aposentadorias, pensões ou BPC na composição renda
familiar – Lago do Limão, 2010 75
08 - Representatividade do PBF na composição renda familiar 75
09 – Praticam agricultura e recebem algum tipo de beneficio social 77
10 – Principal motivo para desistir da agricultura 78
11 – Média de ganhos conforme categorias de análise 79
12 – Medidas de Tendência Central – Ganhos em R$ 79
13 – Quantidade de fontes de renda por família 80
14 – Renda per capita e classificação do IPEA 82
15 – Rendimento nominal familiar 82
16 – Prática da agricultura: modalidade e modos policultural ou monocultural 85
17– Local para comercialização de excedentes dos produtores agrícolas 85
18 - Relação homem versus meio ambiente Lago do Limão 86
19 – Nível de satisfação com a Comunidade 87
12
LISTA DE QUADROS
p.
01 – Quantidade de amostras por área 55
02 – População residente em Iranduba nas áreas urbana e rural 57
03 – Comparativo Benefícios versus Transferências – Iranduba 2009 61
04 – Total de habitantes com percepção de benefícios 62
05 – Comparação entre arrecadação e benefícios pagos em 2009 - Iranduba 62
06 – População residente Lago do Limão 66
07 – Procedência dos migrantes do Lago do Limão 70
08 – Motivos para migrar para o aglomerado 70
09 – Quanto aos benefícios sociais 71
10 – Fontes de renda em salários mínimos 81
11 – Quantidade de produtores por cultura 87
13
LISTA DE SIGLAS
ACS – Análise de Correspondência Simples
BPC – Benefício de Prestação Continuada
FPM – Fundo de Participação dos Municípios
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPVA – Imposto sobre Propriedade Veículo Automotor
ISS – Imposto sobre Serviços
ITBI - Imposto Sobre Transmissão de Bens
Imóveis por Ato Oneroso "Inter Vivos"
ITR – Imposto sobre Propriedade Territorial Rural
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social
PBF – Programa Bolsa Família
PIB – Produto Interno Bruto
PIM – Pólo Industrial de Manaus
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
RMM – Região Metropolitana de Manaus
TCE – Tribunal de Contas do Estado
14
SUMÁRIO
Introdução 15
Capítulo I – Marco teórico 21
1.1 – A Compreensão do Termo ―Rural‖ 21
1.2 – A Categoria Analítica ―ruralidade‖ 25
1.3 – Diversas Amazônias, Diversos rurais 27
1.4 – Migração: Um fenômeno antigo e dinâmico 30
1.5 – Breve histórico sobre a migração na Amazônia 33
1.6 – O Estado brasileiro e os programas de transferência de renda 35
Capítulo II – Método de Análise 39
2.1 – Análise de Correspondência 39
2.2 – Aglomeração e Fatores Concorrentes 43
2.3 - Lago do Limão: espaço rural ou urbano? 46
2.4 - Caracterização da área de estudo 48
2.5 – Estratégia e coleta de dados 52
Capítulo III – Um recorte sócioeconômico de Iranduba 57
3.1 – Iranduba e uma população essencialmente rural 56
3.2 – Iranduba e a representatividade das políticas de transferência de renda e
previdência social 59
Capítulo IV – Resultados e discussões 64
4.1- O aglomerado rural do Lago do Limão e os aspectos demográficos 64
4.1.1 – Migrações para o aglomerado rural 69
4.2 – Benefícios sociais e atividades produtivas do Lago do Limão 72
4.3 - A relação homem-meio no Lago do Limão 83
Considerações Finais 89
Referências 92
ANEXOS
Anexo 01 – Aprovação do Comitê de Ética 105
Anexo 02 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 106
Anexo 03 – Formulário de Pesquisa de Campo 107
Anexo 04 – Carta Imagem de Iranduba 111
15
INTRODUÇÃO
O município de Iranduba, distante 25 km de Manaus, em linha reta, está entre
os oito municípios que compõem a Região Metropolitana de Manaus (RMM)1. Entre os
censos populacionais de 1991 e de 2000, realizados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), a população desse município passou de 18.876 para
32.303 habitantes. Sem muito esforço estatístico, verifica-se um incremento
populacional de 72,89% nesse período. Por meio deste confronto de dados, sem dúvida,
mostra-se que a população cresceu significativamente. Isto resultou de uma combinação
de fatores que engloba processos migratórios, alta taxa de natalidade, baixa taxa de
mortalidade, entre outros fenômenos demográficos.
Certamente, o crescimento populacional sem a contrapartida do crescimento do
produto interno bruto (PIB) gera desequilíbrio e problemas de desenvolvimento para
qualquer economia, de modo que não seria diferente para o município de Iranduba.
Comparando os 71% de aumento populacional no período 1991 – 2000, em relação à
variação de 54% de seu PIB, no mesmo período, infere-se que o produto gerado no
município não é suficiente para atender as necessidades básicas da população. Por conta
desse desequilíbrio, pode-se identificar por meio de uma pesquisa de campo cuidadosa,
um contingente de pessoas desocupadas ou subempregadas, consequentemente, com
insuficiência de renda. Este quadro vindo a persistir, sem dúvida, os ciclos viciosos da
1 A Região Metropolitana de Manaus foi criada por meio da Lei Complementar n˚ 52, de 30 de maio de
2007.
16
pobreza continuarão imperando sobre o ciclo virtuoso da riqueza, neutralizando
qualquer esforço de desenvolvimento.
A debilidade econômica interfere diretamente no comportamento populacional,
sobretudo na migração, motivada principalmente por fatores econômicos. Pessoas
migram de regiões de pouco ou nenhum dinamismo econômico para regiões que
sinalizam oportunidade de ocupação. Este fenômeno data desde a antiguidade,
atravessou milênios, de modo que está presente nas sociedades modernas. Migrar é da
natureza humana. No Amazonas, nos últimos cem anos, verificou-se um alto
crescimento populacional, respondido por uma parcela importante do processo
migratório ocorrido no plano intrarregional e interregional. No passado, o fenômeno foi
motivado principalmente pelo Ciclo da Borracha e em anos recentes, pelo crescimento
do Pólo Industrial de Manaus. Além do eixo de atração que Manaus desempenha, os
movimentos migratórios vêm ocorrendo, mas em pequena escala em alguns municípios
do Amazonas.
O município de Iranduba, por exemplo, abriga no interior de seus limites, 78
comunidades rurais. Dentre elas, encontra-se a do ―Lago do Limão‖, distante 30 km por
via terrestre da sede de Iranduba. É uma comunidade muito pobre e apresenta
fragilidade em sua estrutura econômica, pois acumula baixo dinamismo em sua
agricultura e no comércio. Apesar do empobrecimento econômico, curiosamente o
―Lago do Limão‖ apresenta expansão em seu contexto demográfico e espacial. A partir
deste crescimento, a comunidade rural adquire características de Aglomerado Rural
Isolado2, conforme classificação do IBGE para localidades determinadas.
2 Localidade situada em área não definida legalmente como urbana e caracterizada por um conjunto de
edificações permanentes e adjacentes, formando área continuamente construída, com arruamentos
reconhecíveis e dispostos ao longo de uma via de comunicação (IBGE).
17
O quadro demográfico e espacial em que vem experimentando a Comunidade
do ―Lago do Limão‖, nos últimos anos, não está associado ao próprio crescimento e
desenvolvimento das atividades agrícolas, pecuárias e extrativistas, mas a outros
fenômenos pouco observados por pesquisadores atentos.
Ora, a formação de pequenos aglomerados populacionais na zona rural de um
município pode estar relacionada, principalmente, a dinâmica econômica de uma ou
mais atividades. Contudo, no ―Lago do Limão‖, não se observa impulso econômico
relevante capaz de atrair muitas famílias para o seu entorno. Sua infraestrutura é
simples, de modo que se restringe a 01 escola, 01 posto médico, algumas ruas
pavimentadas, uma estrada que dá acesso à sede do município, energia elétrica e
pequenos comércios. Além disso, conforme os depoimentos de moradores, a produção
agrícola tem apresentado queda nos últimos anos.
Esse quadro, sem dúvida inquieta qualquer pesquisador social mais atento aos
problemas regionais da Amazônia. Percebem-se nas caracterizações apresentadas, traços
paradoxais que precisam ser estudados cuidadosamente, ou seja, uma pequena
comunidade rural que não goza de desenvolvimento, mas consegue aglomerar várias
famílias em um espaço determinado. Ora, levando-se em conta essa realidade, pode-se
supor que a intervenção do Estado, por meio das Políticas Sociais, tais como as de
previdência e assistência social, bem como a construção de uma pequena infraestrutura
pública na área de saúde ou da educação pode ter concorrido para a mobilização de um
processo de aglomeração. Em pesquisa realizada com o intuito de verificar a
segurança/insegurança alimentar da comunidade do Limão e de outras, verificou-se esta
possibilidade: uma grande quantidade de aposentados que optam por viver em áreas
rurais (YUYAMA et al. 2007). Muitas vezes, podem-se encontrar duas ou mais famílias
abrigadas em uma residência, vivendo de pequenos serviços de baixa remuneração, mas
18
contando com a aposentadoria dos pais para satisfazer parte se suas necessidades
básicas. Galizoni et al. (2007), ao estudar a formação de aglomerações rurais em Minais
Gerais, mostra esta tendência: de uma amostra de 60 famílias, apenas 5% não possuíam
nenhum tipo de transferência de renda.
Pode-se encontrar realidade semelhante em várias comunidades no interior do
Amazonas, de modo que o Lago do Limão parece não ser diferente. Isto justifica
aprofundar uma discussão no sentido de saber se, de fato, os programas sociais têm
levado muitas famílias a se abrigarem em pequenos núcleos rurais por conta da garantia
mínima de renda e de infraestrutura pública. Assim, este estudo objetiva dar uma maior
compreensão sobre a possibilidade de existir uma relação entre o fenômeno da
aglomeração demográfica, recente, no Lago do Limão e os programas sociais de
transferência de renda, tais como a ―Bolsa Família‖ e Benefício de Prestação
Continuada (BPC), bem como a concessão de aposentadorias e pensões, além da
pequena infraestrutura existente. Especificamente, objetiva-se:
a) Quantificar o número de famílias por residência morando no aglomerado
rural, bem como identificar os tipos de benefícios que elas recebem do
governo e confrontá-los com as outras fontes de renda que as logram com
atividades produtivas.
b) Realizar uma análise de correspondência entre as decisões de migrar para
o interior do aglomerado rural em resposta a ampliação da renda familiar
por conta dos programas sociais e da infraestrutura básica.
A resposta desses dois problemas de pesquisa permite compreender os motivos
que levam a formação dos aglomerados rurais, em áreas desprovidas de considerável
dinamismo econômico e de uma infraestrutura ampliada como é o caso do Lago do
19
Limão. Na atualidade, a migração interna brasileira não é somente dirigida para as
regiões economicamente mais dinâmicas: fatores individuais também importam na
escolha de novos lugares para se habitar (SACHSIDA et al., 2009).
Não obstante, convém assinalar que esta pesquisa não nega a urbanização que
de fato ocorre no Estado do Amazonas, apenas ressalta a expansão de um aglomerado
rural que mesmo apresentando fraco dinamismo econômico, recebe migrantes e se
expande espacialmente.
Essa dissertação está estruturada em quatro capítulos, além desta introdução,
que guarda o problema de pesquisa. No Capítulo I, é discutido o marco teórico. Neste
sentido, toma-se como base de orientação as concepções acerca do conceito de rural.
Dessa forma, reconhecem-se as especificidades dos rurais encontrados no Brasil,
portanto, procura-se discutir o rural amazônico. Posteriormente, revisitam-se as
concepções neoclássicas a respeito dos fatores que motivam a migração, bem como as
perspectivas atuais acerca deste assunto. Por fim, defini-se a postura em relação ao
conceito de Estado nesta pesquisa, bem como se demonstra evidencias empíricas na
concessão de benefícios sociais e manutenção de pequenas economias.
Por sua vez, o Capítulo II traz o método de análise, ou seja, a infraestrutura
analítica pautada numa relação entre formação de aglomerados e concessão de
benefícios sociais. Para tal fim, desenvolveu-se uma Análise de Correspondência
Simples, além de levantamento de dados por meio da aplicação de formulários de
pesquisa para 80 famílias residentes no aglomerado rural e avaliaram-se seus resultados
à luz de uma discussão pautada na senda da economia neoclássica. Reconhecem-se que
os fatores aqui demonstrados nesta pesquisa, ou seja, os benefícios sociais e a infra-
estrutura ofertados pelo Estado, são importantes na formação e manutenção do
aglomerado rural do Lago do Limão, contudo não são determinantes para esse processo,
20
posto que essa população possui um contexto histórico, social e um modo de vida, bem
como outras características que devem ser levadas em conta para qualquer afirmação
mais precisa.
No Capítulo III, de caráter mais amplo e complementar, discute-se, pautado nos
dados disponíveis pelo Tesouro Nacional, a importância dos benefícios sociais no
município de Iranduba, demonstrado por meio de uma comparação entre os recursos
disponibilizados pelo Estado para o pagamento de benefícios sociais - oriundos de
políticas de previdência social e de transferências de renda - e os recursos de caráter
legal disponibilizados para esse município, ou seja, o FPM, importantes para
manutenção de municípios com até 50.000 habitantes, durante o período de 01 de
janeiro de 2009 a 01 de janeiro de 2010, posto que o mercado não consegue como
instituição econômica, movimentar a economia destes.
No Capítulo IV, voltado para os resultados da pesquisa de campo, analisam-se
os aspectos sócio-econômicos do Lago do Limão, a importância dos benefícios sociais
na geração de renda, a relação homem meio, bem como os motivos que levam a
migração para o aglomerado rural. Além do que reconhece-se o contexto da expansão
do aglomerado apenas no contexto espacial, posto que esta apresenta saldo migratório
negativo no período 2000-2007. Por fim, as considerações finais.
21
CAPÍTULO I - MARCO TEÓRICO
Este capítulo empenha-se em tratar do marco teórico. Sobre esta estrutura
discussões se desenvolvem em três seções. A primeira seção dá conta das tentativas de
definir o termo rural, na perspectiva de alguns autores, além da discussão em torno da
categoria analítica ruralidade e o entendimento sobre o rural amazônico. A segunda
discute os fatores de atração e repulsão da população que são determinantes no processo
migratório. A terceira e ultima seção, trata de evidenciar a relação entre alguns
programas sociais relevantes do Governo Federal e o dinamismo que estes promovem
em pequenas economias no interior do Brasil.
1.1 A Compreensão do Termo ―rural‖
Conceituar um termo popular ou uma categoria analítica não é um simples
exercício de palavras, mas requer um esforço intelectual que muita das vezes atravessa o
campo da interdisciplinaridade e da transversalidade. Com o termo Rural, essa
dificuldade não é diferente. O IBGE (1996), por exemplo, para efeito de classificação
das unidades políticos administrativas, compreende ―Área Rural: área de um município
externa ao perímetro urbano.‖ Neste conceito está implícito o esforço de separar uma
região com grande acúmulo de atividades produtivas e culturais em estado de imensa
aglomeração, de outra que comporta unidades de produção dispersa e com pouca
diferenciação. É um conceito pouco enriquecedor, pois externa somente a idéia da
dualidade rural-urbano. Portanto, não contribui para o debate em torno deste termo.
22
Autores de diferentes posturas teórico-ideológicas empreenderam esforços
intelectuais na tentativa de explicar o rural. Mingione e Pugliese (1987), por exemplo,
em uma ampla discussão teórica, enfatizam que a dicotomia urbano – rural tratada por
Marx e Weber, não responde o que é rural. Ambos analisam esta dualidade somente na
perspectiva da inserção do capitalismo no meio rural. É uma postura que contribui para
minimizar este conceito, posto que se omitem os aspectos sociológicos importantes para
a sua compreensão. A localização de indústrias em áreas rurais, devido ao baixo custo
do fator mão-de-obra e abundância de matéria-prima, constitui exemplos que refutam
esta dualidade. Em relação ao mercado de trabalho, o rural não representa somente
atividade agrícola, e sim a diversificação de atividades, as quais atribuem à taxonomia
de pluriatividade. Sendo assim, a dicotomia urbano-rural tende a desaparecer.
