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XI ECOMIG – Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais Faculdade de Comunicação - Universidade Federal de Juiz de Fora | 18 e 19 de outubro de 2018
MULHERES POR ELES E POR ELAS1:
Representação feminina nas maiores bilheterias no Brasil em 2016
Women by them: Female representation at the biggest box office in Brazil in 2016
Laryssa Moreira PRADO2
Caroline MARINO3
Nara REIS4
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora – MG
Resumo
A figura feminina está presente em grande parte das histórias que o cinema conta. Entretanto,
quando se trata de representatividade, as mulheres ainda são subjugadas tanto na telona quanto
por trás das câmeras. Embora mais da metade da população brasileira seja feminina, a Agência
Nacional do Cinema (Ancine) reconheceu a baixa participação de mulheres no audiovisual. O
presente artigo objetivou, por meio metodologia da Análise da Materialidade Audiovisual,
conceitos apresentados pelo Teste de Bechdel, Teste Russo e questões interseccionais,
investigar a representação feminina em quatro filmes nacionais, sendo as duas maiores
bilheterias dirigidas por homens e as duas maiores bilheterias dirigidas por mulheres no ano de
2016. A análise concluiu que existe maior possibilidade de representatividade feminina quando
um filme é dirigido por uma mulher, porém, não pode-se dizer que é uma regra. A construção
da personagem feminina nos filmes ainda é sexista, sejam eles dirigidos por homens ou
mulheres.
The female figure is present in most of the stories that cinema tells. However, when it comes to
representativeness, women are still subjugated both on the big screen and behind the cameras.
Although more than half the Brazilian population is female, the Agência Nacional do Cinema
(Ancine) has acknowledged the low participation of women in the audiovisual sector. This
article aimed to investigate the representation of women in four national films, through the
methodology of the Analysis of Audiovisual Materiality, concepts presented by the Bechdel
Test, Russian Test and intersectional questions, with the two biggest box office directed by men
and the two biggest box office directed by women in the year 2016. The analysis concluded that
there is greater possibility of female representation when a film is directed by a woman, but it
can’t be said to be a rule. The construction of the female character in the movies is still sexist,
whether directed by men or women.
Palavras-chave: Cinema Brasileiro; Representação de Gênero; Representação Feminina; Teste
de Bechdel.
Keywords: Brazilian Cinema; Gender Representation; Female Representation; Bechdel Test.
1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho Cinema e Audiovisual, do XI Encontro dos Programas de Pós-
Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais, 18 e 19 de outubro de 2018.
2 Jornalista. Mestranda, UFJF-PPGCOM, laryssaprado@live.com
3 Jornalista. Mestranda, UFJF-PPGCOM, carolinemarinop5@gmail.com
4 Jornalista. Mestranda, UFJF-PPGCOM, narajack7@gmail.com
XI ECOMIG – Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação Social de Minas Gerais Faculdade de Comunicação - Universidade Federal de Juiz de Fora | 18 e 19 de outubro de 2018
Introdução
Como aponta Valquíria Michela John (2014), historicamente, a mulher ocupa um lugar
de inferioridade na organização social e durante quase toda a história da humanidade foi
preparada exclusivamente para criação de filhos e afazeres domésticos. “Somente nos últimos
dois séculos, sobretudo no século XX, as mulheres começaram a conquistar outros espaços até
então exclusivos do sexo masculino, como o direito ao voto e o acesso ao mercado de trabalho”
(JOHN, 2014, p. 500). Entretanto, apesar dos avanços, a equidade entre os gêneros ainda não é
vivenciada em sua plenitude na sociedade contemporânea.
Embora representem maioria numérica6 da população brasileira, as mulheres são
consideradas minoria em termos representativos, também nas narrativas audiovisuais, como o
cinema – foco de análise deste texto. Temer e Lima relembram que: “O machismo, pensamento
da supremacia masculina, baseia-se em afirmar a superioridade masculina e reforçar a
inferioridade da mulher em várias formas de discurso: filosófico, científico, religioso, jurídico
e até mesmo popular” (TEMER, LIMA, 2016, p. 4). Essa hegemonia masculina ainda se reflete
nas produções cinematográficas, que contribuem na construção da imagem de homens e
mulheres tomando por base definições tradicionais de feminilidade e masculinidade.
