Post on 17-Jul-2015
Etnografia Digital: Uma Análise do Uso de Novas Tecnologias para a Investigação Social
Por Ana Terse Soares
@dhirajmurthy
Ph.D. in Sociology, University of Cambridge, 2008 MSc in Philosophy, London School of Economics, 2003 MSc in Sociology, University of Bristol, 2001 B.A. in Psychology, Claremont McKenna College, 1997 Atualmente é Professor Assistente de Sociologia na Universidade de Bowdoin.
O conteúdo de sua pesquisa explora ‘cyberinfrastructure’ em redes sociais e organizações virtuais. Publicou um livro sobre o TwiVer (Twi$er: Social Communica2on in the Twi$er Age), além de arYgos sobre seus resultados e métodos digitais inovadores de pesquisa etnográfica.
SOBRE O ARTIGO
O autor aponta que a infiltração da tecnologia nos métodos de pesquisa sociológica ainda são limitados e propõe examinar criYcamente as possibilidades e implicações da Etnografia Digital (enquanto metodologia de pesquisa) a parYr de quatro ‘novas’ tecnologias:
‐ quesYonários on‐line ‐ vídeo digital ‐ sites de redes sociais ‐ blogs
Alerta que os pesquisadores sociais precisam observar a abertura para desenvolvimento de novos métodos de pesquisa digital e conclui que uma combinação equilibrada de etnografia digital e dsica, não só possibilita aos pesquisadores uma matriz maior de métodos, mas também, “desmarginaliza” a voz dos entrevistados.
• Sobre contar histórias sociais.
• Com a introdução da tecnologia, a(s) maneira(s) de contá‐las está mudando.
• Revisão bibliográfica e críYca ao rigor metodológico.
• Apresenta alguns trabalhos pioneiros em que se baseia:
Jones (1999) Coover (2004) Couldry and Mccarthy (2004) Dicks et al. (2005) Jenkins (2006) Pink (2007)
• Etnografia Digital: um assunto velado?
• A internet nunca deve ser interpretada como um espaço “neutro” de observação, pois a seleção de dados do pesquisador e as análises são sempre influenciadas por agendas, histórias pessoais e normas sociais.
Questões éYcas:
Possível consenso entre os pesquisadores de que devemos considerar o ato da ‘espreita’ e suas implicações sobre o que está sendo invesYgado. (Richman, 2007: 183)
Formas de enquadramento da realidade de acordo com as idéias/olhar do pesquisador.
Orientação para a pesquisa eletrônica que abrange questões de privacidade, consenYmento informado, pseudônimos online e documentação/registros.
Tradicionais construções de gênero e relações de poder racial que ilustram conflito e a realidade da Internet.
1) QUESTIONÁRIOS ON‐LINE E ENTREVISTAS VIA EMAIL
VANTAGENS: incluem a facilidade de armazenamento, recuperação de dados e análise qualitaYva. Pode ser facilmente programado para perfeitamente exportar dados. Custos e tempo para aplicação.
Aumento das taxas de respostas (alternaYvas).
2) VÍDEOS DIGITAIS
Três possíveis explorações:
(1) O entrevistado a parYr de um vídeo (auto)biográfico
(2) Vox Video populi
(3) Webcams (entrevistados podem facilmente criar vídeos e enviá‐los diretamente para o pesquisador ou a um video log. Com webcams é possível que estes vídeos sejam menos "encenados”.
‘Representações’ sempre foi um aspecto críYco da etnografia, e os vídeos possibilitam recolher auto representações dos sujeitos.
3) REDES SOCIAIS podem ser úteis para etnógrafos:
(1) são "gatekeepers" virtuais das suas correntes de "amigos" que são potenciais entrevistados;
(2) contêm vasta quanYdade de material mulYmídia (até mesmo o mais marginal dos movimentos sociais ou grupos);
(3) etnógrafos podem ficar "invisíveis" e observar as interações sociais das páginas dos membros, recolhendo dados etnográficos previamente indisponíveis;
(4) páginas podem ser criadas por pesquisadores sociais, com o propósito explícito de conduzir a pesquisa on‐line (por exemplo, grupos focais assistem um vídeo e comentam sobre ele);
(6) a estrutura das relações nestes sites é um método de invesYgação úYl dela mesma.