Grossi e Silva (1999), na mesma linha de Mingione e Pugliese, analisam o
espaço rural brasileiro a partir da inserção de novas atividades em seu interior. Ao
definir o rural brasileiro ressaltam a localização de indústrias em seus espaços, além de
atividades de lazer, baseadas no turismo rural. Ao destacar estas características, o rural
representa uma opção de moradia, devido ao simplificado acesso à casa própria para a
população de baixa renda. Este cenário atual é classificado por estes como o ―novo rural
brasileiro‖.
Contrapondo-se a essa perspectiva do ―novo rural brasileiro‖, Oliveira (2004),
afirma que o rural brasileiro atual é composto por uma relação contraditória e
conflituosa, ou seja, a existência de relações capitalistas e não capitalistas. Reconhece
que de fato, o campo se industrializou, contudo, o campesinato apresenta fortalecimento
e busca sua existência social e afirmação enquanto classe. Dessa forma, é mister não
simplificar as relações sociais existentes no rural, que apresentam maior complexidade
do que as afirmadas por Grossi e Silva.
23
No âmbito da construção de política de desenvolvimento rural, Navarro (2001)
destaca o rural como um fenômeno de ampla heterogeneidade, dada à dimensão
territorial do Brasil e por conta das diferenças regionais. Neste contexto, o rural
brasileiro vai de regiões que experimentaram dinamismo tecnológico (modernização
agrícola) e a intensificação econômica, até regiões que para o autor, parecem ―dormitar‖
no atraso. Sendo assim, o conceito de rural vem sendo rediscutido na perspectiva
sociológica, econômica e ecológica, de modo que o significado deixa para trás sua
identificação como um espaço meramente agrícola. Para o autor, políticas de
desenvolvimento rural devem contemplar as peculiaridades regionais do rural.
Também na ótica do desenvolvimento rural, Ortega (2007) analisa o rural
brasileiro a partir de seu dinamismo, por tanto o diferencia da visão de sinônimo
agrícola. Nesse sentido, o rural passa a ser dimensionado como espaço, e não como
setor econômico. O rural a partir desta ótica é revalorizado, perspectiva que, conforme o
autor, que contribui para o arrefecimento do êxodo rural, intenso em períodos passados.
Por sua vez, Ramos (2001) valoriza o rural a partir de políticas que contemplem
o pequeno e médio produtor, posto que estes exploram a terra de forma não predatória.
Critica o rural como sinônimo de atraso, que para o autor, possui enraizamento cultural.
Nesse sentido, atribui à problemática do desenvolvimento rural à concentração
fundiária, que impede a melhoria da qualidade de vida da população rural, posto que
estas foram esquecidas pelas políticas desenvolvimentistas.
Osório e Siqueira (2001) ao ampliar o debate não trazem qualquer solução
conceitual, mas enriquecem as discussões em torno da conceituação do rural no período
a partir da segunda metade do século XX. Para os autores, o conceito deve contemplar
os aspectos da realidade na qual está inserido, se utilizando do senso comum e da
religião. Mesmo reconhecendo o espírito da globalização no meio rural, denominado de
24
o ―novo rural brasileiro‖, marcado pela diversificação de atividades, afirmam que a
predominância das atividades agrícolas nestas áreas ainda pode ser encontrada em
extensas regiões brasileiras. Sendo assim conceituá-lo vai depender da localidade a que
se refere.
Na tentativa de contribuir no debate, Ponte (2004) repensa o conceito de rural a
partir da relação de seus habitantes com a terra. O rural, a partir da perspectiva
geográfica, corresponde um espaço construído socialmente. Nesse sentido a
coletivização e a cooperação predominam, ainda que os laços entre comunidades rurais
tenham se enfraquecido. A construção social do campo apresenta nesta análise a busca
pela territorialização e a manutenção da população em áreas rurais.
Conceituar o rural num país de dimensões continentais como o Brasil, é um
esforço intelectual de grande complexidade. Dada às diferenças regionais e inter-
regionais que este país apresenta, o rural não pode ser pensado de maneira homogênea,
a partir de critérios pouco reflexivos, tais como a predominância ou não de atividades
agrícolas, a densidade demográfica, ou por meio da aglomeração e dispersão da
população. A formação do espaço, seja ele urbano ou rural, visto da perspectiva
geográfica, possui um processo histórico que precisa ser considerado (ENDLICH,
2006). A economia, o território, a sociedade e a cultura não são estáticos, de modo que
se modificam no curso da história de um determinado lugar, por diversos fatores.
Nesse sentido, elementos meramente quantitativos podem comprometer a
análise em torno do conceito de rural e se tornam ―armadilhas metodológicas‖.
Especificidades locais devem ser consideradas. Tanto rural quanto urbano devem ser
pensados a partir de múltiplas dimensões, não somente para efeito acadêmico, mas para
a implementação de políticas de desenvolvimento adequadas a esses espaços. Critérios
25
estáticos apresentam dificuldade em externar a complexidade da questão e
comprometem a aplicação adequada destas políticas (BERNADELLI, 2006).
Dessa forma, entende-se que o rural brasileiro é marcado por especificidades, de
modo que cada região apresenta caraterísticas peculiares neste espaço. Nesse sentido,
diversos aspectos para a devida análise em torno de cada rural devem ser considerados,
tais como, a própria identificação do individuo, ou seja, como este enxerga o espaço que
habita, de modo rural ou urbano; o processo histórico, o modo de vida, a cultura, a
relação com o meio ambiente, a economia, além da densidade demográfica, pressão
antrópica, dentre outros. A partir destes elementos, diversos rurais serão encontrados e
em distintos estágios de desenvolvimento.
Enfim, a complexidade deste debate, cria categorias analíticas que verificam a
manifestação do modo de vida rural, denominadas ruralidades, que serão posteriormente
discutidas.
1.2 – A Categoria Analítica ―ruralidade‖
A compreensão do termo rural abre espaços para geração de outras categorias
analíticas, dentre as quais, atualmente amplamente debatida no meio acadêmico, é a
―ruralidade‖. Diversos autores discutem o conceito de rural por meio desta categoria.
Carneiro (1998, 2002), por exemplo, afirma que as ruralidades se expressam de formas
diferentes em universos culturais, sociais e econômicos heterogêneos. As denominações
acerca do rural não devem ser somente pensadas a partir da penetração do capitalismo
no mundo urbano-industrial. Outros fatores, como os bens simbólicos e materiais,
relações de solidariedade e afetividade que incluem práticas de revalorização familiar
são conceitos culturais próprios do chamado ―mundo rural‖ que devem também ser
26
considerados: ―o rural expressa visão de mundo e valores distintos de acordo com o
universo simbólico ao qual estão referidas, estando, portanto, sujeitas a reelaborações e
apropriações diversas‖ (Carneiro, 1998, p.54).
Por sua vez, Wanderley (2000) analisa os espaços rurais a partir do contexto
socioeconômico e ambiental. Avalia a ruralidade das sociedades modernas avançadas,
especificamente a européia, enfatizando o fim do antagonismo rural – urbano: ambos os
espaços de produção apresentam relações de complementaridade. O meio rural
representa, na atualidade, um ―valor indispensável‖, em relação ao futuro das
sociedades, por conta da funcionalidade em gerar a sobrevivência humana da própria
economia, além de representar a disponibilidade dos recursos necessários. Nesse
sentido, o rural perde definitivamente o termo pejorativo de atraso e se insere no mundo
globalizado.
Sob a ótica sociológica, Karam (2004) não distingue rural de ruralidade, pois se
investiga diversos aspectos, dentre os quais, socioculturais, econômicos e ecológicos.
Sendo assim, analisa a ruralidade como ―um modo de vida, com uma sociabilidade que
é pertinente ao mundo rural, com relações internas especificas e diversas do modo viver
urbano‖ (p. 306).
Para Lindner (2008), as ruralidades são carregadas de grande carga cultural e
manifestadas por meio do apego às tradições, evidenciadas nas relações sociais da
população e até na gastronomia e na economia do local. Essas ruralidades não se
manifestam necessariamente em áreas rurais, mas também em pequenas cidades ou
vilarejos.
Por fim, na Amazônia, as manifestações dessa ruralidade são evidenciadas. O
meio rural, representa para seu habitante valor cultural, tranqüilidade e relação de
27
respeito com o meio ambiente. A terra para o ―ribeirinho‖3 representa o valor de uso, o
esforço nela contido. Dada a grande mobilidade nessa região, a moradia ou mesmo a
visita aos espaços rurais remete a infância tranqüila de outros tempos. A ruralidade
amazônica demonstra um rural próprio, específico e ao mesmo tempo diverso na
Amazônia, a ser discutido na próxima seção.
1.3 – Diferentes Amazônias, diversos rurais
Reconhecendo as especificidades em torno do rural brasileiro, esta seção detém-
se em discutir este conceito no contexto amazônico, na perspectiva de alguns autores
que empreenderam esforços na tentativa de compreender as peculiaridades do rural
nessa região.
As especificidades não se restringem ao plano inter-regional, mas também ao
âmbito intrarregional. A Amazônia Oriental4, principalmente no que se refere ao Pará e
norte do Mato Grosso, foi contemplada por projetos desenvolvimentistas que
propiciaram a modernização da agricultura, ao passo que na Amazônia Ocidental5, salvo
exceção de Rondônia e Roraima, ainda predomina a agricultura de modo tradicional.
Sendo assim, ao abordar o rural amazônida, sob a perspectiva de alguns autores, será
importante verificar o local que serviu de base para o estudo.
Lewis (1997), afirma que o rural do Estado do Amazonas é marcado por dois
víeis: primeiro, pela luta para a manutenção de um modo comunitário de viver e de uma
economia de subsistência; segundo, por um esforço de se distanciar das normas
3 Termo utilizado para denominar o camponês da Amazônia, que mantém uma relação ampla com os rios
da região. (LIMA, 2006) 4 Compreende os estados do Pará, oeste do Maranhão, norte do Mato Grosso, Tocantins.
5 Compreende os estados do Amazonas, Roraima, Rondônia, Acre e Amapá. É importante ressaltar que
projetos de colonização em Roraima, Acre ampliaram a população rural desses Estados. Nos demais,
principalmente no Amazonas, a Zona Franca de Manaus merece destaque no projeto desenvolvimentista.
28
camponesas de produção. Conforme o autor, esse Estado apresenta a luta por parte de
seus habitantes rurais, do controle da terra e recursos naturais. Contudo, deve se
ressaltar a ausência de políticas públicas voltadas para o setor agrário, além de outros
fatores como a ausência de uma logística de transporte da produção que supra
satisfatoriamente a pequena produção familiar, descapitalização dos pequenos
produtores (PEREIRA, 2008; NASCIMENTO), baixa escolaridade do produtor, que a
distância da aquisição e utilização de novas tecnologias, devido ao desconhecimento.
Essas características implicam no baixo nível de produtividade, devido à utilização de
métodos tradicionais no processo produtivo, tais como a queimada.
Contribuindo nessa perspectiva, Geipel e Neuburger (2005) em pesquisa
realizada no Tocantins e Mato Grosso, analisam a mudança das funções campo-cidade
na Amazônia, na qual o rural, devido à elevada migração campo cidade, passou a ofertar
em menor quantidade alimentos para as áreas urbanas. É importante ressaltar que essa
característica se contrapõe aos dados oficiais do IBGE, que informam que o Brasil,
como um todo, é abastecido satisfatoriamente pela pequena propriedade familiar. Nesse
sentido, o rural perde nesses Estados, principalmente no Mato Grosso, seu principal
papel: fornecer alimentos para áreas urbanas. Sendo assim, campo e cidade perdem
relações de complementaridade, representando mudanças ou perda de funções entre si.
Remetendo-se novamente ao rural do Estado do Amazonas, mesmo não tendo a
preocupação de conceituar este termo, Witkoski (2007) tenta dar uma contribuição para
a sua compreensão, quando caracteriza a região de seu estudo6: a predominância dos
camponeses7 que são em sua maioria, polivalentes, por praticarem agricultura,
6 Compreende as seguintes microrregiões do Estado do Amazonas: Médio Amazonas, Médio Solimões,
Alto Amazonas e Baixo Amazonas. 7 Para Chayanov (1974), o camponês é uma classe que exige uma teoria específica por possuir uma
economia diferenciada: a prática de relações não-capitalistas e o predomínio da unidade de produção
familiar, na qual a principal motivação para o trabalho é a de suprir as necessidades da família.
29
extrativismo animal e vegetal, criação, além de manterem uma forte relação com o meio
ambiente, sendo seu trabalho e hábitos regidos – principalmente na várzea – pelo ciclo
das águas (enchente, cheia, vazante, seca). A predominância de um modo de produção
não capitalista no Amazonas – principalmente em ambiente de várzea -, conforme o
autor se dá pelos seguintes motivos: o movimento cíclico das águas cria barreiras
intransponíveis para o desenvolvimento de uma agricultura capitalista na várzea, e a
proteção ao mundo ―exógeno‖ que o varzeano possui, no qual o tempo de produção e
tempo de trabalho8 são específicos, embora o camponês possua relação com o mercado,
seja para a comercialização de seu excedente, ou para a aquisição de produtos
necessários a produção e a própria sobrevivência. Contudo, não somente a fatores
geográficos deve ser atribuída a predominância da agricultura tradicional em ambiente
de várzea, posto que a ausência de tecnologias voltadas à adaptação desse ambiente
dificulta o aumento de sua produtividade.
Por sua vez, Hébette e Moreira (1996), ao analisar a situação social das áreas
rurais amazônicas9, afirmam que este é sempre remodelado pelos migrantes, que trazem
consigo sua cultura, práticas profissionais, suas aspirações e suas ambições, ao mesmo
tempo em que se incorporam no novo meio social. Essa população encontra na
Amazônia a dificuldade de se ―fixar‖ por diversos motivos: a competição pela posse da
terra, que quase sempre resultam em lutas sangrentas; as restrições ecológicas, tais
como o solo10
, a descapitalização; o isolamento e a penosidade do trabalho. Mesmo
assim, a população rural na Amazônia cresce11
, característica que pode ser justificada
por alguns fatores como o aumento, ainda que em pequena proporção, da migração
8 Para esta afirmação, Witkoski, menciona Marx, na obra O Capital (1980, p.252 e 254).
9 Os autores se referem a Amazônia Clássica.
10 Os solos amazônicos, em sua maioria latossolos, são considerados pelos IBGE, com potencial agrícola
regular. 11
Para esta afirmação o autor utilizou os dados do Censo (IBGE) de 1970, 1980 e 1990.
30
cidade campo, ou ainda pelo crescimento natural, ou seja, a predominância das taxas de
natalidade sobre as taxas de mortalidade.
Sendo assim, percebe-se um rural amazônico composto por um misto de
agricultura modernizada e tradicional, além da existência de outras atividades primárias
importantes para a população que nele habita como o extrativismo, a pesca e a pecuária.
Nesse rural, atividades ditas urbanas, como o comércio, indústria e serviços
governamentais, ainda que em pequena escala, também estão presentes e contribuem
para a fixação dessas populações em determinado espaço. A aparência de estático é
enganosa. Nele novas configurações se remodelam, aglomerados populacionais se
formam, ao mesmo tempo em que a Amazônia, por sua imensa extensão territorial,
permite a dispersão entre as moradias e comunidades (NUNES, 2008).
Por fim, reconhece-se que o rural amazônico é caracterizado pela existência de
fluxos migratórios de saída e de chegada, que se dão por diversos motivos.
1.4 – Migração: Um fenômeno antigo e dinâmico
Por migração, fenômeno datado desde a Antiguidade, entende-se o
deslocamento de pessoas de um lugar para outro por determinados motivos. Diversos
autores, das mais diversas áreas do conhecimento, tentaram explicar os principais
fatores determinantes desse deslocamento, de modo que não traz ao estudo qualquer
inovação ao tentar revê-lo didaticamente. No entanto, parece ser plausível rever
sumariamente o que explica a migração na perspectiva de algumas escolas do
pensamento econômico predominante, por meio de alguns autores.