Neste tipo de categorização binária, é que são atribuídos papeis e valores exclusivos ao
homem e a mulher, que são repassados de geração em geração. Tais valores contribuem
significativamente para a desigualdade de gênero. Joan Scott ao conceituar o que é “gênero”
explica que o termo indica construções culturais, “uma forma de se referir às origens
exclusivamente sociais das identidades subjetivas de homens e de mulheres”. (SCOTT, 1995,
p. 75). A autora (1995, p. 82) salienta que o modo pelo qual as sociedades representam o gênero
articula relações e regras sociais, além de ser uma das referências pelas quais relações de poder
se estabelecem. Scott afirma então que “O gênero é uma forma primária de dar significado as
relações de poder. Seria melhor dizer: o gênero é um campo primário no interior do qual, ou
por meio do qual, o poder é articulado” (SCOTT, 1995, p.88).
Se pensarmos no cinema também como um espaço favorável para a circulação de
discursos, é impossível negar que as narrativas veiculadas pelo mesmo ocupam um papel
relevante nas relações de poder – inclusive nas definições de identidade e de gênero – uma vez
que o cinema é um dos responsáveis por difundir ideologias e representações que tendem a
reforçar estereótipos socialmente construídos. De acordo com John (2014), ao levar em conta
que “as relações de gênero não são naturais e sim construídas social e historicamente, o discurso
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atua decisivamente na construção de nossas representações quanto ao mundo e quanto às
atribuições dos papéis de homens e mulheres” (JOHN, 2014, p. 501).
O domínio do olhar masculino no cinema canônico
A figura feminina está presente em grande parte das histórias que o cinema conta.
Entretanto, quando se trata de representatividade, as mulheres ainda são subjugadas tanto na
telona quanto por trás das câmeras. Embora mais da metade da população brasileira seja
feminina, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) reconheceu a baixa participação de mulheres
no audiovisual4.
De acordo com pesquisa divulgada pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação
Afirmativa (G.E.M.A.A., 2015), 86,3% dos filmes nacionais, entre 2002 e 2012, foram
dirigidos por homens, que também assinaram 72% dos roteiros. Outro levantamento, realizado
pela Ancine5, mostra que das 2.583 obras audiovisuais registradas em 2016, apenas 17% foram
dirigidas por mulheres – sem nunca ultrapassar 24% de todas as produções, recorde observado
em 2012.
Essa não é apenas uma tendência nacional. Ao avaliar as 100 maiores bilheterias de
2015 nos Estados Unidos – país líder na produção cinematográfica mundial –, a pesquisa Media,
Diversity, & Social Chance Initiative6 – realizada pela USC Annemberg School for
Communication and Journalism – chegou a um resultado semelhante. Dos 4.370 personagens
falantes ou nomeados, apenas 31,4% eram do sexo feminino. Não houve mudança significativa
deste valor desde 2007. Quando se trata da equipe de produção, a mesma pesquisa mostra que
dos 1.365 diretores, escritores e produtores desta lista composta por 100 filmes, apenas 19%
eram mulheres.
Na premiação de Cannes, realizada no dia 12 de maio de 2018, 82 mulheres fizeram um
protesto contra a desigualdade de gênero na indústria cinematográfica. A presidente do júri,
Cate Blanchett, e a diretora Agnès Varda, lideraram o grupo. O número de manifestantes fez
referência à participação feminina desde a primeira edição de Cannes, em 1946: apenas 82
filmes dirigidos por mulheres foram selecionados para a competição principal, conta 1.645
5 Pesquisa da Ancine confirma pequena presença feminina no audiovisual. Disponível em:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2017-04/pesquisa-da-ancine-confirma-pequena-presenca-
feminina-na-producao. Acesso em: 20 ago. 2017.
6 Pesquisa Media, Diversity, & Social Chance Initiative. Disponível em:
http://annenberg.usc.edu/pages/~/media/MDSCI/Dr%20Stacy%20L%20Smith%20Inequality%20in%20800%2
0Films%20FINAL.ashx. Acesso em: 21 ago. 2017.
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filmes dirigidos por homens. Entre os 21 títulos que competem pela Palma de Ouro em 2018,
apenas três tem diretoras mulheres. Durante o protesto, Varda e Blanchett leram um
comunicado no qual defenderam a importância da paridade salarial e de ambientes de trabalho
diversos e igualitários7.
