Canção do índio

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Canção do Índio

José Guimarães e Silva

Para Malva Barros Oliveira

Coordenadora da I Coletânea dos Contistas e Poetas do Milênio

Fundadora do Armazém Literário

Aracaju – SE

Para você que lê esta poesia agora.

Canção do Índio

Um dia eles vieram de longe

Em suas caravelas possantes

E nos impressionaram

Invadiram nossas terras

Construíram grandes cidades

E nos expulsaram

Porém, eles não precisavam

Nos expulsar

Da terra em que morávamos

Da terra em que nascemos

Fazendo com que sofrêssemos

E como bichos escondêssemos

Nos rincões deste país

O Brasil é muito grande

Ninguém precisa negar

Basta olhar nossas matas

Navegar nossos rios

E singrar nossos mares

Porém, eles não precisavam

Nos expulsar

Da terra em que nascemos

Onde sempre vivemos

Sem dinheiro, sem roupa

Todavia, com muita paz

Pois quando aqui chegaram

Eles já nos encontraram

Espalhados nas matas

A criar nossos filhos

A pescar, a caçar

A cantar e a dançar

Porém, eles não precisavam

Nos expulsar

Pois quando aqui chegaram

Já nos encontraram

E habitaram esta terra

Que não era deles

Que não era de ninguém

Aqui, vivíamos unidos

Alegres e felizes

Cultivando raízes

Plantando para comer

Lutando para viver

Descobrindo nas matas

Remédios para curar a dor

Para socorrer caboclo

Que adoecer e livrar da morte

Quem na vida perecer

Vivíamos também a matar

Mas também a morrer

Para a nossa tribo dos

Inimigos se defender

Porém, eles não precisavam

Nos expulsar

Da terra em que nascemos

E onde sempre vivemos

Bastava viverem por aí

Por onde bem quisessem

E nos deixar em paz

Felizes em nossos casebres

Sim, porque nós nunca iríamos

Lá no pedaço deles os incomodar

Porque nós somos de paz

E isso ninguém pode negar.

Poesia: Canção do Índio

Prêmio 1ª Coletânea dos Contistas e Poetas do Milênio – 2001 – Aracaju - SE

Autor: José Guimarães e Silva

Pouso Alegre, Sul Minas Gerais

http://www.joseguimaraes.com/

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