Richardson (1981), por exemplo, em uma concepção neoclássica, analisa a
migração na perspectiva da mobilidade de mão de obra. Mesmo assim, reconhece a
31
dificuldade em determinar os fatores que motivam essa mobilidade no interior das
fronteiras de um país ou entre países, posto que o movimento não apresenta
regularidade. Nesse sentido, divide as hipóteses teóricas em duas vertentes: os modelos
deterministas, nos quais as taxas de migração são determinadas por condições objetivas
e os indivíduos são tratados como agentes econômicos racionais; e modelos
probabilísticos, que são mais flexíveis, pois admitem a ligação do individuo com a
região, a inércia e o exercício da livre escolha por parte dos indivíduos. Por conta disto,
leva a admitir três características comuns aos dois modelos, sendo estas, a distância
entre os lugares de origem e de destino, as atratividades diferenciais das áreas tais como
as melhores oportunidades econômicas e maiores salários; além da disponibilidade de
informação dos migrantes em questão.
O modelo determinista, conforme Ricahrdson aponta como fatores de migração
para fora da região, características internas a esta, como o nível de renda, a incidência
da pobreza, o desemprego elevado e as oportunidades de ascensão social reduzida. Por
sua vez, o modelo probabilístico reconhece que os diferenciais significativos de
rendimentos entre a região de origem e a região de destino induzam a migração.
Entretanto, critérios não econômicos podem ser levados em conta, tais como, a
resistência à mudança, os riscos, a incerteza, a ligação cultural com a região, as relações
de parentesco ou amizade em outras localidades, o estado conjugal e as
responsabilidades familiares do migrante em questão, além do acúmulo de
conhecimento e da informação sobre as oportunidades de emprego da região de destino,
os diferenciais regionais na oferta de habitações, as comparações do lugar de origem e
de destino em relação ao custo de serviços sociais, a existência ou não de facilidades de
crédito para financiar as despesas com a migração, e por último, não menos importante,
à distância, que determina os custos com a viagem.
32
Todaro (1981) não se mostra diferente, pois pautado na concepção neoclássica,
advoga que a migração é motivada antes de tudo por fatores econômicos, agindo o
indivíduo de modo racional. O salário ―esperado‖ e as probabilidades de se conseguir
um emprego são considerados na decisão de migrar, fator que explica a migração rural
urbana, mesmo a cidade apresentando altas taxas de desemprego. Nessa perspectiva, o
referido autor põe em segundo plano, fatores sociais, físicos, demográficos e culturais.
Considerando a probabilidade da obtenção de emprego, Damiani (2009) atribui
as grandes correntes migratórias ao desenvolvimento do capitalismo, além de motivos
políticos e econômicos conjunturais ou causas econômicas mais estruturais. Critica
ainda, a atribuição da pressão demográfica como motivador da migração, posto que esta
hipótese apresenta generalização. Por fim, a autora reconhece a dificuldade de se
atribuir aos impulsos migratórios que podem ser simplesmente, por acúmulo de
necessidades, desejos, sofrimentos e esperanças (SORRE, 1967 apud DAMIANI, 2009).
Em estudo recente sobre o perfil do migrante brasileiro, Albuquerque e
Mendonça (2009) atribuem além das variáveis econômicas, a variável distância, ou os
custos de transportes como fatores importantes na decisão de migrar. Afirmam ainda,
com base nos dados12
, que a idade é um fator importante. Os autores ressaltam um
fenômeno que vai de encontro ao que os estudos empíricos convencionais costumam
evidenciar, ou seja, em suas observações os indivíduos muito jovens ou muito idosos
têm possuído mais propensão a migrarem. Afora essas exceções, pode-se dizer também
que a educação deve ser considerada, dado que quanto maior o nível de escolaridade,
maior a possibilidade de migração.
Por fim, entende-se que verificar os motivos que influenciam na decisão de
migrar, não é tarefa fácil. Fatores de ordem econômica, social, físicos, demográficos,
12 Os dados utilizados se referem a Pnad 2006 (IBGE).
33
culturais, dentre outros, devem ser considerados na análise de estudos empíricos, além
do contexto histórico. Na Amazônia, por exemplo, ciclos econômicos como o ciclo da
Borracha, expansão da fronteira agrícola motivada pelo Estado, o desenvolvimento da
Zona Franca de Manaus tendo como o seu maior expoente de sucesso o PIM, que se
deram em períodos diferentes, impulsionaram a migração em algum momento do
tempo. Na atualidade, outros motivos podem ser considerados, como a busca pela
tranqüilidade, ou de uma infraestrutura mínima, a distância do local de destino dentre
outros.
1.5 – Breve histórico sobre a migração na Amazônia
A Amazônia tem uma história marcada por uma intensa mobilidade espacial de
humana e capital. Fluxos migratórios sempre ocorreram com maior ou menor
intensidade. A idéia de um ―vazio demográfico‖ colaborou com as iniciativas de
ocupação da região. Para Witkoski (2007), os ciclos econômicos da borracha no inicio
do século XX e a implantação da Zona Franca, contribuíram fortemente para a atração
de migrantes para a Amazônia. Se por um lado estes ciclos contribuíram para a atração
de população, o fim do primeiro em 1910 acarretou a expulsão de milhares de pessoas
que abandonaram o Amazonas sem nada. Conforme Loureiro (2001), este Estado
perdeu com o fim do período áureo cerca de 20.000 habitantes. As décadas seguintes
entre o declínio da economia gomífera e a criação da Zona Franca, em 1967,
confirmaram a tendência de atração de migrantes por motivos econômicos: os dados dos
censos de 1940 e 1950, apresentados por Schuh (1976), também indicam a perda de
população neste Estado.
34
Entre as décadas dos anos 1950 e 1960, conforme Pereira (2003), a migração
para Amazônia se deu de maneira ―espontânea‖, sendo formada principalmente por
migrantes originários do Nordeste, composta em sua maioria por trabalhadores rurais,
pequenos ocupantes posseiros e proprietários descapitalizados. A partir da década de
1960, essa migração passou a ser motivada, sobretudo, pelos projetos de
desenvolvimento concretizados pelo Estado para a Amazônia, que possuíam como
objetivo a ocupação do ―vazio demográfico‖ e a redução das disparidades econômicas
dessa região em relação ao Centro-Sul.
No Amazonas, por exemplo, a criação do Pólo Industrial de Manaus (1967),
aliado a falta de uma política voltada para o setor agrário, contribuiu para o aumento da
migração campo/cidade, sendo essa perspectiva confirmada pelos dados dos Censos de
1960 e 1970, nos quais a população de Manaus incrementou-se 72,89% (GARRIDO
FILHO, 1971).
Na atualidade, predomina no Estado do Amazonas, migração intraestadual,
apresentando conforme dados do trabalho de campo de Witkoski, uma porcentagem de
51,9%. Os nascidos no mesmo município representam 40%, enquanto que as migrações
inter-regional e internacional apresentam apenas 8,1%, confirmando as afirmações de
Brasil, Santos e Moura (2000), que apontam redução na intensidade dos fluxos
migratórios para este Estado. Verifica-se também, conforme dados dos Censos de 1991
e 2000, o aumento da população de áreas urbanas, entretanto, a população de áreas
rurais também crescem, posto que parte destes habitantes rurais tem permanecido ou ido
para o campo. A migração para o campo vai construindo conforme Hébette (1996), um
novo mundo rural, caracterizado por um dinamismo dos migrantes, que tecem uma
malha de aglomerados tipicamente rurais que apresentam os mais diversos tamanhos e
escalas.
35
Esse ―novo mundo rural‖ mantém uma relação direta com a intervenção do
Estado, seja na concessão de subsídios agrícolas como o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), ou na liberação de benefícios
sociais como a ―Bolsa Família‖, pensões e aposentadorias.
1.6 – O Estado brasileiro, a política de previdência social e os programas de
transferência de renda
Existem duas concepções no que diz respeito ao Estado: a primeira refere-se ao
Estado criado para a defesa dos interesses da burguesia, separado dos interesses da
população como um todo. Nessa concepção teórica, segundo Engels (1997, p. 191) o
Estado é:
[...] Antes um produto da sociedade, quando esta chega a um determinado
grau de desenvolvimento; é a confissão de que essa sociedade se enredou
numa irremediável contradição com ela própria e está dividida por
antagonismos irreconciliáveis que não consegue conjurar. Mas para que
esses antagonismos, essas classes com interesses econômicos colidentes não
se devorem e não consumam sociedade numa luta estéril, faz-se necessário
um poder colocado aparentemente por cima da sociedade, chamado a
amortecer o choque e a mantê-lo (sic) dentro dos limites da ‗ordem‘.Este
poder, nascido da sociedade, mas posto acima dela se distanciando cada vez
mais, é o Estado.
A segunda corrente se refere ao Estado que serve para atender as demandas da
sociedade como um todo, para tanto prima pela liberdade e bem-estar dos indivíduos, ao
ponto de se demonstrar disposto a corrigir as incongruências do sistema capitalista em
favor das classes menos favorecidas (BOBBIO, 1992). Essa perspectiva está inserida na
Reforma do Estado (BRASIL, MARE, 1995), na qual este se torna regulador e provedor
dos serviços básicos, tais como educação e saúde, que são considerados essenciais ao
desenvolvimento, bem como possui a incumbência de garantir uma melhor distribuição
na renda.
36
Toma-se como parâmetro a segunda corrente, por entender-se que o Estado, por
meio das Políticas Sociais, atua em espaços que apresentam falhas de mercado e
insuficiente geração de empregos, sendo agente na redistribuição de renda, o qual seu
fluxo de despesas correntes, sob essa ótica, são classificadas em três categorias –
consumo, renúncia fiscal e transferências. Por meio destas despesas, o Estado intervém
para suprir as demandas essenciais da sociedade.
Para fins desse estudo, toma-se como base, a despesa com transferências, ou
seja, os benefícios pagos pelo Governo que não exigem a contrapartida específica de
produção física da parte do beneficiário, tais como os benefícios de previdência social13
,
Bolsa-Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), dentre outros (MOURÃO,
2009). Essas concessões, por parte do Estado, movimentam a economia de pequenos
municípios ou ainda de áreas rurais, contribuindo para a manutenção da população
nestas, evitando a migração campo/cidade. Algumas pesquisas demonstram a
importância desses benefícios na economia destes lugares:
Aldrich e Kusmin (1997), por exemplo, ao pesquisar comunidades rurais nos
Estados Unidos, enfatizam a aposentadoria como um dos fatores impulsionadores do
crescimento econômico local, embora atribuam maior importância a outros elementos,
como a indústria, posto que estas áreas apresentam vantagens econômicas claras em
relação as áreas com maior número de aposentados. O que não seria difícil de explicar,
já que o rendimento dos aposentados possui uma regularidade, além do que áreas
industrializadas apresentam um PIB maior, dada a dinamicidade econômica, podendo
alterar-se facilmente conforme o aumento da produtividade.
No Brasil, as políticas de previdência social em comunidades rurais apresentam
maior importância. Segundo Schwarzer (2000), em pesquisa realizada no município de
13 Oriundos das mais diversas formas de aposentadoria (por idade, tempo de serviço, compulsórias, rurais)
e pensões.
37
Igarapé-Açú, no Estado do Pará, as aposentadorias rurais apresentam relevância para a
manutenção da economia deste município. Conforme o autor, no ano de 1995, os
benefícios representaram três vezes mais a folha de pagamento de todos os empregados
formais deste município e mais de um quinto da produção agrícola municipal. Em
pesquisa de campo, constatou-se que o beneficio representa única renda para 38,9% dos
entrevistados, e 88,9% dos domicílios constitui a metade do total dos rendimentos.
Conclui afirmando a importância do programa de aposentadorias rurais para a redução
da pobreza e da migração rural-urbana, posto que estas beneficiam mais a população
menos abastada.
Geipel e Neuburger (2005), por sua vez, afirmam que o recebimento de
aposentadorias por trabalhadores rurais em Tocantins, dinamizam a economia de
pequenos municípios, posto que grande parte destes recursos são gastos no comércio
local, e apontam uma nova configuração da relação campo/cidade, já que as
remunerações aos aposentados rurais são recentes no Brasil.
No que se refere à formação de adensamentos populacionais em áreas rurais,
Galizoni et al. (2007), afirma que o reordenamento e concentração espacial de famílias
em comunidades e povoados da região do Alto Jequitinhonha, em Minas Gerais, estão
relacionados às políticas de transferência de renda, posto que na amostra da pesquisa de
campo, apenas 5% não apresentavam recebimento de algum tipo de benefício.
Schneider (2007), em pesquisa realizada em quatro municípios do Rio Grande
do Sul14
, afirma que a renda proveniente de aposentadorias e pensões representam a
renda de 19,6% das famílias pesquisadas, perdendo somente para as rendas agrícolas
(58,6%), reconhecendo a importância decisiva desses recursos para a composição das
rendas destes municípios.
14 Os munícipios pesquisados foram: Veranópolis, Morro Redondo, Salvador das Missões e Três
Palmeiras.
38
As aposentadorias representam ainda, a continuidade da unidade de produção,
sendo parte dos rendimentos utilizada para tal, conforme enfatiza Sugamosto (2007) ao
pesquisar o município de Colombo, Paraná. A autora ressalta ainda, a importância
desses benefícios para a sobrevivência e manutenção da população em áreas rurais.
No que tange as transferências de renda, Matos e Oliveira (2008) ressaltam a
importância do Programa Bolsa Família para a redução da pobreza, aumento da
escolaridade (baixa em áreas rurais), além de concluírem que este programa não afasta
os beneficiários do mercado de trabalho. Em pesquisa realizada na Comunidade Rural
de Timbó, Bahia, afirmam que 55% das famílias desta localidade são beneficiadas,
sendo que estes recursos participam de 11% da renda.
Levando-se em conta essas evidências empíricas, pode-se inferir que as
políticas de transferências de renda, previdência social e de empregos contribuem para a
redução da desigualdade e pobreza. Ao mesmo tempo, também, contribuem para a
manutenção e atração da população em áreas rurais. Isso, de certa forma, corrobora para
uma sustentabilidade espacial, ou seja, uma relação equilibrada cidade/campo, posto
que evita a excessiva concentração geográfica das populações em aglomerações
urbanas (SACHS 1993, apud MONTBELLER FILHO, 2008). Não menos importante, a
infraestrutura também contribui para a manutenção da população em área rural, já que
demandas como educação e saúde não necessitam de deslocamento para áreas urbanas
para serem supridas.
Por fim, fatores como o crescimento natural da população, aliado ao
arrefecimento da migração rural-urbana, crescimento, ainda que ínfimo, da migração
cidade-campo, contribuem para a aglomeração populacional em áreas rurais, ainda que
tal conjuntura não represente um considerável fenômeno demográfico.
39
CAPÍTULO II - MÉTODO DE ANÁLISE
2.1 – Análise de Correspondência
Indubitavelmente, uma pesquisa científica deve-se pautar numa ordem
sistemática de planejamento, de modo a permitir o uso de métodos capazes de dar
respostas ao problema de pesquisa posto sob estudo, além de outras indagações
subjacentes. Nesta proposta de pesquisa a idéia é observar criticamente a
correspondência que tem os programas sociais e a infraestrutura no processo de
formação aglomerativa humana no interior do Lago do Limão. Para esse fim, utilizou-se
o Método de Análise de Correspondência nas amostras que apresentaram migrantes.
Conforme Hair et al. (2009), a análise de correspondência é uma técnica de
interdependência muito utilizada em análise multivariada de dados para redução
dimensional e mapeamento perceptual. Para os autores pode-se dizer que é uma técnica
conhecida como escalonamento ou escore ótimo, ou análise de homogeneidade. O
método traz três características básicas:
i) É uma técnica composicional, de maneira que o mapa perceptual é
construído a partir de uma associação entre objetos e um conjunto de
características descritivas ou atributos especificados pelo pesquisador;
ii) Concebe-se a técnica para retratar a correspondência de categorias de
variáveis que são medidas em escalas nominais. Existindo essa
correspondência, sem dúvida, ter-se-á as condições para o
desenvolvimento de mapas perceptuais;
40
iii) Os benefícios da Análise de Correspondência residem na possibilidade de
representar em linhas e colunas, por exemplo, uma variável e seus
atributos, em um espaço conjunto.