Ao observar a predominância do sexo masculino nos mais diversos setores da produção
cinematográfica, e entendendo que “o cinema, como outras mídias, funciona como um produto
de base da sociedade contemporânea, participando da psiquê da comunidade, da consciência e
da experiência dos indivíduos” (GUTFREIND, 2006, p.2), pode-se entender que, como aponta
a diretora da Ancine, Debora Ivanov (2017), “o olhar que vai construir o imaginário de nossa
sociedade e novas gerações, é masculino”.
De acordo com Makowiecky, “a representação é uma referência e temos que nos
aproximar dela, para nos aproximarmos do fato. A representação do real, ou o imaginário é, em
si, elemento de transformação do real e de atribuição de sentido ao mundo” (MAKOWIECKY,
2003, p.4). Enquanto representação, o cinema – e aqui trata-se especialmente do modelo
canônico – ao tentar reproduzir a realidade, cria, para seu espectador, um panorama de como
esta se configura. E, ao valorar e explorar as experiências e formações que cercam o indivíduo,
o cinema acaba por ajudar a construí-lo, como também aborda Stuart Hall (2002), que defende
a identidade como uma construção histórica, e não biológica, passando por transformações
contínuas, diretamente ligadas às formas pelas quais o sujeito se vê representado nos sistemas
culturais existentes.
Sendo a cultura o espaço do qual emergem as mediações, configurando-se como espaço
privilegiado do estudo da constituição do sujeito, como também apresenta Martín-Barbero
(2001), seu conteúdo propicia uma negociação entre o receptor e o filme. O primeiro interage,
interpreta e reelabora as informações e imagens, que podem ser meios de fortalecimento da
moral vigente, de conformidade, ou de evasão, mas sempre associado a valores por meio da sua
ressignificação de discursos.
Rosa Maria Fischer (2001) complementa o que é apresentado por Hall e Martín-Barbero
ao considerar que “a mídia é um lugar privilegiado de criação, reforço e circulação de sentidos,
que operam na formação de identidades individuais e sociais, bem como na produção social de
inclusões, exclusões e diferença” (FISCHER, 2001, p. 588).
7 Agnès Varda e Cate Blanchett lideram protesto de 82 mulheres no Festival de Cannes. Disponível em:
http://mulhernocinema.com/destaques/no-tapete-vermelho-mulheres-protestam-contra-desigualdade-em-cannes-
e-no-cinema/. Acesso em: 12 maio 2018.
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Tendo todos estes fatores em mente, e posto que a representação do feminino, na maioria
das vezes, vem pelo olhar masculino, “sendo ainda marcada por uma relação de poder em que
o homem é tido como mais forte, equilibrado e responsável pela mulher e, por outro lado, muitas
vezes, o discurso feminino será considerado como menos importante” (MAGALDI;
MACHADO, 2016, p. 253), ressalta-se a importância de voltar-se ao cuidado com a
representação feminina na Sétima Arte.
O modo como o cinema representa a mulher influenciará o modo como esta é vista por
si mesma e pelos outros na sociedade. Por estes fatores é importante investigar como as
personagens femininas estão sendo representadas, tanto a partir dos olhares de homens, que
dominam o setor, como também das próprias mulheres (do qual espera-se um contraponto ao
male gaze).
A partir de uma matriz que leva em consideração o objetivo do trabalho e as teorias que
dão embasamento ao mesmo – metodologia da Análise da Materialidade Audiovisual, conceitos
apresentados pelo Teste de Bechdel e Teste Russo – o propósito deste artigo foi investigar a
representação feminina em quatro filmes nacionais, sendo as duas maiores bilheterias dirigidas
por homens e as duas maiores bilheterias dirigidas por mulheres no ano de 2016. Os filmes
analisados foram: “Os 10 Mandamentos – O Filme” (Brasil, 2016, direção de Alexandre
Avancini) e “Minha Mãe é uma Peça 2” (Brasil, 2016, direção de César Rodrigues) dirigidos
por homens, e “É fada!” (Brasil, 2016, direção de Cris D’Amato), “Um namorado para a minha
mulher” (Brasil, 2016, direção de Júlia Rezende), dirigidos por mulheres.
Como mais uma amostra da baixa representatividade feminina no cinema, entre os 20
filmes nacionais com maior bilheteria em 2016, existem apenas duas produções realizadas por
diretoras mulheres8.