(8) páginas podem ser criadas por pesquisadores sociais para divulgar informações úteis, ao público, uma abordagem adoptada pelos criadores da "cura do diabetes” MySpace page (Barsky e Purdon, 2006). hVp://www.myspace.com/fighYng_diabetes
Alunos de um curso de design de interação foram convidados a experimentar a etnografia virtual para pesquisar sobre um determinado público para o qual deveriam, em seguida à
pesquisa, projetar uma rede social específica
REDE AMANTES DO PEBOLIM hVp://www.youtube.com/watch?v=WQy8HS0Qc0E
4) BLOGS
‐ Duneier Mitchell (1999) rompeu com o tradicional passeio etnográfico convidando o "sujeito" da sua pesquisa a tornar‐se críYco da sua invesYgação.
‐ A despeito do aumento ao acesso, pesquisadores sociais parecem não uYlizar o recurso.
‐ Jill Walker (2006), argumenta que talvez não exista uma ‘parceria’ direta entre blogs e universidades. Na sua perspecYva, a natureza pública dos blogs molda as formas de envolvimento dos acadêmicos com a ‘blogosfera’. E aponta que a ‘invesYgação de blogs’ geralmente pode ser dividida em três categorias:
1) Intelectuais públicos
2) InvesYgação de blogs (usados para comparYlhar colaboraYvamente dados e resultados da invesYgação)
3) Blogs pseudônimos (podem ser uYlizados para recuperar e sondar ‘diálogos secretos’ )
ESTRATIFICAÇÃO DIGITAL
Os invesYgadores sociais devem estar conscientes das nuances da invesYgação e suas implicações sociais,
principalmente com relação à significaYva exclusão digital que ainda existe.
NOVAS ABERTURAS (difusão da metodologia e acesso aos resultados de pesquisa):
Maag (2006: 10) cita exemplo de um pesquisador da Universidade de
Chicago que divulga resultados da sua pesquisa sobre
câncer de mama através de podcasts.
CONCLUSÃO
O arYgo se propôs a levantar uma inquietação sobre como o "campo” sociológico conYnua a ser delimitado por tradicionais configurações dsicas.
Expôs algumas potencialidades, limitações e considerações éYcas a parYr de quatro tecnologias ‐ ques2onários online, vídeos digitais, sites de redes sociais e blogs ‐ , alegando que a invesYgação feita exclusivamente online pode ser muito proveitosa.
CONCLUSÃO
Toulouse (1998: 6) afirma que o próprio fluxo em que operam sites, blogs, fóruns e sites de redes sociais, desafiam as convencionais metodologias de pesquisa.
O desafio não é apenas adaptar‐se aos novos métodos de invesYgação, mas também, ‘desenvolver categorias analí2cas que nos permitem capturar a imbricação complexa de tecnologia e sociedade’. Saskia Sassen (2002: 365).
Etnografia Virtual Mapa Conceitual
* Elaborado por Fernando Pimentel a parYr das principais observações do livro Etnografia Virtual, de ChrisYne Hine.
Fonte: hXp://fernandoscpimentel.blogspot.com
Sobre contar histórias sociais…
Mas não uma única história…
hVp://www.ted.com/talks/lang/por_pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html
OUTRAS FONTES:
BLOG NETNOGRAFANDO hVp://netnografando.wordpress.com/2009/08/02/ciberespaco‐e‐etnografia/
ETNOGRAFIA EM AMBIENTES DE SOCIABILIDADE VIRTUAL MULTIMÍDIA:hVp://www.c�.ufsc.br/~guima/papers/etn_palace.html
NETNOGRAFIA: A LA PESCA DE DATOS EN LAS REDES SOCIALES hVp://www.insights‐qualitaYvos.com/2010/01/netnografia‐la‐pesca‐de‐datos‐en‐las.html
A APLICAÇÃO DA METODOLOGIA ETNOGRÁFICA NO ESTUDO DO CIBERSEXO hVp://www.cybersociology.com/files/1_1_hamman_portugese.html
NOVAS CONFIGURAÇÕES METODOLÓGICAS E ESPACIAIS: ETNOGRAFIA DO CONCRETO À ETNOGRAFIA DO VIRTUAL hVp://comunicacaoecultura.uniso.br/elementa/v1_n2_06.pdf
BLOG ETNOGRAFIA VIRTUAL hVp://etnografianovirtual.blogspot.com/
Imagens uYlizadas na apresentação licenciadas nas condições: hVp://www.flickr.com/photos/tsevis/ / CC BY‐NC‐SA 2.0