No plano formal, a Análise de Correspondência deve considerar o número de
variáveis que gerou a pesquisa de campo, principalmente no que diz respeito ao produto
e sua origem. Decorre que houve a necessidade de tentar um método que permitisse
agregar todas essas variáveis e produzir uma correlação satisfatória. Para esse fim,
utilizou-se a Análise de Correspondência Simples (ACS)15
, uma técnica estatística
multivariada (MINGOTI, 2005) que permite medir e visualizar situações por meio de
gráfico e a associação entre um conjunto de variáveis categóricas (CZERMAINSKI,
2004).
Formalmente, seja N a matriz de freqüências absolutas, ou seja, N=[ nij ]IxJ . A
matriz de freqüências relativas será P=(1/n).N e é chamada de matriz de
correspondência. Cada linha ou coluna de P pode ser considerada um vetor de
proporções conforme demonstração adiante (Tabela 1).
15 Análise de Correspondência é uma técnica descritiva de variáveis categorizadas, resumidas em tabelas
de contingência, que são tabelas que contêm contagens cruzadas de duas ou mais variáveis categorizadas,
assim, consiste em um método de visualização de dados e seus resultados são apresentados em um mapa
de pontos denominado diagrama de dispersão, no qual as variáveis representadas são similares e têm
escalas comparáveis.
41
A B
Total
Linha 1 2 ... J ... J
1 P11 p12 ... p1j ... p1J p1Σ
2 P21 p22 ... p2j ... p2J p2Σ
... ... ... ... ... ... ... ...
I P21 p22 ... p2j ... p2J piΣ
... ... ... ... ... ... ... ...
I P21 p22 ... p2j ... p2J pIΣ
Total Coluna pΣ1 pΣ2 ... pΣj ... pΣJ 1
Tabela 01 - Matriz de Correspondência
Fonte: CZERMAINSKI, 2004.
Onde: pij = nij /n ; piΣ = niΣ /n ; pΣJ = nΣJ /n .
Definem-se as distâncias entre perfis linha não pela métrica Euclidiana usual,
mas pela métrica Euclidiana ponderada, chamada métrica ou distância qui-quadrado:
J
j j
ijiiij
iiciiiic
nn
nnnn
aaDaaaad
1
2
''
1'' ',',,
ou seja, dc(ai , ai‘) é a distância euclidiana entre ai e ai‘ na métrica Dc (ponderada por
Dc), onde Dc é a matriz diagonal de elementos cj = niΣ/n (j=1, ... ,J). O vetor c = [c1 c2 ...
cJ ]‘, proporções marginais de colunas ou massas de colunas, é também chamado de
perfil linha médio ou centróide dos perfis linha. Analogamente, as distâncias entre
perfis colunas são obtidas na métrica Dr (ponderada por Dr), que é a matriz diagonal das
proporções marginais de linhas ri = niΣ/n (i=1,...,I), que compõem o vetor r, o centróide
dos perfis coluna ou vetor de massa de linhas. A ACS avaliou a relação existente entre
42
as linhas e colunas da Tabela de Contingência de forma descritiva (Análise
Descritiva16
), possibilitando assim uma ampla visão do aspecto qualitativo da amostra.
Após a aplicação desse método, pôde-se construir um gráfico de dispersão das
coordenadas principais das linhas e das colunas, com o intuito de analisar a associação
entre as variáveis. Esse gráfico é denominado de gráfico de correspondência.
Neste estudo, tendo como referência o método descrito, construíram-se tabelas
de duas entradas para realizar a associação entre as variáveis selecionadas, isto é, a
formação de aglomerado rural e sua correspondência com as variáveis políticas de
transferência de renda e infraestrutura ofertada, utilizando-se somente das amostras que
apresentaram migrantes.
No intuito de confirmar a correspondência, aplicou-se o teste paramétrico Exato
de Fisher generalizado para tabelas r x c, por meio do software R 2.1. Tal método
consiste em um teste baseado numa distribuição exata, em vez de uma aproximação da
distribuição de Qui-quadrado utilizado nos testes de Qui-quadrado de Pearson e o da
razão de verossimilhança. O teste Exato de Fisher é útil quando os valores esperados
nas células são baixos e a aproximação de Qui-quadrado não é muito boa.
Seja X uma tabela de contingência r x c, seja xij o valor observado na linha i e
na coluna j, defini-se a soma das linhas e das colunas por
r
i
jij
c
j
iij
r
i
ijj
c
j
iji CyRycxréYYxCXR1111
,,Seja.
Hipóteses
H0:
c
j rjjj
j
yyy
CDYP
1 21
1
)!!!()(
versus Ha:
c
j rjjj
j
yyy
CDYP
1 21
1
)!!!()(
16 A análise descritiva é uma técnica estatística que pode se apresentar por modelos univariados ou
multivariados (uma ou mais variáveis), de aspectos qualitativos e quantitativos. Nesse sentido, esse
método estatístico facilita o entendimento das relações entre as variáveis, posto que extrai informações
aparentemente não explicitas (FREITAS e MUNIZ, s.d.).
43
Onde
)!!!(
)!(
21
21
r
r
RRR
RRRD
Define-se
Então o p-valor associado com tabela X observada é
A idéia básica do teste Exato de Fisher generalizado seria testar se existe
associação entre uma e a outra variável categórica, no entanto agora usando não uma
aproximação, mas a probabilidade exata e generalizada para tabelas de tamanhos maior
ou igual a 2 x 2.
Os testes não paramétricos são utilizados, em geral, quando as amostras são
pequenas e quando as pressuposições dos testes paramétricos não são satisfeitas. É bem
verdade que, na maioria das vezes, recomenda-se a utilização do teste paramétrico
mesmo que as variáveis sejam transformadas para que se o utilize. No entanto, nem
sempre é possível garantir condições para que se utilize o teste paramétrico, ficando
assim mais plausível utilizar o teste equivalente não paramétrico.
2.2 – Aglomeração e Fatores Concorrentes
Define-se aglomeração populacional como uma prática espacial do modo
seletividade espacial, ou seja, o ser humano seleciona determinados espaços para habitar
coletivamente que, por sua vez, apresentam atributos julgados de interesse, ou seja,
fatores que motivam a aglomeração (CORRÊA, 2007). Para tal, a hipótese desse estudo,
se restringe em demonstrar que forças centrípetas, tais como a infraestrutura (escola,
posto médico, dentre outras), além da concessão de benefícios sociais demonstrados
44
adiante, contribuem para o processo aglomerativo populacional. Entretanto, reconhece-
se sob o ponto de vista antropológico, que o ser humano tende, naturalmente, ao não
isolamento.
Dessa forma, é mister conceituar as variáveis empregadas nesse estudo, tais
como, famílias, fonte de renda familiar, Política Social, no que se refere à infra-
estrutura, benefícios sociais ou transferências de renda (Bolsa – Família, Benefício de
Prestação Continuada, aposentadorias e pensões). Sendo assim, pode-se definir que:
Famílias – trata-se de uma entidade econômica, a qual é composta pelos
humanos, que consomem e prestam serviços e habitam o mesmo domicílio.
Renda familiar – consiste na soma de todos os rendimentos brutos auferidos
por todos os membros da família, na mesma unidade de domicílio;
Domicílio – local estruturalmente separado e independente que sirva de
habitação para uma ou mais famílias (IBGE, 2007). Para fins desse estudo,
são subdivididos em três categorias:
Domicílio ocupado - apresenta moradores permanentes em seu interior;
Domicílio fechado – encontra-se vago, sem moradores em seu interior,
conforme informações dos moradores em torno;
Domicílio em construção – que se encontra em processo de conclusão e
não apresenta moradores.
As Políticas Sociais; toma-se como assertiva, a definição de Cardoso e
Jaccoud (2005, p. 194), acerca do Sistema Brasileiro de Proteção Social;
[...] consistem no conjunto de políticas e programas governamentais
destinado a prestação de bens e serviços e à transferência de renda, com o
objetivo de cobertura de riscos sociais, garantia de direitos sociais,
equalização de oportunidades e enfrentamento das condições de destituição
e pobreza.
45
Tais Políticas se dividem em quatro eixos norteadores: Emprego e
Trabalho; Assistência Social e Combate a Pobreza, Infra-Estrutura Social e
Direitos Incondicionais de Cidadania Social. Para fins desse estudo, serão
utilizadas as três primeiras, especificamente em três políticas;
Bolsa – Família – programa de transferência de renda do Governo Federal,
regulamentado por meio da Lei n. 10.836, de 09 de janeiro de 2004. O
programa possui como objetivo contribuir para a erradicação da extrema
pobreza e garantir a segurança alimentar das famílias beneficiadas.
Entretanto, é importante ressaltar que esse programa possui condicionalidades
impostas a seus beneficiários, tais como a freqüência escolar das crianças e
renda máxima de R$172,00 por membro familiar; além de não ser
considerado um direito, dada a restrição orçamentária e exclusão de famílias
elegíveis para receber o benefício.
Benefício de Prestação Continuada17
– é um programa de transferência de
renda, regulamentado pela mesma lei da Bolsa – Família, entretanto, destina-
se a deficientes e idosos com mais de 65 anos de idade incapazes para o
trabalho. Para tanto, o beneficiário não precisa ter contribuído para a
seguridade social para receber mensalmente a quantia no valor de 01 salário
mínimo mensal. Diferentemente do PBF, o BPC é um direito garantido a
todos nas condições supracitadas;
17 Embora se diferenciem conceitualmente, o questionário de pesquisa, não irá separar BPC de
aposentadoria, a fim de não constranger o entrevistado, sendo assim, não se questionará o motivo da
concessão: se por idade, por tempo de contribuição, invalidez, ou Beneficio de Prestação Continuada,
confundido muitas vezes, por desconhecimento, como aposentadoria. Entende-se que essa especificidade
não se faz relevante junto problema de pesquisa.
46
Aposentadorias e pensões – benefícios recebidos por contribuintes da
seguridade social, desde que cumpram os requisitos necessários para a sua
liberação. Em relação à aposentadoria, podem ser por invalidez, por tempo de
contribuição, idade e especial. Cabe o direito a pensão, respectivamente, por
morte de beneficiário, o cônjuge, o companheiro e a companheira, aos filhos
não emancipados menores de 21 anos ou inválido, aos pais e ao irmão não
emancipado menor de 21 anos ou inválido;
Infraestrutura - fornecimento por parte do Estado, de serviços primários que
são demandados pela população, tais como, transporte, saúde pública,
educação, saneamento básico e fornecimento de energia.
Definidos os conceitos empregados no estudo, faz-se necessário explicar a
classificação da área de estudo – um distrito -, o Lago do Limão, em rural.
2.3 – Lago do Limão: espaço rural ou urbano?
Legalmente, conforme o Plano Diretor do Município de Iranduba18
, o ―Lago do
Limão‖ é um distrito, portanto, se considerarmos a definição do IBGE, a área se
enquadra como urbano. Mesmo assim, este órgão, o classifica, no âmbito dos setores
censitários, como rural. Tal característica pode ser atribuída a recente elevação do Lago
do Limão para distrito de Iranduba, ocorrida no ano de 2006. Desse modo, infere-se que
o IBGE não foi informado oficialmente acerca de tal mudança.
A classificação de distritos como urbanos vem sendo questionada por alguns
estudiosos, como por exemplo, Veiga (2002). Conforme este autor, é um disparate
considerar vilas e sedes municipais como urbanos, posto que muitas vezes ambos
18 Plano Diretor do Município de Iranduba, Lei n˚ 129, de 10 de novembro de 2006.
47
espaços possuem características essencialmente rurais. Embora os critérios de
definição19
de rural ou urbano utilizados por esse autor sejam questionáveis, serão
considerados para a classificação do local estudado, para fins acadêmicos, como rural.
Sendo assim, o município de Iranduba, onde está localizado a Comunidade do
Lago do Limão, possui uma densidade demográfica20
de 13,72 habitantes por km2,
considerado conforme a classificação de Veiga, essencialmente rural. No que se refere à
comunidade, embora a pressão antrópica aumente gradativamente, o ambiente ainda
apresenta baixa artificialização. Além do que, a população apresenta uma relação
extensa com o meio ambiente. Para reforçar a classificação da Comunidade do Lago do
Limão como rural, no formulário de pesquisa foi verificado como o entrevistado o
sente: de modo rural ou urbano, no qual pode ser constatado o predomínio da
ruralidade, demonstrado na Tabela 02:
Como o habitante enxerga o Lago do Limão
Modo %
Rural 48 60,00%
Urbano 12 15,00%
Um pouco de cada 3 3,75%
Não soube informar 17 21,25%
Total 80 100
Tabela 02 – Predomínio da ruralidade
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
Classificada a Comunidade do Lago do Limão como rural, faz-se importante as
suas caracterizações geográficas, demográfica e econômica, bem como seu histórico,
demonstrados na próxima seção.
19 Os critérios utilizados por este autor é a densidade demográfica e a pressão antrópica, ou seja, o grau de
artificialização das paisagens. 20
Considerando os dados do Censo 2000 do IBGE.
48
2.4 – Caracterização da área de estudo
A história desta Comunidade, sendo assim denominada por seus habitantes, é
trivial às demais da Amazônia. Inicia as margens do Lago, que deu posteriormente, o
nome a esta localidade. Estudos arqueológicos21
indicam a ocupação do Lago do Limão
desde o período pré-colonial. Conforme Moraes (2006), na comunidade foram
encontrados quinze sítios arqueológicos, com vestígios que demonstraram a ocupação
de centenas de habitantes nos séculos VII e VIII. De acordo com Portocarrero (2006), as
terras a margem do lago iam sendo ocupadas e abandonadas por vários anos por
indígenas que guerreavam pelas melhores terras e viviam organizados em forma de
aldeias circulares. O fato que serve de reflexão é o que sucedeu com estes povos com a
chegada dos colonizadores europeus, que migraram para a comunidade, segundo os
moradores mais antigos22
, no início do século XVI.
Do ponto de vista do reordenamento espacial, até o início da década de 1970, a
organização espacial da comunidade era de modo disperso, as margens do Lago, com
famílias extensas, nas quais a unidade de produção e de residência eram reunidas.
Durante esse período, as locomoções dos habitantes para Manaus ou para a sede do
município se davam por meio fluvial. Posteriormente, a aglomeração rural iniciou-se na
área próxima a Capela, se estendendo ao sentido norte, posto que o ramal que liga a
Comunidade à Rodovia AM – 070 foi aberto, facilitando o acesso a Manaus e a sede do
município de Iranduba, o que explica os motivos que levaram a mudança de várias
famílias para a chamada ―vila‖. Nesse sentido, entende-se que a abertura do ramal,
contribuiu para o crescimento do aglomerado rural (LOPES e SANTANA, 2010). A
necessidade de uma melhor locomoção, bem como a proximidade física entre as
21 Projeto Amazônia Central, realizado pela Universidade de São Paulo.
22 Informações coletadas em pesquisa de campo preliminar.
49
famílias, indubitavelmente concorreram para a reivindicação, junto ao Poder Público,
das demais infraestruturas.
Atualmente, a Comunidade do Lago do Limão possui 306 domicílios e uma
população estimada em 1300 habitantes. Sua população é composta por uma mistura
cultural, dada à miscigenação entre índios, brancos e negros. Dessa forma, seus
habitantes não possuem uma característica comum, ao não ser em relação aos traços
familiares. A economia, baseada na agricultura familiar, possui a produção mais voltada
para autoconsumo. Atividades informais tais como a presença de pequenos comércios
familiares, serviço de moto-táxi, dentre outros são encontrados em pequena escala. A
atividade informal alcança tal ponto, que a Comunidade não possui ao menos uma
empresa legalizada, ou seja, não gera um emprego de carteira assinada proveniente de
pessoa jurídica. Funcionalismo público também compõe a geração de empregos,
principalmente na esfera municipal.
Quanto a sua estrutura, restringe-se a 01 escola pública de nível médio (Figura
01), 01 posto médico (Figura 02), energia elétrica, pavimentação em suas vias principais
(Figura 03).
Figura 01 - Escola de Nível Médio Figura 02 – Posto Médico
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010. FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
50
Figura 03 – Pavimentação em ruas principais
FONTE: Pesquisa de Campo, 2009.