Metodologias de Análise
Para a realização desta pesquisa, três metodologias embasaram o suporte teórico
analítico. Foram elas: a Análise da Materialidade Audiovisual, Teste de Bechdel e o Teste
Russo.
A escolha pela Análise da Materialidade Audiovisual, metodologia desenvolvida no
âmbito do Núcleo de Jornalismo e Audiovisual (CNPq-UFJF) mas não exclusiva a temas que
giram em torno do jornalismo, se faz pertinente já que assim seria possível a análise mais
8 “É fada!” (Brasil, 2016, direção de Cris D'Amato)”, 4ª posição; e “Um namorado para a minha mulher” (Brasil,
2016, direção de Júlia Rezende), 9ª posição.
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completa acerca das especificidades da narrativa audiovisual e sua relação com as questões de
pesquisa, na medida em que não haveria uma preocupação prévia com a tradução do vídeo em
outros códigos para responder a um protocolo investigativo. Iluska Coutinho (2016) propõe que
é necessário ao escolher o objeto de pesquisa, fazer um levantamento das demandas a serem
analisadas, de modo a construir em diálogo com os referenciais do estudo uma ficha de análise
que contenha as perguntas que respondam ao problema de pesquisa. Esse olhar integrado na
entrevista do objeto empírico permitiria assim realizar a parte da análise propriamente dita,
observando sempre a complexidade do material audiovisual. “Nessa perspectiva poderíamos
considerar que o pesquisador comporta-se em certo sentido como um telespectador
privilegiado, que desvela estratégias, modos de dizer e sentidos, explícitos ou silenciados, nas
narrativas audiovisuais que analisa”. (COUTINHO, 2016, p. 9). A autora defende ainda que
deve-se observar a unidade dos cinco elementos audiovisuais texto som + imagem + tempo +
edição a fim de se ter uma investigação mais fiel à natureza audiovisual do objeto.
O presente artigo apropriou-se desta metodologia para o recolhimento de registros que
permitam a verificação e detalhamento dos resultados adquiridos pelos objetos, como se fosse
um espelho de avaliação para ser compreendido pelo analista. Para tal, foi desenvolvida uma
tabela – matriz de avaliação – com a junção dos critérios dos Teste de Bechdel e do Teste Russo.
O Teste de Bechdel foi criado em 1985, pela cartunista Alison Bechdel, com o objetivo
de mensurar concepções de gênero integrantes do discurso cinematográfico. Para que um filme
seja aprovado no teste é necessário que ele atenda a três critérios: 1) ter ao menos duas
personagens femininas nomeadas; 2) que conversem entre si; 3) sobre algo não relacionado ao
sexo masculino.
Visto a complexidade da materialidade, adotou-se também dois itens do Teste Russo,
desenvolvido em 2013 pela Gay & Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD). Os
critérios adotados foram: 1) a personagem não deve ser exclusiva ou predominantemente
definida pela sua orientação sexual ou identidade de gênero; e 2) deve estar vinculada na trama
de tal forma que sua remoção teria um efeito significativo.
Para a aplicação dos métodos analíticos considerou-se personagens mulheres que, nas
produções, têm falas – dialogam – ou são nomeadas. Foram realizadas aferições quantitativas
para obtenção de resultados, levando em consideração os seguintes eixos de avaliação, gerados
a partir das metodologias já descritas: 1) Quantas personagens mulheres existem no filme? 2)
Apresenta pelo menos duas nomeadas? 3) Quantas são falantes? 4) As personagens conversam
entre si? 5) As conversas são sobre relações afetivas e domésticas? 6) As personagens são
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exclusiva ou predominantemente definidas pelo seu sexo? 7) As personagens estão vinculadas
na trama de tal forma que sua remoção teria um efeito significativo?
Além das categorias de análise descritas acima, nos eixos de avaliação, serão incluídas
também questões interseccionais. Rebeca Solnit reflete acerca de diferentes tipos de
silenciamentos que permeiam o coletivo “mulheres”. Ela reforça que “a categoria mulheres é
uma longa avenida que cruza com várias outras, entre elas classe, raça, pobreza e riqueza.
Percorrer esta avenida significa cruzar outras e jamais significa que a cidade do silêncio tem
apenas uma rua ou uma rota importante” (SOLNIT, 2017, p. 35). O exemplo das avenidas que
se cruzam apresentado por Solnit traz à tona a urgência de se evidenciar as diferenças entre
mulheres, sobretudo na questão racial.