Em relação as suas características físicas, a Comunidade do Lago do Limão
habita a terra firme, tornando-a atípica em relação às demais que predominam no
ambiente de várzea. Mesmo assim, a unidade hidrográfica, o Lago, se faz presente no
cotidiano dos habitantes da Comunidade. Este ambiente aquático é integrante da
planície de inundação amazônica com coloração escura pela influencia do Rio Negro,
classificado por Junk (1983) e Sioli (1990), como um rio de águas pretas, devido a sua
coloração escura. É um rio com pouca energia, baixa quantidade de sedimentação, o que
explicaria tal fato, pois não carrega muito material em suspensão, além da densa mata
pluvial que reduz o escoamento do rio, características também atribuídas ao lago, que na
realidade possui mais o formato de igarapé com forma de ria fluvial, conceito este
utilizado para distinguir rios ou igarapés que não tiveram seus vales completamente
afogados com a elevação do nível do mar, na ultima glaciação há cerca de quinze mil
anos, que represou o Rio Amazonas (JUNK apud CARVALHO 2006).
Durante o período da cheia, o Lago do Limão também possui saída para o Rio
Solimões, fato que o caracteriza como furo, pois liga dois rios, o Ariaú ao Solimões, do
qual é tributário da margem direita. É importante considerar que esta saída é de pequena
51
largura devido à forte deposição de sedimentos em sua costa, nítidos na época da
vazante, trazidos pelo Solimões e que praticamente ―fecham‖ a saída neste período.
No período da enchente/cheia seu alargamento deixa a paisagem exuberante
(figura 04). Na seca/vazante, o lago fica quase que completamente seco tornando a água
imprópria para consumo pelo seu aspecto argiloso, fazendo os moradores recorrerem as
―cacimbas‖. No período da seca/vazante, a quantidade de peixes torna-se abundante,
inserindo a prática da pesca no cotidiano da comunidade.
Figura 04 - Paisagem exuberante - Lago do Limão no período de cheia
FONTE: Regino Lopes da Silva. / Jan 2009.
Quanto a sua pedologia, a maior parte dos seus solos é latossolo amarelo,
considerados pelo IBGE, em relação à potencialidade agrícola, regular. Encontra-se em
alguns trechos a terra preta de índio, sendo atribuída a esta a decomposição de material
orgânico, por meio de cultivo em períodos pré-coloniais, e devido a sua rica
composição, apresenta elevada fertilidade. Geologicamente, seus sedimentos são
terciários23
e quartenários24
.
23 Corresponde a 65 milhões de anos atrás, conforme escala geológica.
52
2.5 – Estratégia de Coleta de Dados
Primeiramente, aplicou-se um formulário de pesquisa de campo durante as três
primeiras semanas de Janeiro de 2010, junto às famílias residentes na área de estudo, no
sentido de extrair dados primários passíveis de responder o objeto de pesquisa, bem
como dar suporte a operacionalização ao Método de Análise de Correspondência
Simples. Nesse instrumento de coleta contemplaram-se perguntas quantitativas e
qualitativas, tais como o número de famílias por residências, origem, e renda, além de
outros aspectos considerados relevantes25
para a discussão, de modo que a coleta de
dados se restringiu a pesquisar as famílias residentes especificamente no aglomerado
rural. A rigor, conforme os termos formais, a expressão para o cálculo da amostra de
acordo com Barbetta (2006) é:
n= N . nₒ/ N + nₒ no qual; nₒ= 1/Eₒ2
onde, n é o tamanho da amostra; N é o tamanho da população; Eₒ é o erro amostral,
posto que corresponde uma probabilidade de 95%. Levando-se em conta que o número
de domicílios ocupados corresponde a 282 unidades, conforme levantamento em
pesquisa de campo, assim, aceitando-se Eₒ= 5%, obteve-se uma amostra de 157
24 Corresponde a 10 mil anos atrás, conforme escala geológica.
25 Como número de residentes, faixas etárias, escolaridade, migração rural-urbana, nível de satisfação
com a comunidade, além de verificar se a unidade familiar já esteve ou está trabalhando com agricultura,
já que empiricamente verifica-se o declínio da produção voltada para o mercado. A relação com o meio
ambiente, embora não constitua objetivo especifico deste estudo, será verificada por meio de
questionamento quanto à prática de pesca ou extrativismo para autoconsumo, por entender-se essa relação
essencial para a manutenção da população em áreas rurais.
53
residências que deveriam ser pesquisadas por meio do formulário de pesquisa (Anexo
03).
Contudo, para cobrir toda a amostra seria necessária a contratação de
pesquisadores de campo. Esta estratégia demonstrou-se inviável por questão de custos e
escassez de recursos financeiros. Sendo assim, a amostra restringiu-se a 80 famílias, o
que corresponde a 28,36% do universo dos domicílios ocupados, e se deu de modo
intencional, ou seja, os pontos de coleta foram previamente estabelecidos, visando uma
melhor qualidade das amostras.
Dessa forma, a amostra aproveitou a distribuição territorial imposta pelos
próprios moradores, que dividem a aglomeração (figura 05) em 05 unidades: vila (na
qual ocorreu o inicio da aglomeração), baixada (para onde se expandiu à aglomeração
em segundo), estrada (para onde se expandiu a aglomeração em terceiro) e as áreas para
onde a comunidade se expande na atualidade, o paraíso e o campo, o que certamente
auxiliou na discussão dos resultados encontrados. Importa ressaltar que na elaboração
do formulário de pesquisa procedeu-se inicialmente a uma pesquisa bibliográfica, por
meio de consultas a fontes direta ou indiretamente associadas ao objeto a ser tratado.
54
Legenda
Vila
Baixada
Estrada
Campo
Paraíso
Figura 05 - Lago do Limão: Localidades da amostra intencional
FONTE: Google Eart, 07 set. 2003. (adaptações da autora)
Levando-se em conta esses parâmetros, aplicou-se o formulário, tentando-se
quantidades iguais para cada unidade estabelecida, embora tal proposta não tenha sido
seguida de modo rigoroso, por conta de unidades como a Vila e o Paraíso apresentarem
domicílios fechados, retraindo a abordagem. Dessa forma, a quantidade de amostras
para cada área foi (Quadro 01)
55
Amostras por área
Unidade Qtde. amostras
1 Vila 13
2 Baixada 17
3 Estrada 18
4 Campo 18
5 Paraíso 14
Total 80
Quadro 01 – Quantidade de amostras por área
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
Coletados os dados, estes foram tabulados no sentido de mostrar o peso que
tem na renda das famílias os ganhos de transferências governamentais em relação a
outras fontes de renda extraída de atividades produtivas de caráter rural. Pressupõe-se
que, se as transferências forem superiores aos demais ganhos privados, essa diferença
pode ser um convite às famílias se absterem do trabalho árduo da agricultura, em troca
de transferência de renda governamental. Por fim, essas relações tiveram um tratamento
estatístico por meio de medida de tendência central, tais como média ponderada,
mediana e moda.
Após a pesquisa de campo na área de estudo, realizou-se visitas técnicas na
sede do município de Iranduba, durante o mês de abril de 2010, no intuito de obter
dados primários da Secretaria de Infra-Estrutura26
, bem como se pesquisou por meio da
Internet, banco de dados do Tesouro Nacional com as despesas do Estado com esse
município, no que se refere à transferência de recursos voltados para as Programas
Bolsa Família, BPC e políticas de previdência social, ou seja, aposentadorias e pensões,
além dos recursos institucionais, tais como o FPM. Esses dados foram colhidos no
intuito de realizar uma comparação entre receita do município versus despesa com
transferências de renda e políticas de previdência social, para verificar, se de fato, as
despesas do Estado com concessão de benefícios são representativas em Iranduba.
26 Com o objetivo de verificar o planejamento municipal de ordenamento territorial do Lago do Limão.
56
CAPÍTULO III – UM RECORTE SÓCIO-ECONÔMICO DE IRANDUBA
3.1 – Iranduba e uma população essencialmente rural
O município de Iranduba, localizado a 25 km distante de Manaus em linha reta,
foi criado no ano de 1982, como resultado do Projeto Integrado de Colonização ―Bela
Vista‖, idealizado e implementado pelo INCRA. As áreas destinadas ao projeto foram
loteadas e distribuídas às famílias que demandavam terras para prática de atividades
rurais e moradia (SOUZA et al., 1998), bem como para acomodar os produtores da
várzea para terra firme como resultado de um remanejamento27
(FEITOZA 2003 apud
CALAZANS 1992).
Situado entre os municípios de Manacapuru e Manaus (Anexo 04), Iranduba
beneficiou-se pelas suas proximidades, de modo que absorve um pouco da dinâmica
existente entre aqueles dois municípios maiores. No que se refere a sua economia,
atividades públicas, a indústria ceramista, o pequeno comércio, a agricultura, a
exploração florestal e a pesca são economias que movem o município, de tal modo que
geram algum ganho econômico para quem delas participam.
Nesse sentido, resultou que a população cresceu exponencialmente no período
1991-2007. O Quadro 02 resume em valores absolutos e relativos à população urbana e
rural desse período:
27 Essa ação do Estado mostrou-se mal articulada, posto que é impensado retirar o pequeno produtor de
uma área fértil naturalmente para outra que requer investimentos para aumentar a fertilidade.
57
População residente em Iranduba – período 1991 – 2007
Ano 1991 1996 2000 2007
Urbana 6.043 32,63% 8.474 31,84% 9.940 30,77% 12.026 36,58%
Rural 12.473 67,38% 18.138 68,16% 22.363 69,23% 20.843 63.42%
Total 18.516 100% 26.612 100% 32.302 100% 32.869 100%
Quadro 02 – População residente em Iranduba nas áreas urbana e rural
FONTE: IBGE/ Censos e Contagem da População – disponível em www.seplan.am.gov.br
Importa ressaltar o crescimento da população rural mais que proporcional ao
crescimento da população urbana no período 1991 – 2007 (Gráfico 01), posto que esse
município contém 78 comunidades rurais, dispersas geograficamente em seu território,
apesar de ser o menor município em extensão territorial da RMM, com 2.215 km2.
Contudo, observa-se no gráfico 01, que no período 2000 - 2007, a população
rural reduziu em 6,79%, pari passu, a população urbana incrementou-se em 20%, ou
seja, gradativamente o grau de urbanização começa a elevar-se, característica que pode
ser atribuída ao aumento da urbanização, demonstrado em todo o Brasil, que apresenta
índices desse fenômeno superiores a 80% (IBGE, 2000), bem como aos índices
reduzidos da evolução populacional na área rural para o Estado do Amazonas,
demonstradas no mesmo período (BRASIL e TEIXEIRA).
58
Incremento Populacional áreas rural e urbana -
Iranduba 1991 - 2007
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
1991 1996 2000 2007
Ano
Po
pu
lação
Urbana
Rural
Gráfico 01 – Incremento populacional por áreas rural e urbana – 1991 – 2007.
FONTE: IBGE – Censo e Contagens Populacionais.
Nas áreas urbanas e rurais a demanda da população por novos espaços abre uma
quantidade elevada de loteamentos irregulares. Conforme a secretária de Infra-Estrutura
do município de Iranduba, Enilda Lins, a dispersão geográfica do município e a
quantidade insuficiente de funcionários torna uma fiscalização mais efetiva difícil.
Ao mesmo tempo, observa-se que o mercado de trabalho incipiente que não dá
conta de garantir uma suficiente quantidade de empregos formais, devido à oferta muito
superior a demanda de mão-de-obra não especializada. Essa relação é demonstrada na
Tabela 03, na qual a baixa admissão de empregados pode ser evidenciada, ao mesmo
tempo em que se observa uma elevada População em Idade Ativa.
Geração de empregos e PIA – Iranduba 2007
Admitidos 503 PIA
Desligados 479 22.692
Saldo 24 Tabela 03 – Mercado de trabalho formal de Iranduba incipiente
FONTE: CAGED, IBGE, 2007
Essa conjuntura demonstra a preponderância de relações não monetarizadas nos
pequenos municípios da Amazônia Brasileira, nos quais o predomínio de atividades
59
extrativistas e agrícolas ocorre de modo acentuado. Desse modo, a população ocupada
em estabelecimentos agropecuários, conforme o IBGE (2006), corresponde a 13,85% da
PIA.
Dada a insuficiência do mercado de trabalho formal em suprir demandas, tanto
da população, quanto na dinamização da economia, o Estado, principalmente em sua
esfera federal, por meio das transferências constitucionais tais como Fundo de
Participação dos Municípios (FPM), e transferências de renda, discutidas adiante, tem
contribuído para a prestação de serviços sociais e criação/manutenção de infraestruturas
de Iranduba.
3.2 – Iranduba e a representatividade das políticas de transferência de renda e
previdência social
O Estado Brasileiro por meio da Constituição Federal de 1988 concedeu maior
autonomia aos municípios, ao mesmo tempo em que regulamentou as transferências de
receitas para estes (BRASIL, 1988). As transferências para os municípios podem ser por
meio das Unidades da Federação – que repassa aos municípios uma parte
correspondente a arrecadações do ICMS e IPVA -, além das receitas provenientes da
União, por meio do FPM e parte correspondente (50%) da arrecadação do ITR em seu
território. As receitas próprias – provenientes de impostos como ISS, IPTU, ITBI,
dentre outros – também constituem o orçamento do município.
Contudo, diversos autores (ARRETCHE, 2004; BREMAEKER, 2001;
ARRAES e LOPES, 2000, AFONSO e SERRA, 1999; MENDES, s.d) ressaltam que os
pequenos municípios – com população entre 20.000 e 50.000 habitantes – possuem um
fraco dinamismo na arrecadação própria, sendo altamente dependentes das
60
transferências constitucionais, principalmente do FPM, posto que os tributos
correspondentes à parcela das Unidades da Federação são proporcionais ao dinamismo
econômico dos municípios, ou seja, o ICMS, por exemplo, só terá elevada participação
se houver elevada circulação de mercadorias e serviços no território do município
(SANTOS, s.d). Esse atributo ocorre em Iranduba, sendo demonstrado ao compararmos
as receitas oriundas do Governo do Amazonas às receitas provenientes da União para o
ano de 2009 (Gráfico 02):
Transferências Correntes (R$) - Iranduba 2009
5.008.609,67
35%
9.171.604,96
65%
Federais (FPM, ITR)
Estaduais (ICMS, IPVA,
Royalties)
Gráfico 02– Transferências Correntes – Iranduba 2009 FONTE (s): TCE, Portal da Transparência, 2010.
Decerto, denota-se a superioridade das transferências federais que correspondem
a 65% do total das transferências correntes para o ano de 2009, característica intrínseca
aos municípios com até 50.000 habitantes da Amazônia Brasileira, que apresentam
baixo dinamismo econômico.
Ao mesmo tempo, ao levar-se em conta o Orçamento Fiscal atual de Iranduba,
previsto para o ano 2010, percebe-se a baixa receita própria (Tabela 04):
61
Orçamento Fiscal de Iranduba – 2010
Origem Valor (R$) %
Transferências Correntes 24.426.907,85 92%
Receitas Próprias 2.241.614,66 8%
Total 26.668.522,51 100%
Tabela 04 – Orçamento Fiscal do Município de Iranduba – 2010, conforme Lei n. 159/2009
FONTE: Câmara Municipal de Iranduba.
*Considerando o somatório das receitas tributária, de contribuições, patrimonial e outras
transferências correntes.
Em relação às Políticas de Previdência Social, Transferências de Renda para o
Iranduba – que são transferidos diretamente para o beneficiário -, os dispêndios da
União foram superiores aos ganhos com Transferências Correntes desse município no
ano de 2009 (Quadro 03), confirmando a importância de ambos os benefícios para a
geração de renda dos habitantes de Iranduba.
Comparativo valores (R$) Benefícios e Transferências –
Iranduba 2009
Tipo Benefícios Tipo Transferências
INSS 13.666.907 Federais 9.171.605
PBF 3.964.593 Estaduais 5.008.610
Total 17.631.500 Total 14.180.215
* Incluindo aposentadorias, pensões e BPC.
Quadro 03 – Comparativo Benefícios versus Transferências – Iranduba 2009
FONTE: INSS, MDS, TCE e Portal da Transparência (2010)
Org.: LOPES, Magaly Briceno
A diferença entre os valores – Benefícios e Transferências – alcança
R$3.451.285, ou seja, ¼ superior às transferências. Ao levar-se em conta a quantidade
de benefícios emitidos pelo INSS28
(DATAPREV, 2010), bem como o somatório dos
responsáveis e os menores beneficiados pelo PBF (Quadro 04) encontra-se que quase
metade da população29
de Iranduba – 49,44% - é diretamente beneficiada por Política de
Previdência Social ou transferências de renda.