Djamila Ribeiro (2017, p. 41), filosofa brasileira, aponta que ao se tratar a categoria
“mulher” como algo universal, sem marcar as diferenças existentes, faz-se com que somente
uma parte seja vista. Quando se pensa em representação das mulheres no cinema, é preciso
pontuar a questão racial. Onde estão as mulheres negras nas narrativas? Djamila ressalta a
importância de um olhar interseccional para estas questões.
Tirar essas pautas da invisibilidade e um olhar interseccional mostram-se muito
importantes para que fujamos de análises simplistas ou para se romper com essa
tentação de universalidade que exclui. A reflexão fundamental a ser feita é perceber
que, quando pessoas negras estão reivindicando o direito a ter voz, elas estão
reinvindicando o direito à própria vida. (RIBEIRO, 2017, p. 43).
Partindo desses referenciais teóricos, foram montados os eixos de avalição, como prevê
a análise da materialidade audiovisual.
Análise dos filmes dirigidos por homens com maiores bilheterias em 2016
Os Dez Mandamentos
O Filme “Os Dez Mandamentos” (2h), cujo gênero flutua entre Drama/Épico/Histórico,
foi lançado pela Record Filmes em parceria com a Paris Filmes, em 2016. De acordo com dados
divulgados pela Ancine, o filme obteve destaque por se tornar a obra com o maior número de
espectadores de toda a série histórica do SADIS (Sistema de Acompanhamento da Distribuição
em Salas). Com um público de 11,3 milhões, a obra ultrapassou “Tropa de elite 2”, cuja marca
não era superada desde 2010. Os dados de sua bilheteria foram alvo de diversas polêmicas, uma
vez que foi noticiado em vários veículos que igrejas adquiriram grande parte dos ingressos que
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não foram totalmente repassados ao público. Portanto, o número de espectadores é uma
incógnita.
Dirigido por Alexandre Avancini, o filme é uma adaptação de uma história bíblica e da
novela homônima apresentada pela Rede Record em 2015. O enredo gira em torno de Moisés,
um Hebreu que, acolhido pela filha do faraó ainda bebê, cresce como príncipe do Egito, mas
volta-se contra sua família adotiva em favor do povo de Israel, que por ele deverá ser conduzido
à libertação.
Por ser uma adaptação da novela, uma trama longa com muitos capítulos e
desdobramentos, o filme acelera os acontecimentos e acaba por aprofundar pouco a narrativa
na construção dos personagens. Por isso, algumas mulheres aparecem em uma ou duas cenas e
não chegam a ser nomeadas, mas possuem alguma fala ou papel na construção da sequência.
Outras são apenas figurantes que compõem o cenário, já que em alguns momentos do filme
aparecem multidão ou o palácio de Faraó, estas não entram no presente escopo de análise.
No que tange à representação feminina, o filme contabiliza 14 personagens mulheres,
sendo 13 falantes e oito nomeadas. Mas apenas quatro participam ativamente da história, sendo
elas: Joquebede – mãe biológica de Moisés –, Miriã – irmã de Moisés –, Henutmire – princesa
egípcia que adotou Moises – e Ynut – que contou a ele sua origem – , a partir disto Moisés
decide reencontrar sua família de sangue e a trama se desencadeia.
Poucos são os diálogos entre as personagens femininas e raras vezes as conversas não
giram em torno do personagem masculino. As outras personagens femininas que compõem a
narrativa não estão vinculadas na trama de tal forma que sua remoção teria um efeito
significativo. Algumas servem apenas de trampolim para que se construa a imagem dos
personagens masculinos.
A maioria das personagens femininas é definida exclusivamente pelo seu sexo. As mães
de Moisés são caracterizadas pela maternidade e Zípora e Nefertari pelo fato de serem esposas.
Miriã é definida exclusivamente pelo fato de ser mulher, uma vez que é ela quem acompanha a
mãe na gravidez e isso seria uma tarefa do “universo feminino”, já que Joquebede tem outro
filho que não participou efetivamente destes momentos. As seis irmãs de Zípora também são
necessariamente mulheres pelo contexto da época e do momento em que se encontram em cena,
Moisés as protege de homens que as insultam enquanto elas pastoreiam ovelhas. Isso não
aconteceria se uma delas fosse um homem. A única personagem feminina que não é definida
pelo sexo é Leila, uma hebreia que trabalha no palácio e faz a ponte entre Moisés e sua família
de sangue.
Não há nenhuma personagem negra na narrativa.
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Minha Mãe é uma Peça – 2
Lançado em 22 de dezembro de 2016 e com direção de César Rodrigues, o filme “Minha
Mãe é uma Peça 2” (1h36minutos) foi roteirizado por Paulo Gustavo e Fil Braz. É a continuação
do filme “Minha Mãe é Uma Peça”, de 2013, baseado da peça de teatro homônima.
Dona Hermínia retorna como apresentadora de tevê, porém, sua personalidade continua
a mesma. Sempre preocupada com seus filhos e mostrando a difícil tarefa de ser mãe. Neste
filme, Hermínia vive uma nova fase, já que seus filhos buscam a independência e ela terá que
descobrir como viver sem eles por perto.
Partindo para a análise, verificou-se 24 personagens femininas, sendo 12 nomeadas e 15
falantes. As conversas que guiam o enredo do filme são predominantemente sobre o cuidado
excessivo que Hermínia tem com seus filhos e a possibilidade da protagonista encontrar um
namorado. Em seus diálogos, Hermínia, Iesa e Lucia Helena, que são irmãs, falam
eminentemente sobre filhos e namorados. Hermínia e Tia Zélia, que tem mal de Alzheimer,
também conversam entre si e falam sobre assuntos que remetem à família.
Hermínia e sua filha Marcelina dialogam sobre a vontade da mesma se mudar do Rio de
Janeiro para São Paulo para trabalhar como atriz. A protagonista, diz que Marcelina não tem
corpo para a carreira e afirma ser contra a mudança. Outro momento de destaque na trama,
enquanto representação feminina, é quando Hermínia aceita a ida de Marcelina e vai para a
boate com os filhos. Neste ambiente de festa, começa uma busca incessante para encontrar um
homem para sua caçula. Ou seja, os diálogos mesmo que em algum momento tentam distanciar-
se de assuntos afetivos, voltam-se ao círculo de temas estereotipados.
Dentre as 24 personagens, seis são definidas pelo seu sexo. E apenas cinco personagens,
caso fossem removidas da trama, teriam algum efeito significativo. São elas: Hermínia,
Marcelina, Lucia Helena, Iesa e Tia Zélia. Também foi possível averiguar que não existe
nenhuma mulher negra dentro da trama.
Nesta análise, foi possível perceber que, por se tratar da representação de uma mãe como
protagonista, os assuntos que permeiam o universo maternal prevalecem. E por ela ser separada,
diálogos sobre namoro e casamento também são predominantes. Os filhos são a razão pelo qual
a personagem vive, e isso é evidenciado no filme. Além de Marcelina, Juliano e Garib, Hermínia
volta-se também para seu trabalho como apresentadora de um programa de TV, porém,
reforçando os estereótipos da maternidade, o mesmo é uma espécie de consultoria para mães e
donas de casa.
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Análise dos filmes dirigidos por mulheres com maiores bilheterias em 2016
É Fada
Baseado no livro “Uma Fada Veio Me Visitar”, da escritora Thalita Rebouças, “É Fada”
é um filme brasileiro lançado em 06 de outubro de 2016, com a direção de Cris d'Amato.
Durante 1h25 minutos, o enredo gira em torno de Júlia (Klara Castanho) e Geraldine (Kéfera
Buchmann). Júlia é uma adolescente criada pelo pai e acaba de trocar de escola. Pouco popular,
ela precisa lidar com as novas colegas de turma. Geraldine é uma fada atrapalhada que perdeu
suas asas após fracassar em uma série de missões. Para recuperá-las, precisa ajudar Júlia em
sua vida social e amorosa. “É Fada” marca a estreia da YouTuber Kéfera Buchmann no cinema.
A atriz totaliza mais de 30 milhões de seguidores em suas redes sociais.
A partir da matriz de análise da presente pesquisa, quando se trata da representação
feminina em “É Fada”, foram contabilizadas 18 mulheres, sendo nove nomeadas, e oito
falantes. Entretanto, a trama foca-se em apenas seis. Todas as cenas de diálogos entre mulheres
envolvem estas personagens, que, para a melhor compreensão da análise, foram divididas em
três núcleos: Geraldine e Júlia; Júlia e Alice; Júlia, Veronica, Ingridy e Priscila.