28 Considerando aposentadorias , pensões e BPC.
29 A população estimada de Iranduba em 2009 foi de 33.884 habitantes (IBGE, 2009).
62
População Beneficiada com Políticas de Previdência Social
e PBF – Iranduba 2009
Tipo de Benefício População beneficiada
PBF 14.367
INSS 2.388
Quadro 04 – Total de habitantes com percepção de benefícios
FONTE: MDS, DATAPREV (2010).
Diante do exposto, advoga-se que em Iranduba, o Estado, principalmente na
esfera federal, têm contribuído para a distribuição de renda por meio das Políticas
Sociais. Caso não houvesse ambos os financiamentos – Transferências Constitucionais e
Políticas Sociais – comprometeriam a sustentabilidade do município de Iranduba, que
por sua vez, não apresentaria pujante incremento populacional.
Contudo, é importante ressaltar que tal conjuntura de dependência em relação
aos repasses do Estado, não deve ser definitiva, posto que futuramente, serão
necessários maiores repasses dado o envelhecimento da população brasileira, bem como
a existência de menor quantidade de população economicamente ativa. Corrobora-se tal
afirmação a partir dos dados do Dataprev de 2009, nos quais a arrecadação foi quatro
vezes inferior ao valor dos benefícios pagos, demonstrando o déficit da previdência
nesse município, conforme demonstração no Quadro 05.
Comparação entre arrecadação e benefícios pagos em 2009 – Iranduba
Valor arrecadado R$ 3.232.820 Valor pago R$ 13.666.907
Quadro 05 – Comparação entre arrecadação e benefícios pagos em 2009 - Iranduba
FONTE – DATAPREV, 2010
Ressalta-se ainda que, no que se refere à Previdência, o acesso é principalmente
de caráter contributivo, na qual a população empregada no setor informal é excluída,
aumentando a demanda por Política Social de Assistência Social. Sendo assim, os
benefícios tornam-se onerosos, o que gera uma necessidade de financiamento estrutural.
63
Essa conjuntura demonstra que o financiamento do sistema de Políticas Sociais é uma
situação não equacionada (CARDOSO JR, 2004).
Decerto, as políticas voltadas para o desenvolvimento econômico não devem se
abster de envolver a população que na atualidade se emprega na informalidade, tanto em
contexto urbano, quanto rural (DELGADO, 2005).
Por fim, convém assinalar a limitação da pesquisa, que de longe esgota o
assunto, e tampouco mensurou a qualidade de vida da população abrangida por
benefícios sociais.
64
CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo empenha-se em demonstrar os resultados da pesquisa de campo,
no intuito de responder os objetivos específicos propostos. Para esse fim, essa seção está
dividida em quatro tópicos: o primeiro ressalta os aspectos demográficos do Lago do
Limão, bem como os resultados da análise de correspondência. Por sua vez, o segundo
tópico demonstra a importância dos benefícios sociais para a manutenção da população
no Lago do Limão. Por fim, a relação homem-meio, característica atribuída às
comunidades amazônicas.
4.1- O aglomerado rural Lago do Limão e os aspectos demográficos
A formação do aglomerado rural ocorreu por conta da construção do ramal que
interliga tal área rural a Rodovia Estadual AM-070. Após esse evento, famílias
passaram a se aglomerar em torno da ―vila‖ e seus arredores, característica que deriva
da necessidade de se agregar, bem como do poder adquirido por reivindicação de
demandas sociais, tais como saúde e educação (COELHO, 2004 apud HARDT e
PELLIZZARO, 2006).
O baixo dinamismo econômico do Lago do Limão, supracitado, pode ser
evidenciado por meio de seus aspectos demográficos. Dentre os quais se destaca a
distribuição da população por grupos etários (Gráfico 03), que evidencia as elevadas
taxas de natalidade – embora se faça mister demonstrar o leve declínio da população
jovem – e a baixa expectativa de vida ratificada pela baixa proporção de idosos na
composição da população.
65
Grupos etários
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
2000
2007
2010
2000 42,5% 54,2% 3,2%
2007 37,0% 56,5% 6,6%
2010 36,4% 57,1% 6,5%
0 - 14 15 - 64 65 e +
Gráfico 03 – Grupos etários
FONTE(S): Microdados IBGE, Pesquisa de Campo
A população experimentou neste curto período – 2000/2010 – o aumento
gradativo de sua população em idade ativa, por seu turno redução em suas taxas de
razão de dependência30
, mostrada na tabela 05:
Razão de dependência
Ano Razão de dependência
2000 84,39
2007 77,03
2010 75,13
Tabela 05 – Razão de dependência
FONTE (S): IBGE, Pesquisa de campo
Não obstante, faz-se mister ressaltar que apesar de a razão de dependência
apresentar declínio, continuam elevadas em relação ao Brasil – 56,09 – e Região Norte
– 69,02 – (IBGE, 2005).
30 De acordo com o IBGE, razão de dependência se refere ao peso da população considerada inativa ( 0 a
14 anos e 65 anos e mais de idade) sobre a população potencialmente ativa (15 a 64 anos de idade).
66
Por seu turno, conforme o IBGE, a população do Lago do Limão experimentou
redução entre os períodos 2000 – 2007, conforme o Quadro 06, com a perda de 299
habitantes, corroborando seu baixo dinamismo econômico.
População residente – Lago do Limão
Ano População
2000 1016
2007 717
Quadro 06 – População residente Lago do Limão
FONTE: IBGE
Contudo, importa ressaltar a característica contraditória em relação ao
incremento no número de domicílios. Estes apresentaram um pequeno incremento no
período 2000-2007 de apenas 14 unidades, contudo, em 2010 seu quantitativo aumentou
em 53% - de 164 a 306, entre domicílios habitados, fechados e em construção.
Duas suposições depreendem-se de tal contradição: a primeira, o Lago do
Limão, de fato, foi uma área de repulsão no período 2000-2007, contudo mudou tal
tendência a partir de então. A segunda, deriva da incerteza em relação aos dados da
Contagem de 2007, que pode não ter sido fidedigna.
Por certo, a expansão da aglomeração espacial, evidenciada por meio dos dados,
bem como ―in loco‖, conforme comparação dos mesmos locais entre as figuras 06 e 07
e figuras 08 e 09:
Figura 06 – Ano 1997 Figura 07 - Ano 2010
FONTE: Arquivo pessoal FONTE: Pesquisa de Campo
67
Figura 08 – Ano 1997 Figura 09 – Ano 2010
FONTE: Arquivo pessoal FONTE: Pesquisa de campo
A aglomeração espacial não se resume em tal espaço – denominado ―Campo‖ –
mas também ao ―Paraíso‖, loteamento criado no ano 2000 e ocupação de terrenos vagos
na ―Vila‖, ―Estrada‖ e ―Baixada‖.
Comprovada a redução no número de habitantes, o crescimento espacial pode
ser explicado por conta do denominado ―ciclo vital31
‖ das famílias, ou seja, a maioria
destas ―nasceram‖ entre moradores da própria comunidade. Nesse sentido, demandaram
novos domicílios, sendo tal afirmação evidenciada por meio dos dados da pesquisa de
campo, na qual dos 80 domicílios, 31 – 38,75% - eram de ―famílias novas‖, compostas
pelo casal e filhos até os 14 anos, bem como apenas em 02 residências foram
encontradas mais de 01 família habitando o mesmo domicílio.
Ademais, convém refletir que tais ―famílias novas‖, tinham a opção de
migrarem para Manaus, cidade próxima e dinâmica economicamente - contudo não o
fizeram. Sendo assim, conseguiram se manter na área rural, o que pode ser explicado –
embora não seja o único fator – por conta do imóvel, em sua maior parte, de condição
31 Conforme Azevedo (2006, p. 495) ―O ciclo vital deve ser entendido como uma forma dinâmica de
olhar a família. A família pode ser apreendida dentro de uma sucessão de etapas que afetam sua
formação, transformação e extinção. Pode-se dizer que a família `nasce´, `cresce´ e `morre´. Os
casamentos, nascimentos e óbitos assumem um papel significativo para a análise temporal das famílias,
pois são eventos que marcadamente influenciam na composição das famílias‖.
68
própria. Em Manaus, seria necessário o dispêndio com um imóvel novo – de alto custo,
por conta da especulação imobiliária em área urbana – ou o custeio de um aluguel, os
quais também não o são de baixo custo. A propriedade do imóvel pode ser evidenciada
por meio do Gráfico 04:
Tipo de residência
90%
6% 4%
Própria
Alugada
Cedida
Gráfico 04 – Tipo de residência FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
Além do imóvel próprio, baixo custo de energia elétrica, tranqüilidade,
sustentabilidade ecológica, benefícios sociais32
, bem como a infraestrutura mínima –
educação e saúde – ofertada pelo Estado, podem ter concorrido para a manutenção e até
mesmo migração para o interior do aglomerado rural, conforme demonstrado na
próxima seção.
32 Convém assinalar que tais benefícios não derivam da condição espacial, sendo obtidos em qualquer
lugar do país. Contudo, estes aliados a outros fatores auxiliam a população a se manter economicamente
no aglomerado rural, posto que este apresenta poucas oportunidades de rendimento monetário.
69
4.1.1 – Migrações para o aglomerado rural
As áreas rurais, por conta do processo de urbanização e inovação tecnológica no
campo experimentado a partir da década de 1950, são áreas de repulsão populacional.
No Brasil, a cada Censo é evidenciado o processo de urbanização como característica
latente. O Gráfico 05 mostra tal assertiva:
Gráfico 05 – População em relação à situação de domicílio - Brasil
FONTE: IBGE. Disponível em :<http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/default.htm> Acesso em 15
jul. 2010.
Tal conjuntura não se mostra diferente para o Lago do Limão. Na pesquisa de
campo, 40% das famílias informaram ter algum membro migrante para Manaus. Por seu
turno, quando questionados que membro seria, 91% afirmou ter sido o filho, sendo que
destes apenas 7% retornaram a residir no aglomerado rural. Tal constatação corrobora
com a concepção econômica neoclássica, supracitada, na qual o ser humano age
racionalmente em busca de oportunidades econômicas, pouco ofertadas pelo
aglomerado rural Lago do Limão. Convêm mencionar, em relação às migrações de
retorno, as tentativas frustradas de habitar o urbano: 07 cônjuges, após trabalhar em
Manaus, retornaram a residir no aglomerado.
Contudo, apesar do baixo dinamismo econômico, o Lago do Limão ainda
recebe migrantes. Todos por sua vez, oriundos da própria unidade da Federação,
característica demonstrada por Brasil e Teixeira, ao ressaltar que os migrantes oriundos
70
de outras unidades da Federação ou de outros países dirigem-se apenas para Manaus. A
origem dos migrantes do Lago do Limão é mostrada no Quadro 07:
Procedência do migrante
Local Absoluto %
Manaus 6 31,6
Manacapuru 3 15,8
Itacoatiara 1 5,3
Autazes 1 5,3
Outras comunidades de Iranduba 6 31,6
Não informado 2 10,5
Total 19 100
Quadro 07 – Procedência dos migrantes do Lago do Limão
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
No que se refere à Análise de Correspondência Simples, que possui o intuito de
verificar a possível correspondência entre os motivos que levam a migração para o
interior do aglomerado em resposta a ampliação de renda por conta dos benefícios
sociais, as matrizes de entrada utilizaram as seguintes variáveis (Quadro 08):
Motivos para migrar para o aglomerado
P1 Tranqüilidade
P2 Imóvel, terra a baixo custo
P3 Na comunidade tem trabalho
P4 Proximidade com Manaus
P5 Escola para nossos filhos
P6 Posto médico
P7 Temos uma aposentadoria ou pensão que dá para vivermos na vila.
P8 Casou-se com alguém da comunidade
Quadro 08 – Motivos para migrar para o aglomerado
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010
Por sua vez, a segunda tabela traz as seguintes categorias (Quadro 09):
71
Categorias
Com Bolsa Família na composição da renda familiar
Com aposentadoria, pensão ou BPC na composição da renda familiar
Sem qualquer tipo de benefício na composição da renda
Sem renda
Quadro 09 – Quanto aos benefícios sociais
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010
Nesse sentido, foi possível construir o mapa perceptual (figura 10), que
demonstrou que a Componente 1 apresentou 52,67% da variação total, a Componente 2
apresentou 34,09%. Ambas representam 86,76% da variação total.
Figura 10 – Mapa de correspondência do Motivo vs Renda
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010
Org.: BALIEIRO, Antônio.
Por meio do teste paramétrico de Fisher, foi possível obter o resultado mais
preciso no que se refere à associação entre as variáveis, o qual demonstrou que ambas
72
não possuem associação significativa (p=0,4865), ou seja, a decisão de migrar para o
aglomerado não está associada ao aumento da renda por conta dos programas sociais. A
tabela 06 demonstra este resultado.
.
Motivo
RENDA Total
Aposentadoria Bolsa Família Sem Beneficio Sem Renda
n % C % L N % C % L N % C % L n % C % L n %
P1 2 33,33 33,33 1 33,33 16,67 3 33,33 50,00 0 0,00 0,00 6 31,58
P2 1 16,67 100,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 1 5,26
P3 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 2 22,22 100,00 0 0,00 0,00 2 10,53
P4 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 0 0,00
P5 2 33,33 40,00 1 33,33 20,00 1 11,11 20,00 1 100,00 20,00 5 26,32
P6 0 0,00 0,00 1 33,33 100,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 1 5,26
P7 1 16,67 100,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 1 5,26
P8 0 0,00 0,00 0 0,00 0,00 3 33,33 100,00 0 0,00 0,00 3 15,79
Total 6 31,58 3 15,79 9 47,37 1 5,26 19
Tabela 06 - Análise descritiva das variáveis Motivo vs Renda e teste de hipótese de associação significativa
Teste Exato de Fisher p-valor = 0,4865
% C = Porcentagem por coluna; % L = Porcentagem por linha.
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010
Pode-se inferir a partir de tal assertiva que a não associação se deve por conta dos
benefícios sociais serem ofertados em âmbito nacional, ou seja, o fato de residir ou não no
aglomerado rural não implicará no não recebimento do benefício.
Não obstante, convém assinalar os motivos que predominaram na decisão de migrar para
o interior do aglomerado: tranquilidade, educação e o casamento com algúem da comunidade,
respectivamente. Tal resultado refuta as teorias neoclássicas, na qual o ser humano migra em
busca de oportunidades econômicas. Por meio de tais teorias, o Lago do Limão nem apresentaria
migrantes, devido ao seu baixo dinamismo econômico.
Por fim, mesmo com o resultado negativo, convêm demonstrar a importância dos
benefícios no Lago do Limão, bem como sua comparação com as atividades produtivas, a serem
demonstrados na próxima seção.
73
4.2 – Benefícios sociais e atividades produtivas do Lago do Limão
As políticas sociais, especificamente da Previdência Social e da Assistência
Social, têm auxiliado a manutenção de pequenas economias, em áreas de fraco
dinamismo econômico (BRASIL, 2010). O auxilio na composição das rendas familiares
proporcionam melhor qualidade de vida a pessoas que tinham, por conta da baixa renda
ou até inexistência desta, pouca ou nenhuma propensão a consumir. No que se refere à
Previdência Rural, as evidências empíricas demonstram que, entre os Censo de 1991 a
2000, o poder de compra e a distribuição de renda entre as famílias beneficiadas
melhoraram (DELGADO e THEODORO, 2005). Não diferentemente, o PBF e BPC
também contribuíram para a redução na desigualdade de renda, posto que reduziram o
Índice de Gini em 21% após o seu período de implantação (SOARES, 2008).
No Lago do Limão, ambas as Políticas Sociais auxiliam a composição da renda
de diversas famílias, sendo essa afirmação evidenciada por meio do Gráfico 06, no qual
é demonstrado que quase na metade das famílias (47,5%) entrevistadas possuem algum
tipo de benefício.
Recebimento de Benefício pelas famílias
42
52,5%
38
47,5%
Não recebem nenhum tipo de
benefício social
Recebem algum tipo de benefício
social
Gráfico 06 – Recebimento de benefícios pelas famílias entrevistadas
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
74
No que tange ao tipo de Política Social, os benefícios equiparam-se (Gráfico
07), sendo que poucas famílias recebem mais de uma Política Social, demonstrando a
distribuição igualitária dentre os benefícios.