No primeiro núcleo, que ocupa a maior parte da narrativa, todos os diálogos entre
Geraldine e Júlia envolvem a ascensão social da jovem em meio a seus pares, o que se resume
a questões estéticas e relações afetivas. O segundo núcleo, composto por Júlia e Alice, apresenta
uma narrativa conflituosa entre mãe e filha, que em grande parte das vezes volta-se para a
questão da criação. No enredo, Alice abandonou Júlia para poder estudar fora, e então, a menina
foi criada pelo pai.
No terceiro núcleo, Veronica, Ingridy e Priscila compõem o grupo de meninas do qual
Júlia quer se inserir, e ao mesmo tempo, são as vilãs da trama. As cenas são majoritariamente
coletivas, apenas as duas primeiras personagens tem momentos de diálogo individuais com
Júlia, mas em suma, as meninas tratam de padrões de comportamento, relações amorosas e
questões estéticas.
Assim, é possível notar que todas as personagens de destaque, nos três núcleos, são
definidas por seu sexo: a fada, a adolescente sonhadora, a mãe e as amigas/inimigas. Este fator
leva à reprodução de estereótipos e reforço das diferenças entre homens e mulheres, fazendo
com que haja uma abordagem sexista. Já que nenhum homem poderia estar em seus lugares,
existe uma padronização da identidade das personagens.
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Não há nenhuma personagem feminina negra na narrativa. Ressalta-se que a trama se
desenvolve, principalmente, em uma escola particular em um bairro nobre do Rio de Janeiro,
também transitando pela periferia. É difícil perceber até mesmo a presença de figurantes negras.
Um Namorado Para Minha Mulher
Lançado em 01 de setembro de 2016, e dirigido por Julia Rezende, o filme “Um
Namorado Para Minha Mulher” tem duração de 1h40minutos e é classificado como um longa
de ficção/comédia.
A história é baseada no filme argentino “Um namorado Para Minha Esposa” (2008), de
Juan Taratuto, a partir do roteiro de Pablo Solarz, que já ganhou versões também na Itália e no
México. No Brasil a trama conta a vida de Chico que após 15 anos de casado com Nena, está
cansado da rotina do casamento e quer se separar. Sem coragem para pedir o divórcio, decide
contratar o “Corvo”, um homem charmoso e profissional na arte de conquistar as mulheres,
para seduzir sua esposa e fazer com que ela peça a separação em seu lugar.
Nena ameniza um pouco do machismo exacerbado do roteiro original ao se colocar na
função de YouTuber com seu discurso ácido e crítico perante temas como o descontentamento
dos grupos de WhatsApp, os estereótipos de beleza em relação a mulher com mais de 40 anos
e comportamentos pré-estipulados pela sociedade nessa faixa etária. Nota-se no filme um
avanço quando se pensa em empoderamento feminino, pois a trama sugere que a felicidade da
mulher não está única e exclusivamente ligada ao seu parceiro amoroso, porém, a também traz
um pensamento regressista quando repete o final do longa argentino: apesar de sua
independência e sucesso, a protagonista necessita do marido para sentir-se completa.
No enredo existem oito personagens femininas, sendo sete nomeadas e seis falantes. É
interessante destacar que a maioria das mulheres nomeadas são chamadas por apelidos. Quanto
aos diálogos, as mulheres falam sobre dietas, exercícios físicos, relações afetivas, com quantos
homens cada uma já transou na vida e sobre o sucesso de Nena como Youtuber.
Se observa que a relação que as personagens femininas têm entre si gira em torno do
que seria o estereótipo do “universo feminino”. Logo, elas são definidas pelo seu sexo, ou pelos
pré-conceitos que o definem socialmente.
Sobre a relevância da remoção de alguma personagem, apenas a ausência de Nena
prejudicaria o desenvolvimento da história contada, visto que se trata da sua própria história.
Todas as outras mulheres da trama são substituíveis ou irrelevantes dentro do longa-metragem,
visto as suas curtas falas, pouca aproximação com os protagonistas e com o próprio enredo.
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Nena é a única personagem feminina autossuficiente que rege todo o filme e conduz a história.
Por fim, é importante também destacar a ausência de personagens negras no filme, o que
caracteriza a não representatividade dessa categoria.
Considerações Finais
O primeiro fato que chama atenção no desenvolvimento desta pesquisa é que, mesmo
antes de iniciá-la, já na escolha dos objetos de análise, a baixa representatividade feminina pode
ser percebida. A intenção de analisar seis filmes entre as maiores bilheterias no Brasil em 2016,
sendo três filmes dirigidos por homens e três por mulheres, não foi possível, visto que na lista
produzida pela Ancine, entre os 20 maiores sucessos de bilheteria no país, apenas dois tiveram
uma direção feminina. Ou seja, 90% das maiores bilheterias de filmes brasileiros foram
produzidas a partir de um olhar masculino. Sendo assim, alterou-se o corpo de análise para
quatro filmes, dois dirigidos por homens e dois por mulheres.
Entre os dois filmes analisados que foram dirigidos por homens, nenhum seria aprovado
no Teste de Bechdel, mesmo com as alterações propostas para este artigo.
De 38 personagens femininas presentes nas narrativas, apenas 20 são nomeadas e 28
falantes. Das personagens que têm maior relevância, apenas nove causariam impacto no enredo
caso não estivessem presentes. Isso significa que 76% das mulheres que compõem as tramas
não estão vinculadas e elas de tal forma que sua remoção teria um efeito significativo. Numa
perspectiva quantitativa, 29 personagens femininas estão à frente de momentos ou situações
que não acrescentam conteúdo essencial ao desenvolvimento da narrativa.
Sobre a estereotipia do gênero, foi identificado que o fato de ser mulher é de extrema
importância na determinação da relevância da personagem na trama. As mulheres presentes nos
enredos geralmente são suportes para os/as protagonistas. Sendo assim, 19 personagens
femininas (50% do total) presentes nas duas obras são exclusiva ou predominantemente
definidas pelo seu sexo. Isto é, nenhum homem poderia assumir o papel que elas fazem, o que
caracteriza uma abordagem sexista.
Nos filmes dirigidos por mulheres, esperava-se que houvesse um avanço em termos de
representação, distanciando-se do male gaze. Porém, após as análises, bem como no caso dos
filmes dirigidos por homens, nenhum dos filmes analisados seria aprovado com honras no Teste
de Bechdel. De 26 personagens femininas presentes nas narrativas, apenas 16 são nomeadas e
14 falantes. A maior parte das conversas entre elas gira em torno de relações afetivas
heteronormativas (assim, envolvendo um homem no escopo do assunto) ou a respeito de
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temáticas socialmente elencadas como do “universo feminino”: bem como dietas ou mudanças
no visual. Tais dados sugerem que garantir representação não é garantir representatividade.
Quando o critério diz respeito à relevância destas personagens nas narrativas, apenas
sete delas teriam um impacto no enredo caso não estivessem presentes, ou seja, 73% das
personagens são dispensáveis à trama. No filme “Um Namorado Para a Minha Mulher”
somente as protagonistas são essenciais.
Em relação aos estereótipos de gênero, foi identificado que o fato de ser mulher é
determinante para maioria das personagens femininas que possuem algum destaque. As
mulheres presentes nos enredos e que não estão limitadas pelo gênero são quase como
figurantes cujo papel nas narrativas serve apenas como trampolim para construir a imagem dos
protagonistas. Sendo assim, 54% do total de personagens femininas presentes nas duas obras
são exclusiva ou predominantemente definidas pelo seu sexo, fazendo com que haja uma
abordagem sexista mesmo em filmes dirigidos por mulheres, já que nenhum homem poderia
substituí-las.
Quando pensamos em questões interseccionais, o resultado é ainda pior. Em nenhum
dos filmes há uma personagem negra em posição de poder ou relevância. Esta sub-
representação é resultado da estrutura social vigente, onde a desigualdade ainda é recorrente. O
cinema acaba por reproduzir um cenário de invisibilização presente em diversos setores da
sociedade.
Diante disso, é certo afirmar que existe maior possibilidade de representatividade
feminina quando um filme é dirigido por uma mulher. Porém, não pode-se dizer que é uma
regra. Mesmo em obras construídas por mulheres há a reprodução de estereótipos e atitudes
machistas que, infelizmente, são muito presentes nas narrativas do cinema de massa. Este
artigo, nesta perspectiva de análise, evidenciou que a construção da personagem feminina nos
filmes é sexista, e que nenhum dos filmes passou no Teste de Bechedel, nem mesmo com as
modificações que o objeto requisitou para a elaboração da análise.
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