1716
4
0
5
10
15
20
1
Tipo de benefício recebido
Bolsa - Família
Aposentadoria, pensão ou BPC
Ambos
Gráfico 07 – Tipo de benefício recebido – Lago do Limão, 2010
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010
As Políticas Sociais, principalmente no que se referem às aposentadorias,
pensões e BPC, representam uma boa parcela, senão a única, renda familiar (Tabela 07).
Essa característica se deve ao valor de tais benefícios, sempre maiores ou iguais a 01
salário mínimo. Em pesquisa realizada em Rio de Janeiro e Ilhéus, foi encontrado
resultado próximo: nos domicílios pesquisados, 39% possuíam o benefício social como
única renda (SABÓIA, 2004).
75
Representatividade das aposentadorias,
pensões ou BPC na composição renda familiar Abs. %
Única renda 09 50
Mais de 80% da renda familiar 03 16.6
Mais de 60% da renda familiar 03 16,6
Mais de 30% da renda familiar 01 5,5
Total 18 100
Tabela 07 - Representatividade das aposentadorias, pensões ou BPC na composição renda familiar – Lago
do Limão, 2010
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010
Por sua vez, o PBF, por apresentar um menor valor, alcançando o teto máximo
de R$172,00 por família, possui uma representatividade inferior na composição da
renda familiar (Tabela 08):
Representatividade do PBF na composição renda
familiar
Abs. %
Única renda 1 5,8
Mais de 40% da renda familiar 2 11,7
Mais de 30% da renda familiar 5 31,25
Mais de 20% da renda familiar 2 11,7
Mais de 10% da renda familiar 5 31,25
Menos de 10% da renda familiar 1 5,8
Não informado 1 5,8
Total 16 100
Tabela 08 - Representatividade do PBF na composição renda familiar – Lago do Limão, 2010
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
Em linhas gerais, ao levar-se em conta todas as categorias de renda
questionadas junto às famílias, denota-se também a importância das aposentadorias,
pensões e BPC na composição da renda familiar, que se destacam até mesmo mais que a
agricultura. Tal assertiva demonstra a importância do idoso na composição da renda.
Essa tendência é apontada em todo o Brasil rural, cuja fonte de renda principal é a
proveniente de aposentadorias e pensões (BELTRÃO, 2004). A atividade ou meio da
qual se extrai a principal fatia da renda familiar é demonstrado no Gráfico 08:
76
Principal fonte de renda familiar
16%
23%
15%
1%
1%
10%
3%
23%
3%
0%
5%
Agricultura
Aposentadoria
Autônomo
Bolsa Familia
Carteira Assinada
Comércio
Extrativismo
Funcionalismo Público
Não soube informar
Pesca
Sem renda
Gráfico 08 – Principal fonte de renda familiar
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
Ao mesmo tempo, sob a ótica da economia, não se desmerece a importância das
atividades produtivas, que representam 67,25% dentre as principais fontes de renda.
Contudo, faz-se mister demonstrar como principal fonte de renda atividades informais
com 43,5%, que acarretará futuramente maior demanda por Políticas Sociais de caráter
não contribuitivo.
No que tange a natureza da atividade produtiva – rural ou urbana – é importante
ressaltar as atividades de caráter urbano, que correspondem a 48,75% do total. Por sua
vez, as atividades de caráter rural representam somente 18,75%, sendo inferior até
mesmo em relação às rendas provenientes do setor não produtivo – as políticas sociais –
que representam 25% das principais fontes de renda familiar. A importância das
transferências de renda na composição de renda familiar é uma tendência nacional, dada
à ampliação de tais políticas sociais. No Brasil, no intervalo entre 1978 – 2008, a
importância das transferências de renda na composição da renda familiar saltou de 8,1%
para 19,3% (BRASIL, 2010).
77
No que tange a reduzida importância das atividades rurais na composição da
renda familiar, infere-se que a aglomeração pode ter concorrido para tal assertiva.
Hoffman e Kageyama (2003), por exemplo, apontam tal tendência, posto que ocorre
com a aglomeração a inserção de outras atividades de caráter informal. Afora essa
característica, infere-se que essa conjuntura revela que a população prefere receber
benefícios sociais a investir na produção agrícola a fim de ofertar excedentes.
Não obstante, faz-se mister ressaltar que o recebimento de uma política social
não inibe por completo a atividade agrícola, podendo até auxiliar na produção. A tabela
09 demonstra a relação equiparada entre os que afirmaram praticar agricultura e
recebem ou não benefícios sociais:
Praticam agricultura* e recebem
algum tipo de benefício social
- Absoluto %
Sim 19 50
Não 19 50
Total 38 100
Tabela 09 – Praticam agricultura e recebem algum tipo de beneficio social FONTE: Pesquisa de campo, 2010.
* Seja para o autoconsumo ou para ofertar excedentes.
Mesmo assim, é importante demonstrar que esse número poderia ser maior,
posto que muitas famílias – o que corresponde 22,5% das famílias entrevistadas -
desistiram de praticar agricultura, sendo o principal motivo citado (Tabela 10), o baixo
rendimento, o que reforça a afirmação de que as famílias ao receberem benefícios
sociais preferem não arriscar seus rendimentos fixos e mensais a rendimentos
temporários e incertos.
78
Principal motivo para desistir da agricultura
Motivo Absoluto %
Baixo rendimento 9 50
Simplesmente me
aposentei 4 22,2
Não gosto de agricultura 1 5,5
Somente ajudava os pais 2 11
Falta de mercado 1 5,5
Não éramos donos da terra 1 5,5
Total 18 100
Tabela 10 – Principal motivo para desistir da agricultura
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
As atividades agrícolas, por conta dos fatores estruturais, ou seja, os baixos
níveis de tecnologia proporcionam uma baixa produtividade (DELGADO, 2005). Os
rendimentos por ela proporcionados se demonstram inferiores aos ganhos das demais
atividades e das políticas sociais. Para obter tal afirmação, dividiram-se as rendas nas
seguintes categorias:
1 - Fonte de renda s/ qualquer atividade rural ou benefício
2 - Fonte de renda composta por atividade rural e recebe benefício
3 - Fonte de renda composta de atividade rural e não rural e não recebe
benefício
4 - Fonte de renda sem atividade rural, mas recebe algum tipo de benefício
5 - Fonte de renda composta somente por benefício
6 - Fonte de renda composta somente por atividade rural
Dividindo a renda em tais categorias, foi possível obter as seguintes medidas de
tendência central em relação aos ganhos (Tabela 11 e Tabela 12):
79
Média de ganhos conforme categorias – em R$
1 2 3 4 5 6
1539,04 668,07 1905,71 876,6 647,35 416,66
Tabela 11 – Média de ganhos conforme categorias de análise
FONTE: Pesquisa de campo, 2010
Medidas de Tendência Central - em R$
Categoria Máximo Mínimo Mediana Moda
01 5000 400 1200 1200
02 1510 190 585 -
03 5220 500 1500 2100
04 2020 330 673,50 -
05 1121 112 510 510
06 600 200 450 500
Tabela 12 – Medidas de Tendência Central – Ganhos em R$
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
Por meio deste quadro, obtém-se que a combinação de atividades rurais e não
rurais, sem benefícios sociais, proporcionam (categoria 03) uma melhor fonte de renda –
embora seja importante ressaltar o máximo de R$ 5220,00 e mínimo de R$ 500,00 – em
seguida, as ―famílias independentes‖ de benefícios sociais e que não praticam atividade
rural, também apresentam bons rendimentos, sendo também importante ressaltar o
máximo de R$ 5000,00 e o mínimo de R$ 400,00.
Por sua vez as famílias que combinam atividades rurais e benefícios –
apresentam rendimentos inferiores às famílias que combinam rendimentos não rurais e
benefícios, sendo essa afirmação verificada em todos os aspectos – médios, máximos e
mínimos – o que demonstra, de fato, o baixo rendimento das atividades agrícolas.
Por fim, ao relacionar os ganhos das famílias que recebem somente benefícios
das famílias que somente praticam atividades rurais, afirma-se que é mais ―vantajoso‖
depender do benefício social, do que investir na produção agrícola, que gera poucos
ganhos. Tal assertiva requer uma reflexão sob a ótica do desenvolvimento econômico.
Ao levar-se em conta o grau de informalidade, bem como a desistência da agricultura
por conta dos baixos rendimentos, faz-se mister ressaltar políticas de desenvolvimento
80
que elevem a produtividade e resultem na oferta de excedentes para o mercado,
(DELGADO, 2005) posto que o aglomerado rural apresenta elevada população em
idade ativa. O PBF, por sua vez, ao abranger tal população apta para o mercado de
trabalho, evidencia que o Estado reconhece a incapacidade do sistema econômico em
prover oportunidades igualitárias a todos (JACCOURD, 2009).
Além disso, a elevação da produtividade resultaria em uma maior participação
de Iranduba no denominado ―cinturão verde‖ que abastece Manaus, que na atualidade
representa somente 12,08% dos produtos escoados. Essa participação é inferior até
mesmo que Manacapuru – que representa 16,87% - município duas vezes mais distante
que Iranduba em relação à Manaus (PEREIRA, 2008). Mesmo assim, deficiências na
logística do escoamento são facilmente equacionadas, devido a curta distância e boa
qualidade da estrada de acesso.
No tocante a quantidade de fonte de renda familiar, é perceptível que a maior
parte das famílias possui (82,5%) apenas entre uma a duas fontes de renda na
composição de renda familiar, o que demonstra baixa diversificação nas atividades
rentáveis, gerada pelo fraco dinamismo econômico, conforme demonstrado na tabela
13:
Quantidade de fontes de renda por
família
Qtde. N. de famílias %
0 4 5,00%
1 32 40,00%
2 34 42,50%
3 9 11,25%
4 1 1,25%
Total 80 100
Tabela 13 – Quantidade de fontes de renda por família
FONTE: Pesquisa de campo, 2010.
81
Por sua vez, ao se classificar as famílias quanto ao tamanho da renda, obtém –
se o seguinte quadro:
Grupos de rendimento – em salários mínimos
Renda Absoluto %
Sem renda 4 5
Menos de 01 salário 20 25
01 salário 11 13,75
Menos de 02 salários 16 20
02 a 03 salários 19 23,75
04 a 05 salários 3 3,75
Mais de 05 salários 5 6,25
Não informado 2 2,5
Total 80 100
Quadro 10 – Fontes de renda em salários mínimos
FONTE: Pesquisa de campo, 2010
A quantidade de famílias recebendo menos de 02 salários mínimos (63,75%),
bem como ao se pormenorizar a análise obtém-se 43,75% das famílias mantendo-se
com até 01 salário mínimo. Tal afirmação não traz novidade, posto que renda em área
rural é inferior em relação à renda em área urbana. Corroboram com tal assertiva os
dados da PNAD (2008), que demonstram que a renda média das famílias rurais não
representam nem a metade das famílias de domicilio em situação urbana.
Ampliando-se a análise ao levar-se o número de indivíduos das famílias – renda
per capita – (Tabela 14) demonstra-se que 63,75% das famílias se encontram em
situação de indigência ou pobreza. Essa conjuntura é superior a do país, no qual 39,3%
se encontram em semelhante situação (IPEA, 2010).
Diante dos dados empíricos da Tabela 14, depreende-se que mais famílias
teriam direito ao PBF e não o tem, ou seja, pelo menos 29 famílias estão aptas a receber
o beneficio, contudo somente 21 o recebem, demonstrando que tal política social possui
deficiências quanto a sua cobertura.
82
Renda per capita e classificação do IPEA
Classif.
IPEA
Renda per capita Abs. %
Não pobres Acima de1/2 salário mínimo 27 33,75
Pobres < ou = a 1/2 salário mínimo (255,00) e acima de 1/4 de salário (127,50) 22 27,5
Indigência < ou = a ¼ de salário mínimo (127,50) 29 36,25
- Renda não informada 2 2,5
Total 80 100
Tabela 14 – Renda per capita e classificação do IPEA
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
Mesmo assim, depreende-se dessa situação que caso não existissem os
benefícios sociais, a quantidade de famílias em situação de pobreza e indigência seria
maior. De acordo com Jaccoud (2009), estima-se que com a ausência das transferências
de renda previdenciárias e assistenciais, o patamar de indigência no país dobraria, assim
como cresceria de forma expressiva os percentuais de pobreza. No Lago do Limão, ao
comparar o período antes do PBF, por exemplo (Censo 2000), com o período pós-PBF,
depreende-se que o número de famílias sem rendimento declinou 19,53%, sendo que
tais famílias podem ter sido absorvidas principalmente na categoria de ½ até 01 salário
mínimo (tabela 15):
Renda 2000 2010
absoluto % absoluto %
Até ½ 2 1,37% 3 3,85%
½ sal a 01 32 21,92% 26 33,33%
Mais de 01 a 02 39 26,71% 21 26,92%
Mais de 02 a 03 23 15,75% 11 14,10%
Mais de 03 a 05 8 5,48% 9 11,54%
Mais de 05 6 4,11% 4 5,13%
Sem rendimento 36 24,66% 4
5,13%
Total 146 100,00% 78 100,00%
Tabela 15 – Rendimento nominal familiar
FONTE: Microdados IBGE 2000, Pesquisa de Campo, 2010.
83
Convém assinalar que os benefícios sociais não contribuitivos tais como o BPC
e PBF, não devem ser vistos como um ―peso‖ para a sociedade que paga tributos
diretos. Ao levar-se em conta que o erário é composto principalmente por impostos
indiretos como o ICMS, IPI, dentre outros, bem como a maior proporção de pobres e
indigentes que arca também com tais impostos, depreende-se que a maior parte dos
recursos do tesouro nacional são custeados pela população menos favorecida, conforme
assinala Afonso (2008, p.58): ―os mais pobres gastam toda ou quase toda sua renda em
consumo, logo, pagam relativamente mais tributos relativamente à sua renda, do que
os mais ricos‖. Sendo assim, os benefícios sociais nada possuem de ―favor‖ aos pobres
e indigentes.
Não obstante, deve-se ter o cuidado na afirmação da pobreza ou não, devido à
amplitude de seu conceito, que abrange como um todo acesso a necessidades básicas,
bem como outros atributos, tais como educação e saúde. Segundo Dornelles (2008,
p.07)
[...] a pobreza não pode ser considerada levando-se em conta o caráter do
discriminante econômico, ela é geradora de um processo de desqualificação
pessoal, coletivo e, se persistente, com danos irreparáveis para todo o tecido
social.
Por fim, ressalta-se um aspecto que minimiza a condição de pobreza da
população do Lago do Limão, além das políticas sociais. Trata-se da relação homem-
meio, a ser discutida na próxima seção.
4.3 - A relação homem-meio no Lago do Limão
O rural do Amazonas apresenta em seu contexto, características peculiares em
relação aos demais estados da Federação, tais como o predomínio do extrativismo, bem
como uma agricultura não capitalista, ocasionado uma sustentabilidade para os povos
84
que nela habitam. Além disso, o extenso território facilita o acesso de famílias a terras
devolutas, que passam a depender dos recursos naturais nela existentes. Nesse sentido, a
relação homem meio é evidenciada por meio da combinação das atividades primárias,
tais como agricultura, extrativismo, caça e pesca, de modo que o conhecimento é
herdado por meio das diversas gerações. Tal contexto é descrito por Witkoski et al.
(2007, p. 179)
[...] por meio da prática agroflorestal – centro da gravitação em torno da
qual giram grande parte das atividades ribeirinha – é possível evidenciar a
diversidade de cultivos praticados pelos ribeirinhos, suas estratégias de
conservação das manivas da mandioca para o próximo plantio, as práticas de
consórcio entre cultivos visando solucionar o problema da proliferação das
pragas e otimizar o uso racional da terra, apresentar a diversidade dos
componentes frutíferos dos sítios e sua importância para a subsistência
ribeirinha e eventual comercialização [...]
Essa realidade não se demonstra diferente no Lago do Limão, concluindo que
apesar da baixa renda apresentada pela maior parte dos pesquisados, tais atividades do
setor primário contribuem para a manutenção da população nesse aglomerado rural. Em
áreas urbanas, dada à indisponibilidade de recursos naturais, a necessidade de ter ou não
renda implica até mesmo na segurança alimentar33
. Em pesquisa com o intuito de
comparar a segurança/insegurança alimentar em áreas rurais e urbanas, verificou-se que
embora a renda fosse mais bem distribuída na área urbana, Manaus, a segurança
alimentar é maior em áreas rurais – Iranduba e Manacapuru, incluindo o Lago do Limão
(YUYAMA et al., 2009).
No que concerne à pesquisa de campo, pode ser constatado o predomínio de
agricultura voltada para a oferta de excedentes, embora a agricultura voltada para o
autoconsumo não tenha sido irrelevante (Tabela 16). Quanto às culturas, constataram-se
o predomínio policultural nas propriedades rurais que ofertam excedentes, o que pode
33 Conforme os autores, ―segurança alimentar é definida como acesso contínuo a quantidade e a qualidade
suficiente de alimentos, obtido por meio social aceitável, garantindo-se, desta forma, o bem estar e a
saúde das pessoas‖.
85
ser atribuído as oscilações dos preços agrícolas. A variedade na oferta de produtos
promove segurança ao produtor, posto que quando o preço de uma cultura cai, pode ser
compensada a perda pelo aumento de outra.
Prática da agricultura – Lago do Limão
Modalidade Policultural Monocultura Não informado Total
Ofertar excedentes 13 68% 9 60% 4 100% 26 68%
Autoconsumo 6 32% 6 40% - - 12 32%
Total 19 100% 15 100% 4 100% 38 100%
Tabela 16 – Prática da agricultura quanto à modalidade e modos policultural ou monocultural
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
Embora os dados apontem a superioridade das propriedades que ofertam
excedentes para o mercado, a pesquisa de campo pode presumir, embora não tenha sido
questionado aos entrevistados, que a segurança alimentar em relação à oleagionosas,
legumes e frutas provém da agricultura voltada para o autoconsumo, já que os
produtores que informaram o local de comercialização (Tabela 17), a maior parte se dá
em Manaus.
Local para comercialização de
excedentes
Manaus 7 27%
Próprio Local 3 12%
Ambos 1 4%
Não informado 15 57%
Total 26 100%
Tabela 17– Local para comercialização de excedentes dos produtores agrícolas do Lago do Limão
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
Importa ressaltar a segurança alimentar proporcionada pela unidade
hidrográfica, o lago, que fornece peixes para a população no período da seca, na qual a
abundância é característica de rios, lagos e igarapés amazônicos. A pesca voltada para o
86
autoconsumo destaca-se em relação à pesca comercial. Não obstante, convém assinalar,
a baixa representatividade do extrativismo vegetal, tanto em termos comerciais, quanto
para autoconsumo. Essas informações são evidenciadas pela Tabela 18:
Fins Tipo de extrativismo
Animal Vegetal Ambos Não praticam Não informaram %
Autoconsumo 29 1 10 - - 50
Comércio 1 3 - - - 5
Total 30 4 10 - - -
- - - - 18 18 45
% 37,5 5 12,5 22,5 22,5 100
Tabela 18 - Relação homem versus meio ambiente Lago do Limão
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
O predomínio do extrativismo para autoconsumo ressalta a existência do
―sistema cabloco34
‖ no Lago do Limão, no qual o habitante rural possui o conhecimento
tradicional da terra, praticando o sistema policultural - no qual predomina o cultivo da
mandioca - aliado ao extrativismo que promovem sustentabilidade (BRONDIZIO e
SIQUEIRA, 1992). O Quadro 11, que traz o ranking da quantidade de produtores por
cultura, confirma a afirmação dos autores. Nele são demonstradas as diversas espécies
foram citadas na pesquisa de campo:
34 Segundo Brondizio e Siqueira (1992), o sistema cabloco consiste na economia de subsistência baseada
em atividades primárias, tais como extrativismo, pesca, caça, coleta e agricultura de corte e queima.
87
Ranking da quantidade de produtores por cultura
Posição Cultura Produtores Posição Cultura Produtores
1o Mandioca 21 12
o Batata 2
2 o Maracujá 8 13
o Pim. Reino 2
3 o Açaí 5 14
o Manga 2
4 o Jerimum 5 15
o Banana 2
5 o Maxixe 4 16
o Mamão 1
6 o Melancia 3 17
o Pepino 1
7 o Milho 3 18
o Quiabo 1
8 o Limão 3 19
o Pimentão 1
9 o Laranja 3 20
o Ábobora 1
10 o Feijão 2 21
o Noni 1
11 o Côco 2 Não informou 3
Quadro 11 – Quantidade de produtores por cultura
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
Diante do exposto, a população do Lago do Limão se mantém em área rural,
mesmo que a lógica migração campo-cidade ainda permaneça, no entanto entende-se
que sem a relação homem-meio e a complementação das rendas, bem como outros
fatores não mensurados, contribuem para que essa migração seja menor. Ressalta-se
também a satisfação dos entrevistados em relação ao Lago do Limão, conforme tabela
19:
Nível de satisfação com a
Comunidade
Alto 56 70%
Médio 6 7,50%
Baixo 1 1,30%
Não
informado
17 21,20%
Total 80 100%
Tabela 19 – Nível de satisfação com a Comunidade
FONTE: Pesquisa de Campo, 2010.
É notável que, conforme a pesquisa, a permanência em área rural é uma opção
que traz satisfação, ou seja, estas famílias estão satisfeitas em residir na comunidade.
88
Certamente, na cidade, não poderiam gozar de tal sustentabilidade. Sendo assim, o Lago
do Limão, passa a deixar de ter somente fatores de repulsão, por conta de seu baixo
dinamismo econômico.
89
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pequenos municípios brasileiros, por conta do seu baixo dinamismo econômico,
possuem forte dependência em relação ao Estado. Esta dependência pode ser verificada
por meio das transferências constitucionais tais como o FPM, que se demonstram
superiores às arrecadações próprias desses municípios.
No município de Iranduba essa conjuntura não se mostra diferente, de modo
que se na sede do município já se verifica baixo dinamismo econômico, quiçá em suas
áreas rurais.
Nesse contexto se insere o Lago do Limão, que apesar de seu baixo dinamismo
econômico, se expandiu espacialmente e recebeu migrantes, algo que refuta as teorias
econômicas neoclássicas, nas quais o fator econômico predomina sobre as decisões de
migrar. Sendo assim, fatores como tranquilidade, educação e o casamento com alguém
da comunidade predominaram na decisão de migrar para o aglomerado.
Essa comunidade, assim intitulada pelos seus habitantes, surgiu há cerca de 200
anos e por conta da implantação de infraestrutura por parte do Estado, tais como a
estrada, criada durante os anos 1970 com o intuito de interligar a comunidade a sede do
município e a Manaus, além da escola, passou a se expandir, de modo que atraiu
população que anteriormente habitava o Lago, bem como migrantes de Manaus e de
outras comunidades de Iranduba, tornando-se assim um aglomerado rural.
Mesmo assim, as migrações em direção a Manaus de parte de sua população é
fato, posto que políticas de desenvolvimento regional voltadas para a Amazônia embora
tenham contemplado o setor agrícola, não se mostraram tão eficientes quanto às
voltadas para Manaus, principalmente no que se refere à Zona Franca, característica que
deixou o rural amazônico sem um mercado dinâmico, com grandes bolsões de pobreza.
90
Sendo assim, o Lago do Limão, conforme o IBGE, apresentou declínio em seu
contingente populacional durante o período 2000-2007. Contudo, esse aglomerado rural
apresentou expansão em seu contexto espacial, devido à demanda por novas residências
de famílias no inicio do seu ―ciclo vital‖.
Dada o baixo dinamismo econômico das áreas rurais amazônicas, tais como o
Lago do Limão, faz se mister a presença do Estado como ―distribuidor de renda‖.
Assim, a dependência desse aglomerado rural no que se refere às políticas sociais pôde
ser evidenciada, posto que as aposentadorias se destacam como principal fonte de renda
familiar. Além disso, 47,5% das famílias entrevistadas recebem algum tipo de benefício
social. Não obstante, deve se enfatizar que habitando o Lago do Limão ou não, tais
famílias teriam acesso aos benefícios sociais. Portanto, os programas de transferência de
renda auxiliam na manutenção da população no aglomerado rural, porém não são
determinantes para tal processo.
Importa ressaltar, que as políticas sociais terminaram por induzir uma retração
na produção agrícola, posto que a população prefere receber benefícios a produzir. Tal
assertiva advém da desistência da atividade primária por parte de algumas famílias que
assim, deixaram de auferir rendimentos provenientes desse setor. Além disso, a renda
familiar oriunda somente de atividades rurais demonstraram ser inferiores as rendas
familiares de caráter urbano ou composto por benefícios. Nesse sentido, políticas que
facilitem a produtividade como crédito, assistência técnica, preço mínimo, fácil
escoamento, não elevariam a contento a produtividade do setor primário do Lago do
Limão.
Porém, o fato de receber benefícios sociais, de natureza contribuitiva ou não,
não representa somente o fim da produção, ou seja, esses rendimentos podem auxiliar o
processo produtivo, posto que metades das famílias que trabalham com agricultura
91
recebem algum tipo de benefício social. Além disso, as políticas sociais auxiliaram na
distribuição de renda, cumprindo de fato com o seu papel. A redução de famílias sem
rendimento após a implementação do PBF corrobora com essa afirmação, conferindo a
famílias o mínimo de dignidade. Tais famílias aumentaram seu poder de consumo, além
de movimentar a pequena economia local.
Diante do exposto, afirma-se que estudar uma área rural de baixo dinamismo
econômico, que se expandiu e recebeu migrantes, ainda que em pequena escala,
justificam esta pesquisa.
O aglomerado rural do Lago do Limão, por mais que não apresente futuramente
um pujante incremento demográfico, manterá o fenômeno aglomerativo, ainda que
migrações para a cidade de Manaus continuem ocorrendo. Tal manutenção pode ser
explicada por diversos fatores, tais como a promoção das políticas sociais, satisfação em
residir na comunidade, e a relação do homem com o meio específico em comunidades
amazônicas.
Nesse contexto, a presença do Estado no que se refere às políticas sociais em
seus diversos âmbitos – educação, saúde, emprego e renda e transferências de renda –
são necessárias para a promoção do desenvolvimento rural.
Desse modo, advoga-se a importância de tais políticas no que tange a melhoria
da qualidade de vida da população, ao mesmo tempo em que se reconhece que estas
requerem avanços: a saúde que ainda deixa a desejar, a educação que apresenta
deficiências, o PBF que ainda não é direito, se restringindo a um determinado
orçamento público, excluindo famílias aptas a receber e não erradicando a pobreza.
Sendo assim, é necessário à alocação de maiores recursos, bem como uma eficiente
gestão para uma melhor implementação das políticas sociais.
92
Por fim, reconhece-se, a necessidade de pesquisas que considerem fatores de
ordem sociológica que induzam a migração e permanência da população no Lago do
Limão e em outras áreas rurais que experimentem baixo dinamismo econômico. Sendo
assim, ressalta-se que os resultados desta pesquisa referem-se exclusivamente ao Lago
do Limão, não generalizando para as demais áreas rurais.
93
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104
ANEXOS
105
ANEXO 01 – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA
106
ANEXO 02 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UFAM
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Convidamos o (a) Senhor (a) para participar do Projeto de Pesquisa ―Transferências de
renda e infra-estrutura na formação de aglomerado rural no Lago do Limão – Iranduba‖,
dos pesquisadores Magaly Briceno Lopes e Prof. Dr. Ricardo José Batista Nogueira,
com o intuito de verificar se as transferências de renda têm contribuído para a formação
do aglomerado rural no Lago do Limão. Os resultados terão como benefício e produção
de conhecimento a respeito da intervenção do Estado, por meio da concessão de
benefícios sociais, bem como da oferta de uma infra-estrutura necessária, como escolas
e posto de saúde, contribuem para a manutenção da população em áreas rurais. O
instrumento aplicado na pesquisa será o questionário, contendo informações a respeito
da renda familiar, bem como outras características, como quantidade de pessoas na
residência, migração, idade, dentre outras. Informando ao sujeito de pesquisa que
poderá se retirar sem qualquer despesa, conforme Res. CNS n˚ 196/96. Fui informado
sobre o que o pesquisador quer fazer e porque precisa da minha colaboração, e entendi a
explicação. Por isso, concordo em participar do projeto. Para qualquer outra informação
o (a) Senhor (a) poderá entrar em contato com o telefone (92) 3305-4641, ou pelo
endereço Av. General Rodrigo Otávio, 3000, setor Norte, Faculdade de Estudos Sociais,
na coordenação do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional.
__________________ ou Data: ___/_____/____
Assinatura do participante
_________________ Data: ___/____/____
Pesquisador responsável
107
ANEXO 03 – FORMULÁRIO DE PESQUISA
Universidade Federal do Amazonas
Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional
Pesquisadora: Magaly Briceno Lopes
Questionário de pesquisa– Campo Lago do Limão
N. da amostra: ______
1) Pessoa de referência:___________________________________ Data:__/___/__
2) A residência do (a) entrevistado (a) encontra-se no (a):
a – vila
b – campo
c – estrada
d – baixada
e – paraíso
3) Qtde de pessoas na residência:
a - Homens: ______
b - Mulheres:_______
Total:_________
4) Idades dos moradores:_________________________________________________
5) Quanto ao domicilio:
a- ( ) Própria
b -( ) cedida
c - ( ) alugada / preço: ________
6) Quantidade de famílias residindo no mesmo domicílio:
a - uma
b – duas
c – três
7) Mora nesta comunidade desde que nasceu?
a - Sim
b – Não – Local de origem:_________
8) Em caso do opção 02 da questão 06, cite o motivo da escolha da comunidade
para habitar:
a – Tranqüilidade
b – Imóvel, terra a baixo custo
c – Na comunidade tem trabalho
108
d - Proximidade com Manaus
e - Escola para nossos filhos
f - Posto médico
g- Temos uma aposentadoria ou pensão que dá para vivermos na vila.
h – Casou-se com alguém da comunidade
9) Houve, na família, migração para Manaus?
a – Sim – Especificar grau de parentesco__________________
b - Não
10) Alguém foi para Manaus e voltou?
a – Sim – Especificar grau de parentesco__________________
b - Não
11) Fonte de renda Familiar: (Especificar valores mensais)
a – Agricultura: R$___________
b – Pensão: R$___________
c – Aposentadoria: R$___________
d – Extrativismo: R$___________
e – Pesca: R$___________
f – Pecuária: R$____________
g - Comércio R$___________
h - Func. Público R$___________
i - Cart. Assinada R$___________
j - Bolsa Família: R$___________
l – Outros: R$___________
Total: R$___________
12) Já trabalhou ou trabalha com agricultura?
a – Sim
b – Não
13) Local de prática de agricultura:
a – Lago
b – Estrada
c - Ambos
14) Se desistiu de trabalhar com agricultura, especifique o motivo:
a - baixo rendimento
b - falta de mercado
c - terra infértil
d - problemas de escoamento
e - Não gosto de agricultura
f - Não temos ajuda do governo
109
g - Não éramos donos da terra
h - quis vender a terra
i - simplesmente me aposentei
15 ) Propriedade:
a – Própria
b – Posseiro
c – Arrendatário
16) Cultura (s) produzida (s):
______________________________________________________________________
17) Pratica pesca (1) ou extrativismo (2)?_______Para que fins?
a – Comercial
b- Autoconsumo
c – Para ambos os fins
Dados adicionais
18) Escolaridade da pessoa de referência:
a – Analfabeto
b – Fundamental Incompleto
c – Fundamental Completo
d – Médio Incompleto
e – Médio Completo
f – Superior Cursando
g – Superior Completo
h – Pós-Graduado
19) Nível de satisfação com a comunidade:
a – baixo
b – médio
c - alto
20) Se sente habitante de zona rural ou urbana? Justifique ____________________
Informações adicionais:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
110
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Assinatura do entrevistado:________________________________________________
111
ANEXO 04 - CARTA IMAGEM DO MUNÍCIPIO DE IRANDUBA
Org. – SILVA, Eduardo Pinheiro.
Fonte: LANDSAT, 26 ago. 2008